3. PRÉ-HISTÓRIA
(texto de Percival Ti rapeli)
Homens e mulheres dançando, caçando tocando maracás; ornamentações para
dan ças e r ituais; figuras de emas, veados,tat us,peix es; riquezas im par de
cenas,f reqüentemente contendo narrat ivas,pintadas ou grav adas em paredes de
abrigos de rochas. Imens as rochas alteando-se po r entre estreitos desf iladeiros e
amplas baixadas. Ao lado das escavações arqueológ icas, que traz em
const antemente n ovas inf orm ações, são testem unhos da mais ancest ral cult ura
até ho je conhecida nas Am éricas.
Tudo começou em 1963, qu ando o então prefeito de São Raim undo Nonato, em
visit a ao Museu Paulista da Un ivers idade de São Pau lo, procurou a direção do
órgão e mostrou fotos de pinturas em par edes rochosas que a população de sua
cidade acreditava ter sido feita p elos índios.A pes quis adora NIÈDE GUIDON, que
ali trabalhav a, lo go percebeu a originalidade das pinturas e compreendeu tratar-
se de obras rupestres de um gênero até ent ão des conhecido no Brasil. Porém, foi
somente em 1970, que Guidon lidero u a prim eira missão ao local.
O isolamento e a população escass a n ess e longo período f izeram com que se
mant ivessem pres erv adas cer ca d e 33.000 pintu ras rupestres em mais de 360
sítios ar queológicos, d e um total de cerca de 500, na área que, des de 1979, é o
PAR QUE NACIONAL SERRA DA C APIVA RA.
Nele, s e encontra o s ít io ar queológico mais antigo das Américas, A TOC A DO
B OQUEI RÃ O DA PEDRA FUR ADA ADA,o maior museu ao ar livre da pr é-h ist ória, que
possui des enh ado em suas paredes mais de 1000 graf ismos mostrando diferentes
figuras h umanas, animais e cen as diversas. H á quase 48. 000 anos, o hom em pré-
histór ico fazia fogueiras e lascava pedras nesse sítio, des coberta que
rev olucionou a comunidade científ ica, pois põe em questão a ant iga teoria de o
hom em ter v indo para as Américas pelo estreito de Bering.
O PAR QUE NACION AL SERRA DA C APIVARA, criado com o objet ivo de pesquisar e
pres erv ar a área de caatinga e os s ítios arq ueológicos é criteriosamente
adm inistrado pela FUNDAÇÃO MUSEU DO HOMEM AMERIC AN O(FUMDH AM) AM).
Os sít ios e as representações correm perigo.Hoje pass a por diversas cris es,
dev ido a falta de verba para manutenção.N iède Guido n, contin ua lá em sua
incansável luta para preservar ess e patrimônio brasileiro e universal.
4. O CONCEITO DE ARTE E OS ÍNDIOS
Arte é uma categoria criada pelo homem ocidental. E, mesmo no Ocidente, o que deve ou não deve
ser considerado arte está longe de ser um consenso. O que não dizer da aplicação desse termo em
manifestações plásticas de povos que nem ao menos possuem palavra correspondente em suas
respectivas línguas?
ARTE INDÍGENAS
As formas de manipular pigmentos, plumas, fibras vegetais,
argila, madeira, pedra e outros materiais conferem
singularidade à produção indígena, diferenciando-a da arte
ocidental, assim como da produção africana ou asiática.
Entretanto, não se trata de uma “arte indígena”, e sim de
“artes indígenas”, já que cada povo possui particularidades na
sua maneira de se expressar e de conferir sentido às suas
produções.
Desde o século XVI, época em que os portugueses chegaram ao
Brasil, depararam-se com várias tribos indígenas. Essas tribos
eram as sucessoras dos grupos humanos responsáveis pelas
pinturas rupestres e outras manifestações da chamada arte pré-
histórica brasileira.
A principal manifestação pictórica dos grupos indígenas
consiste na ornamentação corporal.
Adornam com pinturas as diferentes partes do corpo não por
simples divertimento, como por tanto tempo se pensou.Isto era
feito para que cada membro da coletividade pudesse ser
imediatamente identificado.
