1. a unificação Italiana
A configuração político-territorial da Itália, no início de século XIX, sofreu grande intervenção por
parte das medidas firmadas pelo Congresso de Viena de 1814. Com os acordos consolidados, a
atual região da Itália ficou dividida em oito estados independentes, sendo que alguns deles eram
controlados pela Áustria.
Nesse mesmo período de recondicionamento da soberania monárquica, movimentos
nacionalistas afloraram em diferentes partes da Itália. Ao mesmo tempo, as motivações e
projetos desses grupos nacionalistas eram bastante variados. Envolvendo grupos de
trabalhadores urbanos e rurais e alcançando até mesmo a burguesia nacional, o Risorgimento
manifestava-se em ideais que passavam por tendências republicanas e, até mesmo,
monárquicas.
Outra interessante manifestação nacionalista também pôde ser contemplada com o
aparecimento dos carbonários. A ação dos carbonários se estabeleceu ao sul da Itália sob a
liderança do comunista Filippo Buonarotti. Lutando contra a ação dos governos absolutistas, o
carbonarismo foi um dos mais importantes movimentos nacionalistas de bases popular da Itália.
Em 1831, Giuseppe Mazzini liderou outro movimento republicano representado pela criação da
Jovem Itália. Mesmo não obtendo sucesso, o nacionalismo italiano ainda teve forças para avivar
suas tendências políticas. No ano de 1847, uma série de manifestações antimonárquicas
tomaram conta da região norte, nos reinos de Piemonte e Sardenha, e ao sul no Reino das Duas
Sicílias. No Reino da Lombardia consolidou-se um dos maiores avanços republicanos quando o
rei foi obrigado a instituir um Poder Legislativo eleito pelos cidadãos.
Mesmo com a agitação dessas revoltas, a presença austríaca e o poder monárquico
conseguiram resistir à crescente tendência republicana. Só com o interesse da burguesia
industrial do norte da Itália, politicamente patrocinada pelo primeiro-ministro piemontês Camilo
Benso di Cavour, que o processo de unificação começou a ter maior sustentação. Angariando o
apoio militar e político dos Estados vizinhos e do rei francês Napoleão III, em 1859, a guerra
contra a Áustria teve seu início.
Temendo a deflagração de movimentos de tendência socialista e republicana, o governo Francês
retirou o seu apoio ao movimento de unificação. Ainda assim, Camilo di Cavour conseguiu
unificar uma considerável porção dos reinos do norte. Nesse mesmo período, ao sul, Giuseppe
Garibaldi liderou os “camisas vermelhas” contra as monarquias sulistas. Para não enfraquecer o
movimento de unificação, Garibaldi decidiu abandonar o movimento por não concordar com as
ideias defendidas pelos representantes do norte.
Dessa maneira, os monarquistas do norte controlaram a unificação estabelecendo o rei Vítor
Emanuel II. No ano de 1861, o Reino da Itália era composto por grande parte do seu atual
território. Entre 1866 e 1870, após uma série de conflitos, as cidades de Veneza e Roma foram
finalmente anexadas ao novo governo. A unificação da Itália teve seu fim no ano de 1929,
quando após anos e anos de resistência da autoridade papal, o tratado de Latrão completou a
formação da nação italiana.
Apesar de representar uma luta histórica ao longo do século XIX, a unificação italiana não
conseguiu prontamente criar uma identidade cultural entre o povo italiano. Além das diferenças
de cunho histórico, linguístico e cultural, a diferença do desenvolvimento econômico observado
nas regiões norte e sul foi outro entrave na criação da Itália.
a unificação alemã
A Unificação Alemã foi um processo iniciado em meados do século XIX e finalizado em 1871,
2. para a integração e posterior unificação de diversos estados germânicos em apenas um: a
Alemanha. O processo foi liderado pelo primeiro-ministro prussiano Otto von Bismarck,
conhecido como Chanceler de Ferro, e culminou com a formação do Segundo Reich (Império)
alemão.
Em meados do século XIX, após a separação territorial no Congresso de Viena, o espaço
territorial germânico era constituído por 39 diferentes reinos, ducados e cidades livres, que
apenas tinham em comum a mesma raiz linguística (o alemão) e a mesma base cultural. Nele, a
hegemonia política era disputada pelas suas duas principais potências: a Áustria dos
Habsburgos, que dominava a Dieta (o Parlamento da Confederação Germânica) e a Prússia,
governada pelos Hohenzollern. No plano econômico, o território germânico ainda vivia, em linhas
gerais, numa estrutura feudal, em plena Idade Contemporânea; a exceção era a Prússia, mais
industrializada, com maior poder economico, que desde 1834 implantara o "Zollverein'", uma
aliança aduaneira entre os Estados da Liga Alemã.
Desde o início do século XIX que o desejo da unidade nacional podia ser notado, principalmente
nos meios acadêmicos e literários. Como exemplo, Freiherr vom Stein, na Prússia tentou
implantar um programa político inspirado nessa pretensão, porém acabou sendo afastado em
1808. Após isso a Áustria reimplantou sua influência, e o nacionalismo alemão ficou inoperante
até 1848, quando ocorreram diversas revoluções por toda a Europa, a chamada "Primavera dos
Povos".