A apresentação de possíveis causas da Soja Louca II na reunião de pesquisa de soja enfatizou a necessidade de mais pesquisas para entender a anomalia. Ácaros foram observados nas lavouras afetadas, mas pesquisadores discordam que eles sejam a causa. Mais estudos são necessários para determinar o papel dos ácaros e identificar a verdadeira causa da Soja Louca II.
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Complexidade da Soja Louca II exige intensificação das pesquisas
A apresentação das possíveis causas da /Soja Louca II -/ distúrbio de causa
desconhecida - durante a /XXXI Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central
do Brasil //(//RPSRCB) que /começou hoje dia 10, em Brasília, enfatizou, ainda
mais, a necessidade de incrementar as pesquisas para entender a anomalia. A
RPSRCB, promovida pela Embrapa, começou hoje dia 10 e segue até amanhã, no
Centro de Eventos e Treinamentos da Confederação Nacional dos Trabalhadores
do Comércio (CNTC), em Brasília, DF.
O professor da Esalq/USP, Durval Dourado Neto, apresentou em sua palestra os
possíveis aspectos fisiológicos relacionados à Soja Louca II. Entre eles, Dourado
apontou como possibilidades de causa da Soja Louca II, os estresses causados
pelo ambiente ou fatores biológicos, os fitohormonios relacionados à inibição ou
crescimento da planta, além de destacar a necessidade de observação entre as
fases de desenvolvimento da planta e suas relações com o ambiente.
A ocorrência dos sintomas da Soja Louca II em lavouras de soja do Grupo
Schalatter, situadas no Mato Grosso, foi apresentada pelo engenheiro agrônomo
José Roberto Pavezi. Depois de detectada, na safra 2006/2007, o agrônomo
passou a buscar as possíveis causas do problema. Segundo ele, a investigação
acabou descartando que o problema fosse ocasionado por doenças, percevejos,
fitoxicidade ou deficiências nutricionais. “Com o auxílio de uma lupa que aumenta
20 vezes, encontramos deformações em folhas e ramos e também observamos a
presença de enorme quantidade de ácaros pretos. Eles devem estar associados
aos sintomas de *Soja Louca II* nas condições das fazendas do Grupo
Schallater”, afirma.
Para Pavezi, nas observações feitas nas fazendas, o manejo com grade no milho
safrinha diminuiu a população do ácaro no inverno. “Também observamos que
capins que formam touceiras possibilitam a manutenção da população do ácaro
no inverno, servindo de abrigo e ponto central de muitas reboleiras”, diz. “Não
conseguiu obter resultados com o controle químico, mas o controle mecânico
mostrou mais eficiente”.
Por outro lado, para o professor Aníbal Ramadan Oliveira, da Universidade
Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, BA, não é esperado que os ácaros oribatídeos
sejam os agentes causais da Soja Louca II. Segundo ele, há relatos raros e
bastante antigos de que os ácaros causem danos a culturas agrícolas. “Isso
mostra que se houver correlação com a Soja Louca II será uma descoberta
científica completamente inovadora”.
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Oliveira apresentou a palestra Ácaro Oribatida versus Soja Louca II em que
relatou a existência de mais de 9 mil espécies de ácaros, tendo sido
identificados, no Brasil, 477 espécies. “De forma geral, eles se alimentam de
fungos e vegetais em decomposição e raramente se alimentam de tecido vivo”,
explica. “Esses fungos cortam o alimento e excretam substâncias que auxiliam
na decomposição de vegetais”.
O professor apresentou várias questões para discussão e que merecem mais
estudos, antes que se afirme que os ácaros provocam a Soja Louca II.
“Precisamos saber, por exemplo, se os ácaros oribatídeos são os reais
causadores ou simplesmente indicadores de problemas que levariam à
manifestação da Soja Louca II”, diz.
Para Oliveira, é necessária uma intensificação dos estudos para constatação
quanto a onde, quando e em que condições os ácaros poderiam estar se
alimentando da planta de soja e, de alguma forma, contribuindo para a
manifestação da Soja Louca.
*Sintomas* – Segundo os pesquisadores Embrapa, os sintomas observados de
Soja Louca II são o afilamento das folhas do topo das plantas e o engrossamento
das nervuras. As folhas apresentam uma tonalidade mais escura em relação às
sadias. As hastes exibem deformações e engrossamento dos nós. As vagens
também apresentam deformações, redução do número de grãos e
apodrecimento de grãos.
Plantas com problemas registram alto índice de abortamento de flores e vagens.
Esse abortamento é mais intenso na parte superior das plantas, diminuindo em
relação à base, o que impede o processo natural de maturação, fazendo com que
a planta permaneça verde no campo, fenômeno conhecido como /Soja Louca/.
A /XXXI/ /RPSRCB/ está sendo realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), por intermédio de duas unidades de pesquisa: Embrapa
Cerrados (Planaltina-DF) e Embrapa Soja (Londrina-PR).
Mais informações www.cnpso.embrapa.br/rpsrcb
Assessoria de Imprensa
Fonte: Lebna Landgraf (43) 9994-2271 e Clarissa Lima(61)
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