Artigo apresentado no XVI Simpósio Brasileiro de Fatores Humanos em Sistemas Computacionais, o IHC 2017. resumo O computador que oprime usuários através de interfaces mal projetadas é uma alegoria recorrente na literatura de Interação Humano-Computador. Analisando esta relação de opressão pela pedagogia crítica de Paulo Freire é possível afirmar que computadores não são por si só opressores, mas podem ser considerados opressivos se instrumentalizarem a opressão de um grupo social por outro. Este artigo apresenta a proposta alternativa de apropriar-se do computador como um espaço de possibilidades para superar a relação de opressão, tal como o Teatro do Oprimido de Augusto Boal. Um experimento de pedagogia crítica em Design de Interação confirmou a efetividade do corpo humano como fulcro de projeto e como trampolim para a superação de opressões mediadas pelo computador.

1. Projetando interações
opressivas e libertárias com
o corpo consciente
Rodrigo Freese Gonzatto (PUCPR)
Frederick M. C. van Amstel (PUCPR)

2. O computador como "opressor" do usuário
● Problemas de usabilidade
● Interrupções na
comunicação semiótica
● Excesso de informações
● Sobrecargas físicas
e cognitivas

3. O desenvolvedor como opressor do usuário

4. Designer como "herói"?
Imagem de publicidade do software de prototipação digital Axure

5. O que fazer pelo
usuário oprimido?

6. Estudos latino-americanos
sobre opressão
Paulo Freire
Pedagogia do Oprimido (1968)
Augusto Boal
Teatro do Oprimido e outras poéticas
políticas (1975)

7. Conceito de opressão
● Opressão é um fenômeno social, de grupos sobre grupos,
e não individual
● Um grupo social nega constantemente a humanidade de
outro grupo social, impedindo que este desenvolva todas
as suas potencialidades
● O indivíduo é oprimido por pertencer ao grupo negado e
não apenas ação particular sua

8. Superação da opressão
● Ações individuais não superam a opressão
● Quando o oprimido age como o opressor,
a opressão não é superada
● A superação da opressão é uma luta histórica
que requer consciência das condições injustas
e das possibilidades de libertação
● Tecnologias não são neutras e podem ser usadas tanto
para oprimir quanto para libertar

9. Corpo consciente (Freire)
● O fenômeno da consciência não é produzido
apenas pela mente, mas pelo corpo inteiro
● Pelos relacionamentos sociais, o corpo consciente reconhece
criticamente a relação entre condicionamento e liberdade
● O processo de conscientização não é apenas
uma transformação psicológica, mas uma
transformação completa que inclui as tecnologias envolvidas
na produção da existência (ex: perfis em redes sociais)

10. Relações entre
corpo e tecnologia
● Tecnologias mediam
interações entre corpos
humanos
● Interações surgem de
corpos e afetam outros
corpos
● Interações podem ser
opressivas ou libertárias

11. O computador como Teatro... do Oprimido
● Brenda Laurel propõe que a interação com o
computador seja tratada como um palco.
○ Usuários e agentes computacionais
representam ações (e não só metáforas de
funcionamento do computador)
● Pelle Ehn propõe que, se os usuários
participarem do projeto do computador, o
computador pode contribuir para sua libertação
O computador pode, portanto, ser tratado
como um Teatro do Oprimido

12. Teatro do Oprimido (CTO)

13. Teatro do Oprimido (Design de Interação - PUCPR)

14. Técnica do teatro-imagem
para ensaiar interações

15. Fluxograma
para
documentar
interações
opressivas e
libertárias

16. Projeto de interface como uma ficção projetual

17. Conclusões
● Opressões não são superadas por projetos de
interação, mas projetos de interação podem
contribuir para a conscientização das mesmas
● Uma pedagogia crítica em IHC precisa
desenvolver o corpo consciente
● Teatro do Oprimido é uma abordagem prática
para desenvolver o corpo no ensaio de interações

18. Gratidão!
Rodrigo Freese Gonzatto rgonzatto.com
Frederick M. C. van Amstel usabilidoido.com.br
Escola de Arquitetura e Design PUCPR