SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
Baixar para ler offline
CARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DO MORRO DO
CRUZEIRO E CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO
   DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL (PNM).




                                  Foto: Flávio Paes

                                          SVMA-AT-NuGEO
                Eng. Agrônomo Luiz Roberto de Campos Jacintho
                                      Estagiários de Geografia:
                                   Gustavo Guedes Alcoforado
                                       Natassia Pereira Gomes
                                  Pedro Francisco Pastor Bruno


                Abril, 2004
                 São Paulo
CARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DO MORRO DO CRUZEIRO E
  CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL


      O Morro do Cruzeiro situa-se na Zona Leste do município São Paulo,
próximo à divisa com o município de Mauá, mais especificamente na
subprefeitura de São Mateus, no limite entre os distritos de São Rafael e
Iguatemi. Por sua localização e altitude, no local foram instaladas antenas de
telecomunicações.
      O acesso ao Morro pode ser feito pela Av. Aricanduva, sendo que é
preciso percorrê-la até a Av. Sapopemba, onde se deve dar continuidade pela
Estrada do Rio Claro e então, entrar na Av. dos Sertanistas. Após a ponte do
Córrego Caguaçu, seguir à esquerda, pela rua Prof. Jaçanã Altair e depois pela
rua 1 do Cruzeiro, até chegar às antenas localizadas no Morro.(Mapa 1)
      O acesso ao topo dos morros é feito através de várias trilhas que cortam
a área. Tais trilhas são utilizadas pela população para o lazer contemplativo,
uma vez que o local oferece vista privilegiada de toda a região. Segundo
informações de moradores do local as capoeiras são também procuradas por
caçadores de pássaros e coletores clandestinos de plantas ornamentais.


TOPONÍMIA
      Os morros da região recebem topônimos variados por parte da
população, entre eles há um que recebe o nome de Morro do Sabão, por
motivos relacionados ao meio físico do local, que torna o terreno liso,
dificultando o acesso. No caso do Morro do Cruzeiro, sua toponímia resulta,
ainda segundo informações da população, da queda de avião que ocasionou
algumas    mortes,   levando   a   implantação   de   uma   cruz   no    local.




                                                                             1
MAPA 1- MORRO DO CRUZEIRO: LOCALIZAÇÃO E ACESSO




           Av
             .A
               ric
                  an
                    du
                      va
                                  hfi
                                 Cho
                             ueb
                            Rag
                           Av.
                                  Av
                                    .S
                                      ap




                                                 Est
                                        op




                                                       r. d
                                          em




                                                              oR
                                                                   io C
                                            ba




                                                                          laro
                                                                                 Ja Av
                                                                                   ça P
                                                                                     nã ro
                                                                                       Al fª.
                                                                                         ta
                                                                                           ir
                                                                                                R.
                                                                                                Um
                                                                                                 do
                                                                                                     Cru
                                                                                                      zei
                                                                                                       ro
MEIO FÍSICO
           Na área onde está localizado o Morro do Cruzeiro (coordenadas: Lat.
23º38’10’’ S – Long. 46º25’56’’ W) o relevo é classificado como de Morros
Altos e observa-se que a geomorfologia do terreno apresenta topos aplainados,
em virtude da idade das rochas e do forte intemperismo. Sua altitude chega a
atingir 990m, sendo que as amplitudes1 são de aproximadamente 150m e a
declividade média superior a 30%, podendo ultrapassar 60% em encostas e
vertentes mais íngrimes.
           Vale destacar que no âmbito do município de São Paulo, somente nas
regiões da Serra da Cantareira, do Pico do Jaraguá e do Morro do Cruzeiro são
observadas altitudes superiores a 950 m (Mapa 2).
           Quanto a sua litologia, temos formação de filitos e xistos, rochas que
fazem parte do Complexo Embu. Os solos rasos evidenciam afloramento das
rochas em vários trechos da subida, o que dificulta, de certo modo, o acesso,
pois quando molhadas as rochas tornam-se lisas como o sabão.
           Quanto à hidrografia, a área se encontra numa região de cabeceira de
drenagens, com a presença de grande quantidade de nascentes. Dentre estas
nascentes foram verificadas as do Córrego dos Cochos e do Caguaçu,
pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Aricanduva, estas se encontram nas
vertentes voltadas para o Município de São Paulo. Do               lado   de   Mauá
encontram-se nascentes que fazem parte da drenagem do Córrego Serraria,
que pertence à bacia do Rio Tamanduateí.




