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MAÍRA MORAES VITORINO
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE
VERDADE
MENTIRA
POLÍTICA
COMPREENDER QUE FAKE NEWS/DESINFORMAÇÃO
OBJETIVOS DA AULA
não é um fenômeno do contemporâneo
CONHECER O PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT
no que tange aos conceitos de mentira, verdade e política
CONSTRUIR UMA HISTORICIDADE DO FENÔMENO
por meio do pensamento de Hannah Arendt
Principais referenciais
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Ensaios:
Verdade e política — 1967 (in Entre o Passado e o Futuro)
A mentira na política — 1971 (in Crises da República)
Hannah Arendt
Nasceu em 1906, em Hannover,
Alemanha, de família judia rica e
intelectualizada. Ingressou na
Universidade de Berlim em 1924 e lá
foi aluna de Heidegger e Jaspers,
grandes influências em sua vida e
obra. Refugiou-se nos Estados Unidos
em 1941 e foi professora da New
School for Social Research, em Nova
York. Morreu em 1975.
Karl Jaspers
Jaspers preocupou-se em estabelecer
as relações entre existência e razão, o
que levou-o a investigar em
profundidade o conceito de verdade.
Para ele, a verdade não é entendida
como característica de nenhum
enunciado particular: é antes uma
espécie de ambiente que envolve
todo o conhecimento.
Heidegger
Verdade como desvelamento.
h"ps://www.youtube.com/watch?v=s44XqBj12Oc
Em 1960, foi capturado
na Argentina pela Mossad, o serviço
secreto de Israel. Após um julgamento
de grande publicidade em Israel, foi
considerado culpado por crimes de
guerra e enforcado em 1962.
A experiência
Milgram
FILME COMPLETO
https://www.youtube.com/watch?v=9uHNTKGQwuU
Trailler: https://www.youtube.com/watch?v=V6z-0L-fQKI
o mal não é extraordinário
o mal é banal
O mo>vo deste ensaio foi a pretensa polêmica surgida depois da publicação de
«Eichmann em Jerusalém» (1963).
O seu obje>vo é clarificar dois problemas diferentes, ainda que in>mamente ligados,
de que não >vera consciência antes, e cuja importância parece ultraassar as
circunstâncias daquela polêmica.
O primeiro diz respeito à questão de saber se é sempre legí>mo dizer a verdade [...]
O segundo nasceu da espantosa quan>dade de men>ras
u>lizadas na «polêmica» - men>ras sobre aquilo que eu escrevera, por um lado, e
sobre os fatos que relatara, por outro. As reflexões que se seguem tentam enfrentar
esses dois problemas.
Podem também servir de exemplo do que acontece a um assunto eminentemente
atual quando é conduzido nessa brecha entre o passado e o futuro que é, talvez, o
habitat próprio de qualquer reflexão..
Verdade e Política (1967)
“Jamais alguém pôs em dúvida que verdade e política não se dão muito
bem uma com a outra, e até hoje ninguém, que eu saiba, incluiu entre
as virtudes políticas a sinceridade. Sempre se consideraram as mentiras
como ferramentas necessárias e justificáveis ao ofício não só do político
ou do demagogo, como também do estadista. Por que é assim?” (p. 283)
Será da própria essência da verdade ser impotente e da própria
essência do poder enganar?
O ser humano prefere a ilusão à verdade. Na
política, como no cotidiano, a verdade pode se
tornar insuportável.
Verdade filosófica
restrita ao plano do indivíduo (filósofo) e só tem
eficácia quando, inserida no espaço público, torna-se
opinião.
Verdade factual
diz respeitos aos fatos, mas estes podem ser
interpretados.
Verdade filosófica
restrita ao plano do indivíduo (filósofo) e só tem
eficácia quando, inserida no espaço público, torna-se
opinião.
Verdade factual
diz respeitos aos fatos, mas estes podem ser
interpretados.
“Mas os fatos realmente existem, independentes
de opinião e interpretação? Não demonstraram
gerações de historiadores e filósofos da história a
impossibilidade da determinação dos fatos sem
interpretação (…)?” (p. 296)
a verdade factual é
vulnerável
"Ainda que as verdades poli>camente mais importantes sejam verdades
de facto, o conflito entre a verdade e a polí>ca foi descoberto e
ar>culado pela primeira vez rela>vamente à verdade racional.
