Este documento discute a situação atual do controle de nematóides no café no Brasil. Os nematóides Meloidogyne incognita, M. paranaensis e M. exigua causam os maiores danos às lavouras de café. O documento descreve os sintomas causados por cada espécie e estratégias de controle integrado, incluindo químico, cultural e resistência genética.
5. Quais são os nematóides de
importância para a cafeicultura
Os nematoides das galhas como são chamados, pertencentes ao gênero
Meloidogyne estão mundialmente distribuídos e são os mais importantes
nematoides parasitos no cafeeiro no Brasil e no mundo (CAMPOS e
VILLAIN, 2005).
Compondo esse gênero existem mais de 90 espécies descritas, das quais
17 podem atacar o cafeeiro (CAMPOS e VILLAIN, 2005).
No Brasil, M. incognita, M. paranaensis e M. exigua
constituem as principais espécies por causa dos danos que causam e pela
ampla distribuição nas áreas produtoras de café (CAMPOS e VILLAIN,
2005; OLIVEIRA, 2006), podendo levar a planta a morte (SALGADO et al.,
2011).
6. Meloidogyne incognita e M.
paranaensis
Danificam drasticamente a integridade das raízes, causando escamações em
sua superfície, com aspecto de cortiça, com descascamento, rachaduras e
pontos de lesões necróticas (SALGADO et al., 2011).
Na parte aérea das plantas, os sintomas são clorose, desfolhamento,
redução no crescimento e as vezes morte da planta (FERRAZ, 2008).
8. Meloidogyne exigua
Causa galhas arredondadas, principalmente em raízes novas, também podem
ser observadas áreas necróticas nas raízes, que podem ser agravadas por
infecções secundárias levando a seção da raiz atacada à morte (CAMPOS e
VILLAIN, 2005).
11. Quais os prejuízos?
1.Destruição do sistema radicular
2.Agravante de estresse
3.Redução de absorção de água e nutrientes
4.Comprometimento da produtividade
5.Baixa de resistência da planta e maior
predisposição a doenças
6.Porta de entrada de doenças
7.Morte de plantas
Exigua – agravante de estresse
Incognita e Paranaensis – morte de plantas
13. Florada ocorrida em
outubro de 2007
maior índice de abortamento que as
flores normais sendo estas também
afetadas pelo estresse.
Fonte: 34º CBPC – Garcia et al, 2007
17. Distribuição geográfica
O nematóide Meloidogyne paranaensis foi identificado em algumas
lavouras cafeeiras dos municípios de Patrocínio e Serra do
Salitre, no Cerrado mineiro, destruindo o sistema radicular de
cafeeiros, resultando num depauperamento da parte aérea das
plantas (Castro, 2003).
Em cafezais paulistas, M. paranaensis está disseminado em
freqüências que variam de 10,7% a 24,5% das amostras em que
foram encontrados nematóides do
gênero Meloidogyne (LORDELLO e LORDELLO, 2001), enquanto
em Minas Gerais, existe apenas um relato de sua ocorrência
(SANTOS, 1997).
Pesquisa realizada por CARNEIRO e ALMEIDA (2000) indica um
substancial aumento da distribuição de M. paranaensis (70 %) e
decréscimo de M. incognita (30 %) no Paraná.
M. Exigua está disseminado por toda a cafeicultura do Brasil. No Sul de
Minas diagnósticos demonstram presença em mais de 90% de lavouras mais
velhas
28. Sistemas de controle
1. Prevenção
2.Químico
3. Cultural
4. Resistência genética
5. Controle biológico
A combinação das técnicas em um manejo
integrado é a melhor maneira de manter os
nematóides abaixo do nível de dano
A população se mantém em baixa pressão e
equilíbrio populacional
33. Controle Biológico
-Fungos predadores, endoparasitos e
parasitos de fêmeas e ovos.
-Bactérias:
Rizobactérias = promotoras de
crescimento vegetal + ação sobre os
nematóides
34. Estudos Procafé
Produtos nematicidas Dose/tubete Galhas/gr
ama de raíz
Testemunha (sem produto) - 28,0 b
Counter 3 g 4,16 a
Biologico (bacteria) 0,4 g 6,0 a
Rugby 1,125 ml 1,66 a
Rugby 0,7 ml 1,33 a
Rugby 0,375 ml 1,66 a
Tabela 2. Valores médios de galhas por grama de raiz
analisados
em função da aplicação de Produtos nematicidas.