1
    Variação entre o menor e o maior valor de altitude observado


                                                                                  3
MAPA 2- HIPSOMETRIA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO




                                            4
VEGETAÇÃO
       Em relação à vegetação do Morro do Cruzeiro e de seu entorno nota-se
que há áreas com capoeiras e campos. Há presença também de áreas
reflorestadas com eucaliptos, sendo que algumas destas áreas estão nas
vertentes de alta declividade. Ainda assim, é possível encontrar áreas com solo
exposto, onde se observa trecho de erosão, que tendem a se estender devido à
fragilidade do terreno.
       As observações preliminares da flora do local permitem verificar alguns
exemplares de vegetação nativa, de formações de floresta ombrófila densa, em
estágio médio de regeneração, conhecidas como capoeiras. Alguns exemplos
são:   Sclerolobium       denudatum    (Passuaré);    Schizolobium         parahyba
(Guapuruvu);     Schinus    terebinthifolia   (Aroeira);   Cecropia        holoeuca
(Embaúba); e Alchornea triplinervia (Tapiá). (Foto 1)


       FOTO 1- Remanescente florestal (Capoeira) no Morro do Cruzeiro.




                                                       Foto: Flávio Paes




                                                                                  5
Vale destacar que os distritos de São Rafael e Iguatemi estão entre os
que apresentam os maiores índices de desmatamento segundo dados do Atlas
Ambiental do Município de São Paulo, sendo que a vegetação da região do
Morro do Cruzeiro está presente no livro Vegetação Significativa Do
Município de São Paulo.


JUSTIFICATIVAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PARQUE NATURAL
MUNICIPAL DO MORRO DO CRUZEIRO
       Visto isto, temos que o Morro do Cruzeiro apresenta-se bastante
singular na paisagem da Zona Leste de São Paulo, de forma a evidenciar a
necessidade de conservação da área.
       Para tanto, há de se considerar também o uso do entorno do Morro que é
constituído tanto por chácaras, quanto por loteamentos irregulares de baixo
padrão (Foto 2). Sabe-se que este último uso gera uma forte pressão urbana


em relação ao Morro que se apresenta como limite de ocupação. A
urbanização na região é bastante problemática, visto que as suas
características geotécnicas oferecem Severas Restrições à ocupação urbana,
conforme a Carta de Aptidão Física do Assentamento Urbano da Emplasa /
IPT.




                                                                             6
FOTO 2- Ocupação urbana no entorno do Morro do Cruzeiro.




                                                 Foto: Flávio Paes
      Outro aspecto importante do uso do entorno, diz respeito à presença do
aterro sanitário municipal São João, que se destaca na paisagem pelo seu
porte. Dado o grande impacto ambiental da operação de um aterro dessas
dimensões, a criação de uma unidade de conservação de uso integral nas suas
adjacências pode atenuar tal impacto. Vale ressaltar que a ampliação desse
aterro vem sendo cogitada pela PMSP, como uma das poucas alternativas
futuras para disposição do lixo doméstico gerado no município de São Paulo.


PROPOSTA INICIAL DE PERÍMETRO
      Um levantamento fundiário da área, realizado pelo DPA-DEAPLA,
mostra (Mapa 3) que ocorrem glebas pertencentes à COHAB (área 4 do Mapa
3), sendo que a área 2 (Mapa 3), apresenta-se em processo de desapropriação
pela PMSP, com vistas à ampliação do aterro São João.