O contrário de uma afirmação racionalmente verdadeira é, ou o erro e
a ignorância, nas ciências, ou a ilusão e a opinião, em filosofia.
A falsidade deliberada, a vulgar men>ra, desempenha apenas o seu
papel no domínio dos enunciados de facto, e parece significa>vo, ou
melhor, bizarro que no longo debate que incide sobre o antagonismo da
verdade e da polí>ca, de Platão a Hobbes, aparentemente ninguém
tenha acreditado que a men>ra organizada, tal como hoje a conhecemos,
pudesse ser uma arma apropriada contra a verdade."
Quando os fatos são manipulados, rompe-se até mesmo o direito à
interpretações --> men>ra.
A interpretação é uma forma de reorganizar os fatos de acordo com uma
perspec>va específica. Este procedimento é muito diverso do manuseio
da matéria factual à maneira das ideologias autoritárias como o
stalinismo, nazismo e fascismo.
VERDADE FACTUAL RELATIVISMO
INTERPRETAÇÃO MANIPULAÇÃO
JORNALÍSTICA?
E A
OBJETIVIDADE
Instituições
QUE ASSEGURAM A
VERDADE NO
ÂMBITO PÚBLICO
Judiciário
Academia
Imprensa
"nenhum compromissso
polí>co, nenhuma adesão
a uma causa"
"O facto de dizer a verdade de facto compreende muito mais
que a informação quo>diana fornecida pelos jornalistas,
ainda que sem eles nunca nos pudéssemos situar num
mundo em mudança perpétua, e no sen>do mais literal, não
soubéssemos nunca onde estávamos."
Isso é, certamente, da mais imediata importância polí>ca; mas se a
imprensa se tornasse alguma vez realmente o «quarto poder» deveria
ser protegida contra todo o governo e agressão social ainda mais
cuidadosamente do que o é o poder judicial.
Porque essa função polí>ca muito importante que consiste em divulgar a
informação é exercida do exterior do domínio polí>co propriamente dito;
nenhuma acção nem nenhuma decisão polí>cas estão, ou deveriam
estar, implicadas.
VERDADE
FACTUAL
IMPRENSA OPINIÃO
liberdade de opinião, liberdade de expressão só
é possível com direito à informação
A mentira na política — 1971
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DOCUMENTOS DO PENTÁTOGO
A Guerra do Vietnã, ocorrida entre 1955 e 1975, foi o conflito entre Estados Unidos e o
Vietnã do Norte, este úl>mo, apoiado pela União Sovié>ca.
h"ps://www.youtube.com/watch?v=k->JlEm76A
A vedade deliberada e a mentira descarada, são
usados como meios legítimos para alcançar fins
políticos desde os primórdios da história
documentada. A veracidade nunca esteve entre as
virtudes políticas, e sempre form encaradas como
instrumentos justificáveis nestes assuntos. (p.15)
"Mentiras são frequentemente muito mais
plausíveis, mais calmantes à razão do que a
realidade, uma vez que o mentiroso tem a grande
vantagem de saber de antemão o que a plateia
deseja e espera ouvir" (p. 16)
Variedades recentes da mentira
RELAÇÕES PÚBLICAS
metade da política 'e " construção de imagem" e a outra metade a arte de
fazer o povo acreditar na imagem.
RESOLVEDORES DE PROBLEMAS PROFISSIONAIS
"homens acostumados a vencer"
EMBUSTE PARA CONSUMO DOMÉSTICO
CONSTRUÇÃO DE IMAGEM COMO POLÍTICA GLOBAL
DESCONSTRUÇÃO DA CREDIBILIDADE DA IMPRENSA
"A desfatualização e as resoluções de problemas
foram bem-vindos porque o menosprezo pela
realidade era inerente às próprias políticas e
objetivos" (p. 44)
[...] "na medida em que a imprensa é livre e idônea,
ela tem a função enormemente importante a
cumprir e pode perfeitamente ser chamada de
quarto poder do governo".

