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Neste livro, Jaime Walter refere
que Honório Pereira Barreto nasceu em Cacheu no dia 24 de Abril
de 1813, «filho de João Pereira Barreto, sargento-mor de Cacheu, e de Rosa de
Carvalho Alvarenga, havia muitos anos residente em Ziguinchor (…). Os seus
membros de longa data exerciam funções oficiais, pois já em 1766, Carlos de
Carvalho Alvarenga desempenhava o cargo de capitão-mor de Ziguinchofr, lugar
que por assim dizer foi sendo legado de pais a filhos. A preponderância dos
Alvarengas transmitia-se de tal modo, que Rosa de Carvalho era conhecida pela
designação de Rosa de Cacheu, e cegamente acatada a sua autoridade pelos
indígenas».
  Claro que Jaime Walter dedica algumas páginas apenas à
biografia de Honório Barreto essecialmente como figura de
governante da Guiné e não sobre a sua árvore genealógica, com
muitas páginas de transcrição de documentos da época, referentes
à sua governação, e várias sobre a Senegâmbia.
  Mas uma outra obra me despertou particular interesse, esta:




                                                                            1
por escalpelizar todos os laços
das famílias Barreto e Alverenga da Guiné nesta parte: Notas
Genealógicas de Proeminentes Famílias Luso-africanas no Século
XIX na Guiné, Origem e evolução das famílias mais influentes.
   E fui ver algumas coisas que ele diz, particularmente as
relacionados mais directamente com Honório Pereira Barreto.

  Família PEREIRA-BARRETO de Cacheu

  João Pereira Barreto
  Luso-africano nascido na ilha de Santiago, Cabo Verde, era
padre. Foi mandado para a Guiné em 1770, devido a uma relação
que tinha com uma escrava, de que lhe nasceram dois filhos (os
conhecidos…): João Pereira Barreto e António Teixeira Barreto. O
Padre Barreto foi capitão-mor de Cacheu em 1785-1786.
  António Teixeira Barreto
  Foi capitão de milícias no Cacheu em 1802-1803, sob o comando
do capitão-mor José Joaquim de Sousa Trovão, que foi deposto em
Novembro de 1803. Deve ter ido também, pois não há mais notícias
dele.

                                                               2
João Pereira Barreto
   Filho do Padre João Pereira Barreto, consta em documento da
época que era capitão-mor de Cacheu em Julho de 1804,
provavelmente como interino depois do afastamento de Sousa
Trovão até à nomeação do novo capitão-mor José António Pinto.
Tinha 29 anos nessa altura e era casado com Rosa de Carvalho
Alvarenga, de quem teve dois filhos: Maria Pereira Barreto e
Honório Pereira Barreto. Em 1814, então sargento-mor, foi um dos
cabecilhas (juntamente com António Miranda de Carvalho, tenente
de ordenanças, e com o padre Manuel Gomes de Oilveira) da revolta
contra o comandante de Cacheu, em Agosto de 1814
   António Pereira Barreto
   Foi alferes em Farim em 1828, solteiro e nascido em África.
   Joaquim Sousa Barreto
   Assinou em 1837 em Ziguinchor um protesto contra a ocupação
francesa de Casamansa.
   Francisco Salles Barreto
   Tenente, era o comandante militar de Cacheu em Outubro de
1855.
   Rosa de Carvalho Alvarenga
   O fundador da família Carvalho Alvarenga, a mais influente na
área de Ziguinchor-Casamansa na primeira metade do século XIX,
foi fundada por Carlos de Carvalho Alvarenga, capitão-cabo de
Ziguinchor em 1766. Era uma família de grandes comerciantes que
controlava a administração e o exército, ligada por laços
matrimoniais e económicos aos Carvalhos, Costas e outras famílias
euro-africanas da região do Cacheu-Casamansa. Rosa de Carvalho
Alvarenga, “Dona Rosa de Cacheu”, como era conhecida, casada
com João Pereira Barreto, foi mãe de Honório Pereira Barreto.
