O documento explica os elementos iconográficos e simbólicos do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, incluindo a representação da cabeça, rosto, olhos, nariz, boca e outras partes do corpo. Também descreve elementos como a auréola, as linhas douradas e sua significância espiritual dentro da tradição iconográfica.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro iconografia
1. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
(gestos)
CURSO DE MARIOLOGIA
Centro Missionário Redentorista
Organização – Pe. José Grzywacz, CSsR
Salvador – Bahia- Brasil
www.mariologiapopular.blogspot.com
E-mail: jozefgrzywacz@hotmail.com
2. O nosso ícone deve ser explicado no
seu contexto original, ligado com a
iconografia e mariologia oriental, ligado
a Creta e mais ainda aos Balcãs. No
Oriente este tipo de ícone é chamado
Nossa Senhora da Paixão, e expressa
a dimensão pascal.
O ícone de ser “lido” assim como foi
escrito, quer dizer “de fora para
dentro”.
3. A perspectiva é uma ilusão de fundo, a terceira
dimensão. Na perspectiva invertida, no nosso
ícone o ponto de encontro passa do fundo do
ícone para a frente e vai até o lugar de quem
olha. O ícone não tem o fundo, ou o fundo
começa antes do ícone, do lado de fora. Isso se
consegue através das pessoas que vão
diminuindo na direção de quem olha e que se
destaca do fundo dourado. O maior desenho é
de Maria. Os anjos são pintados como se
saíssem do céu.
4. O artista, iconógrafo A obra, ícone
Maria apresentada frontalmente
O espectador
Preparação, meditação Conhecimento do cânon Atitude de fé, predisposição
5. Nos ícones, a cabeça não mantém
nenhuma proporção com as demais partes
do corpo, pois nela radica a inteligência e a
sabedoria, sendo ela a receptoras das
luzes divinas.
A cabeça feminina é apresentada sempre
coberta por um manto ou por algum outro
toque, ocultando por completo os cabelos.
A cabeça
6. Nos ícones do Menino Jesus e de alguns santos
como os de São Nicolau, São Basílio etc., suas
cabaças são representadas com um grande
tamanho e com a frente abaulada significando
que detêm uma inteligência superior e que esta
é assistida pelo Espírito Santo.
As cabeças de Cristo, da Virgem (Teothokos),
dos anjos e santos estão sempre circundadas
por uma auréola, geralmente dourada, que
representa a luz de Deus.
A cabeça
7. Pode-se afirmar, que o centro espiritual do ícone
é o rosto. São apresentados, em geral, voltados
(olhando) para frente, pois a frontalidade
significa presença e, dessa maneira, estão em
contato direto com quem os contempla.
Encontram-se sempre em atitude de oração, já
que seu pensamento está posto no Altíssimo.
Não obstante, parecem estar permanentemente
interrogando a quem deles se
aproxima.
O rosto
8. Algumas vezes os rostos se encontram
numa posição de "três quartos", isto é,
estão voltados para o tema (motivo)
principal do ícone e, ainda assim, seu olhar
dirige-se para frente. Este é o caso da
Virgem de Vladimir e da Virgem da Paixão
em que a cabeça da Mãe está dirigida para
o Filho, porém, seu olhar está orientado
para quem os observa.
O rosto
9. Outro ícone com estas mesmas características é
o de São Lucas em seu ofício de pintor; sua
cabeça está voltada para o trabalho que está
executando, porém, seu olhar está fixo para
frente.
Estas disposições foram expressamente fixadas
pelo "Manual Herminio" que, atualmente, se
encontra conservado em algum monastério
athonita. Alguns rostos são apresentados de
perfil. Sua explicação iconográfica seria que os
personagens assim apresentados não teriam
alcançado ainda a santidade.
10. Exemplo disto temos no ícone da
Natividade, no qual os rostos dos Pastores
apresentam esta configuração.
A iconografia rejeita pintar a parte posterior
dos rostos, isto é, a nuca. Na Grécia
clássica denominavam aos escravos
"aprosopos", que significa «os sem
rosto». Num ícone de São João Batista, o
Precursor, vê-se sua cabeça separada do
corpo porém, seu rosto é perfeitamente
visível.
11. Os olhos das figuras que aparecem nos ícones
são extremamente grandes e emoldurados por
sobrancelhas também arqueadas. Comparado
com o tamanho da cabeça, estão fora de toda
proporção, rompendo medidas antropométricas,
bem como as estabelecidas pela arte ocidental.
