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Vida e obra…
 Nascido a 13 de Junho de 1888, em Lisboa 
 Vivia com o pai, a mãe, a avó (doente 
mental) e duas criadas 
 Foi batizado em 21 de Julho, no chiado. 
 do nome Fernando António encontra-se 
relacionada a Santo António 
 No dia 24 de Julho, o seu pai morre com 43 
anos vítima de tuberculose
 O primeiro pseudónimo de Pessoa, Chevalier 
de Pas aparece nesta altura 
 Ainda no mesmo ano cria o seu primeiro 
poema,” À Minha Querida Mamã” 
 A sua mãe casa-se pela segunda vez em 1895, 
com o comandante João Miguel Rosa 
 Após o casamento, Pessoa e a sua família 
foram viver para a África do sul em Durban
 Em África, Pessoa viria a demonstrar possuir 
desde cedo habilidades para a literatura 
 A mãe tinha que dividir a sua atenção 
com os filhos e o padrasto, Pessoa 
isola-se, o que lhe propiciava 
momentos de reflexão
 Em Durban recebe uma educação 
britânica 
 Com excepção de Mensagem, os 
únicos livros publicados em vida são 
os das colectâneas dos seus poemas 
ingleses 
 Fez o curso primário na escola de 
freiras irlandesas da West Street
 Cria o pseudónimo Alexander Search 
 Após o falecimento da irmã, Pessoa e 
a sua família voltam a Portugal, onde 
escreve a poesia Quando ela passa 
 Fernando Pessoa permanece em 
Lisboa enquanto todos regressam 
para Durban volta a juntar-se a 
família em 1903
 escreve poesia e prosa em inglês e surgem 
os heterónimos Charles Robert Anon e H. 
M. F. Lecher 
 Encerra os seus bem sucedidos estudos na 
África do Sul após realizar na 
Universidade o «Intermediate 
Examination in Arts», adquirindo bons 
resultados
 Deixando a família em Durban, regressou 
definitivamente à capital portuguesa, em 
1905 
 Continua a produção de poemas em inglês 
 Em 1906 matricula-se no Curso Superior de 
Letras 
 Em Agosto de 1907, morre a sua avó 
Dionísia, deixando-lhe uma pequena 
herança
 Em 1908, dedica-se à tradução de 
correspondência comercial 
 Inicia a sua actividade de crítico literário com a 
publicação, em 1912, na revista «Águia», do 
artigo «A nova poesia portuguesa 
sociologicamente considerada» 
 Pessoa é internado no dia 29 de Novembro de 
1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, 
com diagnóstico de "cólica hepática"
 No dia 30 de Novembro morre aos 47 anos 
(associada a uma cirrose hepática provocada 
pelo óbvio excesso de álcool ao longo da sua 
vida) 
 Nos últimos momentos da sua vida pede os 
óculos e clama pelos seus heterónimos. A sua 
última frase é escrita no idioma no qual foi 
educado, o inglês: I know not what tomorrow will 
bring ("Eu não sei o que o amanhã trará").
 Podemos dizer que a vida do poeta foi 
dedicada a criar e que, de tanto criar, criou 
outras vidas através dos seus heterónimos 
 Alguns críticos questionam se Pessoa 
realmente teria transparecido o seu verdadeiro 
eu, ou se tudo não tivesse passado de mais um 
produto da sua vasta criação
 O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa 
declara que Fernando Pessoa foi "o enigma em 
pessoa“ 
 Nas próprias palavras do poeta, ditas pelo 
heterónimo Bernardo Soares, "minha pátria é a 
língua portuguesa “ 
 Ou então, através de um poema: 
“Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar 
Quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da 
Civilização e o alargamento da consciência da humanidade.”
 Sobre Fernando Pessoa, o poeta mexicano 
galardoado com o Nobel da Literatura, Octavio 
Paz, diz que "os poetas não têm biografia, a sua 
obra é a sua biografia" 
 Na comemoração do centenário do seu 
nascimento em 1988, o seu corpo foi 
transladado para o Mosteiro dos Jerónimos, 
confirmando o reconhecimento que não teve 
em vida.