Parece ter sido filha de Manuel de Carvalho Alvarenga, que foi
capitão-mor de Ziguinchor e que, em 1803, chefiou os habitantes e
a guarnição de Cacheu numa petição para o afastamento do
capitão-mor Sousa Trovão, sendo depoissargento-mor de Cacheu
em 1806 por indicação do, a seguir, capitão-mor José António
Pinto.
   Alexandre Carvalho Alvarenga foi nomeado por Sousa Trovão
capitão-mor do Baluarte de Nossa Senhora da Luz de Ziguinchor em
                                                                3
1802. Era também filho de Manuel Carvalho de Alvarenga.Josefa de
Carvalho Alvarenga, irmã da “Dona Rosa”, conseguiu que o marido
desta, João Pereira Barreto, lhe conseguisse uma herança avaliada
em 1.70$00 réis por morte de seu marido, em 1818, o coronel
Manuel Dias de Moura. Quatro membros desta família lideraram o
protesto de 17 de Março de 1837 contra a vinda do navio francês
“Aigle d’Or”, que subiu o Casamansa para cima de Ziguinchor e fez
tratados com os régulos da zona;Francisco de Carvalho
Alvarenga(foi capitão-mor de Ziguinchor em 1844, 45 e 49; foi
Delegado Administrativo em 1961 a seguir a umas desordens em
Ziguinchor; foi novamente capitão-mor dessa feitoria em 1965
(quando concluiu um tratado com os régulo de Jame e Nhamol);era
tio de Honório Pereira Barreto, tinha irmãos:António, Estêvão de
Carvalho Alvarenga e Alexandre de Carvalho Alvarenga.
   Era uma família com muito poder, como se vê, em todo o
comércio, incluindo o de escravos. Consta mesmo que a poderosa
“Dona Rosa” dirigiu as negociações com os régulos para o negócio
de escravos com o apoio do seu filho Honório, mesmo quando este
já era governador.É também de supor que a luta deste para evitar o
ocupação pelos franceses da Casamansa não seria só por razão de
patriotismo mas também para defender os interesses da família.

  Honório Pereira Barreto
  Filho de João Pereira Barreto e deRosa de Carvalho Alvarenga,
Nasceu em Cacheu em 1813, segundo Walter, ou em 1810, segundo
Brooks. Foi mandado estudar em Lisboa, mas regressou em 1829,
por morte do pai, para dirigir a casa comercial deste. Em 30 de
Março de 1934, com 21 ou 24 anos, portanto, foi nomeado Provedor
de Cacheu. Meses depois, em Julho de 1834, o então governador da
Província, Manuel António Martins, nomeou-o presidente de uma
comissão para dirigir o Hospital Militar da Guiné e encarregou-o da
reparação das fortificações de Cacheu e de Bolor. Como Provedor
empenhou-se contra as surtidas estrangeiras e em dominar os
grumetes e gentios rebeldes. Contra estes subsidiou campanhas do
seu próprio bolso, e conseguiu-o comandando ele próprio as forças
militares, contra o estrangeiro muito pouco.

                                                                  4
Em Janeiro de 1837 foi chamado a Bissau. Quando lá chegou o
governador, José Eleutério Rocha Vieira, tinha morridoe o seu
substituto estava gravemente doente pelo que o encarregou do
governo, até 23 de Março desse ano, data em que foi oficialmente
nomeado Governador da Província o coronel Joaquim Pereira
Marinho. Por proposta deste, Honório Barreto foi nomeado
governador de Bissau e Cacheu em 23 de Maio, sendo ao mesmo
tempo nomeado tenente-coronel comandante do Batalhão de
Voluntários Caçadores Africanos de Cacheu e Ziguinchor. O
Governador Marinho foi mandado para Moçambique em Abril de
1839, e Honório Barreto pediu a demissão das funções de
governador. O Governo de Portugal agraciou-o coma Ordem de
Nossa Senhora de Vila Viçosa, que já tinha sido proposta por
Marinho, e demitiu-o das suas funções.
