O documento descreve como os pesticidas controlam pragas de três maneiras: (1) toxicidade física que bloqueia processos celulares, (2) inibindo o metabolismo das células, e (3) interrompendo a síntese de proteínas e enzimas. Ele também discute como pesticidas podem ter efeitos sistêmicos ou residuais e fornece exemplos de diferentes tipos de pesticidas.
3. Como Funcionam os Pesticidas
2011 Carlos Alberto T. Alves
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O que são e como funcionam os
Pesticidas *
Plantas, insectos bactérias, fungos e muitos outros organismos são parte
do ambiente. Alguns beneficiam as pessoas de várias maneiras, outros
podem, pelo contrário, ser considerados como pestes que temos
necessidade de controlar. Podemos escolher diferentes métodos para
controlar uma peste ou praga e um desses métodos é através da
utilização de pesticidas.
Um pesticida é toda e qualquer substância ou mistura de substâncias
usada para destruir, suprimir ou alterar o ciclo de vida de qualquer
peste. Um pesticida pode ser qualquer substância de origem natural ou
sintética. Um pesticida pode também ser um organismo incluindo, por
exemplo, uma colheita geneticamente modificada.
Os pesticidas incluem os bactericidas, os fungicidas, os baits, os lures, os
herbicidas, raticidas e os repelentes.
É muito importante que os pesticidas sejam usados apenas e só quando
tal se justificar. Por essa razão é muito importante identificar o tipo de
peste que se pretende controlar e, depois considerar todas as opções de
controlo que existam.
Se você escolher usar um pesticida, assegure-se de que ele é registado e
indicado para o caso particular da peste que pretende erradicar e, siga
sempre as instruções relativas ao seu uso para sua segurança e dos
outros.
Hoje existem milhares de pesticidas registados e que são usados
correntemente, também em termos domésticos como rurais, sendo que a
sua definição abrange uma larga gama de substancias.
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Como funcionam os pesticidas?
Por definição os pesticidas são produtos químicos usados na agricultura,
podendo ser uma substancia ou uma mistura de substancias, podendo
ser importada, fabricada, fornecida ou usada como meio, directa ou
indirectamente para:
a) Destruir, estupidificar, repelir, inibir a alimentação, ou prevenir a
infestação ou ataque de uma qualquer peste relativamente a uma
planta, local ou coisa, ou;
b) Destruir uma planta ou;
c) Modificar a fisiologia de uma planta ou peste e ainda alterar o sei
meio natural de desenvolvimento, produtividade, qualidade ou
capacidade reprodutiva, ou;
d) Modificar um afeito de um qualquer outro produto químico ou;
e) Atrair uma peste com o fim de a destruir.
Os pesticidas controlam as pestes provocadas pelos organismos
infestantes de forma física, química ou biológica, interferindo no seu
metabolismo ou no seu comportamento normal.
A maioria dos pesticidas têm um efeito letal para as pestes alvo quando
aplicados nas taxas especificadas nas respectivas etiquetas ou rótulos.
Muitos pesticidas são não letais para as pestes que pretendem controlar,
como é o caso dos repelentes ou dos atraentes, os agentes
esterilizadores (que interferem com a reprodutividade da peste), alguns
desfolhantes (que provocam a queda das folhas sem matar a planta) e
alguns produtos que compõem os pesticidas que controlam a acção de
outros pesticidas sem serem particularmente tóxicos eles próprios.
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Quais são as diferenças entre alguns pesticidas
Algumas famílias ou grupos de produtos químicos que são considerados
pesticidas são, por exemplo os:
Bactericidas – Estes destroem, suprimem ou previnem o alastramento
das bactérias, por exemplo, os químicos à base de cloro que para
piscinas e os produtos usados nos jardins e nas orquídeas para controlar
a peste negra. Desinfectantes para uso doméstico e industrial que são
usados para uso exclusivo e não são considerados pesticidas.
Fungicidas – Estes controlam, destroem, atacam ou regulam o
crescimento dos fungos, por exemplo, os fungicidas são usados para
tratar o míldio nas vinhas e nas árvores de frutos.
Organismos Geneticamente Modificados – As colheitas podem ser
geneticamente modificadas para incorporar resistência a pestes e
doenças, tolerância a herbicidas ou atrasar a queda do fruto ou ainda
alterar o período de florestação das plantas. Por exemplo, um gene da
Bactéria “bacillus thuringiensis” pode ser incorporado no algodão,
fornecendo a protecção contra a lagarta do algodão.
