As três frases essenciais do documento são:
1) O documento discute os limites do crescimento econômico contínuo propostos por Herman Daly e as políticas macroeconômicas necessárias para uma transição para a sustentabilidade.
2) Daly defende limites como o limite econômico, o limite de futilidade e o limite da catástrofe ecológica para orientar as políticas e mudar o foco da maximização do crescimento para o bem-estar das pessoas e dos ecossistemas.
3) O
2. Aula do dia 5 de agosto (segunda-feira)
Tema: Buen Vivir
Professora: Bruna Muriel Huertas Fuscaldo
Atividade opcional complementar:
Fichamento do texto base:
Acosta, A. (2012). O Buen Vivir. Uma oportunidade de imaginar
outro mundo. Em: BARTELT, Dawid Danilo, C. Moreno, and M. de
Paula. "Um campeão visto de perto." Uma Análise do Modelo de
Desenvolvimento Brasileiro. Rio de Janeiro, Heinrich Böll Stiftung
(2012), p.198-216. Disponível em:
http://br.boell.org/sites/default/files/downloads/alberto_acosta.pdf
4. Beyond Growth: the economics of sustainable development
Daly, Herman E., 1994.
Daly, Herman E. "Desenvolvimento
sustentável: definições, princípios,
políticas." Cadernos de estudos sociais, 18,
no. 2 (2002).
+
Daly, Herman E. “Ajustes Necessários”. Em:
"Sustentabilidade em um mundo
lotado." Scientific American 41 (2005): 92-9.
6. Michael RedCliff
Oxymoro Desenvolvimento - Sustentabilidade
• Oxímoro é o uso de duas palavras contraditórias para definir
um conceito
Desenvolvimento Sustentável
REDCLIFT, Michael R. Sustainable development: exploring the contradictions. London: Routledge, 1987.
REDCLIFT, Michael R. The meaning of sustainable development. Geoforum, v. 23, n. 3, p. 395-403, 1992.
REDCLIFT, Michael R Sustainable development (1987-2005): an oxymoron comes of age. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre,
v. 12, n. 25, p. 65-84, jan./jun. 2006.
7. Michael Redclift
Mudança do foco de necessidades para
direitos e escolhas
Desenvolvimento Sustentável como
conceito e política em formação em uma
arena de pontos de vista conflituosos
Aceitar o conceito plano do Relatório
Brundtland esconde os conflitos
REDCLIFT, Michael R. Pós-sustentabilidade e os novos discursos da sustentabilidade.
Raízes, Campina Grande, v. 21, n. 1, p. 124-136, jan./jun. 2002.
9. Concepção de Desenvolvimento Sustentável
Relatório Brutland
• Desenvolvimento que atenda as necessidades das gerações
presentes, sem comprometer as das gerações futuras
Herman Daly – Estado estacionário
• Desenvolvimento sem crescimento além da capacidade de
suporte do ambiente
o Desenvolvimento: qualitativo
o Crescimento: quantitativo
• Crescimento sustentável é oximoro
• Desenvolvimento sustentável não é oxímoro
Daly, Herman E. Beyond Growth: the economics of sustainable development. Beacon Press 1994
10. Objetivos da política macroeconômica
Política macroeconômica tradicional:
• Cada vez mais coisas, para cada vez mais pessoas, sem limites
• Eficiência em primeiro lugar
Sustentabilidade
• Maximizar o número de vidas através do tempo, considerando
a restrição de riqueza per capita para uma boa vida.
• Vida em primeiro lugar
• Concepções abertas:
o Vidas humanas e não humanas
o O que é uma boa vida?
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
Daly, Herman E. Beyond Growth: the economics of sustainable development. Beacon Press 1994
11. O desafio da transição para a sustentabilidade
Transformar um avião em pleno vôo em uma revoada de pássaros
http://famgus.se/Pictures/TCA-47310E.jpg https://local.theonion.com/local-goose-finally-lands-spot-at-tip-of-v-1822767606
Concepção mecanicista
Consumo de combustíveis fósseis
Comportamento individualista / hierárquico
Concepção ecológica
Consumo de combustíveis renováveis
Comportamento cooperativo
Não dá para parar o avião para reformá-lo
Farrel, Katherine N. Producing ecological economy. Real-world economics review. 87: 23-32. 2019
Seres humanos ≠ Pássaros
12. Limite econômico
• Utilidade marginal iguala-se à desutilidade marginal
• Benefício total nulo
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
Crescimento Econômico Crescimento Antieconômico
UtilidadeouDesutilidade
Utilidade excede Desutilidade Desutilidade excede Utilidade
Limite Econômico
Limite da
catástrofe
ecológica
Limite da Futilidade
Produção e consumo crescentes
13. Limite de futilidade:
• Utilidade marginal cai a zero.
