Este documento resume um livro chamado "A Visão Transformadora" de B. Walsh e R. Middleton. Ele discute os pontos positivos e negativos do livro. Os principais pontos positivos são que o livro é abrangente, atual e crítico em sua análise das cosmovisões ocidentais. Os principais pontos negativos são uma visão reducionista da queda humana e uma resposta cristã cultural vista como muito restrita.
1. RESENHA DO LIVRO “A VISÃO TRANSFORMADORA”
DE B. WALSH E R. MIDDLETON.
Visão Transformadora é um chamado para entendermos a maneira de pensar
e de viver a partir de nossas cosmovisões. Todos temos cosmovisões, e vivemos a
partir delas e a realidade da própria sociedade e da igreja é um carimbo de seus
efeitos. A proposta de Walsh e Middleton é, em poucas palavras, entender o que
está errado na cosmovisão cristã – ou o porquê ela está ineficiente –, e propor uma
cosmovisão bíblica que produza uma renovação cultural mais visível, principalmente
na cultura ocidental. A partir deste breve índice do livro, aponto na minha
compreensão quais são os pontos positivos e negativos do livro.
Pontos positivos
1. Abrangente. O livro é recheado com ilustrações de cosmovisões
provavelmente desconhecidas do público ocidental. Desde a cosmovisão que
permeia o Japão, povos indígenas e uma análise bem fundamentada principalmente
da cultura ocidental. Uma breve olhada na bibliografia do livro nos fará perceber a
quantidade de material pesquisado e a diversidade das áreas mencionadas seja em
cosmovisão, ciências, biologia, física, medicina, agricultura, religião, filosofia, artes,
literatura, economia e muitas outras.
2. Atual. É um livro que trás uma reflexão séria dos porquês de o mundo
ocidental estar como está, e quais são os seus fundamentos. A conclusão que o
autor chega, por intermédio de teólogos, economistas, literatos, filósofos, políticos e
apologetase entre outros, é que a cultura do ocidente é decadente por ser
governada pelo cientificismo, o tecnicismo e o economismo. Os autores trazem uma
reflexão séria das origens da cultura ocidental e a sua rumada para o decadente
“progresso”.
3. Crítico. Os autores expõem suas opiniões com inteligência e
assertividade. Eu, particularmente gosto da maneira como eles analisam e
contrapõem tanto as cosmovisões anti-cristãs, com dedicada perícia, evidências
atuais, estilo elegante e teóricos de peso. Além de alegar a autoridade das
Escrituras para cada ponto específico.
4. Teologia bíblico-reformada. O livro é rico em conceitos cristãos que
foram mais bem desenvolvidos no período da reforma protestante, e em especial
pelo calvinismo. Eles são vistos no capítulo 2, na parte dos fundamentos da
1
2. RESENHA DO LIVRO “A VISÃO TRANSFORMADORA”
DE B. WALSH E R. MIDDLETON.
cosmovisão bíblica: criação, queda e redenção. Conceitos fundamentais positivos no
livro são: 1. Soberania de Deus; 2. Holismo; 3. Teologia da Aliança; 4. Mandato
cultural; 5. Mordomia cristã; 6. Conceito de restauração de todas as coisas. Percebe-
se boa base bíblica para a fundamentação destes conceitos conferindo muita
credibilidade histórica e teológica ao livro.
5. Desafiador. Por mais que o livro seja marcado por conteúdo teórico
denso ele não deixa de ser desafiador para a nossa maneira de viver. Os autoresnos
desafiama comparar outras cosmovisões com critérios filosóficos e existenciais no
capítulo sobre a análise de outras cosmovisões e desafiar nossa mente de que
cosmovisão é um fenômeno cotidiano, um comprometimento de cada ser, pois se
compromete em responder 4 perguntas vitais para a vida: Quem sou eu? Onde
estou? O que está errado? Qual é a solução?
