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Imagem: www.sxc.hu (1136537_77195808)             Primeira Palavra


                                                    PALAVRA PURA, REFINADA SETE VEZES
                                                                              (Salmo 12.6)
                                                      Na leitura da Bíblia, peço sua atenção para os seguintes cuidados:

                                                       1. Leia primeiro a Bíblia; depois, compreenda-a – A primeira
                                                   tarefa é simples: simplesmente leia a Bíblia. Compreender vem de-
                                                   pois. Leia-a sempre. Leia-a muito. Leia-a sabendo que é inexaurí-
                                                   vel. Gaste tempo com ela. Quanto mais tempo gastar com ela, mais
                                                   riqueza vai tirar dela.

                                                      2. Leia a Bíblia sem pressa – Leia-a como se apreciasse a paisa-
                                                  gem numa viagem. Imagine que você vá do Rio de Janeiro a Vitória
                                                  de carro. Você pode gastar seis horas ou doze. Você pode chegar logo
                                                  e saborear a cidade. Você pode ir devagar e saborear as lindas paisa-
                                                  gens de parte dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

                                                     3. Leia a Bíblia como tendo autoridade sobre você e não o con-
                                                  trário – Não imponha suas idéias a ela; deixe que Deus lhe impo-
                                                  nha as ideias dele por meio da sua Palavra. Não leia a Bíblia para
                                                  provar suas teses; leia a Bíblia para Deus mudar o seu coração. Leia
                                                  a Bíblia para ela abrir, não para para fechar, a sua mente.

                                                     4. Leia a Bíblia com o desejo de conhecê-la – Leia a Bíblia para
                                                  conhecê-la cada vez mais e de modo cada vez vez mais profundo.
                                                  Não se contente com um conhecimento superficial a respeito do
                                                  Deus revelado na Bíblia. Não se satisfaça com uma visão vaga do
                                                  que a Bíblia diz.

                                                     5. Leia a Bíblia, procurando responder a cinco perguntas bem
                                                  claras:

                                                                • O que o texto diz?
                                                                • O que significa o que o texto diz?
                                                                • O que o texto me diz?
                                                                • O que o texto me diz é verdade?
                                                                • Que farei com que o texto me diz?


                                                                                 ISRAEL BELO DE AZEVEDO

  LINHA DIRETA
  Para qualquer sugestão, comentário ou pergunta, contate direto com a Redação da revista acessando: Pr. Israel Belo
  de Azevedo em www.prazerdapalavra.com.br/revistadabiblia. As melhores contribuições serão publicadas, também, na
  versão em papel da REVISTA DA BÍBLIA. Escreva para revistadabiblia@prazerdapalavra.com.br


1 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66                                 Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   1
Sumário
   Revista da Bíblia
                           ISSN 1984-8692
                                                          O QUE VOCÊ VAI APRENDER NESTA EDIÇÃO

         IMPRENSA BÍBLICA BRASILEIRA
           Ano XVII – Nº 66 – 2T2012

  Publicação trimestral da Junta de Educação
  Religiosa e Publicações da Convenção Batista
                                                          03     COMENTÁRIOS SOBRE O TEMA DO TRIMESTRE (i)

  Brasileira, dirigida a pastores, educadores
                                                                 EPÍSTOLA AOS GÁLATAS
  religiosos, professores, estudantes, líderes, ao               O uso da liberdade cristã
  povo evangélico e ao público em geral


                                                          08
  CGC (MF): 33.531.732/0001-67                                   COMENTÁRIOS SOBRE O TEMA DO TRIMESTRE (iI)
  Registro Nº 810873788 no INPI
                                                                 EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
  Endereços
  Caixa Postal 320
                                                                 A santidade cristã
  20001–970 – Rio de Janeiro, RJ
  Telefone: (21) 2298-0960 e 2298-0966
  Endereço telegráfico: BATISTAS
  Correio eletrônico: editora@juerp.org.br
                                                          12     COMENTÁRIOS SOBRE O TEMA DO TRIMESTRE (iI)
                                                                 EPÍSTOLA AOS FILIPENSES
  Site: www.juerp.org.br
                                                                 O poder que Deus dá
  Direção Geral
  Almir dos Santos Gonçalves Júnior

  Conselho Editorial
  Carrie Lemos Gonçalves, Celso Aloísio Santos
                                                          17     COMENTÁRIOS SOBRE O TEMA DO TRIMESTRE (iV)
                                                                 EPÍSTOLA AOS COLOSSENSES
  Barbosa, Ebenézer Soares Ferreira, Francis-
  co Mancebo Reis, Gilton M. Vieira, Ivone Bo-                   A vivência cristã
  echat de Oliveira, João Reinaldo Purim, José
  A. S. Bittencourt, Lael d'Almeida, Margarida
  Lemos Gonçalves, Pedro Moura, Roberto A.
  Souza e Silvino C. F. Netto                             22     VIAGEM A ISRAEL
                                                                 TERRAS BÍBLICAS, ONDE O PASSADO
  Coordenação Editorial                                          CONVIVE COM O PRESENTE
  Solange Cardoso Abreu d’Almeida
  (RP/16897)

  Redação
  Israel Belo de Azevedo

  Conselho Geral da CBB
  Sócrates Oliveira de Souza
  Produção Editorial
  Studio Anunciar
  Imagens: www.sxc.hu e freedigitalphotos.net



  Produção Gráfica
  Willy Assis Produção Gráfica

  Distribuição
  EBD–1 Marketing e Consultoria Editorial Ltda.
  Tel.: (21) 2104-0044 – Fax: 0800.216768
  distribuidora@ebd–1.com.br
  pedidos@ebd–1.com.br



                      Nossa missão: “Viabilizar a coo-
                      peração entre as igrejas batistas
                      no cumprimento de sua missão
                      como comunidade local”



2 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Comentários sobre
o Tema do Trimestre (I)



Epístola aos

Gálatas
O uso da liberdade cristã
Texto bíblico – Gálatas 1 a 6 • Texto áureo – Gl 6.17



        “Daqui em diante ninguém me moleste;             Galácia, região ao norte da Turquia de hoje, cujas ci-
        porque eu trago no meu corpo as marcas           dades foram visitadas por Paulo em suas três viagens e
                       de Jesus.”                        que deve ter sido também visitada por Pedro, pois em
                                                         sua primeira carta o discípulo de Cristo os identifica
                                                         também.
   Introdução
                                                             A defesa de Paulo se explica. Para muitos, esta car-
   Esta carta de Paulo é vista por muitos de seus co-    ta é o primeiro escrito do Novo Testamento. Antecede
mentaristas como uma apologia, ou seja, uma espécie      até mesmo, cronologicamente, aos quatro evangelhos
de discurso feito por alguém para defender, elogiar ou   que foram escritos bem depois. Se Paulo realizou a
louvar a outrem ou a si mesmo, numa espécie de auto-     sua primeira viagem em torno do ano 49 de nossa era
defesa. No caso desta carta, é como se Paulo estivesse   cristã, esta carta deve ter sido escrita logo depois, pos-
fazendo a sua defesa diante dos gálatas, os crentes da   sivelmente em 51/52, talvez. A apologia paulina se faz,

                                                                         Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   3
Comentários sobre o Tema do Trimestre (I)


então, pelo espanto que tinha o apóstolo em saber que         conhecimento bíblico para dar continuidade aos esfor-
tão pouco tempo depois de sua estada entre eles já hou-       ços organizadores, esta obra tão promissora em seu iní-
vesse desânimo, retorno ao passado de pecados, perda          cio tende a fracassar em pouco tempo.
de aspectos fundamentais que haviam alcançado com a
liberdade cristã que receberam.                                   Foi isto que aconteceu com Paulo e nas igrejas da
                                                              Galácia. Depois que ele dali saíra na continuidade de
    A epístola aos gálatas é escrita por Paulo a uma co-      sua viagem com Barnabé, a igreja começou a caminhar
munidade de crentes gentios da região especificamente         sozinha. Seus líderes naturais, por uma questão de assi-
chamada de Galácia do Sul, onde podemos vislumbrar            milação vinham a ser os judeus convertidos ao cristia-
as cidades citadas no percurso de Paulo em Atos 13            nismo, pois tinham raízes históricas que os conduziam
e 14, após a sua passagem por Antioquia da Pisídia.           ao melhor conhecimento da revelação de Deus, o que
Icônio, Derbe, Listra, Panfília, seriam cidades dessa         não acontecia com os gentios, os nativos da região, que
região. Havia também uma região reconhecida como              por serem de origem cultual pagã, não tinham víncu-
Galácia do Norte, com as cidades citadas por Pedro em         los anteriores algum com o Evangelho de Cristo. O
sua primeira epístola, Ponto, Bitínia e Capadócia. Am-        problema é que esses judeus, embora convertidos, co-
bas as regiões, compondo as terras que dariam origem          meçavam, sem a direção de Paulo, a querer impor al-
à Turquia moderna, até ao seu norte separado do que           guns dos ritos e procedimentos do judaismo. No caso
viria a ser a Rússia de hoje pelo Mar Negro. Esses novos      desta carta, é este problema que é o alvo de Paulo. Os
crentes estavam sendo conturbados por judeus legalis-         judeus convertidos quando por ali passara em 49 a.C.,
tas que antepunham à liberdade cristã, os ritos do ju-        ficando na liderança dos trabalhos, um ou dois anos de-
daismo. Paulo deseja então assegurar a eles a liberdade       pois, queriam conduzir a igreja às práticas judaizantes,
cristã que os crentes passam a desfrutar em Cristo Jesus.     especialmente à prática da circuncisão. Eles estavam
Como sua autoridade apostólica fora posta em dúvida,          querendo comprovar para os crentes da Galácia que os
ele também procura restabelecer na carta, essa sua au-        ritos do judaísmo ainda eram válidos, e que para se tor-
toridade, mostrando que aquilo que ensinava e pregava         narem crentes em Cristo, os gálatas precisavam antes
lhe fora revelado pelo próprio Senhor Jesus.                  circuncidar-se. Daí, sua admiração negativa, expressa
                                                              bem no início de sua carta (1.6): “Estou admirado de
    A carta foi aceita no cânon bíblico desde cedo. Já        que tão depressa estejais desertando daquele que vos cha-
em 144 d.C. era citada pela maioria dos pais da igreja.       mou na graça de Cristo, para outro evangelho”.Vai mais
Policarpo a citou. Irineu também. Ela foi muito usada         longe ainda quando afirma, chamando-os à razão: “Ó
nos séculos II e III da era cristã, por sua clara definição   insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós”.
da liberdade cristã em oposição aos princípios judaicos
que os judeus recém-convertidos ao cristianismo pro-             II - Esboço básico do livro – Sua divisão
curavam, de certa forma preservar dentro da igreja de
Cristo.                                                          Em seus 6 capítulos e 149 versículos, podemos vis-
                                                              lumbrar a seguinte divisão básica nesta carta:
    I - Dados históricos e preliminares
                                                                 1. Saudações iniciais - 1.1-5;
    O grande problema até hoje, quando igrejas são
criadas em regiões adversas ou onde ainda não havia              2. A defesa do verdadeiro Evangelho - 1.6-10;
trabalho evangélico é o da manutenção da atuação dela
dentro dos princípios em que e para que foram criadas.           3. A defesa de sua missão como apóstolo - 1.11-17;
Com a saída do líder, quase sempre carismático e in-
fluente, os novos crentes são como que obrigados a ca-           4. O relacionamento com outros apóstolos - 1.18 a 2.10;
minhar por suas próprias pernas como igreja de Cristo.
Se não houver alguém com segurança espiritual e bom              5. A defesa da liberdade cristã - 2.11-21;


4 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Epístola aos Gálatas


   6. A defesa da graça divina - 3.1 a 4.31;                      IV - Os pontos principais em destaque

    7. A responsabilidade do crente no exercício de sua            Vamos destacar quatro dos pontos que considera-
liberdade - 5.1 a 6.18                                         mos fundamentais nos comentários de Paulo aos cren-
                                                               tes da Galácia:
   III - A visão global do texto
                                                                   4.1 - A liberdade cristã X A lei judaica: O que ele es-
    O texto de Paulo em Gálatas é uma defesa ao seu            tava ensinando aos gálatas e por extensão a nós é que se
ministério naquela igreja e entre os crentes da região.        quisermos viver longe da vida de pecado, não andemos
Esta é a visão geral que podemos retirar da carta. Suas        buscando cumprir programas, regulamentos, regras,
afirmações são de modo a não deixar dúvida sobre a sua         “isto posso, aquilo não posso”, a lei, enfim, mas vivamos
autoridade apostólica. Era fariseu. Dos mais fervoro-          guiados pelo Espírito de tal forma que não precisare-
sos. Filho de fariseu. Educado aos pés de Gamaliel, o          mos nos preocupar com tais itens, porque simplesmen-
mais prestigiado mestre da época. Zeloso ao extremo            te o Senhor nos guia e nos faz evitar o pecado. Daí a
pelas coisas judaicas. Chamado, diretamente, por Cris-         palavra tão categórica dele: “Mas, se sois guiados pelo
to para a obra do evangelho. Conviveu de alguma for-           Espírito, não estais debaixo da lei...”, para completar so-
ma com os apóstolos que conheceram pessoalmente a              bre a diferença de vida na liberdade cristã em face do
Cristo, Pedro e Tiago, principalmente. De perseguidor          jugo da lei: “Se vivemos pelo Espírito, andemos também
do evangelho passou a pregador do evangelho de Cris-           pelo Espírito”. O que Paulo estava querendo ensinar aos
to. Foi separado para a obra de missões pela igreja de         crentes na Galácia, especialmente aos crentes egressos
Antioquia da Síria, aquela que se tornou célebre, pois,        do judaísmo é que com a conversão a Cristo, eles ha-
foi ali onde os crentes pela primeira vez foram chama-         viam deixado a escravidão do ritualismo e do sacrifício
dos de cristãos. Viajou pelo mundo conhecido da épo-           para abraçarem a liberdade do evangelho e da salvação
ca, acompanhado de Barnabé, pregando o evangelho               em Cristo. Não há comparação entre esses dois estados:
e realizando maravilhas. Depois da conversão, passou           perdido ou salvo, morto ou vivo, inferno ou céu.
três anos em Damasco e ao final de outros catorze anos
de um retiro pelas terras da Síria e da Cilícia, vai a Jeru-      4.2 - A autoridade apostólica dele: Paulo estava
salém e participa com os líderes da igreja, do primeiro        querendo comprovar a autenticidade de sua mensa-
concílio das igrejas de Cristo. Estava com isto, como          gem. Ela vinha de alguém que a tinha recebido da
que afirmando: Tudo o que preguei tem autoridade di-           própria fonte, Jesus Cristo. Tal como os discípulos de
vina, pois do Senhor me foi transmitido.                       Cristo que foram pessoalmente chamados por ele mes-
                                                               mo para o apostolado, Paulo assim se considerava, pois
    Sem dúvida, o que salta aos olhos do estudioso é o         recebera também o evangelho do próprio Senhor Jesus
grau de surpresa com que o apóstolo, em sua primeira           que de forma especial e extraordinária lhe aparecera no
incursão como escritor de epístola, demonstra ao veri-         caminho de Damasco, daí afirmar: “Porque não recebi
ficar como os crentes sem uma segura direção e melhor          de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por
conhecimento doutrinário se tornam facilmente leva-            revelação de Jesus Cristo”. Como passou de perseguido a
dos por novas lideranças em prol de procedimentos e            pregador ele afirma que a transformação pela qual pas-
ações que contrariavam inteiramente aquilo que lhes            sou foi resultante da intervenção do Espírito de Deus
havia sido ensinado na origem de suas conversões. Daí,         em sua vida. Tudo mudou para ele depois que conhe-
as suas expressões de surpresa e desagrado como tônica         ceu a Cristo. Ele queria que isto também acontecesse
na carta: “Estou admirado...Ó insensatos gálatas... Sois       aos seus discípulos na Galácia.
vós tão insensatos?... Será que padecestes tantas coisas em
vão?...Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em            4.3 - As obras da carne: A listagem que Paulo faz
vão entre vós...Para a liberdade Cristo nos libertou; per-     aos gálatas das obras da carne é enorme e execrável. Ele
manecei, pois... Porque estou perplexo a vosso respeito...     quer mostrar aos seus leitores que a vida conduzida na


                                                                                Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   5
Comentários sobre o Tema do Trimestre (I)


carne leva a situações terríveis de dor e sofrimento. Em        V - Sua contextualização
5.19, ele aponta para elas: prostituição, impureza, lascí-
via, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes,       Como estaremos melhor contextualizando a liber-
iras, facções, dissensões, partidos, invejas, bebedices,     dade que o Senhor nos deu, em meio a tanto libera-
orgias e coisas semelhantes a essas, cerca de 16 atitudes    lismo que chega mesmo ao campo da libertinagem e
e procedimentos que não deviam fazer parte do recei-         promiscuidade dos nossos tempos? Este era também o
tuário de vida do crente.                                    problema dos crentes na região da Galácia, a Turquia
                                                             de hoje, para onde Paulo escreve ensinando sobre os
    4.4 - As obras do Espírito: Antagonizando a relação      obstáculos que temos que evitar no viver da liberdade
acima, Paulo faz uma listagem que deve ser um paradig-       que Cristo nos deu.
ma para todos os crentes da Galácia ou dos tempos de
hoje. São nove virtudes que devem ornar o nosso caráter          5.1 - Fazendo bom uso da liberdade que recebe-
e ser ponto de referência em nosso viver (5.25): amor,       mos: Você já notou que em geral as pessoas têm uma
gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fide-        visão totalmente distorcida do que nós chamamos de
lidade, mansidão e domínio próprio, e, para concluir         liberdade que gozamos como crentes?... Porque você
categoricamente a questão da diferença entre o fruto         não pratica as mesmas coisas que eles fazem... Não vai
do Espírito que se transforma em 9 obras positivas, e as     aos mesmos ambientes que eles freqüentam... Não usa
obras da carne, em suas 16 resultantes negativas, ainda      as mesmas palavras que eles falam... - Eles passam a
acrescenta: “Contra estas coisas não há lei”. Como são       considerar-nos como “bitolados”, presos a um esquema
todas elas conseqüências da operação do Espírito no          rígido, sem liberdade para nada, quando, nós sabemos,
coração do crente a lei nada pode contra elas.               que é exatamente o contrário. Eles é que são escravos


                                                                            Mapa da Europa em 117 A.D. com área de
                                                                           domínio do Império Romano em cinza claro e
                                                                         destaque para a área da Galácia em cinza escuro




6 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Epístola aos Gálatas


dessas atitudes e hábitos indevidos, enquanto nós, so-      sas mundanas, o lazer, o entretenimento, os esportes, os
mos livres, porque podemos praticá-los, mas não o fa-       shows, tudo aquilo que se volta para a nossa carnalida-
zemos, simplesmente porque não os aceitamos como            de, mas sim, ainda que tenhamos que conviver de for-
adequados para a vida cristã. Alias, nisto mesmo é que      ma comedida e dosada com tais ingredientes que fazem
se situa a diferença da liberdade cristã diante da que o    parte da vida hoje temos espaço em nosso viver, para a
mundo entende como verdadeira liberdade. Temos a li-        oração, para a leitura da Bíblia, para a meditação naqui-
berdade para fazer o que quisermos. Não há regras que       lo que o Senhor Jesus deseja para cada um de nós. Não
nos impeçam de fazer isto ou aquilo, mas simplesmente       andar segundo o mundo nos impõe, mas sim, segundo
a nossa consciência cristã nos impõe o que é certo ou       aquilo que o Senhor Jesus espera de mim e de você.
errado, e assim então, agimos.
                                                                5.4 - Olhando para as conseqüências: Mais um
    5.2 - Entendendo bem essa liberdade: Os crentes         pouco e Paulo encerra a questão mostrando as conse-
daquela época e daquela região não estavam entenden-        qüências de um caminho e do outro. O caminho que o
do bem esta liberdade que o Senhor nos deu. Como            mundo oferece e o caminho a que Cristo nos convida.
não tinham mais que se sujeitar aos ritos judaicos e às     Ele faz isto de maneira muito objetiva e direta. Se você
exigências da religiosidade do templo em Jerusalém,         quiser ver o que acontece àquele que trilha o caminho da
achavam que podiam dar vazão a tudo que quisessem           liberdade como o mundo a entende, você vai ver apenas
fazer segundo a sua própria vontade. Paulo teve que         “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, ini-
lhes ensinar que não era bem assim. Realmente, não          mizades, contendas, ciúmes, iras, facções, dissensões, parti-
havia mais necessidade da sujeição ao tradicionalismo       dos, invejas, bebedices, orgias”, coisas que levam a fins trá-
religioso do passado, mas agora, cada um, intimamente,      gicos em geral. Se você quiser ver o que acontece àquele
deveria estabelecer o seu procedimento segundo Cristo       que segue o caminho a que Cristo nos convida, você verá
o faria. Daí escrever-lhes dizendo: “Vós, irmãos, fostes    “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para       fidelidade, mansidão, domínio próprio”, coisas que levam
dar ocasião à carne”. Carne aí, significando a vontade      a situações de harmonia, boa vontade e compreensão en-
própria e egoísta do ser humano. Como eram livres,          tre os homens. A liberdade cristã nos conduz a estes está-
pensavam os gálatas, poderiam fazer o que quisessem,        gios aos quais Paulo chama de “frutos do Espírito”, pois é
inclusive, prejudicar o irmão ou amigo com que tives-       isto que resulta na sua vida e na minha vida se vivermos
sem alguma diferença. E, aplicavam, então, este pensa-      segundo a vontade de Cristo.
mento a tudo o mais: podiam beber o que quisessem...
podiam falar o que quisessem... podiam fraudar quanto          Conclusão
quisessem... podiam praticar o sexo livremente... – Não,
Paulo vai ensinar-lhes que não é assim! Você é livre            Para vivermos a verdadeira liberdade cristã temos
para praticá-las, mas tendo Cristo como seu exemplo         que cuidar dos obstáculos que o mundo nos coloca à
de vida, você não as pratica, porque o seu coração não      frente. Evitá-los com atenção e inteligência, primeiro,
aceita tais procedimentos para o viver.                     entendendo a verdadeira liberdade que Cristo nos dá;
                                                            segundo, procurando andar sempre no caminho certo,
    5.3 - Andando no caminho certo: Logo a seguir           o caminho do Espírito como ele nos recomenda; e, ter-
Paulo vai explicar como esta liberdade deve ser vivida.     ceiro, olhando as conseqüências que estão à nossa frente,
Numa frase pequena e simples, ele resume tudo: “Andai       vendo a diferença na vida daqueles que trilham os cami-
pelo Espírito e não haveis de cumprir a cobiça da carne”.   nhos do mundo e na vida daqueles que trilham os cami-
Sim, se queremos viver a verdadeira liberdade, aquela       nhos de Deus. Isto fazendo vamos avaliar com segurança
que, Cristo traz ao nosso coração, não devemos viver        a referência do caminho que deveremos tomar. E assim
segundo o império das coisas do mundo, mas sim, se-         fazendo, vivamos eu e você a verdadeira liberdade cristã,
gundo o império do Espírito de Deus em nossos cora-         livres da escravidão do pecado e livres para fazer aquilo
ções. Ou seja, não ficamos subjugados apenas pelas coi-     que o Senhor espera de nós como crentes que somos.