                                                                              7
Com base neste levantamento, combinado com a análise de fotos aéreas
e mapas de hidrografia, sugere-se o limite apontado no mapa 3, como
perímetro a ser melhor identificado.
      A sugestão se justifica tanto pela presença de capoeiras como de
nascentes a serem protegidas, incluindo os dois picos existentes.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
      Dada a contigüidade da área com terrenos pertencentes ao município de
Mauá, parece adequado que algum tipo de ação conjunta com o poder local
daquele município seja implementada.
      Além disso, pelas características da área, pode ser viável a utilização do
programa de créditos de carbono para revegetação e recuperação das áreas
com solo exposto e atualmente sob processos erosivos.
      Finalmente, entendemos que estudos mais detalhados devem ser
elaborados, incluindo levantamentos de flora e fauna, além de um
aprofundamento     do   levantamento     fundiário,   entre   outros,      para
prosseguimento do processo de implantação do PNM do Morro do Cruzeiro.




                                                                              8
MAPA 3- MORRO DO CRUZEIRO: FUNDIÁRIO E LIMITE PROPOSTO




                                                       1
                                  5


                                           2
                       3




                4




                                                             Perímetro proposto (área: 430,5 ha)

                                                             Limites de Propriedades




        ID     Proprietário                    área

             1 Franz Jenay                     1.342000m2
             2 Franz Jenay                     1.244.000m2
             3 Carlos Ferreira de Barros       660.700 m2
             4 Cohab                           935.600m2
             5 Antonio Mikail                  1.021.600m2


                                                 Fonte: DPA-DEAPLA

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RECARGA DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO BRASIL EM D...
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RECARGA DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO BRASIL EM D...CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RECARGA DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO BRASIL EM D...
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RECARGA DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO BRASIL EM D...
fernandameneguzzo
 
3º ano E.M (mod. 24) Brasil: Aspectos naturais
3º ano E.M (mod. 24) Brasil: Aspectos naturais3º ano E.M (mod. 24) Brasil: Aspectos naturais
3º ano E.M (mod. 24) Brasil: Aspectos naturais
Alexandre Alves
 
Relevo Brasileiro
Relevo BrasileiroRelevo Brasileiro
Relevo Brasileiro
ecsette
 
Apresentação yiolanda
Apresentação   yiolandaApresentação   yiolanda
Apresentação yiolanda
Gabriel Reis
 
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
aldeci dos santos
 

Mais procurados (19)

SBGF0108_07
SBGF0108_07SBGF0108_07
SBGF0108_07
 
7. recolha de excertos dos trabalhos de geologia
7. recolha de excertos dos trabalhos de geologia7. recolha de excertos dos trabalhos de geologia
7. recolha de excertos dos trabalhos de geologia
 
Roteiro "Visita de estudo à Penha" 2016
Roteiro "Visita de estudo à Penha" 2016Roteiro "Visita de estudo à Penha" 2016
Roteiro "Visita de estudo à Penha" 2016
 
Composição Química da Litosfera
Composição Química da LitosferaComposição Química da Litosfera
Composição Química da Litosfera
 
A geologia de Paracatu - MG
A geologia de Paracatu - MGA geologia de Paracatu - MG
A geologia de Paracatu - MG
 
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RECARGA DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO BRASIL EM D...
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RECARGA DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO BRASIL EM D...CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RECARGA DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO BRASIL EM D...
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RECARGA DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO BRASIL EM D...
 
2. penha
2. penha2. penha
2. penha
 
RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE ESTRATIGRAFIA
RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE ESTRATIGRAFIARELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE ESTRATIGRAFIA
RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE ESTRATIGRAFIA
 
GEO PSC1 - Solos e Relevo da Amazônia
GEO PSC1 - Solos e Relevo da AmazôniaGEO PSC1 - Solos e Relevo da Amazônia
GEO PSC1 - Solos e Relevo da Amazônia
 
5. da penha vê se o mar
5. da penha vê se o mar5. da penha vê se o mar
5. da penha vê se o mar
 
3º ano E.M (mod. 24) Brasil: Aspectos naturais
3º ano E.M (mod. 24) Brasil: Aspectos naturais3º ano E.M (mod. 24) Brasil: Aspectos naturais
3º ano E.M (mod. 24) Brasil: Aspectos naturais
 