Além de nos apresentarsuas respostas, os autores nos dirigem às respostas
que tem sido oferecidas pelo secularismo e em grande medida demonstram suas
falhas e a insatisfação que ela produz em nosso mundo. Tais constatações feitas por
Walsh e Middleton nos provocam para uma resposta cristã cultural mais eficiente e
transformadora para a nossa cultura.
Pontos negativos
1. Conceito reducionista de queda. Uma das coisas que me deixou em
alguma medida decepcionado com o livro foi a sua concepção idolátrica de queda.
Foram 9 páginas para tal no cap. 4, sendo que apenas 4 páginas falaram
abertamente sobre o assunto num conceito abreviado de idolatria.
Não discordo do conceito “idolatria” como ponto central da queda, mas parece
que isso serve de base para o fio condutor do livro, que é o viés central em rejeitar o
crescimento econômico e a busca por lucro, rejeitar os avanços tecnológicos, e
rejeitar a economia livre. O autor deliberadamente se vale de 39 páginas, 101-139,
para asseverar que esses elementos supracitados são os ídolos que devem ser
combatidos por uma verdadeira cosmovisão cristã.
Na minha opinião, isso é um reducionismo do conceito de queda e de sua
aplicação para o mundo ocidental. Embora os autores rejeitem a cosmovisão
marxista, ficou claro que o grande avanço que a cosmovisão cristã traria para a
2
3. RESENHA DO LIVRO “A VISÃO TRANSFORMADORA”
DE B. WALSH E R. MIDDLETON.
sociedade seria acabar com o capitalismo, a propriedade privada e o tecnicismo, ou
em outras palavras, acabar com a mentalidade de “progresso” da América do Norte.
Não discordo de todas as opiniões dos autores, no entanto, muita ênfase é
dada que estes são os problemas ou pecados que separam o mundo de uma
renovação cultural, ao que discordo.Há outros problemas como o narcisismo, a crise
espiritual, ética e política do ocidente, a influência islâmica no mundo urbano a
apropriação da religião panteísta pelo ocidente entre outros.
2. Uma resposta cristã cultural restrita. Acho muito positiva a ideia de
uma resposta cristã para todas as dimensões da nossa cultura. Acho muito positivo
o conceito de não apenas desenvolver nosso trabalho em todas as dimensões, mas
de formar uma cultura cristã em cada uma dessas dimensões. Porém, a contra
resposta destas duas ideias em revide à problematização (cientificismo, tecnicismo e
economismo) feita pelos autores é desequilibrada.
O livro até reconhece se, de fato, há algo de substancial que pode ser feito a
esse respeito e responde afirmativamente, contudo, a viabilidade para isso é
basicamente teórica: ser um acadêmico cristão.
Rejeitar os ídolos teóricos da cultura ocidental, empenhar-se no
academicismo com uma pressuposição cristã e estruturar uma filosofia cristã.
Basicamente é isso. Não sou contra nenhuma destas três coisas. O trabalho
universitário e o investimento na educação tem se mostrado um grande motor para a
transformação de uma cultura, mas em minha opinião é uma resposta cristã cultural
muito curta e restrita para o tamanho do problema erguido. O que uma pessoa que
não é acadêmica, não trabalha na universidade pode contribuir para uma resposta
cristã cultural?
CONCLUSÃO
Penso serem estes os pontos positivos e negativos do livro. Há que se notar
cinco pontos positivos e apenas dois negativos. Embora eu entenda que os dois
pontos negativos sejam obstáculos de algum peso sobre a obra – o primeiro maior
do que o segundo –, esse fator não desmerece a abordagem global do livro. Ele é
uma iniciativa maravilhosa para a reflexão sobre cosmovisão cristã, trouxe insights
3
4. RESENHA DO LIVRO “A VISÃO TRANSFORMADORA”
DE B. WALSH E R. MIDDLETON.
muito válidos para a amplitude dos meus conhecimentos, conscientizou-me dos
obstáculos à frente e de algumas respostas possíveis a eles.
4