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Teledramaturgia  missionária:  como  o  gênero  ‘telenovela’  se  insere  na
categoria ‘educação’


                                                                                                      Letícia Breves Xavier1


RESUMO:  este  artigo  busca  o  entendimento  sobre como as telenovelas atuais ­ pós 1990 ­ assumem
um  caráter  educativo  em  torno  de  temas  considerados  socialmente  relevantes,  com  o  objetivo  de
esclarecer  a  população  e  como  o  gênero  faz   uso  de  diversos  elementos  formais  e  discursivos.
Embasado  nas  concepções  de  Aronchi  de  Souza  acerca  da  classificação  dos  gêneros,  o  artigo  se
propõe  a  identificar  as  características  de  programas  televisivos  da  categoria  ‘educação’  que  são
incorporadas  pelas   telenovelas.  Para  isso,  faz  uso  das  reflexões  de  Muniz  Sodré  sobre  a  linguagem
televisiva e como ela é apropriada para atender a este objetivo.


          1. Categorias e Gêneros


          Segundo  Aronchi,  “costumamos  ordenar  tudo  que  existe  em  diferentes  grupos  ou  categorias:
animais,  vegetais,  veículos   automotores,  eletrodomésticos,  etc”.  A  separação  dos  programas  de
televisão em categorias, portanto, atende à essa necessidade de classificar os gêneros correspondentes.


                  Por  isso,   a  categoria  abrange  vários  gêneros  e  é  capaz  de  classificar  um  número  bastante
                  diversificado  de  elementos  que  se  constituem,  na  concepção  de  Martín­Barbero,  no  elo que  une o
                  espaço  da  produção,  os  anseios  dos  produtores  culturais   e  os  desejos  do  público  receptor.  A
                  divisão   dos  programas  de  televisão  em  categorias   inicia  o  processo  de  identificação  do  produto,
                  seguindo o conceito indutrial assumido pelo mercado de produção. (SOUZA, 2006)


          A  televisão  brasileira  tem  seus  programas  classificados  em  cinco  categorias:  entretenimento,
informação,  educação,  publicidade  e  outros.  Os  gêneros  que  fazem  parte  da  categoria  entretenimento
são:  auditório,  colunismo  social,  culinário,  desenho  animado,  docugrama,  esportivo,  filme,  game  show
(competição),  humorístico,  infantil,  interativo,  musical,  novela,  quiz  show,  reality  show,  revista,  série,


1
     Graduanda do curso de Estudos de mídia, da Universidade Federal Fluminense.
                                                                                                                                   1
série  brasileira,  sitcom,   talk  show,  teledramaturgia,  variedades,  western.  Os  gêneros   que fazem parte
da categoria educação são: educativo, instrutivo.
        Porém,  Aronchi  também  indica  que  o  processo  de  classificação  dos  programas   não  impede  a
inter­relação de categorias.


                Nos  últimos  anos,  em  alguns  países  as  emissoras  perceberam  que  a  televisão  educativa  e  a  de
                entretenimento  não  são  necessariamente  incompatíveis.  Cada  vez  mais,  os   formatos  de
                entretenimento  (...)  estão  sendo  utilizados  para  transmitir  à  audiência  mensagens  educativas.  Essa
                inovadora  estratégia  de  mídia  é  denominada  entretenimento­educação e definida como inserção de
                conteúdo  educativo  em  mensagens  de  entretenimento  com  o  intuito de ampliar o conhecimento  de
                um assunto ou tópico. (SOUZA, 2006)


        Partindo  da  ideia  de   que  todo  programa  de  televisão,  qualquer  que  seja  sua  categoria,  deve
sempre  entreter,  mas  pode  também  informar  e  educar,  é  possível  levar  esta  discussão  para  o  campo
das  telenovelas.  Nas  novelas  brasileiras  transmitidas  à  partir  do  início  da  década  de  1990,  além  do
objetivo  principal  de  entreter,  há  um  ensejo  para  tratar  de  temas  relacionados à cidadania e esclarecer
o  telespectador  sobre  problemas  e  demandas  de  determinados  grupos  sociais  marginalizados, ou seja,
educar a população acerca de algum tema socialmente relevante específico.
        Na  programação  televisiva  atual  é  perceptível  a  existência  de  programas  originalmente  feitos
para  entrar  em  outras  categorias,  mas  que  possuam  algum  tipo  de  tema  relacionado  à  educação  ou
esclarecimento do telespectador.
        A  telenovela,  no  Brasil,   é  um  dos  tipos  de   programa  que  mais  consegue  atingir  os  diferentes
públicos  e,  por  isso,  é  o  gênero  que  mais   utiliza  mensagens  socioeducativas  em  seu  conteúdo.   Um
exemplo  de  sua  valorização  é  a  própria  grade  de  programação.  A  novela  é  transmitida  de  5  a  6  dias
por  semana,  em  horário  nobre  (18h às 21h), sem falar nas reprises de novelas antigas na parte da tarde
­ especialmente na Rede Globo.




