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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA
ELEMENTOS DE MÁQUINA
CAMES
Belo Horizonte
2011
CAMES
Came é um elemento mecânico de uma máquina que é usado para acionar outro elemento,
chamado seguidor, por meio de contato direto.
Funcionamento: Normalmente os cames são empregados para a transformação do movimento
de rotação de um elemento em movimento alternado de outro elemento. A peça fixada ao
elemento de rotação, o came é sempre o elemento motor; ao elemento comandado é dado o
nome de seguidor, que, por sua vez, pode ser chamado de haste oscilante, quando o
movimento é angular, ou haste guiada, quando o movimento é retilíneo.
Aplicações: Os mecanismos de came são simples, de projeto fácil e ocupam um espaço muito
pequeno. Além disso, os movimentos dos seguidores que podem ter, todas as características
desejadas, e não são de difícil obtenção. Por tais razões, os mecanismos de came são
largamente utilizados em máquinas, sendo encontrados em motores de combustão interna,
máquinas tipográficas, máquinas têxteis, máquinas ferramentas, máquinas automáticas de
embalar, armas automáticas, dispositivos de comandos etc.
Os cames são classificados de acordo com a forma:
- came de placa (de disco ou radial)
- cames de cunha
- cilindro
- extremidade ou face
- forqueta
Os seguidores dos cames são classificados de acordo com:
• Movimento: - translação
- oscilação
• Trajetória de deslocamento: - radial
- deslocado
• Superfície do seguidor: - face esférica
- face de rolamento
- face plana
O seguidor deve ser vinculado ao cames por:
- mola
- gravidade
- vínculo mecânico
(a) came radial e seguidor de translação de face plana
deslocado;
(b) came radial e seguidor oscilante de face esférica;
(c) came radial e seguidor de aresta de faca e translação;
(d) came de dois lóbulos radiais e seguidor de rolete de translação deslocado;
(e) came de cunha e seguidor de rolete de translação;
(f) came cilíndrico e seguidor de rolete oscilante;
(g) came de face ou extremidade e seguidor de rolete de
translação;
(h) came de forqueta e seguidor de rolete de translação.
Geometria do Came Radial
Para
encontrar o
perfil do
came,
utiliza-se o
princípio da
inversão
“Para se desenvolver a superfície do came, mantém-se este
estacionário e gira-se o seguidor no sentido oposto ao de rotação
do came.”
A figura mostra o desenvolvimento de um came de placa do diagrama de deslocamento. (a)
nomenclatura do came; (b) diagrama de deslocamento
Círculo de base: menor círculo tangente à superfície do came.
Ponto de traçado: ponto teórico sobre o seguidor, usado para gerar a curva primitiva.
Ângulo de pressão: é o ângulo entre a direção do movimento do seguidor e uma normal à
curva primitiva.
Ponto primitivo: indica a localização do máximo ângulo de pressão.
Círculo primitivo: seu centro coincide com o do came e passa pelo ponto primitivo.
Círculo principal: é o menor círculo com centro coincidente com o came, passando pela curva
primitiva.
Para a construção do perfil de came é feito o diagrama de deslocamento, onde são
representados a rotação do came no eixo X (a curva traçada possui o mesmo comprimento da
circunferência principal do came) e o percurso do seguidor noeixo Y.
Os pontos de inflexão correspondem-se aos pontos primitivos. Divide-se o diagrama de
deslocamento e o círculo primitivo em partes iguais, podendo representar com números as
posições dos segmentos no diagrama e transferi-las com um compasso para o contorno do
came, que será a trajetória do ponto de traçado.
Seguidor tipo de rolamento, desenhar o rolamento em sua posição apropriada, em cada seção,
e construir a superfície do came como uma curva tangente a todas as posições do rolamento.
Diagramas de deslocamento
Na rotação do cames, o seguidor executa os seguintes eventos:
- elevação
- repouso
- retorno
Como existem várias formas de elevação e retorno, os diagramas de deslocamentos deverão
ser construídos para os movimentos:
- cicloidais
- parabólicos
- harmônico simples
- uniforme modificado
• Diagrama para o movimento
uniforme. É uma linha reta com
inclinação constante, portanto,
com velocidade constante do
seguidor. Geralmente suavizam-
se as rampas do início e final da
elevação, como feito na figura ao
lado.
