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— Guibran Bardo enviou — ela disse, pegando o pacote das mãos de Kaulo e
passando-o para Jenny. Então, apontou para a manga e a gola rasgadas do
vestido dela. — Para a senhora. Remenda e usa.
As roupas consistiam em uma blusa e uma saia.
— Obrigada — Jenny disse. — Você é muito gentil.
— Espero quieto — Kaulo falou de maneira impa¬ciente e insinuante ao mesmo
tempo.
Jenny nunca se deparara com aquele tipo de condu¬ta antes. Quando a cortejara,
Ellis tinha mantido dis¬tância e modos formais, nunca percorrendo seu corpo com
os olhos, como Kaulo fazia. O reverendo Usher fitava as alunas e professoras com
desdém, e os homens de Kirtwarren desviavam o olhar quando as alunas de
Bresland iam à cidade, como se não quisessem admitir que sabiam da existência
da austera escola nos arredores da cidade.
Mas Matthew... ela lembrou-se da expressão de carinho nos olhos dele quando ela
fora em seu socorro e havia batido no ladrão com o galho. Como se não fosse
apenas uma mulher, mas alguém equivalente a ele na luta pela sobrevivência de
ambos.
Afastando as tolas fantasias, pôs as roupas e o material de costura sobre a mesa e
saiu, fechando a porta.
— A senhora vem agora — Kaulo ordenou.
Jenny ignorou o modo rude do jovem e falou com a moça, que usava um lenço
colorido na cabeça, amarrado sob o queixo: — Qual é o seu nome? — Rupa. — A
jovem cigana apontou para o próprio peito, olhando de soslaio para Kaulo.
Ele tentou empurrar Rudésia para o lado, mas Jenny segurou a moça pelo braço
enquanto o olhava com firmeza. Era o tipo de atitude que ela não mais aceitaria
depois de ter deixado Bresland, muito menos de um homem que precisava da sua
ajuda.
— Se eu puder lhe pedir outro favor, Rupa... Preciso de comida para o meu
marido. Alguma coisa não muito temperada. Um caldo ou ovos talvez.
Karoni resmungou e encarou Jenny do mesmo modo severo que o reverendo
Usher fazia para intimidá-la. Ela se recusou a se sentir ameaçada novamente e o
ignorou, embora desejasse ter coragem de olhá-lo da mesma maneira.
Karoni se virou para sair, e ela suspirou, aliviada.
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Jenny retornou à casa onde Matheus ainda dormia. Despindo-se rapidamente, ela
vestiu as roupas coloridas que a cigana lhe dera. A saia era feita de quatro longas
tiras de tecidos verde, azul, cinza e vermelho, que chegavam até o meio dos
tornozelos, deixando a anágua à mostra.
Decidiu não se preocupar com aquilo e tirou a anágua.
A blusa cigana era ainda menos convencional. Das mesmas cores da saia, mas
em padrões florais, as mangas curtas e o decote baixo deixavam uma boa parte do
peito e das costas nuas, expondo o camisolão de algodão.
Tirou o corpete e rearranjou o camisolão, puxando as tiras para baixo o suficiente
para que a blusa as cobrisse. Olhou-se no espelho, aturdida com a dife¬rença em
sua aparência. Ela mal reconheceu a figura que viu. Os cabelos estavam
desgrenhados e presos de qualquer jeito na nuca. Ela virou a cabeça para se olhar
melhor e notou que o arranhão no rosto havia desaparecido.
Ou ela imaginara tê-lo visto na noite anterior? Talvez tivesse sido o sangue de
Matthew que a havia manchado no rosto, e ela apenas pensara que doía.
Mirando-se novamente, sentiu-se diferente: jovem, linda e livre. Pela primeira vez
em anos, acreditou que poderia ser qualquer coisa ou qualquer pessoa que
quisesse.
Tirando as presilhas dos cabelos, deixou os cachos soltos, permitindo que
chegassem às suas costas.
Usando os dedos para ajeitá-los, virou a cabeça de um lado para o outro, surpresa
com a mudança dramática na aparência.
