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Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológica
                   Engenharia Civil




                 Projeto de Pesquisa



Utilização de Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos
     da Construção Civil em Revestimentos Asfálticos




                   Professor: Renato Cabral Guimarães
                      Bolsista: Haderson Cabral Ribeiro




                      Anápolis,

                   Setembro, 2005
1
                                          RESUMO



       Os resíduos sólidos provenientes da indústria da construção civil são encarados como um

dos maiores problemas enfrentados pela municipalidade atualmente, visto que o descarte

clandestino gera um alto custo aos municípios para o remanejamento deste material, ocasionando

ainda problemas ambientais e de saúde pública. Experiências de algumas cidades brasileiras têm

mostrado que a reciclagem de entulho tem grande potencialidade de utilização, sendo a aplicação

em obras de pavimentação sua forma mais simples, dando assim, uma disposição final a esse tipo

de resíduo. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o comportamento técnico de agregado reciclado

proveniente de resíduos sólidos da construção civil, aplicados à produção de mistura betuminosa

tipo CBUQ. Para este estudo foram realizados ensaios laboratoriais baseados no método

Marshall para dosagem de misturas betuminosa com agregados reciclados enquadrados na faixa

“C” do DNER. Os resultados mostraram que quando o agregado mineral normalmente utilizado

na região de Goiânia foi totalmente substituído por entulho composto por concreto, argamassa e

material cerâmico a mistura betuminosa produzida não apresentou resultados que

recomendassem a utilização desse agregado. No entanto, ao se utilizar como agregado apenas

entulho proveniente de concreto, os resultados demonstram a viabilidade técnica do material.



PALAVRAS CHAVES : Resíduos sólidos, CBUQ, Pavimentação.
2

                                         1. INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Iniciais

        Atualmente a questão ambiental esta sendo amplamente discutida em todos os setores da
sociedade, governo, entidades de classe e organizações não governamentais. A engenharia como
agente transformador do meio ambiente está integrada nesta discussão colaborando com o do
desenvolvimento de diversas pesquisas, entre as quais estão as pesquisas sobre o aproveitamento
de resíduos sólidos da construção civil (entulho).
        A resolução N° 307 do (CONAMA, 2002), estabelece o prazo de 18 meses após
janeiro/2003, para que municípios e Distrito Federal desenvolvam ações ambientalmente corretas
com o trato dos resíduos sólidos da construção civil. Segundo a resolução CONAMA 307, o
poder público e o estado são requisitados a administrarem suas responsabilidades, estabelecendo
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos residuos da construção civil, definindo
como instrumento de implementação o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
da Indústria da Construção (PIGRSIC).
        Resultados de estudos realizados no Laboratório de Solos do Departamento de Apoio e
Controle Técnico de Furnas em conjunto com a Prefeitura Municipal de Goiânia e teste em uma
pista experimental demostraram que os resíduos sólidos da construção civil podem ser aplicados
em base e sub-base de pavimentos.
        A presente proposta de pesquisa teve o objetivo de continuar o estudo da aplicação de
resíduos sólidos da construção civil em pavimentação, verificando sua utilização em
revestimentos asfálticos. Buscou-se observar o comportamento dos ensaios laboratoriais
produzidos com os resíduos sólidos da construção civil mais comumente encontrados na região
metropolitana de Goiânia, visando sua aplicação em revestimentos asfálticos e apresentou-se
ainda um comparativo da sua viabilidade técnica e econômica com os agregados naturais já
empregados no município de Goiânia na produção de revestimentos asfálticos. A pesquisa foi
realizada em conjunto com FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. e os ensaios foram
realizados no Laboratório de Asfalto do Departamento de Apoio e Controle Técnico de Furnas.

1.2. Necessidade Ambiental da Reciclagem

       A aceleração do processo de urbanização colocou em evidência o enorme volume de
resíduos de construção que vêm sendo gerados nas cidades brasileiras, à semelhança do que já
era observado em regiões densamente povoadas de outros países.
       Os resíduos gerados nas atividades humanas atingem volumes expressivos e não têm
recebido solução adequada, causando impacto ao meio ambiente e tornando críticos os
problemas de saneamento nas áreas urbanas.
       Segundo Jonh (2001), citado por Carneiro et al. (2001), a visão de progresso vem se
confundindo com um crescente domínio e transformação da natureza, sendo os recursos naturais
vistos como ilimitados, comentando ainda sobre a incapacidade desse modelo de
desenvolvimento e de preservação ambiental se perpetuar e até mesmo garantir a sobrevivência
da espécie humana.
       A cadeia produtiva do setor da construção – “o construbusiness” – é um dos mais
importantes setores da atividade econômica no Brasil. A indústria da construção causa impacto
ao meio ambiente ao longo de toda sua cadeia produtiva, desde a ocupação de terras, extração de
matéria prima, transporte, processos construtivos, geração e disposição de resíduos sólidos e os
produtos em si. A geração de resíduos torna-se ainda mais negativa, considerando-se o nível de
desperdício, principalmente, na construção informal e auto-construção.
       Segundo Pinto (1999) para seis municípios brasileiros pesquisados, o Resíduos de
construção e demolição (RCD) corresponde a uma quantidade de 54% a 70% dos resíduos
3

sólidos urbanos, representando uma geração per capita entre 0,4 e 0,76 toneladas por
habitante/ano.
       Com a intensificação do processo de urbanização, a quantidade de resíduos gerados pelas
obras de construção, é cada vez mais elevada, quer pelas demolições decorrentes do processo de
renovação urbana, quer por novas edificações. Estimativas apontam para uma produção mundial
de resíduos entre 2 e 3 bilhões de toneladas/ano, Lauritzen (1994) apud Carneiro et al. (2001).
Considerando a quantidade de 0,4 toneladas por habitante/ano, são produzidas no Brasil, cerca
de 68 milhões de toneladas/ano de RCD.
        A política de proteção ambiental vigente é voltada quase que exclusivamente para a
deposição controlada destes resíduos. Essa política apresenta limites diversos, um deles é que os
aterros controlados geram desperdício por tempo indefinido de um recurso limitado, o solo, além
de concentrarem enormes quantidades de resíduos perigosos e estarem sempre sujeitos a
acidentes de graves conseqüências.
       A reciclagem por outro lado, é uma oportunidade de transformação de uma fonte
importante de despesas numa fonte de receita, ou pelo menos, de redução das despesas de
deposição do resíduo gerado. Se na ponta geradora do resíduo, a reciclagem significa redução de
custos e até novas oportunidades de negócios, na outra ponta do processo, a cadeia produtiva que
recicla tem reduzido o volume de extração de matérias-primas, preservando recursos naturais
limitados.
       Do total de RCD produzido no município de Goiânia, uma porcentagem variando entre
75% e 80% é gerada por pequenas obras de construção e reforma (SILVA 2004). O entulho de
obra responde por metade dos resíduos urbanos coletados pelos serviços de limpeza pública no
município de Goiânia. Em 2002, segundo dados do Plano Integrado de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos da Indústria da Construção de Goiânia (2003), foram coletadas mais de 500 mil
toneladas de RCD. O agravante para este caso é que somente 50% do total de resíd uos da
construção civil são recolhidos, sendo o restante disposto irregularmente, o que gera um prejuízo
em torno de 2 milhões de reais por mês ao cofres públicos para a coleta e remoção destes
resíduos dispostos irregularmente.
       Dentre os diversos tipos de resíduos gerados no ambiente urbano, destaca-se o entulho,
resíduo proveniente das atividades de construção e demolição. A quantidade expressiva desse
resíduo e o seu descarte inadequado causam graves impactos socioambientais, impondo a busca
de soluções rápidas e eficazes para sua gestão adequada, através da elaboração de programas
específicos, que visem à minimização desses impactos.
       Os principais resultados obtidos com a reciclagem do RCD são: os benefícios
socioambientais, com a melhoria da qualidade de vida da população e a utilização racional dos
recursos naturais. A reciclagem agrega valor ao agregado produzido, não só por diminuir a
deposição irregular, mas por diminuir a necessidade de exploração de jazidas naturais e por
minimizar a necessidade de destinação de áreas públicas para a deposição destes resíduos, além
de abaixar o custo final das obras.

1.3 Classificação dos Resíduos

        Com o objetivo de estabelecer as diretrizes, os critérios e procedimentos para a gestão
racional dos resíduos da construção civil, a Resolução CONAMA 307, classifica os resíduos da
seguinte forma:
        I – Classe A – são os resíduos de demolição reutilizáveis ou recicláveis como agregados:
a) de construção, demolição,reformas e de reparos de pavimentação e de outras obras de infra-
estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos,
blocos, telhas, placas de revestimento, etc.), argamassa e concreto;
4

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos,
meio- fio, etc.) produzidas em canteiro de obra;
        II – Classe B – são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico,
papel, papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
        III – Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas técnicas ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação tais como os
produtos oriundos do gesso;
        IV – Classe D – são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como:
tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas,
reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros;
       Os resíduos gerados nas atividades de construção e demolição, etapas claramente distintas
do ciclo de vida de uma edificação são geralmente constituídos de materiais similares e,
portanto, igualmente chamado de entulho. Algumas pesquisas já demonstraram que em média
50% do entulho gerado é proveniente do material desperdiçado.
       As demolições, na maioria dos casos, apresentam-se como uma grande fonte geradora de
resíduos, uma vez que, de um modo geral, vêm sendo realizadas com processos rudimentares.
Num contexto em que a demolição rápida e a retirada dos escombros são os principais objetivos,
gera-se uma grande quantidade de entulho, com os diversos tipos de materiais misturados, já que
fatores como tempo e as técnicas utilizadas não permitem a separação desses materiais.
        Segundo Silva (2004), a composição do entulho gerado está condicionada às
características da região, e mesmo dentro da mesma região, suas características podem variar ao
longo do tempo. Nos países desenvolvidos, em uma determinada obra, gera-se um alto
percentual de embalagens de materiais com plásticos e papéis. Entretanto em países em
desenvolvimento observa-se, para o mesmo tipo de obra, resíduos na sua grande maioria
constituídos de argamassas, concretos e outros.
        De uma forma geral, os agregados obtidos na reciclagem do entulho são mais porosos que
os naturais, o que implica uma absorção de água mais elevada. Por outro lado, os resíduos de
construção reciclados apresentam componentes com algumas propriedades relevantes para o
desempenho de materiais de construção como partículas não- inertizadas, que ainda irão reagir
com partículas de cal que estarão disponíveis para novas reações (CARNEIRO et. al. 2001).
        O agregado reciclado é uma mistura de agregado graúdo e miúdo, gerado pela operação
de britagem. O coeficiente de forma do agregado graúdo é similar ao de um agregado graúdo
obtido na britagem de uma rocha calcária. Em geral o agregado reciclado apresenta uma forma
mais irregular e uma textura superficial mais áspera e porosa.

