2. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE.
Instituto de Artes e Comunicação Social - IACS.
Estudos Culturais e Mídia.
Disciplina: Design Gráfico.
Professor: Emmanoel Ferreira.
Alunos: Milton Batista e Thiago Nascimento.
3. Surgido na Suíça e Alemanha, na década
de 1950, o Estilo Tipográfico Suiço, também co-
nhecido como Estilo Tipográfico Internacional,
é ainda hoje um modelo muito utilizado na co-
municação visual.
Nesse movimento, os elementos gráficos
são apresentados sempre de forma clara e obje-
tiva. Seus membros viam o design como algo
cuja função principal é a de comunicar, portanto,
para eles, era mais importante que suas obras
transmitissem um conceito forte, de modo a não
deixar florescer as subjetividades dos artistas.
Nesse sentido, acreditavam numa espécie de co-
municação universal, onde convenções como,
por exemplo, a língua, não seriam empecilhos ao
entendimento do conceito da obra. O fato de esse
movimento ter surgido num período pós-guerra,
influenciou bastante em suas características, já
que a globalização dos mercados e o surgimento
de empresas multinacionais demandavam lin-
guagens que se fizessem inteligíveis pelo mun-do
inteiro.
O uso da tipografia foi um dos meios de se
conseguir êxito nessa comunicação. Observa-se
em praticamente todas as peças desse movimento
a organização assimétrica dos elementos através
do uso de grids matematicamente construídos;
tipos sem serifa alinhados pela margem esquerda,
nãojustificados,sendoquenumasentençaoptava-
se pela utilização apenas de caixa alta ou de caixa
baixa; espaços em branco eram vistos como parte
da obra, não como um vazio a ser preenchido.
Zurique e Basileia são duas cidades que
se destacaram por desenvolver uma tipografia
universalmenteneutra,compreensívelefuncional.
4. As escolas suíças Basel School of Design e Zurich
School of Design foram fortemente influenciadas
pelos princípios da Bauhaus e por experimentos
tipográficos de Jan Tschichold e Ernst Keller.
Tschichold foi um dos primeiros designers a in-
corporar à tipografia o conceito funcionalista de
legibilidade praticado na escola alemã e Keller
desenvolveu o sistema de grids em 1918, que
posteriormente se tornaria uma característica
central do movimento.
A qualidade e a disciplina encontradas
no design suíço podem ser atribuídas a Ernest
Keller (1891-1968), um dos pioneiros do movi-
mento. Segundo consta, Em 1918 entrou para
Kunstgewerbeschule der Stadt Zürich (Escola de
Artes e Ofícios de Zurique) para ministrar aulas
de leiaute para publicidade e desenvolver um
curso profissional de design e tipografia. Criou um
modelo que se tornaria o centro dos experimentos
da escola, chamado grid system, que era o uso de
uma grade matemática assimétrica para deter-
minar um completo ordenamento e estrutura
integrada na produção de tipos. Seus trabalhos
abrangiam diversas soluções, não havendo assim
um estilo específico, pois para ele a solução de um
problema do design deve brotar de seu conteúdo.
5. Selo comemo-
rativo da
exposicion ‘das
neue heim’ (a
nova casa):
Os pioneiros
deste movimento
acreditavam que
a tipografia sem
serifa expressava
o espírito da era
do progresso
e que a grade
matemática era
o mais legível e
harmonioso meio
de estruturar
informações.
GrandepartedasraízesdoEstiloTipográfico
Internacional encontra-se no currículo proposto
na Escola de Design da Basileia, que se sustentava
em exercícios geométricos básicos envolvendo o
cubo e a linha. Iniciado no século XIX, e por isso,
independente do De Stijl e da Bauhaus, forneceu
os parâmetros para a formatação, em 1908, do
Vorkus (curso básico) da escola, que continuava
relevante ainda nos anos 50 para o programa de
design.
Théo Ballmer (1902-1965) estudou por
um curto período na Bauhaus de Dessau, aplicou
6. Cartaz de uma
exposição para
profissionais
de escritório:
As finas linhas
brancas entre
as letras são
vestígios do grid
utilizado para a
sua composição.
princípios do De Stijl de maneira original no
design gráfico. Utilizava um grid assimétrico
de alinhamentos horizontais e verticais, o que
lhe garantiu alto grau de harmonia formal na
construção de formas visuais. No cartaz a seguir,
percebe-se a influência dos experimentos de Vam
Doesburg com letras geométricas, mas segundo
consta, suas letras eram mais “refinadas” e
“graciosas” que os tipos “desajeitados” de Van
Doesburg.
7. O Tipógrafo inglês Anthony Froshaug (1918-
1984) lecionou design gráfico de 1957 a 1961
na Escola Superior de Design, em Ulm, e instalou
a oficina de tipografia, sendo visto como para-
digmático do novo movimento seu projeto para os
primeiros cinco números da revista de Ulm.
ulm 2 - Quarterly
bulletin of the
Hochschule für
Gestaltung, Ulm,
Oct 1958:
Sistema de
grid de quatro
colunas, o
uso de apenas
dois tamanhos
de tipos e a
ressonância
gráfica deste
formato
exerceram ampla
influência.
O Estilo Tipográfico Internacional foi
desdobrando em várias famílias novas de ti-
pos sem serifa desenhados nos anos 1950.