   Voltou à actividade de negócios em Cacheu. Em fins de 1843, o
ministro José Falcão encarregou-o de dirigir e organizar o corte e
remessa de madeiras da Guiné para o Arsenal da Marinha. Nos anos
de 1844 e 1845 fez doze convenções com régulos para cedência de
terrenos e reserva de navegação e comércio: oito na margem
direita do Casamansa e quatro na margem esquerda. Em Maio de
1845 ofereceu os contratos à Coroa, pelo que foi agraciado com a
comenda da Ordem de Cristo, em 16 de Julho.
   Em 1846 é novamente encarregado do governo de Cacheu.
Reconstruiu à sua custa a paliçada do seu forte. Em 18 de
Setembro desse ano foi agraciado pelo Duque de Palmela com o
grau de cavaleiro da Antiga e Mui Nobre Ordem da Torre e Espada,
de valor, lealdade e mérito. Agradeceu ao ministro e ofereceu ao
Estado as convenções que fizera com os régulos de Mata,
Corobitue e Picau Concarane. Deu-se, também nesse ano, uma
revolta de grumetes em Farim (onde a sua mãe, Dona Rosa, tinha
também posses), tendo ele pedido autorização ao governo da
província para organizar uma força para os dominar. E dominou-os
no dia 1 de Dezembro de 1846, após um combate de duas horas e
quarenta minutos. No entanto, foi João Pereira, soldado em Farim,
que foi acusado de ter incendiado as casas dos grumetes para pôr
fim à revolta. Em 2 de Maio de 1853 rebenta uma rebelião no
presídio de Geba, tendo Honório partido para lá no dia 10 para a
                                                                 5
dominar. Conseguiu-o dez dias depois. Após a pacificação de Geba
foisolicitada a sua intervenção para obter uma paz com os papéis
que parecia não mais se realizar. Tentou negociar mas os
comandos não aceitaram as suas propostas.
   No final de 1853 assumiu o governo interino de Bissau, tendo-o
entregue ao seu proprietário, capitão-tenente Romão Ferreira, em
Fevereiro do ano seguinte. Em 3 de Março de 1854 é nomeado
tenente-coronel de 2ª linha e a 29 desse mês assume novamente a
interinidade de governador, por morte de Romão Ferreira. Um
decreto de 29 de Janeiro de 1855 transformou a nomeação em
definitiva, por um período de três anos. Nesse ano fez uma proposta
que lhe fosse aumentado o vencimento de 1.000$00 réis para
1.500$00. Imposeram-lhe condições para isso que ele não aceitou.
   Em 13 de Junho de 1857 ofereceu ao Governo o território de
Varela, que era propriedade de seu pai. No ano seguinte, no fim do
triénio portanto, concederam-lhe a demissão que ele já pedira e
entregou o governo a Costa Falcão a 19 de Abril. No antanto voltou
ao governo interinamente a 7 d Agosto de 1858 e em definitivo por
decreto de 30 de Novembro.
   Estava nesse posto quando faleceu, por caquexia palustre
(anemia profunda causada pelo paludismo), às 8 horas e meia do
dia 26 d Abril de 1859.




                                                                  6
Honório Pereira Barreto nunca casou, mas foi conhecido como
pai de vários filhos. Os de que há notícia:
   Ernesto Augusto Pereira Barreto
   Casado com Genoveva da Costa, filha de José Maria da Costa e
Inês da Costa, era meia irmã de Edwiges Pereira Barreto.
   Edwiges Pereira Barreto
   Casou com Richard Turpin, comerciante franco-fricano de Saint-
Louis, Senegal.Filha de Honório e de Inês da Costa, mulher do
comerciante José Maria da Costa, sapateiro de Lisboa deportado
para a Guiné. Este, apoiado pela mulher do Sr. Moniz, conseguiu o
máximo de liberdade consentida a um degredado e estabeleceu-se
como comerciante em Bolor, onde comprou uma jovem de Sonco,
casou com ela e deu-lhe o nome de Inês da Costa. Honório Barreto
acusou-o de chefiar a revolta dos grumetes e mandingas de Farim e
sequestrou-lhe os bens para pagamento das despesas da guerra.