                                                                             Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   7
Comentários sobre
o Tema do Trimestre (II)



Epístola aos

Efésios
A santidade cristã
Texto bíblico – Efésios 1 a 6 • Texto áureo – Efésios 4.23,24


       “... a vos renovar no espírito da vossa mente;             Éfeso era a capital da província romana na Ásia.
    e a vos revestir do novo homem, que segundo Deus          Acidade mais importante e influente na região da Tur-
     foi criado em verdadeira justiça e santidade.”           quia moderna. Era famosa por ser a sede do culto a
                                                              Diana, uma deusa da mitologia grega (Ártemis), absor-
    Introdução                                                vida agora pela mitologia romana. Além do templo de
                                                              Diana, com suas sacerdotisas virgens e eunucos (jovens
    A carta de Paulo aos efésios é tida como uma daquelas     emasculados), era também um grande centro comer-
que foram escritas da prisão em Roma. Segundo o costu-        cial. Como igreja cristã se tornou também referência
me do império, naquela época, sendo ele um prisioneiro        no NT, pois, o apóstolo João deve ter ali encerrado o
domiciliar, deveria ter ao seu lado, permanentemente,         seu ministério, e ela mesma viria a ser a destinatária de
um soldado romano de guarda para impedi-lo de deixar          uma das sete cartas do Apocalipse.
a residência que lhe fora alugada para isto. Por isso é que
os historiadores explicam o final desta carta quando Pau-        A carta trata do plano de Deus para propiciar a união
lo vislumbra a armadura do cristão. Ele estaria por certo     em um tempo certo, sob a autoridade de Cristo, de tudo
no seu reduto de prisioneiro contemplando a sentinela         aquilo que exista no céu e na terra. Na primeira parte
romana ao seu lado, quando então se apropriou da visão        o apóstolo fala do povo de Deus, os cristãos, como um
de seus apetrechos de vestimenta para aplicá-los à men-       povo só, independentemente de raça ou nacionalidade,
sagem que desejava transmitir como lemos no capítulo 6.       unidos que foram pela morte de Cristo na cruz do Cal-

8 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Epístola aos Efésios


vário. Indo além, menciona mesmo que o Espírito Santo          como se verifica em outras, deve ter sido escrita assim
lhes dá o poder para continuarem a viver unidos no amor        pelo apóstolo com a finalidade de que a sua leitura, tal
do Pai. A seguir, aborda a nova vida que os discípulos         como a escrita aos colossenses (Cl 4.16), fosse lida tam-
de Cristo, os seguidores do Caminho, deveriam tomar            bém entre as demais comunidades cristãs que visitou
por estarem unidos nele. Esta nova vida se exterioriza no      nesta sua última viagem missionária.
melhor relacionamento que tenham uns com os outros.
Esta carta, dizem alguns historiadores, como a que foi            II - Esboço básico do livro - Sua divisão
escrita aos crentes em Colossos, também pode ter sido
preparada para ser levada a outras igrejas da região. Aliás       Em seus 6 capítulos e 155 versículos podemos per-
são três as cartas que tomam o título de “cartas da prisão”,   ceber claramente a seguinte divisão do seu conteúdo:
pois, devem ter sido escritas na mesma época de Roma:
aos efésios, aos colossenses e a Filemom.                         1. Saudação e hino de louvor e exaltação a Deus -
                                                               1.1-23
    Éfeso vai-se tornar um dos maiores centros primiti-
vos do cristianismo, principalmente depois da queda de            2. A supremacia da graça sobre o pecado - 2.1-22;
Jerusalém em 70 a.C. Paulo, passou ali três anos, evan-
gelizando a cidade e as regiões vizinhas, ocasião em que          3. O apostolado de Paulo entre os gentios - 3.1-21;
teve que “combater com as feras” como menciona em
1Coríntios 15.32. Aliás foi durante sua estada aí que             4. A unidade da fé e a santidade cristã - 4.1 a 5.21;
ele escrever suas cartas à igreja em Corinto.
                                                                  5. Os relacionamentos dos crentes em Cristo - 5.22 a 6.9;
   Mais tarde, João, o apóstolo deve ter sido pastor
desta igreja, fato este que Irineu e Eusébio confirmam             6. A armadura de Deus para o crente e despedidas
nnos séculos II e III da era cristã. Foi daí que ele teria     - 6.10-24;
sido exilado para Patmos onde escreveria a revelação de            	
Deus a ele, o livro Apocalipse.                                    III - A visão global do texto
   		
   I - Dados históricos e preliminares                             Embora possamos retirar diversos temas como assuntos
                                                               principais desta carta, ela dispõe, no entanto, de uma singu-
    Paulo vai passar por Éfeso em sua segunda viagem           laridade interessante. Em geral todos os que se voltam para
bem ao final dela, mas de maneira rápida (At 18.19-            escrever, deixam para o fim de seus escritos aquelas aborda-
21). Porém, logo no início da terceira viagem ele chega        gens mais marcantes. Paulo, nesta carta aos efésios, faz exata-
a Éfeso (At 19.1), e deverá então nela ficar os três anos      mente o contrário. O início desta epístola é uma verdadeira
citados por ele mesmo (At 20.31) fazendo dela o cen-           apoteose. Somos levados a ler, quase sem respirar, do versícu-
tro propulsor de suas andanças pela região da Ásia e da        lo 3 ao versículo 14, tal a beleza das palavras, a profundidade
própria Europa: Macedônica, Grécia, Filipos, Trôade,           do assunto que aborda, a riqueza do conteúdo que traz para
Mileto, Samos e outras menores, conforme nos registra          nós. Nele, o apóstolo aborda uma das maiores preciosidades
Atos 19.1 a 20.38. Sua despedida dos crentes em Éfeso          da vida cristã, o grande mistério da vida do homem, o maior
é dramática e muito emotiva, por onde podemos ter              milagre reservado para a humanidade: a revelação de Deus
uma idéia do seu grau de afinidade com aquela igreja.          à criatura humana para sua redenção. E ele faz isto com tal
                                                               propriedade e riqueza de palavras que somos obrigados a ler
   Isto deve ter ocorrido em torno de 54 a 57 a.C. en-         o texto quase que de um fôlego só, de tal maneira as idéias se
quanto a carta para a igreja teria sido escrita um pouco       complementam e se sobrepõem.
mais tarde entre 59 e 61 a.C., tempo que se supõe ocor-
re a prisão do apóstolo em Roma. Esta carta, por sua              Além deste aspecto inicial, a carta se destaca também
composição bem genérica, sem muitas citações pessoais          pela ênfase que dá à graça de Cristo unindo todos os ho-


                                                                                 Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   9
Comentários sobre o Tema do Trimestre (II)


mens sob a sua bênção salvadora, e a necessidade da san-               4.3 - Os dons do Espírito, segundo a carta aos Efésios:
tidade cristã em oposição aos costumes mundanos, o que             Um outro destaque desta carta é a descrição que Paulo faz
é ressaltado com a belíssima imagem final da armadura              nela dos dons outorgados por Deus aos seus servos, por
espiritual que Deus disponibiliza aos seus santos.                 meio da ação do Espírito Santo em suas vidas. Em nossos
                                                                   estudos já vimos que Paulo fez esta mesma descrição em
   IV - Os pontos principais em destaque                           Romanos 12 e em 1Coríntios 12. Ele volta a fazê-lo aqui.
                                                                   Nas três vezes em que entra neste assunto, Paulo o faz de
   Vamos ressaltar alguns dos passos contidos nesta                maneira mais ou menos uniforme, com poucas diferenças.
carta como pontos de alerta e de advertência que de-               Em Romanos são sete: profetizar (pregar), ministrar (ser-
vem ser por nós refletidos:                                        vir), ensinar, exortar, repartir (solidariedade), presidir e usar
                                                                   de misericórdia; Em 1Coríntios são oito: sabedoria, ciên-
    4.1 - Um hino de louvor em sua vida: Muitas vezes nossas       cia, fé, curas, milagres, profecia, discernimento, línguas (fa-
vidas cristãs se tornam tranqüilas e tão normais que perde-        lar e interpretar); e. finalmente, aqui em Efésios, ele volta a
mos a inspiração para o louvor e a adoração. Mecanicamente,        mencioná-los, mas de maneira mais objetiva, pois aborda as
pensamos que “não há porque fazê-lo”, pois nada acontece de        funções que os dons criariam na igreja. São cinco os dons
especial ou diferente. Ou seja, acostumamo-nos às revelações       que ele aponta e que devem estar presentes na vida desses
do Pai de tal forma já conhecidas que, não experimentamos          ministros: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mes-
mais, em nosso viver, momentos de êxtase ou gozo espiritual.       tres. O que chama atenção nesta descrição de Paulo aos efé-
Somos como que levados a vivenciá-la em monotonia e pas-           sios é a forma especial como ele a finaliza, como que dizen-
sividade. Paulo nos dá um exemplo fulgurante de uma pessoa         do: - Todos esses dons têm que ser praticados em conjunto
que embora, vivendo com intensidade a vida cristã e passan-        pelos ministros de Deus “tendo em vista o aperfeiçoamento
do até por dissabores e tristezas em muitos instantes, ainda       dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
assim, sabia cultivar o momento do louvor e da adoração em         de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
sua intimidade. Este início do primeiro capítulo desta carta é     conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à
um belíssimo hino de louvor e exaltação a Deus. Vale a pena        medida da estatura da plenitude de Cristo”.
lê-lo em reverência, de joelhos até, para que a sua beleza e sua
profundidade impregnem a nossa vida e nos transforme em                4.4 - O relacionamento humano diante de Deus: Pau-
pessoas que vibrem sempre com sa salvação alcançada e com          lo com muita propriedade nos aponta para os cuidados
o poder do Senhor que nos salvou.                                  que devemos ter em nossos relacionamentos como cren-
                                                                   tes. Dos versículos 5.22 a 6.9, ele como que expõe todas
     4.2 - A supremacia da graça de Deus sobre as obras:           as formas de relacionamento que podemos ter, e de como
Outro texto de grande realce na carta é quando o após-             devemos cuidar para que o nome de Cristo seja honrado e
tolo se dedica a exaltar a soberania da graça de Deus. O           preservado em meio a esses contatos em que nos inserimos
capítulo 2 contém textos de grande esplendor teológico e           como pais, cônjuges, filhos, irmãos, servos, empregados e
que nos devem servir de paradigmas para a vida em meio             senhores, de forma a não macular o nome da igreja.
à sociedade em que vivemos presentemente: “Porque pela
graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom       V - Sua contextualização
de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie”.
Ainda visando demonstrar o grau infinito dessa graça para              Efésios é uma carta de muitas possibilidades de aplica-
a salvação do ser humano, ele declara no mesmo capítulo:           ção para os dias presentes. Quando Paulo escreveu aos cren-
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor          tes na cidade de Éfeso, ele ensinou-lhes a como combater
com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos deli-         as situações adversas da vida. Parece que ele estava sabendo
tos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois sal-     que hoje nós seríamos inspirados por ele, pois a sua mensa-
vos), e nos ressuscitou juntamente com ele”. Ou seja, as obras     gem é plena de utilidade para nós também. Para isto ele nos
de nada valem para a salvação. Apenas a graça que nos foi          aconselhou sobre as sete armas que estão à nossa disposição.
dada por Deus antes mesmo que nascêssemos (Gn 3.15),               Vamos conferi-las na figura que o apóstolo nos apresenta de
pode-nos dar a certeza da ressurreição eterna.                     um soldado que se apresenta para a batalha. Ele vai vestir
10 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Epístola aos Efésios


este soldado de todos os recursos indispensáveis para que            crente deve estar revestido em seus pés, com o evangelho da
seja bem sucedido na luta. Se a luta será incessante, ele tem        paz, isto é, a mensagem de Cristo sendo levada por nossos
que estar bem preparado para enfrentá-la, em todos os as-            pés a todos os que estão ao redor. Mas não somente os pés,
pectos do viver. Este soldado, espiritualmente, somos eu e           mas o corpo também deveria estar protegido, por isso ele
você, diante das lutas que enfrentamos no mundo.                     aconselha o uso também do escudo da fé. A fé em Cristo
                                                                     nos protege, o corpo todo, das investidas do mal. Ela, a fé em
    5.1 - Enfrentando as adversidades da vida: Lutando               Cristo, é o nosso escudo a preservar-nos do mal.
sem cessar contra elas foi o que ele recomendou quan-
do escreveu para os efésios dizendo “revesti-vos de toda                 5.4 - Quinta e sexta armas – Salvação e Bíblia: Para
a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes                  completar a armadura que ele nos indica como necessá-
contra as ciladas do Diabo”. Sim, esta luta pela eficácia            ria para que lutemos sem cessar diante das artimanhas
da vida cristã deve ser travada por mim e por você, sem              do pecado, o apóstolo nos apresenta mais dois equipa-
cessar. Em todos os momentos de nosso viver. No colé-                mentos essenciais para esta nossa preparação para a ba-
gio, no trabalho, no lar, na condução, todos nós temos               talha: “Tomai também o capacete da salvação, e a espada
de lutar sem cessar para que o nosso testemunho cristão              do Espírito, que é a Palavra de Deus”. Com esta frase ele
seja luz para os que estão ao nosso redor.                           nos ensina que a salvação obtida pelo crente desde que
                                                                     creu em Cristo, é a sua principal arma. Como o capace-
     5.2 - Primeira e segunda armas – Verdade e justiça: Para        te envolve a cabeça do soldado, assim o sentimento da
começar ele aponta para duas virtudes indispensáveis ao cará-        salvação deve envolver toda a mente do crente, isolando-
ter cristão. Não se pode imaginar alguém que se diga crente          -o deste mundo tenebroso em que vive. Ou seja, mesmo
e que não demonstre em seu viver estar de posse dessas duas          diante das piores situações lembremo-nos sempre, que
qualidades morais imprescindíveis. Elas não são exigidas ape-        somos salvos por Jesus, não pertencemos a este mundo,
nas do crente. O cidadão comum é delas cobrado pela socie-           fazemos parte do reino de Deus. Vocês devem ter perce-
dade civil. O apóstolo Paulo vai-se referir a elas como as duas      bido que todas essas cinco armas mencionadas até aqui
primeiras armas de que devemos estar equipados para enfren-          pelo apóstolo são apenas armas defensivas. Ele deixou
tar o mundo: “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos   para a última indicação, a única arma de ataque, a maior
com a verdade, e vestida a couraça da justiça”. O dorso do sol-      e melhor arma ofensiva do crente: a Bíblia, a Palavra de
dado naquela época era envolvido por uma espécie de malha            Deus que ele apresenta como a espada do Espírito. É a
fina (para o crente esta malha seria a verdade), sobre a qual,       Bíblia Sagrada que nos inspira na luta, que nos aponta os
colocava-se depois a couraça, uma espécie de armadura para           pontos fracos do inimigo, que nos ensina o caminho da
proteção dos golpes mais duros (para o crente esta couraça se-       vitória, que nos dá a condição de derrotá-lo, finalmente.
ria a justiça). O viver na verdade e o buscar a justiça deviam ser
duas evidências para o mundo da pessoa do crente. O que o               Conclusão
apóstolo está nos requerendo é que pratiquemos a retidão em
todos os nossos atos, a dignidade em nossa maneira de viver,             Vivendo digna e retamente (praticando a verdade e jus-
enfim, integridade enfim.                                            tiça em nossos atos)... Testemunhando do evangelho e resis-
                                                                     tindo ao mal (pregando a paz de Cristo e a fé nele)... Mos-
    5.3 - Terceira e quarta armas – Paz e fé: Mas o apóstolo         trando ao mundo a bênção do ser cristão (demonstrando a
prossegue e nos apresenta a seguir mais duas armas. Agora            alegria da salvação)... estaremos preparados para enfrentar
mais diretamente vinculadas ao crente. Verdade e justiça são         sem cessar a luta contra o pecado, defendendo-nos assim
virtudes esperadas de todos os seres humanos. Paulo agora            de todos os seus dardos inflamados, até que, possamos des-
começa a particularizar aquilo que só se pode esperar de al-         fechar o golpe final com o nosso contra-ataque: o bom uso
guém crente em Jesus, de mim e de você: “Calçados os pés             da Palavra de Deus (a espada do Espírito), vencendo então
com a preparação do evangelho da paz, tomando sobretudo,             a batalha. Porém, mesmo assim, para finalizar, Paulo nos
o escudo da fé, com o quais podereis apagar todos os dardos do       recomenda que sobretudo, mesmo que armados com estas
Maligno.” Os pés tinham que ser bem protegidos para a ba-            seis equipagens acima descritas, devemos viver sempre “em
talha. De forma figurada então, o apóstolo nos fala que o            oração e súplica”, pois só assim, a vitória será alcançada.
                                                                                     Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   11
Comentários sobre
o Tema do Trimestre (III)




Epístola aos

Filipenses
O poder que Deus dá
Texto bíblico – Filipenses 1 a 4 • Texto áureo – Filipenses 4.13




                    “Posso todas as coisas                  Nascido em 382 a.C. em Pela, Macedônia, foi educa-
                  naquele que me fortalece.”                do em Tebas na Grécia, afeiçoando-se à cultura clás-
                                                            sica grega a ponto, de, logo que chegou ao poder em
   Introdução                                               seu Estado macedônico, tentar e conseguir unificar as
                                                            cidades-estados gregas, sob a direção da Macedônia, o
    A cidade de Filipos tinha sido uma das mais impor-      que iria dar base para a expansão posterior que seu filho
tantes no período interbíblico, pois fora construída em     iria alcançar. Depois de incorporá-los todos, organizou
honra a Filipe, o Grande, o pai de Alexandre, aquele        a chamada Liga Helênica e lançou-se às outras conquis-
que viria a ser o maior conquistador da Antigüidade.        tas, principalmente, a Pérsia vindo a falecer, então, em
Dizem alguns historiadores que o poder de Filipe se         336 a.C., abrindo espaço para a hegemonia de seu filho,
expandia de tal forma que, seu filho, Alexandre recla-      Alexandre. A cidade vai continuar com importância
maria com os amigos que assim continuando, quando           histórica por muito tempo, até se tornar colônia roma-
ele chegasse a reinar, não haveria mais o que conquistar.   na a partir de 42. a.C.

