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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
1
Índice
Noções …………………………………………………………………………………. 2
As crises do Pensamento Racional e a Ética ……………………………………..…. 3
Origem e Concepções ………………………………………………………………… 4
Conceito-Ética Profissional ………………………………………………………….. 5
Reflexões sobre a ética Profissional …………………………………………………. 6
Relações Sociais e individualismo …………………………………………………… 6
Vocação para o colectivo …………………………………………………………….. 7
Classes Profissionais ………………………………………………………………… 8
Actividade Voluntária ………………………………………………………............... 8
Pontos para reflexão ………………………………………………………………….. 8
Princípios, Valores e Virtudes ………………………………………………………. 9
Virtudes Profissionais .……………………………………………………………… 11
Virtudes Morais ……………………………………………………………………... 13
Código de Ética Profissional ………………………………………………………... 15
Como resolver dilemas ético-deontológicos (passos dos gestores para a tomada de
decisão) ……………………………………………………………………………..... 16
Os principais erros que devem ser evitados no trabalho em grupo ……………… 16
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
2
Conclusão ……………………………………………………………………………. 18
Referências bibliográficas …………………………………………………………... 20
Noções:
A humanidade tem assistido muitas mudanças em quase todos os sentidos da
vida humana. O desenvolvimento tecnológico está atingindo dimensões jamais antes
imaginadas ou mesmo concebidas pelo ser humano. As mudanças decorrentes da
evolução e dos conhecimentos históricos são muito significativos e representam um
exemplo do que pode acontecer com os esforços da criação da mente humana.
Nos campos da descoberta da medicina da indústria, da tecnologia, jamais se
assistiu tamanho desenvolvimento. Assistimos a um aumento de velocidade de
produção de informação nunca conhecido. Em face das conquistas tecnológicas actuais
a ética está mais do que nunca presente nos debates a respeito do comportamento
humano e o seu estudo é sempre necessário em decorrência da necessidade das pessoas
orientarem seu comportamento de acordo com a nova realidade da vida social. Do grego
“Ethké e do latim Éthica” surgiu a ética-Ciência relativa aos costumes.
A ética é o domínio da filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que
distingue o bem e o mal, o comportamento correcto e o incorrecto. Os princípios éticos
constituem-se enquanto directrizes, pelas quais o homem rege o seu comportamento
tendo em vista uma filosofia moral dignificante. Os códigos de éticas são dificilmente
separáveis da deontologia profissional, pelo que não é pouco frequente os termos ética e
deontologia serem utilizadas indiferentemente.
Assim, a ética é o conjunto de normas morais pelo qual o indivíduo deve orientar
seu comportamento na profissão que exerce e é de fundamental importância em todas as
profissões e para todo ser humano para que possamos viver relativamente bem em
sociedade com o crescimento desenfreado do mundo globalizado, muitas vezes
deixamo-nos levar pela pressão exercida em busca de produção pois o mercado de
trabalho está cada vez mais competitivo e exigente as vezes não nos deixa e nem dá
tempo para reflectir sobre nossas atitudes.
Temos que ter a consciência de que nossos actos podem influenciar na vida dos
outros e que nossa liberdade acarreta em responsabilidade. De forma ampla a ética é
definida como a explicitação do fundamento último do agir humano na busca do bem
comum e da realização individual.
O termo deontologia surge das palavras gregas “deon, deontos” que signica
dever e logós que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, deontologia seria o
tratado do dever ou conjunto de deveres princípios e normas adoptadas por um
determinado grupo de profissionais. Para além disso estes códigos propõem sanções,
segundo princípios e procedimentos explícitos para os infractores do mesmo. Alguns
códigos não apresentam funções normativas e vinculativas oferecendo apenas uma
função reguladora.
A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta-
os deveres inerentes a uma determinada profissão. Assim cada profissão está sujeita a
uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão conforme o código de
ética de sua categoria. Neste caso é o conjunto codificado das obrigações impostas aos
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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profissionais de uma determinada área no exercício da sua profissão. São normas
estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não exactamente a qualidade
moral, mas a correcção de suas intenções e acções em relação a direitos, deveres ou
princípios nas relações entre profissão e a sociedade.
O 1.º código de deontologia foi feito na área de medicina nos Estados Unidos de
América- EUA em meados do século passado.
As Crises do Pensamento Racional e a Ética
O pensamento ocidental revira-se e muda em função de crises, acarretando mudanças
comportamentais e, como consequência, mudanças no modo de análise das morais,
mudanças na ética. Sendo que a primeira grande crise enfrentada pelo mundo ocidental
aconteceu na passagem do pensamento mitológico para o pensamento filosófico entre os
gregos. A partir dessa mudança surge um homem que abandona a explicação mitológica
ou sobrenatural buscando uma explicação natural para si e seu mundo.
Pode-se localizar uma exacerbação dessa primeira crise com Sócrates e sua visão social
e comunitária. O pensamento racional abandona as causas físicas e passa a preocupar-se
com o destino humano; a ética enquanto estudo das relações entre os homens, enquanto
pensamento sobre as acções morais começa a aparecer a partir daí.
Aristóteles, discípulo de Platão é uma das maiores mentes observadas pelo mundo
ocidental, entra no furacão da racionalidade e, embora se afastando da orientação de seu
mestre, pensa a ética no contexto da polis, sem desconsiderar as paixões, naturais no ser
humano, o que influenciaria definitivamente qualquer ética, retirando a possibilidade de
uma solução puramente lógica, pois o homem para chegar à perfeição, deve alcançar
seu objectivo final – a felicidade.
Outra crise ocorre, com a revolução trazida pelo pensamento cristão, a partir do ano I da
Era Cristã. O novo pensamento se difunde; a herança filosófica grega instala-se no meio
cristão. A nova crise racional tira o Homem do centro colocando Deus e a doutrina
cristã da alma eterna. A desagregação e queda do Império Romano acarretaram
desorganização política e subsequente convulsão social, em face de seu montante. O
desaparecimento dos grandes centros culturais restringe a cultura aos Monastérios,
ficando as preocupações filosóficas ligadas à problemática religiosa, entretanto, as
pequenas seitas que proliferaram no mundo helenístico sucedendo à Filosofia Grega
Clássica, continuaram a existir assegurando a sobrevivência da herança antiga, pelo
menos até Constantino declarar cristão o Império Romano.
Do Século VIII ao Século XIV a Igreja Romana dominou a Europa, criando uma nova
moral onde, coroou reis, organizou Cruzadas à Terra Santa, fundou as primeiras
Universidades. Nesse período a Filosofia Medieval ou Escolástica chega a uma
exacerbação da lógica tentando provar a existência de Deus e da alma imortal.
Do Século XIV ao XVI gesta-se a terceira crise, a ideia da liberdade política é
reencontrada, colocando o ser humano como artífice do seu próprio destino, através do
conhecimento, da política, das técnicas e das artes.
Nicolau Maquiavel que nasce em 1469, percebe que o poder fundava-se apenas em
actos de força, e pela força era deslocado onde nem religião, tradição, ou vontade
popular legitimavam o soberano.
Com a crise gestada na Renascença, o mundo prepara-se para uma nova racionalidade, a
crise do pensamento.
O determinante maior do pensamento ocidental até o final do Séc. XIX e começo do
Séc. XX foi a teorização da modernidade atribuído a Descartes, que inaugura o que se
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pode chamar de racionalidade moderna caracterizando em primeiro lugar a separação
radical entre corpo e alma, valorizando a alma, que para Descartes equivale a
pensamento, espírito, raciocínio lógico: o corpo passa a segundo plano, como mais
difícil de conhecer do que a alma. No final do século XIX, onde a racionalização atinge
seu ápice entrando na "crise da modernidade".
Immanuel Kant, cujas ideias parecem ser ponto de convergência do pensamento
filosófico anterior, faz uma análise crítica do universo espiritual humano voltando suas
preocupações para duas questões: o problema do conhecimento, suas possibilidades,
seus limites e sua esfera de aplicação e o problema da acção humana, ou seja, o
problema moral, o que fazer e como agir em relação ao semelhante, como alcançar a
felicidade ou o bem supremo.
O imperativo categórico kantiano é puramente racional e vazio e desvinculado de
qualquer condição ou empiria: "Age de tal modo que a máxima de sua vontade possa
valer-te sempre como princípio de uma legislação universal". (KANT, I. Coleção os
Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991).
Nietzsche, em seu ético questionamento da moral, repensa radicalmente seus
fundamentos e a transforma em um problema, embora seja tão duro ou mais do que o
próprio Kant, quando se trata de moral.
Em plena "crise da modernidade", surge Freud e a Psicanálise, num mundo onde
crenças e valores são questionados e Lacan que leva a Psicanálise às últimas
consequências, deixando no ar se o que teríamos depois de Lacan, seria então o fim da
Psicanálise como vinha sendo profetizado há muito?
Só o homem é capaz de ser mau, pois poderia escolher outros caminhos articulados ao
respeito mútuo, mas escolhe a violência e o poder como protagonistas do desejo. [...] A
ética da globalização da economia triunfa, tornando cada vez mais difícil a humanização
das condições materiais, necessárias à construção de um novo homem solidário, íntegro
ou apenas obediente a uma nova ordem mais justa. [...] Os homens estão aí, na maioria
das vezes, bastante disponíveis às manipulações perversas que evidentemente
achincalham a cidadania. (Aricó 2001)
Origem e concepções
Historicamente, a ética sempre foi orientada pela religião e pela razão, sendo
esta razão crítica em todas as sociedades. Podemos observar grandes filósofos como
Sócrates, Plantão, Aristóteles, Santo Agostinho, Kant, cada um a seu modo, buscando o
estabelecimento de códigos de ética validas universalmente.
Tendo a ética como ciência da conduta, podemos observar duas concepções:
“Ciências que trata do fim que deve orientar a conduta dos homens e dos meios para
atingir tal fim. É o ideal formulado e perseguido pelo homem por sua natureza e
essência”
“Ciência que trata do moral, da conduta humana e procura determinar esse móvel
visando dirigir a própria conduta. Liga-se ao desejo da sobrevivência”.
Na 1.ª concepção vemos Sócrates como precursor da ética ocidental. Platão que
tratou da ética das virtudes em sua obra “Republica”. Aristóteles que trata do propósito
da conduta humana de buscar a felicidade a partir da sua natureza racional. Hegel tratou
do objectivo da conduta humana destacando o estado como a realidade na qual a
conduta encontra integração e perfeição, tratando a ética como a filosofia do direito.
Em sua 2.ª concepção, vemos pródico que nos contempla com suas palavras:
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“Se desejares ser honrado por uma cidade deve útil a mesma”. Pregava o
respeito mútuo e a justiça como condição necessária a sobrevivência do homem; Kant
situou a ética no mundo da razão pura na qual os seres racionais buscavam firmar esse
mundo evitando os interesses individualizados e perseguindo o bem.
Benthan defendeu a conduta do homem como sendo determinado pela
expectativa do prazer ou da dor, sendo esse o único motivo possível da acção.
Ainda como ciência da conduta, vemos a ética no homem que exerce algum
poder sentindo-se o único sujeito real o eleito o melhor, o mais capaz, o mais
inteligente, portanto merecendo privilegio.
Neste sentido enfatiza-se que o significado ético deve estar sempre associado ao
outro. Somente em relação ao outro pode existir o valor moral e a conduta pode ser uma
acção da justiça.
A única ética possível estrutura-se na relação do sujeito com o outro, em que é
importante ser preservado o complexo espaço para a inter subjectividade. Só nessa
relação do sujeito com o outro podemos construir os valores éticos acerca do bem e do
mal. Representa também a relação do indivíduo com as instruções, com á sociedade.
Conceito – Ética Profissional
É extremamente importante saber diferenciar a ética do moral e do direito. Estas 3 áreas
de conhecimento se distinguem, entretanto têm grandes vínculos e até mesmo
sobreposição.
A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa independentemente das
fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que mesmo sem se
conhecerem, utilizam este mesmo referencial moral comum.
O direito estabelece o regulamento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras
do Estado. As leis têm uma base territorial, pois elas valem apenas para aquela área
geográfica onde determinada população ou seus delegados vive. Alguns autores
afirmam que o direito é um subconjunto da moral. Esta perspectiva pode gerar
conclusão de que a toda lei é moralmente aceitável.
Inúmeras situações demonstram existência de conflitos entre o direito e a moral.
Ex. Desobediência civil que ocorre quando argumentos morais impedem que
uma pessoa acate determinada lei. Assim a moral e o direito apesar de referirem-se a
uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes.
Define-se ética profissional como sendo um conjunto de normas de conduta que
deverão ser posta em pratica no exercício de qualquer profissão. Sendo assim, a acção
reguladora da ética que age no desempenho das profissões, faz com que o profissional
respeite seu semelhante quando no exercício da sua profissão.
A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com a sua
clientela, visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sócio-
cultural onde exerce sua profissão atingindo toda categoria profissional. Ao falarmos da
ética profissional, estamos nos referindo ao carácter normativo e até jurídico que
regulamenta determinada profissão a partir de estatutos e códigos específicos. Assim,
temos a ética médica, do advogado, do biólogo, do professor etc. relacionada em seus
respectivos códigos de ética. Em geral as profissões apresentam a ética firmada em
questões relevantes que ultrapassam o campo profissional em sí, como o aborto, a pena
de morte, sequestro e outros que são questões morais que se apresentam como
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problemas éticos, pois pedem uma reflexão profunda e assim um profissional, ao se
debruçar sobre elas, não o faz apenas como tal, mas, como um pensador, um filosofo da
ciência ou seja profissão que exerce. Desta forma, a reflexão ética entra na normalidade
de qualquer actividade profissional humana.
A ética inerente a vida humana é de suma importância na vida profissional,
assim para o profissional a ética não é somente inerente, mas indispensável a este. Na
acção humana o fazer e o agir estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à
eficácia que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir
refere-se à conduta do profissional, conjunto de atitudes que deve assumir no
desempenho da sua profissão.
A ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o
fim de todo ser humano.
O agir da pessoa humana está condicionada à duas premissas consideradas
básicas pela ética: “ o que é” o homem e para que vive”, logo toda capacidade cientifica
ou técnica precisa estar em conexão com os princípios essenciais da ética. (Motta 1984.
p. 69) Constatamos assim o forte conteúdo ético presente no exercício profissional.
Reflexões sobre a Ética Profissional
As reflexões realizadas no exercício de uma profissão devem ser iniciadas bem
antes da prática profissional. A escolha por uma profissão é optiva, mas ao escolhe-la, o
conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Toda a fase de formação,
abrangendo o aprendizado das competências e habilidades que se referem a prática
especifica numa determinada área deve incluir a reflexão. Ao completar a graduação em
nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e compromisso com
a categoria profissional onde formalmente ingressa, o que caracteriza o aspecto moral
da chamada ética profissional. O facto de uma pessoa trabalhar numa área que não
escolheu livremente como emprego por precisar de trabalhar, não o isenta da
responsabilidade de pertencer a uma classe, não a eximindo também dos deveres a
cumprir. Algumas perguntas podem guiar a reflexão, até esta tornar-se um hábito
incorporado ao dia-dia como por ex. Perguntar a sí mesmo se está sendo bom
profissional, está agindo adequadamente e ainda se está realizando correctamente sua
actividade. É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que não
estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas as
actividades que uma pessoa pode exercer, gostando do que se faz, sem perder a
dimensão de que é preciso sempre continuar melhorando, aprendendo, experimentando
novas soluções, criando novas formas de exercer as actividades, estando aberto a
mudanças, mesmo nos pequenos detalhes, que podem fazer uma grande diferença na sua
realização profissional e pessoal. Isto tudo pode acontecer com a reflexão ética
incorporada a seu viver. E isto é parte do que se chama empregabilidade, que nada mais
é que a capacidade que você pode ter de ser um profissional eticamente bom. O
comportamento adequado eticamente e o sucesso contínuo são indissociáveis.
