SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
METODOLOGIA AGIL: Familia
Crystal de Cockburn
Vanessa Finoto
Faculdade de Tecnologia de Jales
Centro Estadual de Educação
Tecnológica Paula Souza
Jales - SP, Brasil
vanessa.finoto@fatec.sp.gov.br
Luiz Roberto Reinoso
Faculdade de Tecnologia de Jales
Centro Estadual de Educação
Tecnológica Paula Souza
Jales - SP, Brasil
luiz.reinoso@fatec.sp.gov.br
RESUMO
Metodologias Ágeis são conjuntos de ferramentas de gestão que vem sendo cada vez
mais utilizadas no desenvolvimento de sistemas. Uma dessas metodologias é a
família Crystal que foi desenvolvida no final da década de 90 por Alistair Cockburn.
Cockburn percebeu através de suas pesquisas a necessidade de uma metodologia
para o desenvolvimento de softwares de forma otimizada explorando de forma
frequente as características especificas de cada membro que estão inseridos na
equipe. O objetivo principal desse artigo é conhecer um pouco sobre como funciona a
família Crystal. Ao decorrer do trabalho conheceremos a história, as características
marcantes e a importância das cores, da criticidade e o valor das pessoas nessa
metodologia.
Palavras chaves: Crystal. Família. Metodologia
1. INTRODUÇÃO
A computação surgiu nos anos 40, e boa parte dos investimentos eram
voltados a hardware (MARQUES, 2012). No início dos anos 50 algumas empresas já
tinham a noção de como usar o hardware, então começaram a investir em novas
tecnologia como os sistemas operacionais que abriram portas para as linguagens de
programação (LEITÂO, 2010).
Com o desenvolvimento dessas duas importantes tecnologias o hardware e o
sistema operacional, foram necessários criar sistemas mais complexos foi então que
se iniciou a “crise do software” (MARQUES, 2012). E foi a partir desse cenário que
passou a se desenvolver os processos e metodologias de desenvolvimento de
software. Um dos primeiros processos, que surgiu em 1970, foi o que ficou conhecido
como processo em cascata e em 1980 esse modelo foi substituído pelo espiral
(COSTA, 2012).
Os conceitos relacionados a metodologias ágeis de software surgiu na década
de 90, antes os métodos eram considerados pesados com documentação e
regulamentações burocráticas, portanto apenas grandes empresas utilizavam
(SBROCO; MACEDO, 2012).
Considerando os avanços da tecnologia pequenas e medias empresas
automatizaram os seus processos. Novos sistemas surgiram com alto grau de
complexidade causando problemas relacionado ao uso das metodologias tradicionais
principalmente em relação ao tamanho do projeto e a quantidade de pessoas
envolvidas (SBROCO; MACEDO, 2012).
Então Alistair Cockburn criou uma família de metodologias ágeis conhecida
como Crystal em 1998 (NASCIMENTO, 2008). Advinda de uma necessidade
observada por ele quando trabalhava na IBM. Durante sua passagem dedicou-se a
pesquisar várias equipes que compunham a empresa e observou que as metodologias
usadas eram robustas e sempre fracassavam ao termino do projeto (SOUZA;
RIBEIRO; SOUZA, 2013).
A família Crystal se baseia na gestão de pessoas com o foco na interação,
habilidades, talentos e comunicação (FILHO, 2011). De acordo com Cockburn (2004)
as pessoas que fazem parte de uma equipe possuem diferentes talentos e
habilidades, sendo um diferencial durante o desenvolvimento de um projeto,
principalmente se considerarmos que uma empresa de software pode trabalhar com
projetos nas mais diferentes áreas de atuação (SBROCO; MACEDO, 2012).
Para uma melhor compreensão a família foi dividida em cores. A Crystal
sugere que seja escolhida uma cor apropriada para cada projeto, de acordo com o
nível de criticidade e o tamanho da equipe (JUNIOR, 2008). A criticidade é dividida
em quatro níveis: Conforto (C), Baixo Custo (D), Alto Custo (E) e Risco de Vida (L).
De acordo com Sbroco e Macedo (2012), quanto mais escura a cor mais
crítico é o sistema. Projetos menores com cores claras como Clear e Yellow envolvem
poucos desenvolvedores e, no caso de problemas, o prejuízo tende a ser menor. Já
os projetos maiores ou de segurança crítica como Orange e Red normalmente
possuem mais profissionais, contudo a perda é maior, podendo colocar a vida de
pessoas em risco (JUNIOR, 2008) como podemos observar na Figura 1.
Figura 1 – Métodos Crystal e suas dimensões.
Fonte: ABRAHAMSSON et al., 2002.
Apesar de existir diversas metodologias, todas possuem algumas
características em comum, como, por exemplo, a abordagem iterativa, a ênfase na
comunicação e na cooperação entre a equipe (COCKBURN, 2004). As metodologias
da família Crystal desenvolvidas e utilizadas até hoje são a Crystal Clear e a Crystal
Orange (SANTOS, 2007). O presente trabalho vai estudar detalhadamente os
conceitos e as características básicas da família de metodologias Crystal.
2. CARACTERÍSTICAS
A família Crystal é considerada uma metodologia leve com um código
genético comum, que foi criada para atender vários tipos de equipes que necessitam
de táticas para resolver diversos problemas (MARQUES, 2012). Para Cockburn
(2004) a metodologia não é tão marcante, pois a ideia central é que cada empresa
consiga definir as tarefas que lhes forem mais suscetíveis ao projeto em
desenvolvimento. Para isso Cockburn (2004) desenvolveu alguns princípios
característicos que pode ser compartilhado entres os membros da família que são:
 Trabalho face a face: É o envolvimento do cliente em todas as decisões
do desenvolvimento do projeto, tornando mais produtivo e passando confiabilidade
para o consumidor.
 Peso significa custo: O projeto deve evitar coisas complexas que
provavelmente o usuário final não vai utilizar, pois quanto mais complicado o software
maior será o custo e o tempo de entrega.
 Metodologia Diferenciada: Nem todos os projetos são iguais, cada um
tem o seu diferencial, seja pela sua complexidade, pela quantidade de pessoas
envolvidas ou área de atuação, por isso é necessária uma metodologia correta de
acordo com o projeto que será desenvolvido.
 Mais cerimônia mais criticidade: quanto mais diálogo entre os
envolvidos melhor.
 Feedback: Melhor existir uma comunicação eficiente entre cliente e o
desenvolvedor do que entregar um produto que não funciona.
A Crystal possui como característica diferencial o ciclo de vida, que é baseado
em integrações, onde tudo deve funcionar como um relógio (SBROCO; MACEDO,
2012). Uma equipe que segue fielmente a filosofia e os princípios pode obter
resultados incríveis. Na Figura 2 podemos observar um modelo do ciclo de vida que
considera o desenvolvimento de um software de alta qualidade. Que tem a duração
de 4 meses.
Figura 2 – Ciclo de vida da família de metodologias Crystal.
Fonte: (ABRAHAMSSON et al., 2002).
De acordo com Cockburn (2004) o ciclo de vida desta família de metodologias é
baseado nas seguintes práticas:
 Encenação: Plano do próximo incremento do sistema. Os desenvolvedores
selecionam os requisitos que serão criados e o prazo para sua entrega;
 Edição e revisão: Construção, demonstração e revisão dos objetivos do
incremento;
 Monitoramento do Processo: O método é monitorado com relação ao avanço
e estabilidade da equipe. É medido em marcos e em estágios de permanência;
 Paralelismo e fluxo: No Crystal laranja, as diferentes equipes podem operar
com máximo paralelismo. Isso é permitido através do monitoramento da
estabilidade e da sincronização entre as equipes;
 Inspeções de usuários: são sugeridas duas a três inspeções feitas por
usuários a cada incremento;
 Workshops refletivos: são reuniões que ocorrem antes e depois de cada
iteração com objetivo de analisar o progresso do projeto.
 Produtos de Trabalho: sequência de lançamento, modelos de objetos
comuns, manual do usuário, casos de teste e migração de código.
 Padrões: padrões de notação, convenções de produto, formatação e qualidade