Enamorou-se depois da Inês da Costa, mas ela recusou as suas
pretensões e Honório Barreto mandou o marido dela para Geba.
Para conseguir o regresso do marido para Cacheu Inês submeteu-
se, tendo então nascido a Edwiges. Ao saber do caso, José Maria
da Costa morreu de desgosto em Geba.
   Rufino Pereira Barreto
   Filho de Honório e de Cristina Gomes Baião, falecido e sepultado
em Bolama em 25 de Março de 1897.
   Carlos Honório Barreto
   Filho de Honório e de Cristina Gomes Baião, assinou o tratado de
cessão à coroa portuguesa da aldeia de Bianga, no rio Bassarel, em
Outubro de 1855.
   Nuno Pompílio Barreto
   Filho de Honório Barreto e de Isabel Gomes, assinou o tratado de
Varela em Março de 1857, é descrito como «pertencente à casa de
D. Rosa Carvalho Alvarenga, e filho de Cacheu”. Em 1860 tinha a
feitoria “Ponta Cacheu” na margem do Rio Grande.
   Maria Rosa Pereira Barreto
   Casou e teve cinco filhos do filho de Inês Costa e José Maria da
Costa,Cleto José da Costa. Este sabia do procedimento de Barreto
para com a sua mãe, causa da morte de seu pai, mas não se
preocupou em casar com a filha do ilustre Barreto, concedendo
                                                                  7
apelidos aos seus filhos, o que parece ter sido a causa da
promoção na sua carreira, que culminou em 1890 com a nomeação
de director da Alfândega de Cacheu. Tinha considerável influência
junto dos africanos locais, havendo quem se interrogasse se era
por qualidades pessoais ou pela reputação da família da sua
mulher.
  Outros filhos de que se sabe só o nome, não constando mais
indicações
  Rosa
  Casada com Francisco José Benefício.
  João Pereira Barreto
  Pedro
  Catarina
  Ludgero
  Heitor
  António
  Amadeo
  Rosália
  Clementina
  Balbina




                                                                8

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Família Pereira Barreto de Cacheu

  • 1. Neste livro, Jaime Walter refere que Honório Pereira Barreto nasceu em Cacheu no dia 24 de Abril de 1813, «filho de João Pereira Barreto, sargento-mor de Cacheu, e de Rosa de Carvalho Alvarenga, havia muitos anos residente em Ziguinchor (…). Os seus membros de longa data exerciam funções oficiais, pois já em 1766, Carlos de Carvalho Alvarenga desempenhava o cargo de capitão-mor de Ziguinchofr, lugar que por assim dizer foi sendo legado de pais a filhos. A preponderância dos Alvarengas transmitia-se de tal modo, que Rosa de Carvalho era conhecida pela designação de Rosa de Cacheu, e cegamente acatada a sua autoridade pelos indígenas». Claro que Jaime Walter dedica algumas páginas apenas à biografia de Honório Barreto essecialmente como figura de governante da Guiné e não sobre a sua árvore genealógica, com muitas páginas de transcrição de documentos da época, referentes à sua governação, e várias sobre a Senegâmbia. Mas uma outra obra me despertou particular interesse, esta: 1
  • 2. por escalpelizar todos os laços das famílias Barreto e Alverenga da Guiné nesta parte: Notas Genealógicas de Proeminentes Famílias Luso-africanas no Século XIX na Guiné, Origem e evolução das famílias mais influentes. E fui ver algumas coisas que ele diz, particularmente as relacionados mais directamente com Honório Pereira Barreto. Família PEREIRA-BARRETO de Cacheu João Pereira Barreto Luso-africano nascido na ilha de Santiago, Cabo Verde, era padre. Foi mandado para a Guiné em 1770, devido a uma relação que tinha com uma escrava, de que lhe nasceram dois filhos (os conhecidos…): João Pereira Barreto e António Teixeira Barreto. O Padre Barreto foi capitão-mor de Cacheu em 1785-1786. António Teixeira Barreto Foi capitão de milícias no Cacheu em 1802-1803, sob o comando do capitão-mor José Joaquim de Sousa Trovão, que foi deposto em Novembro de 1803. Deve ter ido também, pois não há mais notícias dele. 2