                                                                                                                                2
Gráfico 1
Composição da programação diurna da TV aberta.
Disponível em: http://midiadados.digitalpages.com.br; Acesso em 20/02/2013


                                                                             3
Gráfico 2
Composição da programação noturna da TV aberta.


                                                  4
Disponível em: http://midiadados.digitalpages.com.br; Acesso em 20/02/2013



        Conforme  pode  ser visto nos gráficos  1  e 2, a telenovela tem uma participação grande na grade
de  programação  em  diversas  emissoras  de  TV  aberta.  Com  destaque  no  SBT  na  grade  diurna,  de
forma  que  o  gênero  representa  21%  da  programação.   No  horário  noturno,  entre  18h  e  00h,  a  Rede
Globo apresenta maior relevância: 48% dos programas exibidos são do gênero telenovela.


        2. A televisão geralista


        Há  duas  formas  de   televisão  e  a  relação  indivíduo­massa,  a  televisão   geralista  e  a  dos  canais
fragmentados.  Entre  as  principais  características  da  primeira,  estão:  a  produção  massiva  e  lucrativa,  o
fator  de integração social e de identidade coletiva, o conteúdo “democrático”, a mesclagem de gêneros,
a  aceitação  da  heterogeneidade  e  um  princípio  de  comunicação  que  transcende  as  diferenças  sociais.
Segundo  Dominique  Wolton,  a  televisão  de  massa  garante  um  vasto  mercado  e,  consequentemente,
grandes lucros. A televisão geralista é, portanto, aquela que permite maximizar os lucros, principalmente
pelo  fato  de  possuir  uma  grade  de  programação  bastante  ampla  e  consequentemente  atingir  diversos
tipos de público.
        A  televisão  geralista  é,  também,  um  fator  de integração social e de identidade coletiva e isso se
dá  pela  existência  de uma mistura eclética de populações, classes sociais, etnias, culturas diversificadas,
valores  e  religiões  de   todos  os  tipos.  Este tipo de televisão também é justificada por ter sido concebida
para  oferecer  ao  público  uma  diversidade  de  programas  que  permitisse  ao  telespectador  distrair­se,
informar­se  e  educar­se.  A  televisão  geralista  é  também  a  única  que  consegue  misturar  programas   de
entretenimento com informação, dois grandes gêneros da origem do sucesso da televisão.
        Essa  ideia  de programação da TV geralista é o que obriga a televisão de massa a produzir todo
tipo  de  programa.  Ou  seja,  uma  programação  que  seja  aceita  por  todo  tipo  de  público,  mesmo  que
com  diferenças  de horário, traduzindo uma aceitação ­ por parte dela ­ da heterogeneidade de gostos e
de  aspirações.  A  programação  da  TV  aberta brasileira é formatada, portanto, para captar aos poucos,
todos  os  membros  da  família.  Inicia­se  com  apenas  um  e,  ao  final  do  dia,  com  a telenovela de horário
nobre, consegue reunir todos à sua frente.

                                                                                                              5
3. A linguagem televisiva


        Antes  de  falar  especificamente  da  linguagem  das  telenovelas,  é  necessário  trazer  à  tona   as
reflexões  de  Muniz   Sodré  acerca  da  linguagem  televisiva.  Para  Muniz,  a  forma  televisiva  simula
operacionalmente  o  mundo,  ou  os  modelos  atuantes  do  mundo  (SODRÉ,  2001).  Ou  seja,  a realidade
contemporânea  ao  que  é  transmitido  na  TV  e  os  detalhes  cotidianos  são  retratados  da  forma  mais
realística  possível,  para  garantir  proximidade  e  reconhecimento  pelo  público.  Para  garantir  essa
proximidade,  a  linguagem   da  televisão  tenta  simular  o  contato  íntimo,  através  da  tela,  com  o
telespectador,  e   para  isso,  precisa  se  apoiar  na  família  fazendo  uso  da  função  fática,  que  tem  o
objetivo  de  sustentar  a   comunicação  entre  falante  e   ouvinte,  fortalecendo uma relação de proximidade.
No  caso  da  teledramaturgia,  Aronchi  nos  auxilia  nessa  questão  quando  diz  que  o  gênero  telenovela
desafia  o  conceito   de  telespectador  passivo  ou  de  TV  como  fonte  de  alienação,  visto  que  o  brasileiro
percebe que sua vida está retratada nos folhetins diários. (SOUZA, 2006)
        Isso  ocorre  porque  o  ambiente  de  recepção  das  mensagens  passadas  pela  TV  é  o  espaço
familiar.  O  telespectador  é  interpretado  pela  televisão   como  indivíduo  membro  da comunidade familiar
e  isso  explica,  portanto,   porque  as  telenovelas  usam  a  casa  como  unidade  de  lugar  de  seus  dramas.
Através da simulação do espaço íntimo e familiar, a linguagem da TV reforça o estatuto individualista da
pessoa  humana.  Com  isso,  os  personagens  se  dirigem  aos  telespectadores,  através  desse  contato
individualizado,  supostamente  em  condições  idênticas.  Aqueles  que  estão  do  outro  lado  da  tela  são
vistos em termos de igualdade pelo receptor.
        A  linguagem  televisiva  é   preparada  com  diversos  objetivos,  e  um  deles  é  o  de  atingir  todos os
tipos  de  público  ­  neste  caso,  falando  da  TV  geralista,  pois  ela  aposta  nos  grandes  fatores  de
identificação  coletiva  (WOLTON,  1996).  Há um efeito provocado pela linguagem televisiva que Muniz
Sodré  chama  de  desindividualização  do  sujeito  e  isto  ocorre  pelo  uso de uma linguagem uniformizante.
É  pelo  uso  desse  tipo  de linguagem que a televisão consegue atingir todos, ou pelo menos, quase todos
os  tipos  de  público  ­  em  relação  a  gênero,  idade, classe social, entre outros. A televisão faz uso de um
outro  recurso,  com  o  objetivo  de  simular  um  diálogo  em  contato  familiar  com  o  público,  a  retórica do