Relações sociais e individualismo
As leis de cada profissão são elaboradas com objectivo de proteger os profissionais, a
categoria e as pessoas que dependem daquela profissão, mas há muitos aspectos não
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previstos especificamente e que fazem parte do compromisso dos profissionais em
serem eticamente correctos, ou seja, fazer coisa certa.
Outra referencia que tem sido objecto de estudo de muitos estudiosos, parece ser a
tendência do ser humano de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios e,
quando esses interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seríssimos
problemas.
O valor ético do esforço humano é variável em função do seu alcance, em face da
comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, tem em geral seu valor
restrito. Os serviços realizados, visando o benefício de terceiros com consciência do
bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa
com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo e a ele pouco
importa o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade. O número
dos que trabalham visando primordialmente o rendimento é muito grande, fazendo
assim com que as classes procurem defender-se contra a dilapidação de seus conceitos,
tutelando o trabalho e zelando para que uma luta encarniçada não ocorra na disputa dos
serviços, pois ficam vulneráveis ao individualismo.
A consciência de grupo tem surgido mais por interesse de defesa do que por altruísmo,
pois garantida a liberdade de trabalho, se não se regular e tutelar a conduta, o
individualismo pode transformar a vida dos profissionais em reciprocidade de agressão.
Tal luta quase sempre se processa em virtude da ambição de uns em cima de outros, e
que em nome dessas ambições, podem ser praticadas, por ex. quebras de sigilo.
A tutela de trabalho processa-se pelo caminho da exigência de uma ética imposta
através dos conselhos profissionais. As normas devem ser condizentes com as diversas
formas de prestar o serviço de organizar o profissional para esse fim.
A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e inconveniente e esta é
uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre buscam maior
abrangência. Assim ao nos referirmos à classe, ao social, não nos reportamos apenas a
situações isoladas ou modelos particulares, mas a situação geral. O egoísmo
desenfreado de poucas pode atingir um número expressivo de pessoas e até mesmo
influenciar o destino de nações, e partindo da ausência de conduta virtuosa de minorias
poderosas preocupados apenas com os lucros. Sabemos que a conduta do ser humano
pode tender ao egoísmo, mas, para os interesses de uma classe, de toda sociedade, é
preciso que se acomode às normas, porque, estas devem estar apoiadas em princípios de
virtude, assim a ética tem sido o caminho justo e adequado, para o beneficio comum,
geral.
Vocação para o Colectivo
Ingresso de uma vida inculta baseada apenas em instintos, o homem, sobre a terra, foi-
se organizando, na busca de maior estabilidade vital, cedendo parcelas do referido
individualismo para beneficiar da união, da divisão do trabalho e assim da protecção da
vida em comum. A organização social foi e continua a ser um progresso, na definição
das funções dos cidadãos e tal definição acentua gradativamente, o limite de acção das
classes.
A vocação para colectivo já não se encontra, nos dias actuais, com a mesma eficácia nos
grandes centros como ainda é encontrado em núcleos menores e poucas cidades de
maior dimensão possuem o espírito comunitário, enfrentando com grandes dificuldades
as questões classistas.
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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Parece-nos pouco entendido, que existe um bem comum a defender do qual um número
expressivo de pessoas depende para o bem-estar próprio e seus semelhantes, tendo
assim uma inequívoca interacção. O progresso do individualismo, gera sempre o risco
da transgressão ética, assim é imperativa a necessidade de uma tutela sobre o trabalho,
através de normas éticas.
Classes Profissionais
Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela
natureza do conhecimento exigido para tal execução e pela identidade habilitação para,
o exercício da mesma. A classe profissional é um grupo dentro da sociedade, especifico,
definido por sua especialidade de desempenho de tarefas.
A divisão do trabalho é antiga e está ligada a vocação de cada um para determinadas
tarefas e as circunstâncias que obrigam, muitas vezes, a assumir esse ou aquele trabalho:
ficou prático para o homem em comunidade transferir tarefas e executar a sua. A união
dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolução natural e hoje se acha não só
regulada por leis, mas consolidada em instituições fortíssimas de classe, como os
códigos de ética.
Actividade Voluntária
Outro conceito interessante que podemos examinar é o de profissional, que é
regularmente remunerado ao executar a actividade que exerce, em oposição ao amador,
que podemos conceituar sendo aquele que exerce actividade voluntária e que, nesta
conceituação, este não seria profissional, sendo esta uma conceituação polémica.
Voluntário é aquele que se dispõe a exercer a pratica profissional não remunerada, seja
para fins assistenciais, ou prestação de serviços por um período determinado ou não. É
fundamental observar que só é eticamente adequado, o profissional que age, na
actividade voluntária, com o mesmo comprometimento que teria no exercício
profissional se este fosse remunerado. Se a actividade é voluntária, sendo uma opção
realiza-la, é eticamente adequado que esta seja realizada da mesma forma como faz tudo
que é importante em sua vida.
Pontos Para Reflexão
É imprescindível estar sempre bem informado, acompanhando não apenas as mudanças
nos conhecimentos técnicos de sua área profissional, mas também nos aspectos legais e
normativos. Vá e busque o conhecimento. Muitos processos ético-disciplinares nos
conselhos profissionais acontecem por desconhecimento, negligência.
Competência técnica, aprimoramento constante, respeito às pessoas, confidencialidade,
privacidade, tolerância, flexibilidade, fidelidade, envolvimento, afectividade, correcção
da conduta, boas maneiras, relações genuínas com as
pessoas, responsabilidade, corresponder à confiança que é depositada em você, são as
qualidades que devem estar incutidas na pessoa eticamente profissional
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Princípios, Valores E Virtudes
Existe uma grande diferença entre princípios, valores e virtudes embora sua efetividade
seja válida apenas quando os conceitos estão alinhados. No mundo corporativo em
geral, noto que muitos profissionais são equivocados com relação aos conceitos e,
apesar de defenderem o significado de um ou outro, a prática se revela diferente.
Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados universais que definem as
regras pela qual uma sociedade civilizada deve se orientar. Em qualquer lugar do
mundo, princípios são incontestáveis, pois, quando adotados não oferecem resistência
alguma. Entende-se que a adoção desses princípios está em consonância com o
pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da constituição de um país
quanto para acordos políticos entre as nações ou estatutos de condomínio. Vale no
âmbito pessoal e profissional.
Amor, felicidade, liberdade, paz e plenitude são exemplos de princípios considerados
universais. Como cidadãos – pessoas e profissionais - esses princípios fazem parte da
nossa existência e durante uma vida estaremos lutando para torná-los inabaláveis.
Temos direito a todos eles, contudo, por razões diversas, eles não surgem de graça. A
base dos nossos princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles se
perdem no meio do caminho.
De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são comuns a todos os
povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou não. Quem age diferente ou em
desacordo com os princípios universais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas
as conseqüências. São as escolhas que fazemos com base em valores equivocados, não
em princípios.
Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou mantidos por determinado
indivíduo, classe ou sociedade, portanto, em geral, dependem basicamente da cultura
relacionada com o ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão
entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são diferentes.
Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e, acima de tudo,
contestáveis. O que vale para você não vale necessariamente para os demais colegas de
trabalho. Sua aplicação pode ou não ser ética e depende muito do caráter ou da
personalidade da pessoa que os adopta.
Pessoas de origem humilde definem valores de maneira diferente das pessoas de origem
mais abastada. De um lado, a escassez pode gerar a idéia de que dinheiro não traz
felicidade, portanto, mesmo sem dinheiro, é possível ser feliz utilizando-se valores
como amizade, por exemplo. Do outro, o apego ao dinheiro e a convivência harmoniosa
com o conforto pode gerar a idéia de que sem dinheiro não é possível ser feliz, ou seja,
o dinheiro traz felicidade, amizade, conforto e, se houver mais dinheiro do que o
necessário, valores como filantropia e voluntariado podem ser praticados.
Essa comparação não define o certo e o errado. Ela apenas levanta uma questão
interessante sobre o conceito de valores e depende do ponto de vista de cada cultura ou
de cada pessoa, em particular. Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do
que aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores completamente
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, luxo e riqueza - estão na ordem do
dia, infelizmente. Todos os dias somos convidados a negligenciar os princípios e adotar
os valores ditados pela sociedade.
Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do espírito, as quais, por um
esforço da vontade, inclinam à prática do bem. Aristóteles afirmava que há duas
espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua
geração e crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao passo que a
virtude moral é adquirida com o resultado do hábito.
Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza, visto que
nada que existe por natureza pode ser alterado pela força do hábito, portanto, virtudes
nada mais são do que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio onde
somos criados e condicionados através de exemplos e comportamentos semelhantes.
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por exemplo, conhecia os
princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar valores como a supremacia da raça ariana, a
aniquilação da oposição e a dominação pela força. Significa que também não dispunha
de virtudes, pois as virtudes são decorrentes dos princípios e o seu legado foi um dos
mais nefastos da história. Sua ambição desmedida o tornou obcecado por valores que
contrastam com os princípios universais.
Diferente de Hitler, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce e Mahatma Gandhi tinham
princípios, valores e virtudes integralmente alinhados com a sua concepção de vida.
Todos lutavam por causas nobres e tinham um ponto comum: a dignidade humana.
Enquanto Hitler, Milosevic e Karadzic entraram para o rol das figuras mais odiadas da
humanidade, Madre Teresa, Irmã Dulce da Bahia e Gandhi são personalidades
singulares que inspiram exemplos para a humanidade.
Existem pessoas que nunca seguiram princípio algum e, apesar de tudo, continuam
enriquecendo, fazendo sucesso na televisão, conquistando cargos importantes nas
empresas e assumindo papéis relevantes na sociedade. Entretanto, riqueza material não
é a única medida de sucesso. Avalie, por si mesmo, quais os exemplos deixados por
elas, a sua contribuição para o mundo e o seu triste legado para os descendentes.
No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência seja, por vezes,
insuportável, deparamo-nos com profissionais que atropelam os princípios, como se isso
fosse algo natural, um meio de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com
duas grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espírito de equipe.
Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte do seu vocabulário e, apesar da
falta de escrúpulo, leva tempo para destituí-los do poder.
Valores e virtudes baseados em princípios universais são inegociáveis e, assim como a
ética e a lealdade, ou você tem, ou não tem. Entretanto, conceitos como liberdade,
felicidade ou riqueza não podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem
recordações, experiências, imagens internas e sentimentos que dão um sentido especial
e particular a esses conceitos.
O importante é que você não perca de vista esses conceitos e tenha em mente que a sua
contribuição, no universo pessoal e profissional, depende da aplicação mais próxima
possível do senso de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada,
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute pelos princípios que
os valores e as virtudes fluirão naturalmente. O que vale em casa vale no trabalho. Não
existe paz de espírito nem crescimento interior sem o triunfo dos princípios. Pense nisso
e seja feliz!
Virtudes Profissionais
Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser
levadas em conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento
de sua atuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão.
Muitas destas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade,
aumentando neste caso o mérito do profissional que, no decorrer de sua atividade
profissional, consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando vivenciá-las ao
lado dos deveres profissionais.
Honestidade: é a primeira virtude no campo profissional. É um princípio que não
admite relatividade, tolerância ou interpretações circunstanciais.
Sigilo: o respeito aos segredos das pessoas, deve ser desenvolvido na formação de
futuros profissionais, pois trata-se de algo muito importante. Uma informação sigilosa é
algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória.
Competência: o conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas
profissionais é pré-requisito para a prestação de serviços de boa qualidade.
Prudência: todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança. A prudência
contribui para a maior segurança, principalmente das decisões a serem tomadas; é
indispensável nos casos de decisões sérias e graves, pois evita os julgamentos
apressados e as lutas ou discussões inúteis.
Coragem: A coragem nos ajuda a reagir às críticas, quando injustas, e a nos defender
dignamente quando estamos cônscios de nosso dever. Nos ajuda a não ter medo de
defender a verdade e a justiça, principalmente quando estas forem de real interesse para
outrem ou para o bem comum.
Perseverança: qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária, pois todo trabalho
está sujeito a incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados,
prosseguindo o profissional em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas
Compreensão: qualidade que ajuda muito um profissional, porque é bem aceito pelos
que dele dependem, em termos de trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão
importante no relacionamento profissional.
Humildade: o profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que não é o
dono da verdade e que o bom senso e a inteligência são propriedade de um grande
número de pessoas.
Imparcialidade: é uma qualidade tão importante que assume as características do
dever, pois se destina a se contrapor aos preconceitos, a reagir contra os mitos, a
defender os verdadeiros valores sociais e éticos, assumindo principalmente uma posição
justa nas situações que terá que enfrentar. Para ser justo é preciso ser imparcial, logo a
justiça depende muito da imparcialidade.
Otimismo: em face das perspectivas das sociedades modernas, o profissional precisa e
deve ser otimista, para acreditar na capacidade de realização da pessoa humana, no
poder do desenvolvimento, enfrentando o futuro com energia e bom-humor.
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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Ouvir: é a maior virtude das relações humanas.
Perceber, reconhecer, entender, compreender, valorizar, dar atenção, respeitar...
São vários nomes diferentes para um processo tão simples, mas ao mesmo tempo tão
difícil de ser praticado: ouvir, de fato, o outro.
Ouvir não significa simplesmente escutar os sons da voz ou acompanhar o
raciocínio do interlocutor. Significa, antes de tudo, ter paciência e tolerância para aceitar
a outra pessoa como ela é, com suas qualidades e seus defeitos, crenças e emoções, com
sua aparência, quer nos seja agradável ou desagradável, sem pré-julgamentos. Concordo
com quem disse que esse não é um processo fácil, embora pareça tão elementar.
Vamos analisar um pouco as causas dessas dificuldades. É muito comum
compararmos o mundo ao nosso próprio referencial de vida, de como percebemos o
mundo, que passa a ser o “nosso mundo”. Incluem-se aí os nossos valores, conceitos e
preconceitos.
Além disso, as pessoas aproximam-se pelas semelhanças e não pelas diferenças,
desmistificando a crença popular de que os opostos se atraem. Se observarmos bem,
antes da diferença há muita convergência, situações comuns, similaridades que actuam
como facilitadoras de um processo de entendimento e consideração e a partir daí
eventuais diferenças de carácter, atitudes ou comportamentos passam a configurar uma
relação afectiva.
Se observarmos bem, quando admiramos uma pessoa dizemos: “Que pessoa
extraordinária! Que pessoa agradável! Que pessoa simpática!” Enquanto isso, lá no
fundo, um outro comentário quase imperceptível complementa... “tão parecida
comigo!” Também fica fácil entender tal atitude por outra simples razão, só percebemos
qualidades e defeitos nos outros quando nos chamam a atenção porque em potencial
essas características existem em nós mesmos.
Se precisamos falar com o outro de verdade, primeiro é necessário querer e esse
querer precisa ser um desejo, uma vontade inquebrantável que não nos fará desistir
diante da primeira adversidade. Depois, devemos ter e exercitar a flexibilidade,
colocando-nos no lugar do outro, empaticamente.
Aliás, empatia é isso mesmo: ajustar-se ao estilo, momento psicológico, crenças
e valores do mesmo interlocutor e nessa projecção conseguir melhor entendimento.
Algumas sugestões importantes para quem, de facto, deseja ouvir de verdade
outra pessoa e, a partir daí, abrir uma porta de entrada para o relacionamento: amizade,
vendas, negociações, lideranças, amor etc.:

Olhe nos olhos da outra pessoa e perceba-a nos seus detalhes, esteja com a
atenção focada e envolvida com ela.
 Procure manter a calma, evite deixar se dominar por algum preconceito ou algo
da outra pessoa que desagrada.
 Tenha paciência, saiba aceitar o silêncio da outra pessoa.
