Interpretaçao de texto pip hoz malepon viuh echer ou o caçador
1. HOZ MALEPON VIUH ECHER ou O CAÇADOR
Flavio de Souza
Era uma vez um caçador. Esse caçador gostaria de ser um padeiro ou um relojoeiro. Ou um trapezista. Mas ele era um
caçador. Porque o pai dele tinha sido caçador. E o avô dele tinha sido caçador. E o bisavô também. E o tataravô também. E
o avô do tataravô também. Então esse caçador era caçador porque mandaram ele seguir o costume da família. Ele morava
numa floresta, onde moravam muitos bichos. E pessoas. E monstros. Então, já que tinha que caçar, porque era caçador, ele
caçava monstros. A vida de um caçador que caça monstros era bem animada. E perigosa. E arriscada. Este caçador quase
perdeu uma perna quando caçou o terrível Vampiro da Caverna Negra. Quase perdeu todos os dentes quando caçou o
Abominável Lobisomem do Mato Selvagem. E quase perdeu a cabeça quando caçou a horripilante Sereia da Lagoa das
Águas Profundas. Cansado de quase se perder por inteiro ao caçar seres tão medonhos, o caçador saiu um dia à procura de
uma onça comedora de gente ou um javali destruidor ou um outro animal bem mau. O caçador viajou o dia inteiro. Quando já
estava quase anoitecendo, chegou a uma casinha muito bonitinha. Com tapetinho na frente da porta. E cortininhas nas
janelas. Só de pensar na sopa que a dona da casa devia estar preparando para o jantar, o caçador ficou com água na boca.
E resolveu bater na porta para pedir um prato desta sopa. E bateu. E estranhou ao ouvir um ronco esquisito. “Nossa!”,
pensou o caçador, “a dona desta casa está dormindo! E nem é noite ainda! E como ela ronca alto!”. O caçador já estava indo
embora, pé ante pé, para não acordar a dona da casinha. Mas pensou: “Este ronco está muito esquisito!”. E resolveu entrar
para dar uma olhadinha.
Quando abriu a porta, o caçador se espantou. Porque a dona da casa estava dormindo de camisola em sua cama. É claro
que isso não é motivo para ninguém se espantar. Mas acontece que esta senhora era muito feia. Muito feia mesmo. Tão feia
que parecia um lobo. O caçador chegou mais perto e viu que esta senhora que parecia um lobo estava com a barriga
inchada. Mas inchada mesmo. Como se tivesse engolido um monte de abóboras. Então, quando o caçador já estava
pesando em ir embora, a senhora, que parecia um lobo e estava com a barriga tão inchada que parecia que tinha engolido
um monte de abóboras, acordou.
O caçador disse:
- Boa tarde, minha senhora.
- Boa tarde – respondeu a senhora.
- A senhora me desculpe por eu ter entrado na sua casa sem pedir licença – disse o caçador.
- Não faz mal – respondeu a senhora.
- Então eu gostaria de fazer três perguntas para a senhora – disse o caçador.
- Ora essa, não se acanhe. Faça! – disse a senhora.
1- Obrigado – disse o caçador. – Então lá vou eu. Por que a senhora tem olhos tão grandes?
- Para te olhar melhor...
- Por que a senhora tem um nariz tão grande?
- Para te cheirar melhor.
- E por que a senhora tem uma boca tão grande?
- Para engolir melhor meninas e vovozinhas.
- Ah! – disse o caçador. – Então está explicado.
E o caçador já ia se despedir e ir embora, quando olhou bem para a senhora que parecia um lobo. E descobriu que a
senhora que parecia um lobo ERA um lobo! O caçador pegou sua espingarda e mirou. O lobo tentou fugir correndo, mas
estava com a barriga muito pesada e não conseguiu. O caçador deu um tiro no lobo. Abriu a barriga dele com um facão. E
tirou lá de dentro uma menina de chapéu na cabeça e uma velhinha. Elas estavam meio tontas com o cheiro ruim que tinha
dentro
da barriga do lobo. Mas estavam vivas. E agradeceram muito ao caçador. E ofereceram um jantar para ele. Com doces na
sobremesa. Depois de costurar a barriga do lobo e fazer um curativo no bumbum dele, onde o tiro tinha passado de raspão,
a velhinha mandou ele embora. O lobo pediu para ficar para o jantar. Mas a velhinha, que não era feia nem parecia um lobo,
deu um pão velho para ele. E mandou ele embora. E ele foi. O caçador jantou. Agradeceu. E acompanhou a menina no
caminho de volta para casa dos pais dela. A mãe da menina agradeceu ao caçador por ele ter salvado sua filha. E o pai da
menina, que era padeiro e dono de uma padaria, convidou o caçador para trabalhar com ele. O caçador aceitou. Guardou a
espingarda num baú. E começou um novo costume na família dele. Porque seu filho foi padeiro, como ele. E seu neto
também. E seu bisneto. E seu tataraneto. E o filho de seu tataraneto. Parece que o neto do tataraneto do caçador que virou
padeiro achou, um belo dia, uma espingarda enferrujada dentro de um baú antigo. E saiu de casa decidido a caçar um
monstro bem horroroso...