BIOLÓGICO - BACTÉRIAS
35. Estudos Procafé
Resistencia Genética
CAFEEIROS 40 dias após inoculação 120 dias após inoculação
Catucaí Vermelho 785-15 0 a 0 a
Iapar 59 0 a 0 a
Acauã 0 a 11 b
Catucaí Vermelho 36/6 31 b 57 c
Siriema 39 b 69 c
Soledade 41 b 46 c
Bem-te-vi Amarelo 43 b 51 c
Catucaí Vermelho 20/15- cv 395 44 b 28 c
Catucaí Amarelo 3-5 45 b 72 c
Cultivar oriunda de Franca 46 b 51 c
Catucaí Vermelho 36/6- cv 470 48 b 41 c
Catucaí Amarelo 24/137 49 b 52 c
Sabiá 398 51 b 66 c
Catucaí Amarelo 2SL- cv 446 52 b 66 c
Catucaí Amarelo 3 SM 53 b 60 c
Catucaí Amarelo 20/15- 479 56 b 44 c
Icatu 2944 57 b 31 c
Palma II 62 b 79 c
Canário 64 b 46 c
Catucaí Açu Vermelho 66 b 56 c
Palma I 70 b 68 c
Mundo Novo Acaiá 474/19 (T) 72 b 34 c
QUADRO 1. Valores médios do número de galhas por grama de raiz ( NG/g), dos
cafeeiros, observados após a inoculação com 5000 ovos do nematóide Meloidogyne exígua.
37. Resistencia Genética
A resistência ao M. incognita e M. paranaensis vem sendo encontrada em C.
canephora (GONÇALVES et al., 1988; 1996; SERA et al., 2004b; 2005) e
em C. congensis (GONÇALVES et al., 1988).
Fontes de resistência a M. paranaensis (MATA et al., 2000, 2002; SERA et
al., 2002, 2004a) e a M. incognita(CARNEIRO, 1995; MATA et al., 2002;
SERA et al., 2004a) têm sido constatadas em plantas do Icatu (C. arabica).
Resistência para algumas raças de M. incognita foram também identificadas
em cafeeiros arábicos do germoplasma Sarchimor (GONÇALVES et al.,
1988). GONÇALVES e SILVAROLLA (2001) relataram que os
germoplasmas C. arabica x C. canephora, Icatu, Sarchimor e Catimor são
resistentes a M. exigua, M. incognita eM. paranaensis, porém, geralmente,
segregantes para essa característica.
As cultivares IPR 100 e IPR 106 são moderadamente resistentes a M.
paranaensis em homozigoze, de acordo com SERA et al. (2002).
39. Manejo integrado
Exposição ao sol no inicio do período chuvoso, com elevação de temperatura e
umidade diminuem em mais de 90% a população do nematóide
41. Manejo integrado
Aproveitar as primeiras chuvas do ano para expor o
solo e combinar Umidade + calor
Usar a “Quiescência” e enganar o nematóide
42. Manejo integrado
A braquiária não é suscetível aos nematóides paranaensis e exigua, inibe o
crescimento de plantas daninhas hospedeiras e promovem o aumento de
microorganismos antagônicos aos nematóides
43. Inibição de hospedeiras
Corda de viola 11,98
Café 7,39
Meloidogyne incognita - Capim pé de
galinha (FR = 17,5), maria pretinha,
fedegoso, marmelada
Para M. exigua = trapoeraba, tiririca,
guanxuma, azedinha e maria pretinha.
44. Matéria orgânica
A adição de 1,5% de torta de mamona no
substrato usado no preparo de mudas
proporcionou um bom controle do M. exigua e
do M. incognita.
A adição de palha de café no substrato de
mudas de café, na proporção de 3:1 (terra +
palha), contribui para a redução do número de
galhas por M. exigua.
45. Considerações final
Devemos ter em mente:
• Conhecer se a presença do patógeno e suas
características etiológicas;
• Potencializar a formação de plantas com sistemas
radiculares bem formados;
• A adoção de medidas integradas de controle do
nematóide é bem mais eficiente que a utilização isolada de
nematicidas químicos;
• Resistência Genética,,