Movimento uniforme modificado por arco circular
• Diagrama para o movimento
harmônico simples. Divide-se
uma semicircunferência com o
mesmo diâmetro da elevação “d”
no mesmo número de partes do
eixo X.
Movimento harmônico simples
• Diagrama para o movimento
parabólico. Nesse movimento a
aceleração é constante. É usado
um nº de divisões par e no
mínimo de seis divisões no
eixo X. Na origem
do deslocamento é construída
uma linha qualquer e dividi-se essa linha em partes proporcionais. A última divisão é unida
com o eixo Y, sendo o restante das divisões unido com a mesma inclinação da última. As
partes divididas são proporcionais à:
- 1,3,5,5,3,1 à para 6 divisões
- 1,3,5,7,7,5,3,1 à para 8 divisões
• Diagrama para o movimento
cicloidal. É obtido pelo
rolamento de um círculo de raio
d/2π (d em cm). Também, usa-se
o ponto B como centro de um
círculo de raio d/2π; divide-se
esse círculo no mesmo nº de
partes do eixo X, projetando os pontos horizontalmente até a ordenada (do último ponto
traçado no diagrama) e ligando esses pontos projetados paralelamente a reta OB até cruzar a
ordenada correspondente a cada ponto.
Desenvolvimento Gráfico dos Perfis de Cames
No exemplo da figura a baixo, há uma elevação de 180º e um retorno de 150 do giro do
cames, onde existe em seguida um repouso de 30º. As linhas radiais que se estendem à
circunferência são perpendiculares ao centro da face plana do seguidor. É desenhada
uma cópia da face plana do seguidor em cada ponto, produzindo uma série de linhas retas. O
perfil de cames será uma curva tangente a todas as linhas.
No exemplo da figura a baixo, primeiramente se desenha um círculo com centro no eixo do
cames e divide o mesmo em partes iguais e de mesmo número ao do diagrama de
deslocamento. Constroem-se, então, os arcos descritos pelo centro do rolamento, usando
como ponto de fixação do compasso os pontos desenhados anteriormente. No cruzamento
desses pontos desenham-se círculos de mesmo diâmetro do rolamento. O perfil de cames será
tangente a todos os círculos do rolamento.
Movimentos Básicos do Seguidor
Com o diagrama de deslocamento é possível obter o deslocamento em função do ângulo do
cames gerando uma superfície de cames correspondente a qualquer curva que pode ser
descrita por uma equação em coordenadas retangulares.
y=Cθ onde: y – deslocamento do seguidor
C – constante
θ – ângulo do cames
Designando a elevação total d, correspondente a um ângulo de cames de β rad, tem-se:
d=C β
Substituindo C na primeira equação:
y = d θ
β
que é a equação para o movimento uniforme.
A velocidade e aceleração do seguidor são a primeira e a segunda derivada respectivamente.
ω é a velocidade angular do cames e é constante, portanto sua derivada é igual a zero, exceto
no início e fim da elevação onde vai imediatamente ao infinito.
Figura 9: Relações de deslocamento, velocidade e aceleração para o movimento uniforme
Movimento parabólico
y=Cθ²
Esta equação vale para o ponto de inflexão, onde y=d/2 e θ= β/2. Substituindo y e θ na
equação acima:
A velocidade e aceleração do seguidor são a primeira e a segunda derivada respectivamente.
A aceleração é constante e a velocidade máxima ocorre no ponto de inflexão onde θ= β/2.
Para a segunda metade do deslocamento usa-se:
y= C1 + C2θ + C3θ²
A velocidade do seguidor é a primeira derivada
Condição de Contorno
Substituindo a condição θ = β para y = d, onde a velocidade é igual a zero para θ = β.
Como a velocidade máxima ocorre no ponto de inflexão onde θ= β/2 e vale
, substituindo na equação da velocidade encontrada, tem-se:
Pelas equações (1) e (2), obtemos as constantes:
Substituindo as constantes nas equações do deslocamento, velocidade e aceleração:
Figura 10: Relações de deslocamento, velocidade, aceleração e aceleração segunda para
o movimento parabólico
Movimento Harmônico Simples
Utiliza-se o mesmo procedimento do movimento parabólico para as deduções das equações
do deslocamento, velocidade e aceleração:
Figura 11: Relações de deslocamento, velocidade, aceleração e aceleração segunda para
o movimento harmônico simples
Ao contrário do movimento parabólico, não há descontinuidade no ponto de inflexão.
