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A Indústria Cultural na Ditadura Militar do Brasil.
                                                                           *FREITAS, Mônica.


     O texto de Carlos Eduardo Lins da Silva nos mostra que a Indústria Cultural é uma relativa
autonomia da atividade dos meios de comunicação e é tida como mercadoria durante a Ditadura
Militar. Teve como suporte o contexto político e econômico da D.M. e a consolidação do
capitalismo. Sua principal função é manipular as pessoas e fazer com que estas fiquem do lado
de seus patrocinadores, sendo o Estado o principal deles. O conteúdo dos meios de comunicação
é alterado conforme a mudança das classes sociais dominantes, ou seja, aqueles que decidem o
que pode e o que não pode na sociedade.
     O golpe militar de 64, num primeiro momento não exerceu censura sobre os meios de
comunicação, mas parte disso envolve o apoio que esses meios deram para os militares durante o
golpe. Apoio este que veio por causa da crise política e econômica do país, onde os meios
acreditaram que apoiando a ditadura conseguiriam melhorar a situação financeira. A televisão
teve uma grande expansão pós 64 e transformou-se na principal arma ideológica do governo.
     Depois de um tempo alguns destes meios passaram a se opor contra o regime militar e esta
liberdade de imprensa acabou tomando outro rumo a partir de 1968, quando ocorreu o “golpe
dentro do golpe”, onde os militares da direita estavam insatisfeitos com as manifestações de
oposição contra o regime. Com isso o Ato Institucional nº 5 foi decretado, e a partir daí se
instalou censores nas redações jornalísticas, em produção de filmes, livros, revistas e rádio.
Noticias sobre presos políticos, greves e crises passaram a ter veiculação proibida. Foi o ponto
decisivo para a centralização militar do poder e o estabelecimento da censura efetiva. Desta
forma, o militarismo instaurou um regime ditatorial e repressor, que por um lado, contribuiu para
o desenvolvimento do capitalismo, com investimentos consideráveis em tecnologia, e através
desses investimentos e da censura, o Estado soube atrair para si o controle das principais vias de
comunicação do país.
     Os jornais mesmo com a censura eram proibidos de deixar em branco o local das matérias
censuradas, com isso criavam formulas para deixar claro aos leitores o que estava acontecendo.
O Estado de S. Paulo publicava nesses espaços poemas de Camões, o Jornal da Tarde publicava
receitas culinárias e por vezes recebia cartas de leitores com reclamações que as receitas tinha
sido uma tragédia e que nunca funcionavam.
     A censura teve fim no inicio de 1979, quando tomou posse o governo de João Figueiredo.
O AI-5 deixou de vigorar e a anistia aos exilados foi promulgada. Mas o fim da censura não
significou o fim do controle do Estado sobre a imprensa, por exemplo, o governo decidia a cota

*Discente do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo.
UNIFRAN – Universidade de Franca – 2011.
de papel a ser importada pelos jornais. Outro modo de impor a censura era tirando as credenciais,
que sem ela o jornalista não podia exercer sua profissão.
      O cliente mais fiel que dos meios de comunicação era o Estado, e como ele contribuía com
um valor considerável, acabava controlando o que era exibido pelos meios de comunicação, que
acabavam ficando do lado do Estado por conta do capital que era investido.
      No Brasil a atual vida cultural gira em torno da televisão e a pratica do jornalismo se
resume á Globo. Ela é a principal rede de televisão vinculada ao Estado, e é difícil quem não
reconhece isso, é a maior rede de manipulação do país. Sempre esta com os maiores índices de
audiência, e quando se fala em TV no Brasil, é difícil não se ouvir Rede Globo. A maior parte da
sociedade sempre a preferiu por pensar que as informações exibidas são confiáveis e sempre
acreditam no que é exibido, mal percebem que estão sendo manipulados e que são reféns da
Indústria Cultural Brasileira.
      O cinema foi outro ramo importante no período de desenvolvimento do país, e a ação do
Estado foi mais flagrante. Pela EMBRAFILME o cinema brasileiro ganhou impulso
considerável. Os grandes momentos históricos e as adaptações de obras literárias são tratados
pelo cinema com fins mercadológicos.
      O radio tem um impacto muito maior no país, sendo o único a atingir áreas mais remotas
onde o acesso é mais precário. Segue uma linha jornalística e consegue ser mais direto em suas
abordagens, conseguindo maior audiência.
      Podemos concluir que a Ditadura Militar teve uma grande participação para a evolução da
Indústria Cultural, e que mesmo com o fim do regime militar, a maioria dos meios de
comunicação continua sendo monitoradas pelo Estado, mas mesmo com essa vigilância, muitos
conseguem mostrar e dar sua opinião sobre fatos que se passam no dia-a-dia e que as vezes são
um pouco censurados. Podemos considerar como a maior rede de Indústria Cultural a televisão,
principalmente a rede Globo, que é a líder em audiência e a que mais manipula o país a favor do
Estado.




      Referências:
      Silva, Carlos Eduardo Lins. “As brechas da Indústria Cultural brasileira”. IN.Fosia.Regina
Silva, Carlos Eduardo Lins Silva. Comunicação popular e Alternativa no Brasil. São Paulo,1986.