  • 3. João Pereira Barreto Filho do Padre João Pereira Barreto, consta em documento da época que era capitão-mor de Cacheu em Julho de 1804, provavelmente como interino depois do afastamento de Sousa Trovão até à nomeação do novo capitão-mor José António Pinto. Tinha 29 anos nessa altura e era casado com Rosa de Carvalho Alvarenga, de quem teve dois filhos: Maria Pereira Barreto e Honório Pereira Barreto. Em 1814, então sargento-mor, foi um dos cabecilhas (juntamente com António Miranda de Carvalho, tenente de ordenanças, e com o padre Manuel Gomes de Oilveira) da revolta contra o comandante de Cacheu, em Agosto de 1814 António Pereira Barreto Foi alferes em Farim em 1828, solteiro e nascido em África. Joaquim Sousa Barreto Assinou em 1837 em Ziguinchor um protesto contra a ocupação francesa de Casamansa. Francisco Salles Barreto Tenente, era o comandante militar de Cacheu em Outubro de 1855. Rosa de Carvalho Alvarenga O fundador da família Carvalho Alvarenga, a mais influente na área de Ziguinchor-Casamansa na primeira metade do século XIX, foi fundada por Carlos de Carvalho Alvarenga, capitão-cabo de Ziguinchor em 1766. Era uma família de grandes comerciantes que controlava a administração e o exército, ligada por laços matrimoniais e económicos aos Carvalhos, Costas e outras famílias euro-africanas da região do Cacheu-Casamansa. Rosa de Carvalho Alvarenga, “Dona Rosa de Cacheu”, como era conhecida, casada com João Pereira Barreto, foi mãe de Honório Pereira Barreto. Parece ter sido filha de Manuel de Carvalho Alvarenga, que foi capitão-mor de Ziguinchor e que, em 1803, chefiou os habitantes e a guarnição de Cacheu numa petição para o afastamento do capitão-mor Sousa Trovão, sendo depoissargento-mor de Cacheu em 1806 por indicação do, a seguir, capitão-mor José António Pinto. Alexandre Carvalho Alvarenga foi nomeado por Sousa Trovão capitão-mor do Baluarte de Nossa Senhora da Luz de Ziguinchor em 3
  • 4. 1802. Era também filho de Manuel Carvalho de Alvarenga.Josefa de Carvalho Alvarenga, irmã da “Dona Rosa”, conseguiu que o marido desta, João Pereira Barreto, lhe conseguisse uma herança avaliada em 1.70$00 réis por morte de seu marido, em 1818, o coronel Manuel Dias de Moura. Quatro membros desta família lideraram o protesto de 17 de Março de 1837 contra a vinda do navio francês “Aigle d’Or”, que subiu o Casamansa para cima de Ziguinchor e fez tratados com os régulos da zona;Francisco de Carvalho Alvarenga(foi capitão-mor de Ziguinchor em 1844, 45 e 49; foi Delegado Administrativo em 1961 a seguir a umas desordens em Ziguinchor; foi novamente capitão-mor dessa feitoria em 1965 (quando concluiu um tratado com os régulo de Jame e Nhamol);era tio de Honório Pereira Barreto, tinha irmãos:António, Estêvão de Carvalho Alvarenga e Alexandre de Carvalho Alvarenga. Era uma família com muito poder, como se vê, em todo o comércio, incluindo o de escravos. Consta mesmo que a poderosa “Dona Rosa” dirigiu as negociações com os régulos para o negócio de escravos com o apoio do seu filho Honório, mesmo quando este já era governador.