Movimento Cicloidal
O movimento cicloidal tem uma curva senoidal para a aceleração. Utiliza-se o mesmo
procedimento do movimento parabólico para as deduções das equações do deslocamento,
velocidade e aceleração:
Figura 12: Relações de deslocamento, velocidade, aceleração e aceleração segunda para
o movimento cicloidal
Comparação Entre os Movimentos do Seguidor
Com as equações dos movimentos, vistas anteriormente, pode-se fazer uma comparação dos
valores máximos do deslocamento, velocidade e aceleração se for desconsiderado as
descontinuidades no início e final do deslocamento e o ponto de inflexão para o movimento
parabólico.
Com os dados dessa tabela pode-se julgar que o melhor movimento é o uniforme e o pior o
cicloidal, mas na realidade é justamente o contrário. Pode-se analisar a figura abaixo.
Figura 13: Comparação das características cinemáticas dos quatro movimentos básicos
que têm repousos no início e final da elevação
No movimento uniforme a aceleração e a aceleração segunda infinita provoca sérias
dificuldades nos mecanismos de cames, mesmo quando operados em baixa velocidade.
No movimento parabólico, a área do gráfico da aceleração é a que possui a menor altura,
sendo o diagrama de utilização mais econômica e, portanto, o melhor de todos. Porém pela
análise da aceleração segunda é um dos piores se estiver envolvido a velocidades muito
elevadas. O movimento harmônico simples possui também aceleração segunda infinita,
portanto não é muito bom. No movimento cicloidal, a aceleração segunda é finita, sendo,
portanto, o melhor dos movimentos apresentados.
BIBLIOGRAFIA:
http://docs.google.com/viewer?
a=v&q=cache:9nKglbUqEMcJ:ftp://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM111-
A/Aulas/CAMES.doc+cames&hl=pt-
BR&gl=pt&pid=bl&srcid=ADGEEShBphauzsj04NwXBFM9RNtSVpPh0e4yXCl70PnAc0uq
EB4-JWeu2w7BPND0is4J3VYhBqGZCm3muetGTjrpxUChkRu3-
IALcS0RZi1YF1lzIqOJK6uwmLyVnhQujaOWDamniZlc&sig=AHIEtbT9Pa_4ZP3pF67l9F
XsJ4Ll6Ot6aw&pli=1
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA6dkAF/apostila-sobre-cames

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  • 1. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA ELEMENTOS DE MÁQUINA CAMES Belo Horizonte 2011
  • 2. CAMES Came é um elemento mecânico de uma máquina que é usado para acionar outro elemento, chamado seguidor, por meio de contato direto. Funcionamento: Normalmente os cames são empregados para a transformação do movimento de rotação de um elemento em movimento alternado de outro elemento. A peça fixada ao elemento de rotação, o came é sempre o elemento motor; ao elemento comandado é dado o nome de seguidor, que, por sua vez, pode ser chamado de haste oscilante, quando o movimento é angular, ou haste guiada, quando o movimento é retilíneo. Aplicações: Os mecanismos de came são simples, de projeto fácil e ocupam um espaço muito pequeno. Além disso, os movimentos dos seguidores que podem ter, todas as características desejadas, e não são de difícil obtenção. Por tais razões, os mecanismos de came são largamente utilizados em máquinas, sendo encontrados em motores de combustão interna, máquinas tipográficas, máquinas têxteis, máquinas ferramentas, máquinas automáticas de embalar, armas automáticas, dispositivos de comandos etc. Os cames são classificados de acordo com a forma: - came de placa (de disco ou radial) - cames de cunha - cilindro - extremidade ou face - forqueta Os seguidores dos cames são classificados de acordo com: • Movimento: - translação - oscilação • Trajetória de deslocamento: - radial - deslocado • Superfície do seguidor: - face esférica - face de rolamento - face plana
  • 3. O seguidor deve ser vinculado ao cames por: - mola - gravidade - vínculo mecânico (a) came radial e seguidor de translação de face plana deslocado; (b) came radial e seguidor oscilante de face esférica; (c) came radial e seguidor de aresta de faca e translação; (d) came de dois lóbulos radiais e seguidor de rolete de translação deslocado;
  • 4. (e) came de cunha e seguidor de rolete de translação; (f) came cilíndrico e seguidor de rolete oscilante; (g) came de face ou extremidade e seguidor de rolete de translação; (h) came de forqueta e seguidor de rolete de translação. Geometria do Came Radial Para encontrar o perfil do came, utiliza-se o princípio da inversão