Avaliação de geografia 6 ano 01 e 02 2º período
Avaliação de geografia 6 ano 01 e 02  2º períodoAvaliação de geografia 6 ano 01 e 02  2º período
Avaliação de geografia 6 ano 01 e 02 2º período
 
Relevo Brasileiro
Relevo BrasileiroRelevo Brasileiro
Relevo Brasileiro
 
Apresentação yiolanda
Apresentação   yiolandaApresentação   yiolanda
Apresentação yiolanda
 
ARCO METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGRE
ARCO  METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGREARCO  METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGRE
ARCO METROPOLITANO OESTE DA GRANDE PORTO ALEGRE
 
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
 
GEOLOGIA DE GEOMORFOLOGIA
GEOLOGIA DE GEOMORFOLOGIAGEOLOGIA DE GEOMORFOLOGIA
GEOLOGIA DE GEOMORFOLOGIA
 
Insularização do Cerrado e Mudanças na Comunidade de Lagartos na UHE de Serra...
Insularização do Cerrado e Mudanças na Comunidade de Lagartos na UHE de Serra...Insularização do Cerrado e Mudanças na Comunidade de Lagartos na UHE de Serra...
Insularização do Cerrado e Mudanças na Comunidade de Lagartos na UHE de Serra...
 
Processo 15960 2014 eimcal
Processo 15960 2014 eimcalProcesso 15960 2014 eimcal
Processo 15960 2014 eimcal
 

Destaque

Dossie conj paisag_morro_cruzeiro
Dossie conj paisag_morro_cruzeiroDossie conj paisag_morro_cruzeiro
Dossie conj paisag_morro_cruzeiro
Kelvin Oliveira
 
Teoria 1 farmacoterapia
Teoria 1   farmacoterapiaTeoria 1   farmacoterapia
Teoria 1 farmacoterapia
Carla Granados
 
Estatistica fácil antonio a. crespo pág 000-155
Estatistica fácil   antonio a. crespo pág 000-155Estatistica fácil   antonio a. crespo pág 000-155
Estatistica fácil antonio a. crespo pág 000-155
Brena De La Concepcion
 
Educaoambiental 100108115950-phpapp01
Educaoambiental 100108115950-phpapp01Educaoambiental 100108115950-phpapp01
Educaoambiental 100108115950-phpapp01
Kelvin Oliveira
 

Destaque (20)

Dossie conj paisag_morro_cruzeiro
Dossie conj paisag_morro_cruzeiroDossie conj paisag_morro_cruzeiro
Dossie conj paisag_morro_cruzeiro
 
áLcool
áLcooláLcool
áLcool
 
Edição 12 site
Edição 12 siteEdição 12 site
Edição 12 site
 
Présal fernando
Présal fernandoPrésal fernando
Présal fernando
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
Brukeropplevelse Introduksjon Joergen Dalen
Brukeropplevelse  Introduksjon  Joergen  DalenBrukeropplevelse  Introduksjon  Joergen  Dalen
Brukeropplevelse Introduksjon Joergen Dalen
 
Immunitate sistema
Immunitate sistemaImmunitate sistema
Immunitate sistema
 
Apresentacao arquitetura
Apresentacao arquiteturaApresentacao arquitetura
Apresentacao arquitetura
 
Pescador
PescadorPescador
Pescador
 
Teoria 1 farmacoterapia
Teoria 1   farmacoterapiaTeoria 1   farmacoterapia
Teoria 1 farmacoterapia
 
Encuesta pierre copia
Encuesta pierre   copiaEncuesta pierre   copia
Encuesta pierre copia
 
Apresentacao
ApresentacaoApresentacao
Apresentacao
 
Estatistica fácil antonio a. crespo pág 000-155
Estatistica fácil   antonio a. crespo pág 000-155Estatistica fácil   antonio a. crespo pág 000-155
Estatistica fácil antonio a. crespo pág 000-155
 
Libertad y democracia del cielo no bajan -Función Publica
Libertad y democracia del cielo no bajan -Función PublicaLibertad y democracia del cielo no bajan -Función Publica
Libertad y democracia del cielo no bajan -Función Publica
 