12 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Epístola aos Filipenses


    A Macedônia, ficava na chamada região dos balcãs eu-         pelo menos sete delas foram escritas de prisões, pelos ele-
ropeus, sendo a cidade de Filipos aquela que ligava-se mais      mentos que nos apresentam em sua construção Filipenses,
de perto com a Ásia, pela travessia do Estreito de Bósforo.      Efésios, Colossenses, Filemom, 1/2Timóteo e Tito, ficam
Embora situada dentro de uma planície a 16 quilômetros           eles sem saber de onde seguramente teriam sido enviadas,
de distância do mar, foi para lá que Paulo se dirigiu logo       pois, Paulo, esteve preso em pelo menos três cidades di-
que atendeu à visão que recebeu em Trôade, conforme              ferentes: Jerusalém, Cesaréia, Roma, e, possivelmente, em
podemos ler em Atos 16.12: “e dali para Filipos que é a pri-     Éfeso onde ele menciona ter sido “entregue às feras”. Em
meira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana;      outros lugares ele esteve momentaneamente também em
e estivemos alguns dias nessa cidade”. Paulo esteve ali por-     prisões, como por exemplo, Filipos, mas em passagens tão
tanto em sua segunda viagem, e passa depois por lá na 3a.        rápidas que não dariam ensejo à escritura de uma carta.
viagem também como podemos ler em Atos 20.6.
                                                                     No caso de Filipenses, as evidências contidas no tex-
    A passagem de Paulo por Filipos é uma das páginas            to levam a grande maioria dos historiadores a advogar
mais esplendorosas do trabalho evangelístico do apósto-          a prisão em Roma e os anos de 58 a 60 da era cristã,
lo acompanhado, no caso, por Silas. Ela está narrada em          como o local de origem e a data aproximada da carta,
Atos 16.12-40, quando o apóstolo inicia a evangelização          no primeiro aprisionamento de Paulo.
da Europa conforme lhe determinara a visão. Nesta cidade
ele trabalha objetivamente em duas casas, primeiramente             II - Esboço básico do livro - Sua divisão
com Lídia, a fabricante de púrpura da cidade e depois na
casa do anônimo carcereiro da prisão em Filipos, onde ele           Em seus 4 capítulos e 104 versículos, podemos en-
se hospeda após o martírio, é tratado, alimentado e prega        trever a seguinte divisão
o evangelho a ele e a toda a sua família. Desses dois núcleos
familiares, deve ter surgido então a igreja cristã em Filipos,      1. Uma palavra de introdução e saudação - 1.1-11;
à qual Paulo vai escrever mais tarde.
                                                                     2. Sua palavra de conforto mesmo em meio a tribu-
    Esta é mais uma das cartas chamadas “da prisão”. Tudo        lação – 1.12-26;
faz crer que, tomando conhecimento em Roma de que
aquela igreja estava recebendo pessoas que ensinavam certas         3. Sua exortação à santidade de vida - 1.27 a 2.18;
heresias e, que, também, alguns dos líderes da igreja teriam
se voltado contra ele em sua liderança, o apóstolo resolve          4. Sua recomendação sobre seus emissários - 2.19-30;
escrever a carta, onde aconselha, responde e adverte. No
entanto, apesar disto,vemos que a igreja o amava pois ele            5. Seu zelo apostólico e sua palavra sobre os legalis-
agradece a ajuda que dela teria recebido expressando o seu       tas - 3.1-21;
amor pelos crentes ali. Nesta carta, ele expressa também al-
guma características que devem marcar a vida do crente, fa-         6. Sua gratidão e saudações finais - 4.1-23
lando da confiança, alegria, amor, comunhão e firmeza que
deveriam estar presentes neles. Finaliza mencionando que            III - A visão global do texto
todos deveriam seguir o exemplo de Cristo em suas vidas,
pois, “meu Deus, suprirá todas as vossas necessidades segundo       Mesmo ao leitor superficial da epístola, saltam aos
as suas riquezas na glória em Cristo Jesus”.                     olhos dois temas essenciais em seu conteúdo, e que de-
                                                                 vem merecer toda a nossa atenção, como mensagens
   I - Dados históricos e preliminares                           globais da carta aos Filipenses:

    Uma das dificuldades dos estudiosos históricos da Bí-           Primeiro, a segurança do apóstolo em continuar tes-
blia é situar adequadamente em termos de data e origem           temunhando do Evangelho mesmo em cadeias. Impres-
as cartas chamadas “da prisão”. Tendo-se como certo, que,        sionante verificar que ele considera que a sua prisão está


                                                                                Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   13
Comentários sobre o Tema do Trimestre (III)


contribuindo para o progresso do Evangelho. Paulo                     IV - Os pontos principais em destaque
tinha como objetivo transformar a sua prisão em uma
espécie de exemplo para que os demais crentes tivessem                 Uma carta como esta é plena de pontos que pode-
mais coragem em testemunhar do Evangelho. Ela de-                  mos destacar como instrumentos de inspiração e entu-
veria servir de estímulo para que os crentes em todo o             siasmo em nossa vida cristã hoje:
mundo se sentissem dispostos a passar por tribulações
em benefício do Evangelho: “a maior parte dos irmãos                   4.1 - A oração pela igreja: A palavra inicial de Paulo
no Senhor, animados pelas minhas prisões, são muito                na carta é uma mensagem que nos evoca a necessidade de
mais corajosos para falar sem temor a palavra de Deus”.            estarmos sempre orando por nossas igrejas. Quase todas as
                                                                   cartas paulinas começam com um intróito neste sentido.
    Segundo, a sua exortação à perseverança na vida cristã         O apóstolo orava pelas igrejas que conhecia e às quais em
por parte dos crentes em Filipos. Sua palavra aos filipenses       algum momento do passado tinha ajudado. Algumas de-
nos capítulos 1 e 2 é plena de inspiração e desafio para que       las se mostravam, por sua conduta cristã, dignas desta pre-
aqueles crentes buscassem mais e mais uma devoção maior            ocupação do apóstolo em orar por elas. É o caso por exem-
na vida cristã: “portai-vos de um modo digno do Evangelho...       plo desta igreja em Filipos: dou graças a Deus todas as vezes
em nada estais atemorizados pelos adversários... nada façais       que me lembro de vós... fazendo sempre, em todas as minhas
por contenda... tende em vós aquele mesmo sentimento que           orações, súplicas por todos vós.” Ou seja, o apóstolo tinha
houve em Cristo Jesus... fazei todas as coisas sem murmura-        prazer em colocar em suas orações os nomes e os desafios
ções... para que vos torneis irrepreensíveis...” Enfim, palavras   que porventura estivesse enfrentando. Esta oração não era
e mais palavras exortando aos crentes de todas as épocas           tristonha ou negativa. Paulo chega a mencionar que fazia
que ontem, como hoje, a vida cristã deve ser pautada por           as “súplicas por todos vós com alegria”. Será que os nossos
esta busca sempre pelo melhor.                                     pastores estào orando por nossas igrejas “com alegria”?


      Ilustração de Paulo, mesmo
    preso, escrevendo uma de suas
         cartas (Gustave Doré)




14 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Epístola aos Filipenses


    4.2 - O elogio a Epafrodito: Um outro ponto de realce       dele enviando recursos para a obra e orando por seu tra-
nesta carta é o elogio de Paulo a um de seus auxiliares. Epa-   balho missionário. Agora, quando chega ao final da car-
drodito ou Epafras são dois nomes para uma mesma pes-           ta, o mesmo tinha se dado e Paulo agradece as últimas
soa, embora alguns comentaristas considerem que possam          dádivas: “fizestes bem em tomar parte da minha aflição...
ter sido duas pessoas já que são citadas diferentemente, o      nenhuma igreja comunicou comigo no sentido de dar e de
primeiro nesta carta aos filipenses, enquanto o segundo         receber, senão vós somente... não uma só vez, mas duas,
nas cartas aos colossenses e a Filemom. O que converge          mandastes suprir-me as necessidades”. Será que nos dias de
para uma mesma pessoa é que em todas as citações as pa-         hoje, com tantos recursos a mais disponibilizados para
lavras de Paulo são elogiosas e não fazem distinção entre       as nossas igrejas estamos participando com este mesmo
um e outro. No grego, esse nome, tem um bonito signi-           empenho da obra missionária? Será que estamos aman-
ficado: “belo, encantador”, sendo Epafras, então, uma es-       do os nossos missionários e participando de suas lutas?
pécie de contração ou diminutivo de sua forma completa.
O que nos deve marcar é que sendo o apóstolo Paulo algo            V - Sua contextualização
tão severo em suas avaliações pessoais, quanto a esse per-
sonagem ele o enaltece grandemente: “Epafrodito, meu                Todas as cartas de Paulo são eminentemente con-
irmão... cooperador... companheiro nas lutas... meu socorro     textualizadas ao nosso tempo. Aliás, é impressionante
nas minhas necessidades... preocupado com os amigos...” Sua     verificar como seus conselhos e palavras de advertência,
apreciação vai a tal ponto que demonstra o sentimento           originadas de um texto de pelo menos dois milênios
que ele e os crentes de Filipos tiveram quando souberam         atrás, ainda são válidos e positivos para hoje.
da enfermidade que o atingiu. Será que nos dias de hoje
estamos sendo dígnos, por parte de nossos líderes, de ava-          5.1 - Ensinando-nos a ter um alvo: Na vida cristã,
liações assim tão positivas e nobres?                           você tem que ter um alvo a atingir. Você deve ter um
                                                                objetivo a acertar. Você tem que fazer todo um esfor-
    4.3 - O convite ao regozijo cristão: Outro ponto de         ço de concentração para isto. O objetivo da nova vida
destaque nesta carta á a importância que o apóstolo Pau-        que alcançamos em Cristo deve ser sempre o de melhor
lo confere à vivência cristã em alegria e regozijo. Parece      possível para isto. Paulo nos aponta para isto em sua
que ele quer evidenciar que o crente mesmo enfrentando          carta aos filipenses. Este grau de dedicação de Paulo a
situações adversas tem do que se alegrar. Por duas vezes        determinado objetivo é demonstrado na carta. Na sua
ele chega a mencionar isto aos filipenses: “Regozijai-vos       vida cristã, você tem que ter esses cuidados. Mirar com
sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.” O que o       precisão um alvo a ser atingido segundo a vontade de
apóstolo destaca para nós é que, como crentes, embora           Deus. Para isto, outros interesses terão que ser deixados
estejamos, às vezes, diante de problemas e dificuldades,        para trás, de forma que você se concentre unicamen-
devemos “regozijar-nos no Senhor”. Isto é, ele não nos          te naquilo que está pretendendo alcançar. Podemos
está sugerindo uma alegria vazia e fugidia como se qui-         aprender com Paulo sobre isto quando ele disse “mas
sesse nos impor uma simples fórmula de terapia contra           o que para mim era lucro passei a considerá-lo como per-
a dor ou o sofrimento. Não! O que ele nos ensina é que          da por amor de Cristo”. Isto quer dizer que Paulo tinha
este regozijo deve vir da pessoa de Cristo em nós. O cren-      outras atrações em sua vida, mas passou a considerá-
te que possui o Espírito de Deus em seu interior, mesmo         -las com secundárias (como perda), diante da primei-
diante do maior tormento, dispõe da alegria íntima e            ra e maior atração que passou a predominar seu viver:
pessoal que só a pessoa de Cristo, nosso Senhor e Salva-        tornar-se verdadeiramente um crente no Senhor Jesus.
dor, dentro de nós, pode nos proporcionar.
                                                                    5.2 - Firmando-se em direção ao alvo: Para alcan-
     4.4 - A gratidão à beneficência: Algo que nos cha-         çar então o alvo, além de fixá-lo com precisão, temos
ma atenção nesta carta é também a predisposição dos             que firmar bem a direção que estamos trilhando. Na
filipenses em ajudar e participar das lutas do apóstolo.        vida cristã, não basta mirar com precisão o alvo (que-
Desde o princípio esta igreja tinha se colocado ao lado         rer ser um crente fiel). É preciso também firmar bem


                                                                               Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   15
Comentários sobre o Tema do Trimestre (III)




“     Não negamos o poder da fé
em vencer desafios, no entanto,
                                                                5.4 - Prosseguindo sempre em busca do melhor:
                                                            A caminhada com Paulo em busca da melhor vida
                                                            cristã não chega ao fim. Observem que mesmo de-
                                                            pois de já ter dito o que poderíamos chamar de tudo
devemos entender que o contexto do                          possível sobre a necessidade de um alvo na vida, a
                                                            firmeza necessária para alcançá-lo, e a satisfação de,
versículo é extremamente negativo.
                                                            enfim, atingi-lo, Paulo vai mais longe e acrescenta
Paulo não está se vangloriando de                           ainda: “Mas, naquela medida de perfeição a que já
                                                            chegamos, nela prossigamos”. Isto é, a jornada cristã
“poder vencer todas as lutas” que                           não tem fim. Ainda que já tenhamos alcançado vi-
viesse a enfrentar, mas sim, que,                           tórias, na realização daquilo para que o Senhor nos
                                                            chamou, não nos contentemos com os “louros da vi-
diante das dificuldades terríveis                           tória”. Outros desafios existem à frente. E o Senhor
                                                            espera a nossa continuidade na luta. Mesmo preso
que vinha passado, o Senhor lhe                             em Roma, Paulo vislumbrava voltar a Colossos, visi-
dava poder para resistir a elas
a direção, concentrar-se em todos os momentos, não ”
perder a atenção e estar bem preparado, pois senão, al-
                                                            tar Filemom, ir à Espanha. Sim, a vida cristã deve ser
                                                            sempre um estímulo ao melhor.

                                                               Conclusão
gum obstáculo pode nos atingir em nosso caminhar e
desviar-nos inteiramente do alvo. Com Paulo podemos             O texto fundamental desta carta, recitado como
aprender também a respeito desta firmeza de direção         texto áureo em muitos momentos em nossas igrejas
na hora da jornada: “vou prosseguindo, para ver se pode-    é, sem dúvida, o versículo 13 do capítulo 4: “Posso
rei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por     todas as coisas naquele que me fortalece”. Esta palavra
Cristo Jesus”. Sim, a primeira lição para termos firmeza    de Paulo, às vezes, pode ser vista numa ótica muito
na caminhada cristã é esta. Embora surjam problemas,        otimista, quando a lemos isoladamente, e há pessoas
hoje difíceis, amanhã menores, e dias tranqüilos à fren-    que assim o fazem no objetivo de diante de obstácu-
te, vamos prosseguir. Nada nos deve desviar de nossa        los tidos como intransponíveis contar com a ajuda
carreira. Devemos dia-a-dia firmar a nossa direção em       do Senhor para superá-los. Não negamos o poder da
busca do alvo a ser atingido: a perfeição da vida cristã.   fé em vencer desafios, no entanto, devemos entender
                                                            que o contexto do versículo é extremamente negati-
    5.3 - Acertando o alvo, enfim: Na vida cristã, esse,    vo. Paulo não está se vangloriando de “poder vencer
deve ser o nosso objetivo. Acertar, acertar sempre. Mes-    todas as lutas” que viesse a enfrentar, mas sim, que,
mo que erremos hoje ou amanhã em algum momento              diante das dificuldades terríveis que vinha passado,
de nossa vida, vamos prosseguir: mirando com precisão,      o Senhor lhe dava poder para resistir a elas. Senão,
firmando a direção de nosso projeto e procurando assim      vejamos o versículo 12: “Sei passar falta, e sei tam-
acertar no alvo, atingir o objetivo em mira. Paulo nos dá   bém ter abundância; em toda a maneira e em todas as
a verdadeira imagem desta caminhada cristã quando es-       coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como
creve que não importando os desafios e as falhas de hoje,   em passar fome; tanto em ter abundância, como em
os passos errados que tenhamos dado em nossa vida,          padecer necessidade...” e, então, em face desse quadro
eu e você, devemos, como ele afirmou: “prossigo para o      negativo, ele exclama que tem capacidade para re-
alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo     sistir às intempéries, aos problemas, às dificuldades,
Jesus”. Devemos então, aprender com ele. Prosseguir e       pois, “pode todas as coisas naquele que o fortalece, o
nunca desanimar. O prêmio a ser ganho é muito grande        Senhor Jesus Cristo”. Por isso, o título de nosso estu-
e valioso. A vida eterna com Cristo é algo de supremo a     do: “O poder que Deus dá”. Ele dá poder para resistir
ser atingido e devo fazer sempre o melhor para isto.        também.


16 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Comentários sobre
o Tema do Trimestre (IV)



Epístola aos

Colossenses
A vivência cristã
Texto bíblico – Colossenses 1 a 4 • Texto áureo – Colossenses 3.16



   “A palavra de Cristo habite em vós ricamente,          um pouco depois disto, porque Roma construindo as
em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns      suas estradas deu preferência à passagem no caminho
 aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais,    de Éfeso para o Oriente, pela cidade de Pérgamo e não
 louvando a Deus com gratidão em vossos corações.”        por Colossos.

   Introdução                                                 Segundo podemos depreender do texto bíblico Pau-
                                                          lo não foi o fundador desta igreja, nem mesmo deveria
    A cidade de Colossos era uma das mais importan-       conhecer muitos de seus membros, composta que era
tes da região da Frígia, uma província da Ásia Menor      ela de maioria provavelmente gentia. Os comentaristas
nos tempos do Novo Testamento, a Turquia de hoje.         acreditam que o Evangelho chegou ali quando Paulo
Ficava a 120 quilômetros de Éfeso e próxima aos ca-       se encontrava pregando em Éfeso, por intermédio de
minhos que levavam a outras cidades citadas como “as      Epafras, que seria um dos líderes daquela igreja. Como
igrejas da Ásia”, no Apocalipse de João: Sardes, Pérga-   essa carta é uma daquelas conhecidas como “da prisão”,
mo e principalmente Laodicéia, que ficava mais perto      os estudiosos apontam o aprisionamento de Paulo em
dela, no vale do rio Lico. Foi muito importante nos pe-   Roma como o local de onde teria sido a carta escrita.
ríodos que antecederam o Império Romano, decaindo         Seu final aliás, testemunha muito bem isto, quando

                                                                        Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   17
Comentários sobre o Tema do Trimestre (IV)


vemos a citação do apóstolo dos seus diversos compa-              depois da época desta carta (58/60 d.C. data provável do
nheiros de prisão em Roma.                                        aprisionamento de Paulo em Roma), Colossos foi destruí-
                                                                  da por um terremoto, em torno dos anos 66/68.
    Para muitos historiadores esta carta tem que ser lida
em conexão com a carta a Filemom, pois tudo nos in-                   A carta foi escrita para combater algumas falsas
dica que seria Arquipo, o filho de Filemom, o pastor              doutrinas que haviam se introduzido na igreja, o que
ou pelo menos o responsável pelos trabalhos naquela               deve ter sido informado a Paulo, pela chegada de Epa-
igreja. Quando Paulo chega ao final da carta mencio-              fras a Roma. Paulo vai insistir que somente por Cristo é
nando que “dizei a Arquipo: Cuida do ministério que               que Deus perdoa e salva a criatura humana. Os crentes
recebeste no Senhor, para o cumprires”, é como se esti-           de Colossos devem estar unidos a ele, Jesus, numa nova
vesse atribuindo a ele a responsabilidade pelo trabalho           forma de vida, em que se manifesta o amor mútuo e
pastoral ali. Outrossim, na própria carta a Filemom, ele          solidário da igreja de Cristo.
se refere, como “o nosso companheiro de lutas”. (Fm 2).
                                                                     II - Esboço básico do livro - Sua divisão
    Das treze cartas de Paulo, sete são reconhecidas
como “as da prisão”: Filipenses, Efésios, Colossenses,               Em seus 4 capítulos e 95 versículos, podemos distin-
Filemom, 1/2Timóteo e Tito. Esta que estamos estu-                guir a seguinte divisão do seu conteúdo:
dando se caracteriza bem como escrita em seu aprisio-
namento, pois além da citação de diversos companhei-                 1. Saudação do apóstolo e apreço dele pelos colos-
ros que se hospedavam com ele na casa-prisão alugada              senses - 1.1-8;
em Roma, vemos três outras citações que nos remetem
particularmente à situação da igreja em Colossos: pri-                2. Oração do apóstolo em favor dos crentes em Co-
meiramente a indicação de que Onésimo, voltando                   lossos - 1.9-23;
para casa como lemos na carta a Filemom, seria o com-
panheiro de Tíquico levando a carta em mãos; em se-                   3. Menção às suas lutas e trabalhos pelo Evangelho
gundo lugar a citação bem clara de Epafras como “um               - 1.24 a 2.23;
de vós, servo de Jesus Cristo, e que sempre luta por vós em
suas orações, para que permaneçais perfeitos e plenamente            4. Conselhos à melhor vida cristã - 3.1 a 4.6;
seguros em toda a vontade de Deus”; em terceiro lugar,
a citação já mencionada acima do nome de Arquipo                     5. Notícias pessoais e despedidas - 4.7-18.
como ministro ali, e especialmente, a solicitação do
apóstolo de que a carta, após ser lida em Colossos, fosse             É de se registrar ao final da carta, a dificuldade do
depois lida também na igreja em Laodicéia.                        apóstolo em escrever, pois apenas a saudação final é es-
                                                                  crita “de próprio punho”.
   I - Dados históricos e preliminares
                                                                      III - A visão global do texto
    Não há indicações seguras para que os comentaristas
apontem a razão de ser do nome daquela cidade. Colos-                  O grande propósito da carta de Paulo aos crentes em
sos, do grego “kolossai”, quer dizer isto que exatamente          Colossos é contribuir para o crescimento espiritual deles.
depreendemos (colosso, algo grande e magnífico). Para os          Por isso demos o título deste estudo, como “a vivência cris-
historiadores a única razão plausível para o nome, pois a         tã”. Paulo está chamando os crentes em Colossos a uma
cidade não seria tão grande para justificar tal título, seria a   vida de comunhão fraterna entre eles, e especialmente, de
sua posição num vale bem extenso, o vale do rio Lico, de          comunhão com o Senhor de tal forma, que esta carta, jun-
onde no horizonte, se deveria avistar uma grande cadeia           tamente com a que foi escrita aos Efésios, é tida por muitos
montanhosa (os montes Taurus, talvez). Esses dados não            comentaristas como a mais avançada teologia do apóstolo,
são precisos, pois, pelo que a história nos registra, pouco       com centralidade na pessoa de Cristo.