Os OGM’s são regulados pelas autoridades governamentais e a sua
utilização não está isenta de polémicas.
Herbicidas – Estes destroem, suprimem ou previnem a disseminação de
ervas ou de outra vegetação indesejada, por exemplo, os herbicidas de
glifosfato são usados para controlar uma grande variedade de ervas nos
jardins e terrenos agrícolas.
Insecticidas – Destroem, suprimem, inibem a alimentação ou previnem
infestações ou o ataque das plantas por insectos. Por exemplo, os
insecticidas são usados para controlar uma grande variedade de pestes
provocadas por insectos, podendo apresentar-se sob a forma de líquidos
ou em pó.
Lures – Estes produtos químicos promovem a atracção da peste ao
pesticida, tendo como objectivo a sua destruição. Apenas os lures com
base na alimentação, por exemplo o queijo numa ratoeira, são excluídos
e não são considerados como pesticidas.
Raticidas – Estes são pesticidas usados especificamente para controlar
pragas provocadas por ratos e outros roedores.
Repelentes – Estes têm uma função repelente e não de destruição da
peste. Incluem-se nesta categoria os repelentes de insectos usados para
combater os mesmos.
Existe ainda um determinado número de organismos vivos capazes de
controlar as pestes e, por essa razão são também considerados
pesticidas. Estes usam-se para controlar a proliferação dos coelhos , por
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exemplo. Os bacilos agem como insecticidas biológicos e são usados para
controlar vários tipos de larvas, tais como as dos mosquitos.
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Pesticidas naturais
Podem ser usadas muitas substancias naturais como pesticidas, tais
como extractos de alho, óleo de eucalipto e etc.. Quando estes se usam
estes químicos naturais como pesticidas, estes estão sujeitos aos
mesmos tipos de controlo que são usados para os pesticidas produzidos
sinteticamente.
Por vezes instala-se uma certa confusão relativamente ao uso de
pesticidas naturais, pelo facto de se pensar que estes por serem naturais
não representam risco. Todas as substancias quer sejam sintéticas quer
sejam naturais, envolvem um certo risco quando são usadas no controlo
de pragas.
É muito importante que os pesticidas sejam usados quando tal for
absolutamente justificado, sendo essencial que seja capaz de identificar a
peste que deseja controlar e seguidamente levar em consideração todas
as instruções de uso. Se usar um pesticida, saiba que será legalmente
responsável pela sua utilização correcta e, deverá seguir as instruções
presentes na etiqueta do referido.
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Como é que os pesticidas atingem o alvo?
A forma como o pesticida se põem em contacto com a peste, que é o seu
alvo, depende da natureza do pesticida, da forma como é aplicado e do
tipo de ambiente no qual o pesticida actua. Os métodos de aplicação
mais comuns incluem os sprays, a fumigação e a baiting.
Muitos pesticidas são pesticidas de contacto. Estes para serem eficazes
necessitam ser absorvidos externamente pelo corpo ou pelo tecido
exposto da planta, por exemplo, o insecticida para as moscas (usado em
nossas casas sob a forma de spray) ou os herbicidas.
Os pesticidas de contacto têm que atingir o alvo directamente para
serem eficazes
Outros pesticidas têm uma acção sistémica. Os pesticidas sistémicos
podem mover-se (ser transladados) do local de aplicação para outro,
juntamente com a planta ou animal, onde se torna activo, por exemplo,
os insecticidas que são absorvidos por foliage e transladados através da
planta onde exerce a sua acção sobre os insectos ou, no caso dos
nematicides, que são aplicados sobre as folhas das plantas e são
transferidos para as raízes das mesmas de forma a matar as minhocas
ou outros que ataquem as raízes destas.
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De forma similar, os anticoagulantes do sangue no caso dos roedores em
baits fazem efeito quando são transferidos do sistema digestivo destes
para a corrente sanguínea de ratos ou outros da mesma família.
Os pesticidas sistémicos deslocam-se do sítio onde são aplicados para
outras partes da planta de forma a atingir o alvo
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Persistência dos pesticidas
Alguns pesticidas têm uma acção residual e continuam a sua acção
durante vários dias, semanas ou mesmo meses depois da aplicação.
Exemplo disso são alguns herbicidas que, quando aplicados permanecem
no solo matando as ervas emergentes durante o ciclo de vida da cultura
e que se mantém activo, muitas vezes, durante anos assim como as
barreiras contra térmitas que no caso de se mantêm activas por muito
tempo nos edifícios.