Sistemas mecanicos
Sistemas mecanicosSistemas mecanicos
Sistemas mecanicos
 
Леонид Румянцев - Алгоритмы 2013
Леонид Румянцев - Алгоритмы 2013Леонид Румянцев - Алгоритмы 2013
Леонид Румянцев - Алгоритмы 2013
 
Educaoambiental 100108115950-phpapp01
Educaoambiental 100108115950-phpapp01Educaoambiental 100108115950-phpapp01
Educaoambiental 100108115950-phpapp01
 
Curso blog
Curso blogCurso blog
Curso blog
 
Correcion segundo parcial
Correcion segundo parcialCorrecion segundo parcial
Correcion segundo parcial
 
Genesis voz da verdade
Genesis   voz da verdadeGenesis   voz da verdade
Genesis voz da verdade
 

Mais de Kelvin Oliveira

Mais de Kelvin Oliveira (20)

Cigarro
CigarroCigarro
Cigarro
 
Qg revista a03n13_us
Qg revista a03n13_usQg revista a03n13_us
Qg revista a03n13_us
 
Proc implant
Proc implantProc implant
Proc implant
 
Presal
PresalPresal
Presal
 
Ppoint reciclagem-091020144216-phpapp02
Ppoint reciclagem-091020144216-phpapp02Ppoint reciclagem-091020144216-phpapp02
Ppoint reciclagem-091020144216-phpapp02
 
Poloambientalnazonaleste 091013174118-phpapp02
Poloambientalnazonaleste 091013174118-phpapp02Poloambientalnazonaleste 091013174118-phpapp02
Poloambientalnazonaleste 091013174118-phpapp02
 
Polo58
Polo58Polo58
Polo58
 
Plasticos e-meio-ambiente1819
Plasticos e-meio-ambiente1819Plasticos e-meio-ambiente1819
Plasticos e-meio-ambiente1819
 
Palestra dia d
Palestra dia dPalestra dia d
Palestra dia d
 
Olixourbano 100629124536-phpapp01
Olixourbano 100629124536-phpapp01Olixourbano 100629124536-phpapp01
Olixourbano 100629124536-phpapp01
 
Oficina 1-col-sel-solidaria
Oficina 1-col-sel-solidariaOficina 1-col-sel-solidaria
Oficina 1-col-sel-solidaria
 
Manualaterro 090601063505-phpapp01
Manualaterro 090601063505-phpapp01Manualaterro 090601063505-phpapp01
Manualaterro 090601063505-phpapp01
 
Lixo 1201307853819881-3
Lixo 1201307853819881-3Lixo 1201307853819881-3
Lixo 1201307853819881-3
 
Jr n6
Jr n6Jr n6
Jr n6
 
Jfaculdadeufrj ncepgtiaeweb2-0educaoweb2-0final-090720101147-phpapp01
Jfaculdadeufrj ncepgtiaeweb2-0educaoweb2-0final-090720101147-phpapp01Jfaculdadeufrj ncepgtiaeweb2-0educaoweb2-0final-090720101147-phpapp01
Jfaculdadeufrj ncepgtiaeweb2-0educaoweb2-0final-090720101147-phpapp01
 
Fazendo eco 12[1]
Fazendo eco 12[1]Fazendo eco 12[1]
Fazendo eco 12[1]
 
Evolucao
EvolucaoEvolucao
Evolucao
 
Efeitobumerangue[1]
Efeitobumerangue[1]Efeitobumerangue[1]
Efeitobumerangue[1]
 
