Este documento apresenta dois estudos sobre a planta Montrichardia linifera: 1) um estudo farmacognóstico do pó do caule, que mostrou baixa densidade, pH ácido e alto teor de cinzas, indicando contaminação; 2) uma avaliação da atividade antiplasmódica de extratos e frações do caule, que revelou alto potencial das frações diclorometânica e metanólica.
1. 102 Revista de Fitoterapia 2009; 9 (S1)
P24 Estudo farmacognóstico do pó do caule de Montrichardia linifera (Araceae)
Renée de N. O.da Silva a
, Alejandro F. do Prado a
, Larissa M. Silva a
, Manuele C. de Oliveira a
, Maria Fâni Dolabela b
, Regina Celi S. Müller b
,
Adolfo Henrique Müller a,b
, Cristine Bastos do Amarante b,c
a
Centro Universitário do Estado do Pará, Avenida Nazaré, 630, Bairro Nazaré, CEP: 66035-170, Belém/PA, Brasil. b
Universidade Federal
do Pará, Rua Augusto Corrêa, 01, Bairro Guamá, CEP:66075-110, Belém, PA, Brasil. c
Museu Paraense Emílio Goeldi, Avenida Perimetral,
1901, CEP: 66077-830, Belém/PA, Brasil.
Montrichardia linifera, espécie da família Araceae, conhecida popularmente como “aninga”, forma grandes populações ao longo
das margens de rios e igarapés na Região Amazônica. Com relação à sua etnobotânica, a mesma é dita pelos ribeirinhos como
venenosa porque em humanos sua seiva causa queimaduras na pele e em contacto com os olhos pode causar cegueira, mas mes-
mo assim ela é utilizada tradicionalmente como cicatrizante. Compressas e emplastos das folhas são utilizados no tratamento de
abscesos e tumores (1)
e contra picada de arraia (2)
. Diz-se também que a gosma liberada do pecíolo serve para o tratamento tópico
da impingem. Apesar disso, praticamente não existem dados na literatura sobre a caracterização química e farmacológica desta
planta, sendo assim, o presente trabalho teve como objectivo realizar o estudo farmacognóstico do pó do caule. Dentre os parâme-
tros analisados observou-se a baixa densidade (0,202 g/mL ± 0,003), o pH 5,69 ± 0,19, o pó foi considerado grosso justificando o
teor de extractivos de 12,56% ± 0,24. O índice de espuma sugere que o caule de M. linifera não contém saponina, este resultado foi
confirmado por ensaios fitoquímicos que indicaram a ausência da mesma. O teor de cinzas apresentou um valor elevado (94,63%
± 0,63) indicando uma alta contaminação por impurezas não voláteis. De uma maneira geral, em termos farmacognósticos, os
resultados obtidos mostraram-se aceitáveis, com excepção do elevado teor de cinzas totais. De facto, estudos anteriores (3)
revela-
ram que as folhas e frutos da “aninga” absorvem uma grande quantidade de metais pesados, principalmente de manganês, o que
provavelmente ocorre também no caule.
Referências: 1. Mattos, F. J. A. Plantas medicinais: guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no Nordeste do Brasil. 2
ed. Fortaleza: IU, 2000. 2. Amorozo, M. C. M.; Gély, A. L. Uso de plantas medicinais por caboclos do Baixo Amazonas. Barcarena, PA, Brasil.
Boletim do Mus. Para. Emílio Goeldi, Sér. Bot. Belém, v. 4, n. , p. 47-131, 1988. 3. Amarante, C. B.; Moraes, L.G.; Uno, W.S.; Solano, F.A.R.;
Fernandes, K.G.; Müller, A.H; Müller, R.C.S. 10th Rio Symposium on Atomic Spectrometry. Salvador. 2008. Resumos. Bahia: Universidade
Federal da Bahia, 2008. p. 158, ref. Mo52.
P23 Avaliação da actividade antiplasmódica de extractos e fracções obtidos do caule de Montrichardia
linifera (Araceae)
Alejandro F. do Prado a
, Larissa M. Silva a
, Manuele C. de Oliveira a
, Renée de N. O.da Silva a
, Maria Fâni Dolabela b
, Marinete Marins Póvoa c
,
Adolfo Henrique Müller a,b
, Cristine Bastos do Amarante b,d
a
Centro Universitário do Estado do Pará, Avenida Nazaré, 630, Bairro Nazaré, CEP: 66035-170, Belém/PA, Brasil. b
Universidade Federal do
Pará, Rua Augusto Corrêa, 01, Bairro Guamá, CEP:66075-110, Belém, PA, Brasil. c
Seção de Parasitologia, Instituto Evandro Chagas, CEP:
67030-000, Ananindeua/PA, Brasil. d
Museu Paraense Emílio Goeldi, Avenida Perimetral, 1901, CEP: 66077-830, Belém/PA, Brasil.
A espécie Montrichardia linifera (Araceae) ocorre em vários estados brasileiros, sendo utilizada como diurético, cicatrizante de
cortes profundos, sangramentos nasais, abscessos e tumores(1)
. Estudos recentes(2, 3)
mostraram que o extracto e fracções do caule
apresentaram alta toxicidade frente a Artemia salina sugerindo alto potencial biológico. O presente trabalho teve como objectivo
avaliar a actividade antiplasmódica de extractos e fracções obtidos do caule de M. linifera. O extracto etanólico foi obtido por
percolação descontínua do caule de M. linifera, seguido de fraccionamento em coluna cromatográfica aberta de sílica e eluída
com solventes de polaridades crescentes obtendo as fracções: hexano, diclorometano, acetato de etilo e metanol. A actividade
antiplasmódica in vitro frente ao P. falciparum (clone Dd2 - clone resistente a cloroquina e sulfadoxina) foi avaliada segundo a
metodologia descrita por Rieckmann (4) modificada por Carvalho(5)
. O extracto etanólico e a fracção acetato de etilo apresentaram
actividade antiplasmódica moderada (10<CI50
<100µg/mL). As fracções diclorometanica e metanólica apresentaram alto potencial
(CI50< 10 µg/mL) e no extracto hexânico não foi observada actividade significativa (CI50
> 100 µg/mL). Em síntese, as fracções
diclorometano e metanólica possuem um alto potencial antimalárico.
Referências: 1. Amarante, C. B; Müller, A.H; Müller, R.C.S. In: XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil & X International Congress of
Ethnopharmacology, São Paulo. 2008. Anais...São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, 2008, p. 191, ref.2089. 1CD-ROM. 2. Prado, A.
F; Silva, L. M; et al. Fraccionamento do extracto etanólico obtido do caule de Montrichardia linifera (Araceae) e avaliação da toxicidade em
Artemia salina. In: 32º Reunião annual da SBQ, Fortaleza, Ceará. 2009. Anais São Paulo: SBQ 2009, ref, pn. 417. 1CD-ROM. 3. Silva, L .M;
Oliveira, M. C; et al. Avaliação da toxicidade em Artemia salina de extracto obtidos do caule e folha de Mobtrichardia linifera (Araceae).
In: 32º Reunião annual da SBQ, Fortaleza, Ceará. 2009. Anais...São Paulo: SBQ, 2009, ref, pn. 418. 1CD-ROM. 4. Rieckman KH; et al. Drug
sensitity of Plasmodium falciparum. An in vitro microtechnique. Lancet. i. 1978. p. 22-23. 5. Carvalho LH. Quimioterapia experimental com
extractos brutos de plantas e compostos quimicamente definidos [Dissertação]. Belo Horizonte (MG): Universidade Federal Minas Gerais,
Depto de Parasitologia, ICB; 1990.