18 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Epístola aos Colossenses


    Vale a pena ressaltar o que escrevem os comenta-                4.3 - Cristo é o cabeça da igreja, é o alvo de toda a
ristas sobre o tema central desta carta: “O seu grande          busca pela perfeição, é o mistério de Deus: Impressio-
tema é Cristo... Cristo é o cabeça do cosmos... Ele é o         nante como o apóstolo consegue consolidar em frases
Mistério de Deus... ele é divino, mas é humano, pois            soltas, verdades tão sublimes sobre a pessoa e a razão de
efetuou autêntica expiação, mediante sua morte genu-            ser do Senhor Jesus: “... porque nele habita corporalmen-
ína...”, são algumas das expressões que podemos retirar         te toda a plenitude da divindade... tendo sido sepultados
do texto bíblico e ressaltadas pelos estudiosos. As gran-       com ele no batismo... quando estáveis mortos nos vossos
des doutrinas da epístola são todas apoiadas sobre a na-        delitos... vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos
tureza de Cristo, Filho de Deus, Salvador dos homens.           todos os delitos... Se, pois, fostes ressuscitados juntamente
                                                                com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo
   IV - Os pontos principais em destaque                        está... Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são
                                                                da terra.” Observem que praticamente todos os textos
    Para destacar alguns pontos da cristologia que Pau-         do apóstolo são apontando para algo melhor. Os con-
lo evidencia no texto da carta, e que podemos ir reti-          selhos são pró-ativos. Dinâmicamente apontam para
rando de diversos versículos muito explícitos em sua            um futuro mais positivo e santo para a vida do crente.
exposição:
                                                                    4.4 - Cristo é o vencedor de todo o mal e com seu
    4.1 - Cristo é o doador da graça, associado ao Pai, o       exemplo regulamenta a vida cristã para nós: No en-
verdadeiro objeto da fé dos crentes: - o texto aos colos-       tanto, percebe-se em todo o texto que existe um ide-
sensses é rico de expressões significativas a respeito da       al paulino, estribado em Cristo, para a vida do crente.
pessoa de Cristo: “... sejais cheios do pleno conhecimento      Este ideal é o do crescimento espiritual que a nova cria-
de sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento es-          tura deve buscar desde que se converteu. A ênfase do
piritual; para que possais andar de maneira digna do Se-        apóstolo é neste sentido. O ser humano pode crescer
nhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa           em vários aspectos do seu viver, moral, material, físico,
obra, e crescendo no conhecimento de Deus...” Ou seja, a        traçando para isto caminhos próprios e alvos ou obje-
vida cristã há que ser vivida em prol do melhor amanhã.         tivos seguros. Este é o processo de crescimento em que
Não podemos nos acomodar àquilo que somos ou que                podemos atuar, como seres humanos com o nosso ra-
já alcançamos. A fé em Cristo deve nos levar sempre a           ciocínio e a nossa lógica: - no crescimento físico temos
objetivos maiores amanhã do que hoje. É ele, o Senhor           que nos ajustar àquilo que a nossa genética e natureza
Jesus que, agindo em nós vai fazer-nos trilhar os cami-         nos impõe; - no crescimento intelectual e moral, nós
nhos deste crescimento;                                         podemos agir de forma a obter um melhor resultado
                                                                amanhã, estudando e lendo, ouvindo conferências e
    4.2 - Cristo é o doador da herança, o reconciliador,        preleções. Isto é o que humanamente podemos fazer
a imagem do Deus invisível: Diante de realidades tão            em prol de um crescimento humano que contribua
excelsas, o apóstolo prossegue: “Ele é antes de todas as        para uma melhor vivência cristã. Daí, os conselhos tão
coisas, e nele subsistem todas as coisas... tudo foi criado     comuns e simples como que regulamentando uma nova
por ele e para ele... ele é a cabeça do corpo, da igreja... o   forma de viver para o crente: “... exterminai as vossas
mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas     inclinações carnais... a impureza, a ira... não mintais...
agora foi manifesto aos seus santos... a quem Deus quis         não pronuncieis palavras torpes.”
fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mis-
tério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da         Mas, Paulo, nesta carta, vai escrever sobre a neces-
glória”. Que podemos acrescentar a textos tão profun-           sidade do crescimento espiritual, aquele que não pode
dos como estes? Somente pela intensa meditação neles            ser alcançado isoladamente. Somente contando com a
e pelo maior e melhor espírito de oração que tenhamos           participação do Santo Espírito de Deus neste processo
é que poderemos penetrar um pouco nas verdades mag-             é que poderemos galgar posições melhores em nosso
níficas que o apóstolo escreve para nós nesta carta.            viver cristão. Os crentes em Colossos vão receber do


                                                                                Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   19
Comentários sobre o Tema do Trimestre (IV)


apóstolo um manual para “aprender a crescer”. Vamos          abrangente que o Senhor deseja de todos nós. Paulo vai-
conhecê-lo, para também fazer uso dele em nosso viver,       -nos ensinar isto quando escreve: “que sejais cheios do ple-
no item seguinte.                                            no conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e en-
                                                             tendimento espiritual”. O apóstolo não separa uma coisa
   V - Sua contextualização                                  da outra. O crescimento mental (sabedoria, que envolve
                                                             o crescimento intelectual e moral) deve ser acompanha-
   Vamos dividir este manual também em quatro partes:        do também do crescimento espiritual. Nós não podemos
                                                             nos dedicar àqueles e esquecer deste. Ao tempo que nos
    5.1 - Crescendo no conhecimento intelectual e es-        debruçamos sobre os livros para mais conhecer e saber,
piritual: A primeira motivação que deve levar o crente a     devemos também nos debruçar sobre a Bíblia para dela
buscar o crescimento de sua vida cristã, é a do reconhe-     aprender a crescer espiritualmente.
cimento de que precisa crescer nela tanto intelectual e
moral, como espiritualmente também. Muitos pastores,            5.2 – Crescendo no conhecimento de Deus: Paulo
educadores e líderes cristãos, exigem muito de seus dis-     destaca então a conseqüência natural deste aprendiza-
cípulos no que diz respeito ao crescimento intelectual       do espiritual. Aquele que se dedica ao conhecimento da
e moral, dando-lhes os melhores conselhos, sugerindo         Palavra de Deus, da história dos grandes personagens
determinadas matérias, indicando livros, recursos de in-     bíblicos, dos temas de destaque da Bíblia, acaba natu-
formática etc. Isto é bonito e bastante válido, mas não      ralmente “agradando ao Senhor em tudo, frutificando
é tudo. Lembremo-nos de que, Jesus Cristo, segundo           em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus”.
Lucas 2.52, “crescia em sabedoria, em estatura e em graça    É natural que isto aconteça. Na medida em que vivamos
diante de Deus e dos homens”. Este é o crescimento total e   uma vida que agrade ao Senhor (pela obediência a ele,




                                                                         Ilustração de Paulo em pleno exercício
                                                                           ministerial testemunhando perante
                                                                             Festo. Apesar de todas as lutas,
                                                                            sofrimentos e prisões, o apóstolo
                                                                            testemunhava com coragem, fé e
                                                                                 alegria (Gustave Doré)




20 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Epístola aos Colossenses


pela leitura da Bíblia, pela oração), frutificaremos em
nosso viver. Os frutos da vida cristã e do testemunho
começarão a surgir aqui e ali, e em conseqüência disto,
estaremos crescendo no conhecimento de Deus. Este é
                                                            “    O que ele nos está recomendando
                                                            é que devemos viver com alegria a
o maior nível de conhecimento que podemos alcançar          vida cristã evidenciando para o mundo
na vida cristã de qualquer um de nós: - Saber quem é        a salvação que temos, pois, o Senhor
Deus em nossa vida, o lugar que ele ocupa em nosso
viver, o que ele pode fazer por nós, e, especialmente, o    Deus nos fez dignos para ela, por
que nós devemos fazer em honra e serviço a ele.             meio da morte de seu Filho. Esta
   5.3 – Crescendo no conhecimento da salvação:             herança que começa aqui vai se projetar
Uma das coisas mais comuns em nosso viver é a acomo-
                                                            na sua vida eterna “na luz”. Que o
dação às situações que nos cercam, principalmente se
boas são, e passarmos a não valorizá-las devidamente.       mundo veja em cada um de nós a graça
De tal maneira nos acostumamos à amizade e carinho
                                                            que alcançamos com a salvação

                                                                         ”
dos amigos e parentes, achando tão natural a atenção
deles, que nos esquecemos de abraçá-los e dizer-lhes        em Cristo
que somos gratos pelo companheirismo deles. E isto se
aplica a diversos outros aspectos de nossa vida. Paulo      cendo no conhecimento intelectual! - Crescendo no
sabia que isto podia acontecer com respeito à salvação.     conhecimento espiritual! Mas, sobretudo, que apren-
Ela é algo tão especial para nós, principalmente quan-      damos mais e mais a crescer no conhecimento de Deus
do acabamos de nos converter, mas, depois de algum          e de sua vontade para a minha vida e para a sua vida.
tempo, acostumamo-nos a saber-nos salvos e passamos
a não dar mais o devido valor ao seu significado eterno        Conclusão
para nós. Paulo vai ensinar que, se quisermos crescer em
nossa vida cristã, precisamos conhecer mais e mais do           A carta aos Colossenses não tem como objetivo
sentido e significado dela para nós. Foi isto que ensi-     principal, como verificamos em várias das outras escri-
nou aos colossenses quando disse: “dando graças ao Pai      tas por Paulo, rebater a presença do legalismo judaico.
que vos fez idôneos para participar da herança dos santos   Depreende-se daí, que embora pudesse ter a sua co-
na luz”. O que ele nos está recomendando é que deve-        lônia de judeus, a igreja em Colossos deveria ter uma
mos viver com alegria a vida cristã evidenciando para o     minoria deles como membros. Pelo que podemos de-
mundo a salvação que temos, pois, o Senhor Deus nos         preender da carta, a razão principal da argumentação
fez dignos para ela, por meio da morte de seu Filho.        de Paulo em seu conteúdo é contra o gnosticismo, que
Esta herança que começa aqui vai se projetar na sua         talvez, por informação de Epafras que chegara a Roma,
vida eterna “na luz”. Que o mundo veja em cada um de        tenha se introduzido na igreja. A ênfase que Paulo dá
nós a graça que alcançamos com a salvação em Cristo.        à pessoa de Cristo, a teologia cristã que dela vai se ex-
                                                            trair é exatamente a resposta do apóstolo aos gnósticos
    5.4 – Crescendo no conhecimento integral: Como          que não viam Cristo como a encarnação divina, o Fi-
crentes somos chamados ao crescimento. Crescimento          lho de Deus enviado para a salvação do mundo. Para
físico. Crescimento mental (envolvendo o moral e o          eles, Cristo era apenas uma emanação divina, um dos
intelectual). Crescimento espiritual. Nossos pastores       mediadores e salvadores, um pequeno deus, dotado de
esperam isto de nós. Nossos amigos e parentes idem. O       alguma missão terrena. Devemos dar graças a Deus por
Senhor Deus muito mais. Que nas áreas da vida em que        tal situação, pois foi por meio dela que o Senhor nos
podemos agir (estudo, leitura, meditação) possibilitan-     brindou com um texto tão poderoso e inspirativo como
do este crescimento, possamos prosseguir aprendendo         este da carta aos colossenses. Que saibamos retirar dele
a crescer: - Crescendo no conhecimento moral! - Cres-       todo o tesouro espiritual que contém.


                                                                           Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   21
Viagem a Israel
Terras bíblicas, onde o passado
convive com o presente

    Para quem lê a Bíblia, andar pelo palco onde a histó-   gamos, com uma tranquila passagem pela alfândega. No
ria se desenvolveu é fazer uma viagem cujo valor ultra-     hotel, nossas malas passaram pelo detetor de metais. No
passa o seu valor turístico. Com este sentimento, junto     Pentateuco, o nome do rio Nilo não aparece, mas está pre-
com um grupo, decidi percorrer alguns cenários no Egi-      sente. Não é preciso seu nome. Ele é majestoso e único. De
to, na Jordânia e em Israel.                                dia e de noite. O Cairo se curva diante dele. O país inteiro,
                                                            todo ele um verdadeiro sitio arqueológico, se curva diante
   Eu tinha algumas expectativas: orar no jardim do         do rio. Os egípcios dizem que devem tudo ao Nilo. Como
Getsêmani e perceber as distâncias dos eventos bíbli-       praticamente não chove, é dele que vem a vida.
cos. A primeira era uma expectativa de natureza espiri-
tual e a segunda tinha a ver com conhecimento.                  Cairo é uma cidade moderna, construída no século 10,
                                                            cheia de cores e contradições. As músicas chamam para as re-
  Começamos, levados pela Hometour, uma sólida              zas a partir dos milhares de minaretes espalhados pela cidade,
empresa do ramo, sediada em São Paulo, pelo Egito.          como torres de vigia. O que mais impressiona é que as pirâmi-
                                                            des parecem muito próximas, visíveis de vários pontos.
   NA CIDADE DAS PIRÂMIDES
                                                               Não parecem próximas; estão mesmo, como os aero-
   Cairo é uma cidade imensa, com um trânsito ditado        portos brasileiros, um dia construídos longe das aglome-
pela inexistência de semáforos. Já era noite quando che-    rações humanas.

22 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
israel belo de azevedo


   Fomos vê-las, então.                                        Antes de deixar o Cairo, conhecemos uma área cop-
                                                           ta (o nome da igreja católica ortodoxa no país: copta
   Quéops, Quéfren e Miquerinos, aqueles nomes que         é o nome da antiga língua dos egípcios). Os cristãos
aprendemos desde a infância, são mesmo imponentes,         mantêm um templo muito antigo e alguns deles mo-
sobretudo pelo tamanho e pela antiguidade, levanta-        ram neste pequeno bairro. Eles afirmam que Marcos
das seis séculos antes de Abraão ou 26 séculos antes de    fundou a igreja no país no ano 61.
Cristo.
                                                               Um momento deslumbrante é o passeio (esta tem
    Certamente todos as conhecemos pelas fotos, mas,       que ser a palavra, diante do número colossal de peças
de perto, são ainda mais extraordinárias. Na entrada da    expostas) pelo museu do Cairo, com suas inscrições,
sua esplanada, em colina elevada sobre a cidade do Cai-    estátuas e sarcófagos. Também aqui as fotos são pálidas
ro, está a grande esfinge de Gizé, como um leão a vigiar   representações diante de tanta beleza e riqueza, porque
as sepulturas do reis do Egito.                            não captam os detalhes das peças nem as emoções de
                                                           quem as vê, mesmo a passos largos, porque há muita
    Fomos também a outro sítio arqueológico. Menfis.       coisa para ver.
São muitas as inscrições, daquelas que Champolion
decifrou, e enormes as estátuas. Algumas delas o faraó         Visitamos também uma loja que mostra como é
está com o pé esquerdo à frente, para indicar que estava   a fabricação do papiro, a partir da planta do mesmo
vivo quando foi representado. Há também estátuas ina-      nome, tirada das margens do Nilo. Depois de ver mais
cabadas, indicando que ali era uma área de fabricação      uma vez a praça Tahir, palco da revolta egípcia moder-
de tumbas.                                                 na, seguimos para a península do Sinai.




                                                                         Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   23
Viagem A Israel




   RUMO AO SINAI                                            trou com o grande Eu sou-o-que-sou. As montanhas
                                                            impressionam, menos por sua altura, e mais por suas
   Nosso caminho se deu no mesmo sentido dos antigos        cores avermelhadas em meio ao deserto. No inverno
hebreus, pelo deserto, que começa nas cercanias do Cairo.   praticamente não ha vegetação. Em torno das poucas
                                                            existente, ergue-se um mosteiro.
    Seguindo para o leste, passamos pelo mar Vermelho,
sem o ver, primeiro por que está militarizado, dada a          Em todos os lugares bíblicos, há uma igreja ou um
sua posição estratégica e, segundo, porque a travessia se   mosteiro. Nossa guia em Israel, Ziva, nos ajudou a ser
dá por um túnel sob o canal de Suez, que não existia ao     menos duros com o passado. Se não fossem estas edifi-
tempo de Moisés. Depois de atravessar o mar Vermelho,       cações, feitas a mando de Helena, a mãe do imperador
seguimos por uma rodovia às suas margens, rumo ao sul.      Constantino, no século 4, muitos destes sítios seriam
Paramos rapidamente num acampamento beduíno, em             completamente ignorados.
Mara (Êxodo 15.23 e Números 33.9), e passamos, já de
noite, por Elim (Êxodo 15.28 e 16.1; Números 33.9-10),          No mosteiro (de santa Catarina) do Sinal, há um ar-
onde ainda há palmeiras. Então, chegamos ao coração do      busto, chamado ainda de sarça, o que indica um pouco
Sinai. Já era noite. Rogério Enachev, o coordenador geral   da experiência de Moisés. Não fossem tantos os destinos,
da viagem, ofereceu uma passeio pelo pico da revelação,     ali seria um lugar para oração e meditação. A emoção é
o lugar onde se acredita que Moisés tenha recebido as       forte quando lemos os textos bíblicos associados ao lu-
tábuas da lei. A caminhada seria longa, de meia noite às    gar. Fizemos isto sempre quando estivemos em Israel.
sete da manhã, pelo que ninguém se arriscou, pelo cansa-
ço e pela temperatura, embora todos desejassem.                Ainda estávamos no Egito e precisávamos rumar
                                                            para o sul do Sinai. Ainda paramos às margens do
   Quando acordamos, pudemos ver, ainda durante             mar Vermelho, para uma caminhada pela praia, antes
o café, as montanhas do Sinai. São muitas e nunca sa-       de atravessar em Taba (a 500 quilômetros do Cairo) a
beremos com certeza absoluta onde Moisés se encon-          fronteira para Israel.

24 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
israel belo de azevedo


   NOS DOMÍNIOS DOS                                        lugar é deslumbrante. As fotos também não dão conta
   EDOMITAS E MOABITAS                                     da beleza construída por mãos humanas.

    A primeira cidade israelense é Eilat ou Elate (Deu-       Dali seguimos pela terra igualmente desértica e
teronômio 2.8, 2Reis 14.22, 2Reis 16.6), por onde          montanhosa dos moabitas e dos amonitas. Entre as
passaram os hebreus, no extremo norte do mar Ver-          montanhas, está o monte Hor, no cimo do qual se vê o
melho, no golfo de Ácaba. Eilat é uma cidade total-        que os jordanianos dizem ser o sepulcro de Arão, locali-
mente moderna, com muitos centros comerciais e lo-         zado, segundo os egípcios, na península do Sinai.
jas de gripes internacionais. Nada nela lembra tempos
antigos.                                                      Disputas à parte, chegamos a Amã (2Samuel 11.1),
                                                           habitada por várias civilizações. Há uma antiquíssima
   Entramos na Jordânia, passando pelos primevos           cidadela, de onde se vê as sete colinas sobre as quais se
domínios dos edomitas, dos moabitas e dos amonitas.        ergue a capital da Jordânia.
Voltamos ao deserto, com a estrada cortando as mon-
tanhas, habitadas pelos beduínos em suas tendas, algu-        Então, preparamo-nos para voltar a Israel.
mas com carros à porta, em meio ao rebanho que busca
água e pasto.                                                  Antes de entrar, pudemos ver Israel, tal como Moi-
                                                           sés, com a diferença que ele não atravessou o Jordão.
   Na antiga terra dos edomitas, conhecemos Petra,         Subimos o monte Nebo (Deuteronômio 34.1). Não
construída nas rochas pelos nabateus, a partir do século   há como resistir às làgrimas. Se o tempo estiver claro (e
6 antes de Cristo. Segundo a emissora BBC, de Lon-         não foi o caso, nesse dia), do alto é possível ver a terra
dres, Petra, descoberta em 1812, é um dos 40 lugares       de Israel, do mar Morto ao mar da Galileia. Jericó está
que todos devemos ver antes de morrer. Já vi. De fato, o   quase em frente, um pouco ao norte.




