Este documento descreve uma greve de estudantes de psicologia em uma universidade brasileira como uma metacontingência. Os estudantes se uniram através de reuniões para planejar ações coletivas visando melhorias estruturais no curso de psicologia. Suas ações coordenadas resultaram no atendimento das principais reivindicações, como a conclusão de obras e o funcionamento do serviço de psicologia aplicada.
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A Greve Estudantil de um curso de Psicologia como Metacontingência
1. A GREVE ESTUDANTIL DE UM
CURSO DE PSICOLOGIA
COMO METACONTINGÊNCIA
Francisco Denilson Paixão Junior
Jessica Tarcylla Bevilaqua de Aguiar
Jonas Mendes Oliveira
José Ângelo Mouta Neto
José Umbelino Gonçalves Neto
Yan Valderlon dos Santos Lima
2. O que é uma Metacontingência
Núcleo mínimo de análise do terceiro nível de seleção,
no caso, o núcleo de análise das práticas culturais, como
proposto por Glenn (1986);
Para se considerar uma determinada prática como
metacontingência, devemos levar em consideração
alguns requisitos:
Que haja mais de um sujeito se comportando;
Que seus comportamentos ocorram de modo entrelaçado;
Que produzam um consequência que só seria possível por
meio do entrelaçamento de contingências e
comportamentos entre vários sujeitos.
(Moreira, 2005)
3. Antecedentes à Greve
Participação ativa de estudantes no Movimento
Estudantil local e regional de Psicologia;
Participação de organização de eventos estudantis, como
Encontro Regional de Estudantes de Psicologia – Norte e
Nordeste;
Participação de estudantes na construção conjunta com
docentes do novo Projeto Político Pedagógico do curso;
Morosidade nos processos de melhoria de estrutura dos
cursos de expansão do REUNI; e
Sensibilização sobre apatia de alguns Movimentos
Sociais em se engajarem em reivindicações concretas,
em algumas disciplinas da faculdade.
4. Antecedentes à Greve
Em resumo:
Houveram contingências que
proporcionaram o comportamento
de atentar para contextos aversivos
vividos e de planejar estratégias
para minimizar os aversivos, posto o
treino prévio de alguns estudantes
em outras experiências políticas e
burocráticas.
5. Documento:
“Estudantes de Psicologia UFC –
Campus Sobral em GREVE!”
Serviço de Psicologia Aplicada – SPA em funcionamento
imediato;
Laboratório de Análise Experimental do Comportamento –
AEC e Biotério;
Número de professores adequados ao número de
estudantes ingressos no curso;
Biblioteca UFC Campus Sobral;
Prédio do Curso de Psicologia;
Maior celeridade no processo de avaliação do
reconhecimento do curso de Psicologia pelo MEC;
Pedido de que não ocorrese nenhum tipo de retaliação pela
UFC ao corpo discente; e
Reajuste do calendário acadêmico para normatização do
período acadêmico pós-greve.
6. Análise de consequências como
procedimento para decisões
políticas
Dittrich (2007) nos apresenta em seu artigo que ao
determinados determinadas consequências como foco de
atuação e planejamento estratégico de políticas públicas,
por exemplo o Programa Bolsa Família – PBF, poderemos
construir melhores tecnologias para alcançar melhorias
em nossa cultura, mas que, o simples fato de
planejarmos, não é prerrogativa de que alcançaremos as
consequências almejadas. Planejar novas práticas
implica em aumentar a probabilidade de que alcancemos
um produto agregado com maior acurácia do que se não
houvesse maior controle de variáveis.
(DITTRICH, 2010)
7. Entrelaçamento de Contingências
Individuais
Foram por meio de inúmeras reuniões que os
estudantes do curso de Psicologia puderam tanto
sensibilizar a outros estudantes, que desconheciam as
consequências aversivas a longo prazo da morosidade da
melhoria das condições estruturais do curso, como
organizar de modo ordenado as atividades a serem
desenvolvidas ao longo da semana, além de que as
reuniões serviam de um modelo de controle ético do
comportamento do grupo no estilo face-a-face (seja
por meio do reforçamento positivo da classe de
comportamentos “engajar-se politicamente, seja pelo
controle coercitivo, pouco utilizado pelo grupo).
8. Produtos Agregados
A pergunta que dever ser feita é: estas consequências
apenas seriam possíveis por meio de uma Greve
Estudantil posto que o pressuposto de um Produto
Agregado/Reivindicações atendidas deveria ser possível
apenas por meio de uma ação conjunta?
Com as reivindicações, ocorreu a diminuição do tempo
de recebimento da conclusão das obras, que era um dos
fatores aversivos, posto aos suscetíveis prazos não
cumpridos anteriormente.
Deste modo, os estudantes que promoveram a greve
puderam se beneficiar da utilização do prédio do
S.P.A., por exemplo.
(SAMPAIO, ANDERY, 2010)
9. Descrição da Metacontingência
Contingências Aversivas
anteriores
Sensibilização em
diversos contextos para
as contingências
aversivas
Reuniões entre
estudantes com seleção
de objetivos e ações
planejadas
Execução
de tarefas
Novas reuniões e
planejamentos de
atividades
Feedback das
consequências da
ações
desenvolvidas
Principais
Reivindicações
Atendidas
10. Cadeia de consequências
Desta maneira, as contingências entrelaçadas pelo grupo
não previam uma única e pontual consequência a longo
prazo, mas buscava (de modo intuitivo) construir nas
reuniões meios de reforçamento a curto prazo por
meio de metas e estratégias menores, cujas
consequências seriam contextos para outras atividades,
bem como algumas das atividades eram voltadas para
determinadas agências de controle/agentes receptores,
como Ministério Público, Reitoria, Professores e
População que ou já se beneficiava ou se beneficiaria
das atividades desenvolvidas pelos estudantes de
Psicologia.
A controle ético do grupo face a face proporcionou
maior coesão do grupo e das ações, diferentemente do
que ocorreria se estas fossem simplesmente delegadas
verticalmente.
11. Conclusão
Podemos utilizar a Greve dos Estudantes do Curso de
Psicologia da UFC como modelo prática e didático de
como podemos gerir grupos que buscam reivindicação
de melhorias de vida, seja junto aos Conselhos
Municipais de Saúde, seja em Associações de Moradores.
As Políticas Públicas abrem espaço para atuação
profissional junto a coletivos e construirmos tecnologias
que auxiliem a estes coletivos se organizarem-se no
modelo de autogestão torna-se prática do profissional
analista do comportamento.
12. Cadeias de consequências
Todas as imagens estão disponíveis na internet:
www.psicologiaufc-sobral.blogspot.com.br
13. Referências
DITTRICH, A. Análise de consequências como procedimento
para decisões éticas. Revista Perspectivas, v. 1, n. 01, 2010,
pp. 44 – 54.
MOREIRA, M. B. Introdução ao estudo de Metacontingência. In.
TODOROV, J. C.; MARTONE, R. C.; MOREIRA, M. B.
Metacontingência: comportamento, cultura e sociedade.
Santo André – SP, ESETec editores associados, 2005, pp. 161 -
171.
SAMPAIO, A. A. S.; ANDERY, M. A. P. A. Comportamento social,
produção agregada e práticas culturais: uma análise
comportamental de fenômenos sociais. Psicologia: teoria e
prática. V. 26, nº 1, jan-mar, 2010, pp. 183 – 192.