As cores empregadas reduzem-se a umas poucas tonalidades:
vermelho, à base de urucum, negro, obtido do sumo do jenipapo,
e branco, de tabatinga, são as mais utilizadas. O sumo do
jenipapo, por entranhar-se, na pele empresta-lhe uma
tonalidade negra que não empalidece senão ao cabo de semanas.
Confeccionados para uso cotidiano ou ritual, a produção de
elementos decorativos não é indiscriminada, podendo haver
restrições de acordo com categorias de sexo, idade e posição
social. Exige ainda conhecimentos específicos acerca dos
materiais empregados, das ocasiões adequadas para a produção
etc.Os indígenas também produziam e produzem : a tapeçaria,
cestaria, enfeites e adornos, a cerâmica, instrumentos
musicais e armamentos.
Saiba mais sobre o assunto no artigo de Lúcia Hussak Van
Velthen, "Em outros tempos e nos tempos atuais: arte
indígena", no catálogo Artes Indígenas - Mostra do
Redescobrimento. São Paulo, Fundação Bienal de SP, 2000. E no
livro Grafismo Indígena: Estudos de Antropologia Estética,
organizado por Lux Vidal. Sâo Paulo, EDUSP/Nobel, 2001.
5. ARTE COLONIAL
No Brasil Colonial a arte em geral, girava em torno da igreja católica e das
cerimônias religiosas. É bem conhecida a presença de religiosos europeus
como: os jesuítas, os beneditinos e os franciscanos, que vieram ao Brasil
para catequizar seus habitantes, os índios.
Alguns deles tinham experiência em pintura, escultura e arquitetura,
adquirida no velho continente. Foram eles os primeiros a realizar obras
artísticas no país e a recrutar artesãos e artífices para a decoração de
suas construções.
No século XVII, o conde de Nassau foi o responsável por grandes projetos de
urbanização na cidade de Recife entre 1637 e 1644.Nassau trouxe em sua
expedição artistas que iriam registrar paisagens e costumes da colônia.
Dentre os artistas destaca-se Franz Post, desse período, sabe-se da
existência de 18 telas, 11 delas desaparecidas. Surgia a partir daí as
primeiras pinturas fora do domínio religioso.
Em 1808 com a transferência para o Brasil da Família Real e da Corte
Portuguesa, teríamos uma enorme mudança nos rumos da arte brasileira.
Em 1816 chega ao Brasil a Missão Francesa. Sua finalidade era atualizar o
aprendizado e a prática das artes e dos ofícios na América Portuguesa pela
criação de um estabelecimento oficial de ensino semelhante ao que já existia
na Europa.
Os integrantes da Missão Artística Francesa, introduziram os postulados do
Neoclassicismo que iriam influenciar profundamente a pintura brasileira
até a Semana de Arte Moderna. Da missão francesa destaca-se artista
como: Debret.
Debret, instala a Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro em
1826 e três anos depois eram abertas as primeiras exposições oficiais de
arte brasileira.
Com os concursos anuais da academia imperial ou das exposições gerais de
belas artes, alguns artistas brasileiros ganhariam como prêmio viagens
para aperfeiçoar-se na Europa, principalmente Paris. Em contrapartida,
como as viagens eram patrocinadas pelo governo, implicavam na estrita
obediência e uma série de rígidos procedimentos aos artistas, o que fez
perpetuar o academicismo na pintura.
Além do neoclássico, recebemos influência do romantismo, realismo e
impressionismo. Deste período destacamos: Victor Meirelles, Pedro Américo,
Pedro Alexandrino, Rodolfo Bernadelli ( escultor que foi diretor da Escola
Nacional de Belas Artes por 15 anos) e Almeida Júnior.
Almeida Júnior foi um dos primeiros pintores a libertar-se das influências
acadêmicas e realizou quadros com tipos e cenas brasileiras.
Dois artistas destacam-se como os maiores representantes do Barroco
Brasileiro: Manuel Ataíde, pintor e Antonio Francisco Lisboa (Aleijadinho)
escultor.
