1. CRESCER, DESENVOLVER-SE E
APRENDER NO CICLO DA VIDA.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
FUE 1065 - PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Profª Drª Andréa Forgiarini Cechin
afcechin@gmail.com
Profª Drª Adriana M. da Rocha Maciel
Adriana.macielrm@gmail.co
5. Personalidade é também
um conceito dinâmico com
que podemos descrever o
crescimento e o
desenvolvimento de todo o
sistema psicológico de um
indivíduo...
6. A formação da personalidade
é um processo gradual,
complexo e
único para cada ser humano.
7. A personalidade é formada
durante as etapas do
desenvolvimento psico-afetivo
pelas quais passa a criança
desde a gestação.
Na sua formação atuam tanto os
elementos geneticamente herdados
(temperamento) como também os
adquiridos do meio ambiente no qual
a criança está inserida.
9. A afetividade* é a base
essencial da
personalidade, o elemento
que “pulsa” em todas as
nossas ações e omissões.
As reflexões lógicas
adquirem força apenas
pelos afetos a elas
relacionados.
10. A personalidade é formada por dois fatores básicos:
Hereditários
Fatores que estão determinados desde a concepção do bebê.
É a estatura, cor dos olhos, da pele, temperamento, reflexos
musculares e vários outros - aquilo que o bebê recebe de
herança genética de seus pais.
Ambientais
Exercem uma grande influência porque dizem respeito à
cultura, hábitos familiares, grupos sociais, escola,
responsabilidade, moral e ética, etc - são experiências vividas
pela criança que irão lhe dar suporte e contribuir para a
formação de sua personalidade.
11. Os traços de personalidade são desenvolvidos
dinamicamente no interior de cada pessoa,
a partir dos genes particulares que herdamos,
das formas particulares de existência que suportamos e
das percepções individuais que temos do mundo,
capazes de nos tornar, cada um,
únicos na maneira de ser e de
desempenhar os papeis sociais que escolhemos.
12. Existe uma variedade de definições, que se justificam:
Pela ênfase colocada, quer no estudo do
desenvolvimento, quer no estudo da
estrutura.
Pelas perspectivas;
Pelas funções (para que é que se está
definindo o construto personalidade);
Pelos níveis de explicação que se
tem em vista;
13. unicidade do indivíduo, aquilo que o distingue de todos os
outros;
conjunto de características estáveis e duradouras, ao
longo do tempo e das situações;
ao estilo característico de ligação/interação entre o sujeito e
o ambiente físico e social.
A ênfase atribuída depende da teoria/modelo.
14. A personalidade é uma variável individual que cada
pessoa possui e diferencia-a de qualquer outra,
determina os seus modelos de comportamento, inclui
as interações dos estados de ânimo do indivíduo, as
suas atitudes, motivos e métodos, de maneira que
cada pessoa responde de forma distinta perante as
mesmas situações.
15. A personalidade representa as
propriedades estruturais e
dinâmicas de um indivíduo...
como estas se refletem no seu
modo próprio de responder às
diferentes situações.
A personalidade é formada
por características inatas,
acumulação de
experiências e ações
recíprocas entre o ser
humano e o seu meio.
É o conjunto de traços psicológicos internos
que determinam a forma como o indivíduo
se comporta em distintas situações.
16. As definições de personalidade refletem as diferentes
teorias e a perspectiva que se tem em relação ao tópico
num determinado momento histórico.
Unidades básicas da Personalidade
Sigmund Freud ego, superego, id.
Anna Freud ego (mecanismos de defesa)
Carl Jung inconsciente coletivo
Alfred Adler complexo de inferioridade
Karen Horney ansiedade básica
Erik Erikson crises psicossociais
Skinner condicionamento
Rogers self e auto-realização
Maslow auto-atualização e transcendência
Piaget aprendizagem
17. Características da Personalidade
A personalidade é traço distintivo de cada ser
humano, é formada pela combinação de
características e qualidades distintas.
Consistência
Considerando que a personalidade é um traço distintivo de cada
pessoa, permanece relativamente estável ao longo do tempo,
influenciando seu comportamento.
Isto não evita que o indivíduo possa mudar o seu comportamento
devido a fatores ambientais ou a necessidades experimentadas.
18. Diferenciação
A personalidade é única por ser uma combinação
de fatores internos, mas se queremos utilizá-la
como critério de segmentação, podem-se
destacar um ou vários traços comuns.