Educacao ambiental
Educacao ambientalEducacao ambiental
Educacao ambiental
 
Ecoss%2073
Ecoss%2073Ecoss%2073
Ecoss%2073
 

Relatoriomorrodocruzeiro 091215104835-phpapp01

  • 1. CARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DO MORRO DO CRUZEIRO E CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL (PNM). Foto: Flávio Paes SVMA-AT-NuGEO Eng. Agrônomo Luiz Roberto de Campos Jacintho Estagiários de Geografia: Gustavo Guedes Alcoforado Natassia Pereira Gomes Pedro Francisco Pastor Bruno Abril, 2004 São Paulo
  • 2. CARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DO MORRO DO CRUZEIRO E CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL O Morro do Cruzeiro situa-se na Zona Leste do município São Paulo, próximo à divisa com o município de Mauá, mais especificamente na subprefeitura de São Mateus, no limite entre os distritos de São Rafael e Iguatemi. Por sua localização e altitude, no local foram instaladas antenas de telecomunicações. O acesso ao Morro pode ser feito pela Av. Aricanduva, sendo que é preciso percorrê-la até a Av. Sapopemba, onde se deve dar continuidade pela Estrada do Rio Claro e então, entrar na Av. dos Sertanistas. Após a ponte do Córrego Caguaçu, seguir à esquerda, pela rua Prof. Jaçanã Altair e depois pela rua 1 do Cruzeiro, até chegar às antenas localizadas no Morro.(Mapa 1) O acesso ao topo dos morros é feito através de várias trilhas que cortam a área. Tais trilhas são utilizadas pela população para o lazer contemplativo, uma vez que o local oferece vista privilegiada de toda a região. Segundo informações de moradores do local as capoeiras são também procuradas por caçadores de pássaros e coletores clandestinos de plantas ornamentais. TOPONÍMIA Os morros da região recebem topônimos variados por parte da população, entre eles há um que recebe o nome de Morro do Sabão, por motivos relacionados ao meio físico do local, que torna o terreno liso, dificultando o acesso. No caso do Morro do Cruzeiro, sua toponímia resulta, ainda segundo informações da população, da queda de avião que ocasionou algumas mortes, levando a implantação de uma cruz no local. 1
  • 3. MAPA 1- MORRO DO CRUZEIRO: LOCALIZAÇÃO E ACESSO Av .A ric an du va hfi Cho ueb Rag Av. Av .S ap Est op r. d em oR io C ba laro Ja Av ça P nã ro Al fª. ta ir R. Um do Cru zei ro
  • 4. MEIO FÍSICO Na área onde está localizado o Morro do Cruzeiro (coordenadas: Lat. 23º38’10’’ S – Long. 46º25’56’’ W) o relevo é classificado como de Morros Altos e observa-se que a geomorfologia do terreno apresenta topos aplainados, em virtude da idade das rochas e do forte intemperismo. Sua altitude chega a atingir 990m, sendo que as amplitudes1 são de aproximadamente 150m e a declividade média superior a 30%, podendo ultrapassar 60% em encostas e vertentes mais íngrimes. Vale destacar que no âmbito do município de São Paulo, somente nas regiões da Serra da Cantareira, do Pico do Jaraguá e do Morro do Cruzeiro são observadas altitudes superiores a 950 m (Mapa 2). Quanto a sua litologia, temos formação de filitos e xistos, rochas que fazem parte do Complexo Embu. Os solos rasos evidenciam afloramento das rochas em vários trechos da subida, o que dificulta, de certo modo, o acesso, pois quando molhadas as rochas tornam-se lisas como o sabão. Quanto à hidrografia, a área se encontra numa região de cabeceira de drenagens, com a presença de grande quantidade de nascentes. Dentre estas nascentes foram verificadas as do Córrego dos Cochos e do Caguaçu, pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Aricanduva, estas se encontram nas vertentes voltadas para o Município de São Paulo. Do lado de Mauá encontram-se nascentes que fazem parte da drenagem do Córrego Serraria, que pertence à bacia do Rio Tamanduateí. 1 Variação entre o menor e o maior valor de altitude observado 3
  • 5. MAPA 2- HIPSOMETRIA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO 4