                                                                          Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 •   25
Viagem A Israel


    Então começamos a descer. Paramos às margens do           mar para ouvir um novo mestre vale por toda a viagem.
rio Jordão, em Al-Maghtas (imersão, em árabe). Israel e       Tomar um barco e navegar pelo lago em que Jesus cha-
Jordânia disputam de que lado foi o local do batismo de       mou (Mateus 4.18) e ensinou os seus discípulos a pes-
Jesus, que, segundo o Novo Testamento, foi do outro           car homens também vale pela viagem. Cantar, com um
lado do rio ( João 1.28), isto é, na hoje Jordânia. Os dois   grupo, músicas cristãs na praia não é para esquecer. Ver
lados têm lugar para batismos. Israel tem a margem            um barco do primeiro século resgatado do lago e res-
oposta da fronteira com a Jordânia e tem um lugar mais        taurado permite uma visão inapagável de uma época.
ao alto, apresentado no passado como o lugar mais pro-        Almoçar peixe num kitbutz à beira do lago nos trans-
vável. Há, no entanto, escavações no lado jordaniano,         porta para o Novo Testamento.
que tornam plausível estar em Al-Maghtas o lugar do
batismo de Jesus.                                                 Olhando do Monte das Beatitudes vemos o lago a
                                                              alguns metros e, mais adiante, as colinas de Golã (Deu-
   O MAPA DOS INÍCIOS DE JESUS                                teronômio 4.43). Olhando para o lado oposto, vemos
                                                              um vale em direção a Nazaré, e então imaginamos Jesus
   Rumamos para o norte, atravessando o rio Jordão            caminhando da cidade onde morava (Lucas 2.23) até
(por uma ponte) e entrando de novo em Israel. Chega-          Cafanaum (Kefar Nahum -- aldeia de Naum), onde fi-
mos a Tiberíades, na Galileia, onde Jesus desenvolveu         xou residência à beira-mar (Mateus 4.13). A sinagoga
grande parte do seu ministério.                               onde pregou e a casa de Pedro onde provavelmente re-
                                                              sidiu nos legaram ruínas (apenas ruínas), recentemente
    Hospedamo-nos às margens do lago (ou mar) de              escavadas e ainda sendo pesquisadas. Permitem uma
Tiberíades (ou Genezaré ou Kinereth), com seus 12             bela visão da vida ao tempo do Messias.
quilômetros de largura por 24 de comprimento. Para
um cristão, é forte a emoção de subir o pequeno mon-             Nazaré, a pouco mais de 40 quilômetros de Cafar-
te das Beatitudes (Mateus 5 a 7), onde, conforme se           naum, ainda existe, amplamente árabe, embora sob do-
atribui, Jesus proferiu seu mais poderoso sermão. Ima-        mínio israelense. Sob uma igreja, há as ruínas do que se
ginar as multidões correndo pelas planícies perto do          supõe ser a casa de Maria, José e seus filhos.