ESTEVÃO ROBERTO DA SILVA(Rio de Janeiro, RJ 1844 - idem, 1894).Negro, possivelmente filho de
escravos, Estevão Silva matriculou-se em 1864 na Academia Imperial de Belas Artes, onde foi discípulo
de Victor Meirelles, Agostinho José da Mota e Jules le Chevrel. Praticante de diversos gêneros de
pintura, é hoje talvez mais lembrado por sua produção de naturezas-mortas. Sabe-se ainda que Estevão
Silva trabalhou como professor do Liceu de Artes e Ofícios e que, em 1890 recebeu o Prêmio Aquisição
na Exposição Geral de Belas Artes. A mais antiga referência a Estevão remonta a 1879 a um seu ato de
altiva rebeldia, perante o próprio Imperador Pedro II, na sessão solene de entrega de prêmio àqueles que
se distinguiram na Exposição Geral da Academia, o pintor levantou-se para protestar contra a premiação
que lhe coubera, dizendo-lhe: Recuso!
6. BARROCO BRASILEIRO
O BARROCO CHEGA À AMÉRICA LATINA, ESPECIALMENTE AO BRASIL, COM OS MISSIONÁRIOS
JESUÍTAS, QUE TRAZEM O NOVO ESTILO COMO INSTRUMENTO DE DOUTRINAÇÃO CRISTÃ.
AS PRIMEIRAS OBRAS ARQUITETÔNICAS SURGEM DA EXPORTAÇÃO CULTURAL, USANDO
MODELOS ARQUITETÔNICOS E DE PEÇAS CONSTRUTIVAS E DECORATIVAS TRAZIDAS DE
PORTUGAL.
ENQUANTO A EUROPA COMEÇAVA A DESENVOLVER O NEOCLASSICISMO, NO SÉCULO XVIII A
ARTE COLONIAL MINEIRA NÃO ABSORVIA AS MUDANÇAS E MANTINHA UM BARROCO TARDIO E,
POR ISSO O BARROCO BRASILEIRO ACABOU CRIANDO CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS GRAÇAS A
ESCASSEZ DE ALGUNS PRODUTOS CARACTERÍSTICOS DO BARROCO EUROPEU.
MUITOS ARTISTAS TRABALHARAM COM AS CONDIÇÕES MATERIAIS DA REGIÃO, ADAPTANDO A
ARTE AO MODO DE VIDA. ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA, O ALEIJADINHO, E MANUEL DA COSTA
ATAÍDE SIMBOLIZAM CLARAMENTE ESTA ARTE ADAPTADA AO AMBIENTE DE UM PAÍS
TROPICAL, LIGANDO SUA ARTE AOS RECURSOS E VALORES REGIONAIS. AO TRABALHAR NA
IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, ALEIJADINHO SUBSTITUI O MÁRMORE EUROPEU PELA
PEDRA-SABÃO, ATAÍDE SE BASEIA NO "AZULEJO PORTUGUÊS" PARA CRIAR SUAS PINTURAS.
ABSORVENDO ESTES ASPECTOS, O BARROCO DESENVOLVIDO EM MINAS GERAIS GANHA
EXPRESSÃO PARTICULAR NO CONTEXTO BRASILEIRO, FIRMANDO-SE COMO UM BARROCO
PECULIAR, CHAMADO DE BARROCO MINEIRO.
UM EXEMPLO CÁSSICO, QUE PODE SER USADO NO ESTUDO DO BARROCO MINEIRO, SÃO AS
IGREJAS MINEIRAS CONSTRUIDAS NESTE PERÍODO QUE VAI DE 1710 A 1760.
ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA, FILHO DO MESTRE-DE-OBRAS PORTUGUÊS, MANUEL FRANCISCO
DA COSTA LISBOA, COM UMA ESCRAVA AFRICANA, IZABEL, É COM CERTEZA O PRINCIPAL
NOME DO BARROCO MINEIRO, ALEIJADINHO, COMO FICOU CONHECIDO GRAÇAS A UMA
DOENÇA DEGENERATIVA (NÃO SE SABE AO CERTO SE PORFIRIA, LEPRA, ESCORBUTO,
REUMATISMO DEFORMANTE OU SÍFILIS), PRODUZIU AS PRINCIPAIS OBRAS DO BARROCO
BRASILEIRO EM PEDRA SABÃO, PARA SUBSTITUIR O MÁRMORE EUROPEU.