usadas no projeto.
 Ferramentas: ferramentas mínimas utilizadas.
3. EXEMPLOS PRÁTICOS
Projeto Fictício para a empresa WebCell – Comercialização de Celulares
A empresa deseja criar um sistema para Internet para comercializar seus
celulares, assim como proporcionar aos usuários satisfação em seus propósitos de
negócios com site. Para captar os requisitos, a metodologia sugere uma entrevista e
um questionário em forma de briefing com perguntas-chave sobre o projeto a ser
desenvolvido. O quadro a seguir apresenta um modelo de como isso pode ser
registrado:
Briefing entrevista/questionário
Quadro 1 – Questionário realizado na empresa WebCell
Briefing para projeto web
Projeto: Comérciode celularesnaWeb – WebCell.
Analista/gerente
responsável:
Maria Luísa e FlávioMacedo.
Data - Fevereiro 2016
O que o site pretende vender? Relacionar os serviços oferecidos.
A princípiocomercializarcelulares,permitirque osinternautascadastremsuacontapara comprar
no site. Alémde fazera divulgaçãodosprodutosatravésde imagense vídeosparatornar o processo
de vendamais intuitivo.
Vantagens/Desvantagens sobre os concorrentes.
A principal vantagemé apossibilidadede adquirircelularescompreçosde fábrica,poiscomprando
pelosite,podemosoferecerumaentregamaisdireta.Umaoutra vantagemé filmaroscelularesem
funcionamentodandodetalhesparaquemestáinteressado.
Parceiros ou referências de sites (outras empresas do grupo).
O site deveráconterumalistade todosos fabricantesde celularesNacionaise importadoscomque
trabalhame seus linksde acesso.
Objetivos a serem alcançados.
Apresentarumwebsite completoe comele ampliarasvendasque hoje se restringemaoestadode
São Paulo.
Público-alvo.
Todosos públicos,principalmente osinteressadosemcomprarcelulares.
Conteúdo do site (relação inicial das páginas).
Home,contato,Área do Usuário,ofertas,Suporte,celulares, acessórios,maisprodutose
comunidade.
Ferramentas de marketing utilizadas atualmente (relacionar outdoor, comerciais etc.).
Outdooremcidades,panfletagem,anúnciosnosjornaise revistasdacapital.
Tempo para desenvolvimento sugerido pela empresa (urgência).
Um ano (negociável).
Fonte: Elaborado pelos autores.
Documento de Requisitos
Depois de receber o briefing devidamente respondido, é possível dar início a
documentação que relaciona os requisitos do sistema e suas funcionalidades
(MARQUES, 2012). Para garantir o correto regimento do documento serão
necessárias outras reuniões. A metodologia Crystal possibilita isso para definir
claramente o que se pretende (SBROCO; MACEDO, 2012).
Visões do usuário
A cada fase e cada documento, o usuário principal está envolvido e deve
valida-los, dando um feedback sobre o assunto. O usuário deve solicitar modificações
e alterações de possíveis equívocos se for necessário (MARQUES, 2012). O gerente
de projeto, pode solicitar, por meio de documento assinaturas do usuário e do
patrocinador do projeto, concordando com os requisitos solicitados.
Modelagem
Com o documento de requisitos em mãos, é então realizada a sua
modelagem, utilizando, no mínimo, os seguintes diagramas da UML: diagrama de
casos de uso, diagrama de atividades ou sequência e diagrama de classes. Esses
diagramas devem ser explicados ao usuário e validados por ele (SBROCO; MACEDO,
2012).
Design de projeto
Um conjunto de interfaces deve ser criado com base nos questionamentos do
briefing, bem como a solicitação de cores, fontes e estilos feitas pelo stakeholders.
Sequências de Releases
Após a modelagem dos requisitos e a escolha de telas, o coordenador de
projeto cria um modelo de prioridades junto com usuário e decide as funcionalidades,
recursos e data previstas para a entrega entre os desenvolvedores.
Casos de testes
Os testes de acordo com a Crystal Clear são realizados com o sistema
finalizado, ou seja, tem o objetivo de testar suas funcionalidades no ambiente de
trabalho (SBROCO; MACEDO, 2012).
4. EMPRESAS QUE UTILIZAM
A metodologia Crystal foi desenvolvida e utilizada na IBM no início da década
de 2000, porém com o tempo foi substituída pela RUP (SOUZA; RIBEIRO; SOUZA,
2013).
Apesar de não existir mais laços entre a Crystal e a IBM, o escritor Cockburn
continua investindo em sua metodologia (COCKBURN, 2004).
Através de pesquisas realizadas nesse artigo nos deparamos com a falta de
documentos e informações sobre empresas que utilizam a família Crystal. Mas de
acordo com Sbrocco e Macedo (2012), a metodologia pode ser utilizada em vários
tipos de empresas não importando o seu tamanho e nem sua área.
5. CONCLUSÃO
O escritor Alistair Cockburn vem destacando na área acadêmica de
metodologias os processos de desenvolvimento, e aplicou todo o seu conhecimento
para criar a família Crystal, que surgiu para melhorar as metodologias tradicionais.
Cockburn propôs o uso de determinada metodologia para cada tipo de projeto
sendo que essa estratégia pode ser aplicada ao projeto através de reuniões e
revisões. Essa utilização da um enorme dinamismo, e um retorno a mudanças.
Porém, exige dos desenvolvedores certa experiência no uso de processos e
técnicas para entender com clareza o funcionamento da metodologia nos projetos.
Além da família Crystal estar em recente desenvolvimento, o que provoca falta de
documentos e pesquisas, se comparada com outras metodologias como XP e Scrum.
6. REFERÊNCIAS
ABRAHAMSSON, P.; SALO, O ;RONKAINEN, J; WARSTA, J. Agile software
development methods: review and analysis, VTT Technical report, 2002.
COCKBURN, Alistair. Crystal Clear: A Human-Powered Method Small Teams. New
Jersey: Addison Wesley, 2004.
COSTA, P. L. P. GESTproSOFT: Analise Comparativa sobre os métodos de Gestão
de Projetos de Software de Mercado. 2012. 138f. Dissertação(Mestrado em sistemas
e tecnologias de Informação para organização) – Instituto Politécnica de Viseu,
Portugal, 2012.
FILHO, H. F. B. P. Um estudo analítico entre as abordagens de Engenharia de
Requisitos nas Metodologias Ágeis XP, SCRUM e Crystal. 2011. 36f. Monografia
(Pós-Graduação Em Ciência Da Computação) - Universidade Federal De
Pernambuco, Pernambuco, 2011.
JUNIOR, L. C. AQUA – Atividades De Qualidade No Contexto Àgil. 2008. 178f.
Dissertação (Mestrado Ciência da Computação) – Universidade Federal de São
Carlos, São Paulo, 2008.
LEITÃO, M. V. Aplicação de Scrum em Ambiente de Desenvolvimento de
Software Educativo. 2010. 71f. Monografia (Bacharel em Engenharia da
Computação) - Escola Politécnica de Pernambuco, Pernambuco, 2010.
MARQUES, A. N. Metodologias ágeis de desenvolvimento: Processos e
Comparações. 2012. 65f. Monografia (Tecnólogo em Processamento de Dados) -
Faculdade De Tecnologia De São Paulo, São Paulo, 2012.
NASCIMENTO, G.V. Um modelo de referencia para o desenvolvimento ágil de
software. 2008. 125f. Dissertação (Mestrado em Ciências de Computação e
Matemática Computacional) – Instituto de Ciências Matemática e de Computação,
São Paulo, 2008.
SANTOS, M. A. AGILE UBPM FOR SCRUM: Modelo de Aprimoramento do
Gerenciamento e Desenvolvimento Ágil Baseado na Percepção de Valor do Usuário.
2011. 158f. Monografia (Graduação de Ciência da Computação) - Universidade
Federal de Lavras, Minas Gerais, 2011.
SBOCCO, J. H. T. C; MACEDO, P.C. Metodologias Ágeis: engenharia de software
sob medida. 1. Ed. São Paulo: Érica, 2012.
SOUSA, D. F; RIBEIRO, J; SOUSA, N. P. Metodologia Ágil de Desenvolvimento
de Softwares Crystal. 2013. Disponível em:<
https://pt.scribd.com/doc/240552399/Metodologia-Agil-de-Desenvolvimento-Crystal-
pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Técnicas de Inteligência Artificial em Jogos Eletrônicos
Técnicas de Inteligência Artificial em Jogos EletrônicosTécnicas de Inteligência Artificial em Jogos Eletrônicos
Técnicas de Inteligência Artificial em Jogos EletrônicosRoger Ritter
 