1. O conto que você acabou de ler é uma paródia? Por quê?
2. Em que momento do texto ficou bem claro que o autor estava recriando um conto já conhecido?
3. Há semelhanças e diferenças entre esse texto e a sua versão original. Comparando as duas versões, responda:
#Quem é o protagonista?
Na versão original:
Nessa versão:
#Quem é o antagonista?
Na versão original:
Nessa versão:
2. 4. Apresente três personagens que fazem parte desse conto, mas que não estão presentes em sua versão original.
5. Releia: “O caçador já estava indo embora, pé ante pé, para não acordar a dona da casinha.”
A aparência do lobo foi o suficiente para o caçador desconfiar dele? Justifique com suas palavras.
6. Observando as atitudes dos personagens desse conto de Flávio de Souza, caracterize psicologicamente as personagens
abaixo:
O caçador
A vovó
7. Podemos dizer que o lobo teve um final totalmente infeliz? Justifique com suas palavras.
8. Que descendente do caçador resolveu seguir a mesma profissão que ele?
9. Marque com um X as situações abaixo que ocorrem nesse conto lido.
( ) O herói se distancia do lar ( ) O herói é vencido pelo vilão
( ) O herói volta para casa ( ) O herói adentra o bosque ou a floresta
( ) O herói vence o vilão ( ) O vilão é punido
( ) Há luta entre o herói e o vilão ( ) O herói se casa
10. Que fatos presentes nesse conto só poderiam acontecer no mundo da fantasia? Apresente pelo menos dois.
11. O narrador desse conto é um dos personagens da história? Como podemos, então, caracterizá-lo (foco narrativo)?
12. O texto inicia-se pela expressão Era uma vez. Podemos afirmar que há uma definição sobre quando ocorreram os fatos da
história? É, portanto, um tempo determinado ou indeterminado?
13. Transcreva uma passagem do texto que apresente o espaço da narrativa, ou seja, onde ocorreram os fatos narrados.
14. No texto lido temos o emprego tanto do discurso direto quanto do discurso indireto. Transcreva uma passagem em que
haja a presença de um e de outro tipo de discurso.
Discurso direto:
Discurso indireto: _
15. Observe a linguagem empregada no conto lido. Que variedade lingüística predomina?
16. Releia esse trecho:
“Nossa! A dona da casa está dormindo! E nem é noite ainda! E como ela ronca alto!”
a) Quantas frases há nesse trecho?
b) Quantas orações há nesse trecho?
17. Leia a frase que segue:
“Quando já estava quase anoitecendo, chegou a uma casinha muito bonitinha.”
a) Identifique no grupo nominal destacado acima:
O termo determinado
O (s) termo (s) determinante (s):
b) O advérbio MUITO, presente nessa frase, expressa circunstância a que palavra? Destaque a palavra e informe sua classe
gramatical.
c) Que circunstância o advérbio MUITO está expressando?
18. Na oração: “Elas estavam meio tontas (...)”:
a) Destaque o sujeito e classifique-o. Justifique sua resposta.
b) Reescreva essa oração, acrescentando algum termo ao sujeito de modo que ele possa ser classificado como sujeito
composto.
c) Informe a função sintática do termo tontas.
d) Classifique o predicado dessa oração, destacando seu núcleo.
16. O nome dessa história consiste em uma brincadeira criada pelo autor e há uma intenção nela. Observe esse nome
novamente e compare-o com o nome do conto que deu origem a ele. Procure descobrir o que eles têm em comum.