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Aula 2 - Verdade, Mentira e Política em Hannah Arendt

  • 1.
  • 2. MAÍRA MORAES VITORINO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE VERDADE MENTIRA POLÍTICA
  • 3. COMPREENDER QUE FAKE NEWS/DESINFORMAÇÃO OBJETIVOS DA AULA não é um fenômeno do contemporâneo CONHECER O PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT no que tange aos conceitos de mentira, verdade e política CONSTRUIR UMA HISTORICIDADE DO FENÔMENO por meio do pensamento de Hannah Arendt
  • 4. Principais referenciais BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR Ensaios: Verdade e política — 1967 (in Entre o Passado e o Futuro) A mentira na política — 1971 (in Crises da República)
  • 5. Hannah Arendt Nasceu em 1906, em Hannover, Alemanha, de família judia rica e intelectualizada. Ingressou na Universidade de Berlim em 1924 e lá foi aluna de Heidegger e Jaspers, grandes influências em sua vida e obra. Refugiou-se nos Estados Unidos em 1941 e foi professora da New School for Social Research, em Nova York. Morreu em 1975.
  • 6. Karl Jaspers Jaspers preocupou-se em estabelecer as relações entre existência e razão, o que levou-o a investigar em profundidade o conceito de verdade. Para ele, a verdade não é entendida como característica de nenhum enunciado particular: é antes uma espécie de ambiente que envolve todo o conhecimento.
  • 8. h"ps://www.youtube.com/watch?v=s44XqBj12Oc Em 1960, foi capturado na Argentina pela Mossad, o serviço secreto de Israel. Após um julgamento de grande publicidade em Israel, foi considerado culpado por crimes de guerra e enforcado em 1962.
  • 9.
  • 11.
  • 12. o mal não é extraordinário o mal é banal
  • 13.
  • 14. O mo>vo deste ensaio foi a pretensa polêmica surgida depois da publicação de «Eichmann em Jerusalém» (1963). O seu obje>vo é clarificar dois problemas diferentes, ainda que in>mamente ligados, de que não >vera consciência antes, e cuja importância parece ultraassar as circunstâncias daquela polêmica. O primeiro diz respeito à questão de saber se é sempre legí>mo dizer a verdade [...] O segundo nasceu da espantosa quan>dade de men>ras u>lizadas na «polêmica» - men>ras sobre aquilo que eu escrevera, por um lado, e sobre os fatos que relatara, por outro. As reflexões que se seguem tentam enfrentar esses dois problemas. Podem também servir de exemplo do que acontece a um assunto eminentemente atual quando é conduzido nessa brecha entre o passado e o futuro que é, talvez, o habitat próprio de qualquer reflexão..
  • 15. Verdade e Política (1967) “Jamais alguém pôs em dúvida que verdade e política não se dão muito bem uma com a outra, e até hoje ninguém, que eu saiba, incluiu entre as virtudes políticas a sinceridade. Sempre se consideraram as mentiras como ferramentas necessárias e justificáveis ao ofício não só do político ou do demagogo, como também do estadista. Por que é assim?” (p. 283) Será da própria essência da verdade ser impotente e da própria essência do poder enganar?
  • 16.
  • 17. O ser humano prefere a ilusão à verdade. Na política, como no cotidiano, a verdade pode se tornar insuportável.
  • 18. Verdade filosófica restrita ao plano do indivíduo (filósofo) e só tem eficácia quando, inserida no espaço público, torna-se opinião. Verdade factual diz respeitos aos fatos, mas estes podem ser interpretados.
  • 19. Verdade filosófica restrita ao plano do indivíduo (filósofo) e só tem eficácia quando, inserida no espaço público, torna-se opinião. Verdade factual diz respeitos aos fatos, mas estes podem ser interpretados.