1.4 Aplicabilidade do Resíduo de Construção e Demolição – (RCD)

a) Utilização como agregado para concreto.
       O entulho processado pelas usinas de reciclagem pode ser utilizado como agregado para
concreto, a partir da substituição dos agregados convencionais, areia e brita. Segundo Ribeiro e
Serra (2001), este tipo de utilização apresenta várias vantagens, tais como: utilização de todos os
componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc)
sem a necessidade de separação de nenhum deles e economia de energia no processo de moagem
do entulho, uma vez que ao ser utilizado no concreto, parte do material é britado em
granulometrias mais graúdas.

b) Argamassas de revestimento.
     A utilização de agregado reciclado em argamassa de revestimento surge como alternativa
para a tender à enorme demanda por revestimentos, uma vez que esse material apresenta
desempenho adequado (CARNEIRO et al. 2001), além disso, seu uso promove a diminuição de
custos, ajuda a solucionar o problema de destinação do entulho e contribui para a melhoria das
5
condições das habitações populares. A reciclagem do entulho na confecção de argamassa tem a
sua utilização mais freqüente em canteiros de obras.

c) Aplicação em pavimentação
        A utilização de entulho como agregado reciclado em camadas de pavimentos urbanos é
uma das formas de reciclagem mais difundidas para esses resíduos. Segundo Carneiro et al.
(2001), o aproveitamento do agregado reciclado na pavimentação apresenta diversas vantagens.
• Utilização de quantidade significativa de material reciclado tanto na fração miúda quanto na
   graúda;
• Simplicidade nos processos de execução do pavimento e de produção do agregado reciclado,
   contribuindo para a redução dos custos e a difusão dessa forma de reciclagem;
• Possibilidade de utilização dos diversos materiais componentes do entulho;
• Utilização de parte do material em granulometrias graúdas, reduzindo o consumo de energia
   necessário para a reciclagem do entulho.
     Em Goiânia, pesquisas desenvolvidas por FURNAS em parceria com a Prefeitura
Municipal de Goiânia demonstraram a viabilidade técnica da utilização do agregado reciclado na
construção de sub-bases e bases de pavimentos urbanos, tendo sido executada uma pista
experimental com utilização do agregado reciclado nas camadas de sub-base e base, conforme
apresentado na Figura 1.1.




                Figura 1.1 Base executada com agregado reciclado, Goiânia (SILVA, 2004)

       Dentre as diversas conclusões obtidas nesta pesquisa, são descritas a seguir algumas
destacadas por Guimarães et al. (2004).
       Verificou-se que um passo importante para a obtenção de um materia l que permita a
realização de ensaios de laboratório para controle e apresente boa trabalhabilidade é a
composição das misturas nas faixas granulométricas definidas pelo DNER, indiferentemente da
composição do entulho.
       A incorporação de material coesivo (argila) melhora a trabalhabilidade e auxilia no
controle de campo e laboratório.
       Os resultados de laboratório mostram que estes materiais como agregados tendem a
apresentar bom comportamento para utilização em bases e sub-bases de pavimentação, visto que
apresentaram baixos valores de expansão e ISC acima do especificado pela referida norma.
6

                                2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Introdução

        O objetivo desta pesquisa foi estudar o potencial de utilização de agregados reciclados
provenientes de Resíduos de Construção e Demolição – RCD, para a produção de mistura
asfáltica tipo Concreto Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ.
        Com o intuito de se atingir o objetivo acima, primeiramente foi realizada uma ampla
revisão bibliográfica sobre a utilização de agregados reciclados, com o objetivo de se conhecer o
atual estado de desenvolvimento desta tecnologia, sua aplicação em diversos setores da
construção civil, conhecer as principais dificuldades no estudo deste material e assim determinar
a metodologia mais adequada para o estudo do mesmo como matéria-prima para a produção de
misturas asfálticas. A revisão bibliográfica teve, como fontes de pesquisa, artigos apresentados
em congressos realizados sobre o tema, dissertações de mestrado, literatura especializada e
monografias.
        A partir dos conhecimentos adquiridos durante a revisão bibliográfica, foram
determinados os materiais a serem utilizados e o método de dosagem mais adequado para a
definição da mistura asfáltica. As etapas seguintes foram: obtenção e caracterização dos
materiais individuais e compostos; composição das faixas granulométricas e dosagem das
misturas a serem empregadas: ensaios de caracterização das amostras individuais e compostas,
dosagem das misturas asfálticas e a análise dos resultados, levando-se em conta os dados obtidos
na literatura consultada e as observações laboratoriais.
        Estas atividades fizeram parte da realização de um trabalho experimental para determinar
os parâmetros de porcentagem de vazios, estabilidade e fluência da mistura betuminosa realizada
com a utilização do entulho reciclado, baseado no método ensaio NBR – 12891/93 (Dosagem de
Mistura Betuminosa pelo Método Marshall) e na especificação de serviço DNER-ES 313/97
(Pavimentação – concreto betuminoso).

 2.2 Materiais

        Três tipos de agregados e apenas um tipo de ligante betuminoso foram utilizados para
compor as misturas asfálticas de CBUQ, objeto deste trabalho.
        O ligante betuminoso utilizado foi o CAP-20, por ser o material normalmente mais
utilizados em obras de pavimentação no município de Goiânia. Foi utilizada apenas uma amostra
deste material, que foi cedida pela DISBRAL – Distribuidora Brasileira de Asfalto Ltda, situada
no município de Aparecida de Goiânia.
        Um dos três tipos de agregados utilizados nesta pesquisa foi o micaxisto, agregado
mineral extraído da pedreira do Departamento de Estradas e Rodagem do Município de Goiânia
– Companhia de Pavimentação (DERMU-COMPAV), por ser o agregado utilizado na
pavimentação das vias urbanas do município de Goiânia. A mistura asfáltica realizada com este
agregado foi considerada como a mistura de referência para comparação com as misturas
realizadas com os agregados provenientes de RCD.
        O outro agregado utilizado foi um agregado resultante dos resíduos de construção e
demolição, aqui chamado de entulho composto, por ter em sua composição resíduos de concreto
convencional, materiais cerâmicos e argílicos. As amostras compostas de resíduos de concreto,
argamassa e material cerâmico foram relacionadas e transportadas por diversas empresas do
ramo de construção de Goiânia e armazenadas, gerenciadas e britadas pela Companhia de
Pavimentação (COMPAV) do município de Goiânia. A Figura 2.1 apresenta o depósito dos
resíduos e a britagem do material.
7




                       (a)                                                      (b)
            Figura 2.1. (a) Depósito dos resíduos coletados em Goiânia, (b) Britagem dos resíduos.

        O entulho britado foi separado com as seguintes denominações: areia artificial (material
com diâmetro máximo 4,8 mm), brita 9,5 mm (material com diâmetro máximo igual a 9,5 mm) e
brita 19 mm (material com diâmetro máximo igual a 19,0 mm).
        O terceiro tipo de agregado utilizado nesta pesquisa, foi proveniente exclusivamente de
resíduos de concreto, aqui chamado de entulho branco. As amostras compostas de resíduos de
concreto são provenientes de pistas de CCR (concreto compactado com rolo) utilizadas em
pesquisas do Departamento de Apoio e Controle Técnico de FURNAS Centrais Elétricas S.A., e
foram britadas utilizando britador tipo mandíbula. O agregado utilizado na produção das pistas
de CCR (concreto compactado com rolo) que deu origem ao resíduo de concreto foi o granito
proveniente das obras de construção da Usina Hidrelétrica de Lajeado – TO. As pistas de CCR
foram executadas com um consumo de cimento de 90 kg/m3 .
        O entulho britado foi separado com as seguintes denominações: areia artificial (material
com diâmetro máximo 4,8 mm) e brita 19 mm (material com diâmetro máximo igual a 19,0
mm). A Figura 2.2 apresenta detalhes das pistas de CCR e do material britado.




                      (a)                                                   (b)
                            Figura 2.2. (a) Pista de CCR utilizada, (b) Material britado.


2.3 Programa de ensaios

       Na busca dos resultados esperados, foi realizada a dosagem de misturas betuminosas
baseadas no “Método de dosagem Marshall para misturas betuminosas”, utilizando-se os
materiais anteriormente citados. Todos materiais empregados nesta pesquisa foram ensaiados
individualmente e compostos após dosagem de acordo com os métodos apresentados a seguir.
8




a) Agregados
- NBR 06457/86 - Preparação de amostras de solos para ensaios de compactação e ensaios de
caracterização;
- NBR 07181/84 - Análise granulométrica;
- NBR 06508/84 - Massa específica real dos grãos de solos finos;
- NBR 6458/84 - Massa específica, massa específica aparente e da absorção dos grãos de
pedregulho retidos na peneira de 4,8 mm;
- DNER-ME 035/98 - Desgaste por abrasão Los Angeles;
- DNER-ME 086/84 - Determinação do índice de forma do agregado;
- NBR 12052/92 - Equivalente de areia;
- DNER-ME 089/94 - Durabilidade pelo emprego de solução de sulfato de sódio ou de
magnésio.

b) Materiais betuminosos
- NBR 12891/93 - Dosagem de mistura betuminosa pelo método Marshall;
- DNER-ME 079/84 - Adesividade a ligante betuminoso;
- NBR 8352/84 - Densidade aparente.

2.4. Composição da mistura e Compactação dos Corpos-de-prova

       Para a composição da mistura granular do concreto betuminoso foi adotada a faixa “C” da
especificação de serviços DNER-ES 313/97. Esta escolha deu-se pelo fato de ser esta a faixa
granulométrica adotada pela companhia de pavimentação do município de Goiânia.
       O procedimento de compactação utilizado seguiu as recomendações da norma NBR
12891/93 (Dosagem de Mistura Betuminosa pelo Método Marshall). O agregado pétreo foi seco
em estufa por 24 h, pesado e aquecido a 160º C por pelo menos 2 h antes de ser misturado ao
CAP. O CAP foi aquecido com o auxilio de um fogareiro até atingir a temperatura de 150º C. Os
agregados foram retirados da estufa e colocados sobre uma chapa aquecedora para conservar sua
temperatura em 160º C, enquanto era feita a adição do CAP e realizada a homogeneização da
mistura.
       Os moldes metálicos foram pré-aquecidos a 150º C em estufa e quando a mistura atingia a
temperatura de compactação (160ºC) o molde metálico era posicionado no equipamento para
receber a mistura em seu interior e posterior realização da compactação aplicando-se 50 golpes
do compactador em cada face do corpo de prova. A mistura betuminosa foi dosada para uma
pressão de pneu de até 0,69 MPa (ensaio com 50 golpes).
       Concluída a etapa de compactação e resfriamento dos corpos-de-prova, os mesmos foram
retirados dos moldes metálicos com o auxilio de um extrator de amostras e seguindo as
recomendações da norma NBR 12891/93. Os corpos-de-prova foram deixados em repouso sobre
superfície plana por um período de 24 h, para que se pudesse dar seqüência ao ensaio.
       Para realizar a ruptura dos corpos-de-prova e a determinação dos parâmetros de fluência e
estabilidade, cada corpo-de-prova foi deixado em “banho maria” por um período de 30 minutos a
60 ºC e em seguida levado à ruptura em prensa elétrica, conforme mostrado na Figura 2.3.
9




                                Figura 2.3 Ruptura do corpo de prova Marshall.