26 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
Revista da biblia2t 2012
Revista da biblia2t 2012
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  • 2. Imagem: www.sxc.hu (1136537_77195808) Primeira Palavra PALAVRA PURA, REFINADA SETE VEZES (Salmo 12.6) Na leitura da Bíblia, peço sua atenção para os seguintes cuidados: 1. Leia primeiro a Bíblia; depois, compreenda-a – A primeira tarefa é simples: simplesmente leia a Bíblia. Compreender vem de- pois. Leia-a sempre. Leia-a muito. Leia-a sabendo que é inexaurí- vel. Gaste tempo com ela. Quanto mais tempo gastar com ela, mais riqueza vai tirar dela. 2. Leia a Bíblia sem pressa – Leia-a como se apreciasse a paisa- gem numa viagem. Imagine que você vá do Rio de Janeiro a Vitória de carro. Você pode gastar seis horas ou doze. Você pode chegar logo e saborear a cidade. Você pode ir devagar e saborear as lindas paisa- gens de parte dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. 3. Leia a Bíblia como tendo autoridade sobre você e não o con- trário – Não imponha suas idéias a ela; deixe que Deus lhe impo- nha as ideias dele por meio da sua Palavra. Não leia a Bíblia para provar suas teses; leia a Bíblia para Deus mudar o seu coração. Leia a Bíblia para ela abrir, não para para fechar, a sua mente. 4. Leia a Bíblia com o desejo de conhecê-la – Leia a Bíblia para conhecê-la cada vez mais e de modo cada vez vez mais profundo. Não se contente com um conhecimento superficial a respeito do Deus revelado na Bíblia. Não se satisfaça com uma visão vaga do que a Bíblia diz. 5. Leia a Bíblia, procurando responder a cinco perguntas bem claras: • O que o texto diz? • O que significa o que o texto diz? • O que o texto me diz? • O que o texto me diz é verdade? • Que farei com que o texto me diz? ISRAEL BELO DE AZEVEDO LINHA DIRETA Para qualquer sugestão, comentário ou pergunta, contate direto com a Redação da revista acessando: Pr. Israel Belo de Azevedo em www.prazerdapalavra.com.br/revistadabiblia. As melhores contribuições serão publicadas, também, na versão em papel da REVISTA DA BÍBLIA. Escreva para revistadabiblia@prazerdapalavra.com.br 1 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 1
  • 3. Sumário Revista da Bíblia ISSN 1984-8692 O QUE VOCÊ VAI APRENDER NESTA EDIÇÃO IMPRENSA BÍBLICA BRASILEIRA Ano XVII – Nº 66 – 2T2012 Publicação trimestral da Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista 03 COMENTÁRIOS SOBRE O TEMA DO TRIMESTRE (i) Brasileira, dirigida a pastores, educadores EPÍSTOLA AOS GÁLATAS religiosos, professores, estudantes, líderes, ao O uso da liberdade cristã povo evangélico e ao público em geral 08 CGC (MF): 33.531.732/0001-67 COMENTÁRIOS SOBRE O TEMA DO TRIMESTRE (iI) Registro Nº 810873788 no INPI EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS Endereços Caixa Postal 320 A santidade cristã 20001–970 – Rio de Janeiro, RJ Telefone: (21) 2298-0960 e 2298-0966 Endereço telegráfico: BATISTAS Correio eletrônico: editora@juerp.org.br 12 COMENTÁRIOS SOBRE O TEMA DO TRIMESTRE (iI) EPÍSTOLA AOS FILIPENSES Site: www.juerp.org.br O poder que Deus dá Direção Geral Almir dos Santos Gonçalves Júnior Conselho Editorial Carrie Lemos Gonçalves, Celso Aloísio Santos 17 COMENTÁRIOS SOBRE O TEMA DO TRIMESTRE (iV) EPÍSTOLA AOS COLOSSENSES Barbosa, Ebenézer Soares Ferreira, Francis- co Mancebo Reis, Gilton M. Vieira, Ivone Bo- A vivência cristã echat de Oliveira, João Reinaldo Purim, José A. S. Bittencourt, Lael d'Almeida, Margarida Lemos Gonçalves, Pedro Moura, Roberto A. Souza e Silvino C. F. Netto 22 VIAGEM A ISRAEL TERRAS BÍBLICAS, ONDE O PASSADO Coordenação Editorial CONVIVE COM O PRESENTE Solange Cardoso Abreu d’Almeida (RP/16897) Redação Israel Belo de Azevedo Conselho Geral da CBB Sócrates Oliveira de Souza Produção Editorial Studio Anunciar Imagens: www.sxc.hu e freedigitalphotos.net Produção Gráfica Willy Assis Produção Gráfica Distribuição EBD–1 Marketing e Consultoria Editorial Ltda. Tel.: (21) 2104-0044 – Fax: 0800.216768 distribuidora@ebd–1.com.br pedidos@ebd–1.com.br Nossa missão: “Viabilizar a coo- peração entre as igrejas batistas no cumprimento de sua missão como comunidade local” 2 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 4. Comentários sobre o Tema do Trimestre (I) Epístola aos Gálatas O uso da liberdade cristã Texto bíblico – Gálatas 1 a 6 • Texto áureo – Gl 6.17 “Daqui em diante ninguém me moleste; Galácia, região ao norte da Turquia de hoje, cujas ci- porque eu trago no meu corpo as marcas dades foram visitadas por Paulo em suas três viagens e de Jesus.” que deve ter sido também visitada por Pedro, pois em sua primeira carta o discípulo de Cristo os identifica também. Introdução A defesa de Paulo se explica. Para muitos, esta car- Esta carta de Paulo é vista por muitos de seus co- ta é o primeiro escrito do Novo Testamento. Antecede mentaristas como uma apologia, ou seja, uma espécie até mesmo, cronologicamente, aos quatro evangelhos de discurso feito por alguém para defender, elogiar ou que foram escritos bem depois. Se Paulo realizou a louvar a outrem ou a si mesmo, numa espécie de auto- sua primeira viagem em torno do ano 49 de nossa era defesa. No caso desta carta, é como se Paulo estivesse cristã, esta carta deve ter sido escrita logo depois, pos- fazendo a sua defesa diante dos gálatas, os crentes da sivelmente em 51/52, talvez. A apologia paulina se faz, Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 3
  • 5. Comentários sobre o Tema do Trimestre (I) então, pelo espanto que tinha o apóstolo em saber que conhecimento bíblico para dar continuidade aos esfor- tão pouco tempo depois de sua estada entre eles já hou- ços organizadores, esta obra tão promissora em seu iní- vesse desânimo, retorno ao passado de pecados, perda cio tende a fracassar em pouco tempo. de aspectos fundamentais que haviam alcançado com a liberdade cristã que receberam. Foi isto que aconteceu com Paulo e nas igrejas da Galácia. Depois que ele dali saíra na continuidade de A epístola aos gálatas é escrita por Paulo a uma co- sua viagem com Barnabé, a igreja começou a caminhar munidade de crentes gentios da região especificamente sozinha. Seus líderes naturais, por uma questão de assi- chamada de Galácia do Sul, onde podemos vislumbrar milação vinham a ser os judeus convertidos ao cristia- as cidades citadas no percurso de Paulo em Atos 13 nismo, pois tinham raízes históricas que os conduziam e 14, após a sua passagem por Antioquia da Pisídia. ao melhor conhecimento da revelação de Deus, o que Icônio, Derbe, Listra, Panfília, seriam cidades dessa não acontecia com os gentios, os nativos da região, que região. Havia também uma região reconhecida como por serem de origem cultual pagã, não tinham víncu- Galácia do Norte, com as cidades citadas por Pedro em los anteriores algum com o Evangelho de Cristo. O sua primeira epístola, Ponto, Bitínia e Capadócia. Am- problema é que esses judeus, embora convertidos, co- bas as regiões, compondo as terras que dariam origem meçavam, sem a direção de Paulo, a querer impor al- à Turquia moderna, até ao seu norte separado do que guns dos ritos e procedimentos do judaismo. No caso viria a ser a Rússia de hoje pelo Mar Negro. Esses novos desta carta, é este problema que é o alvo de Paulo. Os crentes estavam sendo conturbados por judeus legalis- judeus convertidos quando por ali passara em 49 a.C., tas que antepunham à liberdade cristã, os ritos do ju- ficando na liderança dos trabalhos, um ou dois anos de- daismo. Paulo deseja então assegurar a eles a liberdade pois, queriam conduzir a igreja às práticas judaizantes, cristã que os crentes passam a desfrutar em Cristo Jesus. especialmente à prática da circuncisão. Eles estavam Como sua autoridade apostólica fora posta em dúvida, querendo comprovar para os crentes da Galácia que os ele também procura restabelecer na carta, essa sua au- ritos do judaísmo ainda eram válidos, e que para se tor- toridade, mostrando que aquilo que ensinava e pregava narem crentes em Cristo, os gálatas precisavam antes lhe fora revelado pelo próprio Senhor Jesus. circuncidar-se. Daí, sua admiração negativa, expressa bem no início de sua carta (1.6): “Estou admirado de A carta foi aceita no cânon bíblico desde cedo. Já que tão depressa estejais desertando daquele que vos cha- em 144 d.C. era citada pela maioria dos pais da igreja. mou na graça de Cristo, para outro evangelho”.Vai mais Policarpo a citou. Irineu também. Ela foi muito usada longe ainda quando afirma, chamando-os à razão: “Ó nos séculos II e III da era cristã, por sua clara definição insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós”. da liberdade cristã em oposição aos princípios judaicos que os judeus recém-convertidos ao cristianismo pro- II - Esboço básico do livro – Sua divisão curavam, de certa forma preservar dentro da igreja de Cristo. Em seus 6 capítulos e 149 versículos, podemos vis- lumbrar a seguinte divisão básica nesta carta: I - Dados históricos e preliminares 1. Saudações iniciais - 1.1-5; O grande problema até hoje, quando igrejas são criadas em regiões adversas ou onde ainda não havia 2. A defesa do verdadeiro Evangelho - 1.6-10; trabalho evangélico é o da manutenção da atuação dela dentro dos princípios em que e para que foram criadas. 3. A defesa de sua missão como apóstolo - 1.11-17; Com a saída do líder, quase sempre carismático e in- fluente, os novos crentes são como que obrigados a ca- 4. O relacionamento com outros apóstolos - 1.18 a 2.10; minhar por suas próprias pernas como igreja de Cristo. Se não houver alguém com segurança espiritual e bom 5. A defesa da liberdade cristã - 2.11-21; 4 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 6. Epístola aos Gálatas 6. A defesa da graça divina - 3.1 a 4.31; IV - Os pontos principais em destaque 7. A responsabilidade do crente no exercício de sua Vamos destacar quatro dos pontos que considera- liberdade - 5.1 a 6.18 mos fundamentais nos comentários de Paulo aos cren- tes da Galácia: III - A visão global do texto 4.1 - A liberdade cristã X A lei judaica: O que ele es- O texto de Paulo em Gálatas é uma defesa ao seu tava ensinando aos gálatas e por extensão a nós é que se ministério naquela igreja e entre os crentes da região. quisermos viver longe da vida de pecado, não andemos Esta é a visão geral que podemos retirar da carta. Suas buscando cumprir programas, regulamentos, regras, afirmações são de modo a não deixar dúvida sobre a sua “isto posso, aquilo não posso”, a lei, enfim, mas vivamos autoridade apostólica. Era fariseu. Dos mais fervoro- guiados pelo Espírito de tal forma que não precisare- sos. Filho de fariseu. Educado aos pés de Gamaliel, o mos nos preocupar com tais itens, porque simplesmen- mais prestigiado mestre da época. Zeloso ao extremo te o Senhor nos guia e nos faz evitar o pecado. Daí a pelas coisas judaicas. Chamado, diretamente, por Cris- palavra tão categórica dele: “Mas, se sois guiados pelo to para a obra do evangelho. Conviveu de alguma for- Espírito, não estais debaixo da lei...”, para completar so- ma com os apóstolos que conheceram pessoalmente a bre a diferença de vida na liberdade cristã em face do Cristo, Pedro e Tiago, principalmente. De perseguidor jugo da lei: “Se vivemos pelo Espírito, andemos também do evangelho passou a pregador do evangelho de Cris- pelo Espírito”. O que Paulo estava querendo ensinar aos to. Foi separado para a obra de missões pela igreja de crentes na Galácia, especialmente aos crentes egressos Antioquia da Síria, aquela que se tornou célebre, pois, do judaísmo é que com a conversão a Cristo, eles ha- foi ali onde os crentes pela primeira vez foram chama- viam deixado a escravidão do ritualismo e do sacrifício dos de cristãos. Viajou pelo mundo conhecido da épo- para abraçarem a liberdade do evangelho e da salvação ca, acompanhado de Barnabé, pregando o evangelho em Cristo. Não há comparação entre esses dois estados: e realizando maravilhas. Depois da conversão, passou perdido ou salvo, morto ou vivo, inferno ou céu. três anos em Damasco e ao final de outros catorze anos de um retiro pelas terras da Síria e da Cilícia, vai a Jeru- 4.2 - A autoridade apostólica dele: Paulo estava salém e participa com os líderes da igreja, do primeiro querendo comprovar a autenticidade de sua mensa- concílio das igrejas de Cristo. Estava com isto, como gem. Ela vinha de alguém que a tinha recebido da que afirmando: Tudo o que preguei tem autoridade di- própria fonte, Jesus Cristo. Tal como os discípulos de vina, pois do Senhor me foi transmitido. Cristo que foram pessoalmente chamados por ele mes- mo para o apostolado, Paulo assim se considerava, pois Sem dúvida, o que salta aos olhos do estudioso é o recebera também o evangelho do próprio Senhor Jesus grau de surpresa com que o apóstolo, em sua primeira que de forma especial e extraordinária lhe aparecera no incursão como escritor de epístola, demonstra ao veri- caminho de Damasco, daí afirmar: “Porque não recebi ficar como os crentes sem uma segura direção e melhor de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por conhecimento doutrinário se tornam facilmente leva- revelação de Jesus Cristo”. Como passou de perseguido a dos por novas lideranças em prol de procedimentos e pregador ele afirma que a transformação pela qual pas- ações que contrariavam inteiramente aquilo que lhes sou foi resultante da intervenção do Espírito de Deus havia sido ensinado na origem de suas conversões. Daí, em sua vida. Tudo mudou para ele depois que conhe- as suas expressões de surpresa e desagrado como tônica ceu a Cristo. Ele queria que isto também acontecesse na carta: “Estou admirado...Ó insensatos gálatas... Sois aos seus discípulos na Galácia. vós tão insensatos?... Será que padecestes tantas coisas em vão?...Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em 4.3 - As obras da carne: A listagem que Paulo faz vão entre vós...Para a liberdade Cristo nos libertou; per- aos gálatas das obras da carne é enorme e execrável. Ele manecei, pois... Porque estou perplexo a vosso respeito... quer mostrar aos seus leitores que a vida conduzida na Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 5
  • 7. Comentários sobre o Tema do Trimestre (I) carne leva a situações terríveis de dor e sofrimento. Em V - Sua contextualização 5.19, ele aponta para elas: prostituição, impureza, lascí- via, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes, Como estaremos melhor contextualizando a liber- iras, facções, dissensões, partidos, invejas, bebedices, dade que o Senhor nos deu, em meio a tanto libera- orgias e coisas semelhantes a essas, cerca de 16 atitudes lismo que chega mesmo ao campo da libertinagem e e procedimentos que não deviam fazer parte do recei- promiscuidade dos nossos tempos? Este era também o tuário de vida do crente. problema dos crentes na região da Galácia, a Turquia de hoje, para onde Paulo escreve ensinando sobre os 4.4 - As obras do Espírito: Antagonizando a relação obstáculos que temos que evitar no viver da liberdade acima, Paulo faz uma listagem que deve ser um paradig- que Cristo nos deu. ma para todos os crentes da Galácia ou dos tempos de hoje. São nove virtudes que devem ornar o nosso caráter 5.1 - Fazendo bom uso da liberdade que recebe- e ser ponto de referência em nosso viver (5.25): amor, mos: Você já notou que em geral as pessoas têm uma gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fide- visão totalmente distorcida do que nós chamamos de lidade, mansidão e domínio próprio, e, para concluir liberdade que gozamos como crentes?... Porque você categoricamente a questão da diferença entre o fruto não pratica as mesmas coisas que eles fazem... Não vai do Espírito que se transforma em 9 obras positivas, e as aos mesmos ambientes que eles freqüentam... Não usa obras da carne, em suas 16 resultantes negativas, ainda as mesmas palavras que eles falam... - Eles passam a acrescenta: “Contra estas coisas não há lei”. Como são considerar-nos como “bitolados”, presos a um esquema todas elas conseqüências da operação do Espírito no rígido, sem liberdade para nada, quando, nós sabemos, coração do crente a lei nada pode contra elas. que é exatamente o contrário. Eles é que são escravos Mapa da Europa em 117 A.D. com área de domínio do Império Romano em cinza claro e destaque para a área da Galácia em cinza escuro 6 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 8. Epístola aos Gálatas dessas atitudes e hábitos indevidos, enquanto nós, so- sas mundanas, o lazer, o entretenimento, os esportes, os mos livres, porque podemos praticá-los, mas não o fa- shows, tudo aquilo que se volta para a nossa carnalida- zemos, simplesmente porque não os aceitamos como de, mas sim, ainda que tenhamos que conviver de for- adequados para a vida cristã. Alias, nisto mesmo é que ma comedida e dosada com tais ingredientes que fazem se situa a diferença da liberdade cristã diante da que o parte da vida hoje temos espaço em nosso viver, para a mundo entende como verdadeira liberdade. Temos a li- oração, para a leitura da Bíblia, para a meditação naqui- berdade para fazer o que quisermos. Não há regras que lo que o Senhor Jesus deseja para cada um de nós. Não nos impeçam de fazer isto ou aquilo, mas simplesmente andar segundo o mundo nos impõe, mas sim, segundo a nossa consciência cristã nos impõe o que é certo ou aquilo que o Senhor Jesus espera de mim e de você. errado, e assim então, agimos. 5.4 - Olhando para as conseqüências: Mais um 5.2 - Entendendo bem essa liberdade: Os crentes pouco e Paulo encerra a questão mostrando as conse- daquela época e daquela região não estavam entenden- qüências de um caminho e do outro. O caminho que o do bem esta liberdade que o Senhor nos deu. Como mundo oferece e o caminho a que Cristo nos convida. não tinham mais que se sujeitar aos ritos judaicos e às Ele faz isto de maneira muito objetiva e direta. Se você exigências da religiosidade do templo em Jerusalém, quiser ver o que acontece àquele que trilha o caminho da achavam que podiam dar vazão a tudo que quisessem liberdade como o mundo a entende, você vai ver apenas fazer segundo a sua própria vontade. Paulo teve que “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, ini- lhes ensinar que não era bem assim. Realmente, não mizades, contendas, ciúmes, iras, facções, dissensões, parti- havia mais necessidade da sujeição ao tradicionalismo dos, invejas, bebedices, orgias”, coisas que levam a fins trá- religioso do passado, mas agora, cada um, intimamente, gicos em geral. Se você quiser ver o que acontece àquele deveria estabelecer o seu procedimento segundo Cristo que segue o caminho a que Cristo nos convida, você verá o faria. Daí escrever-lhes dizendo: “Vós, irmãos, fostes “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para fidelidade, mansidão, domínio próprio”, coisas que levam dar ocasião à carne”. Carne aí, significando a vontade a situações de harmonia, boa vontade e compreensão en- própria e egoísta do ser humano. Como eram livres, tre os homens. A liberdade cristã nos conduz a estes está- pensavam os gálatas, poderiam fazer o que quisessem, gios aos quais Paulo chama de “frutos do Espírito”, pois é inclusive, prejudicar o irmão ou amigo com que tives- isto que resulta na sua vida e na minha vida se vivermos sem alguma diferença. E, aplicavam, então, este pensa- segundo a vontade de Cristo. mento a tudo o mais: podiam beber o que quisessem... podiam falar o que quisessem... podiam fraudar quanto Conclusão quisessem... podiam praticar o sexo livremente... – Não, Paulo vai ensinar-lhes que não é assim! Você é livre Para vivermos a verdadeira liberdade cristã temos para praticá-las, mas tendo Cristo como seu exemplo que cuidar dos obstáculos que o mundo nos coloca à de vida, você não as pratica, porque o seu coração não frente. Evitá-los com atenção e inteligência, primeiro, aceita tais procedimentos para o viver. entendendo a verdadeira liberdade que Cristo nos dá; segundo, procurando andar sempre no caminho certo, 5.3 - Andando no caminho certo: Logo a seguir o caminho do Espírito como ele nos recomenda; e, ter- Paulo vai explicar como esta liberdade deve ser vivida. ceiro, olhando as conseqüências que estão à nossa frente, Numa frase pequena e simples, ele resume tudo: “Andai vendo a diferença na vida daqueles que trilham os cami- pelo Espírito e não haveis de cumprir a cobiça da carne”. nhos do mundo e na vida daqueles que trilham os cami- Sim, se queremos viver a verdadeira liberdade, aquela nhos de Deus. Isto fazendo vamos avaliar com segurança que, Cristo traz ao nosso coração, não devemos viver a referência do caminho que deveremos tomar. E assim segundo o império das coisas do mundo, mas sim, se- fazendo, vivamos eu e você a verdadeira liberdade cristã, gundo o império do Espírito de Deus em nossos cora- livres da escravidão do pecado e livres para fazer aquilo ções. Ou seja, não ficamos subjugados apenas pelas coi- que o Senhor espera de nós como crentes que somos. Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 7
  • 9. Comentários sobre o Tema do Trimestre (II) Epístola aos Efésios A santidade cristã Texto bíblico – Efésios 1 a 6 • Texto áureo – Efésios 4.23,24 “... a vos renovar no espírito da vossa mente; Éfeso era a capital da província romana na Ásia. e a vos revestir do novo homem, que segundo Deus Acidade mais importante e influente na região da Tur- foi criado em verdadeira justiça e santidade.” quia moderna. Era famosa por ser a sede do culto a Diana, uma deusa da mitologia grega (Ártemis), absor- Introdução vida agora pela mitologia romana. Além do templo de Diana, com suas sacerdotisas virgens e eunucos (jovens A carta de Paulo aos efésios é tida como uma daquelas emasculados), era também um grande centro comer- que foram escritas da prisão em Roma. Segundo o costu- cial. Como igreja cristã se tornou também referência me do império, naquela época, sendo ele um prisioneiro no NT, pois, o apóstolo João deve ter ali encerrado o domiciliar, deveria ter ao seu lado, permanentemente, seu ministério, e ela mesma viria a ser a destinatária de um soldado romano de guarda para impedi-lo de deixar uma das sete cartas do Apocalipse. a residência que lhe fora alugada para isto. Por isso é que os historiadores explicam o final desta carta quando Pau- A carta trata do plano de Deus para propiciar a união lo vislumbra a armadura do cristão. Ele estaria por certo em um tempo certo, sob a autoridade de Cristo, de tudo no seu reduto de prisioneiro contemplando a sentinela aquilo que exista no céu e na terra. Na primeira parte romana ao seu lado, quando então se apropriou da visão o apóstolo fala do povo de Deus, os cristãos, como um de seus apetrechos de vestimenta para aplicá-los à men- povo só, independentemente de raça ou nacionalidade, sagem que desejava transmitir como lemos no capítulo 6. unidos que foram pela morte de Cristo na cruz do Cal- 8 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 10. Epístola aos Efésios vário. Indo além, menciona mesmo que o Espírito Santo como se verifica em outras, deve ter sido escrita assim lhes dá o poder para continuarem a viver unidos no amor pelo apóstolo com a finalidade de que a sua leitura, tal do Pai. A seguir, aborda a nova vida que os discípulos como a escrita aos colossenses (Cl 4.16), fosse lida tam- de Cristo, os seguidores do Caminho, deveriam tomar bém entre as demais comunidades cristãs que visitou por estarem unidos nele. Esta nova vida se exterioriza no nesta sua última viagem missionária. melhor relacionamento que tenham uns com os outros. Esta carta, dizem alguns historiadores, como a que foi II - Esboço básico do livro - Sua divisão escrita aos crentes em Colossos, também pode ter sido preparada para ser levada a outras igrejas da região. Aliás Em seus 6 capítulos e 155 versículos podemos per- são três as cartas que tomam o título de “cartas da prisão”, ceber claramente a seguinte divisão do seu conteúdo: pois, devem ter sido escritas na mesma época de Roma: aos efésios, aos colossenses e a Filemom. 1. Saudação e hino de louvor e exaltação a Deus - 1.1-23 Éfeso vai-se tornar um dos maiores centros primiti- vos do cristianismo, principalmente depois da queda de 2. A supremacia da graça sobre o pecado - 2.1-22; Jerusalém em 70 a.C. Paulo, passou ali três anos, evan- gelizando a cidade e as regiões vizinhas, ocasião em que 3. O apostolado de Paulo entre os gentios - 3.1-21; teve que “combater com as feras” como menciona em 1Coríntios 15.32. Aliás foi durante sua estada aí que 4. A unidade da fé e a santidade cristã - 4.1 a 5.21; ele escrever suas cartas à igreja em Corinto. 5. Os relacionamentos dos crentes em Cristo - 5.22 a 6.9; Mais tarde, João, o apóstolo deve ter sido pastor desta igreja, fato este que Irineu e Eusébio confirmam 6. A armadura de Deus para o crente e despedidas nnos séculos II e III da era cristã. Foi daí que ele teria - 6.10-24; sido exilado para Patmos onde escreveria a revelação de Deus a ele, o livro Apocalipse. III - A visão global do texto I - Dados históricos e preliminares Embora possamos retirar diversos temas como assuntos principais desta carta, ela dispõe, no entanto, de uma singu- Paulo vai passar por Éfeso em sua segunda viagem laridade interessante. Em geral todos os que se voltam para bem ao final dela, mas de maneira rápida (At 18.19- escrever, deixam para o fim de seus escritos aquelas aborda- 21). Porém, logo no início da terceira viagem ele chega gens mais marcantes. Paulo, nesta carta aos efésios, faz exata- a Éfeso (At 19.1), e deverá então nela ficar os três anos mente o contrário. O início desta epístola é uma verdadeira citados por ele mesmo (At 20.31) fazendo dela o cen- apoteose. Somos levados a ler, quase sem respirar, do versícu- tro propulsor de suas andanças pela região da Ásia e da lo 3 ao versículo 14, tal a beleza das palavras, a profundidade própria Europa: Macedônica, Grécia, Filipos, Trôade, do assunto que aborda, a riqueza do conteúdo que traz para Mileto, Samos e outras menores, conforme nos registra nós. Nele, o apóstolo aborda uma das maiores preciosidades Atos 19.1 a 20.38. Sua despedida dos crentes em Éfeso da vida cristã, o grande mistério da vida do homem, o maior é dramática e muito emotiva, por onde podemos ter milagre reservado para a humanidade: a revelação de Deus uma idéia do seu grau de afinidade com aquela igreja. à criatura humana para sua redenção. E ele faz isto com tal propriedade e riqueza de palavras que somos obrigados a ler Isto deve ter ocorrido em torno de 54 a 57 a.C. en- o texto quase que de um fôlego só, de tal maneira as idéias se quanto a carta para a igreja teria sido escrita um pouco complementam e se sobrepõem. mais tarde entre 59 e 61 a.C., tempo que se supõe ocor- re a prisão do apóstolo em Roma. Esta carta, por sua Além deste aspecto inicial, a carta se destaca também composição bem genérica, sem muitas citações pessoais pela ênfase que dá à graça de Cristo unindo todos os ho- Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 9