  • 20. “Mas os fatos realmente existem, independentes de opinião e interpretação? Não demonstraram gerações de historiadores e filósofos da história a impossibilidade da determinação dos fatos sem interpretação (…)?” (p. 296)
  • 21. a verdade factual é vulnerável
  • 22. "Ainda que as verdades poli>camente mais importantes sejam verdades de facto, o conflito entre a verdade e a polí>ca foi descoberto e ar>culado pela primeira vez rela>vamente à verdade racional. O contrário de uma afirmação racionalmente verdadeira é, ou o erro e a ignorância, nas ciências, ou a ilusão e a opinião, em filosofia. A falsidade deliberada, a vulgar men>ra, desempenha apenas o seu papel no domínio dos enunciados de facto, e parece significa>vo, ou melhor, bizarro que no longo debate que incide sobre o antagonismo da verdade e da polí>ca, de Platão a Hobbes, aparentemente ninguém tenha acreditado que a men>ra organizada, tal como hoje a conhecemos, pudesse ser uma arma apropriada contra a verdade."
  • 23. Quando os fatos são manipulados, rompe-se até mesmo o direito à interpretações --> men>ra. A interpretação é uma forma de reorganizar os fatos de acordo com uma perspec>va específica. Este procedimento é muito diverso do manuseio da matéria factual à maneira das ideologias autoritárias como o stalinismo, nazismo e fascismo. VERDADE FACTUAL RELATIVISMO INTERPRETAÇÃO MANIPULAÇÃO
  • 25.
  • 26. Instituições QUE ASSEGURAM A VERDADE NO ÂMBITO PÚBLICO Judiciário Academia Imprensa "nenhum compromissso polí>co, nenhuma adesão a uma causa"
  • 27. "O facto de dizer a verdade de facto compreende muito mais que a informação quo>diana fornecida pelos jornalistas, ainda que sem eles nunca nos pudéssemos situar num mundo em mudança perpétua, e no sen>do mais literal, não soubéssemos nunca onde estávamos."
  • 28. Isso é, certamente, da mais imediata importância polí>ca; mas se a imprensa se tornasse alguma vez realmente o «quarto poder» deveria ser protegida contra todo o governo e agressão social ainda mais cuidadosamente do que o é o poder judicial. Porque essa função polí>ca muito importante que consiste em divulgar a informação é exercida do exterior do domínio polí>co propriamente dito; nenhuma acção nem nenhuma decisão polí>cas estão, ou deveriam estar, implicadas.
  • 29. VERDADE FACTUAL IMPRENSA OPINIÃO liberdade de opinião, liberdade de expressão só é possível com direito à informação
  • 30. A mentira na política — 1971 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DOCUMENTOS DO PENTÁTOGO
  • 31.
  • 32. A Guerra do Vietnã, ocorrida entre 1955 e 1975, foi o conflito entre Estados Unidos e o Vietnã do Norte, este úl>mo, apoiado pela União Sovié>ca.
  • 34.
  • 35.
  • 36. A vedade deliberada e a mentira descarada, são usados como meios legítimos para alcançar fins políticos desde os primórdios da história documentada. A veracidade nunca esteve entre as virtudes políticas, e sempre form encaradas como instrumentos justificáveis nestes assuntos. (p.15)
  • 37. "Mentiras são frequentemente muito mais plausíveis, mais calmantes à razão do que a realidade, uma vez que o mentiroso tem a grande vantagem de saber de antemão o que a plateia deseja e espera ouvir" (p. 16)
  • 38. Variedades recentes da mentira RELAÇÕES PÚBLICAS metade da política 'e " construção de imagem" e a outra metade a arte de fazer o povo acreditar na imagem. RESOLVEDORES DE PROBLEMAS PROFISSIONAIS "homens acostumados a vencer"
  • 39. EMBUSTE PARA CONSUMO DOMÉSTICO CONSTRUÇÃO DE IMAGEM COMO POLÍTICA GLOBAL DESCONSTRUÇÃO DA CREDIBILIDADE DA IMPRENSA
  • 40.
  • 41.
  • 42.
  • 43. "A desfatualização e as resoluções de problemas foram bem-vindos porque o menosprezo pela realidade era inerente às próprias políticas e objetivos" (p. 44)
  • 44. [...] "na medida em que a imprensa é livre e idônea, ela tem a função enormemente importante a cumprir e pode perfeitamente ser chamada de quarto poder do governo".