PRATICAMENTE TODOS OS DADOS SOBRE SUA VIDA SÃO DERIVADOS DE UMA BIOGRAFIA
ESCRITA EM 1858 PELO JURISTA RODRIGO JOSÉ FERREIRA BRETAS, 44 ANOS APÓS A MORTE
DO ALEIJADINHO, BASEANDO-SE EM DOCUMENTOS E DEPOIMENTOS DE PESSOAS QUE
CONHECERAM O ARTISTA.O MAIS IMPORTANTE DOS DOCUMENTOS EM QUE SE BASEOU
BRETAS FOI UMA MEMÓRIA ESCRITA EM 1790 POR UM VEREADOR DA CIDADE DE MARIANA.
NESTE DOCUMENTO, CUJO ORIGINAL SE PERDEU, É FEITO UM AMPLO RELATÓRIO ACERCA DO
ESTADO DAS ARTES NAS MINAS GERAIS, INCLUINDO ALGUNS DADOS SOBRE O ALEIJADINHO
RELACIONADOS A SUA FORMAÇÃO ARTÍSTICA E SUA PARTICIPAÇÃO EM ALGUMAS OBRAS.
OBRAS-
SUA OBRAS-PRIMAS SÃO COM CERTEZA OS DOZE PROFETAS: ISAÍAS,
JEREMIAS, BARUC, EZEQUIEL, DANIEL, OSÉIAS, ABDIAS, AMÓS, JONAS, HABACUC, NAUM, NO
ADRO DO SANTUÁRIO DO SENHOR BOM JESUS DE MATOSINHOS, EM CONGONHAS DO CAMPO.
7. SEMANA DE 22 ARTE MODERNA
O século XX inicia-se no Brasil com muitos fatos que
vão moldando a nova fisionomia do país. São eles:
Progresso técnico, a imensa massa de imigrantes e o
movimento anarquista.
Estes novos tempos vivem a espera de uma arte que o
exprima.Os precursores destes novos tempos são: Lasar
Segall e Anita Malfatti, que antes dos anos 20,
colocam a arte moderna de um modo concreto para os
brasileiros através de suas exposições.Lasar em 1913 e
Anita em 1917. São pinturas que refletem as idéias
inovadoras das artes plásticas da europa.
Em 1920, Oswald de Andrade diz que no ano do
centenário da independência os intelectuais deveriam
fazer ver que a independência não é somente política,
é acima de tudo, independência moral e mental.
A Semana de Arte Moderna foi realizada entre 11 e 18
de fevereiro de 1922 no teatro municipal de São Paulo.
O evento representou uma renovação de linguagem, busca
de experimentação, liberdade criadora e ruptura com o
passado.Contou com a participação de: escritores,
artistas plásticos, arquitetos e músicos, que através
de seus trabalhos apresentava as novas idéias
artísticas.
A Semana foi o ápice ruidoso e espetacular de uma não
menos ruidosa e provocativa tomada de posição de
jovens intelectuais contras as práticas artísticas
dominantes no país.
Assim, a Semana de Arte Moderna, inaugura um movimento
renovador artístico e cultural, afinada com as
tendências vanguardistas da Europa mas sem perder o
caráter nacional.
8. DÉCADA DE 30
O Rio de Janeiro, capital federal e principal centro cultural do país, continuava
artisticamente atrelado à ESCOLA NACIONAL DE BELAS ARTES e à exposição
que anualmente organizava.
Muitos jovens artistas, contudo, já não aceitavam passivamente a hegemonia
(liderança) estética da Escola, e por isso alguns deles decidiram organizar-se em
grupo com a finalidade de se subtraírem aos ensinamentos dos velhos mestres
acadêmicos.Surge no Rio de Janeiro em junho de 1931 o Núcleo Bernadelli. O
nome dado é uma homenagem clara aos dois professores da Escola de Belas
Artes Rodolfo e Henrique Bernadelli, que na mocidade lutaram contra do ensino
acadêmico e a estagnação da arte em seu tempo.