                                  3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Ensaio de Caracterização dos Agregados

     A Tabela 3.1 apresenta o resumo dos resultados dos ensaios realizados nos agregados
provenientes do entulho composto, entulho de concreto (entulho branco) e do agregado
proveniente da pedreira do DERMU/COMPAV utilizado na região de Goiânia.

Tabela 3.1. Resultado dos ensaios de caracterização dos agregados reciclados.
                  Descrição                    Abrasão“Los Índice Durabilidade                    Equivalente
   Tipo de
                     dos
                                    γs          Angeles”        de    AtaqueNa2 SO4 Adesividade    de areia
   Entulho                       (kN/m3 )
                  Agregados                        (%)        forma         (%)                       (%)
                   Areia         26,4             -          -           1,5           Boa            54
  Composto        Brita 9,5      26,1          51 “C”       1,9          2,4           Boa             -
                  Brita 19       22,3          45 “B”       2,0          4,7           Boa             -

   Concreto        Areia         25,4             -          -            -            Boa            57
(pista de CCR)    Brita 19       26,8          33 “B”       0,9         2,75           Boa             -

 Agregado de       Areia         27,2             -          -            -            Boa            59
   Goiânia        Brita 9,5      26,8          27 “B”       0,6         0,11           Boa             -


        Observando os dados da Tabela 3.1, conclui-se que o resultado do ensaio de abrasão Los
Angeles para o agregado de entulho composto, indica que o mesmo esta acima do limite de 40%
especificado pela norma DNER-ES 313/97. Este resultado já era esperado, pois estes agregados
contem materiais frágeis como os provenientes de resíduo de material cerâmico.
        Apesar de não atender a todas as condições exigíveis pela norma DNER-ES 313/97 no
que diz respeito ao desgaste por abrasão, optou-se por realizar os estudos laboratoriais, dosagem
de misturas betuminosas pelo método Marshall, para verificar o comportamento das misturas
com esse tipo de agregado.
        Para os ensaios de abrasão realizados nos agregados de entulho de concreto e nos
provenientes da pedreira da Companhia de Pavimentação do município de Goiânia, observou-se
que ambos atenderam a abrasão especificada. O agregado de resíduo de concreto apresentou
maior abrasão, certamente devido a presença de argamassa aderido ao agregado, o que favorece
o aumento da abrasão.
        Em relação ao índice de forma, os três materiais utilizados nesta pesquisa, apresentaram
conformidade com as exigências da norma DNER-ES 313/97, sendo que os agregados na fração
Brita 1 (19 mm) do entulho composto, apresentaram um índice de forma mais elevado, o que já
10

era esperado, pois durante a quebra (britagem) dos materiais cerâmicos, estes sofrem maior
quebra, restando os materiais menos la melares entre os agregados de maior dimensão (Brita 9,5 e
19). Quanto ao ensaio de durabilidade realizado nos materiais, observa-se que os mesmos estão
adequados ao uso como agregados em misturas betuminosas tipo CBUQ, pois apresentaram
desgaste inferior a 12%.
        A adesividade entre agregado e ligante betuminoso, apesar de ter sido observado o fato de
uma certa dificuldade na homogeneização entre o agregado de entulho composto e o ligante
betuminoso, ao realizar-se o ensaio de adesividade, verificou-se uma boa adesividade. Isso se
deve ao fato de que na realização do ensaio de adesividade, utilizou-se apenas o material grosso,
passado na peneira ¾” (19 mm) e retido na peneira de ½” (12,5 mm) de acordo com a norma
DNER-ME 079/84, não sendo utilizado neste ensaio o material da fração fina, que no entanto,
está presente na mistura betuminosa e devido a sua alta absorção do ligante betuminoso,
dificultou o processo de homogeneização da mistura betuminosa.
       Analisando os resultados dos ensaios de equivalente de areia, verifica-se que o entulho
composto apresentou uma porcentagem de areia de 54%, a menor entre os três agregados
utilizados na pesquisa, o que é perfeitamente compreensível, pois nesse material ocorre uma
maior porcentagem de materiais cerâmicos, dando origem a fração silte e argila após britagem, o
que não ocorre nos agregados de resíduo de concreto e no agregado de Goiânia. Por esse motivo,
os dois apresentaram o equivalente de areia muito próximos. Dessa forma o equivalente de areia
apresentado para o entulho composto, esta relacionado a qualidade do fino produzido e não à sua
quantidade.
        Os resultados de granulometria dos agregados utilizados nesta pesquisa demonstraram
que individualmente os mesmos não estão enquadrados na composição granulométrica
especificada na Faixa C do DNER, sendo que os mesmos foram enquadrados nestas faixas,
utilizando composição apresentada na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 Composição dos agregados na Faixa C do DNER.
                                                   Composição do agregado (%)
       Agregado
                                 Brita 19 mm           Brita 9,5mm            Areia artificial
Entulho composto                       5                    25                      70
Resíduo de concreto                   45                     -                      55
Agregado de Goiânia *                  -                    30                      70
 (*) A porcentagem de cada material utilizado nesta dosagem foi feita de acordo com dados fornecidos pela
Companhia de Pavimentação de Goiânia

       Após a realização da composição granulométrica da mistura betuminosa, foi realizada a
compactação dos corpos de prova pelo método Marshall em atendimento as normas NBR-
12891/93 e DNER- ES 313/97. A Tabela 3.3 apresenta o resumo dos resultados do ensaio
Marshall realizado no agregado proveniente do entulho composto.

Tabela 3.3 Resumo Marshall para agregado proveniente de entulho composto.
                                                          Porcentagem de Ligante
          Parâmetros
                                     8,0       9,0      10,0     11,0   12,0     13,0 Especificação
Densidade Aparente (g/cm³)         1,923     1,939     1,974 2,003 1,988 1,971              -
Porcentagem de Vazios (%)           18,7      16,8      14,1     11,6   11,1     10,6     3a5
Relação Betume/Vazios (%)            43        49        55       61     64       66     75 a 82
Estabilidade Mínima (N)            10300     10930     11320 12410 9870 7840              2500
Fluência (0,1 mm)                    23        22        20       23     31       41     20 a 46

      Para o ensaio Marshall realizado com agregados reciclados provenientes de entulho
composto, pode-se observar que mesmo para um alto consumo de CAP (até 13%), a mistura
11


apresentou alta porcentagem de vazios, variou de 10,6% a 18,7%, e conseqüentemente baixa
relação betume/vazios (RBV), variando de 43% a 66%, ou seja, distante dos valores
especificados que são respectivamente 3% a 5% para a porcentagem de vazios e 72% a 82% para
a RBV.
         O alto consumo de CAP e a alta porcentagem de vazios apresentado pelas misturas que
utilizaram agregados reciclados de entulho composto está relacionada à alta porosidade e,
conseqüentemente, alta absorção que o mesmo apresenta.
         Mesmo apresentando uma abrasão superior a 40%, o agregado proveniente do entulho
composto, apresentou uma excele nte estabilidade, estando acima daquela atingida pela mistura
betuminosa que utilizou como agregado o agregado de Goiânia, conforme será observado na
Tabela 3.5. A Tabela 3.4 apresenta o resumo dos resultados do ensaio Marshall realizado no
agregado proveniente do resíduo de concreto.

Tabela 3.4 Resumo Marshall para agregado proveniente de resíduo de concreto.
                                                           Porcentagem de Ligante
          Parâmetros
                                    6,5        7,0       7,5      8,0     8,5     9,5 Especificação
Densidade Aparente (g/cm³)         2,193      2,215     2,228 2,251 2,245 2,246             -
Porcentagem de Vazios (%)           8,5        6,9       5,7      4,0     3,6     2,1     3a5
Relação Betume/Vazios (%)            62         68        73       80     83      89     75 a 82
Estabilidade Mínima (N)            11350      12010     12870 12710 11780 7430            2500
Fluência (0,1 mm)                    32         23        25       28     32      58     20 a 46

        Os resultados da dosagem realizada utilizando agregados reciclados obtidos de entulho de
concreto, demonstraram que é possível tecnicamente utilizar este tipo de agregado em misturas
betuminosas do tipo CBUQ em revestimentos de pavimentos flexíveis. Verifica-se na Tabela 3.4,
que o teor ótimo em torno de 8%, é superior à maioria das misturas que utilizam agregados
naturais, que geralmente está variando entre 5,5% e 6,0%, isto é confirmado pelo teor ótimo de
CAP de 5,5% para a mistura com o agregado de Goiânia (Tabela 3.5).
        O bom desempenho dos agregados reciclados de concreto já era esperado, pois o mesmo
é composto de agregado natural (areia e brita) e de cimento, ou seja, depende do agregado
natural empregado na confecção do concreto, sendo que normalmente esses apresentam
características que atendem às exigências das normas. Além desta vantagem, na maioria das
vezes o cimento entra como preenchimento, auxiliando no aumento da resistência (estabilidade)
da mistura, o que foi verificado na pesquisa realizada.
        No caso especial do agregado proveniente do resíduo de concreto, como já foi citado
anteriormente, o agregado utilizado para produzir o concreto do qual se originou o resíduo
utilizado nesta pesquisa, foi um granito, que é um agregado reconhecidamente resistente, o que
explica o bom desempenho da mistura no que diz respeito a sua estabilidade. A Tabela 3.5
apresenta o resumo dos resultados do ensaio Marshall realizado no agregado de Goiânia.

Tabela 3.5 Resumo Marshall para agregado de Goiânia.
             Parâmetros                                     Porcentagem de Ligante
                                           4,5          5,0      5,5    6,0     6,5 Especificação
  Densidade Aparente (g/cm³)              2,335        2,383 2,419 2,436 2,437            -
   Porcentagem de Vazios (%)               8,1          6,1      3,9    2,5     1,7     3a5
  Relação Betume/Vazios (%)                 56           66      77      85     90     75 a 82
    Estabilidade Mínima (N)               5970         7710     8650   9180 9360        2500
 Fluência (0,1 mm)                          27           27      26      28     34     20 a 46
12


        Os dados da Tabela 3.5 demonstram que a dosagem utilizada pela Companhia de
Pavimentação do Município de Goiânia (COMPAV) atende as especificações da norma DNER-
ES 313/97 apresentando um consumo de CAP da ordem de 5,5%.
        Analisando os dados da Tabela 3.5 observa-se que a mistura betuminosa utilizada pela
prefeitura de Goiânia, apesar de atender as exigências mínimas da norma DNER-ES 313/97,
apresenta valores de estabilidade inferiores aos obtidos nas misturas em que foram utilizados
como agregados o entulho composto e o resíduo de concreto.
        Para melhor avaliação e interpretação, dos dados obtidos após a realização do ensaio
Marshall, as Figuras 3.1 a 3.4 apresentam um comparativo entre estabilidade, relação
betume/vazios, volume de vazios e fluência, entre as três misturas utilizadas nesta pesquisa e a
porcentagem de ligante.