Ganhos e Desafios no uso do OKR na Gestão Pública
Ganhos e Desafios no uso do OKR na Gestão PúblicaGanhos e Desafios no uso do OKR na Gestão Pública
Ganhos e Desafios no uso do OKR na Gestão PúblicaTeresa Maciel
 
Metodologias ágeis de desenvolvimento de software por Givanaldo Rocha
Metodologias ágeis de desenvolvimento de software por Givanaldo RochaMetodologias ágeis de desenvolvimento de software por Givanaldo Rocha
Metodologias ágeis de desenvolvimento de software por Givanaldo RochaFernando Palma
 
Scrum - Desenvolvimento Ágil
Scrum - Desenvolvimento ÁgilScrum - Desenvolvimento Ágil
Scrum - Desenvolvimento ÁgilIsrael Santiago
 
Kanban - Agilidade Fora da TI - Case Riachuelo
Kanban - Agilidade Fora da TI - Case RiachueloKanban - Agilidade Fora da TI - Case Riachuelo
Kanban - Agilidade Fora da TI - Case RiachueloFábio Micheletti
 
A Evolucao dos Processos de Desenvolvimento de Software
A Evolucao dos Processos de Desenvolvimento de SoftwareA Evolucao dos Processos de Desenvolvimento de Software
A Evolucao dos Processos de Desenvolvimento de SoftwareRobson Silva Espig
 
Comparativo entre Processos Ágeis
Comparativo entre Processos ÁgeisComparativo entre Processos Ágeis
Comparativo entre Processos ÁgeisDaniel Ferreira
 
PMO - Escritório de Projetos | Workshop
PMO - Escritório de Projetos | WorkshopPMO - Escritório de Projetos | Workshop
PMO - Escritório de Projetos | WorkshopCompanyWeb
 
Gamificação na prática: slides palestra innovation experts
Gamificação na prática: slides palestra innovation expertsGamificação na prática: slides palestra innovation experts
Gamificação na prática: slides palestra innovation expertsSamara Tanaka
 
Scrum: o método que consolidou o ágil no mundo
Scrum: o método que consolidou o ágil no mundoScrum: o método que consolidou o ágil no mundo
Scrum: o método que consolidou o ágil no mundoJoão Grabosque
 
What is Scrum? Edureka
What is Scrum? EdurekaWhat is Scrum? Edureka
What is Scrum? EdurekaEdureka!
 