O Núcleo Bernadelli, nos remete a década de 30 e início da década de 40.Seu
objetivo era facilitar, incentivar e renovar o estudo da pintura.Um lugar para
convivência, troca de idéias e aprendizado. Desenho com modelos vivos, pintura
ao ar livre, nus, naturezas mortas, retratos e auto-retratos, são realizados no
núcleo que funciona como ateliê. O núcleo também promoveu exposições das
obras.
Os nomes de Pancetti e Milton Dacosta, destacam-se posteriormente em
função das marcas inovadoras e pessoais dos seus trabalhos.O grupo Santa
Helena, surge em São Paulo, também entre a década de 30 e 40. Da união
espontânea de alguns artistas que utilizavam salas do palacete Santa Helena
como ateliê. O ambiente de trabalho é de troca mútua, dividindo-se os
conhecimentos técnicos em pintura , as sessões de modelo vivo e as excursões
de fim de semana aos subúrbios para execução da pintura ao ar livre. Entre os
artistas destacam-se Aldo Bonadei e Alfredo Volpi.
Em geral, o que caracteriza os artistas tanto de Núcleo Bernadelli como o Grupo
Santa Helena é a origem humilde , em sua maioria proletários (ganham a vida
como artesãos ou pintores decoradores) e a formação destes artistas, a maioria
provenientes dos Liceus de Artes e Ofícios.
9.
10.
11. BIENAL DE SÃO PAULO
Ao contrário do Rio de Janeiro, em São Paulo a produção artística esteve historicamente ligada à iniciativa privada e de uma
forma bastante peculiar, já que não havia grandes investimentos com bases empresariais. Homens ricos da elite tradicional
limitavam-se a fazer pequenas doações de partes de heranças, acudiam aos artistas com aquisições de peças ou quadros,
intermediavam relações e contatos com políticos.Nos anos 40, um grupo remanescente do movimento pioneiro da Semana de
Arte Moderna, ampliado por representantes da elite paulista, por novos artistas e intelectuais recrutados na recém-criada
Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, procurava fundar associações e clubes com o intuito de divulgar a arte
moderna brasileira e internacional. No entanto, com a guerra mundial em curso, tornava-se difícil um contato mais estreito com
a Europa, que fora a principal fonte de inspiração e de formação dos artistas modernos e da elite paulista durante os primeiros
20 anos do século passado
O Museu de Arte Moderna (MAM), criado em 1948 pelo industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, contou desde o início com a
participação de representantes de todas as áreas das artes e da cultura, que traçaram o perfil e a política de aquisição e de
formação do seu acervo. Ciccillo Matarazzo financiou de seu próprio bolso a compra das obras para a coleção do Museu e
fomentou seu posterior crescimento com o "Prêmio Aquisição" promovido pelas futuras bienais. Em 8 de março de 1949, o
Museu de Arte Moderna de São Paulo foi inaugurado com a célebre exposição Do Figurativismo ao Abstracionismo, que reuniu
51 artistas, entre os quais três brasileiros: Cícero Dias, Waldemar Cordeiro e Samson Flexor.
Logo após a inauguração do MAM, Ciccillo Matarazzo propôs a realização de uma grande mostra internacional inspirada na
Bienal de Veneza, enfrentando a resistência de alguns membros da Diretoria que achavam prematura uma aventura de tais
proporções. Assim mesmo, Ciccillo definiu o ano de 1951 para a realização do evento e o montante de recursos destinado à
premiação.
A maior dificuldade para realização da mostra foi convencer os artistas dos países estrangeiros - principalmente os europeus - a
participar da aventura de mandar obras de arte para um país que não tinha presença política nem cultural no cenário mundial.
Solicitou, então, a Yolanda Penteado, sua esposa, que fosse pessoalmente à Europa fazer os convites a artistas e representações
estrangeiras para participarem do evento. Como embaixatriz da primeira Bienal, Yolanda superou todos os desafios com
competência e absoluto sucesso.