• Mais bens e dinheiro não trazem mais felicidade
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
Crescimento Econômico Crescimento Antieconômico
UtilidadeouDesutilidade
Utilidade excede Desutilidade Desutilidade excede Utilidade
Limite Econômico
Limite da
catástrofe
ecológica
Limite da Futilidade
Produção e consumo crescentes
14. Limite da catástrofe ecológica
• Colapso da biosfera e clima -> ponto de não retorno
• Não sabemos com certeza em que ponto vai ocorrer
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
Crescimento Econômico Crescimento Antieconômico
UtilidadeouDesutilidade
Utilidade excede Desutilidade Desutilidade excede Utilidade
Limite Econômico
Limite da
catástrofe
ecológica
Limite da Futilidade
Produção e consumo crescentes
15. Utilidade e desutilidade para quem?
• Antropocentrismo: ser humano
• Ecocentrismo: todos os seres vivos
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
Crescimento Econômico Crescimento Antieconômico
UtilidadeouDesutilidade
Utilidade excede Desutilidade Desutilidade excede Utilidade
Limite Econômico
Limite da
catástrofe
ecológica
Limite da Futilidade
Produção e consumo crescentes
16. Renda per capita ($)
ÍndicedeFelicidade
Inglehart, R., & Klingemann, H.-D. (2000). Genes, culture, democracy, and happiness. In E. Diener & E. M. Suh
(Eds.), Culture and subjective well-being (pp. 165-183). Cambridge, MA, US: The MIT Press.
O que significam as linhas pontilhadas em relação a
• Relação entre utilidade e desutilidade marginal?
• Limite econômico?
• Limite de futilidade?
17. Como interpretar o gráfico abaixo, com a
abordagem de Herman Daly?
Kubiszewski, Ida; Costanza, Robert; Franco, Carol; Lawn, Philip; Talberth, John; Jackson, Tim; Aylmer, Camille (September 2013). "Beyond
GDP: Measuring and achieving global genuine progress". Ecological Economics. 93: 57–68. doi:10.1016/j.ecolecon.2013.04.019
PIB per capita vs. Índice de Progresso Genuíno per capita
PIB/capita
IGP/capita
18. Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on
Growth and Sustainability. Edward Elgar Publishing.
Mundo Vazio
Energia solar
Reciclagem
Matéria
Energia
Matéria
Energia
Ecossistemas
Calor
serviços
econômicos
serviços ecossistêmicos
Bem
estar
Mundo Lotado
Energia solar
Reciclagem
Ecossistemas
Calor
serviços
econômicos
Bem
estar
Economia
serviços ecossistêmicos
EconomiaMatéria
Energia
Matéria
Energia
19. É justo com os demais seres vivos?
Plantas
Animais
Economia
Humana
Economia da Natureza
incluindo seres humanos
Plantas
Economia
Humana
Após crescimento
econômico
Animais
O’Naill, Danny. Changing the Paradigm. The transition from uneconomics growth to sustainability
https://steadystate.org/discover/video-audio-and-presentations/
20. Conhecimento e Sustentabilidade
Importações cruzadas de biscoitos americanos e holandeses
com propriedade intelectual
Impactos do
transporte
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
21. Conhecimento e Sustentabilidade
Por que não compartilhar as receitas?