Kanban/Scrumban - taking scrum outside its comfort zone
Kanban/Scrumban - taking scrum outside its comfort zoneKanban/Scrumban - taking scrum outside its comfort zone
Kanban/Scrumban - taking scrum outside its comfort zoneYuval Yeret
 

Mais procurados (20)

Técnicas de Inteligência Artificial em Jogos Eletrônicos
Técnicas de Inteligência Artificial em Jogos EletrônicosTécnicas de Inteligência Artificial em Jogos Eletrônicos
Técnicas de Inteligência Artificial em Jogos Eletrônicos
 
Ganhos e Desafios no uso do OKR na Gestão Pública
Ganhos e Desafios no uso do OKR na Gestão PúblicaGanhos e Desafios no uso do OKR na Gestão Pública
Ganhos e Desafios no uso do OKR na Gestão Pública
 
Treinamento Ágil / Scrum
Treinamento Ágil / ScrumTreinamento Ágil / Scrum
Treinamento Ágil / Scrum
 
Metodologias ágeis de desenvolvimento de software por Givanaldo Rocha
Metodologias ágeis de desenvolvimento de software por Givanaldo RochaMetodologias ágeis de desenvolvimento de software por Givanaldo Rocha
Metodologias ágeis de desenvolvimento de software por Givanaldo Rocha
 
Aula - Metodologias Ágeis
Aula - Metodologias ÁgeisAula - Metodologias Ágeis
Aula - Metodologias Ágeis
 
Gerenciamento Ágil de Projetos com Scrum
Gerenciamento Ágil de Projetos com ScrumGerenciamento Ágil de Projetos com Scrum
Gerenciamento Ágil de Projetos com Scrum
 
Métodos Ágeis
Métodos ÁgeisMétodos Ágeis
Métodos Ágeis
 
Scrum - Desenvolvimento Ágil
Scrum - Desenvolvimento ÁgilScrum - Desenvolvimento Ágil
Scrum - Desenvolvimento Ágil
 
Metodologia Ágil
Metodologia ÁgilMetodologia Ágil
Metodologia Ágil
 
Kanban - Agilidade Fora da TI - Case Riachuelo
Kanban - Agilidade Fora da TI - Case RiachueloKanban - Agilidade Fora da TI - Case Riachuelo
Kanban - Agilidade Fora da TI - Case Riachuelo
 
A Evolucao dos Processos de Desenvolvimento de Software
A Evolucao dos Processos de Desenvolvimento de SoftwareA Evolucao dos Processos de Desenvolvimento de Software
A Evolucao dos Processos de Desenvolvimento de Software
 
Scrum Experience
Scrum ExperienceScrum Experience
Scrum Experience
 
Comparativo entre Processos Ágeis
Comparativo entre Processos ÁgeisComparativo entre Processos Ágeis
Comparativo entre Processos Ágeis
 
PMO - Escritório de Projetos | Workshop
PMO - Escritório de Projetos | WorkshopPMO - Escritório de Projetos | Workshop
PMO - Escritório de Projetos | Workshop
 
Gamificação na prática: slides palestra innovation experts
Gamificação na prática: slides palestra innovation expertsGamificação na prática: slides palestra innovation experts
Gamificação na prática: slides palestra innovation experts
 
Scrum: o método que consolidou o ágil no mundo
Scrum: o método que consolidou o ágil no mundoScrum: o método que consolidou o ágil no mundo
Scrum: o método que consolidou o ágil no mundo
 
What is Scrum? Edureka
What is Scrum? EdurekaWhat is Scrum? Edureka
What is Scrum? Edureka
 
eXtreme Programming (XP)
eXtreme Programming (XP)eXtreme Programming (XP)
eXtreme Programming (XP)
 
Metodologia Ágil
Metodologia ÁgilMetodologia Ágil
Metodologia Ágil
 
Kanban/Scrumban - taking scrum outside its comfort zone
Kanban/Scrumban - taking scrum outside its comfort zoneKanban/Scrumban - taking scrum outside its comfort zone
Kanban/Scrumban - taking scrum outside its comfort zone
 

Semelhante a Crystal metodologia ágil

Modelos de Processo e Desenvolvimento de Software 3 - Prof.ª Cristiane Fidelix
Modelos de Processo e Desenvolvimento de Software 3 - Prof.ª Cristiane FidelixModelos de Processo e Desenvolvimento de Software 3 - Prof.ª Cristiane Fidelix
Modelos de Processo e Desenvolvimento de Software 3 - Prof.ª Cristiane FidelixCris Fidelix
 
ANÁLISE DO PARADIGMA HÍBRIDO NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE
ANÁLISE DO PARADIGMA HÍBRIDO NA INDÚSTRIA DE SOFTWAREANÁLISE DO PARADIGMA HÍBRIDO NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE
ANÁLISE DO PARADIGMA HÍBRIDO NA INDÚSTRIA DE SOFTWAREKéllyson Gonçalves da Silva
 
Múltiplas equipes ágeis com o framework Large Scale Scrum - um estudo de caso...
Múltiplas equipes ágeis com o framework Large Scale Scrum - um estudo de caso...Múltiplas equipes ágeis com o framework Large Scale Scrum - um estudo de caso...
Múltiplas equipes ágeis com o framework Large Scale Scrum - um estudo de caso...André Luis Celestino
 
Desenvolvimento Ágil: um survey baseado em experiências profissionais @ CONIC...
Desenvolvimento Ágil: um survey baseado em experiências profissionais @ CONIC...Desenvolvimento Ágil: um survey baseado em experiências profissionais @ CONIC...
Desenvolvimento Ágil: um survey baseado em experiências profissionais @ CONIC...André Luis Celestino
 
Metodologias ágeis de desenvolvimento trabalho
Metodologias ágeis de desenvolvimento   trabalhoMetodologias ágeis de desenvolvimento   trabalho
Metodologias ágeis de desenvolvimento trabalhoRuan Pozzebon
 