 Evite contradizer o outro, evitando as palavras “mas”, “todavia”, “entretanto”,
“contudo”. Procure, antes de qualquer discordância, algum ponto com o qual
vocês concordem.
 Valorize e respeite as opiniões de seu interlocutor.
 Demonstre respeito pelo outro como o outro é, e não como gostaria que fosse.
 Crie condições favoráveis para o outro expressar livremente suas ideias e
opiniões, saiba ter tacto para lidar com a discordância.
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 Concentre as diferenças no campo das ideias e não permita que sejam levadas
para o lado pessoal.
 Certifique-se de que você compreendeu de fato o que o outro queria transmitir;
repita, questione, pergunte, evite ao máximo interpretações infundadas.
 Por último, faça bom uso do grande amor que você tem em seu coração para
aceitar incondicionalmente as outras pessoas como são: cheias de defeitos,
limites, preconceitos e, também, repleta de virtudes, sonhos, conhecimentos, de
sentimento. Assim como você.
Virtudes Morais
"1- Coragem: Bem, coragem é mais que uma Virtude, é um principio. Dela se deriva o
Valor, o Auto - Sacrifício , a Honra e a Verdadeira Espiritualidade. Se você não
procurar ter coragem, não enfrentara nem conhecera seus próprios limites. Com
Coragem e força, não só você conhecera realmente seus limites, mas com o tempo você
poderá rompe-los e conhecer limites ainda maiores e poder caminhar para a perfeição e
o Infinito. O Pior inimigo a se enfrentar não é externo, ele esta dentro de você. É mais
fácil você enfrentar mil soldados inimigos do que enfrentar Seu próprio lado obscuro e
confrontar sua Verdadeira Natureza.
Portanto Coragem é algo a se praticar externamente e internamente. Você só deve
retroceder em uma batalha, seja ela de que natureza for, quando sua morte ou derrota
não for construtiva para nada. Afinal "um Homem morto não é útil para ninguém." e
"um sábio sabe as batalhas que realmente valem a pena ser disputadas." Ou seja,
Coragem sim, mesmo que para enfrentar a Morte, mas Coragem sempre com Sabedoria.
2- Verdade: A Verdade aqui também não é apenas uma Virtude, mas um Princípio. Em
sua natureza Absoluta, Ela é o Principio de Tudo. Ela pode ser entendida como
Honestidade, mas não é apenas isto. Dela se deriva a Honestidade, Justiça, Honra e
Espiritualidade. Um Homem não deve procurar ser Honesto e Honrado para agradar a
Deus, e sim para melhorar seu padrão e modo de Vida, e com isto, conquistar o respeito
das pessoas a sua volta. Se você não for honesto, as pessoas tenderão a não confiar em
sua palavra, não importa o quão gostem de você. Você não teria credito em nenhuma
parte, afora que muitos não perderiam seu tempo em respeita-lo.
3- Honra:Existe um provérbio Japonês muito usado pelos Samurais que diz. "Honra
não é Orgulho. É Consciência do que se Tem." Muitas pessoas confundem honra com
orgulho ou dignidade pessoal. Quanto ao orgulho, ele em si não é Honra, mas você pode
ter Orgulho de Sua Honra de uma maneira positiva, sem que isso pareça arrogância.
Dignidade pessoal? Honra também não é isto diretamente, embora ações honradas
gerem por si só a Dignidade pessoal. Se você não age com Honra, você é indigno e
obviamente (por uma questão de semântica) você não possui dignidade pessoal. Honra é
jogar limpo (Fair-Play). A Virtude da Honra é formada pêlos Princípios de Verdade e
Coragem. Verdade para admitir suas verdadeiras responsabilidades e Coragem para
assumi-las.
4- Fidelidade: Ou Lealdade, se preferirem. Fidelidade não é apenas dar exclusividade
sexual ao seu parceiro amoroso como assim já foi especulado. Você pode não dar
exclusividade e ainda por cima ser fiel. Se você seguir todos estes princípios, você
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estará sendo fiel a eles. Você pode ser fiel a uma causa, pátria, pessoa ou religião. O
Ocidente tem a mania de rotular tipos de amor. Você ama seu pai? Você ama sua Mãe?
Você ama a flor a qual aspiras o seu perfume? Você ama seu namorado ou namorada?
Se a resposta for sim para todas, e a resposta for correta, saiba que o amor que você
sente por todos estes itens citados é do mesmo tipo. Quando você ama, você quer o bem
do que você ama, mesmo que em detrimento do seu. Se você ama um garoto ou garota,
você quer que ele seja feliz contigo, sem você ou não só com você. Se você ama uma
rosa, como você agiria? Você aspiraria seu perfume, se deliciaria com ele, regaria a
roseira e adubaria seu solo ou você limitaria seu tempo de vida ainda mais cortando a
pelo caule e colocando a em um vaso para enfeitar a sua sala para só você e quem você
quiser, aspirar seu perfume e apreciar sua beleza até que ela definhe e morra? Porém, se
o acordo do relacionamento foi de exclusividade, ai sim você não estaria sendo fiel a
algo se você não desse exclusividade ao seu parceiro ou parceira. Agir corretamente de
acordo com os princípios, sem se desviar deles é fidelidade, portanto, se você agir com
coragem, verdade, honra e disciplina, você estaria sendo Fiel.
5- Disciplina: (Justiça) O Universo provém do caos, portanto o caos é o elemento
gerador da existência. Entretanto, se só houvesse o caos, o universo seria apenas um
elemento em constante mudança, sem nada a ser criado ou estabilizado. Para tanto, para
se contrapor ao caos, existe a Ordem que é o elemento estabilizador. Porém, se houver
Ordem demais, acaba se gerando outro problema que é a estagnação. Para tanto,
também há o principio da Entropia ou destruição, que elimina os excessos dos dois e
"destroi o velho para que o novo possa nascer". É claro que destruição em excesso
também não é nada interessante. Nem preciso explicar o porque, não? Equilibrar estas
três forças seria Disciplina em uma visão cósmica, mas o que interessa e a Disciplina
em um plano mais relativo e terreno. No nosso caso, Liberdade (caos) é interessante,
liberdade absoluta, ainda mais, mas não podemos esquecer que vivemos em sociedade e
para uma convivência salutar, é necessário limitar a liberdade de um aonde começa a
liberdade de outro. Para tanto, é preciso se estabelecer regras ou Lei (Ordem). E quando
estas são quebradas, é necessário usar de uma força disciplinar, destrutiva, quando
preciso, para voltar a estabelecer a harmonia e a Justiça.
6- Hospitalidade; "Fogo é preciso para o recém - chegado, para aqueles joelhos que
estão congelados até as juntas; Comida e roupas limpas um homem (aqui entenda se
também as mulheres) que cruzou as colinas necessita." Assim, Você estará praticando
Verdade, Coragem, fidelidade (pois você convidou, senão ele(a) não seria seu hospede),
Justiça (igualmente, porque você o convidou e ele(a) cruzou colinas para te ver.) e como
na virtude da Disciplina, para acrescentar algo que de a esta virtude sua individualidade,
eu acrescentaria Compaixão que é baseada no Princípio do Amor. Mas Hospitalidade
não é apenas Compaixão. Existem certas regras de hospitalidade as quais devem ser
seguidas.
7- Laboriosidade: Esta em si já gera as duas próximas Virtudes. Trabalhar com Labor
significa produzir. O oposto desta Virtude justamente com a próxima seria o
Parasitismo que é viver as custas dos outros, sem ao menos tentar colaborar com algo.
Você trabalhar duro para ganhar o seu pão e poder assim, usufruir dele e dos seus frutos.
Para tanto é necessário Coragem, Perseverança e Sabedoria, pois com tantos
aproveitadores neste mundo, a Sabedoria é necessária para se atingir a prosperidade.
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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8- Indepêndencia: (Auto Confiança) O termo original em inglês é "Self - Reliance" e
quer dizer ambas as coisas. Mas a essência desta Virtude é a Liberdade e o desejo por
ela de uma forma honrada. Se você age com liberdade mas parasita alguém sem sequer
colaborar com nada para esta pessoa, você não estará praticando esta virtude. No
sentido de Auto Confiança, se você confiar em deus e não confiar em si próprio, não
serás capaz de nada. Vivemos em um pais de predominância Cristã e estamos
acostumados a ver muitas pessoas viver a mediocridade de confiar em um suposto deus
absoluto e responsabiliza-lo por tudo que da certo nas suas vidas se esquecendo de todas
as ações acertadas que tomaram, esquecem que são um elemento de mudança do mundo
de muita importância. Também responsabilizam um suposto diabo por suas atitudes
errôneas fazendo assim o ato de lavar as mãos ou se omitindo de suas responsabilidades
consigo próprios, com suas famílias e a sociedade. Esta virtude é justamente o oposto
disso. Você e mais ninguém, é responsável por suas ações. E se você é independente,
tens todo direito a sua Liberdade, portanto podemos interpretar essa virtude como
Liberdade com um senso de auto responsabilidade por seus atos.
9- Perseverança: (Paciência) O que comentar sobre essa virtude que não foi comentado
na nota sobre a Virtude e Principio da Coragem? Praticar perseverança é ter a coragem
para enfrentar seus próprios limites e ir até o fim para se estabelecer e realizar suas
metas. De certo não se pode atingir o topo de uma montanha com apenas um salto. Mas
passo a passo, e um de cada vez, você pode atingir o topo da montanha, e quando atingi-
lo, deve se lembrar que cada um dos pequenos passos dentre as centenas deles que você
precisou dar para atingir este topo, foi igualmente importante, com exceção do primeiro
passo. O primeiro foi o mais importante de todos, pois foi sua iniciativa e perseverança
que o levara até lá."
Código de Ética Profissional
Sempre, quando se fala em virtudes profissionais, é preciso mencionar a existência dos
códigos de ética profissional.
As relações de valor que existem entre o ideal, moral traçado e os diversos campos da
conduta humana podem ser reunidos em um instrumento regulador. Assim o código de
ética é uma espécie de contrato de classe em que os órgãos de fiscalização do exercício
da profissão passam a controlar a execução de tal peça magna. Tudo deriva, pois de
critérios de conduta de um individuo perante seu grupo social. Tem como base as
virtudes que devem ser exigíveis e respeitadas no exercício da profissão abrangendo o
relacionamento com usuários, colegas de profissão, classe e sociedade. O interesse no
cumprimento do referido código deve ser de todos. O exercício de uma virtude
obrigatória torna-se exigível para cada profissional como se uma lei fosse, uma vez que
toda comunidade possui elementos qualificados e alguns que transgridem a prática das
virtudes: seria utópico admitir uniformidade de conduta.
A disciplina, entretanto, é um contrato de atitudes, de deveres, de estados de
consciência, e que deve formar um código de ética, tem sido a solução, notadamente nas
classes profissionais que são ingressas de cursos universitários (contadores, médicos,
advogados, psicólogos, etc.).
Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente evitar
que se macule o bom nome e o conceito social de uma categoria.
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Como resolver dilemas ético-deontologicos
Passos dos gestores para a tomada de decisão
Informação:
Tenho informação relevante e suficiente para tomar decisão no caso concreto?
Envolvimento:
Considerei e envolvi todas as pessoas com interesse relevante para a decisão em causa?
Consequências:
Analisei todas as consequências previsíveis e ponderei-as face ao resultado final da
decisão?
Justiça:
Se as consequências mais graves da decisão se refletissem em mim, mesmo assim
consideraria a solução justa, tendo em consideração todas as circunstâncias?
Valores:
A solução encontrada mantém a integridade dos valores que considero essências?
Universalidade (solução universal):
Considero que a decisão que pretendo tomar se deve tornar uma norma universal
aplicável a todas as situações semelhantes?
Publicidade (reputação):
Como me sentiria e como seria considerado pelas pessoas com quem me relaciono, se
os detalhes do processo de tomada de decisão e a solução encontrada fossem revelados?
Os principais erros que devem ser evitados no trabalho em grupo
Cada vez mais o mercado de trabalho exige dos profissionais excelência em
comunicação e facilidade para trabalhar em equipe. Ocorre que em boa parte dos casos
o sucesso no desempenho dessas tarefas esbarra na falta de bom-senso e de limites entre
o que pode ou não, ser feito e dito para os colegas da empresa. O “Universia” conversou
com especialistas de carreira que listaram algumas atitudes imperdoáveis no
relacionamento diário de uma equipe. Elas poderão ajudá-lo a não sofrer as
consequências de uma piada fora de hora ou do mau-humor de um membro da Equipa
Falar de colegas ausentes
"Falar dos outros é sempre delicado. Portanto, se você tem algo a dizer ao seu colega
diga directamente a ele. Desta forma, evita que o comentário seja mal interpretado e
retransmitido por outros. Ao fazer uma crítica directamente ao colega em questão você
evita que seu comentário chegue distorcido aos ouvidos dele, o que pode gerar conflitos.
Além disso, falar pelas costas e comentar sobre a vida alheia é uma atitude mal vista".
Rejeitar o trabalho em equipe
"Hoje, independentemente do seu cargo, é preciso saber trabalhar em equipe, já que
bons resultados dificilmente nascem de acções individuais. No ambiente corporativo,
uns dependem dos outros. Se o funcionário não estiver disposto a colaborar com os
colegas, certamente será um elo quebrado. Com isso, o grupo/equipe não chegará ao
resultado desejado. Ser resistente ao trabalho em equipe é um revés grave. Sem essa
abertura, dificilmente o colaborador conseguirá obter sucesso".
Ser antipático (a)
"A empatia é muito útil no ambiente de trabalho. Você deve ser leal, cortês, amigo e
humilde. Falar «bom dia» e cumprimentar os outros são atitudes que demonstram
educação e respeito pelos demais. O fato do trabalho exigir concentração do
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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colaborador não significa que ele não possa ser cordial e abrir um espaço na agenda
para ajudar os companheiros de equipa".
Deixar conflitos pendentes
"Conflitos acumulados podem agravar-se. Qualquer tipo de problema referente ao
trabalho, dúvida sobre decisões, responsabilidades que não foram bem entendidas,
alguém que ficou magoado com outro por algum motivo, enfim, qualquer tipo de
desconforto deve ser esclarecido para evitar a discórdia no ambiente de trabalho. O
colaborador deve conversar para resolver o assunto, caso contrário, isso poderá gerar
antipatia, conversa de corredores com outros colaboradores e um clima péssimo para
toda a equipa".
Ficar de cara fechada
"Ter um companheiro de equipa com bom humor anima o ambiente de trabalho,
enquanto que um colega mal-humorado causa desconforto do início ao fim do
expediente. Esta postura gera desgastes desnecessários, pois além de deixar toda uma
equipa desmotivada ainda atrapalha a produtividade. Pessoas mal-humoradas
geralmente não toleram brincadeiras. Com isso, automaticamente são excluídas da
equipa, o que não é saudável. Por essa razão, manter o bom humor no trabalho é
fundamental para cultivar bons relacionamentos".
Deixar de cultivar relacionamentos
"Os melhores empregos não estão nos jornais e nem nos classificados. A partir do seu
relacionamento interpessoal no trabalho conseguirá construir a sua oportunidade ". é
importante mostrar dinamismo, ser cooperativo no trabalho, um bom trabalho é aquele
onde você está e só depende de si torná-lo no trabalho que deseja. porque o melhor
trabalho é aquele onde você se empenha, onde constrói a sua carreira.
Não ouvir os colegas
"É importante escutar a todos, mesmo aqueles que têm menos experiência. Isso estimula
a participação e a receptividade de novas ideias e soluções. Questionar com um ar de
superioridade as opiniões colocadas numa reunião não só intimida quem está expondo a
ideia, como passa uma imagem de que você é hostil. É necessário reflectir sobre o que
está sendo dito, não apenas ouvir e descartar a ideia de antemão por considerá-la inútil".