Os olhos, como todos os órgãos sensoriais da
face, levam implícito um símbolo baseado no
texto do Evangelho de Lucas no qual se lê « Os
meus olhos viram salvação que vem de Ti»
Os olhos
12. Parecem sempre estar imóveis, pois não apenas
veem, mas vigilam e interrogam, penetrando as
profundezas da alma do espectador.
Os iconógrafos, ao pintá-los dessa forma,
pretendem revelar a verdade, pois, é nesses
olhos de tamanho descomunal que se está
aninhado. Seguem ao pé da letra o que diz no
evangelho: “O olho é a lâmpada do corpo Se teu
olho é são, todo o corpo será bem iluminado; se,
porém, estiver em mau estado, o teu corpo
estará em trevas». (Lc 11,34)
Os olhos
13. O olho é como uma amêndoa em cujo
interior se encontra a íris, representada
por uma esfera achatada, cuja parte
superior não se pode ver, pois está
dentro da pálpebra. A pálpebra inferior
não deve estar unida à superior. Os
olhos em geral são grandes e tendem a
formar um semicírculo. A sobrancelha
é um pouco alta, dando certo
dinamismo.
14. Maria olha diretamente para
você – não para Jesus, nem
para o céu, nem para os anjos
ao lado. Ela olha para você,
como se quisesse lhe falar uma
coisa muito importante. Seus
olhos parecem sérios, até tristes,
mas chamam a atenção.
15. O nariz, órgão do olfato e do início das vias
respiratórias, são apresentados nos ícones
de forma aguda e alargada, quase como
um filamento que liga os olhos à boca. É
pintado de forma a impedir as fragrâncias
do mundo material e para que possa
capturar apenas o odor do sagrado,
servindo como condutor ao hálito do
espírito que deve inundar todo o ser do
personagem representado no ícone.
O nariz
16. Ele será sempre fino, com uma
“gota” em sua extremidade. A
largura das narinas determinará a
largura da boca. A distância entre
a ponta do nariz e o queixo é de
uma medida do nariz e será
dividida em três partes.
O nariz
17. A primeira vai do nariz até o meio
dos lábios. A segunda do meio dos
lábios até a curva do queixo e a
terceira daí à base do queixo.
O nariz será dividido em três
partes, sendo que a base é um
pouco alargada. A parte central é a
mais longa.
18. Fina e levemente mais grossa no
centro, seu tamanho equivale à soma
das duas outras partes. Quando de
meio perfil, apenas uma das narinas
estará aparecendo. O nariz, estreito e
cumprido expressa a nobreza. Não o
interessam os cheiros deste mundo
mas somente Cristo e a brisa do
Espirito Santo.
19. A boca está sempre fechada, nunca
sorrindo. Seu tamanho não deve
ultrapassar a largura do nariz. O lábio
inferior tem a base ligeiramente achatada,
não arredondada. Eles devem ser apenas
esboçados, para tirar a sensualidade da
figura. O lábio inferior receberá uma luz,
sendo sempre um pouco mais claro que o
superior.
A boca
20. A grafia do lábio superior é como um “m” e a
linha do meio acompanha essa forma, não
devendo ser um traço reto.
Alguns filósofos gregos afirmavam que a boca é
a parte mais sensual do corpo. Nela radica o
sentido do paladar, que permite que os mais
sofisticados pratos sejam saborados, e que
sejam rejeitados aqueles que causam
desconforto. Dela é que saem as palavras que
louvam ou insultam.
A boca
21. Com ela se dá a mais apreciada das
carícias humanas, o beijo. Os iconógrafos
quase a anulam como órgão sensorial,
pintando-a extremamente fina, quase como
uma linha com dois pequenos triângulos
que simulam ser lábios. Permanecerá
invariavelmente fechada, pois a verdadeira
oração é silenciosa. Zacarias, no Antigo
Testamento adverte: «Que tudo se cale
diante do Senhor».
22. Num ícone russo, conhecido como
«São João em Silêncio», aparece o
Apóstolo com os dedos de uma de
suas mãos sobre a boca, e a outra
segurando o livro dos Evangelhos. Um
anjo o comunica ao ouvido, ainda que
seus lábios permaneçam fechados,
uma mensagem; a sua pequena mão
assim o adverte.
23. Servem para ouvir os Mandamentos de
Deus, pequenas cobertas com o véu, não
entra o barulho deste mundo.