 Possuía ligações com o ocultismo e o 
misticismo, salientando-se a Maçonaria e a 
Rosa-Cruz 
 O seu poema hermético mais conhecido e 
apreciado entre os estudantes de esoterismo 
intitula-se "No Túmulo de Christian 
Rosenkreutz" 
 Tinha o hábito de fazer consultas astrológicas 
para si mesmo
 A obra ortónima de Pessoa passou por 
diferentes fases, mas envolve basicamente a 
procura de um certo patriotismo perdido 
 O ortónimo foi profundamente influenciado, 
em vários momentos, por doutrinas religiosas 
 A principal obra de "Pessoa ele-mesmo" é 
Mensagem, uma colectânea de poemas sobre os 
grandes personagens históricos portugueses
Álvaro de Campos 
Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a 
manifestar fases poéticas diferentes ao longo da sua 
obra. Era um engenheiro de educação inglesa e origem 
portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um 
estrangeiro em qualquer parte do mundo. 
Começa a sua trajectória como um decadentista 
(influenciado pelo Simbolismo), mas logo adere ao 
Futurismo. Após uma série de desilusões com a 
existência, assume uma veia Intimista/Pessimista, 
expressa naquele que é considerado um dos poemas 
mais conhecidos e influentes da língua portuguesa, 
Tabacaria.
Ricardo Reis 
O heterónimo Ricardo Reis é descrito como sendo um 
médico que se definia como latinista e monárquico. De 
certa maneira, simboliza a herança clássica na literatura 
ocidental, expressa na simetria, harmonia, um certo 
bucolismo, com elementos epicuristas e estóicos. O fim 
inexorável de todos os seres vivos é uma constante na 
sua obra, clássica, depurada e disciplinada. 
Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em 
protesto à proclamação da República em Portugal e 
não se sabe o ano de sua morte.
Alberto Caeiro 
Caeiro, por seu lado, nascido em Lisboa teria vivido 
quase toda a vida como camponês, quase sem estudos 
formais, teve apenas a instrução primária, mas é 
considerado o mestre entre os heterónimos (pelo 
ortónimo, inclusive). Morreram-lhe o pai e a mãe, e ele 
deixou-se ficar em casa com uma tia-avó, vivendo de 
modestos rendimentos. Morreu de tuberculose. Dos 
principais heterónimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi 
o único a não escrever em prosa. Alegava que somente 
a poesia seria capaz de dar conta da realidade.
 Numa tarde em que José Régio tinha 
combinado encontrar-se com Pessoa, este 
apareceu, como de costume, com algumas 
horas de atraso, declarando ser Álvaro de 
Campos, pedindo perdão por Pessoa não ter 
podido aparecer ao encontro.
 Pessoa media 1,73 m de altura, de acordo com 
o seu Bilhete de Identidade 
 O assento de óbito de Pessoa indica como causa 
da morte "bloqueio intestinal" 
 A Universidade Fernando Pessoa (UFP), com 
sede no Porto, foi criada em homenagem ao 
poeta
O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente. 
E os que lêem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm. 
E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração.
Auto + psico + grafia 
Auto: de si próprio 
Psico: intimo/sentimental 
Grafia: escrita
1ª estrofe – o poeta sente uma dor, mas só 
passado algum tempo é que passa para o 
papel. Logo, há 1 transfiguração da dor 
sentida, numa dor que é já pensada 
1º verso - é a partir deste verso que o poema 
se vai desenrolar 
Fingidor - para Pessoa, fingidor não e 
aquele que engana: é aquele que 
cria/transfigura.
2ªestrofe – o leitor só tem acesso à dor que o 
poeta nos quer fazer sentir 
1º verso – o leitor não sente a dor real, 
porque esta pertence ao poeta 
2º verso – não sente a dor imaginária 
porque esta pertence ao seu criador 
3º verso – ele sente que ele próprio sentiu 
4º verso – o leitor só sente a dor lida
3ª estrofe – é a conclusão explica o papel do 
coração (do sentimento) e da inteligência (da 
razão). 