Estilos geométricos sem serifa, construídos ma-
tematicamente com instrumentos de desenho
durante os anos 1920 e 1930 eram rejeitados em
favor dos projetos mais refinados inspirados por
fontes como Akzidenz Grotesk do século XIX.
Em 1954, o designer suíço Adrian Frutiger,
que trabalhava em Paris, completou uma família
8. visualmente programada de 21 fontes sem serifa
chamada Univers, que se tornou uma das grandes
realizações tipográficas da segunda metade do
século XX. Feita em uma variedade de pesos que
transmitem estabilidade e homogeneidade, de
formas claras e objetivas, caracteriza-se por ser
uma fonte legível e adequada para quase toda
necessidade tipográfica.
Edouard Hoffman, em meados dos anos
1950 na suíça, decidiu que as fontes Akidens
Grotesk deviam ser aperfeiçoadas.
Hoffman colaborou com Max Miedinger, que
executou os projetos, e sua nova sans serif, foi
lançada como Neue Haas Grotesk. Na Alemanha,
este tipo foi chamado de Helvetica, nome latino
para Suíça. Formas bem definidas e excelente
ritmo fizeram da Helvetica o tipo mais requisitado
internacionalmente durante os anos 1960 e 1970,
vista como uma fonte de clareza geral, jovial, um
efeito neutro, sem nenhum evidente atributo.
O Design suíço começou a se fundir em um
movimento internacional unificado quando o pe-
riódico Neue Grafik (Novo design gráfico) passou
a ser publicado em 1959.
Na era do segundo pós-guerra cresce o es-
pírito Internacionalista. A velocidade e o ritmo
da comunicação estavam convertendo o mundo
em uma aldeia global. Aumenta a demanda por
clareza comunicativa, formatos multilíngües e
pictogramas e glifos elementares para possibilitar
que pessoas do mundo inteiro compreendessem
informações, e o novo design suíço atendia
perfeitamente a essas necessidades, devido a isso,
sua metodologia e conceitos foram amplamente
difundidos pelo mundo.
Rudolph De Harak, nos EUA, buscava clareza
comunicativa e ordem visual em seus projetos
9. gráficos,enofinaldosanos1950adaptouatributos
do movimento suíço a seus trabalhos, como o
grid e o equilíbrio assimétrico. Nos anos de 1960,
começou uma série de mais de 350 capas para
editora McGraw-Hill usando sistema tipográfico e
grid uniformes. Ampliando e redefinindo assim a
natureza do design de capas de livros nos Estados
Unidos.
A lista de designers gráficos que se
espalharam pelo mundo, divulgando e ampliando
os princípios de funcionalidade, racionalidade e
apuro do Estilo Internacional é enorme.
Nos anos 1960, O Estilo Tipográfico Internacional
foi rapidamente adotado no design corporativo e
permaneceudestacadododesignnorte-americano
por mais de duas décadas.
A disseminação rápida do Estilo Tipográfico
Internacional é resultado da harmonia e ordem de
sua metodologia – e a crença em sua capacidade
de expressar idéias complexas de forma simples
e direta. Esse enfoque era especialmente valioso
em nações onde a comunicação era bilíngüe ou
trilíngue, como a Suíça e o Canadá. Muito útil
quando um conjunto de informações, variando de
sinalização à publicidade, precisava ser unificado
em um corpo coerente.
Após a Segunda Guerra, cresce a consciência
do design gráfico como ferramenta lógica para
grandes organizações, levando o designer
corporativo e os sistemas de identificação visual a
se expandir, de maneira que, o design corporativo
e o Estilo Tipográfico Internacional estariam
ligados em um só movimento em meados dos anos
1960.
A tipografia tem extrema importância para a
comunicaçãovisualeévastamenteutilizadadesde
sua invenção. Banners, cartazes, logotipos, artes e
10. publicidades em geral, vem se apropriando cada
vez mais recursos tipográficos para comunicar.
A fonte Helvetica, criada em 1957 por
Max Miedinger e eleita a fonte mais relevante
da história, é um grande exemplo do sucesso e
visibilidade desse estilo. Utilizada em diversas
peças gráficas, sua família é composta por uma
grande variação que vai desde a Ultra Light à
Extra Bold. As opiniões divergem quanto ao uso da
Helvetica, mas grande parte parece aprovar, como
é o caso do designer italiano Massimo Vignelli:
Você pode dizer “eu te amo” com Helvetica. E você
pode dizê-lo com Helvetica Extra light se você
quiser ser muito charmoso. Ou você pode falar com
Extra Bold se quiser parecer intenso e apaixonado,
e você sabe, vai funcionar. [...] Algumas pessoas
acreditam que a tipografia deve ser expressiva. Eles
tem uma visão diferente da minha. (VIGNELLI apud
HUSTWIT, 2007)
Inicialmente, a tipografia era um processo
de impressão através de um tipo móvel. Esses
tipos móveis já existiam na China, mas eram feitos
de madeira. Johann Gutenberg os aperfeiçoou
e criou tipos de metal, fazendo com que eles
pudessem ser reutilizados, o que não acontecia
com os de madeira. A criação desses tipos móveis,
e consequentemente da prensa gráfica, foi um
marco na história, pois possibilitou a impressão e
difusão em massa de textos.
Atualmente, após a invenção da fotografia
e, posteriormente, do computador, a tipografia
tomou outros rumos, ganhando cada vez mais
importância e tornando-se cada vez mais visível.
11. MEGGS, Philip B. e PURVIS, Alston W. A História
do Design Gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2009.