É também de supor que a luta deste para evitar o ocupação pelos franceses da Casamansa não seria só por razão de patriotismo mas também para defender os interesses da família. Honório Pereira Barreto Filho de João Pereira Barreto e deRosa de Carvalho Alvarenga, Nasceu em Cacheu em 1813, segundo Walter, ou em 1810, segundo Brooks. Foi mandado estudar em Lisboa, mas regressou em 1829, por morte do pai, para dirigir a casa comercial deste. Em 30 de Março de 1934, com 21 ou 24 anos, portanto, foi nomeado Provedor de Cacheu. Meses depois, em Julho de 1834, o então governador da Província, Manuel António Martins, nomeou-o presidente de uma comissão para dirigir o Hospital Militar da Guiné e encarregou-o da reparação das fortificações de Cacheu e de Bolor. Como Provedor empenhou-se contra as surtidas estrangeiras e em dominar os grumetes e gentios rebeldes. Contra estes subsidiou campanhas do seu próprio bolso, e conseguiu-o comandando ele próprio as forças militares, contra o estrangeiro muito pouco. 4
  • 5. Em Janeiro de 1837 foi chamado a Bissau. Quando lá chegou o governador, José Eleutério Rocha Vieira, tinha morridoe o seu substituto estava gravemente doente pelo que o encarregou do governo, até 23 de Março desse ano, data em que foi oficialmente nomeado Governador da Província o coronel Joaquim Pereira Marinho. Por proposta deste, Honório Barreto foi nomeado governador de Bissau e Cacheu em 23 de Maio, sendo ao mesmo tempo nomeado tenente-coronel comandante do Batalhão de Voluntários Caçadores Africanos de Cacheu e Ziguinchor. O Governador Marinho foi mandado para Moçambique em Abril de 1839, e Honório Barreto pediu a demissão das funções de governador. O Governo de Portugal agraciou-o coma Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa, que já tinha sido proposta por Marinho, e demitiu-o das suas funções. Voltou à actividade de negócios em Cacheu. Em fins de 1843, o ministro José Falcão encarregou-o de dirigir e organizar o corte e remessa de madeiras da Guiné para o Arsenal da Marinha. Nos anos de 1844 e 1845 fez doze convenções com régulos para cedência de terrenos e reserva de navegação e comércio: oito na margem direita do Casamansa e quatro na margem esquerda. Em Maio de 1845 ofereceu os contratos à Coroa, pelo que foi agraciado com a comenda da Ordem de Cristo, em 16 de Julho. Em 1846 é novamente encarregado do governo de Cacheu. Reconstruiu à sua custa a paliçada do seu forte. Em 18 de Setembro desse ano foi agraciado pelo Duque de Palmela com o grau de cavaleiro da Antiga e Mui Nobre Ordem da Torre e Espada, de valor, lealdade e mérito. Agradeceu ao ministro e ofereceu ao Estado as convenções que fizera com os régulos de Mata, Corobitue e Picau Concarane. Deu-se, também nesse ano, uma revolta de grumetes em Farim (onde a sua mãe, Dona Rosa, tinha também posses), tendo ele pedido autorização ao governo da província para organizar uma força para os dominar. E dominou-os no dia 1 de Dezembro de 1846, após um combate de duas horas e quarenta minutos. No entanto, foi João Pereira, soldado em Farim, que foi acusado de ter incendiado as casas dos grumetes para pôr fim à revolta. Em 2 de Maio de 1853 rebenta uma rebelião no presídio de Geba, tendo Honório partido para lá no dia 10 para a 5
