A RELAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE IDOSAS COM O ESTILO DE VIDA ATIVO
RELAÇÃO ENTRE PRÁTICAS DE ATIVIDADES FÍSICAS E NÍVEIS DE DEPRESSÃO EM IDOSAS
1. RELAÇÃO ENTRE PRÁTICAS DE ATIVIDADES FÍSICAS E NÍVEIS DE
DEPRESSÃO EM IDOSAS
VIEIRA, S.S.;a
NASCIMENTO, R.S.; a
LUZ NETO, T.A.; a
TRINDADE, G.R.G.N.; a
SUZUKI, F.S.;b c
a
Pesquisador GREPAFE-NOVE – UNINOVE – BRASIL
b
Pesquisador GREPAFE-NOVE – UNINOVE.
c
Docente da UNINOVE e Pesquisador da USJT – BRASIL
Profstella.edfisica@hotmail.com
Palavras chave: Atividade Física; Idosas; Depressão;
RESUMO
A depressão pode atingir até 50% da população acima dos 60 anos, trazendo consigo
queda exponencial da qualidade de vida destes indivíduos. No presente estudo foram
analisados os níveis de depressão em idosas. A amostra foi constituída por 45 mulheres
com idade igual ou superior a 60 anos, divididas em três grupos: I – praticantes de atividade
física regular; II – Frequentadoras de centros de convivência; III – Sedentárias. Observou-se
que a maioria das idosas participantes não é possuidora de graus de depressão,
principalemente no que remete as pertencentes aos grupos I e II. Considerando-se as
diferenças existentes entre os grupos e os resultados mensurados, conclui-se que as
atividades físicas/de lazer podem proporcionar uma melhor relação da população idosa com
a sociedade, diminuindo o declínio das atividades funcionais e sociais.
ABSTRACT
Depression can affect up to 50% of the population above 60 years, bringing with exponential
decay of the same quality of life.The present study focused on levels of depression in elderly
women. The sample consisted of 45 women aged over 60 years, divided into three groups: I
- regular physical activity practitioners; II - often community centers; III - Sedentary. It was
observed that most of the elderly participants is not in possession of degrees of depression,
especially when it refers to belonging to groups I and II. Considering the differences
2. between the groups and measured results, we conclude that physical
activity / recreation can provide better value for the elderly to society, reducing the decline
infunctional and social activities.
Keywords: Physical Activity, Elderly e Depression.
Introdução
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1995, estima-se que no
ano 2025 existirão cerca de 32 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.
Evidentemente, este aumento na expectativa de vida requer políticas públicas que
contemplem as necessidades desta população.
Os programas de atividade física devem fazer parte das políticas públicas, pois se
constituem em grandes aliados para o desenvolvimento e diminuição das perdas
decorrentes ao processo de envelhecimento.
A saúde física, socialização e a sensibilidade tornam-se importantes aliados para a
qualidade de vida, estimulando o idoso, o prazer de viver (LORDA; SANCHEZ, 2001). Neste
sentido, a prática de atividades física, por promover desenvolvimento integral, deve ser
inserida no dia a dia deste grupo específico.
O envelhecimento esta agregado a consideráveis perdas físicas, psicológicas e
sociais, constituindo-se assim como possível aspecto determinante para o desenvolvimento
da depressão (ZIMERMAN, 2000). Acredita-se que a atividade física e a vida social ativa,
seja uma alternativa eficaz na melhoria no estilo de vida no processo de envelhecimento,
minimizando ou até mesmo prevenindo a depressão em idosos. Diante deste notório
crescimento supracitado, pode-se considerar a atividade física como sendo parte
fundamental de um programa que auxilie o idoso de forma integral.
Atividade física, lazer e depressão.
A depressão pode ser conceituada como patologia caracterizada por desordem
afetiva muito dolorosa, que causa uma queda na auto-estima e humor que pode durar
semanas, meses ou anos (SILVA, 1999). Esta doença pode atingir até 50 % da população
idosa, trazendo não raras vezes conseqüências drásticas as quais afetam a qualidade de
vida destes indivíduos. E a perda da auto-estima pode impossibilitar o idoso de satisfazer
suas necessidades, impulsos ou até mesmo de se defender (OLIVEIRA, 2000).
De acordo com Oliveira (2000), poucos idosos sabem ou possuem informações
necessárias sobre a depressão e em sua maioria acreditam que ela pode ser tratada
naturalmente sem nenhuma intervenção especializada.
3. Florindo (2002), relatou que a prática de atividade física sistematizada em grupo
contribui para diminuição nos níveis de depressão, pois eleva a auto-estima do idoso e a
reequilibra, promovendo uma menor tendência a estados depressivos, além de uma maior
independência e autonomia nas realizações das tarefas da vida diária. Logo, entendemos
que a atividade física sirva como ponte para a integração do idoso ao seu meio social,
ampliando suas relações sociais e o estímulo ao convívio em grupos. Sendo uma grande
aliada contra a depressão.