Não respeitar a diversidade
"Todas as diferenças devem ser respeitadas entre os membros de uma equipe. Não é
aceitável na nossa sociedade alguém que não queira contacto com outro indivíduo
apenas por ele ser diferente. Ao passo que o funcionário aceita a diversidade, ele amplia
as possibilidades de actuação, seja dentro da organização ou com um novo cliente.
Além disso, o respeito e o tratamento justo são valores do mundo globalizado que
deveriam estar no DNA de todos. Sem eles, o colaborador atrapalha o relacionamento
das equipas, invade limites dos colegas e a natureza do outro".
Apontar o erro do outro
"A perfeição não é virtude de ninguém. Antes de apontar o erro de outro, devemos
analisar a nossa própria conduta e a nossa responsabilidade para o insucesso de um
trabalho ou projecto. É melhor ajudar a solucionar um problema do que criar outro
maior em cima de algo que já deu errado. Lembre-se: errar é humano e o julgamento
não cabe no ambiente de trabalho. No futuro, o erro apontado pode ser o seu".
Ficar nervoso (a) com a equipe
"Atritos acontecem no ambiente de trabalho, mas a empatia deve ser colocada em
prática nos momentos de tensão entre a equipa para evitar que o problema chegue ao
gestor e se torne ainda pior. Cada um tem um tipo de aprendizagem e um ritmo de
trabalho, o que não quer dizer que a qualidade da actividade seja melhor ou pior que a
sua. O respeito e a maturidade profissional devem falar mais alto do que o nervosismo.
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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Equilíbrio emocional e uma conduta educada são importantes tanto para a empresa
como para o profissional".
Conclusão
A definição de ética e moral leva a insinuação de que ambas assumem a mesma
identidade. Neste caso a ética seria a teoria dos costumes, ou a ciência dos costumes,
enquanto moral seria tomada como ciência, haja vista ser objecto da mesma.
O positivismo propõe que a ética enquanto conhecimento científico deva aspirar à
racionalidade e objectividade mais completas e, ao mesmo tempo, deva proporcionar
conhecimentos sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis
(Vázques.1995. Monte, 2002).
Construir a nação abstracta de conceitos como justiça, liberdade, igualdade e outros
como a ética é também invocar à semântica - suas conotações e múltiplos sentidos
atribuídos. Estas expressões imbuem o sujeito que as assimila de forte e evidente carga
emocional. Nalini.1999) afirma que é ainda utilizar-se de expressões que transbordam o
sentimento e enceram a complexidade característica às questões filosóficas. Contudo, a
aplicabilidade pragmática da ética reside na crise de sustentação que civilizações
modernas passam, de modo que se encontram imbricadas questões filosóficas, políticas,
sociais e culturais, estéticas e sem excluir, questões religiosas, dentre tantas outras. A
crise da humanidade é uma crise moral, afirma Nalini (1999). Partindo desta premissa é
que não se pode desfocar da preservação da dignidade humana, quando se pauta na
conduta pessoal.
Indistintamente, ética “é a ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade”(Engelhardt.1998:72). Desta forma é concebida como uma ciência, e como
tal, tem objecto próprio, leis próprias e métodos próprios. Assim, o objecto da ética é a
moral que se torna reconhecida como um dos aspectos do comportamento humano. A
expressão deriva da palavra romana mores, que assume o sentido de costumes, ou seja
conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua prática.
Toda via, não se trata apenas da concepção teórico-epistemológico de moral como
produto ou essência do comportamento humano, mas a moral como produto da ética,
vista através da moralidade positiva. Isto porque a ética abriga-se na ideia do “conjunto
de regras de comportamento e formas de vida através das quais tende o homem a
realizar o valor do bem”(Maynez Apud Nalini 199:35).
A ética é uma disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri-las e
elucidá-las. Mostrando ás pessoas os valores e princípios que devem nortear sua
existência, a ética aprimora e desenvolve seu sentido moral e influencia a conduta.
assume-se como epicentro na tomada de decisões, reconhecimento de sí como objecto
de um sujeito, isto justifica a necessidade de normas avançadas que compreendam a
dimensionalidade assumida pelo homem e ainda questões que contemplem a ética do
comportamento, sobre a vida e os “novos” mecanismos de relação estabelecidos para a
garantia e manutenção desta.
A sustentação da ética profissional nas disciplinas como campo de assistência que
trabalha com a subjectividade e o psiquismo humano, como por ex. a psicologia, abre
indagações longínquas que contornam a ética profissional e suas actuações.
Mesmo a filosofia da ética através do seu estudo histórico sobre o comportamento
humano, bem como o reflexo da ética da vida, por trás de sua manutenção ou não, e por
sua normalização e positivação das condutas que vislumbram a transformação da
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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profissão e da ciência, frente ao ser humano, as condições para que encerrem as
discussões sobre a ciência do bem e do mal ainda estão a quem de um meio e, por fim,
de conclusões cristalizadas sobre o comportamento humano, ou seria o humano
comportamento?
O ser humano, como sabemos, é dotado de matéria e pensamento, de água e espírito.
A ética para a psicologia é uma forma específica do comportamento humano. Ela se
relaciona com outras ciências humanas com intuito de se alcançar um comportamento
moral.
Segundo Vázques, 1977. ”ainda que o comportamento moral responda á necessidade
social de regular as relações dos indivíduos numa certa direcção, a actividade é sempre
vivida interna ou intimamente pelo sujeito em um processo subjectivo cuja elucidação
contribui muito para a psicologia. Como ciência do psíquico, a psicologia vem em ajuda
da ética quando põe em evidência as leis que regem as motivações internas do
comportamento do individuo, assim como quando mostra a estrutura do carácter e da
personalidade. Dá a sua ajuda também quando examina os actos voluntários, a formação
dos hábitos, a génese da consciência moral e dos juízos morais.
Em poucas palavras, a psicologia presta uma importante contribuição à ética quando
esclarece as condições internas subjectivas dos actos dos indivíduos e deste modo,
contribuindo para a compreensão da sua dimensão moral.
Devemos conhecer e aplicar nossos códigos de ética, mas também fazer brotar na
categoria a (com) paixão e o compromisso com a área e com a sociedade á qual
servimos.
A indiferença
“Primeiro, levaram os comunistas. Mas eu não me importei com isso.
Não sou comunista.
Em seguida, levaram alguns operários. Mas eu não me importei com isso.
Eu também não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas. Mas eu não me importei com isso.
Eu não sou sindicalista.
Depois agarraram os sacerdotes, mas como eu não sou religioso, também não me
importei.
Agora estão me levando.
Mas já é tarde.”
Bertold Brecht
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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VÁZQUEZ, Adolfo S. Ética 18ª ed. R.J: Civilização Brasileira, 1977.
Pauta deontológica do serviço público Angolano
A Administração pública, no desempenho da sua insubstituivel função social, deve,
através dos seus trabalhadores, pautar a sua conduta por principios, valores e regras
alicerçados na justiça, na transparência e na ética profissional, como primeiro passo
para o estabelecimento da necessaria relação de confiança entre serviços públicos e aos
cidadãos.
Assim, para além das obrigações estabelecidas no estatuto disciplinar dos
trabalhadores da função pública, reconhece-se útil juntar-se-lhes os imperativos
intrisencamente entranhados no âmago da coisa pública, ditames que transformam a
obrigação em devoção e que enobrecem o sentido e a utilidade da actuação dos orgãos e
serviços da administração pública.
Para tanto tem de haver uma disciplina integral que procure contemplar deveres
externos e internos na qual se interligam os comandos legal e moral e em que os
poderes funcionais são acompanhados do conhecimento e prática dos usos exemplares
da sociedade, com relevâcia para os que se referem às relações entre servidores público,
trabalhador da Administração pública e o cidadão utente, beneficiário e garante dos
serviços públicos.
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
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Sendo os serviços públicos criados para servir a comunidade e o indivíduo, pesa sobre
o servidor público, sem prejuizo da autoridade de que também está imbuído, o dever de
acatamento e respeito para com os deveres fundamentais da sociedade, da ordem
constituicional, dos cidadãos e da própria Administrção Pública quer Central como
local.
Impõe-se assim a formulação de regras deontológicas com as quais o funcionário
público e agente administrativo deverão pautar a sua conduta no desempenho da sua
actividade profissional, em homenagem e observância aos valores mais elevados em que
se fundamenta a missão para qual estão investidos;
Assim nos termos da alínea e) do artigo 112º da lei constituicional o governo delibera
o seguinte:
Aprovar e divulgar a pauta deontologica do serviço público anexa à resolução 27/94
de Agosto.
1- Âmbito, conteúdo e Aplicação
1. A pauta Deontológica do serviço público Angolano abrange todos os trabalhadores da
Administração Pública, independentemente do seu cargo, nível ou local de actividade,
incluindo, os que exercem funções de direcçõa e chefia.
2. O conteúdo de Pauta Deontologica do serviço público compreende um conjunto de
deveres de índole ético profissional se social que impendem sobre os trabalhadores
públicos no exercicio das actividades, nas relações destes com os cidadãos e demais
entidades particulares bem como, com diferentes órgãos de Estado em especial a
Administração Pública.
3. Aplicação – A aplicação da presente Pauta Deontólogica não prejudica a
observância simultânea das regras deontólogicas que existam em algumas instituições
ou organismo público.
II – Valores Essenciais
4. Interesse Público – Os trabalhadores da Administração Pública devem exercer as
suas funções exclusivamente ao serviço do interesse público. Os interesses gerais
sustentadores da estabilidade, convivência e tranquilidade sociais e garantes da
satisfação das necessidades fundamentais da colectividade são razão de ser última da
actuação dos trabalhadores públicos.
5. Legalidade – os trabalhadores da Administração Pública devem proceder no
exercicio das suas funções sempre em conformidade com a lei, devendo para efeito
conhecer e estudar as leis, regulamentos e demais actos jurídicos em vigor bem como
contribuir para a ampla divulgação e conhecimento da lei e o aumento da consciência
jurídica dos cidadãos.
6. Neutralidade – Os trabalhadores da Administração Pública têm o dever de adoptar
uma postura e conduta profissionais ditadas pelos crit´rios da imparcialidade e
objectividade no tratamento e resolução das matérias sob sua responsabilidade,
observando sempre com justeza, ponderação e respeito do princípio da igualidade
jurídica de todos os cidadãos perante a lei e isentando-se de quaisquer considerações ou
interesses subjectivos de natureza política, económica, religioza ou outra.
7. Integridade e responsabilidade – Os trabalhadores da Administração Pública devem
no exercicio das suas funções pugnar pelo aumento da confiança dos cidadãos nas
instituições públicas bem como da eficácia e prestígio dos seus serviços. A
verticalidade, a discrição, a lealidade e a transparência funcionais devem caracterizar a
actividade de todos quantos vinculados jurídicamente à Administração Pública
comprometem-se em servi-la para bem dos interesses gerais da comunidade.
8. Competência – os trabalhadores da Administração Pública assumir o mérito, o brio
e a eficiência como critérios mais elevados de profissionalismo no desempenho das
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
22
funções públicas. A qualidade dos serviços públicos em melhor servir depende,
decisivamente, do aumento constante da capacidade t´rcnica e proficional dos agentes e
funcionários públicos.
III – Deveres para com os Cidadãos
9. Qualidade na prestação do serviço público – A consciência e a postura de bem
servir, com eficiência e rigor, devem constituir uma referência obrigatória na actividade
dos trabalhadores da Administração pública nas suas relações com os cidadãos.
Qualidade nas prestações que se proporcionam aos cidadãos e á sociedade em geral
deve significar também uma forma mais humana de actuação, de participação e de
rxigencia reciprocas entre os trabalhadores públicos e os utentes dos serviços públicos.
10. Isenção e Imparcialidade – Os trabalhadores da Administração Pública devem ter
sempre presente que todos os cidadãos são iguais perante a lei, devendo merecer o
mesmo tratamento no atendimento, encaminhamento e resolução das suas pretensões ou
interesses legitímos, salvaguardando, no respeito à lei a igualidade de acesso e de
oportunidades de cada um.
11. Competência e Proporcionalidade – Os trabalhadores da Administração Pública
devem exercer as suas actividades com observância dos imperativos de ordem técnica e
ciêntifica requeridos pela efectividade e celeridade das funções. Devem igualmente
saber aguardar, em função dos objectivos a alcançar, os meios mais idóneos e
proporcionais a empregar para aquele fim.
12. Cortesia e Informação – Os trabalhadores da Administação Pública devem ser
corteses no seu relacionamento com os cidadãos e estabelecer com eles uma relação que
contribua para o desenvolvimento da civilidade e correcção dos servidores e dos utentes
dos serviços públicos. Devem os trabalhadores de Administração Pública, igualmente,
serem prestáveis no aseguramento aos cidadãos das informações e esclarecimentos de
que carecam.
13. Proibidade – Os servidores da Administração Pública não podem solicitar ou
aceitar, para sí ou para terceiros, directo ou indirectamente quaisquer presentes,
empréstimos, facilidade ou em geral, quaisquer ofertas que possam pôr em causa a
liberdade da sua acção, a independência do seu juizo e a credibilidade e autoridade da
Administração Pública, dos seus órgão e serviços.
IV - Deveres Especiais para com a Administração
14. Serviço Público – Os trabalhadores da Administração Pública ao vincularem-se
com os entes públicos para contribuirem para a prossecução dos interesses gerais da
sociedade, devem colocar sempre a prevalência destes acima de quaisquer outros.
Igualmente não devem usar para fins e interesses particulares a posição dos seus cargos
e seus poderes funcionais.
15. Dedicação – Os trabalhadores da Administração Pública devem desenhar as sua
funções co profundo espiríto de missão, cumprindo as tarefas que lhe sejam confiadas,
com prontidão, racionalidade e eficácia. O respeito pelos superiores hierarquicos,
colegas e subordinados bem como a destreza e criatividade na análise dos problemas e
busca de soluções deverão ser atributos de relevo na actuação dos trabalhadores
públicos.
16. Autoformação, Aperfeçoamento e Actualização – Os trabalhadores da
Administração Pública devem assegurar-se do conhecimento das leis, regulamentos e
instruções em vigor e desenvolver um esforço permanente e sistemático de actualização
dos seus conhecimentos, bem com de influência neste sentido em relação aos colegas e
subordinados. Em especial os titulares de cargos de direcção e chefia devem ser
exemplo e o elemento dinamizador dessa acção.
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga
23
17. Reserva e discrição – Os trabalhadores da Administração Pública devem usar da
maior reserva e discrição de modo a evitar a divulgação do facto e informações de que
tenham conhecimento no exercicio de funções sendo-lhes vedado o uso dessas
informações em proveito próprio ou de terceiros.
18. Parcimónia – Os trabalhadores da Administração Pública devem fazer uma
criteriosa utilização dos bens que lhe são facultados e evitar desperdícios, não devendo
utilizar directa ou indirectamente quaisquer bens públicos em proveito pessoal, nem
permitir que qualquer outra pessoa deles se aproveite à margem da sua utilização.
19. Solidariedade e Cooperação – Os trabalhadores da Administração Pública devem,
estabelecer e fomentar um relacionamento correcto e cordial entre sí de modo a
desenvolver o espírito de equipa e uma forte atitude de colaboração e entre ajuda,
procurando auxílio dos superiores e colegas no aperfeiçoamento do nível e qualidade
do trabalho a prestar.
V – Deveres para com os Órgãos de soberania
20. Zelo e Dedicação – Os trabalhadores da Administração Pública, devem
independentemente das suas convicções politícas ou ideológicas, agir com eficiência e
objectividade e esforçar-se por dar resposta às solicitações e exigencias dos órgãos da
Administração a que estão afectos, em especial respeitando e fazendo respeitar os
direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos previstos na constituição e
nas leis assim como contribuindo para o cumprimento rigoroso dos deveres
estabelecidos no ordenamento jurídico.