Como local para abrigar a I Bienal, a equipe do MAM obteve da Prefeitura de São Paulo a cessão do espaço hoje ocupado pelo
MASP - a esplanada do Trianon -, onde havia um antigo salão de baile. A I Bienal foi inaugurada em 20 de outubro de 1951. O
Pavilhão adaptado recebeu 1.854 obras representando 23 países.
O êxito da I Bienal, apesar de toda improvisação, mostrou a capacidade de realização de Ciccillo e da equipe do MAM. Ainda sob
o impacto do sucesso, já se programava a II Bienal, que viria a acontecer no final de 1953, abrindo as comemorações do IV
Centenário da Cidade de São Paulo, sob o comando de Ciccillo Matarazzo como presidente da Comissão organizadora dos
festejos.
Considerada uma das mais importantes Bienais, esta 2ª edição reuniu obras dos mais importantes artistas modernos e, como
destaque maior, 51 telas de todas as fases Picasso, entre as quais Guernica, que, por vontade do pintor, tinha o MoMA como
depositário enquanto a Espanha estivesse sob a ditadura franquista. Até então, a grande tela nunca havia deixado Nova York.
Em novembro de 1953, a II Bienal começou a ser montada ocupando o Pavilhão das Nações, onde ficaram expostas as
representações dos países da Europa e do Oriente, e o Pavilhão dos Estados que recebeu as representações das Américas, do
Brasil e a Mostra Internacional de Arquitetura. Eram, no conjunto, 24.000 m2 de exposição. Em 12 de dezembro a mostra foi
inaugurada com a representação de 33 países e 3.374 obras.
Em 1957, A IV Bienal de São Paulo passou a ocupar definitivamente sua atual sede no Parque Ibirapuera, o Pavilhão Ciccillo
Matarazzo.
Com o êxito da II Bienal, iniciava-se um período da história do Brasil em que se institucionalizavam, cada vez mais, os eventos
culturais que estavam imbricados com a modernização do Estado brasileiro.
Ciccillo Matarazzo resolveu, então, que era o momento de separar o MAM da Bienal, dando independência financeira e
decisória a esta última.
Em 8 de maio de 1962, já estava criada a Fundação Bienal de São Paulo, uma instituição privada sem fins lucrativos. Em janeiro
de 1963, o MAM é extinto e seu patrimônio transferido para a Universidade de São Paulo.
Com mais de 70 anos de idade, Ciccillo começava a preparar sua sucessão. Em 1975, depois da realização da XIII Bienal, afasta-se
definitivamente da diretoria da Fundação Bienal e, dois anos depois, em 16 de abril de 1977, falece deixando a Bienal como sua
mais importante realização.
A partir da década de 90 além das Artes Visuais, as bienais foram tomadas por diversos espetáculos: Dança, Música e Teatro o
que faz das bienais eventos culturais mais amplo.
Vários artistas brasileiros foram e são premiados e consagrados desde a primeira edição deste importante evento.
12. CONCRETISMO E NEOCONCRETISMO
A primeira Bienal de artes de São Paulo em 1951 veio ampliar o
interesse pela arte abstrata no Brasil. Nesta Bienal, Max Bill sagra-
se o ganhador de grande prêmio de escultura com sua obra
“unidade tripartida”. A partir daí, no Rio de Janeiro e em São Paulo,
os artistas jovens entregaram-se de maneira mais decidida às
experiências no campo da arte concreta.
Os jovens artistas do Grupo Ruptura de São Paulo e Frente do rio
de Janeiro foram os que enfrentaram a hostilidade do meio artístico,
ao experimentarem a arte concreta e neoconcreta. O Grupo Ruptura
com características mais radicais foram os introdutores e
defensores da arte concreta, liderado por Waldemar Cordeiro. Os
artistas deste grupo acreditavam numa dinâmica visual, com efeito
de construção seriada, a idéia rítmica linear do movimento, um
fundo plano onde a forma se desenvolve na abstração, enfim, uma
obra de arte como produto.