                                                                                                             6
direto,  onde  o  que  aparece  no  vídeo  pretende  ser  apreendido  como  simultâneo  ao  tempo  do
espectador.  Isso  pode  ser  notado,  em  telenovelas  brasileiras,  por  exemplo,  quando  se  faz  menção  a
alguma  campanha  real,  em  que  os  personagens  da  trama  se  dispõem  a  participar.  Além  disso,  a  TV
também  tenta  se  aproximar  do  ritmo  vivo e concreto do espectador. Isso significa que, para dar a ideia
de  que  o  que  está  aparecendo  no  vídeo  procura  acompanhar  o  tempo  que  se  levaria  no  real  para
cumprir  certas  tarefas,  como  por  exemplo:  o  tempo  de  fazer  uma  ligação  na  cena  tenta  ser  o  mesmo
tempo entendido pelo telespectador como “tempo real de se fazer uma ligação”.


        4. A telenovela como gênero


        Para  criar  a  resposta  desejada  do  telespectador,  a  produção  das  novelas  faz  uso  de  diversos
elementos:  melodrama,  tipos,  atores,  diálogos,  locações,  cenários,  propriedades,  música,  figurino,
maquiagem,  planos  de   câmeras,  horário,  edição  e  outros recursos discursivos ou formais que ajudam a
criar  o  ar  ficcional  do  gênero.  O  melodrama  apresenta  uma  estrutura  simples:  num  plano  “opõe
personagens  representativos  de  valores  opostos:  vício  e  virtude”  e  num  outro  “alterna  momentos  de
extrema  desolação  e  desespero  com  outros  de  serenidade  ou  de  euforia,  fazendo  a  mudança  com
espantosa  velocidade”.  No  final  a  virtude  é recompensada  e o mal, punido;  a boa ordem confirma­se e
é  assim  que  deve  permanecer  para  sempre.  (SILVA,  2005)  Na  telenovela  brasileira,  embora  a
estrutura  seja  um  pouco  mais  complexa  que  “bem  versus  mal”  e  as  personagens  tenham  um
aprofundamento  psicológico  maior,  os  elementos  básicos  do  melodrama  se  fazem   presentes.  A
oposição  “Bem/Mal”,   momentos  de  serenidade,  alegria  e  felicidade  alternando­se  com  outros  de
aflição,  tristeza  e  desolação  ­  os  sentimentos  positivos  logo  ameaçados  por  interferência  e  atuação  do
Mal  (SILVA,  2005)  são  elementos  clássicos  do  melodrama  que  ainda  são  encontrados  na
teledramaturgia atual.
        A  telenovela  é  ainda  o  gênero  campeão  de  audiência da televisão brasileira e reflete momentos
da  história,  dita  modas,  mexe   com  o  comportamento  da  sociedade,  influencia  outras  artes,  presta
serviços  sociais,  e  assim,  se  liga  à  vida  do  brasileiro  de  diversas  faixas  etárias  e  classes  sociais.  A
novela  brasileira busca ­ e consegue captar ­ vários públicos com a mesma fórmula,  já que seu formato


                                                                                                                7
é  utilizado  em praticamente todas as produções do gênero: capítulos diários sequenciados com duração
de 30 a 40 minutos, contendo as matrizes do melodrama clássico, já citadas acima.


        5. A novela como “entretenimento­educação”


        Há  um  caráter  socioeducativo  nas  telenovelas  atuais,  e  isto  pode   ser  notado  pelo  uso  de
diversos recursos discursivos e formais na construção da trama e dos personagens.