21. Lealdade – Os trabalhadores da Administração Pública devem esforçar-se por na
sua esfera de acção exercer com lealdade os programas e missões definidas
superiormente, no respeito escrupoloso à lei e às ordens legítimas dos seus superiores
hierarquicos.
O Primeiro Ministro, Marcolino José Carlos Moco.

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  • 1. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 1 Índice Noções …………………………………………………………………………………. 2 As crises do Pensamento Racional e a Ética ……………………………………..…. 3 Origem e Concepções ………………………………………………………………… 4 Conceito-Ética Profissional ………………………………………………………….. 5 Reflexões sobre a ética Profissional …………………………………………………. 6 Relações Sociais e individualismo …………………………………………………… 6 Vocação para o colectivo …………………………………………………………….. 7 Classes Profissionais ………………………………………………………………… 8 Actividade Voluntária ………………………………………………………............... 8 Pontos para reflexão ………………………………………………………………….. 8 Princípios, Valores e Virtudes ………………………………………………………. 9 Virtudes Profissionais .……………………………………………………………… 11 Virtudes Morais ……………………………………………………………………... 13 Código de Ética Profissional ………………………………………………………... 15 Como resolver dilemas ético-deontológicos (passos dos gestores para a tomada de decisão) ……………………………………………………………………………..... 16 Os principais erros que devem ser evitados no trabalho em grupo ……………… 16
  • 2. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 2 Conclusão ……………………………………………………………………………. 18 Referências bibliográficas …………………………………………………………... 20 Noções: A humanidade tem assistido muitas mudanças em quase todos os sentidos da vida humana. O desenvolvimento tecnológico está atingindo dimensões jamais antes imaginadas ou mesmo concebidas pelo ser humano. As mudanças decorrentes da evolução e dos conhecimentos históricos são muito significativos e representam um exemplo do que pode acontecer com os esforços da criação da mente humana. Nos campos da descoberta da medicina da indústria, da tecnologia, jamais se assistiu tamanho desenvolvimento. Assistimos a um aumento de velocidade de produção de informação nunca conhecido. Em face das conquistas tecnológicas actuais a ética está mais do que nunca presente nos debates a respeito do comportamento humano e o seu estudo é sempre necessário em decorrência da necessidade das pessoas orientarem seu comportamento de acordo com a nova realidade da vida social. Do grego “Ethké e do latim Éthica” surgiu a ética-Ciência relativa aos costumes. A ética é o domínio da filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento correcto e o incorrecto. Os princípios éticos constituem-se enquanto directrizes, pelas quais o homem rege o seu comportamento tendo em vista uma filosofia moral dignificante. Os códigos de éticas são dificilmente separáveis da deontologia profissional, pelo que não é pouco frequente os termos ética e deontologia serem utilizadas indiferentemente. Assim, a ética é o conjunto de normas morais pelo qual o indivíduo deve orientar seu comportamento na profissão que exerce e é de fundamental importância em todas as profissões e para todo ser humano para que possamos viver relativamente bem em sociedade com o crescimento desenfreado do mundo globalizado, muitas vezes deixamo-nos levar pela pressão exercida em busca de produção pois o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente as vezes não nos deixa e nem dá tempo para reflectir sobre nossas atitudes. Temos que ter a consciência de que nossos actos podem influenciar na vida dos outros e que nossa liberdade acarreta em responsabilidade. De forma ampla a ética é definida como a explicitação do fundamento último do agir humano na busca do bem comum e da realização individual. O termo deontologia surge das palavras gregas “deon, deontos” que signica dever e logós que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, deontologia seria o tratado do dever ou conjunto de deveres princípios e normas adoptadas por um determinado grupo de profissionais. Para além disso estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos explícitos para os infractores do mesmo. Alguns códigos não apresentam funções normativas e vinculativas oferecendo apenas uma função reguladora. A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta- os deveres inerentes a uma determinada profissão. Assim cada profissão está sujeita a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão conforme o código de ética de sua categoria. Neste caso é o conjunto codificado das obrigações impostas aos
  • 3. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 3 profissionais de uma determinada área no exercício da sua profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não exactamente a qualidade moral, mas a correcção de suas intenções e acções em relação a direitos, deveres ou princípios nas relações entre profissão e a sociedade. O 1.º código de deontologia foi feito na área de medicina nos Estados Unidos de América- EUA em meados do século passado. As Crises do Pensamento Racional e a Ética O pensamento ocidental revira-se e muda em função de crises, acarretando mudanças comportamentais e, como consequência, mudanças no modo de análise das morais, mudanças na ética. Sendo que a primeira grande crise enfrentada pelo mundo ocidental aconteceu na passagem do pensamento mitológico para o pensamento filosófico entre os gregos. A partir dessa mudança surge um homem que abandona a explicação mitológica ou sobrenatural buscando uma explicação natural para si e seu mundo. Pode-se localizar uma exacerbação dessa primeira crise com Sócrates e sua visão social e comunitária. O pensamento racional abandona as causas físicas e passa a preocupar-se com o destino humano; a ética enquanto estudo das relações entre os homens, enquanto pensamento sobre as acções morais começa a aparecer a partir daí. Aristóteles, discípulo de Platão é uma das maiores mentes observadas pelo mundo ocidental, entra no furacão da racionalidade e, embora se afastando da orientação de seu mestre, pensa a ética no contexto da polis, sem desconsiderar as paixões, naturais no ser humano, o que influenciaria definitivamente qualquer ética, retirando a possibilidade de uma solução puramente lógica, pois o homem para chegar à perfeição, deve alcançar seu objectivo final – a felicidade. Outra crise ocorre, com a revolução trazida pelo pensamento cristão, a partir do ano I da Era Cristã. O novo pensamento se difunde; a herança filosófica grega instala-se no meio cristão. A nova crise racional tira o Homem do centro colocando Deus e a doutrina cristã da alma eterna. A desagregação e queda do Império Romano acarretaram desorganização política e subsequente convulsão social, em face de seu montante. O desaparecimento dos grandes centros culturais restringe a cultura aos Monastérios, ficando as preocupações filosóficas ligadas à problemática religiosa, entretanto, as pequenas seitas que proliferaram no mundo helenístico sucedendo à Filosofia Grega Clássica, continuaram a existir assegurando a sobrevivência da herança antiga, pelo menos até Constantino declarar cristão o Império Romano. Do Século VIII ao Século XIV a Igreja Romana dominou a Europa, criando uma nova moral onde, coroou reis, organizou Cruzadas à Terra Santa, fundou as primeiras Universidades. Nesse período a Filosofia Medieval ou Escolástica chega a uma exacerbação da lógica tentando provar a existência de Deus e da alma imortal. Do Século XIV ao XVI gesta-se a terceira crise, a ideia da liberdade política é reencontrada, colocando o ser humano como artífice do seu próprio destino, através do conhecimento, da política, das técnicas e das artes. Nicolau Maquiavel que nasce em 1469, percebe que o poder fundava-se apenas em actos de força, e pela força era deslocado onde nem religião, tradição, ou vontade popular legitimavam o soberano. Com a crise gestada na Renascença, o mundo prepara-se para uma nova racionalidade, a crise do pensamento. O determinante maior do pensamento ocidental até o final do Séc. XIX e começo do Séc. XX foi a teorização da modernidade atribuído a Descartes, que inaugura o que se
  • 4. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 4 pode chamar de racionalidade moderna caracterizando em primeiro lugar a separação radical entre corpo e alma, valorizando a alma, que para Descartes equivale a pensamento, espírito, raciocínio lógico: o corpo passa a segundo plano, como mais difícil de conhecer do que a alma. No final do século XIX, onde a racionalização atinge seu ápice entrando na "crise da modernidade". Immanuel Kant, cujas ideias parecem ser ponto de convergência do pensamento filosófico anterior, faz uma análise crítica do universo espiritual humano voltando suas preocupações para duas questões: o problema do conhecimento, suas possibilidades, seus limites e sua esfera de aplicação e o problema da acção humana, ou seja, o problema moral, o que fazer e como agir em relação ao semelhante, como alcançar a felicidade ou o bem supremo. O imperativo categórico kantiano é puramente racional e vazio e desvinculado de qualquer condição ou empiria: "Age de tal modo que a máxima de sua vontade possa valer-te sempre como princípio de uma legislação universal". (KANT, I. Coleção os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991). Nietzsche, em seu ético questionamento da moral, repensa radicalmente seus fundamentos e a transforma em um problema, embora seja tão duro ou mais do que o próprio Kant, quando se trata de moral. Em plena "crise da modernidade", surge Freud e a Psicanálise, num mundo onde crenças e valores são questionados e Lacan que leva a Psicanálise às últimas consequências, deixando no ar se o que teríamos depois de Lacan, seria então o fim da Psicanálise como vinha sendo profetizado há muito? Só o homem é capaz de ser mau, pois poderia escolher outros caminhos articulados ao respeito mútuo, mas escolhe a violência e o poder como protagonistas do desejo. [...] A ética da globalização da economia triunfa, tornando cada vez mais difícil a humanização das condições materiais, necessárias à construção de um novo homem solidário, íntegro ou apenas obediente a uma nova ordem mais justa. [...] Os homens estão aí, na maioria das vezes, bastante disponíveis às manipulações perversas que evidentemente achincalham a cidadania. (Aricó 2001) Origem e concepções Historicamente, a ética sempre foi orientada pela religião e pela razão, sendo esta razão crítica em todas as sociedades. Podemos observar grandes filósofos como Sócrates, Plantão, Aristóteles, Santo Agostinho, Kant, cada um a seu modo, buscando o estabelecimento de códigos de ética validas universalmente. Tendo a ética como ciência da conduta, podemos observar duas concepções: “Ciências que trata do fim que deve orientar a conduta dos homens e dos meios para atingir tal fim. É o ideal formulado e perseguido pelo homem por sua natureza e essência” “Ciência que trata do moral, da conduta humana e procura determinar esse móvel visando dirigir a própria conduta. Liga-se ao desejo da sobrevivência”. Na 1.ª concepção vemos Sócrates como precursor da ética ocidental. Platão que tratou da ética das virtudes em sua obra “Republica”. Aristóteles que trata do propósito da conduta humana de buscar a felicidade a partir da sua natureza racional. Hegel tratou do objectivo da conduta humana destacando o estado como a realidade na qual a conduta encontra integração e perfeição, tratando a ética como a filosofia do direito. Em sua 2.ª concepção, vemos pródico que nos contempla com suas palavras:
  • 5. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 5 “Se desejares ser honrado por uma cidade deve útil a mesma”. Pregava o respeito mútuo e a justiça como condição necessária a sobrevivência do homem; Kant situou a ética no mundo da razão pura na qual os seres racionais buscavam firmar esse mundo evitando os interesses individualizados e perseguindo o bem. Benthan defendeu a conduta do homem como sendo determinado pela expectativa do prazer ou da dor, sendo esse o único motivo possível da acção. Ainda como ciência da conduta, vemos a ética no homem que exerce algum poder sentindo-se o único sujeito real o eleito o melhor, o mais capaz, o mais inteligente, portanto merecendo privilegio. Neste sentido enfatiza-se que o significado ético deve estar sempre associado ao outro. Somente em relação ao outro pode existir o valor moral e a conduta pode ser uma acção da justiça. A única ética possível estrutura-se na relação do sujeito com o outro, em que é importante ser preservado o complexo espaço para a inter subjectividade. Só nessa relação do sujeito com o outro podemos construir os valores éticos acerca do bem e do mal. Representa também a relação do indivíduo com as instruções, com á sociedade. Conceito – Ética Profissional É extremamente importante saber diferenciar a ética do moral e do direito. Estas 3 áreas de conhecimento se distinguem, entretanto têm grandes vínculos e até mesmo sobreposição. A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa independentemente das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que mesmo sem se conhecerem, utilizam este mesmo referencial moral comum. O direito estabelece o regulamento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial, pois elas valem apenas para aquela área geográfica onde determinada população ou seus delegados vive. Alguns autores afirmam que o direito é um subconjunto da moral. Esta perspectiva pode gerar conclusão de que a toda lei é moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram existência de conflitos entre o direito e a moral. Ex. Desobediência civil que ocorre quando argumentos morais impedem que uma pessoa acate determinada lei. Assim a moral e o direito apesar de referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes. Define-se ética profissional como sendo um conjunto de normas de conduta que deverão ser posta em pratica no exercício de qualquer profissão. Sendo assim, a acção reguladora da ética que age no desempenho das profissões, faz com que o profissional respeite seu semelhante quando no exercício da sua profissão. A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com a sua clientela, visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sócio- cultural onde exerce sua profissão atingindo toda categoria profissional. Ao falarmos da ética profissional, estamos nos referindo ao carácter normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir de estatutos e códigos específicos. Assim, temos a ética médica, do advogado, do biólogo, do professor etc. relacionada em seus respectivos códigos de ética. Em geral as profissões apresentam a ética firmada em questões relevantes que ultrapassam o campo profissional em sí, como o aborto, a pena de morte, sequestro e outros que são questões morais que se apresentam como
  • 6. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 6 problemas éticos, pois pedem uma reflexão profunda e assim um profissional, ao se debruçar sobre elas, não o faz apenas como tal, mas, como um pensador, um filosofo da ciência ou seja profissão que exerce. Desta forma, a reflexão ética entra na normalidade de qualquer actividade profissional humana. A ética inerente a vida humana é de suma importância na vida profissional, assim para o profissional a ética não é somente inerente, mas indispensável a este. Na acção humana o fazer e o agir estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficácia que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir refere-se à conduta do profissional, conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho da sua profissão. A ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim de todo ser humano. O agir da pessoa humana está condicionada à duas premissas consideradas básicas pela ética: “ o que é” o homem e para que vive”, logo toda capacidade cientifica ou técnica precisa estar em conexão com os princípios essenciais da ética. (Motta 1984. p. 69) Constatamos assim o forte conteúdo ético presente no exercício profissional. Reflexões sobre a Ética Profissional As reflexões realizadas no exercício de uma profissão devem ser iniciadas bem antes da prática profissional. A escolha por uma profissão é optiva, mas ao escolhe-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Toda a fase de formação, abrangendo o aprendizado das competências e habilidades que se referem a prática especifica numa determinada área deve incluir a reflexão. Ao completar a graduação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e compromisso com a categoria profissional onde formalmente ingressa, o que caracteriza o aspecto moral da chamada ética profissional. O facto de uma pessoa trabalhar numa área que não escolheu livremente como emprego por precisar de trabalhar, não o isenta da responsabilidade de pertencer a uma classe, não a eximindo também dos deveres a cumprir. Algumas perguntas podem guiar a reflexão, até esta tornar-se um hábito incorporado ao dia-dia como por ex. Perguntar a sí mesmo se está sendo bom profissional, está agindo adequadamente e ainda se está realizando correctamente sua actividade. É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que não estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas as actividades que uma pessoa pode exercer, gostando do que se faz, sem perder a dimensão de que é preciso sempre continuar melhorando, aprendendo, experimentando novas soluções, criando novas formas de exercer as actividades, estando aberto a mudanças, mesmo nos pequenos detalhes, que podem fazer uma grande diferença na sua realização profissional e pessoal. Isto tudo pode acontecer com a reflexão ética incorporada a seu viver. E isto é parte do que se chama empregabilidade, que nada mais é que a capacidade que você pode ter de ser um profissional eticamente bom. O comportamento adequado eticamente e o sucesso contínuo são indissociáveis. Relações sociais e individualismo As leis de cada profissão são elaboradas com objectivo de proteger os profissionais, a categoria e as pessoas que dependem daquela profissão, mas há muitos aspectos não
  • 7. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 7 previstos especificamente e que fazem parte do compromisso dos profissionais em serem eticamente correctos, ou seja, fazer coisa certa. Outra referencia que tem sido objecto de estudo de muitos estudiosos, parece ser a tendência do ser humano de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios e, quando esses interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seríssimos problemas. O valor ético do esforço humano é variável em função do seu alcance, em face da comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, tem em geral seu valor restrito. Os serviços realizados, visando o benefício de terceiros com consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo e a ele pouco importa o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade. O número dos que trabalham visando primordialmente o rendimento é muito grande, fazendo assim com que as classes procurem defender-se contra a dilapidação de seus conceitos, tutelando o trabalho e zelando para que uma luta encarniçada não ocorra na disputa dos serviços, pois ficam vulneráveis ao individualismo. A consciência de grupo tem surgido mais por interesse de defesa do que por altruísmo, pois garantida a liberdade de trabalho, se não se regular e tutelar a conduta, o individualismo pode transformar a vida dos profissionais em reciprocidade de agressão. Tal luta quase sempre se processa em virtude da ambição de uns em cima de outros, e que em nome dessas ambições, podem ser praticadas, por ex. quebras de sigilo. A tutela de trabalho processa-se pelo caminho da exigência de uma ética imposta através dos conselhos profissionais. As normas devem ser condizentes com as diversas formas de prestar o serviço de organizar o profissional para esse fim. A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e inconveniente e esta é uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre buscam maior abrangência. Assim ao nos referirmos à classe, ao social, não nos reportamos apenas a situações isoladas ou modelos particulares, mas a situação geral. O egoísmo desenfreado de poucas pode atingir um número expressivo de pessoas e até mesmo influenciar o destino de nações, e partindo da ausência de conduta virtuosa de minorias poderosas preocupados apenas com os lucros. Sabemos que a conduta do ser humano pode tender ao egoísmo, mas, para os interesses de uma classe, de toda sociedade, é preciso que se acomode às normas, porque, estas devem estar apoiadas em princípios de virtude, assim a ética tem sido o caminho justo e adequado, para o beneficio comum, geral. Vocação para o Colectivo Ingresso de uma vida inculta baseada apenas em instintos, o homem, sobre a terra, foi- se organizando, na busca de maior estabilidade vital, cedendo parcelas do referido individualismo para beneficiar da união, da divisão do trabalho e assim da protecção da vida em comum. A organização social foi e continua a ser um progresso, na definição das funções dos cidadãos e tal definição acentua gradativamente, o limite de acção das classes. A vocação para colectivo já não se encontra, nos dias actuais, com a mesma eficácia nos grandes centros como ainda é encontrado em núcleos menores e poucas cidades de maior dimensão possuem o espírito comunitário, enfrentando com grandes dificuldades as questões classistas.