                                  13000
                                  12000
                                  11000
               Estabilidade (N)




                                  10000
                                  9000
                                  8000
                                  7000
                                  6000
                                  5000
                                            0                    5                     10                15
                                                                       % Ligante
                                    Entulho composto                Resíduo concreto        Agregado Goiânia
                                        Figura 3.1 Comparação entre estabilidade e % de Betume.

        Verifica-se na Figura 3.1 que a mistura betuminosa que utilizou como agregado o resíduo
de concreto apresentou a maior estabilidade, 12710 N, para o teor de projeto de 8,0% de CAP. A
mistura que utilizou o entulho composto, apresentou estabilidade de 12410 N para o teor de
projeto de 11% e a mistura que utilizou o agregado de Goiânia foi a que apresentou menor
estabilidade, 8650 N para o teor de projeto de 5,5%.

                                  100
                                   90
                                   80
                                   70
                                   60
                                   50
               RBV




                                   40
                                   30                                    '
                                   20
                                   10
                                    0
                                        0                       5                      10                 15
                                                                      % Ligante
                                    Entulho composto                Resíduo concreto        Agregado Goiânia
                                                Figura 3.2 Comparação entre RBV e % de Betume.
13

                                      20


                                      15


               Volume de Vazios (%)   10


                                      5


                                      0
                                           0                        5                    10                   15
                                                                          % Ligante
                                           Entulho composto              Resíduo concreto        Agregado Goiânia
                                           Figura 3.3 Comparação entre Volume de Vazios e % de Betume.


                                       60
                                       55
                                       50
                                       45
               Fluência (mm)




                                       40
                                       35
                                       30
                                       25
                                       20
                                               0                     5                      10                 15
                                                                          % Ligante
                                           Entulho composto              Resíduo concreto        Agregado Goiânia
                                                   Figura 3.4 Comparação entre Fluência e % de Betume.

        As Figuras 3.2 e 3.3 mostram que para todas as amostras, a relação betume/vazios
aumenta e o volume de vazios diminui com o aumento do teor de CAP. Verifica-se na figura 3.3
que o volume de vazios da mistura que utilizou agregado de entulho composto, apresenta volume
de vazios muito superior ao apresentado pelos outros dois agregados, mesmo para um alto valor
do teor de betume e que o agregado de entulho de concreto apresenta um volume de vazios muito
próximo do agregado de Goiânia, no entanto, necessita de maior porcentagem de ligante. A
Figura 3.4 mostra que em todas as misturas ocorre o aumento da fluência a medida que aumenta
o teor de CAP na mistura betuminosa.

3.2 Análise econômica das misturas

       Para realizar a análise econômica das misturas betuminosas, considerou-se somente as
misturas que utilizaram como agregado o resíduo de concreto e o agregado de Goiânia, uma vez
que a mistura que utilizou como agregado o entulho composto, mostrou-se tecnicamente
inviável.
       Para a composição do preço da tonelada da mistura betuminosa tipo CBUQ, foram
considerados os valores médios da tonelada dos agregados, fornecidos por pedreiras da região de
Goiânia, sendo R$ 12,31/ton para Brita 9,5 mm e R$ 5,51/ton para areia. O preço médio da
tonelada de entulho fornecido pela Companhia de Pavimentação de Goiânia R$ 1,18/ton para
14

brita 19 mm e R$ 1,11/ton para areia. O preço médio do CAP na região de Goiânia é na faixa de
R$ 1.300,00/ton.
        Para a composição do preço da tonelada da mistura betuminosa tipo CBUQ, não foram
considerados os gastos comuns às duas misturas, como transporte, energia, encargos sociais e
depreciação do equipamento.
        Para a composição do preço da tonelada de CBUQ foi utilizada a composição
granulométrica para o resíduo de concreto e agregado de Goiânia mostrada na Tabela 4.3,
considerando como teores ótimos de projeto para o resíduo de concreto e o agregado de Goiânia,
8,0 % e 5,5 % respectivamente. A Tabela 3.6 apresenta a composição e o custo de uma tonelada
de CBUQ.

Tabela 3.6 Composição e custo da tonelada de CBUQ (maio de 2005).
                                         Composição e Custo da Tonelada de CBUQ
Tipo de Agregado
                         CAP (ton.)           Brita (ton.)          Areia (ton.)   Custo (R$)
    Resíduo de
                            0,085                0,414                 0,506         105,04
     Concreto
   Agregado de
                            0,055                0,283                 0,661         78,63
     Goiânia

        Analisando os dados da Tabela 3.6 verifica-se que a m   istura betuminosa tipo CBUQ
realizada com o resíduo de concreto, apesar de ser tecnicamente viável, é cerca de 33,6% mais
cara do que a mistura betuminosa realizada com o agregado de Goiânia. Mesmo o valor da
tonelada do entulho sendo bem inferior ao da tonelada do agregado de Goiânia, a mistura com
resíduo de concreto fica mais cara em função do valor do CAP, o material mais caro na mistura
Betuminosa.


                                           4. CONCLUSÕES

        A caracterização demonstrou que os agregados reciclados estudados, apresentaram boas
características, atendendo às exigências da norma em quase todos os itens. A única exigência que
não foi atendida foi relativo à abrasão do entulho composto, que apresentou resultados acima do
especificado. Estudos adicionais devem ser realizados para verificar a influência desse maior
desgaste.
        A mistura (CBUQ) do entulho composto, apesar de ter apresentado boas condições de
estabilidade, não atendeu as exigências da norma DNER-ES 313/97 (Pavimentação – concreto
betuminoso) quanto à porcentagem de vazios e relação betume/vazios. Em função destas
características, pode-se concluir que os agregados reciclados de entulho composto não são
recomendados tecnicamente para aplicação em revestimentos asfálticos. Diversas pesquisas já
demonstraram que esses agregados podem ser utilizados em base e sub-base de pavimentos.
        A aplicação de agregados reciclados de entulho de concreto em misturas betuminosas
utilizadas em revestimentos asfálticos é tecnicamente viável. A viabilidade econômica deste tipo
de agregado depende das condições regionais, em alguns casos, onde há escassez de agregados
naturais, a utilização do mesmo torna-se viável. No entanto o consumo de CAP é superior ao
normalmente utilizado nas misturas que utilizam o agregado de Goiânia (5,5%).
        Observando o resultado da análise econômica entre os agregados de resíduo de concreto e
o agregado de Goiânia, conclui-se que a mistura betuminosa com resíduo de concreto fica cerca
de 33,6% mais cara do que a mistura com o agregado de Goiânia. No entanto, vale lembrar que a
Prefeitura Municipal de Goiânia gasta a cada mês, cerca de 2 milhões de reais com a remoção do
RCD disposto de forma irregular na cidade. Este montante seria suficiente para a produção de
mais de 19 mil toneladas/mês de mistura betuminosa tipo CBUQ.
15


        Deve-se levar ainda em consideração os fatores ambientais, uma vez que uma
porcentagem variando entre 50% e 70% dos resíduos sólidos urbanos são constituídos por RCD,
a utilização deste material em revestimentos asfálticos é uma forma adequada de se dar uma
disposição final a este resíduo sem causar maiores prejuízos à população e à municipalidade.
        A mistura de CBUQ utilizando o entulho composto não apresentou bons resultados. No
entanto, alguns autores, Frota et al. (2005a) e Frota et al. (2005b), demonstram que a mistura
destes com agregados naturais apresentam bons resultados. Sugere-se realizar estudos
compondo-se estes agregados com os agregados naturais utilizados em Goiânia.



                           5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS



ABNT (1984). NBR 07181/84 - Análise granulomé trica; Método de Ensaio. Associação
Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

ABNT (1984). NBR 8352/84 - Densidade aparente. Método de Ensaio. Associação Brasileira
de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

ABNT (1983). NBR 12891/93 - Dosagem de mistura betuminosa pelo método Marshall;
Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 12 p.

ABNT (1983). NBR 12052/92 - Equivalente de areia; Método de Ensaio. Associação Brasileira
de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

ABNT (1984). NBR 6458/84 - Massa específica, massa específica aparente e da absorção dos
grãos de pedregulho retidos na peneira de 4,8 mm; Método de Ensaio. Associação Brasileira
de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

ABNT (1984). NBR 06508/84 - Massa específica real dos grãos de solos finos; Método de
Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

ABNT (1984). NBR 06457/86 - Preparação de amostras de solos para ensaios de
compactação e ensaios de caracterização; Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas
Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

AGOPYAN, V.; JONH, V.; (2000) Reciclagem de Resíduos da Construção. In: Seminário de
Resíduos Sólidos Domésticos. São Paulo-SP.

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Materiais de Construção. Salvador: EDUF-BA, Edição CEF.


DNER (1984). DNER-ME 079/84 - Adesividade a ligante betuminoso; Método de Ensaio,
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 04 p.

DNER (1998). DNER-ME 035/98 - Desgaste por abrasão Los Angeles; Método de Ensaio,
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 06 p.
16


DNER (1984). DNER-ME 086/84 - Determinação do índice de forma do agregado; Método
de Ensaio, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 05 p.

DNER (1994). DNER-ME 089/94 - Durabilidade pelo emprego de solução de sulfato de
sódio ou de magnésio; Método de Ensaio, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil. 06 p.

DNER (1997). DNER-ES 313/97 - Pavimentação – concreto betuminoso; Especificação de
Serviço, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 16 p.

FROTA, C. A., ALENCAR, C. L. S., SILVA, C. P. L. (2005a) Influência do tipo de agregado
na qualidade técnica de misturas asfálticas. In: 35ª Reunião anual de pavimentação, RAPv,
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FROTA, C. A., SILVA, C. P. L.(2005b) Estudo de mistura betuminosa com entulho
reciclado fracionado e não-fracionado. In: 35ª Reunião anual de pavimentação, RAPv, Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro. 10 p.

GUIMARÃES. R. C., SILVA, A.L.A. MANSO, E.A. CASTRO, C. H.,REZENDE, L.
R.,BLUMENSCHEIN, R. N. (2004) Estudo da utilização de agregados reciclados de resíduos
sólidos da construção civil em pavimentos urbanos. In: Congresso brasileiro de ciência e
tecnologia em resíduos e desenvolvimento sustentável 2004, Florianópolis. Anais... 1 CD-ROM.

PIGRSIC. (2003) Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Industria da
Construção de Goiânia – Piloto-01.Goiânia: Relatório Preliminar. 40p.

PINTO, T. P. (1999) Metodologia para a Gestão Diferenciada de Resíduos Sólidos da
Construção Urbana. São Paulo: Tese de doutorado em engenharia. Escola Politécnica da USP.
Área de concentração: Engenharia de Construção Civil e Urbana. 190p.