Proposta TCC - METODOLOGIA SCRUM APLICADA AOS PROCESSOS DE GERÊNCIA E DESENVO...
Proposta TCC - METODOLOGIA SCRUM APLICADA AOS PROCESSOS DE GERÊNCIA E DESENVO...Proposta TCC - METODOLOGIA SCRUM APLICADA AOS PROCESSOS DE GERÊNCIA E DESENVO...
Proposta TCC - METODOLOGIA SCRUM APLICADA AOS PROCESSOS DE GERÊNCIA E DESENVO...Juliano Oliveira
 
SCRUM: ADOÇÃO DE UM FRAMEWORK ÁGIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA TRA...
SCRUM: ADOÇÃO DE UM FRAMEWORK ÁGIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA TRA...SCRUM: ADOÇÃO DE UM FRAMEWORK ÁGIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA TRA...
SCRUM: ADOÇÃO DE UM FRAMEWORK ÁGIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA TRA...Kéllyson Gonçalves da Silva
 
RESUMO crystal. Modelo de engenharia de software
RESUMO crystal. Modelo de engenharia de softwareRESUMO crystal. Modelo de engenharia de software
RESUMO crystal. Modelo de engenharia de softwareVilmaPablosa
 
UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO ENXUTO NA ENGENHARI...
UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO ENXUTO NA ENGENHARI...UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO ENXUTO NA ENGENHARI...
UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO ENXUTO NA ENGENHARI...Mehran Misaghi
 
Desenvolvimento ágil de software: análise sintética a partir de KANBAN
Desenvolvimento ágil de software: análise sintética a partir de KANBANDesenvolvimento ágil de software: análise sintética a partir de KANBAN
Desenvolvimento ágil de software: análise sintética a partir de KANBANFernando Palma
 
Conhecendo o eXtreme Programming
Conhecendo o eXtreme ProgrammingConhecendo o eXtreme Programming
Conhecendo o eXtreme ProgrammingDaniel Wildt
 
O uso de frameworks em aplicações desktop baseadas na metodologia de desenvol...
O uso de frameworks em aplicações desktop baseadas na metodologia de desenvol...O uso de frameworks em aplicações desktop baseadas na metodologia de desenvol...
O uso de frameworks em aplicações desktop baseadas na metodologia de desenvol...Rogério Batista
 
Fatores Críticos de Sucesso na Transformação de uma Cultura Organizacional
Fatores Críticos de Sucesso na Transformação de uma Cultura OrganizacionalFatores Críticos de Sucesso na Transformação de uma Cultura Organizacional
Fatores Críticos de Sucesso na Transformação de uma Cultura OrganizacionalLuiz C. Parzianello
 
Proposta De Um Protótipo Para Avaliação Da Maturidade em Gestão Da Inovação D...
Proposta De Um Protótipo Para Avaliação Da Maturidade em Gestão Da Inovação D...Proposta De Um Protótipo Para Avaliação Da Maturidade em Gestão Da Inovação D...
Proposta De Um Protótipo Para Avaliação Da Maturidade em Gestão Da Inovação D...Diógenes Almeida
 

Semelhante a Crystal metodologia ágil (20)

Modelos de Processo e Desenvolvimento de Software 3 - Prof.ª Cristiane Fidelix
Modelos de Processo e Desenvolvimento de Software 3 - Prof.ª Cristiane FidelixModelos de Processo e Desenvolvimento de Software 3 - Prof.ª Cristiane Fidelix
Modelos de Processo e Desenvolvimento de Software 3 - Prof.ª Cristiane Fidelix
 
Crystal
CrystalCrystal
Crystal
 
Metodologia Crystal de Cockburn
Metodologia Crystal de CockburnMetodologia Crystal de Cockburn
Metodologia Crystal de Cockburn
 
ANÁLISE DO PARADIGMA HÍBRIDO NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE
ANÁLISE DO PARADIGMA HÍBRIDO NA INDÚSTRIA DE SOFTWAREANÁLISE DO PARADIGMA HÍBRIDO NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE
ANÁLISE DO PARADIGMA HÍBRIDO NA INDÚSTRIA DE SOFTWARE
 
Métodos ágeis
Métodos ágeisMétodos ágeis
Métodos ágeis
 
Múltiplas equipes ágeis com o framework Large Scale Scrum - um estudo de caso...
Múltiplas equipes ágeis com o framework Large Scale Scrum - um estudo de caso...Múltiplas equipes ágeis com o framework Large Scale Scrum - um estudo de caso...
Múltiplas equipes ágeis com o framework Large Scale Scrum - um estudo de caso...
 
Desenvolvimento Ágil: um survey baseado em experiências profissionais @ CONIC...
Desenvolvimento Ágil: um survey baseado em experiências profissionais @ CONIC...Desenvolvimento Ágil: um survey baseado em experiências profissionais @ CONIC...
Desenvolvimento Ágil: um survey baseado em experiências profissionais @ CONIC...
 
Metodologias ágeis de desenvolvimento trabalho
Metodologias ágeis de desenvolvimento   trabalhoMetodologias ágeis de desenvolvimento   trabalho
Metodologias ágeis de desenvolvimento trabalho
 
Ensiso day talks
Ensiso day   talksEnsiso day   talks
Ensiso day talks
 
Proposta TCC - METODOLOGIA SCRUM APLICADA AOS PROCESSOS DE GERÊNCIA E DESENVO...
Proposta TCC - METODOLOGIA SCRUM APLICADA AOS PROCESSOS DE GERÊNCIA E DESENVO...Proposta TCC - METODOLOGIA SCRUM APLICADA AOS PROCESSOS DE GERÊNCIA E DESENVO...
Proposta TCC - METODOLOGIA SCRUM APLICADA AOS PROCESSOS DE GERÊNCIA E DESENVO...
 
SCRUM: ADOÇÃO DE UM FRAMEWORK ÁGIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA TRA...
SCRUM: ADOÇÃO DE UM FRAMEWORK ÁGIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA TRA...SCRUM: ADOÇÃO DE UM FRAMEWORK ÁGIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA TRA...
SCRUM: ADOÇÃO DE UM FRAMEWORK ÁGIL NO DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA TRA...
 