  • 8. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 8 Parece-nos pouco entendido, que existe um bem comum a defender do qual um número expressivo de pessoas depende para o bem-estar próprio e seus semelhantes, tendo assim uma inequívoca interacção. O progresso do individualismo, gera sempre o risco da transgressão ética, assim é imperativa a necessidade de uma tutela sobre o trabalho, através de normas éticas. Classes Profissionais Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela natureza do conhecimento exigido para tal execução e pela identidade habilitação para, o exercício da mesma. A classe profissional é um grupo dentro da sociedade, especifico, definido por sua especialidade de desempenho de tarefas. A divisão do trabalho é antiga e está ligada a vocação de cada um para determinadas tarefas e as circunstâncias que obrigam, muitas vezes, a assumir esse ou aquele trabalho: ficou prático para o homem em comunidade transferir tarefas e executar a sua. A união dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolução natural e hoje se acha não só regulada por leis, mas consolidada em instituições fortíssimas de classe, como os códigos de ética. Actividade Voluntária Outro conceito interessante que podemos examinar é o de profissional, que é regularmente remunerado ao executar a actividade que exerce, em oposição ao amador, que podemos conceituar sendo aquele que exerce actividade voluntária e que, nesta conceituação, este não seria profissional, sendo esta uma conceituação polémica. Voluntário é aquele que se dispõe a exercer a pratica profissional não remunerada, seja para fins assistenciais, ou prestação de serviços por um período determinado ou não. É fundamental observar que só é eticamente adequado, o profissional que age, na actividade voluntária, com o mesmo comprometimento que teria no exercício profissional se este fosse remunerado. Se a actividade é voluntária, sendo uma opção realiza-la, é eticamente adequado que esta seja realizada da mesma forma como faz tudo que é importante em sua vida. Pontos Para Reflexão É imprescindível estar sempre bem informado, acompanhando não apenas as mudanças nos conhecimentos técnicos de sua área profissional, mas também nos aspectos legais e normativos. Vá e busque o conhecimento. Muitos processos ético-disciplinares nos conselhos profissionais acontecem por desconhecimento, negligência. Competência técnica, aprimoramento constante, respeito às pessoas, confidencialidade, privacidade, tolerância, flexibilidade, fidelidade, envolvimento, afectividade, correcção da conduta, boas maneiras, relações genuínas com as pessoas, responsabilidade, corresponder à confiança que é depositada em você, são as qualidades que devem estar incutidas na pessoa eticamente profissional
  • 9. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 9 Princípios, Valores E Virtudes Existe uma grande diferença entre princípios, valores e virtudes embora sua efetividade seja válida apenas quando os conceitos estão alinhados. No mundo corporativo em geral, noto que muitos profissionais são equivocados com relação aos conceitos e, apesar de defenderem o significado de um ou outro, a prática se revela diferente. Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados universais que definem as regras pela qual uma sociedade civilizada deve se orientar. Em qualquer lugar do mundo, princípios são incontestáveis, pois, quando adotados não oferecem resistência alguma. Entende-se que a adoção desses princípios está em consonância com o pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da constituição de um país quanto para acordos políticos entre as nações ou estatutos de condomínio. Vale no âmbito pessoal e profissional. Amor, felicidade, liberdade, paz e plenitude são exemplos de princípios considerados universais. Como cidadãos – pessoas e profissionais - esses princípios fazem parte da nossa existência e durante uma vida estaremos lutando para torná-los inabaláveis. Temos direito a todos eles, contudo, por razões diversas, eles não surgem de graça. A base dos nossos princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles se perdem no meio do caminho. De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou não. Quem age diferente ou em desacordo com os princípios universais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas as conseqüências. São as escolhas que fazemos com base em valores equivocados, não em princípios. Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou mantidos por determinado indivíduo, classe ou sociedade, portanto, em geral, dependem basicamente da cultura relacionada com o ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são diferentes. Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e, acima de tudo, contestáveis. O que vale para você não vale necessariamente para os demais colegas de trabalho. Sua aplicação pode ou não ser ética e depende muito do caráter ou da personalidade da pessoa que os adopta. Pessoas de origem humilde definem valores de maneira diferente das pessoas de origem mais abastada. De um lado, a escassez pode gerar a idéia de que dinheiro não traz felicidade, portanto, mesmo sem dinheiro, é possível ser feliz utilizando-se valores como amizade, por exemplo. Do outro, o apego ao dinheiro e a convivência harmoniosa com o conforto pode gerar a idéia de que sem dinheiro não é possível ser feliz, ou seja, o dinheiro traz felicidade, amizade, conforto e, se houver mais dinheiro do que o necessário, valores como filantropia e voluntariado podem ser praticados. Essa comparação não define o certo e o errado. Ela apenas levanta uma questão interessante sobre o conceito de valores e depende do ponto de vista de cada cultura ou de cada pessoa, em particular. Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do que aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores completamente
  • 10. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 10 equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, luxo e riqueza - estão na ordem do dia, infelizmente. Todos os dias somos convidados a negligenciar os princípios e adotar os valores ditados pela sociedade. Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do espírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do bem. Aristóteles afirmava que há duas espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao passo que a virtude moral é adquirida com o resultado do hábito. Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza, visto que nada que existe por natureza pode ser alterado pela força do hábito, portanto, virtudes nada mais são do que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio onde somos criados e condicionados através de exemplos e comportamentos semelhantes. Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar valores como a supremacia da raça ariana, a aniquilação da oposição e a dominação pela força. Significa que também não dispunha de virtudes, pois as virtudes são decorrentes dos princípios e o seu legado foi um dos mais nefastos da história. Sua ambição desmedida o tornou obcecado por valores que contrastam com os princípios universais. Diferente de Hitler, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce e Mahatma Gandhi tinham princípios, valores e virtudes integralmente alinhados com a sua concepção de vida. Todos lutavam por causas nobres e tinham um ponto comum: a dignidade humana. Enquanto Hitler, Milosevic e Karadzic entraram para o rol das figuras mais odiadas da humanidade, Madre Teresa, Irmã Dulce da Bahia e Gandhi são personalidades singulares que inspiram exemplos para a humanidade. Existem pessoas que nunca seguiram princípio algum e, apesar de tudo, continuam enriquecendo, fazendo sucesso na televisão, conquistando cargos importantes nas empresas e assumindo papéis relevantes na sociedade. Entretanto, riqueza material não é a única medida de sucesso. Avalie, por si mesmo, quais os exemplos deixados por elas, a sua contribuição para o mundo e o seu triste legado para os descendentes. No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência seja, por vezes, insuportável, deparamo-nos com profissionais que atropelam os princípios, como se isso fosse algo natural, um meio de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com duas grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espírito de equipe. Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte do seu vocabulário e, apesar da falta de escrúpulo, leva tempo para destituí-los do poder. Valores e virtudes baseados em princípios universais são inegociáveis e, assim como a ética e a lealdade, ou você tem, ou não tem. Entretanto, conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza não podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem recordações, experiências, imagens internas e sentimentos que dão um sentido especial e particular a esses conceitos. O importante é que você não perca de vista esses conceitos e tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e profissional, depende da aplicação mais próxima possível do senso de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada,
  • 11. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 11 que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão naturalmente. O que vale em casa vale no trabalho. Não existe paz de espírito nem crescimento interior sem o triunfo dos princípios. Pense nisso e seja feliz! Virtudes Profissionais Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento de sua atuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão. Muitas destas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste caso o mérito do profissional que, no decorrer de sua atividade profissional, consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos deveres profissionais. Honestidade: é a primeira virtude no campo profissional. É um princípio que não admite relatividade, tolerância ou interpretações circunstanciais. Sigilo: o respeito aos segredos das pessoas, deve ser desenvolvido na formação de futuros profissionais, pois trata-se de algo muito importante. Uma informação sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória. Competência: o conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é pré-requisito para a prestação de serviços de boa qualidade. Prudência: todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança. A prudência contribui para a maior segurança, principalmente das decisões a serem tomadas; é indispensável nos casos de decisões sérias e graves, pois evita os julgamentos apressados e as lutas ou discussões inúteis. Coragem: A coragem nos ajuda a reagir às críticas, quando injustas, e a nos defender dignamente quando estamos cônscios de nosso dever. Nos ajuda a não ter medo de defender a verdade e a justiça, principalmente quando estas forem de real interesse para outrem ou para o bem comum. Perseverança: qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária, pois todo trabalho está sujeito a incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o profissional em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas Compreensão: qualidade que ajuda muito um profissional, porque é bem aceito pelos que dele dependem, em termos de trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão importante no relacionamento profissional. Humildade: o profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que não é o dono da verdade e que o bom senso e a inteligência são propriedade de um grande número de pessoas. Imparcialidade: é uma qualidade tão importante que assume as características do dever, pois se destina a se contrapor aos preconceitos, a reagir contra os mitos, a defender os verdadeiros valores sociais e éticos, assumindo principalmente uma posição justa nas situações que terá que enfrentar. Para ser justo é preciso ser imparcial, logo a justiça depende muito da imparcialidade. Otimismo: em face das perspectivas das sociedades modernas, o profissional precisa e deve ser otimista, para acreditar na capacidade de realização da pessoa humana, no poder do desenvolvimento, enfrentando o futuro com energia e bom-humor.
  • 12. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 12 Ouvir: é a maior virtude das relações humanas. Perceber, reconhecer, entender, compreender, valorizar, dar atenção, respeitar... São vários nomes diferentes para um processo tão simples, mas ao mesmo tempo tão difícil de ser praticado: ouvir, de fato, o outro. Ouvir não significa simplesmente escutar os sons da voz ou acompanhar o raciocínio do interlocutor. Significa, antes de tudo, ter paciência e tolerância para aceitar a outra pessoa como ela é, com suas qualidades e seus defeitos, crenças e emoções, com sua aparência, quer nos seja agradável ou desagradável, sem pré-julgamentos. Concordo com quem disse que esse não é um processo fácil, embora pareça tão elementar. Vamos analisar um pouco as causas dessas dificuldades. É muito comum compararmos o mundo ao nosso próprio referencial de vida, de como percebemos o mundo, que passa a ser o “nosso mundo”. Incluem-se aí os nossos valores, conceitos e preconceitos. Além disso, as pessoas aproximam-se pelas semelhanças e não pelas diferenças, desmistificando a crença popular de que os opostos se atraem. Se observarmos bem, antes da diferença há muita convergência, situações comuns, similaridades que actuam como facilitadoras de um processo de entendimento e consideração e a partir daí eventuais diferenças de carácter, atitudes ou comportamentos passam a configurar uma relação afectiva. Se observarmos bem, quando admiramos uma pessoa dizemos: “Que pessoa extraordinária! Que pessoa agradável! Que pessoa simpática!” Enquanto isso, lá no fundo, um outro comentário quase imperceptível complementa... “tão parecida comigo!” Também fica fácil entender tal atitude por outra simples razão, só percebemos qualidades e defeitos nos outros quando nos chamam a atenção porque em potencial essas características existem em nós mesmos. Se precisamos falar com o outro de verdade, primeiro é necessário querer e esse querer precisa ser um desejo, uma vontade inquebrantável que não nos fará desistir diante da primeira adversidade. Depois, devemos ter e exercitar a flexibilidade, colocando-nos no lugar do outro, empaticamente. Aliás, empatia é isso mesmo: ajustar-se ao estilo, momento psicológico, crenças e valores do mesmo interlocutor e nessa projecção conseguir melhor entendimento. Algumas sugestões importantes para quem, de facto, deseja ouvir de verdade outra pessoa e, a partir daí, abrir uma porta de entrada para o relacionamento: amizade, vendas, negociações, lideranças, amor etc.:  Olhe nos olhos da outra pessoa e perceba-a nos seus detalhes, esteja com a atenção focada e envolvida com ela.  Procure manter a calma, evite deixar se dominar por algum preconceito ou algo da outra pessoa que desagrada.  Tenha paciência, saiba aceitar o silêncio da outra pessoa.  Evite contradizer o outro, evitando as palavras “mas”, “todavia”, “entretanto”, “contudo”. Procure, antes de qualquer discordância, algum ponto com o qual vocês concordem.  Valorize e respeite as opiniões de seu interlocutor.  Demonstre respeito pelo outro como o outro é, e não como gostaria que fosse.  Crie condições favoráveis para o outro expressar livremente suas ideias e opiniões, saiba ter tacto para lidar com a discordância.