A personalidade permite identificar cada indivíduo como um
ser único. Esta característica traduz-se nas distintas reações
que podem ter as pessoas perante um mesmo estímulo.
19. Imprevisibilidade
A personalidade é uma complexa combinação de
características e comportamentos que tornam difícil uma
predição da resposta das pessoas aos estímulos sugeridos.
Apesar da personalidade ser um traço
consistente, pode variar a longo prazo pela
interação com o meio, pelas experiências
vividas pelo indivíduo ou simplesmente, à
medida que a pessoa vai amadurecendo.
Evolução
20. Temperamento e caráter são funções parciais do
organismo humano, enquanto o termo personalidade
abrange o homem como um todo.
TEMPERAMENTO
(biológico, com
cargas hereditárias)
CARÁTER (carga
de aprendizagem
social)
21. “(...) cada célula do nosso corpo é uma parte que está no todo de nosso
organismo, mas cada célula contém a totalidade do patrimônio genético do
conjunto do corpo, o que significa que o todo está presente também na
parte. Cada indivíduo numa sociedade é uma parte de um todo, que é a
sociedade, mas esta intervém, desde o nascimento do indivíduo, com sua
linguagem, suas normas, suas proibições, sua cultura, seu saber; outra
vez, o todo está na parte. Com efeito, ‘tudo está em tudo e
reciprocamente’. Nós mesmos, do ponto de vista cósmico, somos uma
parte no todo cósmico: as partículas que nasceram nos primeiros instantes
do Universo se encontram em nossos átomos. O átomo de carbono
necessário para a nossa vida formou-se num sol anterior ao nosso. Ou
seja, a totalidade da história do cosmos está em nós, que somos, não
obstante, uma parte pequena, ínfima, perdida no cosmos. E sem dúvida
somos singulares, posto que o princípio ‘o todo está na parte’ não significa
que a parte seja um reflexo puro e simples do todo. Cada parte conserva
sua singularidade e sua individualidade, mas, de algum modo, contém o
todo.”
Edgar Morin (1996), em Epistemologia da Complexidade, p. 275.
22. Temperamento
Tendência constitucional para reagir de certo modo ao meio
ambiente de acordo com sua maneira de sentir. Sistema
duradouro e mais ou menos estável do comportamento afetivo
(emoção).
Algumas pessoas são mais plácidas do que
outras, algumas são mais vigorosas, outras
mais sensíveis, outras ainda mais facilmente
excitáveis; é provável que tais diferenças sejam
inatas e reconhecíveis desde o momento do
nascimento.
A palavra temperamento tem
sua origem do latim
(temperamentum = medida).
23. O temperamento é biologicamente determinado e a personalidade é um
produto do ambiente social.
Características temperamentais podem ser identificadas já cedo, na
infância, ao passo que a personalidade é moldada durante os períodos do
desenvolvimento infantil e adolescência.
Diferenças individuais com características temperamentais como
ansiedade, extroversão-introversão, também são observados em animais,
ao passo que a personalidade é prerrogativa de seres humanos.
O temperamento apresenta aspectos estilísticos. A personalidade contém
aspectos do comportamento.
Ao contrário do temperamento, a personalidade se refere à função
integrativa do comportamento humano.
Diferenciando o temperamento
da personalidade:
24. Temperamento também não é idêntico a caráter,
embora freqüentemente se confunda com ele,
sobretudo na linguagem popular.
O temperamento é provavelmente um fator que contribui, de forma
decisiva, para a determinação do tipo particular de estrutura de
caráter desenvolvido por uma pessoa, na medida em que limita as
potencialidades para o desenvolvimento do caráter. É improvável
que uma pessoa constitucionalmente fleumática desenvolva uma
estrutura de caráter ansiosa, rígida e compulsiva.
Por outro lado, o caráter é algo que se soma ao
temperamento, como um componente dentro do
quadro de possibilidades contidas num
determinado temperamento.
25. Há cerca de 2500 anos, Hipócrates, considerado o pai da
Medicina, classificou o temperamento da espécie humana em
quatro tipos básicos:
Sangüíneo, típico de pessoas de humor variado;
Melancólico, característico de pessoas tristes e sonhadoras;
Colérico, peculiar de pessoas cujo humor se caracteriza por um
desejo forte; sentimentos impulsivos, com predominância da
bile;
Fleumático, encontrado em pessoas lentas e apáticas, de
sangue frio.