Compartilhamento do conhecimento contribui para a
sustentabilidade local e diminui dependência
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
22. Estratégias discursivas da elite econômica
Já entenderam que o crescimento econômico é insustentável
• Procuram se apropriar do “benefício” do crescimento e exportar os
prejuízos para os pobres
• Procuram evitar que os pobres entendam a insustentabilidade
Determinismo
• É impossível mudar o sistema econômico atual
Niilismo, relativismo e liberdade
• Cada indivíduo deve escolher o que quiser (mesmo que insustentável)
Ampliar o conceito de sustentabilidade
• Incluir cultura, paz, saúde, educação, cooperação, assistência social
• Objetivo de torná-lo um conceito vago e com menos foco nos limites
ambientais
Daly, Herman E. Beyond Growth: the economics of sustainable development. Beacon Press 1994
23. Discurso do Banco Mundial
A pobreza causa degradação ambiental
A solução da pobreza é o crescimento econômico
do Sul
Mas para crescer, o Sul precisa exportar para o
Norte e receber investimentos do Norte
Soluções são importadas do Norte para o Sul
O crescimento do Norte ajuda o crescimento do
Sul (solução ganha-ganha)
Daly, Herman E. Beyond Growth: the economics of sustainable development. Beacon
Press 1994
24. Críticas ao Discurso do Banco Mundial
Elogia os investidores e inferioriza os credores
Evita temas polêmicos:
• Limites globais do crescimento
• Crescimento dos países do Norte está esgotando os
últimos recursos que poderiam ser usado para
crescimento nos países do Sul
• Redistribuição da renda e do consumo
• Controle populacional
Daly, Herman E. Beyond Growth: the economics of sustainable development. Beacon
Press 1994
25. Objetivos de Política Macroeconômica
Eficiência
Distribuição
Escala
Preocupações sociais
Preocupações ambientais
Políticas originais
Daly, Herman E. Beyond Growth: the economics of sustainable development. Beacon Press 1994
Prioridadeatual
Prioridadeideal
26. Alocação e Escala – Linha de Plimsoll
Kaufmann, R. K.; Cleveland, C. J. 2007. Environmental Science. McGraw-Hill, Dubuque, IA.
Daly, Herman E. Beyond Growth: the economics of sustainable development. Beacon Press 1994
Alocação ruim Alocação ruim
Boa alocação Escala maior que capacidade
de suporte
27. Políticas Macroeconômicas e Consumo
Inflação
Taxa de Juros
Crédito
Poupança
Comércio internacional
Taxação de importações
Taxação de gastos no exterior
Cohen, Maurie J. "The emergent environmental policy discourse on sustainable
consumption." In Exploring sustainable consumption, pp. 21-37. Pergamon, 2001.
28. Políticas Econômicas para um mundo lotado
Sistemas de negociação e leilões de limites de uso de
recursos naturais e de poluição
• Limites seguindo critérios ecológicos
• Três regras básicas
o Recursos renováveis não podem ser explorados mais rápido do que se
regeneram
o Recursos não-renováveis não podem ser explorados mais rápido do que
se desenvolvem substitutos renováveis
o Resíduos de toda a produção não podem retornar aos ecossistemas mais
rápido do que sua taxa de biodegradação
• Os lucros dos leilões substituem o imposto por renda, trazendo
mais justiça social
• Mercado de cotas permite alocação economicamente eficiente
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
29. Políticas Econômicas para um mundo lotado
Mudar a taxação de
• “valor adicionado” (trabalho e capital) para
• “recursos à que o valor é adicionado” (fluxo de recursos naturais)
Poluição e depleção de recursos é um custo e deve ser
taxado
• Princípio do poluidor-pagador e usuário-pagador
Valor adicionado aos recursos é benéfico, então não deve
ser taxado
Recursos mais taxados -> mais caros -> menor uso
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
30. Políticas Econômicas para um mundo lotado
Separar PIB em duas contas:
• Benefícios (bem estar, utilidade)
• Custos (uso de recursos, desutilidade)
Encontrar ponto de uso de recursos naturais para
maximizar “Custo-Benefício”, e parar expansão aí
Com limite do crescimento, foco volta à redistribuição de
renda
Limitar a desigualdade de renda
• Estabelecer um limite mínimo de renda: vida digna
• Estabelecer um limite máximo de renda: limite de futilidade
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
31. Políticas Econômicas para um mundo lotado
Diminuição progressiva da jornada de trabalho diária,
semanal e anual
• Beneficiar-se do progresso, no tamanho ótimo da economia
• Compartilhar a estrutura de produção -> diminuir desemprego
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
1947 1954 1961 1968 1975 1982 1989 1996 2003
GDP
Unemployment
PIB
Desemprego (%)
O’Naill, Danny. A Bigger Economy doesn’t mean a better economy
https://steadystate.org/discover/video-audio-and-presentations/
32. Políticas Econômicas para um mundo lotado
Estabilização da população
• Países ricos:
o Balanço entre declínio populacional e imigração
o Não usar políticas de estímulo à natalidade
• Países pobres:
o Direitos e igualdade de gênero
o Educação para planejamento familiar
o Acesso a métodos contraceptivos
Daly, H., 2017. A new economics for our full world. In Handbook on Growth and Sustainability. Edward Elgar
Publishing.