                As  redes  brasileiras  desenvolveram  um   tipo  de  texto  na  novela  que  estimula  a  interação  familiar
                cotidiana  até  quando  come,  lê  e conversa,  possibilitando ao telespectador deixar de assistir alguns
                capítulos  sem  perder  a  sequência  da  trama.  Os  assuntos  tratados  são  conflitos  de  interesses,  luta
                de classes sociais, frequentemente no cenário urbano. (SOUZA, 2006)


        A  inserção  da  novela  brasileira  na  categoria  “educação”  pode  ser  justificada  à  partir  de  uma
prática que iniciou­se à partir do início dos anos 1990, quando a novela passa a tratar a realidade social
contemporânea  ao  telespectador,  e  principalmente  para  esclarecê­lo  sobre  problemas   e  demandas  de
determinados  grupos  sociais  marginalizados  pela  sociedade  brasileira, como homossexuais, deficientes,
portadores  de  doenças  que  sofrem  algum  tipo  de  preconceito,  e  outros  assuntos  considerados
relevantes  para  a  sociedade.  Até  o  fim  da  década  de  1980,  as  telenovelas  tratavam  de  temas  mais
genéricos,  como  a  corrupção,  ou  a  impunidade,  com  narrativas  mais  gerais  sobre  o  assunto.  À  partir
dos  anos 1990, o gênero passou a tratar  de temas mais específicos, relacionados à cidadania de grupos
sociais  considerados fora do padrão da maioria, tentando à partir daí exercer um papel educativo sobre
o comportamento do público e  mostrando modelos de cidadania em torno dos quais os personagens da
trama são construídos de forma idealizada.
        Uma  prática  chamada  Merchandising Social, é um dos recursos utilizados pelas  telenovelas  da
Rede  Globo  desde  o  início  dos  anos  1990,  e  iniciou­se  a  partir  de  uma  consultoria  realizada  pela
empresa  Comunicarte.  Seu  objetivo  é  a  inserção  sistematizada  e  com  fins  educativos  de  questões
sociais  em  telenovelas e minisséries (SCHIAVO, 2002), com o objetivo de esclarecer o público acerca
destes  assuntos  à  partir  dos  personagens  da  trama,  que  se  tornam formadores de opinião e agentes de
disseminação  das  inovações   sociais  e,  muitas  vezes,  com os quais o público mantém uma identificação.


                                                                                                                                  8
Segundo  pesquisa  da  Comunicarte,  só  em  2001  foram  feitas  483  cenas  socioeducativas  contendo
merchandising social nas oito telenovelas transmitidas pela Rede Globo naquele ano.
        Entramos  aqui  em  uma  questão  mercadológica.  A  telenovela  é  o  gênero  mais  rentável  na
história  da  televisão  mundial,  é   ela  que  sustenta  a  televisão  brasileira.  Esse  sucesso   perceptível  do
gênero  é  composto  pela   atração  do  público  pelo  universo  ficcional  que  molda  as  novelas  e  pela
rentabilidade   econômica  que  ela  proporciona.  Segundo  Aronchi,  o  gênero  telenovela  despontou como
uma das maiores linhas de entretenimento­educação nos países em desenvolvimento.


        O  merchandising  social  é  tido  como   uma  das  mais  poderosas  ferramentas  de  pedagogia
social.  Seus  impactos  são  mensurados  ao  fim  de  cada  produção  teledramatúrgica,  em  termos  de
eficácia, eficiência e efetividade das ações e cenas de merchandising social veiculadas.


                Um   aspecto  importante  deste  recurso  é  o  tratamento  dado  às  questões  sociais  que   são
                abordadas:  não  se  limita  somente  a  mostrar  os problemas, há  uma ênfase  nas  alternativas
                de  solução,  de  forma  que  indicam­se  estratégias  de  ação  simples,  eficazes  e  de  fácil
                aplicação pelos telespectadores em seu cotidiano. (SCHIAVO, 2002)


        Portanto,  o  objetivo  maior  do  merchandising  social  é   o   de  obter  ações  que  enfatizem  as
alternativas  de  solução,  indicando  estratégias  de  ação  simples,  eficazes  e  de  fácil  aplicação  pelo
telespectador,  possibilitando  a  ele,  após  refletir  e  criticar,  tirar  suas  conclusões  –  orientadas  pelas
mensagens educativas embutidas nas cenas – e adotar possíveis soluções.




        6. Referências bibliográficas


        SOUZA,  José  Carlos  Aronchi  de.  Gêneros  e   formatos  na  televisão  brasileira.  São  Paulo:
Summus, 2004.
        SODRÉ,  Muniz.  O  monopólio  da  fala  –  Função  e  linguagem  da  televisão   no   Brasil.
Petrópolis: Vozes, 2001.