26. Tendo feito uso da teoria postulada por Hipócrates,
Ivan Pavlov verificou experimentalmente em
animais, os mesmos tipos de temperamentos
humanos, demonstrando ao mesmo tempo a
relação dos mesmos com o sistema nervoso e
fatores bioquímicos.
A partir disso, várias pesquisas foram
desenvolvidas com base nos neurotransmissores,
nos processos genéticos, bioquímicos e nervosos,
acreditando estar aí a explicação para as
diferenças de temperamento.
27. São vários os sistemas básicos que tentam explicar a
essência do temperamento, porém, destacam –se:
O sistema humoral, que tem um interesse histórico e liga o
estado do organismo com a proporção dos líquidos e
humores que circulam pelo organismo. Daí surgiu a
classificação dos temperamentos sangüíneo, colérico,
fleumático e melancólico.
O sistema constitucional, que se sustenta nas diferentes
compleições do organismo e em sua estrutura física. Essa
tipologia representa uma abordagem ao estudo da relação
entre as características físicas e as psicológicas.
28. Atualmente, o que mais se aceita a respeito do temperamento é que
certas características são decorrentes de processos fisiológicos do
sistema linfático, bem como a
ação endócrina de certos hormônios. Assim, pode-se explicar a genética
e a interferência do meio sobre o temperamento de cada pessoa.
Temperamento é, pois, uma disposição inata e particular de cada pessoa,
pronta a reagir aos estímulos ambientais; é a maneira interna de ser e
agir de uma pessoa, geneticamente determinado; é o aspecto somático
da personalidade.
29. Estudos recentes identificaram indicadores de temperamento em
crianças, que tendem a definir a sua reação diante das situações:
1. abordagem,
2. afastamento,
3. ritmo (regularidade),
4. característica de humor,
5. intensidade de reação,
6. Adaptabilidade,
7. Intensidade de reação,
8. nível de atividade,
9. limiar,
10. dispersividade e período de atenção.
30. C
a
r
á
t
e
r
Faz alusão à parte apelativa da personalidade e em geral é
usado com implicações éticas, resumindo-se a índole ou
firmeza de vontade.
Em geral o termo caráter expressa os sentimentos psíquicos
do indivíduo com os seus valores e suas atitudes frente a si
mesmo e aos demais.
O termo caráter é originário do grego
charakter e refere-se a sinal, marca, ao
instrumento que grava. Aplicado esse termo à
personalidade, denota aqueles aspectos que
foram gravados, inscritos no psiquismo e no
corpo de cada indivíduo durante o seu
desenvolvimento.
31. O caráter não se manifesta de forma total e definitiva na
infância, mas vai sendo formado enquanto atravessa as distintas
fases do desenvolvimento psicossexual, até alcançar sua
completa expressão ao final da adolescência.
É por meio do caráter que a personalidade e o temperamento do
indivíduo se manifestam.
Conhecer o caráter de uma pessoa significa conhecer os traços
essenciais que determinam o conjunto de seus atos.
32. O temperamento pode ser
transmitido de pais para filhos,
porém, não é aprendido,
nem pode ser educado; apenas
pode ser abrandado em sua
maneira de ser, o que é feito
pelo caráter.
33. CARÁTER
DUAS FORMAS DE APRENDIZAGEM SÃO
RESPONSÁVEIS PELA MAIOR PARTE DO QUE
SOMOS:
O condicionamento;
A modelagem social
34. Como
podemos desenvolver o caráter?
O caráter é formado - inclui informação, mas é
mais do que conhecimento intelectual.
Formar o caráter é eticamente “construir” uma
pessoa.
“Quando” o caráter é ensinado?
Existem duas respostas simples:
O caráter é ensinado a todo instante
da vida; todos os encontros e
experiências formam o caráter,
positivamente ou não.
O caráter pode ser ensinado
formalmente como um componente
ético em todas as aulas, na formação
escolar e acadêmica.
35. Tão importante quanto ensinar
aos alunos e profissionais os
assuntos relativos aos
conteúdos curriculares,
é ensinar como nós,
seres humanos,
podemos desenvolver
o nosso caráter!
Que relações podemos fazer
com os quatro pilares da
Educação? E com os atributos
da pessoa do modelo
bioecológico?