  • 6. dominar. Conseguiu-o dez dias depois. Após a pacificação de Geba foisolicitada a sua intervenção para obter uma paz com os papéis que parecia não mais se realizar. Tentou negociar mas os comandos não aceitaram as suas propostas. No final de 1853 assumiu o governo interino de Bissau, tendo-o entregue ao seu proprietário, capitão-tenente Romão Ferreira, em Fevereiro do ano seguinte. Em 3 de Março de 1854 é nomeado tenente-coronel de 2ª linha e a 29 desse mês assume novamente a interinidade de governador, por morte de Romão Ferreira. Um decreto de 29 de Janeiro de 1855 transformou a nomeação em definitiva, por um período de três anos. Nesse ano fez uma proposta que lhe fosse aumentado o vencimento de 1.000$00 réis para 1.500$00. Imposeram-lhe condições para isso que ele não aceitou. Em 13 de Junho de 1857 ofereceu ao Governo o território de Varela, que era propriedade de seu pai. No ano seguinte, no fim do triénio portanto, concederam-lhe a demissão que ele já pedira e entregou o governo a Costa Falcão a 19 de Abril. No antanto voltou ao governo interinamente a 7 d Agosto de 1858 e em definitivo por decreto de 30 de Novembro. Estava nesse posto quando faleceu, por caquexia palustre (anemia profunda causada pelo paludismo), às 8 horas e meia do dia 26 d Abril de 1859. 6
  • 7. Honório Pereira Barreto nunca casou, mas foi conhecido como pai de vários filhos. Os de que há notícia: Ernesto Augusto Pereira Barreto Casado com Genoveva da Costa, filha de José Maria da Costa e Inês da Costa, era meia irmã de Edwiges Pereira Barreto. Edwiges Pereira Barreto Casou com Richard Turpin, comerciante franco-fricano de Saint- Louis, Senegal.Filha de Honório e de Inês da Costa, mulher do comerciante José Maria da Costa, sapateiro de Lisboa deportado para a Guiné. Este, apoiado pela mulher do Sr. Moniz, conseguiu o máximo de liberdade consentida a um degredado e estabeleceu-se como comerciante em Bolor, onde comprou uma jovem de Sonco, casou com ela e deu-lhe o nome de Inês da Costa. Honório Barreto acusou-o de chefiar a revolta dos grumetes e mandingas de Farim e sequestrou-lhe os bens para pagamento das despesas da guerra. Enamorou-se depois da Inês da Costa, mas ela recusou as suas pretensões e Honório Barreto mandou o marido dela para Geba. Para conseguir o regresso do marido para Cacheu Inês submeteu- se, tendo então nascido a Edwiges. Ao saber do caso, José Maria da Costa morreu de desgosto em Geba. Rufino Pereira Barreto Filho de Honório e de Cristina Gomes Baião, falecido e sepultado em Bolama em 25 de Março de 1897. Carlos Honório Barreto Filho de Honório e de Cristina Gomes Baião, assinou o tratado de cessão à coroa portuguesa da aldeia de Bianga, no rio Bassarel, em Outubro de 1855. Nuno Pompílio Barreto Filho de Honório Barreto e de Isabel Gomes, assinou o tratado de Varela em Março de 1857, é descrito como «pertencente à casa de D. Rosa Carvalho Alvarenga, e filho de Cacheu”. Em 1860 tinha a feitoria “Ponta Cacheu” na margem do Rio Grande. Maria Rosa Pereira Barreto Casou e teve cinco filhos do filho de Inês Costa e José Maria da Costa,Cleto José da Costa. Este sabia do procedimento de Barreto para com a sua mãe, causa da morte de seu pai, mas não se preocupou em casar com a filha do ilustre Barreto, concedendo 7
  • 8. apelidos aos seus filhos, o que parece ter sido a causa da promoção na sua carreira, que culminou em 1890 com a nomeação de director da Alfândega de Cacheu. Tinha considerável influência junto dos africanos locais, havendo quem se interrogasse se era por qualidades pessoais ou pela reputação da família da sua mulher. Outros filhos de que se sabe só o nome, não constando mais indicações Rosa Casada com Francisco José Benefício. João Pereira Barreto Pedro Catarina Ludgero Heitor António Amadeo Rosália Clementina Balbina 8