O documento resume conceitos-chave da filosofia de Santo Agostinho, incluindo sua explicação da origem do mal como privação de ser e não como substância, sua teoria da iluminação onde a razão é auxiliada pela fé, e sua distinção entre a Cidade Terrena e a Cidade de Deus.
2. FILOSOFIA
MEDIEVAL
• - A QUEDA DE ADÃO E
EVA
• A EXPLICAÇÃO DA
ORIGEM DO HOMEM
• O INICIO DO
CRISTIANISMO
• A CONCEPÇÃO DE
LIBERDADE HUMANA
3. SANTO AGOSTINHO
– VIDA
Agostinho de Hipona (354-430) foi
um teólogo, bispo da Igreja católica
e filósofo do Império Romano que
contribuiu profundamente para a
institucionalização da Filosofia
cristã da Igreja.
A partir do estudo da Filosofia de
Platão, ele foi o primeiro a produzir
o concílio entre a fé e a razão
filosófica helênica.
Agostinho fez uma adaptação da
Filosofia platônica para a
sistematização do pensamento
cristão. Dessa forma, sua Filosofia é
um legado fundamental para a
estruturação da Teologia cristã
ocidental.
5. Santo Agostinho – Contexto histórico
◦ Agostinho viveu entre os séculos IV e V, época marcada por
profundas transformações no Ocidente europeu: a decadência
do Império Romano, que passava por uma crise de ordem
econômica, política e social; e a consolidação do cristianismo
como religião e unidade cultural na Europa.
◦ Imperador Constantino – Edito de Milão – Cristianismo
se torna a religião do império.
◦ A atuação pública dos bispos foi uma ferramenta fundamental
para a expansão da Igreja na região mediterrânea, sobretudo
na África romanizada, terra de Agostinho.
6. Santo Agostinho – Formação
◦ Agostinho lecionou Retórica em Cartago, Roma e Milão e, nesta última cidade, teve contato com os sermões de Santo Ambrósio (c.
340-397), um dos mais influentes membros do clero no século IV. Tais sermões despertaram seu interesse inicialmente pela qualidade
literária, e não pelo conteúdo religioso.
◦ Leitura de obras de Cícero (106-43 a.C.), um dos mais importantes filósofos da Roma antiga, o que lhe proporcionou grande prazer e
culto à sabedoria.
◦ Instituto Patrístico Augustinianum Rome
8. O maniqueísmo
◦ Maniqueu – Manes – Profeta Iraniano.
◦ Anjo anuncia que será um Profeta.
◦ Zoroastrismo – doutrina do bem e mal
◦ o materialismo maniqueísta, os indivíduos
devem buscar o bem (a luz) para se libertar do
mal (a matéria).
◦ Hoje se emprega recorrentemente o termo
“maniqueísta” para qualificar alguém que
polariza bem e mal de modo absoluto e
irreconciliável.
9. Agostinho de Hipona – Qual é a origem do Mal?
Um encontro de Agostinho com um bispo
maniqueísta chamado Fausto convenceu-lhe sobre a
insustentabilidade
dessa corrente de pensamento, pois, diante de várias
dúvidas colocadas por Agostinho, como “Qual é a
origem do mal? Deus é limitado por forma
corpórea, tem cabelo e unhas?”,
10. Santo Agostinho –
Neoplatonismo
Noção de Deus como substância
espiritual.
Não interpretar a bíblia literalmente.
Plotino – (205-270) - O divino é algo
transcendental.
Noção do Uno, ideia que concebe o
mundo como originado por um princípio
racional e regido por uma entidade
superior e transcendente. O Uno está além
de todas as categorias do ser e do não ser.
Agostinho, ao se apropriar de tal
pensamento, substituiu a ideia do “Uno”
por “Deus”. Tal conceito foi muito
relevante para que a Teologia agostiniana
compreendesse a existência divina sem a
necessidade de uma noção materialista e
corpórea.
11. Santo Agostinho – Neoplatonismo
◦ Ao retomar a Filosofia de Platão, com base no neoplatonismo, pode-se dizer que o teólogo não “platonizou” o cristianismo, mas,
sim, o contrário: “cristianizou” Platão.
◦ Agostinho ultrapassou as doutrinas dos maniqueus e dos neoplatônicos e construiu a própria teoria a respeito dos problemas
que lhe ocupavam: a origem do mal, a liberdade, a graça e a predestinação, além de outros temas, como veremos a seguir. Suas
principais obras foram O livre-arbítrio, Confissões e A Cidade de Deus.