PINTO, T. P. (2004) A Nova Legislação para Resíduos da Construção. Revista Téchne. P.62-
64. n 82.

RIBEIRO, F.; SERRA, N. G. da S. (2001) Utilização de Entulho na Pavimentação.Anápolis:
Monografia. Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas do Departamento de Engenharia Civil,
Universidade Estadual de Goiás – UEG. 103p.

SILVA, A. L. A. (2004) Aplicação de Resíduos Sólidos da Construção Civil em Bases e Sub-
bases de Pavimentos. Goiânia: Trabalho de Conclusão de Curso. Centro Federal de Educação
Tecnológica de Goiás – CEFET-GO. 210p.

ZORDAN, S. E. (1997) A Utilização do Entulho como Agregado na Confecção do Concreto.
Dissertação de Mestrado. Campinas. Departamento de Saneamento e Meio Ambiente da
Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
17




                        ANEXO A

Artigo publicado no 17° Encontro de Asfalto – Rio de Janeiro
18




                       6. ASSINATURAS



                Anápolis, 29 de setembro de 2005.




     ______________________________________________
Diretor da Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas




      ____________________________________________
            Pesquisador: Renato Cabral Guimarães

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Utilização de agregados reciclados de resíduos da construção civil em revestimentos asfálticos

  • 1. Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológica Engenharia Civil Projeto de Pesquisa Utilização de Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil em Revestimentos Asfálticos Professor: Renato Cabral Guimarães Bolsista: Haderson Cabral Ribeiro Anápolis, Setembro, 2005
  • 2. 1 RESUMO Os resíduos sólidos provenientes da indústria da construção civil são encarados como um dos maiores problemas enfrentados pela municipalidade atualmente, visto que o descarte clandestino gera um alto custo aos municípios para o remanejamento deste material, ocasionando ainda problemas ambientais e de saúde pública. Experiências de algumas cidades brasileiras têm mostrado que a reciclagem de entulho tem grande potencialidade de utilização, sendo a aplicação em obras de pavimentação sua forma mais simples, dando assim, uma disposição final a esse tipo de resíduo. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o comportamento técnico de agregado reciclado proveniente de resíduos sólidos da construção civil, aplicados à produção de mistura betuminosa tipo CBUQ. Para este estudo foram realizados ensaios laboratoriais baseados no método Marshall para dosagem de misturas betuminosa com agregados reciclados enquadrados na faixa “C” do DNER. Os resultados mostraram que quando o agregado mineral normalmente utilizado na região de Goiânia foi totalmente substituído por entulho composto por concreto, argamassa e material cerâmico a mistura betuminosa produzida não apresentou resultados que recomendassem a utilização desse agregado. No entanto, ao se utilizar como agregado apenas entulho proveniente de concreto, os resultados demonstram a viabilidade técnica do material. PALAVRAS CHAVES : Resíduos sólidos, CBUQ, Pavimentação.
  • 3. 2 1. INTRODUÇÃO 1.1. Considerações Iniciais Atualmente a questão ambiental esta sendo amplamente discutida em todos os setores da sociedade, governo, entidades de classe e organizações não governamentais. A engenharia como agente transformador do meio ambiente está integrada nesta discussão colaborando com o do desenvolvimento de diversas pesquisas, entre as quais estão as pesquisas sobre o aproveitamento de resíduos sólidos da construção civil (entulho). A resolução N° 307 do (CONAMA, 2002), estabelece o prazo de 18 meses após janeiro/2003, para que municípios e Distrito Federal desenvolvam ações ambientalmente corretas com o trato dos resíduos sólidos da construção civil. Segundo a resolução CONAMA 307, o poder público e o estado são requisitados a administrarem suas responsabilidades, estabelecendo diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos residuos da construção civil, definindo como instrumento de implementação o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Indústria da Construção (PIGRSIC). Resultados de estudos realizados no Laboratório de Solos do Departamento de Apoio e Controle Técnico de Furnas em conjunto com a Prefeitura Municipal de Goiânia e teste em uma pista experimental demostraram que os resíduos sólidos da construção civil podem ser aplicados em base e sub-base de pavimentos. A presente proposta de pesquisa teve o objetivo de continuar o estudo da aplicação de resíduos sólidos da construção civil em pavimentação, verificando sua utilização em revestimentos asfálticos. Buscou-se observar o comportamento dos ensaios laboratoriais produzidos com os resíduos sólidos da construção civil mais comumente encontrados na região metropolitana de Goiânia, visando sua aplicação em revestimentos asfálticos e apresentou-se ainda um comparativo da sua viabilidade técnica e econômica com os agregados naturais já empregados no município de Goiânia na produção de revestimentos asfálticos. A pesquisa foi realizada em conjunto com FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. e os ensaios foram realizados no Laboratório de Asfalto do Departamento de Apoio e Controle Técnico de Furnas. 1.2. Necessidade Ambiental da Reciclagem A aceleração do processo de urbanização colocou em evidência o enorme volume de resíduos de construção que vêm sendo gerados nas cidades brasileiras, à semelhança do que já era observado em regiões densamente povoadas de outros países. Os resíduos gerados nas atividades humanas atingem volumes expressivos e não têm recebido solução adequada, causando impacto ao meio ambiente e tornando críticos os problemas de saneamento nas áreas urbanas. Segundo Jonh (2001), citado por Carneiro et al. (2001), a visão de progresso vem se confundindo com um crescente domínio e transformação da natureza, sendo os recursos naturais vistos como ilimitados, comentando ainda sobre a incapacidade desse modelo de desenvolvimento e de preservação ambiental se perpetuar e até mesmo garantir a sobrevivência da espécie humana. A cadeia produtiva do setor da construção – “o construbusiness” – é um dos mais importantes setores da atividade econômica no Brasil. A indústria da construção causa impacto ao meio ambiente ao longo de toda sua cadeia produtiva, desde a ocupação de terras, extração de matéria prima, transporte, processos construtivos, geração e disposição de resíduos sólidos e os produtos em si. A geração de resíduos torna-se ainda mais negativa, considerando-se o nível de desperdício, principalmente, na construção informal e auto-construção. Segundo Pinto (1999) para seis municípios brasileiros pesquisados, o Resíduos de construção e demolição (RCD) corresponde a uma quantidade de 54% a 70% dos resíduos
  • 4. 3 sólidos urbanos, representando uma geração per capita entre 0,4 e 0,76 toneladas por habitante/ano. Com a intensificação do processo de urbanização, a quantidade de resíduos gerados pelas obras de construção, é cada vez mais elevada, quer pelas demolições decorrentes do processo de renovação urbana, quer por novas edificações. Estimativas apontam para uma produção mundial de resíduos entre 2 e 3 bilhões de toneladas/ano, Lauritzen (1994) apud Carneiro et al. (2001). Considerando a quantidade de 0,4 toneladas por habitante/ano, são produzidas no Brasil, cerca de 68 milhões de toneladas/ano de RCD. A política de proteção ambiental vigente é voltada quase que exclusivamente para a deposição controlada destes resíduos. Essa política apresenta limites diversos, um deles é que os aterros controlados geram desperdício por tempo indefinido de um recurso limitado, o solo, além de concentrarem enormes quantidades de resíduos perigosos e estarem sempre sujeitos a acidentes de graves conseqüências. A reciclagem por outro lado, é uma oportunidade de transformação de uma fonte importante de despesas numa fonte de receita, ou pelo menos, de redução das despesas de deposição do resíduo gerado. Se na ponta geradora do resíduo, a reciclagem significa redução de custos e até novas oportunidades de negócios, na outra ponta do processo, a cadeia produtiva que recicla tem reduzido o volume de extração de matérias-primas, preservando recursos naturais limitados. Do total de RCD produzido no município de Goiânia, uma porcentagem variando entre 75% e 80% é gerada por pequenas obras de construção e reforma (SILVA 2004). O entulho de obra responde por metade dos resíduos urbanos coletados pelos serviços de limpeza pública no município de Goiânia. Em 2002, segundo dados do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Indústria da Construção de Goiânia (2003), foram coletadas mais de 500 mil toneladas de RCD. O agravante para este caso é que somente 50% do total de resíd uos da construção civil são recolhidos, sendo o restante disposto irregularmente, o que gera um prejuízo em torno de 2 milhões de reais por mês ao cofres públicos para a coleta e remoção destes resíduos dispostos irregularmente. Dentre os diversos tipos de resíduos gerados no ambiente urbano, destaca-se o entulho, resíduo proveniente das atividades de construção e demolição. A quantidade expressiva desse resíduo e o seu descarte inadequado causam graves impactos socioambientais, impondo a busca de soluções rápidas e eficazes para sua gestão adequada, através da elaboração de programas específicos, que visem à minimização desses impactos. Os principais resultados obtidos com a reciclagem do RCD são: os benefícios socioambientais, com a melhoria da qualidade de vida da população e a utilização racional dos recursos naturais. A reciclagem agrega valor ao agregado produzido, não só por diminuir a deposição irregular, mas por diminuir a necessidade de exploração de jazidas naturais e por minimizar a necessidade de destinação de áreas públicas para a deposição destes resíduos, além de abaixar o custo final das obras. 1.3 Classificação dos Resíduos Com o objetivo de estabelecer as diretrizes, os critérios e procedimentos para a gestão racional dos resíduos da construção civil, a Resolução CONAMA 307, classifica os resíduos da seguinte forma: I – Classe A – são os resíduos de demolição reutilizáveis ou recicláveis como agregados: a) de construção, demolição,reformas e de reparos de pavimentação e de outras obras de infra- estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc.), argamassa e concreto;