  • 11. Comentários sobre o Tema do Trimestre (II) mens sob a sua bênção salvadora, e a necessidade da san- 4.3 - Os dons do Espírito, segundo a carta aos Efésios: tidade cristã em oposição aos costumes mundanos, o que Um outro destaque desta carta é a descrição que Paulo faz é ressaltado com a belíssima imagem final da armadura nela dos dons outorgados por Deus aos seus servos, por espiritual que Deus disponibiliza aos seus santos. meio da ação do Espírito Santo em suas vidas. Em nossos estudos já vimos que Paulo fez esta mesma descrição em IV - Os pontos principais em destaque Romanos 12 e em 1Coríntios 12. Ele volta a fazê-lo aqui. Nas três vezes em que entra neste assunto, Paulo o faz de Vamos ressaltar alguns dos passos contidos nesta maneira mais ou menos uniforme, com poucas diferenças. carta como pontos de alerta e de advertência que de- Em Romanos são sete: profetizar (pregar), ministrar (ser- vem ser por nós refletidos: vir), ensinar, exortar, repartir (solidariedade), presidir e usar de misericórdia; Em 1Coríntios são oito: sabedoria, ciên- 4.1 - Um hino de louvor em sua vida: Muitas vezes nossas cia, fé, curas, milagres, profecia, discernimento, línguas (fa- vidas cristãs se tornam tranqüilas e tão normais que perde- lar e interpretar); e. finalmente, aqui em Efésios, ele volta a mos a inspiração para o louvor e a adoração. Mecanicamente, mencioná-los, mas de maneira mais objetiva, pois aborda as pensamos que “não há porque fazê-lo”, pois nada acontece de funções que os dons criariam na igreja. São cinco os dons especial ou diferente. Ou seja, acostumamo-nos às revelações que ele aponta e que devem estar presentes na vida desses do Pai de tal forma já conhecidas que, não experimentamos ministros: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mes- mais, em nosso viver, momentos de êxtase ou gozo espiritual. tres. O que chama atenção nesta descrição de Paulo aos efé- Somos como que levados a vivenciá-la em monotonia e pas- sios é a forma especial como ele a finaliza, como que dizen- sividade. Paulo nos dá um exemplo fulgurante de uma pessoa do: - Todos esses dons têm que ser praticados em conjunto que embora, vivendo com intensidade a vida cristã e passan- pelos ministros de Deus “tendo em vista o aperfeiçoamento do até por dissabores e tristezas em muitos instantes, ainda dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo assim, sabia cultivar o momento do louvor e da adoração em de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno sua intimidade. Este início do primeiro capítulo desta carta é conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à um belíssimo hino de louvor e exaltação a Deus. Vale a pena medida da estatura da plenitude de Cristo”. lê-lo em reverência, de joelhos até, para que a sua beleza e sua profundidade impregnem a nossa vida e nos transforme em 4.4 - O relacionamento humano diante de Deus: Pau- pessoas que vibrem sempre com sa salvação alcançada e com lo com muita propriedade nos aponta para os cuidados o poder do Senhor que nos salvou. que devemos ter em nossos relacionamentos como cren- tes. Dos versículos 5.22 a 6.9, ele como que expõe todas 4.2 - A supremacia da graça de Deus sobre as obras: as formas de relacionamento que podemos ter, e de como Outro texto de grande realce na carta é quando o após- devemos cuidar para que o nome de Cristo seja honrado e tolo se dedica a exaltar a soberania da graça de Deus. O preservado em meio a esses contatos em que nos inserimos capítulo 2 contém textos de grande esplendor teológico e como pais, cônjuges, filhos, irmãos, servos, empregados e que nos devem servir de paradigmas para a vida em meio senhores, de forma a não macular o nome da igreja. à sociedade em que vivemos presentemente: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom V - Sua contextualização de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie”. Ainda visando demonstrar o grau infinito dessa graça para Efésios é uma carta de muitas possibilidades de aplica- a salvação do ser humano, ele declara no mesmo capítulo: ção para os dias presentes. Quando Paulo escreveu aos cren- Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor tes na cidade de Éfeso, ele ensinou-lhes a como combater com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos deli- as situações adversas da vida. Parece que ele estava sabendo tos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois sal- que hoje nós seríamos inspirados por ele, pois a sua mensa- vos), e nos ressuscitou juntamente com ele”. Ou seja, as obras gem é plena de utilidade para nós também. Para isto ele nos de nada valem para a salvação. Apenas a graça que nos foi aconselhou sobre as sete armas que estão à nossa disposição. dada por Deus antes mesmo que nascêssemos (Gn 3.15), Vamos conferi-las na figura que o apóstolo nos apresenta de pode-nos dar a certeza da ressurreição eterna. um soldado que se apresenta para a batalha. Ele vai vestir 10 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 12. Epístola aos Efésios este soldado de todos os recursos indispensáveis para que crente deve estar revestido em seus pés, com o evangelho da seja bem sucedido na luta. Se a luta será incessante, ele tem paz, isto é, a mensagem de Cristo sendo levada por nossos que estar bem preparado para enfrentá-la, em todos os as- pés a todos os que estão ao redor. Mas não somente os pés, pectos do viver. Este soldado, espiritualmente, somos eu e mas o corpo também deveria estar protegido, por isso ele você, diante das lutas que enfrentamos no mundo. aconselha o uso também do escudo da fé. A fé em Cristo nos protege, o corpo todo, das investidas do mal. Ela, a fé em 5.1 - Enfrentando as adversidades da vida: Lutando Cristo, é o nosso escudo a preservar-nos do mal. sem cessar contra elas foi o que ele recomendou quan- do escreveu para os efésios dizendo “revesti-vos de toda 5.4 - Quinta e sexta armas – Salvação e Bíblia: Para a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes completar a armadura que ele nos indica como necessá- contra as ciladas do Diabo”. Sim, esta luta pela eficácia ria para que lutemos sem cessar diante das artimanhas da vida cristã deve ser travada por mim e por você, sem do pecado, o apóstolo nos apresenta mais dois equipa- cessar. Em todos os momentos de nosso viver. No colé- mentos essenciais para esta nossa preparação para a ba- gio, no trabalho, no lar, na condução, todos nós temos talha: “Tomai também o capacete da salvação, e a espada de lutar sem cessar para que o nosso testemunho cristão do Espírito, que é a Palavra de Deus”. Com esta frase ele seja luz para os que estão ao nosso redor. nos ensina que a salvação obtida pelo crente desde que creu em Cristo, é a sua principal arma. Como o capace- 5.2 - Primeira e segunda armas – Verdade e justiça: Para te envolve a cabeça do soldado, assim o sentimento da começar ele aponta para duas virtudes indispensáveis ao cará- salvação deve envolver toda a mente do crente, isolando- ter cristão. Não se pode imaginar alguém que se diga crente -o deste mundo tenebroso em que vive. Ou seja, mesmo e que não demonstre em seu viver estar de posse dessas duas diante das piores situações lembremo-nos sempre, que qualidades morais imprescindíveis. Elas não são exigidas ape- somos salvos por Jesus, não pertencemos a este mundo, nas do crente. O cidadão comum é delas cobrado pela socie- fazemos parte do reino de Deus. Vocês devem ter perce- dade civil. O apóstolo Paulo vai-se referir a elas como as duas bido que todas essas cinco armas mencionadas até aqui primeiras armas de que devemos estar equipados para enfren- pelo apóstolo são apenas armas defensivas. Ele deixou tar o mundo: “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos para a última indicação, a única arma de ataque, a maior com a verdade, e vestida a couraça da justiça”. O dorso do sol- e melhor arma ofensiva do crente: a Bíblia, a Palavra de dado naquela época era envolvido por uma espécie de malha Deus que ele apresenta como a espada do Espírito. É a fina (para o crente esta malha seria a verdade), sobre a qual, Bíblia Sagrada que nos inspira na luta, que nos aponta os colocava-se depois a couraça, uma espécie de armadura para pontos fracos do inimigo, que nos ensina o caminho da proteção dos golpes mais duros (para o crente esta couraça se- vitória, que nos dá a condição de derrotá-lo, finalmente. ria a justiça). O viver na verdade e o buscar a justiça deviam ser duas evidências para o mundo da pessoa do crente. O que o Conclusão apóstolo está nos requerendo é que pratiquemos a retidão em todos os nossos atos, a dignidade em nossa maneira de viver, Vivendo digna e retamente (praticando a verdade e jus- enfim, integridade enfim. tiça em nossos atos)... Testemunhando do evangelho e resis- tindo ao mal (pregando a paz de Cristo e a fé nele)... Mos- 5.3 - Terceira e quarta armas – Paz e fé: Mas o apóstolo trando ao mundo a bênção do ser cristão (demonstrando a prossegue e nos apresenta a seguir mais duas armas. Agora alegria da salvação)... estaremos preparados para enfrentar mais diretamente vinculadas ao crente. Verdade e justiça são sem cessar a luta contra o pecado, defendendo-nos assim virtudes esperadas de todos os seres humanos. Paulo agora de todos os seus dardos inflamados, até que, possamos des- começa a particularizar aquilo que só se pode esperar de al- fechar o golpe final com o nosso contra-ataque: o bom uso guém crente em Jesus, de mim e de você: “Calçados os pés da Palavra de Deus (a espada do Espírito), vencendo então com a preparação do evangelho da paz, tomando sobretudo, a batalha. Porém, mesmo assim, para finalizar, Paulo nos o escudo da fé, com o quais podereis apagar todos os dardos do recomenda que sobretudo, mesmo que armados com estas Maligno.” Os pés tinham que ser bem protegidos para a ba- seis equipagens acima descritas, devemos viver sempre “em talha. De forma figurada então, o apóstolo nos fala que o oração e súplica”, pois só assim, a vitória será alcançada. Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 11
  • 13. Comentários sobre o Tema do Trimestre (III) Epístola aos Filipenses O poder que Deus dá Texto bíblico – Filipenses 1 a 4 • Texto áureo – Filipenses 4.13 “Posso todas as coisas Nascido em 382 a.C. em Pela, Macedônia, foi educa- naquele que me fortalece.” do em Tebas na Grécia, afeiçoando-se à cultura clás- sica grega a ponto, de, logo que chegou ao poder em Introdução seu Estado macedônico, tentar e conseguir unificar as cidades-estados gregas, sob a direção da Macedônia, o A cidade de Filipos tinha sido uma das mais impor- que iria dar base para a expansão posterior que seu filho tantes no período interbíblico, pois fora construída em iria alcançar. Depois de incorporá-los todos, organizou honra a Filipe, o Grande, o pai de Alexandre, aquele a chamada Liga Helênica e lançou-se às outras conquis- que viria a ser o maior conquistador da Antigüidade. tas, principalmente, a Pérsia vindo a falecer, então, em Dizem alguns historiadores que o poder de Filipe se 336 a.C., abrindo espaço para a hegemonia de seu filho, expandia de tal forma que, seu filho, Alexandre recla- Alexandre. A cidade vai continuar com importância maria com os amigos que assim continuando, quando histórica por muito tempo, até se tornar colônia roma- ele chegasse a reinar, não haveria mais o que conquistar. na a partir de 42. a.C. 12 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 14. Epístola aos Filipenses A Macedônia, ficava na chamada região dos balcãs eu- pelo menos sete delas foram escritas de prisões, pelos ele- ropeus, sendo a cidade de Filipos aquela que ligava-se mais mentos que nos apresentam em sua construção Filipenses, de perto com a Ásia, pela travessia do Estreito de Bósforo. Efésios, Colossenses, Filemom, 1/2Timóteo e Tito, ficam Embora situada dentro de uma planície a 16 quilômetros eles sem saber de onde seguramente teriam sido enviadas, de distância do mar, foi para lá que Paulo se dirigiu logo pois, Paulo, esteve preso em pelo menos três cidades di- que atendeu à visão que recebeu em Trôade, conforme ferentes: Jerusalém, Cesaréia, Roma, e, possivelmente, em podemos ler em Atos 16.12: “e dali para Filipos que é a pri- Éfeso onde ele menciona ter sido “entregue às feras”. Em meira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana; outros lugares ele esteve momentaneamente também em e estivemos alguns dias nessa cidade”. Paulo esteve ali por- prisões, como por exemplo, Filipos, mas em passagens tão tanto em sua segunda viagem, e passa depois por lá na 3a. rápidas que não dariam ensejo à escritura de uma carta. viagem também como podemos ler em Atos 20.6. No caso de Filipenses, as evidências contidas no tex- A passagem de Paulo por Filipos é uma das páginas to levam a grande maioria dos historiadores a advogar mais esplendorosas do trabalho evangelístico do apósto- a prisão em Roma e os anos de 58 a 60 da era cristã, lo acompanhado, no caso, por Silas. Ela está narrada em como o local de origem e a data aproximada da carta, Atos 16.12-40, quando o apóstolo inicia a evangelização no primeiro aprisionamento de Paulo. da Europa conforme lhe determinara a visão. Nesta cidade ele trabalha objetivamente em duas casas, primeiramente II - Esboço básico do livro - Sua divisão com Lídia, a fabricante de púrpura da cidade e depois na casa do anônimo carcereiro da prisão em Filipos, onde ele Em seus 4 capítulos e 104 versículos, podemos en- se hospeda após o martírio, é tratado, alimentado e prega trever a seguinte divisão o evangelho a ele e a toda a sua família. Desses dois núcleos familiares, deve ter surgido então a igreja cristã em Filipos, 1. Uma palavra de introdução e saudação - 1.1-11; à qual Paulo vai escrever mais tarde. 2. Sua palavra de conforto mesmo em meio a tribu- Esta é mais uma das cartas chamadas “da prisão”. Tudo lação – 1.12-26; faz crer que, tomando conhecimento em Roma de que aquela igreja estava recebendo pessoas que ensinavam certas 3. Sua exortação à santidade de vida - 1.27 a 2.18; heresias e, que, também, alguns dos líderes da igreja teriam se voltado contra ele em sua liderança, o apóstolo resolve 4. Sua recomendação sobre seus emissários - 2.19-30; escrever a carta, onde aconselha, responde e adverte. No entanto, apesar disto,vemos que a igreja o amava pois ele 5. Seu zelo apostólico e sua palavra sobre os legalis- agradece a ajuda que dela teria recebido expressando o seu tas - 3.1-21; amor pelos crentes ali. Nesta carta, ele expressa também al- guma características que devem marcar a vida do crente, fa- 6. Sua gratidão e saudações finais - 4.1-23 lando da confiança, alegria, amor, comunhão e firmeza que deveriam estar presentes neles. Finaliza mencionando que III - A visão global do texto todos deveriam seguir o exemplo de Cristo em suas vidas, pois, “meu Deus, suprirá todas as vossas necessidades segundo Mesmo ao leitor superficial da epístola, saltam aos as suas riquezas na glória em Cristo Jesus”. olhos dois temas essenciais em seu conteúdo, e que de- vem merecer toda a nossa atenção, como mensagens I - Dados históricos e preliminares globais da carta aos Filipenses: Uma das dificuldades dos estudiosos históricos da Bí- Primeiro, a segurança do apóstolo em continuar tes- blia é situar adequadamente em termos de data e origem temunhando do Evangelho mesmo em cadeias. Impres- as cartas chamadas “da prisão”. Tendo-se como certo, que, sionante verificar que ele considera que a sua prisão está Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 13
  • 15. Comentários sobre o Tema do Trimestre (III) contribuindo para o progresso do Evangelho. Paulo IV - Os pontos principais em destaque tinha como objetivo transformar a sua prisão em uma espécie de exemplo para que os demais crentes tivessem Uma carta como esta é plena de pontos que pode- mais coragem em testemunhar do Evangelho. Ela de- mos destacar como instrumentos de inspiração e entu- veria servir de estímulo para que os crentes em todo o siasmo em nossa vida cristã hoje: mundo se sentissem dispostos a passar por tribulações em benefício do Evangelho: “a maior parte dos irmãos 4.1 - A oração pela igreja: A palavra inicial de Paulo no Senhor, animados pelas minhas prisões, são muito na carta é uma mensagem que nos evoca a necessidade de mais corajosos para falar sem temor a palavra de Deus”. estarmos sempre orando por nossas igrejas. Quase todas as cartas paulinas começam com um intróito neste sentido. Segundo, a sua exortação à perseverança na vida cristã O apóstolo orava pelas igrejas que conhecia e às quais em por parte dos crentes em Filipos. Sua palavra aos filipenses algum momento do passado tinha ajudado. Algumas de- nos capítulos 1 e 2 é plena de inspiração e desafio para que las se mostravam, por sua conduta cristã, dignas desta pre- aqueles crentes buscassem mais e mais uma devoção maior ocupação do apóstolo em orar por elas. É o caso por exem- na vida cristã: “portai-vos de um modo digno do Evangelho... plo desta igreja em Filipos: dou graças a Deus todas as vezes em nada estais atemorizados pelos adversários... nada façais que me lembro de vós... fazendo sempre, em todas as minhas por contenda... tende em vós aquele mesmo sentimento que orações, súplicas por todos vós.” Ou seja, o apóstolo tinha houve em Cristo Jesus... fazei todas as coisas sem murmura- prazer em colocar em suas orações os nomes e os desafios ções... para que vos torneis irrepreensíveis...” Enfim, palavras que porventura estivesse enfrentando. Esta oração não era e mais palavras exortando aos crentes de todas as épocas tristonha ou negativa. Paulo chega a mencionar que fazia que ontem, como hoje, a vida cristã deve ser pautada por as “súplicas por todos vós com alegria”. Será que os nossos esta busca sempre pelo melhor. pastores estào orando por nossas igrejas “com alegria”? Ilustração de Paulo, mesmo preso, escrevendo uma de suas cartas (Gustave Doré) 14 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 16. Epístola aos Filipenses 4.2 - O elogio a Epafrodito: Um outro ponto de realce dele enviando recursos para a obra e orando por seu tra- nesta carta é o elogio de Paulo a um de seus auxiliares. Epa- balho missionário. Agora, quando chega ao final da car- drodito ou Epafras são dois nomes para uma mesma pes- ta, o mesmo tinha se dado e Paulo agradece as últimas soa, embora alguns comentaristas considerem que possam dádivas: “fizestes bem em tomar parte da minha aflição... ter sido duas pessoas já que são citadas diferentemente, o nenhuma igreja comunicou comigo no sentido de dar e de primeiro nesta carta aos filipenses, enquanto o segundo receber, senão vós somente... não uma só vez, mas duas, nas cartas aos colossenses e a Filemom. O que converge mandastes suprir-me as necessidades”. Será que nos dias de para uma mesma pessoa é que em todas as citações as pa- hoje, com tantos recursos a mais disponibilizados para lavras de Paulo são elogiosas e não fazem distinção entre as nossas igrejas estamos participando com este mesmo um e outro. No grego, esse nome, tem um bonito signi- empenho da obra missionária? Será que estamos aman- ficado: “belo, encantador”, sendo Epafras, então, uma es- do os nossos missionários e participando de suas lutas? pécie de contração ou diminutivo de sua forma completa. O que nos deve marcar é que sendo o apóstolo Paulo algo V - Sua contextualização tão severo em suas avaliações pessoais, quanto a esse per- sonagem ele o enaltece grandemente: “Epafrodito, meu Todas as cartas de Paulo são eminentemente con- irmão... cooperador... companheiro nas lutas... meu socorro textualizadas ao nosso tempo. Aliás, é impressionante nas minhas necessidades... preocupado com os amigos...” Sua verificar como seus conselhos e palavras de advertência, apreciação vai a tal ponto que demonstra o sentimento originadas de um texto de pelo menos dois milênios que ele e os crentes de Filipos tiveram quando souberam atrás, ainda são válidos e positivos para hoje. da enfermidade que o atingiu. Será que nos dias de hoje estamos sendo dígnos, por parte de nossos líderes, de ava- 5.1 - Ensinando-nos a ter um alvo: Na vida cristã, liações assim tão positivas e nobres? você tem que ter um alvo a atingir. Você deve ter um objetivo a acertar. Você tem que fazer todo um esfor- 4.3 - O convite ao regozijo cristão: Outro ponto de ço de concentração para isto. O objetivo da nova vida destaque nesta carta á a importância que o apóstolo Pau- que alcançamos em Cristo deve ser sempre o de melhor lo confere à vivência cristã em alegria e regozijo. Parece possível para isto. Paulo nos aponta para isto em sua que ele quer evidenciar que o crente mesmo enfrentando carta aos filipenses. Este grau de dedicação de Paulo a situações adversas tem do que se alegrar. Por duas vezes determinado objetivo é demonstrado na carta. Na sua ele chega a mencionar isto aos filipenses: “Regozijai-vos vida cristã, você tem que ter esses cuidados. Mirar com sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.” O que o precisão um alvo a ser atingido segundo a vontade de apóstolo destaca para nós é que, como crentes, embora Deus. Para isto, outros interesses terão que ser deixados estejamos, às vezes, diante de problemas e dificuldades, para trás, de forma que você se concentre unicamen- devemos “regozijar-nos no Senhor”. Isto é, ele não nos te naquilo que está pretendendo alcançar. Podemos está sugerindo uma alegria vazia e fugidia como se qui- aprender com Paulo sobre isto quando ele disse “mas sesse nos impor uma simples fórmula de terapia contra o que para mim era lucro passei a considerá-lo como per- a dor ou o sofrimento. Não! O que ele nos ensina é que da por amor de Cristo”. Isto quer dizer que Paulo tinha este regozijo deve vir da pessoa de Cristo em nós. O cren- outras atrações em sua vida, mas passou a considerá- te que possui o Espírito de Deus em seu interior, mesmo -las com secundárias (como perda), diante da primei- diante do maior tormento, dispõe da alegria íntima e ra e maior atração que passou a predominar seu viver: pessoal que só a pessoa de Cristo, nosso Senhor e Salva- tornar-se verdadeiramente um crente no Senhor Jesus. dor, dentro de nós, pode nos proporcionar. 5.2 - Firmando-se em direção ao alvo: Para alcan- 4.4 - A gratidão à beneficência: Algo que nos cha- çar então o alvo, além de fixá-lo com precisão, temos ma atenção nesta carta é também a predisposição dos que firmar bem a direção que estamos trilhando. Na filipenses em ajudar e participar das lutas do apóstolo. vida cristã, não basta mirar com precisão o alvo (que- Desde o princípio esta igreja tinha se colocado ao lado rer ser um crente fiel). É preciso também firmar bem Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 15
  • 17. Comentários sobre o Tema do Trimestre (III) “ Não negamos o poder da fé em vencer desafios, no entanto, 5.4 - Prosseguindo sempre em busca do melhor: A caminhada com Paulo em busca da melhor vida cristã não chega ao fim. Observem que mesmo de- pois de já ter dito o que poderíamos chamar de tudo devemos entender que o contexto do possível sobre a necessidade de um alvo na vida, a firmeza necessária para alcançá-lo, e a satisfação de, versículo é extremamente negativo. enfim, atingi-lo, Paulo vai mais longe e acrescenta Paulo não está se vangloriando de ainda: “Mas, naquela medida de perfeição a que já chegamos, nela prossigamos”. Isto é, a jornada cristã “poder vencer todas as lutas” que não tem fim. Ainda que já tenhamos alcançado vi- viesse a enfrentar, mas sim, que, tórias, na realização daquilo para que o Senhor nos chamou, não nos contentemos com os “louros da vi- diante das dificuldades terríveis tória”. Outros desafios existem à frente. E o Senhor espera a nossa continuidade na luta. Mesmo preso que vinha passado, o Senhor lhe em Roma, Paulo vislumbrava voltar a Colossos, visi- dava poder para resistir a elas a direção, concentrar-se em todos os momentos, não ” perder a atenção e estar bem preparado, pois senão, al- tar Filemom, ir à Espanha. Sim, a vida cristã deve ser sempre um estímulo ao melhor. Conclusão gum obstáculo pode nos atingir em nosso caminhar e desviar-nos inteiramente do alvo. Com Paulo podemos O texto fundamental desta carta, recitado como aprender também a respeito desta firmeza de direção texto áureo em muitos momentos em nossas igrejas na hora da jornada: “vou prosseguindo, para ver se pode- é, sem dúvida, o versículo 13 do capítulo 4: “Posso rei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por todas as coisas naquele que me fortalece”. Esta palavra Cristo Jesus”. Sim, a primeira lição para termos firmeza de Paulo, às vezes, pode ser vista numa ótica muito na caminhada cristã é esta. Embora surjam problemas, otimista, quando a lemos isoladamente, e há pessoas hoje difíceis, amanhã menores, e dias tranqüilos à fren- que assim o fazem no objetivo de diante de obstácu- te, vamos prosseguir. Nada nos deve desviar de nossa los tidos como intransponíveis contar com a ajuda carreira. Devemos dia-a-dia firmar a nossa direção em do Senhor para superá-los. Não negamos o poder da busca do alvo a ser atingido: a perfeição da vida cristã. fé em vencer desafios, no entanto, devemos entender que o contexto do versículo é extremamente negati- 5.3 - Acertando o alvo, enfim: Na vida cristã, esse, vo. Paulo não está se vangloriando de “poder vencer deve ser o nosso objetivo. Acertar, acertar sempre. Mes- todas as lutas” que viesse a enfrentar, mas sim, que, mo que erremos hoje ou amanhã em algum momento diante das dificuldades terríveis que vinha passado, de nossa vida, vamos prosseguir: mirando com precisão, o Senhor lhe dava poder para resistir a elas. Senão, firmando a direção de nosso projeto e procurando assim vejamos o versículo 12: “Sei passar falta, e sei tam- acertar no alvo, atingir o objetivo em mira. Paulo nos dá bém ter abundância; em toda a maneira e em todas as a verdadeira imagem desta caminhada cristã quando es- coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como creve que não importando os desafios e as falhas de hoje, em passar fome; tanto em ter abundância, como em os passos errados que tenhamos dado em nossa vida, padecer necessidade...” e, então, em face desse quadro eu e você, devemos, como ele afirmou: “prossigo para o negativo, ele exclama que tem capacidade para re- alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo sistir às intempéries, aos problemas, às dificuldades, Jesus”. Devemos então, aprender com ele. Prosseguir e pois, “pode todas as coisas naquele que o fortalece, o nunca desanimar. O prêmio a ser ganho é muito grande Senhor Jesus Cristo”. Por isso, o título de nosso estu- e valioso. A vida eterna com Cristo é algo de supremo a do: “O poder que Deus dá”. Ele dá poder para resistir ser atingido e devo fazer sempre o melhor para isto. também. 16 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 18. Comentários sobre o Tema do Trimestre (IV) Epístola aos Colossenses A vivência cristã Texto bíblico – Colossenses 1 a 4 • Texto áureo – Colossenses 3.16 “A palavra de Cristo habite em vós ricamente, um pouco depois disto, porque Roma construindo as em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns suas estradas deu preferência à passagem no caminho aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, de Éfeso para o Oriente, pela cidade de Pérgamo e não louvando a Deus com gratidão em vossos corações.” por Colossos. Introdução Segundo podemos depreender do texto bíblico Pau- lo não foi o fundador desta igreja, nem mesmo deveria A cidade de Colossos era uma das mais importan- conhecer muitos de seus membros, composta que era tes da região da Frígia, uma província da Ásia Menor ela de maioria provavelmente gentia. Os comentaristas nos tempos do Novo Testamento, a Turquia de hoje. acreditam que o Evangelho chegou ali quando Paulo Ficava a 120 quilômetros de Éfeso e próxima aos ca- se encontrava pregando em Éfeso, por intermédio de minhos que levavam a outras cidades citadas como “as Epafras, que seria um dos líderes daquela igreja. Como igrejas da Ásia”, no Apocalipse de João: Sardes, Pérga- essa carta é uma daquelas conhecidas como “da prisão”, mo e principalmente Laodicéia, que ficava mais perto os estudiosos apontam o aprisionamento de Paulo em dela, no vale do rio Lico. Foi muito importante nos pe- Roma como o local de onde teria sido a carta escrita. ríodos que antecederam o Império Romano, decaindo Seu final aliás, testemunha muito bem isto, quando Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 17