RESUMO crystal. Modelo de engenharia de software
RESUMO crystal. Modelo de engenharia de softwareRESUMO crystal. Modelo de engenharia de software
RESUMO crystal. Modelo de engenharia de software
 
UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO ENXUTO NA ENGENHARI...
UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO ENXUTO NA ENGENHARI...UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO ENXUTO NA ENGENHARI...
UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO ENXUTO NA ENGENHARI...
 
Desenvolvimento ágil de software: análise sintética a partir de KANBAN
Desenvolvimento ágil de software: análise sintética a partir de KANBANDesenvolvimento ágil de software: análise sintética a partir de KANBAN
Desenvolvimento ágil de software: análise sintética a partir de KANBAN
 
Conhecendo o eXtreme Programming
Conhecendo o eXtreme ProgrammingConhecendo o eXtreme Programming
Conhecendo o eXtreme Programming
 
Crystal methods Agile
Crystal methods AgileCrystal methods Agile
Crystal methods Agile
 
O uso de frameworks em aplicações desktop baseadas na metodologia de desenvol...
O uso de frameworks em aplicações desktop baseadas na metodologia de desenvol...O uso de frameworks em aplicações desktop baseadas na metodologia de desenvol...
O uso de frameworks em aplicações desktop baseadas na metodologia de desenvol...
 
Agile2011 140902173318-phpapp02
Agile2011 140902173318-phpapp02Agile2011 140902173318-phpapp02
Agile2011 140902173318-phpapp02
 
Fatores Críticos de Sucesso na Transformação de uma Cultura Organizacional
Fatores Críticos de Sucesso na Transformação de uma Cultura OrganizacionalFatores Críticos de Sucesso na Transformação de uma Cultura Organizacional
Fatores Críticos de Sucesso na Transformação de uma Cultura Organizacional
 
Proposta De Um Protótipo Para Avaliação Da Maturidade em Gestão Da Inovação D...
Proposta De Um Protótipo Para Avaliação Da Maturidade em Gestão Da Inovação D...Proposta De Um Protótipo Para Avaliação Da Maturidade em Gestão Da Inovação D...
Proposta De Um Protótipo Para Avaliação Da Maturidade em Gestão Da Inovação D...
 

Mais de Vanessa Finoto

Mais de Vanessa Finoto (6)

Escalonamento
EscalonamentoEscalonamento
Escalonamento
 
Apresentação SQLServer
Apresentação SQLServerApresentação SQLServer
Apresentação SQLServer
 
Backup
Backup   Backup
Backup
 
Medic time
Medic timeMedic time
Medic time
 
Privacidade
PrivacidadePrivacidade
Privacidade
 
PERSISTÊNCIA DAS INFORMAÇÕES DE ARQUIVOS EXCLUÍDOS
PERSISTÊNCIA DAS INFORMAÇÕES DE ARQUIVOS EXCLUÍDOSPERSISTÊNCIA DAS INFORMAÇÕES DE ARQUIVOS EXCLUÍDOS
PERSISTÊNCIA DAS INFORMAÇÕES DE ARQUIVOS EXCLUÍDOS
 