  • 5. 4 c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio- fio, etc.) produzidas em canteiro de obra; II – Classe B – são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plástico, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e outros; III – Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas técnicas ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação tais como os produtos oriundos do gesso; IV – Classe D – são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas, reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros; Os resíduos gerados nas atividades de construção e demolição, etapas claramente distintas do ciclo de vida de uma edificação são geralmente constituídos de materiais similares e, portanto, igualmente chamado de entulho. Algumas pesquisas já demonstraram que em média 50% do entulho gerado é proveniente do material desperdiçado. As demolições, na maioria dos casos, apresentam-se como uma grande fonte geradora de resíduos, uma vez que, de um modo geral, vêm sendo realizadas com processos rudimentares. Num contexto em que a demolição rápida e a retirada dos escombros são os principais objetivos, gera-se uma grande quantidade de entulho, com os diversos tipos de materiais misturados, já que fatores como tempo e as técnicas utilizadas não permitem a separação desses materiais. Segundo Silva (2004), a composição do entulho gerado está condicionada às características da região, e mesmo dentro da mesma região, suas características podem variar ao longo do tempo. Nos países desenvolvidos, em uma determinada obra, gera-se um alto percentual de embalagens de materiais com plásticos e papéis. Entretanto em países em desenvolvimento observa-se, para o mesmo tipo de obra, resíduos na sua grande maioria constituídos de argamassas, concretos e outros. De uma forma geral, os agregados obtidos na reciclagem do entulho são mais porosos que os naturais, o que implica uma absorção de água mais elevada. Por outro lado, os resíduos de construção reciclados apresentam componentes com algumas propriedades relevantes para o desempenho de materiais de construção como partículas não- inertizadas, que ainda irão reagir com partículas de cal que estarão disponíveis para novas reações (CARNEIRO et. al. 2001). O agregado reciclado é uma mistura de agregado graúdo e miúdo, gerado pela operação de britagem. O coeficiente de forma do agregado graúdo é similar ao de um agregado graúdo obtido na britagem de uma rocha calcária. Em geral o agregado reciclado apresenta uma forma mais irregular e uma textura superficial mais áspera e porosa. 1.4 Aplicabilidade do Resíduo de Construção e Demolição – (RCD) a) Utilização como agregado para concreto. O entulho processado pelas usinas de reciclagem pode ser utilizado como agregado para concreto, a partir da substituição dos agregados convencionais, areia e brita. Segundo Ribeiro e Serra (2001), este tipo de utilização apresenta várias vantagens, tais como: utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc) sem a necessidade de separação de nenhum deles e economia de energia no processo de moagem do entulho, uma vez que ao ser utilizado no concreto, parte do material é britado em granulometrias mais graúdas. b) Argamassas de revestimento. A utilização de agregado reciclado em argamassa de revestimento surge como alternativa para a tender à enorme demanda por revestimentos, uma vez que esse material apresenta desempenho adequado (CARNEIRO et al. 2001), além disso, seu uso promove a diminuição de custos, ajuda a solucionar o problema de destinação do entulho e contribui para a melhoria das
  • 6. 5 condições das habitações populares. A reciclagem do entulho na confecção de argamassa tem a sua utilização mais freqüente em canteiros de obras. c) Aplicação em pavimentação A utilização de entulho como agregado reciclado em camadas de pavimentos urbanos é uma das formas de reciclagem mais difundidas para esses resíduos. Segundo Carneiro et al. (2001), o aproveitamento do agregado reciclado na pavimentação apresenta diversas vantagens. • Utilização de quantidade significativa de material reciclado tanto na fração miúda quanto na graúda; • Simplicidade nos processos de execução do pavimento e de produção do agregado reciclado, contribuindo para a redução dos custos e a difusão dessa forma de reciclagem; • Possibilidade de utilização dos diversos materiais componentes do entulho; • Utilização de parte do material em granulometrias graúdas, reduzindo o consumo de energia necessário para a reciclagem do entulho. Em Goiânia, pesquisas desenvolvidas por FURNAS em parceria com a Prefeitura Municipal de Goiânia demonstraram a viabilidade técnica da utilização do agregado reciclado na construção de sub-bases e bases de pavimentos urbanos, tendo sido executada uma pista experimental com utilização do agregado reciclado nas camadas de sub-base e base, conforme apresentado na Figura 1.1. Figura 1.1 Base executada com agregado reciclado, Goiânia (SILVA, 2004) Dentre as diversas conclusões obtidas nesta pesquisa, são descritas a seguir algumas destacadas por Guimarães et al. (2004). Verificou-se que um passo importante para a obtenção de um materia l que permita a realização de ensaios de laboratório para controle e apresente boa trabalhabilidade é a composição das misturas nas faixas granulométricas definidas pelo DNER, indiferentemente da composição do entulho. A incorporação de material coesivo (argila) melhora a trabalhabilidade e auxilia no controle de campo e laboratório. Os resultados de laboratório mostram que estes materiais como agregados tendem a apresentar bom comportamento para utilização em bases e sub-bases de pavimentação, visto que apresentaram baixos valores de expansão e ISC acima do especificado pela referida norma.
  • 7. 6 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Introdução O objetivo desta pesquisa foi estudar o potencial de utilização de agregados reciclados provenientes de Resíduos de Construção e Demolição – RCD, para a produção de mistura asfáltica tipo Concreto Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ. Com o intuito de se atingir o objetivo acima, primeiramente foi realizada uma ampla revisão bibliográfica sobre a utilização de agregados reciclados, com o objetivo de se conhecer o atual estado de desenvolvimento desta tecnologia, sua aplicação em diversos setores da construção civil, conhecer as principais dificuldades no estudo deste material e assim determinar a metodologia mais adequada para o estudo do mesmo como matéria-prima para a produção de misturas asfálticas. A revisão bibliográfica teve, como fontes de pesquisa, artigos apresentados em congressos realizados sobre o tema, dissertações de mestrado, literatura especializada e monografias. A partir dos conhecimentos adquiridos durante a revisão bibliográfica, foram determinados os materiais a serem utilizados e o método de dosagem mais adequado para a definição da mistura asfáltica. As etapas seguintes foram: obtenção e caracterização dos materiais individuais e compostos; composição das faixas granulométricas e dosagem das misturas a serem empregadas: ensaios de caracterização das amostras individuais e compostas, dosagem das misturas asfálticas e a análise dos resultados, levando-se em conta os dados obtidos na literatura consultada e as observações laboratoriais. Estas atividades fizeram parte da realização de um trabalho experimental para determinar os parâmetros de porcentagem de vazios, estabilidade e fluência da mistura betuminosa realizada com a utilização do entulho reciclado, baseado no método ensaio NBR – 12891/93 (Dosagem de Mistura Betuminosa pelo Método Marshall) e na especificação de serviço DNER-ES 313/97 (Pavimentação – concreto betuminoso). 2.2 Materiais Três tipos de agregados e apenas um tipo de ligante betuminoso foram utilizados para compor as misturas asfálticas de CBUQ, objeto deste trabalho. O ligante betuminoso utilizado foi o CAP-20, por ser o material normalmente mais utilizados em obras de pavimentação no município de Goiânia. Foi utilizada apenas uma amostra deste material, que foi cedida pela DISBRAL – Distribuidora Brasileira de Asfalto Ltda, situada no município de Aparecida de Goiânia. Um dos três tipos de agregados utilizados nesta pesquisa foi o micaxisto, agregado mineral extraído da pedreira do Departamento de Estradas e Rodagem do Município de Goiânia – Companhia de Pavimentação (DERMU-COMPAV), por ser o agregado utilizado na pavimentação das vias urbanas do município de Goiânia. A mistura asfáltica realizada com este agregado foi considerada como a mistura de referência para comparação com as misturas realizadas com os agregados provenientes de RCD. O outro agregado utilizado foi um agregado resultante dos resíduos de construção e demolição, aqui chamado de entulho composto, por ter em sua composição resíduos de concreto convencional, materiais cerâmicos e argílicos. As amostras compostas de resíduos de concreto, argamassa e material cerâmico foram relacionadas e transportadas por diversas empresas do ramo de construção de Goiânia e armazenadas, gerenciadas e britadas pela Companhia de Pavimentação (COMPAV) do município de Goiânia. A Figura 2.1 apresenta o depósito dos resíduos e a britagem do material.
  • 8. 7 (a) (b) Figura 2.1. (a) Depósito dos resíduos coletados em Goiânia, (b) Britagem dos resíduos. O entulho britado foi separado com as seguintes denominações: areia artificial (material com diâmetro máximo 4,8 mm), brita 9,5 mm (material com diâmetro máximo igual a 9,5 mm) e brita 19 mm (material com diâmetro máximo igual a 19,0 mm). O terceiro tipo de agregado utilizado nesta pesquisa, foi proveniente exclusivamente de resíduos de concreto, aqui chamado de entulho branco. As amostras compostas de resíduos de concreto são provenientes de pistas de CCR (concreto compactado com rolo) utilizadas em pesquisas do Departamento de Apoio e Controle Técnico de FURNAS Centrais Elétricas S.A., e foram britadas utilizando britador tipo mandíbula. O agregado utilizado na produção das pistas de CCR (concreto compactado com rolo) que deu origem ao resíduo de concreto foi o granito proveniente das obras de construção da Usina Hidrelétrica de Lajeado – TO. As pistas de CCR foram executadas com um consumo de cimento de 90 kg/m3 . O entulho britado foi separado com as seguintes denominações: areia artificial (material com diâmetro máximo 4,8 mm) e brita 19 mm (material com diâmetro máximo igual a 19,0 mm). A Figura 2.2 apresenta detalhes das pistas de CCR e do material britado. (a) (b) Figura 2.2. (a) Pista de CCR utilizada, (b) Material britado. 2.3 Programa de ensaios Na busca dos resultados esperados, foi realizada a dosagem de misturas betuminosas baseadas no “Método de dosagem Marshall para misturas betuminosas”, utilizando-se os materiais anteriormente citados. Todos materiais empregados nesta pesquisa foram ensaiados individualmente e compostos após dosagem de acordo com os métodos apresentados a seguir.