Foi o Grupo Frente os pioneiros da arte neoconcreta, embora
constituído em sua maioria de artistas de tendência concreta, não
obedecia a nenhum código rígido, essa característica adogmática
que os diferenciava do grupo ruptura de São Paulo. Os
neoconcretistas acreditavam na arte como uma atividade autônoma,
vital e de elevada missão social. Tendo em vista a necessidade de
educar os homens para conhecer suas emoções plenas, a
linguagem geométrica apresentava-se como um campo aberto para
alcançar estas experiências e indagações.
13. DÉCADA DE 80
(fragmentos do texto de Marcus de Lontra Costa)
“Brasil. Início dos anos 80. O país despertava da noite do arbítrio e do
silêncio. Anos antes, John Lennon declarara: ( O sonho Acabou). Agora, eram
outros tempos, outras histórias, e os jovens brasileiros descobriam a força da
mobilização popular e a participação política. Todos sonhavam com a festa de um
país que se preparava para o baile da democracia.
...O novo país que estava surgindo estava ávido de imagens, e o corpo em
todas as suas acepções foi o tema de ação dessa jovem geração de artistas que
surgia da bruma, com muito barulho e estardalhaço, cada qual ocupando o seu
espaço, fazendo o seu próprio ruído. A mostra COMO VAI VOCÊ, GERAÇÃO 80? ,
realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage do Rio de Janeiro foi o
momento emblemático ..., 123 jovens artistas determinaram sua inserção direta no
processo cultural brasileiro, numa ação coletiva, qualitativa e quantitativa nunca
antes vista na história da arte brasileira. Ao restabelecer compromissos com a
tradição figurativa e com a valorização das práticas artesanais no processo
artístico, a Geração 80 ousou questionar uma visão restritiva até então legitimadora
e fez da arte o retrato fiel que sonhamos para o mundo e para o Brasil: uma terra
onde a diversidade das culturas se encontre e um local onde as diferenças sejam
admiradas e compreendidas como beleza intrínseca dos seres, permitindo a
sempre desejada integração da arte e da vida.
... O fato é que a ação corajosa desses artistas permitiu que a arte brasileira
expandisse suas ações, rompendo fronteiras e obtendo o merecido aplauso e
reconhecimento internacional.” ...
14. BIBLIOGRAFIA
ENCICLOPÉDIAS
O MUNDO DA ARTE – Enciclopédia das Artes Plásticas em todos os tempos – ARTE MODERNA – Ed. Expressão e
Cultura ,1966
HISTÓRIA UNIVERSAL DA ARTE –G. Pischel- livros 2 e 3 – Ed. Melhoramentos,1979
HISTÓRIA GERAL DA ARTE – ESCULTURA II e III – Ed. Ediciones Del Prado, 1996
GENIOS DA PINTURA
CD-ROOM
500 ANOS DA PINTURA BRASILEIRA
OUTROS:
CATÁLOGOS DE EXPOSIÇÕES
CATALAGOS DE LEILÕES EVANDRO CARNEIRO
TEXTOS DIVERSOS
TEXTO DE ROSA ARTIGAS EXTRAÍDO DO LIVRO BIENAL 50 ANOS, SÃO PAULO, FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO, 2001
LIVROS:
FISCHER,Ernst.A Necessidade da Arte.GUANABARA/KOOGAN 9ªed.2002
HARRISON,C.,FRASCINA,F. e PERRY G. Primitivismo,Cubismo,Abstração, tradução de Otacílio Nunes.COSAC
&NAIFY,1998
JAMESON,Fredric.Pós-Modernismo,ÁTICA,
LEITE, José Roberto Teixeira Leite. 500 anos da Pintura Brasileira,Uma Enciclopédia Interativa.Raul Luiz
Mendes Silva e Log On Informática Ltda,2000
SANTOS, Jair Ferreira dos.O que é Pós - Moderno.BRASILIENSE,1986
VALLS,Álvaro.L.M. Estudos de Estética e Filosofia da Arte – Numa perspectiva Adorniana.EDITORA DA
UNIVERSIDADE/UFRGS,2002
GULLAR, Ferreira. Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta. 3 edição, Rio de
Janeiro, Revan: 1999.
SITES:
www.itaucultural.org.br
www.pitoresco.com
www.historiadaarte.com.br
www.dezenovevinte.com.br
www.wikipedia.org