  • 19. Comentários sobre o Tema do Trimestre (IV) vemos a citação do apóstolo dos seus diversos compa- depois da época desta carta (58/60 d.C. data provável do nheiros de prisão em Roma. aprisionamento de Paulo em Roma), Colossos foi destruí- da por um terremoto, em torno dos anos 66/68. Para muitos historiadores esta carta tem que ser lida em conexão com a carta a Filemom, pois tudo nos in- A carta foi escrita para combater algumas falsas dica que seria Arquipo, o filho de Filemom, o pastor doutrinas que haviam se introduzido na igreja, o que ou pelo menos o responsável pelos trabalhos naquela deve ter sido informado a Paulo, pela chegada de Epa- igreja. Quando Paulo chega ao final da carta mencio- fras a Roma. Paulo vai insistir que somente por Cristo é nando que “dizei a Arquipo: Cuida do ministério que que Deus perdoa e salva a criatura humana. Os crentes recebeste no Senhor, para o cumprires”, é como se esti- de Colossos devem estar unidos a ele, Jesus, numa nova vesse atribuindo a ele a responsabilidade pelo trabalho forma de vida, em que se manifesta o amor mútuo e pastoral ali. Outrossim, na própria carta a Filemom, ele solidário da igreja de Cristo. se refere, como “o nosso companheiro de lutas”. (Fm 2). II - Esboço básico do livro - Sua divisão Das treze cartas de Paulo, sete são reconhecidas como “as da prisão”: Filipenses, Efésios, Colossenses, Em seus 4 capítulos e 95 versículos, podemos distin- Filemom, 1/2Timóteo e Tito. Esta que estamos estu- guir a seguinte divisão do seu conteúdo: dando se caracteriza bem como escrita em seu aprisio- namento, pois além da citação de diversos companhei- 1. Saudação do apóstolo e apreço dele pelos colos- ros que se hospedavam com ele na casa-prisão alugada senses - 1.1-8; em Roma, vemos três outras citações que nos remetem particularmente à situação da igreja em Colossos: pri- 2. Oração do apóstolo em favor dos crentes em Co- meiramente a indicação de que Onésimo, voltando lossos - 1.9-23; para casa como lemos na carta a Filemom, seria o com- panheiro de Tíquico levando a carta em mãos; em se- 3. Menção às suas lutas e trabalhos pelo Evangelho gundo lugar a citação bem clara de Epafras como “um - 1.24 a 2.23; de vós, servo de Jesus Cristo, e que sempre luta por vós em suas orações, para que permaneçais perfeitos e plenamente 4. Conselhos à melhor vida cristã - 3.1 a 4.6; seguros em toda a vontade de Deus”; em terceiro lugar, a citação já mencionada acima do nome de Arquipo 5. Notícias pessoais e despedidas - 4.7-18. como ministro ali, e especialmente, a solicitação do apóstolo de que a carta, após ser lida em Colossos, fosse É de se registrar ao final da carta, a dificuldade do depois lida também na igreja em Laodicéia. apóstolo em escrever, pois apenas a saudação final é es- crita “de próprio punho”. I - Dados históricos e preliminares III - A visão global do texto Não há indicações seguras para que os comentaristas apontem a razão de ser do nome daquela cidade. Colos- O grande propósito da carta de Paulo aos crentes em sos, do grego “kolossai”, quer dizer isto que exatamente Colossos é contribuir para o crescimento espiritual deles. depreendemos (colosso, algo grande e magnífico). Para os Por isso demos o título deste estudo, como “a vivência cris- historiadores a única razão plausível para o nome, pois a tã”. Paulo está chamando os crentes em Colossos a uma cidade não seria tão grande para justificar tal título, seria a vida de comunhão fraterna entre eles, e especialmente, de sua posição num vale bem extenso, o vale do rio Lico, de comunhão com o Senhor de tal forma, que esta carta, jun- onde no horizonte, se deveria avistar uma grande cadeia tamente com a que foi escrita aos Efésios, é tida por muitos montanhosa (os montes Taurus, talvez). Esses dados não comentaristas como a mais avançada teologia do apóstolo, são precisos, pois, pelo que a história nos registra, pouco com centralidade na pessoa de Cristo. 18 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 20. Epístola aos Colossenses Vale a pena ressaltar o que escrevem os comenta- 4.3 - Cristo é o cabeça da igreja, é o alvo de toda a ristas sobre o tema central desta carta: “O seu grande busca pela perfeição, é o mistério de Deus: Impressio- tema é Cristo... Cristo é o cabeça do cosmos... Ele é o nante como o apóstolo consegue consolidar em frases Mistério de Deus... ele é divino, mas é humano, pois soltas, verdades tão sublimes sobre a pessoa e a razão de efetuou autêntica expiação, mediante sua morte genu- ser do Senhor Jesus: “... porque nele habita corporalmen- ína...”, são algumas das expressões que podemos retirar te toda a plenitude da divindade... tendo sido sepultados do texto bíblico e ressaltadas pelos estudiosos. As gran- com ele no batismo... quando estáveis mortos nos vossos des doutrinas da epístola são todas apoiadas sobre a na- delitos... vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos tureza de Cristo, Filho de Deus, Salvador dos homens. todos os delitos... Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo IV - Os pontos principais em destaque está... Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra.” Observem que praticamente todos os textos Para destacar alguns pontos da cristologia que Pau- do apóstolo são apontando para algo melhor. Os con- lo evidencia no texto da carta, e que podemos ir reti- selhos são pró-ativos. Dinâmicamente apontam para rando de diversos versículos muito explícitos em sua um futuro mais positivo e santo para a vida do crente. exposição: 4.4 - Cristo é o vencedor de todo o mal e com seu 4.1 - Cristo é o doador da graça, associado ao Pai, o exemplo regulamenta a vida cristã para nós: No en- verdadeiro objeto da fé dos crentes: - o texto aos colos- tanto, percebe-se em todo o texto que existe um ide- sensses é rico de expressões significativas a respeito da al paulino, estribado em Cristo, para a vida do crente. pessoa de Cristo: “... sejais cheios do pleno conhecimento Este ideal é o do crescimento espiritual que a nova cria- de sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento es- tura deve buscar desde que se converteu. A ênfase do piritual; para que possais andar de maneira digna do Se- apóstolo é neste sentido. O ser humano pode crescer nhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa em vários aspectos do seu viver, moral, material, físico, obra, e crescendo no conhecimento de Deus...” Ou seja, a traçando para isto caminhos próprios e alvos ou obje- vida cristã há que ser vivida em prol do melhor amanhã. tivos seguros. Este é o processo de crescimento em que Não podemos nos acomodar àquilo que somos ou que podemos atuar, como seres humanos com o nosso ra- já alcançamos. A fé em Cristo deve nos levar sempre a ciocínio e a nossa lógica: - no crescimento físico temos objetivos maiores amanhã do que hoje. É ele, o Senhor que nos ajustar àquilo que a nossa genética e natureza Jesus que, agindo em nós vai fazer-nos trilhar os cami- nos impõe; - no crescimento intelectual e moral, nós nhos deste crescimento; podemos agir de forma a obter um melhor resultado amanhã, estudando e lendo, ouvindo conferências e 4.2 - Cristo é o doador da herança, o reconciliador, preleções. Isto é o que humanamente podemos fazer a imagem do Deus invisível: Diante de realidades tão em prol de um crescimento humano que contribua excelsas, o apóstolo prossegue: “Ele é antes de todas as para uma melhor vivência cristã. Daí, os conselhos tão coisas, e nele subsistem todas as coisas... tudo foi criado comuns e simples como que regulamentando uma nova por ele e para ele... ele é a cabeça do corpo, da igreja... o forma de viver para o crente: “... exterminai as vossas mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas inclinações carnais... a impureza, a ira... não mintais... agora foi manifesto aos seus santos... a quem Deus quis não pronuncieis palavras torpes.” fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mis- tério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da Mas, Paulo, nesta carta, vai escrever sobre a neces- glória”. Que podemos acrescentar a textos tão profun- sidade do crescimento espiritual, aquele que não pode dos como estes? Somente pela intensa meditação neles ser alcançado isoladamente. Somente contando com a e pelo maior e melhor espírito de oração que tenhamos participação do Santo Espírito de Deus neste processo é que poderemos penetrar um pouco nas verdades mag- é que poderemos galgar posições melhores em nosso níficas que o apóstolo escreve para nós nesta carta. viver cristão. Os crentes em Colossos vão receber do Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 19
  • 21. Comentários sobre o Tema do Trimestre (IV) apóstolo um manual para “aprender a crescer”. Vamos abrangente que o Senhor deseja de todos nós. Paulo vai- conhecê-lo, para também fazer uso dele em nosso viver, -nos ensinar isto quando escreve: “que sejais cheios do ple- no item seguinte. no conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e en- tendimento espiritual”. O apóstolo não separa uma coisa V - Sua contextualização da outra. O crescimento mental (sabedoria, que envolve o crescimento intelectual e moral) deve ser acompanha- Vamos dividir este manual também em quatro partes: do também do crescimento espiritual. Nós não podemos nos dedicar àqueles e esquecer deste. Ao tempo que nos 5.1 - Crescendo no conhecimento intelectual e es- debruçamos sobre os livros para mais conhecer e saber, piritual: A primeira motivação que deve levar o crente a devemos também nos debruçar sobre a Bíblia para dela buscar o crescimento de sua vida cristã, é a do reconhe- aprender a crescer espiritualmente. cimento de que precisa crescer nela tanto intelectual e moral, como espiritualmente também. Muitos pastores, 5.2 – Crescendo no conhecimento de Deus: Paulo educadores e líderes cristãos, exigem muito de seus dis- destaca então a conseqüência natural deste aprendiza- cípulos no que diz respeito ao crescimento intelectual do espiritual. Aquele que se dedica ao conhecimento da e moral, dando-lhes os melhores conselhos, sugerindo Palavra de Deus, da história dos grandes personagens determinadas matérias, indicando livros, recursos de in- bíblicos, dos temas de destaque da Bíblia, acaba natu- formática etc. Isto é bonito e bastante válido, mas não ralmente “agradando ao Senhor em tudo, frutificando é tudo. Lembremo-nos de que, Jesus Cristo, segundo em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus”. Lucas 2.52, “crescia em sabedoria, em estatura e em graça É natural que isto aconteça. Na medida em que vivamos diante de Deus e dos homens”. Este é o crescimento total e uma vida que agrade ao Senhor (pela obediência a ele, Ilustração de Paulo em pleno exercício ministerial testemunhando perante Festo. Apesar de todas as lutas, sofrimentos e prisões, o apóstolo testemunhava com coragem, fé e alegria (Gustave Doré) 20 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 22. Epístola aos Colossenses pela leitura da Bíblia, pela oração), frutificaremos em nosso viver. Os frutos da vida cristã e do testemunho começarão a surgir aqui e ali, e em conseqüência disto, estaremos crescendo no conhecimento de Deus. Este é “ O que ele nos está recomendando é que devemos viver com alegria a o maior nível de conhecimento que podemos alcançar vida cristã evidenciando para o mundo na vida cristã de qualquer um de nós: - Saber quem é a salvação que temos, pois, o Senhor Deus em nossa vida, o lugar que ele ocupa em nosso viver, o que ele pode fazer por nós, e, especialmente, o Deus nos fez dignos para ela, por que nós devemos fazer em honra e serviço a ele. meio da morte de seu Filho. Esta 5.3 – Crescendo no conhecimento da salvação: herança que começa aqui vai se projetar Uma das coisas mais comuns em nosso viver é a acomo- na sua vida eterna “na luz”. Que o dação às situações que nos cercam, principalmente se boas são, e passarmos a não valorizá-las devidamente. mundo veja em cada um de nós a graça De tal maneira nos acostumamos à amizade e carinho que alcançamos com a salvação ” dos amigos e parentes, achando tão natural a atenção deles, que nos esquecemos de abraçá-los e dizer-lhes em Cristo que somos gratos pelo companheirismo deles. E isto se aplica a diversos outros aspectos de nossa vida. Paulo cendo no conhecimento intelectual! - Crescendo no sabia que isto podia acontecer com respeito à salvação. conhecimento espiritual! Mas, sobretudo, que apren- Ela é algo tão especial para nós, principalmente quan- damos mais e mais a crescer no conhecimento de Deus do acabamos de nos converter, mas, depois de algum e de sua vontade para a minha vida e para a sua vida. tempo, acostumamo-nos a saber-nos salvos e passamos a não dar mais o devido valor ao seu significado eterno Conclusão para nós. Paulo vai ensinar que, se quisermos crescer em nossa vida cristã, precisamos conhecer mais e mais do A carta aos Colossenses não tem como objetivo sentido e significado dela para nós. Foi isto que ensi- principal, como verificamos em várias das outras escri- nou aos colossenses quando disse: “dando graças ao Pai tas por Paulo, rebater a presença do legalismo judaico. que vos fez idôneos para participar da herança dos santos Depreende-se daí, que embora pudesse ter a sua co- na luz”. O que ele nos está recomendando é que deve- lônia de judeus, a igreja em Colossos deveria ter uma mos viver com alegria a vida cristã evidenciando para o minoria deles como membros. Pelo que podemos de- mundo a salvação que temos, pois, o Senhor Deus nos preender da carta, a razão principal da argumentação fez dignos para ela, por meio da morte de seu Filho. de Paulo em seu conteúdo é contra o gnosticismo, que Esta herança que começa aqui vai se projetar na sua talvez, por informação de Epafras que chegara a Roma, vida eterna “na luz”. Que o mundo veja em cada um de tenha se introduzido na igreja. A ênfase que Paulo dá nós a graça que alcançamos com a salvação em Cristo. à pessoa de Cristo, a teologia cristã que dela vai se ex- trair é exatamente a resposta do apóstolo aos gnósticos 5.4 – Crescendo no conhecimento integral: Como que não viam Cristo como a encarnação divina, o Fi- crentes somos chamados ao crescimento. Crescimento lho de Deus enviado para a salvação do mundo. Para físico. Crescimento mental (envolvendo o moral e o eles, Cristo era apenas uma emanação divina, um dos intelectual). Crescimento espiritual. Nossos pastores mediadores e salvadores, um pequeno deus, dotado de esperam isto de nós. Nossos amigos e parentes idem. O alguma missão terrena. Devemos dar graças a Deus por Senhor Deus muito mais. Que nas áreas da vida em que tal situação, pois foi por meio dela que o Senhor nos podemos agir (estudo, leitura, meditação) possibilitan- brindou com um texto tão poderoso e inspirativo como do este crescimento, possamos prosseguir aprendendo este da carta aos colossenses. Que saibamos retirar dele a crescer: - Crescendo no conhecimento moral! - Cres- todo o tesouro espiritual que contém. Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 21
  • 23. Viagem a Israel Terras bíblicas, onde o passado convive com o presente Para quem lê a Bíblia, andar pelo palco onde a histó- gamos, com uma tranquila passagem pela alfândega. No ria se desenvolveu é fazer uma viagem cujo valor ultra- hotel, nossas malas passaram pelo detetor de metais. No passa o seu valor turístico. Com este sentimento, junto Pentateuco, o nome do rio Nilo não aparece, mas está pre- com um grupo, decidi percorrer alguns cenários no Egi- sente. Não é preciso seu nome. Ele é majestoso e único. De to, na Jordânia e em Israel. dia e de noite. O Cairo se curva diante dele. O país inteiro, todo ele um verdadeiro sitio arqueológico, se curva diante Eu tinha algumas expectativas: orar no jardim do do rio. Os egípcios dizem que devem tudo ao Nilo. Como Getsêmani e perceber as distâncias dos eventos bíbli- praticamente não chove, é dele que vem a vida. cos. A primeira era uma expectativa de natureza espiri- tual e a segunda tinha a ver com conhecimento. Cairo é uma cidade moderna, construída no século 10, cheia de cores e contradições. As músicas chamam para as re- Começamos, levados pela Hometour, uma sólida zas a partir dos milhares de minaretes espalhados pela cidade, empresa do ramo, sediada em São Paulo, pelo Egito. como torres de vigia. O que mais impressiona é que as pirâmi- des parecem muito próximas, visíveis de vários pontos. NA CIDADE DAS PIRÂMIDES Não parecem próximas; estão mesmo, como os aero- Cairo é uma cidade imensa, com um trânsito ditado portos brasileiros, um dia construídos longe das aglome- pela inexistência de semáforos. Já era noite quando che- rações humanas. 22 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 24. israel belo de azevedo Fomos vê-las, então. Antes de deixar o Cairo, conhecemos uma área cop- ta (o nome da igreja católica ortodoxa no país: copta Quéops, Quéfren e Miquerinos, aqueles nomes que é o nome da antiga língua dos egípcios). Os cristãos aprendemos desde a infância, são mesmo imponentes, mantêm um templo muito antigo e alguns deles mo- sobretudo pelo tamanho e pela antiguidade, levanta- ram neste pequeno bairro. Eles afirmam que Marcos das seis séculos antes de Abraão ou 26 séculos antes de fundou a igreja no país no ano 61. Cristo. Um momento deslumbrante é o passeio (esta tem Certamente todos as conhecemos pelas fotos, mas, que ser a palavra, diante do número colossal de peças de perto, são ainda mais extraordinárias. Na entrada da expostas) pelo museu do Cairo, com suas inscrições, sua esplanada, em colina elevada sobre a cidade do Cai- estátuas e sarcófagos. Também aqui as fotos são pálidas ro, está a grande esfinge de Gizé, como um leão a vigiar representações diante de tanta beleza e riqueza, porque as sepulturas do reis do Egito. não captam os detalhes das peças nem as emoções de quem as vê, mesmo a passos largos, porque há muita Fomos também a outro sítio arqueológico. Menfis. coisa para ver. São muitas as inscrições, daquelas que Champolion decifrou, e enormes as estátuas. Algumas delas o faraó Visitamos também uma loja que mostra como é está com o pé esquerdo à frente, para indicar que estava a fabricação do papiro, a partir da planta do mesmo vivo quando foi representado. Há também estátuas ina- nome, tirada das margens do Nilo. Depois de ver mais cabadas, indicando que ali era uma área de fabricação uma vez a praça Tahir, palco da revolta egípcia moder- de tumbas. na, seguimos para a península do Sinai. Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 23
  • 25. Viagem A Israel RUMO AO SINAI trou com o grande Eu sou-o-que-sou. As montanhas impressionam, menos por sua altura, e mais por suas Nosso caminho se deu no mesmo sentido dos antigos cores avermelhadas em meio ao deserto. No inverno hebreus, pelo deserto, que começa nas cercanias do Cairo. praticamente não ha vegetação. Em torno das poucas existente, ergue-se um mosteiro. Seguindo para o leste, passamos pelo mar Vermelho, sem o ver, primeiro por que está militarizado, dada a Em todos os lugares bíblicos, há uma igreja ou um sua posição estratégica e, segundo, porque a travessia se mosteiro. Nossa guia em Israel, Ziva, nos ajudou a ser dá por um túnel sob o canal de Suez, que não existia ao menos duros com o passado. Se não fossem estas edifi- tempo de Moisés. Depois de atravessar o mar Vermelho, cações, feitas a mando de Helena, a mãe do imperador seguimos por uma rodovia às suas margens, rumo ao sul. Constantino, no século 4, muitos destes sítios seriam Paramos rapidamente num acampamento beduíno, em completamente ignorados. Mara (Êxodo 15.23 e Números 33.9), e passamos, já de noite, por Elim (Êxodo 15.28 e 16.1; Números 33.9-10), No mosteiro (de santa Catarina) do Sinal, há um ar- onde ainda há palmeiras. Então, chegamos ao coração do busto, chamado ainda de sarça, o que indica um pouco Sinai. Já era noite. Rogério Enachev, o coordenador geral da experiência de Moisés. Não fossem tantos os destinos, da viagem, ofereceu uma passeio pelo pico da revelação, ali seria um lugar para oração e meditação. A emoção é o lugar onde se acredita que Moisés tenha recebido as forte quando lemos os textos bíblicos associados ao lu- tábuas da lei. A caminhada seria longa, de meia noite às gar. Fizemos isto sempre quando estivemos em Israel. sete da manhã, pelo que ninguém se arriscou, pelo cansa- ço e pela temperatura, embora todos desejassem. Ainda estávamos no Egito e precisávamos rumar para o sul do Sinai. Ainda paramos às margens do Quando acordamos, pudemos ver, ainda durante mar Vermelho, para uma caminhada pela praia, antes o café, as montanhas do Sinai. São muitas e nunca sa- de atravessar em Taba (a 500 quilômetros do Cairo) a beremos com certeza absoluta onde Moisés se encon- fronteira para Israel. 24 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66
  • 26. israel belo de azevedo NOS DOMÍNIOS DOS lugar é deslumbrante. As fotos também não dão conta EDOMITAS E MOABITAS da beleza construída por mãos humanas. A primeira cidade israelense é Eilat ou Elate (Deu- Dali seguimos pela terra igualmente desértica e teronômio 2.8, 2Reis 14.22, 2Reis 16.6), por onde montanhosa dos moabitas e dos amonitas. Entre as passaram os hebreus, no extremo norte do mar Ver- montanhas, está o monte Hor, no cimo do qual se vê o melho, no golfo de Ácaba. Eilat é uma cidade total- que os jordanianos dizem ser o sepulcro de Arão, locali- mente moderna, com muitos centros comerciais e lo- zado, segundo os egípcios, na península do Sinai. jas de gripes internacionais. Nada nela lembra tempos antigos. Disputas à parte, chegamos a Amã (2Samuel 11.1), habitada por várias civilizações. Há uma antiquíssima Entramos na Jordânia, passando pelos primevos cidadela, de onde se vê as sete colinas sobre as quais se domínios dos edomitas, dos moabitas e dos amonitas. ergue a capital da Jordânia. Voltamos ao deserto, com a estrada cortando as mon- tanhas, habitadas pelos beduínos em suas tendas, algu- Então, preparamo-nos para voltar a Israel. mas com carros à porta, em meio ao rebanho que busca água e pasto. Antes de entrar, pudemos ver Israel, tal como Moi- sés, com a diferença que ele não atravessou o Jordão. Na antiga terra dos edomitas, conhecemos Petra, Subimos o monte Nebo (Deuteronômio 34.1). Não construída nas rochas pelos nabateus, a partir do século há como resistir às làgrimas. Se o tempo estiver claro (e 6 antes de Cristo. Segundo a emissora BBC, de Lon- não foi o caso, nesse dia), do alto é possível ver a terra dres, Petra, descoberta em 1812, é um dos 40 lugares de Israel, do mar Morto ao mar da Galileia. Jericó está que todos devemos ver antes de morrer. Já vi. De fato, o quase em frente, um pouco ao norte. Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66 • 25
  • 27. Viagem A Israel Então começamos a descer. Paramos às margens do mar para ouvir um novo mestre vale por toda a viagem. rio Jordão, em Al-Maghtas (imersão, em árabe). Israel e Tomar um barco e navegar pelo lago em que Jesus cha- Jordânia disputam de que lado foi o local do batismo de mou (Mateus 4.18) e ensinou os seus discípulos a pes- Jesus, que, segundo o Novo Testamento, foi do outro car homens também vale pela viagem. Cantar, com um lado do rio ( João 1.28), isto é, na hoje Jordânia. Os dois grupo, músicas cristãs na praia não é para esquecer. Ver lados têm lugar para batismos. Israel tem a margem um barco do primeiro século resgatado do lago e res- oposta da fronteira com a Jordânia e tem um lugar mais taurado permite uma visão inapagável de uma época. ao alto, apresentado no passado como o lugar mais pro- Almoçar peixe num kitbutz à beira do lago nos trans- vável. Há, no entanto, escavações no lado jordaniano, porta para o Novo Testamento. que tornam plausível estar em Al-Maghtas o lugar do batismo de Jesus. Olhando do Monte das Beatitudes vemos o lago a alguns metros e, mais adiante, as colinas de Golã (Deu- O MAPA DOS INÍCIOS DE JESUS teronômio 4.43). Olhando para o lado oposto, vemos um vale em direção a Nazaré, e então imaginamos Jesus Rumamos para o norte, atravessando o rio Jordão caminhando da cidade onde morava (Lucas 2.23) até (por uma ponte) e entrando de novo em Israel. Chega- Cafanaum (Kefar Nahum -- aldeia de Naum), onde fi- mos a Tiberíades, na Galileia, onde Jesus desenvolveu xou residência à beira-mar (Mateus 4.13). A sinagoga grande parte do seu ministério. onde pregou e a casa de Pedro onde provavelmente re- sidiu nos legaram ruínas (apenas ruínas), recentemente Hospedamo-nos às margens do lago (ou mar) de escavadas e ainda sendo pesquisadas. Permitem uma Tiberíades (ou Genezaré ou Kinereth), com seus 12 bela visão da vida ao tempo do Messias. quilômetros de largura por 24 de comprimento. Para um cristão, é forte a emoção de subir o pequeno mon- Nazaré, a pouco mais de 40 quilômetros de Cafar- te das Beatitudes (Mateus 5 a 7), onde, conforme se naum, ainda existe, amplamente árabe, embora sob do- atribui, Jesus proferiu seu mais poderoso sermão. Ima- mínio israelense. Sob uma igreja, há as ruínas do que se ginar as multidões correndo pelas planícies perto do supõe ser a casa de Maria, José e seus filhos. 26 • Revista da Bíblia • 2T12 • Ano XVII • No 66