  • 9. 8 a) Agregados - NBR 06457/86 - Preparação de amostras de solos para ensaios de compactação e ensaios de caracterização; - NBR 07181/84 - Análise granulométrica; - NBR 06508/84 - Massa específica real dos grãos de solos finos; - NBR 6458/84 - Massa específica, massa específica aparente e da absorção dos grãos de pedregulho retidos na peneira de 4,8 mm; - DNER-ME 035/98 - Desgaste por abrasão Los Angeles; - DNER-ME 086/84 - Determinação do índice de forma do agregado; - NBR 12052/92 - Equivalente de areia; - DNER-ME 089/94 - Durabilidade pelo emprego de solução de sulfato de sódio ou de magnésio. b) Materiais betuminosos - NBR 12891/93 - Dosagem de mistura betuminosa pelo método Marshall; - DNER-ME 079/84 - Adesividade a ligante betuminoso; - NBR 8352/84 - Densidade aparente. 2.4. Composição da mistura e Compactação dos Corpos-de-prova Para a composição da mistura granular do concreto betuminoso foi adotada a faixa “C” da especificação de serviços DNER-ES 313/97. Esta escolha deu-se pelo fato de ser esta a faixa granulométrica adotada pela companhia de pavimentação do município de Goiânia. O procedimento de compactação utilizado seguiu as recomendações da norma NBR 12891/93 (Dosagem de Mistura Betuminosa pelo Método Marshall). O agregado pétreo foi seco em estufa por 24 h, pesado e aquecido a 160º C por pelo menos 2 h antes de ser misturado ao CAP. O CAP foi aquecido com o auxilio de um fogareiro até atingir a temperatura de 150º C. Os agregados foram retirados da estufa e colocados sobre uma chapa aquecedora para conservar sua temperatura em 160º C, enquanto era feita a adição do CAP e realizada a homogeneização da mistura. Os moldes metálicos foram pré-aquecidos a 150º C em estufa e quando a mistura atingia a temperatura de compactação (160ºC) o molde metálico era posicionado no equipamento para receber a mistura em seu interior e posterior realização da compactação aplicando-se 50 golpes do compactador em cada face do corpo de prova. A mistura betuminosa foi dosada para uma pressão de pneu de até 0,69 MPa (ensaio com 50 golpes). Concluída a etapa de compactação e resfriamento dos corpos-de-prova, os mesmos foram retirados dos moldes metálicos com o auxilio de um extrator de amostras e seguindo as recomendações da norma NBR 12891/93. Os corpos-de-prova foram deixados em repouso sobre superfície plana por um período de 24 h, para que se pudesse dar seqüência ao ensaio. Para realizar a ruptura dos corpos-de-prova e a determinação dos parâmetros de fluência e estabilidade, cada corpo-de-prova foi deixado em “banho maria” por um período de 30 minutos a 60 ºC e em seguida levado à ruptura em prensa elétrica, conforme mostrado na Figura 2.3.
  • 10. 9 Figura 2.3 Ruptura do corpo de prova Marshall. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Ensaio de Caracterização dos Agregados A Tabela 3.1 apresenta o resumo dos resultados dos ensaios realizados nos agregados provenientes do entulho composto, entulho de concreto (entulho branco) e do agregado proveniente da pedreira do DERMU/COMPAV utilizado na região de Goiânia. Tabela 3.1. Resultado dos ensaios de caracterização dos agregados reciclados. Descrição Abrasão“Los Índice Durabilidade Equivalente Tipo de dos γs Angeles” de AtaqueNa2 SO4 Adesividade de areia Entulho (kN/m3 ) Agregados (%) forma (%) (%) Areia 26,4 - - 1,5 Boa 54 Composto Brita 9,5 26,1 51 “C” 1,9 2,4 Boa - Brita 19 22,3 45 “B” 2,0 4,7 Boa - Concreto Areia 25,4 - - - Boa 57 (pista de CCR) Brita 19 26,8 33 “B” 0,9 2,75 Boa - Agregado de Areia 27,2 - - - Boa 59 Goiânia Brita 9,5 26,8 27 “B” 0,6 0,11 Boa - Observando os dados da Tabela 3.1, conclui-se que o resultado do ensaio de abrasão Los Angeles para o agregado de entulho composto, indica que o mesmo esta acima do limite de 40% especificado pela norma DNER-ES 313/97. Este resultado já era esperado, pois estes agregados contem materiais frágeis como os provenientes de resíduo de material cerâmico. Apesar de não atender a todas as condições exigíveis pela norma DNER-ES 313/97 no que diz respeito ao desgaste por abrasão, optou-se por realizar os estudos laboratoriais, dosagem de misturas betuminosas pelo método Marshall, para verificar o comportamento das misturas com esse tipo de agregado. Para os ensaios de abrasão realizados nos agregados de entulho de concreto e nos provenientes da pedreira da Companhia de Pavimentação do município de Goiânia, observou-se que ambos atenderam a abrasão especificada. O agregado de resíduo de concreto apresentou maior abrasão, certamente devido a presença de argamassa aderido ao agregado, o que favorece o aumento da abrasão. Em relação ao índice de forma, os três materiais utilizados nesta pesquisa, apresentaram conformidade com as exigências da norma DNER-ES 313/97, sendo que os agregados na fração Brita 1 (19 mm) do entulho composto, apresentaram um índice de forma mais elevado, o que já
  • 11. 10 era esperado, pois durante a quebra (britagem) dos materiais cerâmicos, estes sofrem maior quebra, restando os materiais menos la melares entre os agregados de maior dimensão (Brita 9,5 e 19). Quanto ao ensaio de durabilidade realizado nos materiais, observa-se que os mesmos estão adequados ao uso como agregados em misturas betuminosas tipo CBUQ, pois apresentaram desgaste inferior a 12%. A adesividade entre agregado e ligante betuminoso, apesar de ter sido observado o fato de uma certa dificuldade na homogeneização entre o agregado de entulho composto e o ligante betuminoso, ao realizar-se o ensaio de adesividade, verificou-se uma boa adesividade. Isso se deve ao fato de que na realização do ensaio de adesividade, utilizou-se apenas o material grosso, passado na peneira ¾” (19 mm) e retido na peneira de ½” (12,5 mm) de acordo com a norma DNER-ME 079/84, não sendo utilizado neste ensaio o material da fração fina, que no entanto, está presente na mistura betuminosa e devido a sua alta absorção do ligante betuminoso, dificultou o processo de homogeneização da mistura betuminosa. Analisando os resultados dos ensaios de equivalente de areia, verifica-se que o entulho composto apresentou uma porcentagem de areia de 54%, a menor entre os três agregados utilizados na pesquisa, o que é perfeitamente compreensível, pois nesse material ocorre uma maior porcentagem de materiais cerâmicos, dando origem a fração silte e argila após britagem, o que não ocorre nos agregados de resíduo de concreto e no agregado de Goiânia. Por esse motivo, os dois apresentaram o equivalente de areia muito próximos. Dessa forma o equivalente de areia apresentado para o entulho composto, esta relacionado a qualidade do fino produzido e não à sua quantidade. Os resultados de granulometria dos agregados utilizados nesta pesquisa demonstraram que individualmente os mesmos não estão enquadrados na composição granulométrica especificada na Faixa C do DNER, sendo que os mesmos foram enquadrados nestas faixas, utilizando composição apresentada na Tabela 3.2. Tabela 3.2 Composição dos agregados na Faixa C do DNER. Composição do agregado (%) Agregado Brita 19 mm Brita 9,5mm Areia artificial Entulho composto 5 25 70 Resíduo de concreto 45 - 55 Agregado de Goiânia * - 30 70 (*) A porcentagem de cada material utilizado nesta dosagem foi feita de acordo com dados fornecidos pela Companhia de Pavimentação de Goiânia Após a realização da composição granulométrica da mistura betuminosa, foi realizada a compactação dos corpos de prova pelo método Marshall em atendimento as normas NBR- 12891/93 e DNER- ES 313/97. A Tabela 3.3 apresenta o resumo dos resultados do ensaio Marshall realizado no agregado proveniente do entulho composto. Tabela 3.3 Resumo Marshall para agregado proveniente de entulho composto. Porcentagem de Ligante Parâmetros 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 Especificação Densidade Aparente (g/cm³) 1,923 1,939 1,974 2,003 1,988 1,971 - Porcentagem de Vazios (%) 18,7 16,8 14,1 11,6 11,1 10,6 3a5 Relação Betume/Vazios (%) 43 49 55 61 64 66 75 a 82 Estabilidade Mínima (N) 10300 10930 11320 12410 9870 7840 2500 Fluência (0,1 mm) 23 22 20 23 31 41 20 a 46 Para o ensaio Marshall realizado com agregados reciclados provenientes de entulho composto, pode-se observar que mesmo para um alto consumo de CAP (até 13%), a mistura
  • 12. 11 apresentou alta porcentagem de vazios, variou de 10,6% a 18,7%, e conseqüentemente baixa relação betume/vazios (RBV), variando de 43% a 66%, ou seja, distante dos valores especificados que são respectivamente 3% a 5% para a porcentagem de vazios e 72% a 82% para a RBV. O alto consumo de CAP e a alta porcentagem de vazios apresentado pelas misturas que utilizaram agregados reciclados de entulho composto está relacionada à alta porosidade e, conseqüentemente, alta absorção que o mesmo apresenta. Mesmo apresentando uma abrasão superior a 40%, o agregado proveniente do entulho composto, apresentou uma excele nte estabilidade, estando acima daquela atingida pela mistura betuminosa que utilizou como agregado o agregado de Goiânia, conforme será observado na Tabela 3.5. A Tabela 3.4 apresenta o resumo dos resultados do ensaio Marshall realizado no agregado proveniente do resíduo de concreto. Tabela 3.4 Resumo Marshall para agregado proveniente de resíduo de concreto. Porcentagem de Ligante Parâmetros 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,5 Especificação Densidade Aparente (g/cm³) 2,193 2,215 2,228 2,251 2,245 2,246 - Porcentagem de Vazios (%) 8,5 6,9 5,7 4,0 3,6 2,1 3a5 Relação Betume/Vazios (%) 62 68 73 80 83 89 75 a 82 Estabilidade Mínima (N) 11350 12010 12870 12710 11780 7430 2500 Fluência (0,1 mm) 32 23 25 28 32 58 20 a 46 Os resultados da dosagem realizada utilizando agregados reciclados obtidos de entulho de concreto, demonstraram que é possível tecnicamente utilizar este tipo de agregado em misturas betuminosas do tipo CBUQ em revestimentos de pavimentos flexíveis. Verifica-se na Tabela 3.4, que o teor ótimo em torno de 8%, é superior à maioria das misturas que utilizam agregados naturais, que geralmente está variando entre 5,5% e 6,0%, isto é confirmado pelo teor ótimo de CAP de 5,5% para a mistura com o agregado de Goiânia (Tabela 3.5). O bom desempenho dos agregados reciclados de concreto já era esperado, pois o mesmo é composto de agregado natural (areia e brita) e de cimento, ou seja, depende do agregado natural empregado na confecção do concreto, sendo que normalmente esses apresentam características que atendem às exigências das normas. Além desta vantagem, na maioria das vezes o cimento entra como preenchimento, auxiliando no aumento da resistência (estabilidade) da mistura, o que foi verificado na pesquisa realizada. No caso especial do agregado proveniente do resíduo de concreto, como já foi citado anteriormente, o agregado utilizado para produzir o concreto do qual se originou o resíduo utilizado nesta pesquisa, foi um granito, que é um agregado reconhecidamente resistente, o que explica o bom desempenho da mistura no que diz respeito a sua estabilidade. A Tabela 3.5 apresenta o resumo dos resultados do ensaio Marshall realizado no agregado de Goiânia. Tabela 3.5 Resumo Marshall para agregado de Goiânia. Parâmetros Porcentagem de Ligante 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 Especificação Densidade Aparente (g/cm³) 2,335 2,383 2,419 2,436 2,437 - Porcentagem de Vazios (%) 8,1 6,1 3,9 2,5 1,7 3a5 Relação Betume/Vazios (%) 56 66 77 85 90 75 a 82 Estabilidade Mínima (N) 5970 7710 8650 9180 9360 2500 Fluência (0,1 mm) 27 27 26 28 34 20 a 46