Fonseca e Rabelo (2006) comentam que nos casos de depressão de graus leve a
moderado, a prática de atividades físicas pode ser utilizada como tratamento não-
medicamentoso, pois beneficia o convívio social, melhora a auto-estima, diminui a
ansiedade, sendo, em especial, um agente antidepressivo.
Sendo assim nos surgiu um questionamento, que norteou o presente estudo: Será
que a prática de atividades físicas na terceira idade pode ser utilizada como ferramenta no
auxilio contra depressão? Sendo assim, o presente estudo objetiva verificar os níveis de
depressão em um grupo de idosas.
Material e método
Este trabalho tem enfoque quantitativo, que segundo Thomas e Nelson (2002) tende
a centralizar a análise da situação problema e então separar e examinar os componentes da
pesquisa que são traduzidos em números, para classificá-los e organizá-los, sendo uma
ferramenta adequada para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos
entrevistados, pois utiliza instrumentos estruturados (questionários).
Foi utilizado um questionário de questões diretivas, para que obtivéssemos respostas
mais categorizáveis.
A amostragem desta pesquisa é não probabilística, devido às limitações de tempo e
pessoas necessárias para a realização de uma pesquisa com amostragem probabilística,
logo sem a quantidade de pessoas suficientes para uma escolha aleatória de indivíduos
pertencentes ao grupo.
A população é caracterizada por 45 mulheres idosas com idade igual ou superior a
60 anos, que compõe 3 (três) grupos para serem comparados entre si:
Grupo I: 15 idosas praticantes de atividade física sistematizada de hidroginástica
com frequência de três vezes por semana;
Grupo II: 15 idosas participantes de um centro de convivência para idosos,
realizando atividades de lazer com frequência de uma vez por semana;
Grupo III: 15 idosas não praticam nenhum tipo de atividade física sistematizada E
NÃO frequentam centros de convivência e lazer;
4. O instrumento utilizado para o diagnóstico de transtorno depressivo, recomendado
pela Organização Mundial da Saúde / CID-10, foi a Escala de Depressão Geriátrica de
Yesavage (1983), versão completa com 30 perguntas, em português, validado por Stoppe et
al. (1994). A opção por este questionário deve-se por oferecer medidas válidas e confiáveis,
além da facilidade de aplicação e análise dos resultados. Para mensuração do nível de
significância entres grupos foi aplicado o Test-t não pareado e bicaudal, utilizado para testar
hipóteses quantitativas e diferentes entre si (não pareado) e seu resultado poder ser acima
ou a baixo (bicaudal) do nível de significância determinado pela pesquisa (p ≤ 0, 005).
Todos as participantes foram informadas dos objetivos e procedimentos do estudo e
assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), aprovado pelo comitê de
ética e pesquisa (COEP) com o número de protocolo 394875, juntamente com o projeto
desta pesquisa.
Resultados e discussão
Ao analisar os dados do estudo observa-se que: no Grupo I 86,7% dos sujeitos não
apresentaram níveis de depressão, e 13,3% grau médio de depressão. Neste grupo nenhum
dos sujeitos apresentou níveis moderado/severo. No que remete ao Grupo II, das 15 idosas
participantes, 73,4% não apresentaram depressão e 26,6% grau médio de depressão.
Novamente nenhum dos sujeitos apresentou grau moderado/severo de depressão.
No Grupo III, composto por idosas sedentárias não frequentadoras de grupos
específicos de lazer, 66,7% apresentaram níveis normais, 26,6% foram caracterizadas com
níveis de depressão média, e 6,7% apresentaram graus de depressão
moderado/severo.
Gráfico 1: Porcentagem dos níveis de depressão em idosas nos grupos Grupo I, II e
III.
5. A partir dos dados obtidos neste estudo, observou-se uma pequena crescente na
incidência depressiva sequenciada do grupo I para grupo II, e em seguida o grupo III das
idosas inativas, onde existe um 6,7 % de depressão moderada/severa, maior diferencial em
relação ao outros grupos (Lazer e Atividade Física). Para analisar o nível de veracidade
desta diferença entre os grupos, o Test- t foi aplicado com o objetivo de mensurar o nivel
de significância do índice de depressão separadamente entre os grupo I e grupo II, grupo II
e III, e por úlitmo grupo I e III. O resultado para os testes foi p= 0,99, sendo este maior que
o nível de significancia que foi utilizado como parâmetro (p ≤ 0,005). De acordo com o Test-
t, estatisticamente não há diferença significativa entres os grupos.
Porém, uma associação entre menor intensidade de sintomas depressivos e melhor
qualidade de vida foi encontrada em nossos estudos, uma vez que o grupo de praticantes
de atividades físicas e das frequentadoras do centro de convivência e lazer, apresentaram
um menor índice de depressão em comparação ao grupo de idosas inativas.
Segundo Stella et al. (2005), a não identificação da depressão contribui para seu
agravamento, uma vez que a maioria dos casos de depressão não percebida pode ser
tratada como outras doenças relaciondas a população idosa. Por outro lado a atividade
física e atividade de lazer, auxiliam em diferentes maneiras a condição clínica geral e a
condição mental dos idosos deprimidos.
