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Franz Kafka
A metamorfose.
• Franz Kafka (Praga, 3 de julho de 1883) foi um
dos maiores escritores de ficção do século XX.
Kafka era de origem judaica, nasceu em
Praga, Áustria-Hungria (atual República
Checa), e escrevia em língua alemã. O
conjunto de seus textos— na maioria
incompletos e publicados postumamente —
situa-se entre os mais influentes da literatura
ocidental.
Literatura Fantástica.
• O termo “fantástico”, presente no título deste
verbete, é oriundo do latim phantasticus (-a,um), que, por sua vez, provém do grego
φανταστικός (phantastikós) - ambas as palavras
provenientes de "fantasia". Refere-se ao que é
criado pela imaginação, o que não existe na
realidade. É aplicável a um objeto como a
literatura, pois o universo da literatura, por mais
que se tente aproximá-la do real, está limitado ao
fantasioso e ao ficcional. Todo texto fantástico
tem
elementos
inverossímeis, imaginários, distantes da realidade
dos homens.
• CAPÍTULO I
• Numa manhã, ao despertar de sonhos
inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama
transformado num gigantesco inseto. Estava
deitado sobre o dorso, tão duro que parecia
revestido de metal, e, ao levantar um pouco a
cabeça, divisou o arredondado ventre castanho
dividido em duros segmentos arqueados, sobre o
qual a colcha dificilmente mantinha a posição e
estava a ponto de escorregar. Comparadas com o
resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram
miseravelmente
finas,
agitavam-se
desesperadamente diante de seus olhos.
• Que me aconteceu? - pensou. Não era um
sonho. O quarto, um vulgar quarto
humano, apenas bastante acanhado, ali
estava, como de costume, entre as quatro
paredes que lhe eram familiares. Por cima da
mesa, onde estava deitado, desembrulhada e
em completa desordem, uma série de
amostras de roupas: Samsa era caixeiroviajante, estava pendurada a fotografia que
recentemente recortara de uma revista
ilustrada e colocara numa bonita moldura
dourada.
• Mostrava uma senhora, de chapéu e estola de
peles, rigidamente sentada, a estender ao
espectador um enorme regalo de peles, onde
o antebraço sumia!
• Gregor desviou então a vista para a janela e deu
com o céu nublado - ouviam-se os pingos de
chuva a baterem na calha da janela e isso o fez
sentir-se bastante melancólico. Não seria melhor
dormir um pouco e esquecer todo este delírio? cogitou. Mas era impossível, estava habituado a
dormir para o lado direito e, na presente
situação, não podia virar-se. Por mais que se
esforçasse por inclinar o corpo para a
direita, tornava sempre a rebolar, ficando de
costas. Tentou, pelo menos, cem vezes, fechando
os olhos, para evitar ver as pernas a debateremse, e só desistiu quando começou a sentir no
flanco uma ligeira dor entorpecida que nunca
antes experimentara.
Bibliografia
• KAFKA, Franz. A Metarmofose; retirado em:
http://www.culturabrasil.org/zip/metamorfos
e.pdf Acesso em: 15/01/2014.

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  • 3. • Franz Kafka (Praga, 3 de julho de 1883) foi um dos maiores escritores de ficção do século XX. Kafka era de origem judaica, nasceu em Praga, Áustria-Hungria (atual República Checa), e escrevia em língua alemã. O conjunto de seus textos— na maioria incompletos e publicados postumamente — situa-se entre os mais influentes da literatura ocidental.
  • 4. Literatura Fantástica. • O termo “fantástico”, presente no título deste verbete, é oriundo do latim phantasticus (-a,um), que, por sua vez, provém do grego φανταστικός (phantastikós) - ambas as palavras provenientes de "fantasia". Refere-se ao que é criado pela imaginação, o que não existe na realidade. É aplicável a um objeto como a literatura, pois o universo da literatura, por mais que se tente aproximá-la do real, está limitado ao fantasioso e ao ficcional. Todo texto fantástico tem elementos inverossímeis, imaginários, distantes da realidade dos homens.
  • 5. • CAPÍTULO I • Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos.
  • 6.
  • 7. • Que me aconteceu? - pensou. Não era um sonho. O quarto, um vulgar quarto humano, apenas bastante acanhado, ali estava, como de costume, entre as quatro paredes que lhe eram familiares. Por cima da mesa, onde estava deitado, desembrulhada e em completa desordem, uma série de amostras de roupas: Samsa era caixeiroviajante, estava pendurada a fotografia que recentemente recortara de uma revista ilustrada e colocara numa bonita moldura dourada.
  • 8.
  • 9. • Mostrava uma senhora, de chapéu e estola de peles, rigidamente sentada, a estender ao espectador um enorme regalo de peles, onde o antebraço sumia!
  • 10.
  • 11. • Gregor desviou então a vista para a janela e deu com o céu nublado - ouviam-se os pingos de chuva a baterem na calha da janela e isso o fez sentir-se bastante melancólico. Não seria melhor dormir um pouco e esquecer todo este delírio? cogitou. Mas era impossível, estava habituado a dormir para o lado direito e, na presente situação, não podia virar-se. Por mais que se esforçasse por inclinar o corpo para a direita, tornava sempre a rebolar, ficando de costas. Tentou, pelo menos, cem vezes, fechando os olhos, para evitar ver as pernas a debateremse, e só desistiu quando começou a sentir no flanco uma ligeira dor entorpecida que nunca antes experimentara.
  • 12. Bibliografia • KAFKA, Franz. A Metarmofose; retirado em: http://www.culturabrasil.org/zip/metamorfos e.pdf Acesso em: 15/01/2014.