  • 13. 12 Os dados da Tabela 3.5 demonstram que a dosagem utilizada pela Companhia de Pavimentação do Município de Goiânia (COMPAV) atende as especificações da norma DNER- ES 313/97 apresentando um consumo de CAP da ordem de 5,5%. Analisando os dados da Tabela 3.5 observa-se que a mistura betuminosa utilizada pela prefeitura de Goiânia, apesar de atender as exigências mínimas da norma DNER-ES 313/97, apresenta valores de estabilidade inferiores aos obtidos nas misturas em que foram utilizados como agregados o entulho composto e o resíduo de concreto. Para melhor avaliação e interpretação, dos dados obtidos após a realização do ensaio Marshall, as Figuras 3.1 a 3.4 apresentam um comparativo entre estabilidade, relação betume/vazios, volume de vazios e fluência, entre as três misturas utilizadas nesta pesquisa e a porcentagem de ligante. 13000 12000 11000 Estabilidade (N) 10000 9000 8000 7000 6000 5000 0 5 10 15 % Ligante Entulho composto Resíduo concreto Agregado Goiânia Figura 3.1 Comparação entre estabilidade e % de Betume. Verifica-se na Figura 3.1 que a mistura betuminosa que utilizou como agregado o resíduo de concreto apresentou a maior estabilidade, 12710 N, para o teor de projeto de 8,0% de CAP. A mistura que utilizou o entulho composto, apresentou estabilidade de 12410 N para o teor de projeto de 11% e a mistura que utilizou o agregado de Goiânia foi a que apresentou menor estabilidade, 8650 N para o teor de projeto de 5,5%. 100 90 80 70 60 50 RBV 40 30 ' 20 10 0 0 5 10 15 % Ligante Entulho composto Resíduo concreto Agregado Goiânia Figura 3.2 Comparação entre RBV e % de Betume.
  • 14. 13 20 15 Volume de Vazios (%) 10 5 0 0 5 10 15 % Ligante Entulho composto Resíduo concreto Agregado Goiânia Figura 3.3 Comparação entre Volume de Vazios e % de Betume. 60 55 50 45 Fluência (mm) 40 35 30 25 20 0 5 10 15 % Ligante Entulho composto Resíduo concreto Agregado Goiânia Figura 3.4 Comparação entre Fluência e % de Betume. As Figuras 3.2 e 3.3 mostram que para todas as amostras, a relação betume/vazios aumenta e o volume de vazios diminui com o aumento do teor de CAP. Verifica-se na figura 3.3 que o volume de vazios da mistura que utilizou agregado de entulho composto, apresenta volume de vazios muito superior ao apresentado pelos outros dois agregados, mesmo para um alto valor do teor de betume e que o agregado de entulho de concreto apresenta um volume de vazios muito próximo do agregado de Goiânia, no entanto, necessita de maior porcentagem de ligante. A Figura 3.4 mostra que em todas as misturas ocorre o aumento da fluência a medida que aumenta o teor de CAP na mistura betuminosa. 3.2 Análise econômica das misturas Para realizar a análise econômica das misturas betuminosas, considerou-se somente as misturas que utilizaram como agregado o resíduo de concreto e o agregado de Goiânia, uma vez que a mistura que utilizou como agregado o entulho composto, mostrou-se tecnicamente inviável. Para a composição do preço da tonelada da mistura betuminosa tipo CBUQ, foram considerados os valores médios da tonelada dos agregados, fornecidos por pedreiras da região de Goiânia, sendo R$ 12,31/ton para Brita 9,5 mm e R$ 5,51/ton para areia. O preço médio da tonelada de entulho fornecido pela Companhia de Pavimentação de Goiânia R$ 1,18/ton para
  • 15. 14 brita 19 mm e R$ 1,11/ton para areia. O preço médio do CAP na região de Goiânia é na faixa de R$ 1.300,00/ton. Para a composição do preço da tonelada da mistura betuminosa tipo CBUQ, não foram considerados os gastos comuns às duas misturas, como transporte, energia, encargos sociais e depreciação do equipamento. Para a composição do preço da tonelada de CBUQ foi utilizada a composição granulométrica para o resíduo de concreto e agregado de Goiânia mostrada na Tabela 4.3, considerando como teores ótimos de projeto para o resíduo de concreto e o agregado de Goiânia, 8,0 % e 5,5 % respectivamente. A Tabela 3.6 apresenta a composição e o custo de uma tonelada de CBUQ. Tabela 3.6 Composição e custo da tonelada de CBUQ (maio de 2005). Composição e Custo da Tonelada de CBUQ Tipo de Agregado CAP (ton.) Brita (ton.) Areia (ton.) Custo (R$) Resíduo de 0,085 0,414 0,506 105,04 Concreto Agregado de 0,055 0,283 0,661 78,63 Goiânia Analisando os dados da Tabela 3.6 verifica-se que a m istura betuminosa tipo CBUQ realizada com o resíduo de concreto, apesar de ser tecnicamente viável, é cerca de 33,6% mais cara do que a mistura betuminosa realizada com o agregado de Goiânia. Mesmo o valor da tonelada do entulho sendo bem inferior ao da tonelada do agregado de Goiânia, a mistura com resíduo de concreto fica mais cara em função do valor do CAP, o material mais caro na mistura Betuminosa. 4. CONCLUSÕES A caracterização demonstrou que os agregados reciclados estudados, apresentaram boas características, atendendo às exigências da norma em quase todos os itens. A única exigência que não foi atendida foi relativo à abrasão do entulho composto, que apresentou resultados acima do especificado. Estudos adicionais devem ser realizados para verificar a influência desse maior desgaste. A mistura (CBUQ) do entulho composto, apesar de ter apresentado boas condições de estabilidade, não atendeu as exigências da norma DNER-ES 313/97 (Pavimentação – concreto betuminoso) quanto à porcentagem de vazios e relação betume/vazios. Em função destas características, pode-se concluir que os agregados reciclados de entulho composto não são recomendados tecnicamente para aplicação em revestimentos asfálticos. Diversas pesquisas já demonstraram que esses agregados podem ser utilizados em base e sub-base de pavimentos. A aplicação de agregados reciclados de entulho de concreto em misturas betuminosas utilizadas em revestimentos asfálticos é tecnicamente viável. A viabilidade econômica deste tipo de agregado depende das condições regionais, em alguns casos, onde há escassez de agregados naturais, a utilização do mesmo torna-se viável. No entanto o consumo de CAP é superior ao normalmente utilizado nas misturas que utilizam o agregado de Goiânia (5,5%). Observando o resultado da análise econômica entre os agregados de resíduo de concreto e o agregado de Goiânia, conclui-se que a mistura betuminosa com resíduo de concreto fica cerca de 33,6% mais cara do que a mistura com o agregado de Goiânia. No entanto, vale lembrar que a Prefeitura Municipal de Goiânia gasta a cada mês, cerca de 2 milhões de reais com a remoção do RCD disposto de forma irregular na cidade. Este montante seria suficiente para a produção de mais de 19 mil toneladas/mês de mistura betuminosa tipo CBUQ.
  • 16. 15 Deve-se levar ainda em consideração os fatores ambientais, uma vez que uma porcentagem variando entre 50% e 70% dos resíduos sólidos urbanos são constituídos por RCD, a utilização deste material em revestimentos asfálticos é uma forma adequada de se dar uma disposição final a este resíduo sem causar maiores prejuízos à população e à municipalidade. A mistura de CBUQ utilizando o entulho composto não apresentou bons resultados. No entanto, alguns autores, Frota et al. (2005a) e Frota et al. (2005b), demonstram que a mistura destes com agregados naturais apresentam bons resultados. Sugere-se realizar estudos compondo-se estes agregados com os agregados naturais utilizados em Goiânia. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS ABNT (1984). NBR 07181/84 - Análise granulomé trica; Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ABNT (1984). NBR 8352/84 - Densidade aparente. Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ABNT (1983). NBR 12891/93 - Dosagem de mistura betuminosa pelo método Marshall; Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 12 p. ABNT (1983). NBR 12052/92 - Equivalente de areia; Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ABNT (1984). NBR 6458/84 - Massa específica, massa específica aparente e da absorção dos grãos de pedregulho retidos na peneira de 4,8 mm; Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ABNT (1984). NBR 06508/84 - Massa específica real dos grãos de solos finos; Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ABNT (1984). NBR 06457/86 - Preparação de amostras de solos para ensaios de compactação e ensaios de caracterização; Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. AGOPYAN, V.; JONH, V.; (2000) Reciclagem de Resíduos da Construção. In: Seminário de Resíduos Sólidos Domésticos. São Paulo-SP. CARNEIRO, A.; BRUM, I.; e SILVA, J.(2001) Reciclagem de Entulho para a Produção de Materiais de Construção. Salvador: EDUF-BA, Edição CEF. DNER (1984). DNER-ME 079/84 - Adesividade a ligante betuminoso; Método de Ensaio, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 04 p. DNER (1998). DNER-ME 035/98 - Desgaste por abrasão Los Angeles; Método de Ensaio, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 06 p.
  • 17. 16 DNER (1984). DNER-ME 086/84 - Determinação do índice de forma do agregado; Método de Ensaio, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 05 p. DNER (1994). DNER-ME 089/94 - Durabilidade pelo emprego de solução de sulfato de sódio ou de magnésio; Método de Ensaio, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 06 p. DNER (1997). DNER-ES 313/97 - Pavimentação – concreto betuminoso; Especificação de Serviço, Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 16 p. FROTA, C. A., ALENCAR, C. L. S., SILVA, C. P. L. (2005a) Influência do tipo de agregado na qualidade técnica de misturas asfálticas. In: 35ª Reunião anual de pavimentação, RAPv, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 11 p. FROTA, C. A., SILVA, C. P. L.(2005b) Estudo de mistura betuminosa com entulho reciclado fracionado e não-fracionado. In: 35ª Reunião anual de pavimentação, RAPv, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 10 p. GUIMARÃES. R. C., SILVA, A.L.A. MANSO, E.A. CASTRO, C. H.,REZENDE, L. R.,BLUMENSCHEIN, R. N. (2004) Estudo da utilização de agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil em pavimentos urbanos. In: Congresso brasileiro de ciência e tecnologia em resíduos e desenvolvimento sustentável 2004, Florianópolis. Anais... 1 CD-ROM. PIGRSIC. (2003) Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Industria da Construção de Goiânia – Piloto-01.Goiânia: Relatório Preliminar. 40p. PINTO, T. P. (1999) Metodologia para a Gestão Diferenciada de Resíduos Sólidos da Construção Urbana. São Paulo: Tese de doutorado em engenharia. Escola Politécnica da USP. Área de concentração: Engenharia de Construção Civil e Urbana. 190p. PINTO, T. P. (2004) A Nova Legislação para Resíduos da Construção. Revista Téchne. P.62- 64. n 82. RIBEIRO, F.; SERRA, N. G. da S. (2001) Utilização de Entulho na Pavimentação.Anápolis: Monografia. Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas do Departamento de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Goiás – UEG. 103p. SILVA, A. L. A. (2004) Aplicação de Resíduos Sólidos da Construção Civil em Bases e Sub- bases de Pavimentos. Goiânia: Trabalho de Conclusão de Curso. Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás – CEFET-GO. 210p. ZORDAN, S. E. (1997) A Utilização do Entulho como Agregado na Confecção do Concreto. Dissertação de Mestrado. Campinas. Departamento de Saneamento e Meio Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
  • 18. 17 ANEXO A Artigo publicado no 17° Encontro de Asfalto – Rio de Janeiro
  • 19. 18 6. ASSINATURAS Anápolis, 29 de setembro de 2005. ______________________________________________ Diretor da Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas ____________________________________________ Pesquisador: Renato Cabral Guimarães