Cheik et al. (2003) realizou uma pesquisa com condições muito próximas do
presente estudo, conceituando que os beneficios da atividade física sistematizada são
maiores para o combate da depressão, em relação aos frequentadores de centros de
convivência e lazer e inativos. A pesquisa teve 54 sujeitos com idade igual ou superior a 60
anos, divididos em três grupos, o primeiro grupo de indivíduos sedentários, o segundo grupo
com idosos sedentários que passaram a praticar exercícios físicos regularmente, e um
terceiro grupo que participava de programas de atividade física não sistematizada com
caráter de lazer e entretenimento. Utilizou-se como ferramenta de análise o Inventário de
Beck (1961), para mensurar transtornos depressivos. Quando comparada esta ferramenta
com a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (1983), a diferença é pequena,
coincidindo no grau normal; Já o grau de depressão moderado-severa no Inventário de Beck
(1961) é grau de depressão média na Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (1983).
Os resultados do estudo de Cheik et al. (2003), demonstraram que tanto o grupo de lazer
como o grupo de iniciantes do programa de condicionamento físico, quando comparados na
avaliação, não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre eles. Os
indivíduos destes grupos apresentaram nível leve de depressão.
Já a pesquisa realizada por Oliveira et al. (2006), aplicou Escala de Depressão
Geriátrica de Yesavage (1983), em um grupo de 118 indivíduos, também com idade igual ou
superior a 60 anos, participantes de centros de convivência, divididas em grupos por faixa
6. etária com intervalos de cinco anos. Neste estudo, não foram encontradas diferenças
significativas quanto à presença de depressão nos diferentes grupos divididos por faixa
etária.
Pode-se considerar que os resultados obtidos através deste estudo apresentaram
semelhanças quando comparados a literatura já existente: os índices de depressão em
idosas são altos. Sugere-se, ainda, baseando-se nos resultados observados, que a
atividade física sistematizada pode contribuir para uma reversão neste quadro.
Conclusão
A partir dos resultados discutidos acima, pode-se concluir que mulheres idosas necessitam
de atividades físicas e convívio social, pois estes podem diminuir os níveis de depressão. A
atividade física e o convívio social, presentes nos grupos estudados, podem ter
proporcionado uma melhor relação da população idosa com a sociedade, diminuindo o
declínio das atividades funcionais, sociais e culturais, e consequentemente a incidência de
depressão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHEIK, N. C.; REIS, I. T.; HEREDIA, R. A. G.; VENTURA, M. L.; TUFIK, S.; ANTUNES, H.
K. M.; (2003) Efeitos do exercício físico e da atividade física na depressão e ansiedade
em indivíduos idosos. Revista Brasileira Ciência e Movimento., vol. 11, n. 3
FONSECA. A. F. A; RABELO, H. T. (2006). Análise do nível de depressão de idosas
praticantes de um programa de atividade física. Revista Digital de Educação Física, v.1,
Ago/dez.
FLORINDO. S. et al. (2006). Depressão no idoso: Diagnóstico, tratamento e benefícios
da atividade física. Revista Motriz, v.8 n.3, p.91-98. Rio Claro. Ago/dez Rio Claro.
LORDA, C. R ; SANCHEZ. C. D. (2001) Recreação na 3º idade. 3º. edição. Rio de Janeiro:
Sprint,
MATSUDO, S.M.; MATSUDO, V.K.R. (2000) Efeitos benéficos da atividade física na
aptidão física mental durante o processo de envelhecimento. Revista Brasileira
Atividade Física e Saúde, v.5, n°2.
7. MATSUDO, S. M. (2002) Envelhecimento, atividade física e saúde. Revista Mineira de
Educação Física, v.10, n.1, Viçosa/ MG.
OLIVEIRA, D.A.A.P.; GOMES, L.; OLIVEIRA, R.F. (2006) Prevalência de depressão em
idosos que freqüentam centros de convivência. Revista Saúde Publica, 40(4):734-6
ORGANIZAÇÂO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), 2005. Disponível em: www.who.int/en
Acesso em: 01 novembro 2010.
STELLA, F.; GOBBI,S.; CORAZZA, D.I.; COSTA, J.L.R. (2002) Depressão no Idoso:
Diagnóstico, Tratamento e Benefícios da Atividade Física. Revista Motriz. vol. 8, n. 3
TAMAI, S. (2002) Epidemiologia do envelhecimento no Brasil. Depressão e demência
no idoso. 2º. Edição. p11-24. São Paulo: Lemos Editorial.
TIER, C.G.; SANTOS, S.S.C.; PELZER, N,T.; BULHOSA, A.; (2007) Escalas de avaliação
da depressão em idosos. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 21, n. 2/3, p. 27-36,
maio/dez.
THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. (2002) Métodos de pesquisa em atividade física. Porto
Alegre: Artmed.
YESAVAGE, J. A., et al. (1983). Development and validation of a geriatric depression
screening scale: A preliminary report. Journal of Psychiatric Research, 17, 37-49.
ZIMERMAN, G. I. (2000) Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artmed,
Acesso em: 01 junho 2011.