Um barulho chamou sua atenção, ela deu meia-volta e notou que Matheus tinha
se sentado na cama. Uma onda de constrangimento tomou-a de surpresa ao ser
pega daquele jeito, observando-se no espelho como quando vestia as roupas da
mãe, antes de ir a Darklandia.
— Você é muito bonita! Ele se levantou da cama e em um instante estava na
frente dela. Pegou-lhe o queixo e abaixou a cabeça para beijá-la. No entanto, ela
se desvencilhou e apanhou as roupas que tinha de remendar.
Apesar de desejar Jenny, Matheus estava impossibilitado de tomar uma atitude
mais incisiva, devido à cruel dor na cabeça que não o abandonava. Além disso, a
reticência da esposa era óbvia.
Não que ela permanecesse inatingível. Sabia que ela estava tentada a aceitar
suas carícias, mas talvez ficasse nervosa em virtude da perda de memória que o
acometia. Como se não quisesse fazer amor com um marido que não se lembrava
dela.
— Posso não me recordar de nada — ele sussurrou, puxando-a para seus braços.
— Mas não é estranha para mim.
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Ele passou os dedos pela parte nua das costas de Jenny e teve uma ereção
imediata. Como a desejava! — Não pedirei que faça o que considera inapropriado,
querida. — Beijou-a na têmpora e em seguida no rosto enquanto descia as mãos
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sou¬besse como o afetava e que a perda da memória não significava nada. —
Mas não evitarei tocá-la como um marido deve fazer com a esposa.
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Jenny destampou a comida, e ele percebeu o quanto estava com fome. Encostou-
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  • 1. .um carretel de linha escura. — Guibran Bardo enviou — ela disse, pegando o pacote das mãos de Kaulo e passando-o para Jenny. Então, apontou para a manga e a gola rasgadas do vestido dela. — Para a senhora. Remenda e usa. As roupas consistiam em uma blusa e uma saia. — Obrigada — Jenny disse. — Você é muito gentil. — Espero quieto — Kaulo falou de maneira impa¬ciente e insinuante ao mesmo tempo. Jenny nunca se deparara com aquele tipo de condu¬ta antes. Quando a cortejara, Ellis tinha mantido dis¬tância e modos formais, nunca percorrendo seu corpo com os olhos, como Kaulo fazia. O reverendo Usher fitava as alunas e professoras com desdém, e os homens de Kirtwarren desviavam o olhar quando as alunas de Bresland iam à cidade, como se não quisessem admitir que sabiam da existência da austera escola nos arredores da cidade. Mas Matthew... ela lembrou-se da expressão de carinho nos olhos dele quando ela fora em seu socorro e havia batido no ladrão com o galho. Como se não fosse apenas uma mulher, mas alguém equivalente a ele na luta pela sobrevivência de ambos. Afastando as tolas fantasias, pôs as roupas e o material de costura sobre a mesa e saiu, fechando a porta. — A senhora vem agora — Kaulo ordenou. Jenny ignorou o modo rude do jovem e falou com a moça, que usava um lenço colorido na cabeça, amarrado sob o queixo: — Qual é o seu nome? — Rupa. — A jovem cigana apontou para o próprio peito, olhando de soslaio para Kaulo. Ele tentou empurrar Rudésia para o lado, mas Jenny segurou a moça pelo braço enquanto o olhava com firmeza. Era o tipo de atitude que ela não mais aceitaria depois de ter deixado Bresland, muito menos de um homem que precisava da sua ajuda. — Se eu puder lhe pedir outro favor, Rupa... Preciso de comida para o meu marido. Alguma coisa não muito temperada. Um caldo ou ovos talvez. Karoni resmungou e encarou Jenny do mesmo modo severo que o reverendo Usher fazia para intimidá-la. Ela se recusou a se sentir ameaçada novamente e o ignorou, embora desejasse ter coragem de olhá-lo da mesma maneira.