2-coração- vai entreter a razão
 Análise formal do poema 
Neste poema, a estrutura externa pode ser 
explicada da seguinte forma: estamos 
perante um poema de versificação 
tradicional (feita através de quadras) regular, 
e composto por três quadras 
 Esquema rimático: ABABCDCDEFEF 
-rima cruzada 
 Métrica:”o| poe|ta| é| um| fin|gi|dor” 
-Redondilha maior
 Figuras de estilo 
Hipérbato – consiste na separação de palavras 
que pertencem ao mesmo segmento por outras 
palavras não pertencentes a este lugar: 
“E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração”
 Figuras de estilo 
Perífrase – consiste em utilizar uma expressão 
composta por vários elementos em vez do 
emprego de um só termo: 
“Os que lêem o que escreve”
 Figuras de estilo 
Metáfora – consiste em igualar ou aproximar 
dois termos que pertencem à mesma categoria 
sintáctica mas cujos traços se excluem 
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“Gira, a entreter a razão/Esse comboio de 
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  • 2.  Nascido a 13 de Junho de 1888, em Lisboa  Vivia com o pai, a mãe, a avó (doente mental) e duas criadas  Foi batizado em 21 de Julho, no chiado.  do nome Fernando António encontra-se relacionada a Santo António  No dia 24 de Julho, o seu pai morre com 43 anos vítima de tuberculose
  • 3.  O primeiro pseudónimo de Pessoa, Chevalier de Pas aparece nesta altura  Ainda no mesmo ano cria o seu primeiro poema,” À Minha Querida Mamã”  A sua mãe casa-se pela segunda vez em 1895, com o comandante João Miguel Rosa  Após o casamento, Pessoa e a sua família foram viver para a África do sul em Durban
  • 4.  Em África, Pessoa viria a demonstrar possuir desde cedo habilidades para a literatura  A mãe tinha que dividir a sua atenção com os filhos e o padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe propiciava momentos de reflexão
  • 5.  Em Durban recebe uma educação britânica  Com excepção de Mensagem, os únicos livros publicados em vida são os das colectâneas dos seus poemas ingleses  Fez o curso primário na escola de freiras irlandesas da West Street
  • 6.  Cria o pseudónimo Alexander Search  Após o falecimento da irmã, Pessoa e a sua família voltam a Portugal, onde escreve a poesia Quando ela passa  Fernando Pessoa permanece em Lisboa enquanto todos regressam para Durban volta a juntar-se a família em 1903
  • 7.  escreve poesia e prosa em inglês e surgem os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher  Encerra os seus bem sucedidos estudos na África do Sul após realizar na Universidade o «Intermediate Examination in Arts», adquirindo bons resultados
  • 8.  Deixando a família em Durban, regressou definitivamente à capital portuguesa, em 1905  Continua a produção de poemas em inglês  Em 1906 matricula-se no Curso Superior de Letras  Em Agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança
  • 9.  Em 1908, dedica-se à tradução de correspondência comercial  Inicia a sua actividade de crítico literário com a publicação, em 1912, na revista «Águia», do artigo «A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada»  Pessoa é internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, com diagnóstico de "cólica hepática"
  • 10.  No dia 30 de Novembro morre aos 47 anos (associada a uma cirrose hepática provocada pelo óbvio excesso de álcool ao longo da sua vida)  Nos últimos momentos da sua vida pede os óculos e clama pelos seus heterónimos. A sua última frase é escrita no idioma no qual foi educado, o inglês: I know not what tomorrow will bring ("Eu não sei o que o amanhã trará").
  • 11.  Podemos dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que, de tanto criar, criou outras vidas através dos seus heterónimos  Alguns críticos questionam se Pessoa realmente teria transparecido o seu verdadeiro eu, ou se tudo não tivesse passado de mais um produto da sua vasta criação
  • 12.  O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa declara que Fernando Pessoa foi "o enigma em pessoa“  Nas próprias palavras do poeta, ditas pelo heterónimo Bernardo Soares, "minha pátria é a língua portuguesa “  Ou então, através de um poema: “Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar Quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da Civilização e o alargamento da consciência da humanidade.”
  • 13.  Sobre Fernando Pessoa, o poeta mexicano galardoado com o Nobel da Literatura, Octavio Paz, diz que "os poetas não têm biografia, a sua obra é a sua biografia"  Na comemoração do centenário do seu nascimento em 1988, o seu corpo foi transladado para o Mosteiro dos Jerónimos, confirmando o reconhecimento que não teve em vida.