  • 13. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 13  Concentre as diferenças no campo das ideias e não permita que sejam levadas para o lado pessoal.  Certifique-se de que você compreendeu de fato o que o outro queria transmitir; repita, questione, pergunte, evite ao máximo interpretações infundadas.  Por último, faça bom uso do grande amor que você tem em seu coração para aceitar incondicionalmente as outras pessoas como são: cheias de defeitos, limites, preconceitos e, também, repleta de virtudes, sonhos, conhecimentos, de sentimento. Assim como você. Virtudes Morais "1- Coragem: Bem, coragem é mais que uma Virtude, é um principio. Dela se deriva o Valor, o Auto - Sacrifício , a Honra e a Verdadeira Espiritualidade. Se você não procurar ter coragem, não enfrentara nem conhecera seus próprios limites. Com Coragem e força, não só você conhecera realmente seus limites, mas com o tempo você poderá rompe-los e conhecer limites ainda maiores e poder caminhar para a perfeição e o Infinito. O Pior inimigo a se enfrentar não é externo, ele esta dentro de você. É mais fácil você enfrentar mil soldados inimigos do que enfrentar Seu próprio lado obscuro e confrontar sua Verdadeira Natureza. Portanto Coragem é algo a se praticar externamente e internamente. Você só deve retroceder em uma batalha, seja ela de que natureza for, quando sua morte ou derrota não for construtiva para nada. Afinal "um Homem morto não é útil para ninguém." e "um sábio sabe as batalhas que realmente valem a pena ser disputadas." Ou seja, Coragem sim, mesmo que para enfrentar a Morte, mas Coragem sempre com Sabedoria. 2- Verdade: A Verdade aqui também não é apenas uma Virtude, mas um Princípio. Em sua natureza Absoluta, Ela é o Principio de Tudo. Ela pode ser entendida como Honestidade, mas não é apenas isto. Dela se deriva a Honestidade, Justiça, Honra e Espiritualidade. Um Homem não deve procurar ser Honesto e Honrado para agradar a Deus, e sim para melhorar seu padrão e modo de Vida, e com isto, conquistar o respeito das pessoas a sua volta. Se você não for honesto, as pessoas tenderão a não confiar em sua palavra, não importa o quão gostem de você. Você não teria credito em nenhuma parte, afora que muitos não perderiam seu tempo em respeita-lo. 3- Honra:Existe um provérbio Japonês muito usado pelos Samurais que diz. "Honra não é Orgulho. É Consciência do que se Tem." Muitas pessoas confundem honra com orgulho ou dignidade pessoal. Quanto ao orgulho, ele em si não é Honra, mas você pode ter Orgulho de Sua Honra de uma maneira positiva, sem que isso pareça arrogância. Dignidade pessoal? Honra também não é isto diretamente, embora ações honradas gerem por si só a Dignidade pessoal. Se você não age com Honra, você é indigno e obviamente (por uma questão de semântica) você não possui dignidade pessoal. Honra é jogar limpo (Fair-Play). A Virtude da Honra é formada pêlos Princípios de Verdade e Coragem. Verdade para admitir suas verdadeiras responsabilidades e Coragem para assumi-las. 4- Fidelidade: Ou Lealdade, se preferirem. Fidelidade não é apenas dar exclusividade sexual ao seu parceiro amoroso como assim já foi especulado. Você pode não dar exclusividade e ainda por cima ser fiel. Se você seguir todos estes princípios, você
  • 14. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 14 estará sendo fiel a eles. Você pode ser fiel a uma causa, pátria, pessoa ou religião. O Ocidente tem a mania de rotular tipos de amor. Você ama seu pai? Você ama sua Mãe? Você ama a flor a qual aspiras o seu perfume? Você ama seu namorado ou namorada? Se a resposta for sim para todas, e a resposta for correta, saiba que o amor que você sente por todos estes itens citados é do mesmo tipo. Quando você ama, você quer o bem do que você ama, mesmo que em detrimento do seu. Se você ama um garoto ou garota, você quer que ele seja feliz contigo, sem você ou não só com você. Se você ama uma rosa, como você agiria? Você aspiraria seu perfume, se deliciaria com ele, regaria a roseira e adubaria seu solo ou você limitaria seu tempo de vida ainda mais cortando a pelo caule e colocando a em um vaso para enfeitar a sua sala para só você e quem você quiser, aspirar seu perfume e apreciar sua beleza até que ela definhe e morra? Porém, se o acordo do relacionamento foi de exclusividade, ai sim você não estaria sendo fiel a algo se você não desse exclusividade ao seu parceiro ou parceira. Agir corretamente de acordo com os princípios, sem se desviar deles é fidelidade, portanto, se você agir com coragem, verdade, honra e disciplina, você estaria sendo Fiel. 5- Disciplina: (Justiça) O Universo provém do caos, portanto o caos é o elemento gerador da existência. Entretanto, se só houvesse o caos, o universo seria apenas um elemento em constante mudança, sem nada a ser criado ou estabilizado. Para tanto, para se contrapor ao caos, existe a Ordem que é o elemento estabilizador. Porém, se houver Ordem demais, acaba se gerando outro problema que é a estagnação. Para tanto, também há o principio da Entropia ou destruição, que elimina os excessos dos dois e "destroi o velho para que o novo possa nascer". É claro que destruição em excesso também não é nada interessante. Nem preciso explicar o porque, não? Equilibrar estas três forças seria Disciplina em uma visão cósmica, mas o que interessa e a Disciplina em um plano mais relativo e terreno. No nosso caso, Liberdade (caos) é interessante, liberdade absoluta, ainda mais, mas não podemos esquecer que vivemos em sociedade e para uma convivência salutar, é necessário limitar a liberdade de um aonde começa a liberdade de outro. Para tanto, é preciso se estabelecer regras ou Lei (Ordem). E quando estas são quebradas, é necessário usar de uma força disciplinar, destrutiva, quando preciso, para voltar a estabelecer a harmonia e a Justiça. 6- Hospitalidade; "Fogo é preciso para o recém - chegado, para aqueles joelhos que estão congelados até as juntas; Comida e roupas limpas um homem (aqui entenda se também as mulheres) que cruzou as colinas necessita." Assim, Você estará praticando Verdade, Coragem, fidelidade (pois você convidou, senão ele(a) não seria seu hospede), Justiça (igualmente, porque você o convidou e ele(a) cruzou colinas para te ver.) e como na virtude da Disciplina, para acrescentar algo que de a esta virtude sua individualidade, eu acrescentaria Compaixão que é baseada no Princípio do Amor. Mas Hospitalidade não é apenas Compaixão. Existem certas regras de hospitalidade as quais devem ser seguidas. 7- Laboriosidade: Esta em si já gera as duas próximas Virtudes. Trabalhar com Labor significa produzir. O oposto desta Virtude justamente com a próxima seria o Parasitismo que é viver as custas dos outros, sem ao menos tentar colaborar com algo. Você trabalhar duro para ganhar o seu pão e poder assim, usufruir dele e dos seus frutos. Para tanto é necessário Coragem, Perseverança e Sabedoria, pois com tantos aproveitadores neste mundo, a Sabedoria é necessária para se atingir a prosperidade.
  • 15. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 15 8- Indepêndencia: (Auto Confiança) O termo original em inglês é "Self - Reliance" e quer dizer ambas as coisas. Mas a essência desta Virtude é a Liberdade e o desejo por ela de uma forma honrada. Se você age com liberdade mas parasita alguém sem sequer colaborar com nada para esta pessoa, você não estará praticando esta virtude. No sentido de Auto Confiança, se você confiar em deus e não confiar em si próprio, não serás capaz de nada. Vivemos em um pais de predominância Cristã e estamos acostumados a ver muitas pessoas viver a mediocridade de confiar em um suposto deus absoluto e responsabiliza-lo por tudo que da certo nas suas vidas se esquecendo de todas as ações acertadas que tomaram, esquecem que são um elemento de mudança do mundo de muita importância. Também responsabilizam um suposto diabo por suas atitudes errôneas fazendo assim o ato de lavar as mãos ou se omitindo de suas responsabilidades consigo próprios, com suas famílias e a sociedade. Esta virtude é justamente o oposto disso. Você e mais ninguém, é responsável por suas ações. E se você é independente, tens todo direito a sua Liberdade, portanto podemos interpretar essa virtude como Liberdade com um senso de auto responsabilidade por seus atos. 9- Perseverança: (Paciência) O que comentar sobre essa virtude que não foi comentado na nota sobre a Virtude e Principio da Coragem? Praticar perseverança é ter a coragem para enfrentar seus próprios limites e ir até o fim para se estabelecer e realizar suas metas. De certo não se pode atingir o topo de uma montanha com apenas um salto. Mas passo a passo, e um de cada vez, você pode atingir o topo da montanha, e quando atingi- lo, deve se lembrar que cada um dos pequenos passos dentre as centenas deles que você precisou dar para atingir este topo, foi igualmente importante, com exceção do primeiro passo. O primeiro foi o mais importante de todos, pois foi sua iniciativa e perseverança que o levara até lá." Código de Ética Profissional Sempre, quando se fala em virtudes profissionais, é preciso mencionar a existência dos códigos de ética profissional. As relações de valor que existem entre o ideal, moral traçado e os diversos campos da conduta humana podem ser reunidos em um instrumento regulador. Assim o código de ética é uma espécie de contrato de classe em que os órgãos de fiscalização do exercício da profissão passam a controlar a execução de tal peça magna. Tudo deriva, pois de critérios de conduta de um individuo perante seu grupo social. Tem como base as virtudes que devem ser exigíveis e respeitadas no exercício da profissão abrangendo o relacionamento com usuários, colegas de profissão, classe e sociedade. O interesse no cumprimento do referido código deve ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória torna-se exigível para cada profissional como se uma lei fosse, uma vez que toda comunidade possui elementos qualificados e alguns que transgridem a prática das virtudes: seria utópico admitir uniformidade de conduta. A disciplina, entretanto, é um contrato de atitudes, de deveres, de estados de consciência, e que deve formar um código de ética, tem sido a solução, notadamente nas classes profissionais que são ingressas de cursos universitários (contadores, médicos, advogados, psicólogos, etc.). Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente evitar que se macule o bom nome e o conceito social de uma categoria.
  • 16. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 16 Como resolver dilemas ético-deontologicos Passos dos gestores para a tomada de decisão Informação: Tenho informação relevante e suficiente para tomar decisão no caso concreto? Envolvimento: Considerei e envolvi todas as pessoas com interesse relevante para a decisão em causa? Consequências: Analisei todas as consequências previsíveis e ponderei-as face ao resultado final da decisão? Justiça: Se as consequências mais graves da decisão se refletissem em mim, mesmo assim consideraria a solução justa, tendo em consideração todas as circunstâncias? Valores: A solução encontrada mantém a integridade dos valores que considero essências? Universalidade (solução universal): Considero que a decisão que pretendo tomar se deve tornar uma norma universal aplicável a todas as situações semelhantes? Publicidade (reputação): Como me sentiria e como seria considerado pelas pessoas com quem me relaciono, se os detalhes do processo de tomada de decisão e a solução encontrada fossem revelados? Os principais erros que devem ser evitados no trabalho em grupo Cada vez mais o mercado de trabalho exige dos profissionais excelência em comunicação e facilidade para trabalhar em equipe. Ocorre que em boa parte dos casos o sucesso no desempenho dessas tarefas esbarra na falta de bom-senso e de limites entre o que pode ou não, ser feito e dito para os colegas da empresa. O “Universia” conversou com especialistas de carreira que listaram algumas atitudes imperdoáveis no relacionamento diário de uma equipe. Elas poderão ajudá-lo a não sofrer as consequências de uma piada fora de hora ou do mau-humor de um membro da Equipa Falar de colegas ausentes "Falar dos outros é sempre delicado. Portanto, se você tem algo a dizer ao seu colega diga directamente a ele. Desta forma, evita que o comentário seja mal interpretado e retransmitido por outros. Ao fazer uma crítica directamente ao colega em questão você evita que seu comentário chegue distorcido aos ouvidos dele, o que pode gerar conflitos. Além disso, falar pelas costas e comentar sobre a vida alheia é uma atitude mal vista". Rejeitar o trabalho em equipe "Hoje, independentemente do seu cargo, é preciso saber trabalhar em equipe, já que bons resultados dificilmente nascem de acções individuais. No ambiente corporativo, uns dependem dos outros. Se o funcionário não estiver disposto a colaborar com os colegas, certamente será um elo quebrado. Com isso, o grupo/equipe não chegará ao resultado desejado. Ser resistente ao trabalho em equipe é um revés grave. Sem essa abertura, dificilmente o colaborador conseguirá obter sucesso". Ser antipático (a) "A empatia é muito útil no ambiente de trabalho. Você deve ser leal, cortês, amigo e humilde. Falar «bom dia» e cumprimentar os outros são atitudes que demonstram educação e respeito pelos demais. O fato do trabalho exigir concentração do
  • 17. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 17 colaborador não significa que ele não possa ser cordial e abrir um espaço na agenda para ajudar os companheiros de equipa". Deixar conflitos pendentes "Conflitos acumulados podem agravar-se. Qualquer tipo de problema referente ao trabalho, dúvida sobre decisões, responsabilidades que não foram bem entendidas, alguém que ficou magoado com outro por algum motivo, enfim, qualquer tipo de desconforto deve ser esclarecido para evitar a discórdia no ambiente de trabalho. O colaborador deve conversar para resolver o assunto, caso contrário, isso poderá gerar antipatia, conversa de corredores com outros colaboradores e um clima péssimo para toda a equipa". Ficar de cara fechada "Ter um companheiro de equipa com bom humor anima o ambiente de trabalho, enquanto que um colega mal-humorado causa desconforto do início ao fim do expediente. Esta postura gera desgastes desnecessários, pois além de deixar toda uma equipa desmotivada ainda atrapalha a produtividade. Pessoas mal-humoradas geralmente não toleram brincadeiras. Com isso, automaticamente são excluídas da equipa, o que não é saudável. Por essa razão, manter o bom humor no trabalho é fundamental para cultivar bons relacionamentos". Deixar de cultivar relacionamentos "Os melhores empregos não estão nos jornais e nem nos classificados. A partir do seu relacionamento interpessoal no trabalho conseguirá construir a sua oportunidade ". é importante mostrar dinamismo, ser cooperativo no trabalho, um bom trabalho é aquele onde você está e só depende de si torná-lo no trabalho que deseja. porque o melhor trabalho é aquele onde você se empenha, onde constrói a sua carreira. Não ouvir os colegas "É importante escutar a todos, mesmo aqueles que têm menos experiência. Isso estimula a participação e a receptividade de novas ideias e soluções. Questionar com um ar de superioridade as opiniões colocadas numa reunião não só intimida quem está expondo a ideia, como passa uma imagem de que você é hostil. É necessário reflectir sobre o que está sendo dito, não apenas ouvir e descartar a ideia de antemão por considerá-la inútil". Não respeitar a diversidade "Todas as diferenças devem ser respeitadas entre os membros de uma equipe. Não é aceitável na nossa sociedade alguém que não queira contacto com outro indivíduo apenas por ele ser diferente. Ao passo que o funcionário aceita a diversidade, ele amplia as possibilidades de actuação, seja dentro da organização ou com um novo cliente. Além disso, o respeito e o tratamento justo são valores do mundo globalizado que deveriam estar no DNA de todos. Sem eles, o colaborador atrapalha o relacionamento das equipas, invade limites dos colegas e a natureza do outro". Apontar o erro do outro "A perfeição não é virtude de ninguém. Antes de apontar o erro de outro, devemos analisar a nossa própria conduta e a nossa responsabilidade para o insucesso de um trabalho ou projecto. É melhor ajudar a solucionar um problema do que criar outro maior em cima de algo que já deu errado. Lembre-se: errar é humano e o julgamento não cabe no ambiente de trabalho. No futuro, o erro apontado pode ser o seu". Ficar nervoso (a) com a equipe "Atritos acontecem no ambiente de trabalho, mas a empatia deve ser colocada em prática nos momentos de tensão entre a equipa para evitar que o problema chegue ao gestor e se torne ainda pior. Cada um tem um tipo de aprendizagem e um ritmo de trabalho, o que não quer dizer que a qualidade da actividade seja melhor ou pior que a sua. O respeito e a maturidade profissional devem falar mais alto do que o nervosismo.
