O documento descreve duas obras literárias brasileiras: "Os Sertões" de Euclides da Cunha e "Vidas Secas" de Graciliano Ramos. "Os Sertões" relata a Guerra de Canudos em três partes: a descrição da terra, dos habitantes e da luta. "Vidas Secas" conta a história de uma família de retirantes atingida pela seca no sertão nordestino em um estilo seco e doloroso.
Obra regionalista que mostra as contradições da república brasileira, desmascarando um sistema político criado simplesmente para atender aos interesses das elites dominantes.
Obra regionalista que mostra as contradições da república brasileira, desmascarando um sistema político criado simplesmente para atender aos interesses das elites dominantes.
2. Os Sertões
Este livro é dividido em três partes: A Terra, O
Homem e A Luta. A Terra é uma descrição detalhada feita
pelo cientista Euclides da Cunha, mostrando todas as
características do lugar, o clima, as secas, a terra, enfim.
O Homem é uma descrição feita pelo sociólogo e
antropólogo Euclides da Cunha, que mostra o habitante
do lugar, sua relação com o meio, sua gênese etnológica,
seu comportamento, crença e costume; mas depois se fixa
na figura de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos.
Apresenta se caráter, seu passado e relatos de como
era a vida e os costumes de Canudos, como relatados por
visitantes e habitantes capturados.
3. Estas duas partes são essencialmente descritivas,
pois na verdade "armam o palco" e "introduzem os
personagens" para a verdadeira história, a Guerra de
Canudos, relatada na terceira parte, A Luta.
A Luta é uma descrição feita pelo jornalista e ser
humano Euclides da Cunha, relatando as quatro
expedições a Canudos, criando o retrato real só possível
pela testemunha ocular da fome, da peste, da miséria, da
violência e da insanidade da guerra.
4. Retratando minuciosamente movimento de
tropas, o autor constantemente se prende à
individualidade das ações e mostra casos isolados
marcantes que demonstram bem o absurdo de um
massacre que começou por um motivo tolo - Antônio
Conselheiro reclamando um estoque de madeira não
entregue - escalou para um conflito onde havia paranóia
nacional pois suspeitava-se que os "monarquistas" de
Canudos, liderados pelo "famigerado e bárbaro Bom
Jesus Conselheiro" tinham apoio externo. No final, foi
apenas um massacre violento onde estavam todos
errados e o lado mais fraco resistiu até o fim com seus
derradeiros defensores - um velho, dois adultos e uma
criança.
5. Vidas Secas
A obra se classifica entre o conto e o romance e fala
do drama do retirante diante da seca implacável e da
extrema pobreza que leva a um relacionamento seco e
doloroso entre as personagens, quase um monólogo.
Os participantes da história são: Fabiano o chefe da
família, homem rude e quase incapaz de expressar seu
pensamento com palavras; Sinhá Vitória, sua mulher com
um nível intelectual um pouco superior ao do marido que
a admira por isto; O menino mais novo, quer realizar algo
notável para ser igual ao pai e despertar a admiração do
irmão e da Baleia, a cadela;
6. O menino mais velho, sente curiosidade pela palavra
"inferno" e procura se esclarecer com a mãe, já que o pai é
incapaz; A cadela, Baleia, e o papagaio completam o grupo
de retirantes, na história; Representando a sociedade local,
na história, estão o soldado amarelo, corrupto e arbitrário,
impõe-se ao indefeso Fabiano que o respeita por ser
representante do governo; Tomás da Bolandeira, dono da
fazenda, onde a família se abrigou durante uma
tempestade, e homem poderoso da região que impõe sua
vontade.
7. A comunicação é rara e ocorre quando o pai ralha
com o filho e esse procedimento é uma constante no livro.
Há uma intenção do autor de não dar nome aos
meninos, para evidenciar a vida sem sentido e sem sonhos
do retirante. "Ainda na véspera eram seis
viventes, contando com o papagaio.
Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam
descansado, à beira duma poça: a fome apertara demais os
retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia
jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava
lembrança disto." II - Fabiano "Apossara-se da casa porque
não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando
raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada.
O livro termina com uma mistura de
sonho, frustração e descrença.