  • 5. “Para se desenvolver a superfície do came, mantém-se este estacionário e gira-se o seguidor no sentido oposto ao de rotação do came.” A figura mostra o desenvolvimento de um came de placa do diagrama de deslocamento. (a) nomenclatura do came; (b) diagrama de deslocamento Círculo de base: menor círculo tangente à superfície do came. Ponto de traçado: ponto teórico sobre o seguidor, usado para gerar a curva primitiva. Ângulo de pressão: é o ângulo entre a direção do movimento do seguidor e uma normal à curva primitiva. Ponto primitivo: indica a localização do máximo ângulo de pressão. Círculo primitivo: seu centro coincide com o do came e passa pelo ponto primitivo. Círculo principal: é o menor círculo com centro coincidente com o came, passando pela curva primitiva.
  • 6. Para a construção do perfil de came é feito o diagrama de deslocamento, onde são representados a rotação do came no eixo X (a curva traçada possui o mesmo comprimento da circunferência principal do came) e o percurso do seguidor noeixo Y. Os pontos de inflexão correspondem-se aos pontos primitivos. Divide-se o diagrama de deslocamento e o círculo primitivo em partes iguais, podendo representar com números as posições dos segmentos no diagrama e transferi-las com um compasso para o contorno do came, que será a trajetória do ponto de traçado. Seguidor tipo de rolamento, desenhar o rolamento em sua posição apropriada, em cada seção, e construir a superfície do came como uma curva tangente a todas as posições do rolamento. Diagramas de deslocamento Na rotação do cames, o seguidor executa os seguintes eventos: - elevação - repouso - retorno Como existem várias formas de elevação e retorno, os diagramas de deslocamentos deverão ser construídos para os movimentos: - cicloidais - parabólicos - harmônico simples - uniforme modificado • Diagrama para o movimento uniforme. É uma linha reta com inclinação constante, portanto, com velocidade constante do seguidor. Geralmente suavizam- se as rampas do início e final da elevação, como feito na figura ao lado. Movimento uniforme modificado por arco circular
  • 7. • Diagrama para o movimento harmônico simples. Divide-se uma semicircunferência com o mesmo diâmetro da elevação “d” no mesmo número de partes do eixo X. Movimento harmônico simples • Diagrama para o movimento parabólico. Nesse movimento a aceleração é constante. É usado um nº de divisões par e no mínimo de seis divisões no eixo X. Na origem do deslocamento é construída uma linha qualquer e dividi-se essa linha em partes proporcionais. A última divisão é unida com o eixo Y, sendo o restante das divisões unido com a mesma inclinação da última. As partes divididas são proporcionais à: - 1,3,5,5,3,1 à para 6 divisões - 1,3,5,7,7,5,3,1 à para 8 divisões • Diagrama para o movimento cicloidal. É obtido pelo rolamento de um círculo de raio d/2π (d em cm). Também, usa-se o ponto B como centro de um círculo de raio d/2π; divide-se esse círculo no mesmo nº de partes do eixo X, projetando os pontos horizontalmente até a ordenada (do último ponto
  • 8. traçado no diagrama) e ligando esses pontos projetados paralelamente a reta OB até cruzar a ordenada correspondente a cada ponto. Desenvolvimento Gráfico dos Perfis de Cames No exemplo da figura a baixo, há uma elevação de 180º e um retorno de 150 do giro do cames, onde existe em seguida um repouso de 30º. As linhas radiais que se estendem à circunferência são perpendiculares ao centro da face plana do seguidor. É desenhada uma cópia da face plana do seguidor em cada ponto, produzindo uma série de linhas retas. O perfil de cames será uma curva tangente a todas as linhas. No exemplo da figura a baixo, primeiramente se desenha um círculo com centro no eixo do cames e divide o mesmo em partes iguais e de mesmo número ao do diagrama de deslocamento. Constroem-se, então, os arcos descritos pelo centro do rolamento, usando como ponto de fixação do compasso os pontos desenhados anteriormente. No cruzamento desses pontos desenham-se círculos de mesmo diâmetro do rolamento. O perfil de cames será tangente a todos os círculos do rolamento.