  • 6. VEGETAÇÃO Em relação à vegetação do Morro do Cruzeiro e de seu entorno nota-se que há áreas com capoeiras e campos. Há presença também de áreas reflorestadas com eucaliptos, sendo que algumas destas áreas estão nas vertentes de alta declividade. Ainda assim, é possível encontrar áreas com solo exposto, onde se observa trecho de erosão, que tendem a se estender devido à fragilidade do terreno. As observações preliminares da flora do local permitem verificar alguns exemplares de vegetação nativa, de formações de floresta ombrófila densa, em estágio médio de regeneração, conhecidas como capoeiras. Alguns exemplos são: Sclerolobium denudatum (Passuaré); Schizolobium parahyba (Guapuruvu); Schinus terebinthifolia (Aroeira); Cecropia holoeuca (Embaúba); e Alchornea triplinervia (Tapiá). (Foto 1) FOTO 1- Remanescente florestal (Capoeira) no Morro do Cruzeiro. Foto: Flávio Paes 5
  • 7. Vale destacar que os distritos de São Rafael e Iguatemi estão entre os que apresentam os maiores índices de desmatamento segundo dados do Atlas Ambiental do Município de São Paulo, sendo que a vegetação da região do Morro do Cruzeiro está presente no livro Vegetação Significativa Do Município de São Paulo. JUSTIFICATIVAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO MORRO DO CRUZEIRO Visto isto, temos que o Morro do Cruzeiro apresenta-se bastante singular na paisagem da Zona Leste de São Paulo, de forma a evidenciar a necessidade de conservação da área. Para tanto, há de se considerar também o uso do entorno do Morro que é constituído tanto por chácaras, quanto por loteamentos irregulares de baixo padrão (Foto 2). Sabe-se que este último uso gera uma forte pressão urbana em relação ao Morro que se apresenta como limite de ocupação. A urbanização na região é bastante problemática, visto que as suas características geotécnicas oferecem Severas Restrições à ocupação urbana, conforme a Carta de Aptidão Física do Assentamento Urbano da Emplasa / IPT. 6
  • 8. FOTO 2- Ocupação urbana no entorno do Morro do Cruzeiro. Foto: Flávio Paes Outro aspecto importante do uso do entorno, diz respeito à presença do aterro sanitário municipal São João, que se destaca na paisagem pelo seu porte. Dado o grande impacto ambiental da operação de um aterro dessas dimensões, a criação de uma unidade de conservação de uso integral nas suas adjacências pode atenuar tal impacto. Vale ressaltar que a ampliação desse aterro vem sendo cogitada pela PMSP, como uma das poucas alternativas futuras para disposição do lixo doméstico gerado no município de São Paulo. PROPOSTA INICIAL DE PERÍMETRO Um levantamento fundiário da área, realizado pelo DPA-DEAPLA, mostra (Mapa 3) que ocorrem glebas pertencentes à COHAB (área 4 do Mapa 3), sendo que a área 2 (Mapa 3), apresenta-se em processo de desapropriação pela PMSP, com vistas à ampliação do aterro São João. 7
  • 9. Com base neste levantamento, combinado com a análise de fotos aéreas e mapas de hidrografia, sugere-se o limite apontado no mapa 3, como perímetro a ser melhor identificado. A sugestão se justifica tanto pela presença de capoeiras como de nascentes a serem protegidas, incluindo os dois picos existentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dada a contigüidade da área com terrenos pertencentes ao município de Mauá, parece adequado que algum tipo de ação conjunta com o poder local daquele município seja implementada. Além disso, pelas características da área, pode ser viável a utilização do programa de créditos de carbono para revegetação e recuperação das áreas com solo exposto e atualmente sob processos erosivos. Finalmente, entendemos que estudos mais detalhados devem ser elaborados, incluindo levantamentos de flora e fauna, além de um aprofundamento do levantamento fundiário, entre outros, para prosseguimento do processo de implantação do PNM do Morro do Cruzeiro. 8
  • 10. MAPA 3- MORRO DO CRUZEIRO: FUNDIÁRIO E LIMITE PROPOSTO 1 5 2 3 4 Perímetro proposto (área: 430,5 ha) Limites de Propriedades ID Proprietário área 1 Franz Jenay 1.342000m2 2 Franz Jenay 1.244.000m2 3 Carlos Ferreira de Barros 660.700 m2 4 Cohab 935.600m2 5 Antonio Mikail 1.021.600m2 Fonte: DPA-DEAPLA