Crystal metodologia ágil

  • 1. METODOLOGIA AGIL: Familia Crystal de Cockburn Vanessa Finoto Faculdade de Tecnologia de Jales Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Jales - SP, Brasil vanessa.finoto@fatec.sp.gov.br Luiz Roberto Reinoso Faculdade de Tecnologia de Jales Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Jales - SP, Brasil luiz.reinoso@fatec.sp.gov.br RESUMO Metodologias Ágeis são conjuntos de ferramentas de gestão que vem sendo cada vez mais utilizadas no desenvolvimento de sistemas. Uma dessas metodologias é a família Crystal que foi desenvolvida no final da década de 90 por Alistair Cockburn. Cockburn percebeu através de suas pesquisas a necessidade de uma metodologia para o desenvolvimento de softwares de forma otimizada explorando de forma frequente as características especificas de cada membro que estão inseridos na equipe. O objetivo principal desse artigo é conhecer um pouco sobre como funciona a família Crystal. Ao decorrer do trabalho conheceremos a história, as características marcantes e a importância das cores, da criticidade e o valor das pessoas nessa metodologia. Palavras chaves: Crystal. Família. Metodologia 1. INTRODUÇÃO A computação surgiu nos anos 40, e boa parte dos investimentos eram voltados a hardware (MARQUES, 2012). No início dos anos 50 algumas empresas já tinham a noção de como usar o hardware, então começaram a investir em novas tecnologia como os sistemas operacionais que abriram portas para as linguagens de programação (LEITÂO, 2010). Com o desenvolvimento dessas duas importantes tecnologias o hardware e o sistema operacional, foram necessários criar sistemas mais complexos foi então que se iniciou a “crise do software” (MARQUES, 2012). E foi a partir desse cenário que passou a se desenvolver os processos e metodologias de desenvolvimento de software. Um dos primeiros processos, que surgiu em 1970, foi o que ficou conhecido
  • 2. como processo em cascata e em 1980 esse modelo foi substituído pelo espiral (COSTA, 2012). Os conceitos relacionados a metodologias ágeis de software surgiu na década de 90, antes os métodos eram considerados pesados com documentação e regulamentações burocráticas, portanto apenas grandes empresas utilizavam (SBROCO; MACEDO, 2012). Considerando os avanços da tecnologia pequenas e medias empresas automatizaram os seus processos. Novos sistemas surgiram com alto grau de complexidade causando problemas relacionado ao uso das metodologias tradicionais principalmente em relação ao tamanho do projeto e a quantidade de pessoas envolvidas (SBROCO; MACEDO, 2012). Então Alistair Cockburn criou uma família de metodologias ágeis conhecida como Crystal em 1998 (NASCIMENTO, 2008). Advinda de uma necessidade observada por ele quando trabalhava na IBM. Durante sua passagem dedicou-se a pesquisar várias equipes que compunham a empresa e observou que as metodologias usadas eram robustas e sempre fracassavam ao termino do projeto (SOUZA; RIBEIRO; SOUZA, 2013). A família Crystal se baseia na gestão de pessoas com o foco na interação, habilidades, talentos e comunicação (FILHO, 2011). De acordo com Cockburn (2004) as pessoas que fazem parte de uma equipe possuem diferentes talentos e habilidades, sendo um diferencial durante o desenvolvimento de um projeto, principalmente se considerarmos que uma empresa de software pode trabalhar com projetos nas mais diferentes áreas de atuação (SBROCO; MACEDO, 2012). Para uma melhor compreensão a família foi dividida em cores. A Crystal sugere que seja escolhida uma cor apropriada para cada projeto, de acordo com o nível de criticidade e o tamanho da equipe (JUNIOR, 2008). A criticidade é dividida em quatro níveis: Conforto (C), Baixo Custo (D), Alto Custo (E) e Risco de Vida (L). De acordo com Sbroco e Macedo (2012), quanto mais escura a cor mais crítico é o sistema. Projetos menores com cores claras como Clear e Yellow envolvem poucos desenvolvedores e, no caso de problemas, o prejuízo tende a ser menor. Já os projetos maiores ou de segurança crítica como Orange e Red normalmente possuem mais profissionais, contudo a perda é maior, podendo colocar a vida de pessoas em risco (JUNIOR, 2008) como podemos observar na Figura 1.
  • 3. Figura 1 – Métodos Crystal e suas dimensões. Fonte: ABRAHAMSSON et al., 2002. Apesar de existir diversas metodologias, todas possuem algumas características em comum, como, por exemplo, a abordagem iterativa, a ênfase na comunicação e na cooperação entre a equipe (COCKBURN, 2004). As metodologias da família Crystal desenvolvidas e utilizadas até hoje são a Crystal Clear e a Crystal Orange (SANTOS, 2007). O presente trabalho vai estudar detalhadamente os conceitos e as características básicas da família de metodologias Crystal. 2. CARACTERÍSTICAS A família Crystal é considerada uma metodologia leve com um código genético comum, que foi criada para atender vários tipos de equipes que necessitam de táticas para resolver diversos problemas (MARQUES, 2012). Para Cockburn (2004) a metodologia não é tão marcante, pois a ideia central é que cada empresa consiga definir as tarefas que lhes forem mais suscetíveis ao projeto em desenvolvimento. Para isso Cockburn (2004) desenvolveu alguns princípios característicos que pode ser compartilhado entres os membros da família que são:  Trabalho face a face: É o envolvimento do cliente em todas as decisões do desenvolvimento do projeto, tornando mais produtivo e passando confiabilidade para o consumidor.
  • 4.  Peso significa custo: O projeto deve evitar coisas complexas que provavelmente o usuário final não vai utilizar, pois quanto mais complicado o software maior será o custo e o tempo de entrega.  Metodologia Diferenciada: Nem todos os projetos são iguais, cada um tem o seu diferencial, seja pela sua complexidade, pela quantidade de pessoas envolvidas ou área de atuação, por isso é necessária uma metodologia correta de acordo com o projeto que será desenvolvido.  Mais cerimônia mais criticidade: quanto mais diálogo entre os envolvidos melhor.  Feedback: Melhor existir uma comunicação eficiente entre cliente e o desenvolvedor do que entregar um produto que não funciona. A Crystal possui como característica diferencial o ciclo de vida, que é baseado em integrações, onde tudo deve funcionar como um relógio (SBROCO; MACEDO, 2012). Uma equipe que segue fielmente a filosofia e os princípios pode obter resultados incríveis. Na Figura 2 podemos observar um modelo do ciclo de vida que considera o desenvolvimento de um software de alta qualidade. Que tem a duração de 4 meses. Figura 2 – Ciclo de vida da família de metodologias Crystal. Fonte: (ABRAHAMSSON et al., 2002).
  • 5. De acordo com Cockburn (2004) o ciclo de vida desta família de metodologias é baseado nas seguintes práticas:  Encenação: Plano do próximo incremento do sistema. Os desenvolvedores selecionam os requisitos que serão criados e o prazo para sua entrega;  Edição e revisão: Construção, demonstração e revisão dos objetivos do incremento;  Monitoramento do Processo: O método é monitorado com relação ao avanço e estabilidade da equipe. É medido em marcos e em estágios de permanência;  Paralelismo e fluxo: No Crystal laranja, as diferentes equipes podem operar com máximo paralelismo. Isso é permitido através do monitoramento da estabilidade e da sincronização entre as equipes;  Inspeções de usuários: são sugeridas duas a três inspeções feitas por usuários a cada incremento;  Workshops refletivos: são reuniões que ocorrem antes e depois de cada iteração com objetivo de analisar o progresso do projeto.  Produtos de Trabalho: sequência de lançamento, modelos de objetos comuns, manual do usuário, casos de teste e migração de código.  Padrões: padrões de notação, convenções de produto, formatação e qualidade usadas no projeto.  Ferramentas: ferramentas mínimas utilizadas. 3. EXEMPLOS PRÁTICOS Projeto Fictício para a empresa WebCell – Comercialização de Celulares A empresa deseja criar um sistema para Internet para comercializar seus celulares, assim como proporcionar aos usuários satisfação em seus propósitos de negócios com site. Para captar os requisitos, a metodologia sugere uma entrevista e um questionário em forma de briefing com perguntas-chave sobre o projeto a ser desenvolvido. O quadro a seguir apresenta um modelo de como isso pode ser registrado:
  • 6. Briefing entrevista/questionário Quadro 1 – Questionário realizado na empresa WebCell Briefing para projeto web Projeto: Comérciode celularesnaWeb – WebCell. Analista/gerente responsável: Maria Luísa e FlávioMacedo. Data - Fevereiro 2016 O que o site pretende vender? Relacionar os serviços oferecidos. A princípiocomercializarcelulares,permitirque osinternautascadastremsuacontapara comprar no site. Alémde fazera divulgaçãodosprodutosatravésde imagense vídeosparatornar o processo de vendamais intuitivo. Vantagens/Desvantagens sobre os concorrentes. A principal vantagemé apossibilidadede adquirircelularescompreçosde fábrica,poiscomprando pelosite,podemosoferecerumaentregamaisdireta.Umaoutra vantagemé filmaroscelularesem funcionamentodandodetalhesparaquemestáinteressado. Parceiros ou referências de sites (outras empresas do grupo). O site deveráconterumalistade todosos fabricantesde celularesNacionaise importadoscomque trabalhame seus linksde acesso. Objetivos a serem alcançados. Apresentarumwebsite completoe comele ampliarasvendasque hoje se restringemaoestadode São Paulo. Público-alvo. Todosos públicos,principalmente osinteressadosemcomprarcelulares. Conteúdo do site (relação inicial das páginas). Home,contato,Área do Usuário,ofertas,Suporte,celulares, acessórios,maisprodutose comunidade. Ferramentas de marketing utilizadas atualmente (relacionar outdoor, comerciais etc.). Outdooremcidades,panfletagem,anúnciosnosjornaise revistasdacapital. Tempo para desenvolvimento sugerido pela empresa (urgência). Um ano (negociável). Fonte: Elaborado pelos autores. Documento de Requisitos
  • 7. Depois de receber o briefing devidamente respondido, é possível dar início a documentação que relaciona os requisitos do sistema e suas funcionalidades (MARQUES, 2012). Para garantir o correto regimento do documento serão necessárias outras reuniões. A metodologia Crystal possibilita isso para definir claramente o que se pretende (SBROCO; MACEDO, 2012). Visões do usuário A cada fase e cada documento, o usuário principal está envolvido e deve valida-los, dando um feedback sobre o assunto. O usuário deve solicitar modificações e alterações de possíveis equívocos se for necessário (MARQUES, 2012). O gerente de projeto, pode solicitar, por meio de documento assinaturas do usuário e do patrocinador do projeto, concordando com os requisitos solicitados. Modelagem Com o documento de requisitos em mãos, é então realizada a sua modelagem, utilizando, no mínimo, os seguintes diagramas da UML: diagrama de casos de uso, diagrama de atividades ou sequência e diagrama de classes. Esses diagramas devem ser explicados ao usuário e validados por ele (SBROCO; MACEDO, 2012). Design de projeto Um conjunto de interfaces deve ser criado com base nos questionamentos do briefing, bem como a solicitação de cores, fontes e estilos feitas pelo stakeholders. Sequências de Releases Após a modelagem dos requisitos e a escolha de telas, o coordenador de projeto cria um modelo de prioridades junto com usuário e decide as funcionalidades, recursos e data previstas para a entrega entre os desenvolvedores.
  • 8. Casos de testes Os testes de acordo com a Crystal Clear são realizados com o sistema finalizado, ou seja, tem o objetivo de testar suas funcionalidades no ambiente de trabalho (SBROCO; MACEDO, 2012). 4. EMPRESAS QUE UTILIZAM A metodologia Crystal foi desenvolvida e utilizada na IBM no início da década de 2000, porém com o tempo foi substituída pela RUP (SOUZA; RIBEIRO; SOUZA, 2013). Apesar de não existir mais laços entre a Crystal e a IBM, o escritor Cockburn continua investindo em sua metodologia (COCKBURN, 2004). Através de pesquisas realizadas nesse artigo nos deparamos com a falta de documentos e informações sobre empresas que utilizam a família Crystal. Mas de acordo com Sbrocco e Macedo (2012), a metodologia pode ser utilizada em vários tipos de empresas não importando o seu tamanho e nem sua área. 5. CONCLUSÃO O escritor Alistair Cockburn vem destacando na área acadêmica de metodologias os processos de desenvolvimento, e aplicou todo o seu conhecimento para criar a família Crystal, que surgiu para melhorar as metodologias tradicionais. Cockburn propôs o uso de determinada metodologia para cada tipo de projeto sendo que essa estratégia pode ser aplicada ao projeto através de reuniões e revisões. Essa utilização da um enorme dinamismo, e um retorno a mudanças. Porém, exige dos desenvolvedores certa experiência no uso de processos e técnicas para entender com clareza o funcionamento da metodologia nos projetos. Além da família Crystal estar em recente desenvolvimento, o que provoca falta de documentos e pesquisas, se comparada com outras metodologias como XP e Scrum.
  • 9. 6. REFERÊNCIAS ABRAHAMSSON, P.; SALO, O ;RONKAINEN, J; WARSTA, J. Agile software development methods: review and analysis, VTT Technical report, 2002. COCKBURN, Alistair. Crystal Clear: A Human-Powered Method Small Teams. New Jersey: Addison Wesley, 2004. COSTA, P. L. P. GESTproSOFT: Analise Comparativa sobre os métodos de Gestão de Projetos de Software de Mercado. 2012. 138f. Dissertação(Mestrado em sistemas e tecnologias de Informação para organização) – Instituto Politécnica de Viseu, Portugal, 2012. FILHO, H. F. B. P. Um estudo analítico entre as abordagens de Engenharia de Requisitos nas Metodologias Ágeis XP, SCRUM e Crystal. 2011. 36f. Monografia (Pós-Graduação Em Ciência Da Computação) - Universidade Federal De Pernambuco, Pernambuco, 2011. JUNIOR, L. C. AQUA – Atividades De Qualidade No Contexto Àgil. 2008. 178f. Dissertação (Mestrado Ciência da Computação) – Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2008. LEITÃO, M. V. Aplicação de Scrum em Ambiente de Desenvolvimento de Software Educativo. 2010. 71f. Monografia (Bacharel em Engenharia da Computação) - Escola Politécnica de Pernambuco, Pernambuco, 2010. MARQUES, A. N. Metodologias ágeis de desenvolvimento: Processos e Comparações. 2012. 65f. Monografia (Tecnólogo em Processamento de Dados) - Faculdade De Tecnologia De São Paulo, São Paulo, 2012. NASCIMENTO, G.V. Um modelo de referencia para o desenvolvimento ágil de software. 2008. 125f. Dissertação (Mestrado em Ciências de Computação e
  • 10. Matemática Computacional) – Instituto de Ciências Matemática e de Computação, São Paulo, 2008. SANTOS, M. A. AGILE UBPM FOR SCRUM: Modelo de Aprimoramento do Gerenciamento e Desenvolvimento Ágil Baseado na Percepção de Valor do Usuário. 2011. 158f. Monografia (Graduação de Ciência da Computação) - Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, 2011. SBOCCO, J. H. T. C; MACEDO, P.C. Metodologias Ágeis: engenharia de software sob medida. 1. Ed. São Paulo: Érica, 2012. SOUSA, D. F; RIBEIRO, J; SOUSA, N. P. Metodologia Ágil de Desenvolvimento de Softwares Crystal. 2013. Disponível em:< https://pt.scribd.com/doc/240552399/Metodologia-Agil-de-Desenvolvimento-Crystal- pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016.