                                                                                                              9
WOLTON,  Dominique.  Elogio  do  grande  público  ­  Uma  teoria  crítica  da  televisão.  São
Paulo: Ática, 1996.
       SCHIAVO,  Márcio  Ruiz.  As  telenovelas  e  a  Construção  da  Cidadania. In: NP14 ­ Núcleo de
Pesquisa Ficção Seriada, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação, 2002, Salvador.
       SILVA,  Flávio  Luiz  Porto e. Melodrama, folhetim e telenovela ­ anotações para um estudo
comparativo.




                                                                                                 10

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Telenovelas e educação: como o gênero se insere na categoria de programas educativos

  • 1. Teledramaturgia  missionária:  como  o  gênero  ‘telenovela’  se  insere  na categoria ‘educação’ Letícia Breves Xavier1 RESUMO:  este  artigo  busca  o  entendimento  sobre como as telenovelas atuais ­ pós 1990 ­ assumem um  caráter  educativo  em  torno  de  temas  considerados  socialmente  relevantes,  com  o  objetivo  de esclarecer  a  população  e  como  o  gênero  faz   uso  de  diversos  elementos  formais  e  discursivos. Embasado  nas  concepções  de  Aronchi  de  Souza  acerca  da  classificação  dos  gêneros,  o  artigo  se propõe  a  identificar  as  características  de  programas  televisivos  da  categoria  ‘educação’  que  são incorporadas  pelas   telenovelas.  Para  isso,  faz  uso  das  reflexões  de  Muniz  Sodré  sobre  a  linguagem televisiva e como ela é apropriada para atender a este objetivo. 1. Categorias e Gêneros Segundo  Aronchi,  “costumamos  ordenar  tudo  que  existe  em  diferentes  grupos  ou  categorias: animais,  vegetais,  veículos   automotores,  eletrodomésticos,  etc”.  A  separação  dos  programas  de televisão em categorias, portanto, atende à essa necessidade de classificar os gêneros correspondentes. Por  isso,   a  categoria  abrange  vários  gêneros  e  é  capaz  de  classificar  um  número  bastante diversificado  de  elementos  que  se  constituem,  na  concepção  de  Martín­Barbero,  no  elo que  une o espaço  da  produção,  os  anseios  dos  produtores  culturais   e  os  desejos  do  público  receptor.  A divisão   dos  programas  de  televisão  em  categorias   inicia  o  processo  de  identificação  do  produto, seguindo o conceito indutrial assumido pelo mercado de produção. (SOUZA, 2006) A  televisão  brasileira  tem  seus  programas  classificados  em  cinco  categorias:  entretenimento, informação,  educação,  publicidade  e  outros.  Os  gêneros  que  fazem  parte  da  categoria  entretenimento são:  auditório,  colunismo  social,  culinário,  desenho  animado,  docugrama,  esportivo,  filme,  game  show (competição),  humorístico,  infantil,  interativo,  musical,  novela,  quiz  show,  reality  show,  revista,  série, 1  Graduanda do curso de Estudos de mídia, da Universidade Federal Fluminense. 1
  • 2. série  brasileira,  sitcom,   talk  show,  teledramaturgia,  variedades,  western.  Os  gêneros   que fazem parte da categoria educação são: educativo, instrutivo. Porém,  Aronchi  também  indica  que  o  processo  de  classificação  dos  programas   não  impede  a inter­relação de categorias. Nos  últimos  anos,  em  alguns  países  as  emissoras  perceberam  que  a  televisão  educativa  e  a  de entretenimento  não  são  necessariamente  incompatíveis.  Cada  vez  mais,  os   formatos  de entretenimento  (...)  estão  sendo  utilizados  para  transmitir  à  audiência  mensagens  educativas.  Essa inovadora  estratégia  de  mídia  é  denominada  entretenimento­educação e definida como inserção de conteúdo  educativo  em  mensagens  de  entretenimento  com  o  intuito de ampliar o conhecimento  de um assunto ou tópico. (SOUZA, 2006) Partindo  da  ideia  de   que  todo  programa  de  televisão,  qualquer  que  seja  sua  categoria,  deve sempre  entreter,  mas  pode  também  informar  e  educar,  é  possível  levar  esta  discussão  para  o  campo das  telenovelas.  