As orelhas, diz-se que é a única parte do
corpo humano que nunca pára de crescer.
Nas figuras dos ícones estão
representados de duas diferentes
maneiras.
As orelhas
24. Extraordinariamente grande,
particularmente nas imagens de alguns
santos, para indicar que esses
personagens estão atentos para ouvir o
chamado divino. Na maioria dos casos, são
quase totalmente invisíveis, pois, somente
o lóbulo não está coberta pelo manto ou
pelos cabelos. Assim, a imagem
permanece alheia aos ruídos do mundo e
só está atenta às vozes de seu interior.
25. É representado forte e enérgico,
mesmo em figuras femininas.
Nas masculinas se esconde por
detrás de longas barbas,
expressando assim a força do
espírito.
26. É a união da cabeça com as demais
partes do corpo. A iconografia o
representa muito alongado, pois é o
meio pelo qual o corpo recebe o alento
vivificador do Espírito.
27. Geralmente aparecem cobertos pelo manto,
túnica ou vestimentas litúrgicas, até abaixo
do punho. Apenas no ícone da «Natividade
da Virgem», duas figuras femininas
aparecem com os braços descobertos e
sem auréola, indicando que estas mulheres
estão ao serviço da figura principal do
ícone.
BRAÇOS e dedos
28. Da parte inferior da manga surgem as
mãos cujo significado dependerá da
posição delas ou de seus dedos. Os
dedos serão sempre muito longos e
finos para simularserem os cabos
condutores da energia espiritual. Neles
também reside o poder, pois com o
dedo indicador, sinaliza-se, indica-se e
ordena-se.
29. No ícone da Virgem da Paixão ou «Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro», como é
conhecido no Ocidente, os dedos de sua mão
esquerda estão juntos e apontam para o Menino.
Esta mão alongada representa o «Caminho»,
pois aponta para Cristo-Menino, manifestando,
assim, as palavras do Evangelho «Eu sou o
Caminho a Verdade e a Vida». Da sua mão
direita, observa-se apenas quatro dedos que
estão postos com as suas pontas para cima,
sinalizando também para o Menino, o anterior
indica que o que foi escrito nos Quatro
Evangelhos é a sua Palavra.
30. Em outros ícones da Teothokos pode se
observar a presença destes mesmos
símbolos.
Quando as mãos aparecem mostrando as
suas palmas simboliza uma súplica, uma
oração. Quando um mendigo nos solicita
uma ajuda, o fará mostrando a palma de
sua mão estendida. No ícone da «Deesis»
ou «Súplica», aparecem, tanto a Virgem
como São João Batista (O Precursor) com
as mãos nessa posição.
31. A auréola = nimbo é um círculo
que se coloca acerca das cabeças
das pessoas divinas, ou
santificadas. A aureola de Maria é
redonda e luzente como o sol e tem
os elementos ornamentais, que
expressas o feminino.
A auréola
32. A estrela de 08 pontas lembra a estral
de Belém. A outra estela em forma da
cruz expressa a participação de Maria
na obra da Redenção. A estrela de oito
pontas sobre a sua fronte foi
provavelmente acrescentada por um
artista posterior, para representar o
conceito oriental de que Maria é a
estrela que na guia até Jesus.
A estrela
33. Criam o ar solene, divino. Visualmente, diz
Florensky, a pintura e o ouro pertencem a
esferas diferentes de existência e é exatamente
dessa diferença que o iconógrafo faz uso. As
linhas de ouro (assist) aplicadas às vestes, não
correspondem a quaisquer linhas visíveis, como
pregas ou no caso de tronos, às diferenças de
planos. Florensky está convencido de que elas
representam o sistema de linhas potenciais da
estrutura energética do objeto, semelhantemente
às linhas de força de um campo magnético.
As linhas douradas
34. Assim, elas nunca podem ser aplicadas a
todos os objetos representados no ícone.
São em número limitado e, na maior parte
dos casos, aplicadas às vestes do Salvador
(seja criança ou adulto), à Bíblia, ao Trono
do Salvador, ao assento dos anjos no ícone
da Trindade e aos próprios anjos. De um
modo geral, o ouro num ícone representa a
luz divina
35. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
(gestos)
CURSO DE MARIOLOGIA
Centro Missionário Redentorista
Organização – Pe. José Grzywacz, CSsR
Salvador – Bahia- Brasil
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