1. Rádon um problema ignorado
Se fosse calculado o número de pessoas que morrem todos os anos com cancro do pulmão devido ao
rádon, chegar-se-ia a números inesperados e impressionantes. Estudos feitos nos EUA, onde o rádon
é considerado uma das nove causas principais de cancro, revelam que cerca de 16 000 mortes anuais
por cancro do pulmão (cerca de 11% do total) podem ser atribuídas à exposição do rádon em casas e
minas.
O rádon (Rn), anteriormente denominado nitron e emanação de rádio, é um elemento químico gasoso,
não metálico, radioativo, inerte, pertencente ao grupo dos gases raros ou nobres, que se localiza no
grupo 18 e período 6 da Tabela Periódica. Este possui número atómico 86 e massa atómica 222,0176.
O rádon foi descoberto em 1900 em Halle, Alemanha, pelo cientista Friedrich Ernst Dorn.
O nome rádon deriva de radium. Este elemento possui 20 isótopos radioativos conhecidos. O 219Rn
(actínon), o 220Rn (tóron) e o 222Rn (rádon), das famílias do actínio, do tório e do urânio, são
emissores alfa. O isótopo mais estável, o 222Rn, forma-se como produto da desintegração do rádio.
O rádon é portanto um gás incolor e inodoro, muito mais denso que o ar, que resulta da
desintegração radioactiva do urânio. É quimicamente inerte, não se fixando, portanto, no corpo
humano. Os produtos radioactivos da sua desintegração é que são realmente nocivos: são partículas
de bismuto, chumbo, e especialmente polónio, o mais perigoso, que se alojam nos pulmões. O rádon
sai naturalmente do solo por poros e fissuras, e diluindo-se na atmosfera pelo que não cria qualquer
preocupação.
O problema surge em habitações estanques e mal arejadas, nas quais o rádon pode penetrar por
fissuras no chão e paredes, por juntas ou canalizações e atingir concentrações impressionantes. O
risco de isto suceder é evidentemente maior nas moradias construídas directamente sobre o solo. Mas
o rádon pode constituir um problema mesmo em prédios urbanos de vários andares. O risco é
também maior nas zonas com subsolos ricos em urânio, e as regiões graníticas parecem ser as mais
afectadas.
2. Quando existe uma concentração considerável de rádon no ambiente, este gás incorpora-se nos
pulmões por inalação. Esta incorporação pressupõe uma contaminação radioactiva. As partículas alfa
emitidas pelo rádon são altamente ionizantes, mas tem pouco poder de penetração, tão pouco que
não são capazes de atravessar a nossa pele ou uma simples mascara. No entanto, ao inalar o gás,
esse escasso poder de penetração converte-se num problema, já que as partículas não conseguem
escapar de nosso corpo, e depositam toda sua energia nele, podendo ocasionar lesões ou patologias
de gravidade diversa, de acordo com a quantidade de rádon inalado.
Para medir os níveis de rádon, existem dois tipos principais de detectores: o detector de traços e o
bastão de carvão activado. Qualquer deles é colocado na divisão em que se pretende medir o nível de
rádon durante um certo tempo (cerca de 1 mês no caso do detector de traços, 3 a 7 dias no caso do
bastão de carvão activado) e depois é enviado para o laboratório, para ser analisado. Nos EUA, Reino
Unido e países escandinavos, por exemplo, várias campanhas de informação têm alertado o público
para este problema.
Existem nesses países serviços oficiais e empresas com especialistas na medição das concentrações
do rádon e também nas técnicas que permitem evitar que se atinjam níveis perigosos nas casas.
Essas técnicas vão desde o arejamento natural à pressurização das habitações, calafetação do chão e
colocação de tubos de drenagem. Em Portugal, o rádon é um problema ainda ignorado. No entanto,
se habita em zona de risco, numa moradia construída directamente sobre o solo, há algumas
precauções simples que poderá tomar: mande calafetar bem o chão e selar as juntas (especialmente
nas entradas das canalizações) e mantenha a casa bem ventilada. Pode ainda escrever para o
Departamento de Protecção e Segurança Radiológica da Direcção-Geral do Ambiente para obter mais
informações e aconselhamento.
O novo acordo ortográfico obriga a que os “c” antes das consoantes sejam removidos, no
entanto neste documento como noutros da mesma origem ou autoria, mantêm a escrita
anterior ao referido acordo.