Nas  novelas  brasileiras  transmitidas  à  partir  do  início  da  década  de  1990,  além  do objetivo  principal  de  entreter,  há  um  ensejo  para  tratar  de  temas  relacionados à cidadania e esclarecer o  telespectador  sobre  problemas  e  demandas  de  determinados  grupos  sociais  marginalizados, ou seja, educar a população acerca de algum tema socialmente relevante específico. Na  programação  televisiva  atual  é  perceptível  a  existência  de  programas  originalmente  feitos para  entrar  em  outras  categorias,  mas  que  possuam  algum  tipo  de  tema  relacionado  à  educação  ou esclarecimento do telespectador. A  telenovela,  no  Brasil,   é  um  dos  tipos  de   programa  que  mais  consegue  atingir  os  diferentes públicos  e,  por  isso,  é  o  gênero  que  mais   utiliza  mensagens  socioeducativas  em  seu  conteúdo.   Um exemplo  de  sua  valorização  é  a  própria  grade  de  programação.  A  novela  é  transmitida  de  5  a  6  dias por  semana,  em  horário  nobre  (18h às 21h), sem falar nas reprises de novelas antigas na parte da tarde ­ especialmente na Rede Globo. 2
  • 5. Disponível em: http://midiadados.digitalpages.com.br; Acesso em 20/02/2013 Conforme  pode  ser visto nos gráficos  1  e 2, a telenovela tem uma participação grande na grade de  programação  em  diversas  emissoras  de  TV  aberta.  Com  destaque  no  SBT  na  grade  diurna,  de forma  que  o  gênero  representa  21%  da  programação.   No  horário  noturno,  entre  18h  e  00h,  a  Rede Globo apresenta maior relevância: 48% dos programas exibidos são do gênero telenovela. 2. A televisão geralista Há  duas  formas  de   televisão  e  a  relação  indivíduo­massa,  a  televisão   geralista  e  a  dos  canais fragmentados.  Entre  as  principais  características  da  primeira,  estão:  a  produção  massiva  e  lucrativa,  o fator  de integração social e de identidade coletiva, o conteúdo “democrático”, a mesclagem de gêneros, a  aceitação  da  heterogeneidade  e  um  princípio  de  comunicação  que  transcende  as  diferenças  sociais. Segundo  Dominique  Wolton,  a  televisão  de  massa  garante  um  vasto  mercado  e,  consequentemente, grandes lucros. A televisão geralista é, portanto, aquela que permite maximizar os lucros, principalmente pelo  fato  de  possuir  uma  grade  de  programação  bastante  ampla  e  consequentemente  atingir  diversos tipos de público. A  televisão  geralista  é,  também,  um  fator  de integração social e de identidade coletiva e isso se dá  pela  existência  de uma mistura eclética de populações, classes sociais, etnias, culturas diversificadas, valores  e  religiões  de   todos  os  tipos.  Este tipo de televisão também é justificada por ter sido concebida para  oferecer  ao  público  uma  diversidade  de  programas  que  permitisse  ao  telespectador  distrair­se, informar­se  e  educar­se.  A  televisão  geralista  é  também  a  única  que  consegue  misturar  programas   de entretenimento com informação, dois grandes gêneros da origem do sucesso da televisão. Essa  ideia  de programação da TV geralista é o que obriga a televisão de massa a produzir todo tipo  de  programa.  Ou  seja,  uma  programação  que  seja  aceita  por  todo  tipo  de  público,  mesmo  que com  diferenças  de horário, traduzindo uma aceitação ­ por parte dela ­ da heterogeneidade de gostos e de  aspirações.  A  programação  da  TV  aberta brasileira é formatada, portanto, para captar aos poucos, todos  os  membros  da  família.  Inicia­se  com  apenas  um  e,  ao  final  do  dia,  com  a telenovela de horário nobre, consegue reunir todos à sua frente. 5
  • 6. 3. A linguagem televisiva Antes  de  falar  especificamente  da  linguagem  das  telenovelas,  é  necessário  trazer  à  tona   as reflexões  de  Muniz   Sodré  acerca  da  linguagem  televisiva.  Para  Muniz,  a  forma  televisiva  simula operacionalmente  o  mundo,  ou  os  modelos  atuantes  do  mundo  (SODRÉ,  2001).  Ou  seja,  a realidade contemporânea  ao  que  é  transmitido  na  TV  e  os  detalhes  cotidianos  são  retratados  da  forma  mais realística  possível,  para  garantir  proximidade  e  reconhecimento  pelo  público.  Para  garantir  essa proximidade,  a  linguagem   da  televisão  tenta  simular  o  contato  íntimo,  através  da  tela,  com  o telespectador,  e   para  isso,  precisa  se  apoiar  na  família  fazendo  uso  da  função  fática,  que  tem  o objetivo  de  sustentar  a   comunicação  entre  falante  e   ouvinte,  fortalecendo uma relação de proximidade. No  caso  da  teledramaturgia,  Aronchi  nos  auxilia  nessa  questão  quando  diz  que  o  gênero  telenovela desafia  o  conceito   de  telespectador  passivo  ou  de  TV  como  fonte  de  alienação,  visto  que  o  brasileiro percebe que sua vida está retratada nos folhetins diários. (SOUZA, 2006) Isso  ocorre  porque  o  ambiente  de  recepção  das  mensagens  passadas  pela  TV  é  o  espaço familiar.  