*Discente do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo.
UNIFRAN – Universidade de Franca – 2011.

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A Indústria Cultural e a manipulação durante a Ditadura Militar no Brasil

  • 1. A Indústria Cultural na Ditadura Militar do Brasil. *FREITAS, Mônica. O texto de Carlos Eduardo Lins da Silva nos mostra que a Indústria Cultural é uma relativa autonomia da atividade dos meios de comunicação e é tida como mercadoria durante a Ditadura Militar. Teve como suporte o contexto político e econômico da D.M. e a consolidação do capitalismo. Sua principal função é manipular as pessoas e fazer com que estas fiquem do lado de seus patrocinadores, sendo o Estado o principal deles. O conteúdo dos meios de comunicação é alterado conforme a mudança das classes sociais dominantes, ou seja, aqueles que decidem o que pode e o que não pode na sociedade. O golpe militar de 64, num primeiro momento não exerceu censura sobre os meios de comunicação, mas parte disso envolve o apoio que esses meios deram para os militares durante o golpe. Apoio este que veio por causa da crise política e econômica do país, onde os meios acreditaram que apoiando a ditadura conseguiriam melhorar a situação financeira. A televisão teve uma grande expansão pós 64 e transformou-se na principal arma ideológica do governo. Depois de um tempo alguns destes meios passaram a se opor contra o regime militar e esta liberdade de imprensa acabou tomando outro rumo a partir de 1968, quando ocorreu o “golpe dentro do golpe”, onde os militares da direita estavam insatisfeitos com as manifestações de oposição contra o regime. Com isso o Ato Institucional nº 5 foi decretado, e a partir daí se instalou censores nas redações jornalísticas, em produção de filmes, livros, revistas e rádio. Noticias sobre presos políticos, greves e crises passaram a ter veiculação proibida. Foi o ponto decisivo para a centralização militar do poder e o estabelecimento da censura efetiva. Desta forma, o militarismo instaurou um regime ditatorial e repressor, que por um lado, contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo, com investimentos consideráveis em tecnologia, e através desses investimentos e da censura, o Estado soube atrair para si o controle das principais vias de comunicação do país. Os jornais mesmo com a censura eram proibidos de deixar em branco o local das matérias censuradas, com isso criavam formulas para deixar claro aos leitores o que estava acontecendo. O Estado de S. Paulo publicava nesses espaços poemas de Camões, o Jornal da Tarde publicava receitas culinárias e por vezes recebia cartas de leitores com reclamações que as receitas tinha sido uma tragédia e que nunca funcionavam. A censura teve fim no inicio de 1979, quando tomou posse o governo de João Figueiredo. O AI-5 deixou de vigorar e a anistia aos exilados foi promulgada. Mas o fim da censura não significou o fim do controle do Estado sobre a imprensa, por exemplo, o governo decidia a cota *Discente do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo. UNIFRAN – Universidade de Franca – 2011.
  • 2. de papel a ser importada pelos jornais. Outro modo de impor a censura era tirando as credenciais, que sem ela o jornalista não podia exercer sua profissão. O cliente mais fiel que dos meios de comunicação era o Estado, e como ele contribuía com um valor considerável, acabava controlando o que era exibido pelos meios de comunicação, que acabavam ficando do lado do Estado por conta do capital que era investido. No Brasil a atual vida cultural gira em torno da televisão e a pratica do jornalismo se resume á Globo. Ela é a principal rede de televisão vinculada ao Estado, e é difícil quem não reconhece isso, é a maior rede de manipulação do país. Sempre esta com os maiores índices de audiência, e quando se fala em TV no Brasil, é difícil não se ouvir Rede Globo. A maior parte da sociedade sempre a preferiu por pensar que as informações exibidas são confiáveis e sempre acreditam no que é exibido, mal percebem que estão sendo manipulados e que são reféns da Indústria Cultural Brasileira. O cinema foi outro ramo importante no período de desenvolvimento do país, e a ação do Estado foi mais flagrante. Pela EMBRAFILME o cinema brasileiro ganhou impulso considerável. Os grandes momentos históricos e as adaptações de obras literárias são tratados pelo cinema com fins mercadológicos. O radio tem um impacto muito maior no país, sendo o único a atingir áreas mais remotas onde o acesso é mais precário. Segue uma linha jornalística e consegue ser mais direto em suas abordagens, conseguindo maior audiência. Podemos concluir que a Ditadura Militar teve uma grande participação para a evolução da Indústria Cultural, e que mesmo com o fim do regime militar, a maioria dos meios de comunicação continua sendo monitoradas pelo Estado, mas mesmo com essa vigilância, muitos conseguem mostrar e dar sua opinião sobre fatos que se passam no dia-a-dia e que as vezes são um pouco censurados. Podemos considerar como a maior rede de Indústria Cultural a televisão, principalmente a rede Globo, que é a líder em audiência e a que mais manipula o país a favor do Estado. Referências: Silva, Carlos Eduardo Lins. “As brechas da Indústria Cultural brasileira”. IN.Fosia.Regina Silva, Carlos Eduardo Lins Silva. Comunicação popular e Alternativa no Brasil. São Paulo,1986. *Discente do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo. UNIFRAN – Universidade de Franca – 2011.