  • 9. Movimentos Básicos do Seguidor Com o diagrama de deslocamento é possível obter o deslocamento em função do ângulo do cames gerando uma superfície de cames correspondente a qualquer curva que pode ser descrita por uma equação em coordenadas retangulares. y=Cθ onde: y – deslocamento do seguidor C – constante θ – ângulo do cames Designando a elevação total d, correspondente a um ângulo de cames de β rad, tem-se: d=C β Substituindo C na primeira equação: y = d θ β que é a equação para o movimento uniforme. A velocidade e aceleração do seguidor são a primeira e a segunda derivada respectivamente.
  • 10. ω é a velocidade angular do cames e é constante, portanto sua derivada é igual a zero, exceto no início e fim da elevação onde vai imediatamente ao infinito. Figura 9: Relações de deslocamento, velocidade e aceleração para o movimento uniforme Movimento parabólico y=Cθ² Esta equação vale para o ponto de inflexão, onde y=d/2 e θ= β/2. Substituindo y e θ na equação acima: A velocidade e aceleração do seguidor são a primeira e a segunda derivada respectivamente.
  • 11. A aceleração é constante e a velocidade máxima ocorre no ponto de inflexão onde θ= β/2. Para a segunda metade do deslocamento usa-se: y= C1 + C2θ + C3θ² A velocidade do seguidor é a primeira derivada Condição de Contorno Substituindo a condição θ = β para y = d, onde a velocidade é igual a zero para θ = β. Como a velocidade máxima ocorre no ponto de inflexão onde θ= β/2 e vale , substituindo na equação da velocidade encontrada, tem-se: Pelas equações (1) e (2), obtemos as constantes: Substituindo as constantes nas equações do deslocamento, velocidade e aceleração:
  • 12. Figura 10: Relações de deslocamento, velocidade, aceleração e aceleração segunda para o movimento parabólico Movimento Harmônico Simples Utiliza-se o mesmo procedimento do movimento parabólico para as deduções das equações do deslocamento, velocidade e aceleração:
  • 13. Figura 11: Relações de deslocamento, velocidade, aceleração e aceleração segunda para o movimento harmônico simples Ao contrário do movimento parabólico, não há descontinuidade no ponto de inflexão. Movimento Cicloidal O movimento cicloidal tem uma curva senoidal para a aceleração. Utiliza-se o mesmo procedimento do movimento parabólico para as deduções das equações do deslocamento, velocidade e aceleração:
  • 14. Figura 12: Relações de deslocamento, velocidade, aceleração e aceleração segunda para o movimento cicloidal Comparação Entre os Movimentos do Seguidor Com as equações dos movimentos, vistas anteriormente, pode-se fazer uma comparação dos valores máximos do deslocamento, velocidade e aceleração se for desconsiderado as descontinuidades no início e final do deslocamento e o ponto de inflexão para o movimento parabólico.
  • 15. Com os dados dessa tabela pode-se julgar que o melhor movimento é o uniforme e o pior o cicloidal, mas na realidade é justamente o contrário. Pode-se analisar a figura abaixo. Figura 13: Comparação das características cinemáticas dos quatro movimentos básicos que têm repousos no início e final da elevação No movimento uniforme a aceleração e a aceleração segunda infinita provoca sérias dificuldades nos mecanismos de cames, mesmo quando operados em baixa velocidade.
  • 16. No movimento parabólico, a área do gráfico da aceleração é a que possui a menor altura, sendo o diagrama de utilização mais econômica e, portanto, o melhor de todos. Porém pela análise da aceleração segunda é um dos piores se estiver envolvido a velocidades muito elevadas. O movimento harmônico simples possui também aceleração segunda infinita, portanto não é muito bom. No movimento cicloidal, a aceleração segunda é finita, sendo, portanto, o melhor dos movimentos apresentados.