33. Decrescimento como transição para o Estado Estacionário
Tempo
Biocapacidade
de suporte
= 1 pegada
ecológica
Crescimento Decrescimento
Estado
estacionário
O’Naill, Danny. What is a Steady State Economy?
https://steadystate.org/discover/video-audio-and-presentations/
Latouche, Serge. Petit traité de la décroissance sereine. Paris: Mille et une nuits, 2007.
34. Descrescimento Sereno – Serge Latouche
Propostas
• Taxar globalmente:
o Transações financeiras
o Publicidade para consumo
o Transporte (externalidades de poluição)
o Emissões de carbono
• Investir as taxas globais em:
o Atendimento das necessidades básicas
o Projetos de sustentabilidade
Posicionamento político – votar em partidos que:
• Valorizem a solidariedade (gerações presentes e futuras)
• Valorizem a proteção do meio ambiente
Latouche, Serge. Petit traité de la décroissance sereine. Paris: Mille et une nuits, 2007.
35. Outras propostas
Extensão obrigatória da garantia para
conserto de produtos (direito de reparar)
• Ex: 30 anos para carros e eletrodomésticos
Taxar produtos em função
proporcionalmente a pegada ecológica
(impacto do ciclo de vida)
Hickel, Jason. Degrowth: a theory of radical abundance. Real-world
economics review, 87:54-68
36. Instituições de Padrões de Qualidade Ambiental
Economia Neoclássica
• Valoração dos impactos ambientais (externalidades)
• Análise de custo-benefício
37. Economia Neoclássica
• Valoração dos impactos ambientais (externalidades)
• Análise de custo-benefício
Instituições de Padrões de Qualidade Ambiental
38. Economia Neoclássica
• Valoração dos impactos ambientais (externalidades)
• Análise de custo-benefício
Instituições de Padrões de Qualidade Ambiental
39. Economia Institucionalista
Crítica à economia neoclássica
• Foco nas escolhas individuais
Impactos Ambientais
• Extrapolam a escala individual
• Relação ser humano / natureza são socialmente
construídas
• Regulações ambientais ocorrem no nível
institucional (governos)
• Abordagem sistêmica pode conectar ecossistemas,
instituições e indivíduos
Amazonas, Maurício de Carvalho. "Desenvolvimento sustentável e teoria econômica: o debate conceitual nas
perspectivas neoclássica, institucionalista e da economia ecológica.“ Em: Desenvolvimento Sustentável. A
institucionalização de um conceito. Edições IBAMA (2002).
40. Instituição de Padrões de Qualidade Ambiental
Economia Institucionalista
• Decisão política
oAceitação e pressão social
oLobby industrial
Amazonas, Maurício de Carvalho. "Desenvolvimento sustentável e teoria econômica: o debate conceitual nas
perspectivas neoclássica, institucionalista e da economia ecológica.“ Em: Desenvolvimento Sustentável. A
institucionalização de um conceito. Edições IBAMA (2002).
41. Atividade
1. Opine sobre a viabilidade de implantação das
diversas propostas de modificação das políticas
macroeconômicas para uma economia mais
sustentável, discutidas no texto de Herman
Daly e nesta aula, tendo em vista o contexto
institucional atual internacional e nacional.
2. Opine sobre como as tendências econômicas e
sociais existentes podem alterar esse cenário
institucional no futuro, e como isso afetaria a
viabilidade das propostas macroeconômicas
que busquem maior sustentabilidade.