O  telespectador  é  interpretado  pela  televisão   como  indivíduo  membro  da comunidade familiar e  isso  explica,  portanto,   porque  as  telenovelas  usam  a  casa  como  unidade  de  lugar  de  seus  dramas. Através da simulação do espaço íntimo e familiar, a linguagem da TV reforça o estatuto individualista da pessoa  humana.  Com  isso,  os  personagens  se  dirigem  aos  telespectadores,  através  desse  contato individualizado,  supostamente  em  condições  idênticas.  Aqueles  que  estão  do  outro  lado  da  tela  são vistos em termos de igualdade pelo receptor. A  linguagem  televisiva  é   preparada  com  diversos  objetivos,  e  um  deles  é  o  de  atingir  todos os tipos  de  público  ­  neste  caso,  falando  da  TV  geralista,  pois  ela  aposta  nos  grandes  fatores  de identificação  coletiva  (WOLTON,  1996).  Há um efeito provocado pela linguagem televisiva que Muniz Sodré  chama  de  desindividualização  do  sujeito  e  isto  ocorre  pelo  uso de uma linguagem uniformizante. É  pelo  uso  desse  tipo  de linguagem que a televisão consegue atingir todos, ou pelo menos, quase todos os  tipos  de  público  ­  em  relação  a  gênero,  idade, classe social, entre outros. A televisão faz uso de um outro  recurso,  com  o  objetivo  de  simular  um  diálogo  em  contato  familiar  com  o  público,  a  retórica do 6
  • 7. direto,  onde  o  que  aparece  no  vídeo  pretende  ser  apreendido  como  simultâneo  ao  tempo  do espectador.  Isso  pode  ser  notado,  em  telenovelas  brasileiras,  por  exemplo,  quando  se  faz  menção  a alguma  campanha  real,  em  que  os  personagens  da  trama  se  dispõem  a  participar.  Além  disso,  a  TV também  tenta  se  aproximar  do  ritmo  vivo e concreto do espectador. Isso significa que, para dar a ideia de  que  o  que  está  aparecendo  no  vídeo  procura  acompanhar  o  tempo  que  se  levaria  no  real  para cumprir  certas  tarefas,  como  por  exemplo:  o  tempo  de  fazer  uma  ligação  na  cena  tenta  ser  o  mesmo tempo entendido pelo telespectador como “tempo real de se fazer uma ligação”. 4. A telenovela como gênero Para  criar  a  resposta  desejada  do  telespectador,  a  produção  das  novelas  faz  uso  de  diversos elementos:  melodrama,  tipos,  atores,  diálogos,  locações,  cenários,  propriedades,  música,  figurino, maquiagem,  planos  de   câmeras,  horário,  edição  e  outros recursos discursivos ou formais que ajudam a criar  o  ar  ficcional  do  gênero.  O  melodrama  apresenta  uma  estrutura  simples:  num  plano  “opõe personagens  representativos  de  valores  opostos:  vício  e  virtude”  e  num  outro  “alterna  momentos  de extrema  desolação  e  desespero  com  outros  de  serenidade  ou  de  euforia,  fazendo  a  mudança  com espantosa  velocidade”.  No  final  a  virtude  é recompensada  e o mal, punido;  a boa ordem confirma­se e é  assim  que  deve  permanecer  para  sempre.  (SILVA,  2005)  Na  telenovela  brasileira,  embora  a estrutura  seja  um  pouco  mais  complexa  que  “bem  versus  mal”  e  as  personagens  tenham  um aprofundamento  psicológico  maior,  os  elementos  básicos  do  melodrama  se  fazem   presentes.  A oposição  “Bem/Mal”,   momentos  de  serenidade,  alegria  e  felicidade  alternando­se  com  outros  de aflição,  tristeza  e  desolação  ­  os  sentimentos  positivos  logo  ameaçados  por  interferência  e  atuação  do Mal  (SILVA,  2005)  são  elementos  clássicos  do  melodrama  que  ainda  são  encontrados  na teledramaturgia atual. A  telenovela  é  ainda  o  gênero  campeão  de  audiência da televisão brasileira e reflete momentos da  história,  dita  modas,  mexe   com  o  comportamento  da  sociedade,  influencia  outras  artes,  presta serviços  sociais,  e  assim,  se  liga  à  vida  do  brasileiro  de  diversas  faixas  etárias  e  classes  sociais.  A novela  brasileira busca ­ e consegue captar ­ vários públicos com a mesma fórmula,  já que seu formato 7