  • 18. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 18 Equilíbrio emocional e uma conduta educada são importantes tanto para a empresa como para o profissional". Conclusão A definição de ética e moral leva a insinuação de que ambas assumem a mesma identidade. Neste caso a ética seria a teoria dos costumes, ou a ciência dos costumes, enquanto moral seria tomada como ciência, haja vista ser objecto da mesma. O positivismo propõe que a ética enquanto conhecimento científico deva aspirar à racionalidade e objectividade mais completas e, ao mesmo tempo, deva proporcionar conhecimentos sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis (Vázques.1995. Monte, 2002). Construir a nação abstracta de conceitos como justiça, liberdade, igualdade e outros como a ética é também invocar à semântica - suas conotações e múltiplos sentidos atribuídos. Estas expressões imbuem o sujeito que as assimila de forte e evidente carga emocional. Nalini.1999) afirma que é ainda utilizar-se de expressões que transbordam o sentimento e enceram a complexidade característica às questões filosóficas. Contudo, a aplicabilidade pragmática da ética reside na crise de sustentação que civilizações modernas passam, de modo que se encontram imbricadas questões filosóficas, políticas, sociais e culturais, estéticas e sem excluir, questões religiosas, dentre tantas outras. A crise da humanidade é uma crise moral, afirma Nalini (1999). Partindo desta premissa é que não se pode desfocar da preservação da dignidade humana, quando se pauta na conduta pessoal. Indistintamente, ética “é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”(Engelhardt.1998:72). Desta forma é concebida como uma ciência, e como tal, tem objecto próprio, leis próprias e métodos próprios. Assim, o objecto da ética é a moral que se torna reconhecida como um dos aspectos do comportamento humano. A expressão deriva da palavra romana mores, que assume o sentido de costumes, ou seja conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua prática. Toda via, não se trata apenas da concepção teórico-epistemológico de moral como produto ou essência do comportamento humano, mas a moral como produto da ética, vista através da moralidade positiva. Isto porque a ética abriga-se na ideia do “conjunto de regras de comportamento e formas de vida através das quais tende o homem a realizar o valor do bem”(Maynez Apud Nalini 199:35). A ética é uma disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri-las e elucidá-las. Mostrando ás pessoas os valores e princípios que devem nortear sua existência, a ética aprimora e desenvolve seu sentido moral e influencia a conduta. assume-se como epicentro na tomada de decisões, reconhecimento de sí como objecto de um sujeito, isto justifica a necessidade de normas avançadas que compreendam a dimensionalidade assumida pelo homem e ainda questões que contemplem a ética do comportamento, sobre a vida e os “novos” mecanismos de relação estabelecidos para a garantia e manutenção desta. A sustentação da ética profissional nas disciplinas como campo de assistência que trabalha com a subjectividade e o psiquismo humano, como por ex. a psicologia, abre indagações longínquas que contornam a ética profissional e suas actuações. Mesmo a filosofia da ética através do seu estudo histórico sobre o comportamento humano, bem como o reflexo da ética da vida, por trás de sua manutenção ou não, e por sua normalização e positivação das condutas que vislumbram a transformação da
  • 19. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 19 profissão e da ciência, frente ao ser humano, as condições para que encerrem as discussões sobre a ciência do bem e do mal ainda estão a quem de um meio e, por fim, de conclusões cristalizadas sobre o comportamento humano, ou seria o humano comportamento? O ser humano, como sabemos, é dotado de matéria e pensamento, de água e espírito. A ética para a psicologia é uma forma específica do comportamento humano. Ela se relaciona com outras ciências humanas com intuito de se alcançar um comportamento moral. Segundo Vázques, 1977. ”ainda que o comportamento moral responda á necessidade social de regular as relações dos indivíduos numa certa direcção, a actividade é sempre vivida interna ou intimamente pelo sujeito em um processo subjectivo cuja elucidação contribui muito para a psicologia. Como ciência do psíquico, a psicologia vem em ajuda da ética quando põe em evidência as leis que regem as motivações internas do comportamento do individuo, assim como quando mostra a estrutura do carácter e da personalidade. Dá a sua ajuda também quando examina os actos voluntários, a formação dos hábitos, a génese da consciência moral e dos juízos morais. Em poucas palavras, a psicologia presta uma importante contribuição à ética quando esclarece as condições internas subjectivas dos actos dos indivíduos e deste modo, contribuindo para a compreensão da sua dimensão moral. Devemos conhecer e aplicar nossos códigos de ética, mas também fazer brotar na categoria a (com) paixão e o compromisso com a área e com a sociedade á qual servimos. A indiferença “Primeiro, levaram os comunistas. Mas eu não me importei com isso. Não sou comunista. Em seguida, levaram alguns operários. Mas eu não me importei com isso. Eu também não sou operário. Depois prenderam os sindicalistas. Mas eu não me importei com isso. Eu não sou sindicalista. Depois agarraram os sacerdotes, mas como eu não sou religioso, também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde.” Bertold Brecht
  • 20. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 20 Referências Bibliográficas ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia 4ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2000. AQUINO, C.P. Administração de recursos humanos: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1996. ARICÓ, Carlos Roberto. Reflexões sobre a loucura. São Paulo: Ícone, 1986. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2003. ARISTÓTELES. Colecção “ Os pensadores”. Rio de Janeiro: Nova cultural, 2000. BOFF, Leonardo. Graça e Experiência Humana – A graça libertadora no mundo, Petrópolis: Vozes, 2003. DINIZ. M. H. O Estado actual do Biodireito. 3ª ed. São Paulo:Editora Saraiva,2006. ENGELHARDT. J. R. T. Fundamentos da Bioética. São Paulo: Lyola, 1998. FRANCISCONI, Carlos F.M.& GOLDIM, José R. Ética Aplicada à Pesquisa. In: BRAZIL, 2006 GOMES. Henriette Ferreira (Coord.). Treinamento sobre Ética Profissional 14ªGestão, Brazilia, mar: 2007. GLOCK, R. S. GOLDIM J. R. Ética Profissional é compromisso social. Porto Alegre: Mundo Jovem (PUCRS) 2003. KANT, Immanuel Critica da Razão Pura.Vl I. Trad. Valério Rhden e Udo Baldur-4ªed Colecção os pensadores. São Paulo: Nova Cultural1991. MONTE, Fernando. A ética na prática médica. Rv. Bioética, Vol.10. n.º 02, Brazília, 2002. MOTTA, Nair de Sousa. Ética e vida profissional. R.J: Âmbito Cultural Edições, 1984. NALINI, José R. Ética geral e profissional 2ª Ed. São Paulo: RT Didacticos, 1999. OUTOMURO. D. Manual de fundamentos de Bioética. Buenos Aires: Magister Eos, 2004. SÁ. A. L. de. Ética Profissional, 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2001. VÁZQUEZ, Adolfo S. Ética 18ª ed. R.J: Civilização Brasileira, 1977. Pauta deontológica do serviço público Angolano A Administração pública, no desempenho da sua insubstituivel função social, deve, através dos seus trabalhadores, pautar a sua conduta por principios, valores e regras alicerçados na justiça, na transparência e na ética profissional, como primeiro passo para o estabelecimento da necessaria relação de confiança entre serviços públicos e aos cidadãos. Assim, para além das obrigações estabelecidas no estatuto disciplinar dos trabalhadores da função pública, reconhece-se útil juntar-se-lhes os imperativos intrisencamente entranhados no âmago da coisa pública, ditames que transformam a obrigação em devoção e que enobrecem o sentido e a utilidade da actuação dos orgãos e serviços da administração pública. Para tanto tem de haver uma disciplina integral que procure contemplar deveres externos e internos na qual se interligam os comandos legal e moral e em que os poderes funcionais são acompanhados do conhecimento e prática dos usos exemplares da sociedade, com relevâcia para os que se referem às relações entre servidores público, trabalhador da Administração pública e o cidadão utente, beneficiário e garante dos serviços públicos.
  • 21. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 21 Sendo os serviços públicos criados para servir a comunidade e o indivíduo, pesa sobre o servidor público, sem prejuizo da autoridade de que também está imbuído, o dever de acatamento e respeito para com os deveres fundamentais da sociedade, da ordem constituicional, dos cidadãos e da própria Administrção Pública quer Central como local. Impõe-se assim a formulação de regras deontológicas com as quais o funcionário público e agente administrativo deverão pautar a sua conduta no desempenho da sua actividade profissional, em homenagem e observância aos valores mais elevados em que se fundamenta a missão para qual estão investidos; Assim nos termos da alínea e) do artigo 112º da lei constituicional o governo delibera o seguinte: Aprovar e divulgar a pauta deontologica do serviço público anexa à resolução 27/94 de Agosto. 1- Âmbito, conteúdo e Aplicação 1. A pauta Deontológica do serviço público Angolano abrange todos os trabalhadores da Administração Pública, independentemente do seu cargo, nível ou local de actividade, incluindo, os que exercem funções de direcçõa e chefia. 2. O conteúdo de Pauta Deontologica do serviço público compreende um conjunto de deveres de índole ético profissional se social que impendem sobre os trabalhadores públicos no exercicio das actividades, nas relações destes com os cidadãos e demais entidades particulares bem como, com diferentes órgãos de Estado em especial a Administração Pública. 3. Aplicação – A aplicação da presente Pauta Deontólogica não prejudica a observância simultânea das regras deontólogicas que existam em algumas instituições ou organismo público. II – Valores Essenciais 4. Interesse Público – Os trabalhadores da Administração Pública devem exercer as suas funções exclusivamente ao serviço do interesse público. Os interesses gerais sustentadores da estabilidade, convivência e tranquilidade sociais e garantes da satisfação das necessidades fundamentais da colectividade são razão de ser última da actuação dos trabalhadores públicos. 5. Legalidade – os trabalhadores da Administração Pública devem proceder no exercicio das suas funções sempre em conformidade com a lei, devendo para efeito conhecer e estudar as leis, regulamentos e demais actos jurídicos em vigor bem como contribuir para a ampla divulgação e conhecimento da lei e o aumento da consciência jurídica dos cidadãos. 6. Neutralidade – Os trabalhadores da Administração Pública têm o dever de adoptar uma postura e conduta profissionais ditadas pelos crit´rios da imparcialidade e objectividade no tratamento e resolução das matérias sob sua responsabilidade, observando sempre com justeza, ponderação e respeito do princípio da igualidade jurídica de todos os cidadãos perante a lei e isentando-se de quaisquer considerações ou interesses subjectivos de natureza política, económica, religioza ou outra. 7. Integridade e responsabilidade – Os trabalhadores da Administração Pública devem no exercicio das suas funções pugnar pelo aumento da confiança dos cidadãos nas instituições públicas bem como da eficácia e prestígio dos seus serviços. A verticalidade, a discrição, a lealidade e a transparência funcionais devem caracterizar a actividade de todos quantos vinculados jurídicamente à Administração Pública comprometem-se em servi-la para bem dos interesses gerais da comunidade. 8. Competência – os trabalhadores da Administração Pública assumir o mérito, o brio e a eficiência como critérios mais elevados de profissionalismo no desempenho das
  • 22. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 22 funções públicas. A qualidade dos serviços públicos em melhor servir depende, decisivamente, do aumento constante da capacidade t´rcnica e proficional dos agentes e funcionários públicos. III – Deveres para com os Cidadãos 9. Qualidade na prestação do serviço público – A consciência e a postura de bem servir, com eficiência e rigor, devem constituir uma referência obrigatória na actividade dos trabalhadores da Administração pública nas suas relações com os cidadãos. Qualidade nas prestações que se proporcionam aos cidadãos e á sociedade em geral deve significar também uma forma mais humana de actuação, de participação e de rxigencia reciprocas entre os trabalhadores públicos e os utentes dos serviços públicos. 10. Isenção e Imparcialidade – Os trabalhadores da Administração Pública devem ter sempre presente que todos os cidadãos são iguais perante a lei, devendo merecer o mesmo tratamento no atendimento, encaminhamento e resolução das suas pretensões ou interesses legitímos, salvaguardando, no respeito à lei a igualidade de acesso e de oportunidades de cada um. 11. Competência e Proporcionalidade – Os trabalhadores da Administração Pública devem exercer as suas actividades com observância dos imperativos de ordem técnica e ciêntifica requeridos pela efectividade e celeridade das funções. Devem igualmente saber aguardar, em função dos objectivos a alcançar, os meios mais idóneos e proporcionais a empregar para aquele fim. 12. Cortesia e Informação – Os trabalhadores da Administação Pública devem ser corteses no seu relacionamento com os cidadãos e estabelecer com eles uma relação que contribua para o desenvolvimento da civilidade e correcção dos servidores e dos utentes dos serviços públicos. Devem os trabalhadores de Administração Pública, igualmente, serem prestáveis no aseguramento aos cidadãos das informações e esclarecimentos de que carecam. 13. Proibidade – Os servidores da Administração Pública não podem solicitar ou aceitar, para sí ou para terceiros, directo ou indirectamente quaisquer presentes, empréstimos, facilidade ou em geral, quaisquer ofertas que possam pôr em causa a liberdade da sua acção, a independência do seu juizo e a credibilidade e autoridade da Administração Pública, dos seus órgão e serviços. IV - Deveres Especiais para com a Administração 14. Serviço Público – Os trabalhadores da Administração Pública ao vincularem-se com os entes públicos para contribuirem para a prossecução dos interesses gerais da sociedade, devem colocar sempre a prevalência destes acima de quaisquer outros. Igualmente não devem usar para fins e interesses particulares a posição dos seus cargos e seus poderes funcionais. 15. Dedicação – Os trabalhadores da Administração Pública devem desenhar as sua funções co profundo espiríto de missão, cumprindo as tarefas que lhe sejam confiadas, com prontidão, racionalidade e eficácia. O respeito pelos superiores hierarquicos, colegas e subordinados bem como a destreza e criatividade na análise dos problemas e busca de soluções deverão ser atributos de relevo na actuação dos trabalhadores públicos. 16. Autoformação, Aperfeçoamento e Actualização – Os trabalhadores da Administração Pública devem assegurar-se do conhecimento das leis, regulamentos e instruções em vigor e desenvolver um esforço permanente e sistemático de actualização dos seus conhecimentos, bem com de influência neste sentido em relação aos colegas e subordinados. Em especial os titulares de cargos de direcção e chefia devem ser exemplo e o elemento dinamizador dessa acção.
  • 23. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga 23 17. Reserva e discrição – Os trabalhadores da Administração Pública devem usar da maior reserva e discrição de modo a evitar a divulgação do facto e informações de que tenham conhecimento no exercicio de funções sendo-lhes vedado o uso dessas informações em proveito próprio ou de terceiros. 18. Parcimónia – Os trabalhadores da Administração Pública devem fazer uma criteriosa utilização dos bens que lhe são facultados e evitar desperdícios, não devendo utilizar directa ou indirectamente quaisquer bens públicos em proveito pessoal, nem permitir que qualquer outra pessoa deles se aproveite à margem da sua utilização. 19. Solidariedade e Cooperação – Os trabalhadores da Administração Pública devem, estabelecer e fomentar um relacionamento correcto e cordial entre sí de modo a desenvolver o espírito de equipa e uma forte atitude de colaboração e entre ajuda, procurando auxílio dos superiores e colegas no aperfeiçoamento do nível e qualidade do trabalho a prestar. V – Deveres para com os Órgãos de soberania 20. Zelo e Dedicação – Os trabalhadores da Administração Pública, devem independentemente das suas convicções politícas ou ideológicas, agir com eficiência e objectividade e esforçar-se por dar resposta às solicitações e exigencias dos órgãos da Administração a que estão afectos, em especial respeitando e fazendo respeitar os direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos previstos na constituição e nas leis assim como contribuindo para o cumprimento rigoroso dos deveres estabelecidos no ordenamento jurídico. 21. Lealdade – Os trabalhadores da Administração Pública devem esforçar-se por na sua esfera de acção exercer com lealdade os programas e missões definidas superiormente, no respeito escrupoloso à lei e às ordens legítimas dos seus superiores hierarquicos. O Primeiro Ministro, Marcolino José Carlos Moco.