  • 14.  Possuía ligações com o ocultismo e o misticismo, salientando-se a Maçonaria e a Rosa-Cruz  O seu poema hermético mais conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se "No Túmulo de Christian Rosenkreutz"  Tinha o hábito de fazer consultas astrológicas para si mesmo
  • 15.  A obra ortónima de Pessoa passou por diferentes fases, mas envolve basicamente a procura de um certo patriotismo perdido  O ortónimo foi profundamente influenciado, em vários momentos, por doutrinas religiosas  A principal obra de "Pessoa ele-mesmo" é Mensagem, uma colectânea de poemas sobre os grandes personagens históricos portugueses
  • 16. Álvaro de Campos Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo da sua obra. Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo. Começa a sua trajectória como um decadentista (influenciado pelo Simbolismo), mas logo adere ao Futurismo. Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia Intimista/Pessimista, expressa naquele que é considerado um dos poemas mais conhecidos e influentes da língua portuguesa, Tabacaria.
  • 17. Ricardo Reis O heterónimo Ricardo Reis é descrito como sendo um médico que se definia como latinista e monárquico. De certa maneira, simboliza a herança clássica na literatura ocidental, expressa na simetria, harmonia, um certo bucolismo, com elementos epicuristas e estóicos. O fim inexorável de todos os seres vivos é uma constante na sua obra, clássica, depurada e disciplinada. Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em protesto à proclamação da República em Portugal e não se sabe o ano de sua morte.
  • 18. Alberto Caeiro Caeiro, por seu lado, nascido em Lisboa teria vivido quase toda a vida como camponês, quase sem estudos formais, teve apenas a instrução primária, mas é considerado o mestre entre os heterónimos (pelo ortónimo, inclusive). Morreram-lhe o pai e a mãe, e ele deixou-se ficar em casa com uma tia-avó, vivendo de modestos rendimentos. Morreu de tuberculose. Dos principais heterónimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi o único a não escrever em prosa. Alegava que somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.
  • 19.  Numa tarde em que José Régio tinha combinado encontrar-se com Pessoa, este apareceu, como de costume, com algumas horas de atraso, declarando ser Álvaro de Campos, pedindo perdão por Pessoa não ter podido aparecer ao encontro.
  • 20.  Pessoa media 1,73 m de altura, de acordo com o seu Bilhete de Identidade  O assento de óbito de Pessoa indica como causa da morte "bloqueio intestinal"  A Universidade Fernando Pessoa (UFP), com sede no Porto, foi criada em homenagem ao poeta
  • 21. O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração.
  • 22. Auto + psico + grafia Auto: de si próprio Psico: intimo/sentimental Grafia: escrita
  • 23. 1ª estrofe – o poeta sente uma dor, mas só passado algum tempo é que passa para o papel. Logo, há 1 transfiguração da dor sentida, numa dor que é já pensada 1º verso - é a partir deste verso que o poema se vai desenrolar Fingidor - para Pessoa, fingidor não e aquele que engana: é aquele que cria/transfigura.
  • 24. 2ªestrofe – o leitor só tem acesso à dor que o poeta nos quer fazer sentir 1º verso – o leitor não sente a dor real, porque esta pertence ao poeta 2º verso – não sente a dor imaginária porque esta pertence ao seu criador 3º verso – ele sente que ele próprio sentiu 4º verso – o leitor só sente a dor lida
  • 25. 3ª estrofe – é a conclusão explica o papel do coração (do sentimento) e da inteligência (da razão). 2-coração- vai entreter a razão
  • 26.  Análise formal do poema Neste poema, a estrutura externa pode ser explicada da seguinte forma: estamos perante um poema de versificação tradicional (feita através de quadras) regular, e composto por três quadras  Esquema rimático: ABABCDCDEFEF -rima cruzada  Métrica:”o| poe|ta| é| um| fin|gi|dor” -Redondilha maior
  • 27.  Figuras de estilo Hipérbato – consiste na separação de palavras que pertencem ao mesmo segmento por outras palavras não pertencentes a este lugar: “E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração”
  • 28.  Figuras de estilo Perífrase – consiste em utilizar uma expressão composta por vários elementos em vez do emprego de um só termo: “Os que lêem o que escreve”
  • 29.  Figuras de estilo Metáfora – consiste em igualar ou aproximar dois termos que pertencem à mesma categoria sintáctica mas cujos traços se excluem mutuamente. “Gira, a entreter a razão/Esse comboio de corda”