Muitos dos modernos pesticidas não são persistentes a longo prazo no
ambiente. Eles actuam rapidamente e são degradados transformando-se
em substâncias não tóxicas, por processos químicos ou microbiológicos.
Isto ajuda a prevenir que eles se mantenham no solo após a colheita e
exerçam a sua acção sobre outras novas colheitas ou sobre outros
organismos. A forma ou rapidez como um pesticida se degrada, depende
das suas propriedades químicas, da quantidade que é aplicada e da
forma como é feita a sua aplicação, bem como de factores ambientais
tais como a temperatura, a humidade, o ph do solo e a disponibilidade de
microrganismos.
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Com é que os pesticidas controlam as pragas?
Toxicidade física dos pesticidas
Esta pode bloquear os processos celulares alvo dos organismos de forma
puramente mecânica. Exemplos destes são os óleos em spray, que fazem
colapsar os mecanismos respiratórios dos insectos, como os óleos à base
de petróleo que dissolvem ceras de protecção, sobre certos insectos e
plantas, ou alguns herbicidas que destroem as membranas das células
das plantas, levando à sua dissecação. Alguns destes produtos exercem
uma acção de controlo muitas vezes sobre os ovos dos próprios insectos,
detendo a sua alimentação e conduzindo à sua morte.
Sistemas inibidores do metabolismo
O metabolismo é a transferência de energia que se dá nas células dos
organismos, as quais são essenciais para o crescimento e a sobrevivência
de todos os seres vivos. Existem muitos pesticidas inibidores destes
mecanismos, como é o caso dos cianatos, que destroem as funções
respiratórias nos animais, herbicidas que inibem as sementes de
germinar ou que afectam o crescimento das plantas (em especial as
raízes destas) e, fungicidas que inibem a germinação de esporos.
Por vezes, um pesticida tem que ser metabolizado na sua forma tóxica
antes de se tornar tóxico para a praga alvo. Por exemplo, o monofluor-
acetato de sódio, precisa de ser convertido para flúor-citrato antes de se
tornar tóxico para os vertebrados. Isto acontece quando os animais
comem o pasto contendo este.
Interrupção da síntese de proteínas e enzimas
As proteínas são os blocos básicos das células. As proteínas tal como as
enzimas controlam muitas das importantes funções das células. Muitos
pesticidas têm como objectivo interromper ou processos enzimáticos ou
desnaturar proteínas. São exemplos disso os composto inorgânicos de
cobre, fungicidas di-carbonatados, os herbicidas de amino-fósforo, tais
como os glyphosatos e os insecticidas de organofosfatos.
Interferência com o sistema hormonal
AS hormonas são mensageiros bioquímicos que controlam muitas das
funções biológicas dos organismos, incluindo o crescimento e os ciclos
reprodutivos. Vários pesticidas simulam ou por outra forma, interferem
com as hormonas para interromperem esses ciclos. São exemplos disso
os herbicidas phenoxy que interferem com o crescimento das hormonas
das plantas e os reguladores do crescimento dos insectos que interferem
com a formação da cutícula na fase de multiplicação dos insectos.
Falha do sistema nervoso
Estes pesticidas afectam principalmente grupos de animais como os
insectos, nemátodos e roedores. Alguns narcóticos tais como pesticidas
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fumigantes, outros provocam a falha do movimento dos impulsos
nervosos, tais como os pesticidas com organofosfatos e os carbonatados.
Inibidores da fotossíntese
Nas plantas, o processo de utilização da energia solar para criar
hidrocarbonatos a partir do dióxido de carbono e água, é conhecido como
fotossíntese. Os pesticidas que interrompem a fotossíntese, evitam que a
planta produza ou armazene energia tendo como consequência a morte
da planta. São exemplos disso a triazine, que substitui os herbicidas com
ureia e uracil.
Multi-usos
Muitos pesticidas trabalham de mais do que uma forma e caem em mais
do que uma das categorias faladas até aqui. Os modos de acção de
muitos pesticidas, ainda não é totalmente conhecido.
Informação
A informação especifica sobre cada pesticida deve ser obtida no seu
fabricante, em literatura sobre o assunto ou em sites com base da dados
sobre química.
Siga sempre as instruções do rótulo.
Leia também a folha de especificações
do produto (Safety data Sheet), que
deve estar acessível a todas as
pessoas quando trabalhar com
pesticidas.
*Retirado e adaptado da EPA (Environmental Protection Agency)