13. Santo Agostinho – O Livre Arbítrio
◦ Contrapondo o intelectualismo moral proposto
pelo filósofo grego Sócrates, Agostinho
defende a ideia de que a vontade é uma força
neutra, incapaz de diferenciar o bem do mal.
◦ A vontade é como um poder dado ao ser
humano por Deus para que ele, aproximando-
se de Deus, possa desfrutar da felicidade. Mas
os seres humanos, ao fazerem escolhas por
meio de sua vontade livre, dos seus atos
voluntários, podem desviar-se do bem.
14. Santo Agostinho – O Livre Arbítrio
◦ O que conduz os atos humanos é a vontade, e é por isso que existe o pecado: os seres humanos pecam porque
usam o livre-arbítrio, e somente a graça divina pode salvá-los.
◦ O mal se origina do fato de a vontade do ser humano dirigir-se, em suas escolhas, ao que não está de acordo
com o único bem absoluto, que é Deus. O fato de termos recebido de Deus uma vontade livre é, para nós, um
grande bem. O problema está no mau uso dessa vontade livre.
◦ Em O livre-arbítrio, Agostinho diz que somente os seres humanos são detentores da razão. Para ele, existem três
realidades: ser, viver e entender, sendo esta última exclusiva aos seres humanos.
16. Santo Agostinho- Teoria da Iluminação
◦ No processo rumo à verdade, Agostinho argumenta existir
uma iluminação divina que permite a elevação da inteligência
humana para compreender a verdade, que é Deus: universal,
imutável e eterno.
◦ A razão, dessa forma, é iluminada pela fé. A iluminação
divina é uma luz que permite ao ser humano obter
compreensão.
◦ Para explicar o que é essa iluminação, o filósofo faz uma
analogia e diz que Deus é para a alma tal como o Sol é
para os olhos. Dessa forma, Deus é uma luz que ilumina
os seres humanos e permite que a verdade seja
conhecida. Se o Sol é a luz do mundo natural, Deus é a
fonte eterna da verdade, revelada ao intelecto pela
chamada luz divina.
17. Santo Agostinho-
Teoria da
Iluminação
A fé revela as verdades ao ser
humano e a razão esclarece o
que a fé antecipou. A iluminação
divina não dispensa o
conhecimento racional, pois fé e
razão são complementares. A
união entre a fé e a razão segue
uma hierarquia, tendo em vista
que a razão é um auxílio à fé, ou
seja, está submetida.
19. Santo Agostinho- O Problema do Mal
◦ Agostinho encontrou no neoplatonismo (pela metafísica em substituição à ideia materialista) a resolução para a questão do mal: o
mal não é ser, mas, sim, deficiência e privação de ser. O mal não existe porque Deus é bom e tudo cria; dessa forma, o mal não pode
existir, porque todas as coisas são boas. Logo, o mal não é uma substância: se fosse, seria boa.
◦ Agostinho analisa o problema do mal sob três perspectivas: metafísico-ontológica, moral e física:
◦ 1. Metafísico-ontológica: o mal não existe como substância.
◦ 2. Moral: o mal moral é uma aversão a Deus, fruto das escolhas dos seres humanos que, em vez de optarem
◦ pelo bem supremo, que é o próprio Criador, optam pelos bens inferiores no lugar dos bens superiores.
◦ 3. Física: o mal físico, como dores e sofrimento, é consequência do pecado original, ou seja, uma consequência do mal moral.
◦ A reflexão de Agostinho sobre o livre-arbítrio está diretamente ligada à sua resposta sobre o problema do mal, de modo a entender o pecado – ou
o mal moral – como consequência da vontade livre, da escolha, da submissão da razão às paixões.
20. Santo Agostinho- Cidade de Deus
◦ No Salmo 87: Cidade de Deus. Nela, Agostinho descreve o mundo, dividido entre aquele dos seres humanos (o
mundo terreno) e aquele dos céus (o mundo espiritual).
◦ As duas cidades representam as duas formas de se viver a vida: segundo a carne ou segundo o espírito.
◦ A cidade terrena (o mundo terreno) corresponde ao amor da soberba, o amor a si mesmo. A cidade celestial, de
Deus, corresponde ao amor de Deus, o amor que o conduz a negar até a si mesmo para amar a Deus.
◦ As duas cidades são separadas porque têm origens diferentes. A cidade terrena é fruto do apetite humano para o
domínio, a vingança, a soberba e a avareza. Já a Cidade de Deus é a dos seres humanos que têm consciência de
sua pequenez, desprezam as coisas terrenas e buscam a paz de Deus. Essa cidade nasce com o desejo do bem
aos outros, à imitação do Pai que dá sua graça, tomando como exemplo a generosidade divina.