  • 8. é  utilizado  em praticamente todas as produções do gênero: capítulos diários sequenciados com duração de 30 a 40 minutos, contendo as matrizes do melodrama clássico, já citadas acima. 5. A novela como “entretenimento­educação” Há  um  caráter  socioeducativo  nas  telenovelas  atuais,  e  isto  pode   ser  notado  pelo  uso  de diversos recursos discursivos e formais na construção da trama e dos personagens. As  redes  brasileiras  desenvolveram  um   tipo  de  texto  na  novela  que  estimula  a  interação  familiar cotidiana  até  quando  come,  lê  e conversa,  possibilitando ao telespectador deixar de assistir alguns capítulos  sem  perder  a  sequência  da  trama.  Os  assuntos  tratados  são  conflitos  de  interesses,  luta de classes sociais, frequentemente no cenário urbano. (SOUZA, 2006) A  inserção  da  novela  brasileira  na  categoria  “educação”  pode  ser  justificada  à  partir  de  uma prática que iniciou­se à partir do início dos anos 1990, quando a novela passa a tratar a realidade social contemporânea  ao  telespectador,  e  principalmente  para  esclarecê­lo  sobre  problemas   e  demandas  de determinados  grupos  sociais  marginalizados  pela  sociedade  brasileira, como homossexuais, deficientes, portadores  de  doenças  que  sofrem  algum  tipo  de  preconceito,  e  outros  assuntos  considerados relevantes  para  a  sociedade.  Até  o  fim  da  década  de  1980,  as  telenovelas  tratavam  de  temas  mais genéricos,  como  a  corrupção,  ou  a  impunidade,  com  narrativas  mais  gerais  sobre  o  assunto.  À  partir dos  anos 1990, o gênero passou a tratar  de temas mais específicos, relacionados à cidadania de grupos sociais  considerados fora do padrão da maioria, tentando à partir daí exercer um papel educativo sobre o comportamento do público e  mostrando modelos de cidadania em torno dos quais os personagens da trama são construídos de forma idealizada. Uma  prática  chamada  Merchandising Social, é um dos recursos utilizados pelas  telenovelas  da Rede  Globo  desde  o  início  dos  anos  1990,  e  iniciou­se  a  partir  de  uma  consultoria  realizada  pela empresa  Comunicarte.  Seu  objetivo  é  a  inserção  sistematizada  e  com  fins  educativos  de  questões sociais  em  telenovelas e minisséries (SCHIAVO, 2002), com o objetivo de esclarecer o público acerca destes  assuntos  à  partir  dos  personagens  da  trama,  que  se  tornam formadores de opinião e agentes de disseminação  das  inovações   sociais  e,  muitas  vezes,  com os quais o público mantém uma identificação. 8
  • 9. Segundo  pesquisa  da  Comunicarte,  só  em  2001  foram  feitas  483  cenas  socioeducativas  contendo merchandising social nas oito telenovelas transmitidas pela Rede Globo naquele ano. Entramos  aqui  em  uma  questão  mercadológica.  A  telenovela  é  o  gênero  mais  rentável  na história  da  televisão  mundial,  é   ela  que  sustenta  a  televisão  brasileira.  Esse  sucesso   perceptível  do gênero  é  composto  pela   atração  do  público  pelo  universo  ficcional  que  molda  as  novelas  e  pela rentabilidade   econômica  que  ela  proporciona.  Segundo  Aronchi,  o  gênero  telenovela  despontou como uma das maiores linhas de entretenimento­educação nos países em desenvolvimento. O  merchandising  social  é  tido  como   uma  das  mais  poderosas  ferramentas  de  pedagogia social.  Seus  impactos  são  mensurados  ao  fim  de  cada  produção  teledramatúrgica,  em  termos  de eficácia, eficiência e efetividade das ações e cenas de merchandising social veiculadas. Um   aspecto  importante  deste  recurso  é  o  tratamento  dado  às  questões  sociais  que   são abordadas:  não  se  limita  somente  a  mostrar  os problemas, há  uma ênfase  nas  alternativas de  solução,  de  forma  que  indicam­se  estratégias  de  ação  simples,  eficazes  e  de  fácil aplicação pelos telespectadores em seu cotidiano. (SCHIAVO, 2002) Portanto,  o  objetivo  maior  do  merchandising  social  é   o   de  obter  ações  que  enfatizem  as alternativas  de  solução,  indicando  estratégias  de  ação  simples,  eficazes  e  de  fácil  aplicação  pelo telespectador,  possibilitando  a  ele,  após  refletir  e  criticar,  tirar  suas  conclusões  –  orientadas  pelas mensagens educativas embutidas nas cenas – e adotar possíveis soluções. 6. Referências bibliográficas SOUZA,  José  Carlos  Aronchi  de.  Gêneros  e   formatos  na  televisão  brasileira.  São  Paulo: Summus, 2004. SODRÉ,  Muniz.  O  monopólio  da  fala  –  Função  e  linguagem  da  televisão   no   Brasil. Petrópolis: Vozes, 2001. 9
  • 10. WOLTON,  Dominique.  Elogio  do  grande  público  ­  Uma  teoria  crítica  da  televisão.  São Paulo: Ática, 1996. SCHIAVO,  Márcio  Ruiz.  As  telenovelas  e  a  Construção  da  Cidadania. In: NP14 ­ Núcleo de Pesquisa Ficção Seriada, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação, 2002, Salvador. SILVA,  Flávio  Luiz  Porto e. Melodrama, folhetim e telenovela ­ anotações para um estudo comparativo. 10