  • 2. Karoni se virou para sair, e ela suspirou, aliviada. Rudésia riu e balançou a cabeça. — Encontrarei alguns ovos. Pão também. Já volto. Jenny retornou à casa onde Matheus ainda dormia. Despindo-se rapidamente, ela vestiu as roupas coloridas que a cigana lhe dera. A saia era feita de quatro longas tiras de tecidos verde, azul, cinza e vermelho, que chegavam até o meio dos tornozelos, deixando a anágua à mostra. Decidiu não se preocupar com aquilo e tirou a anágua. A blusa cigana era ainda menos convencional. Das mesmas cores da saia, mas em padrões florais, as mangas curtas e o decote baixo deixavam uma boa parte do peito e das costas nuas, expondo o camisolão de algodão. Tirou o corpete e rearranjou o camisolão, puxando as tiras para baixo o suficiente para que a blusa as cobrisse. Olhou-se no espelho, aturdida com a dife¬rença em sua aparência. Ela mal reconheceu a figura que viu. Os cabelos estavam desgrenhados e presos de qualquer jeito na nuca. Ela virou a cabeça para se olhar melhor e notou que o arranhão no rosto havia desaparecido. Ou ela imaginara tê-lo visto na noite anterior? Talvez tivesse sido o sangue de Matthew que a havia manchado no rosto, e ela apenas pensara que doía. Mirando-se novamente, sentiu-se diferente: jovem, linda e livre. Pela primeira vez em anos, acreditou que poderia ser qualquer coisa ou qualquer pessoa que quisesse. Tirando as presilhas dos cabelos, deixou os cachos soltos, permitindo que chegassem às suas costas. Usando os dedos para ajeitá-los, virou a cabeça de um lado para o outro, surpresa com a mudança dramática na aparência. Um barulho chamou sua atenção, ela deu meia-volta e notou que Matheus tinha se sentado na cama. Uma onda de constrangimento tomou-a de surpresa ao ser pega daquele jeito, observando-se no espelho como quando vestia as roupas da mãe, antes de ir a Darklandia. — Você é muito bonita! Ele se levantou da cama e em um instante estava na frente dela. Pegou-lhe o queixo e abaixou a cabeça para beijá-la. No entanto, ela se desvencilhou e apanhou as roupas que tinha de remendar. Apesar de desejar Jenny, Matheus estava impossibilitado de tomar uma atitude
  • 3. mais incisiva, devido à cruel dor na cabeça que não o abandonava. Além disso, a reticência da esposa era óbvia. Não que ela permanecesse inatingível. Sabia que ela estava tentada a aceitar suas carícias, mas talvez ficasse nervosa em virtude da perda de memória que o acometia. Como se não quisesse fazer amor com um marido que não se lembrava dela. — Posso não me recordar de nada — ele sussurrou, puxando-a para seus braços. — Mas não é estranha para mim. — Sim, Matheus. Sou uma estranha. Você não me conhece. Ele passou os dedos pela parte nua das costas de Jenny e teve uma ereção imediata. Como a desejava! — Não pedirei que faça o que considera inapropriado, querida. — Beijou-a na têmpora e em seguida no rosto enquanto descia as mãos para os quadris arredondados e a puxava para junto dele. Queria que ela sou¬besse como o afetava e que a perda da memória não significava nada. — Mas não evitarei tocá-la como um marido deve fazer com a esposa. — Matheus... — Hora de atender a porta, mamãe — Ele a sol¬tou, feliz por vê-la aturdida por seu toque, a ponto de não ouvir as batidas na porta. Voltou para a cama enquanto ela atendia uma mulher que carregava dois pratos. Jenny trocou algumas palavras com ela e fechou a porta com o pé, indo colo¬car os pratos ao lado dele, no colchão. — Era Rudésia. Jenny destampou a comida, e ele percebeu o quanto estava com fome. Encostou- se na parede e pôs o prato no colo. Ela colocou o outro prato na mesa e evitou encará-lo. Pelo modo como a via morder o lábio, pôde perceber que ela estava embaraçada, talvez confusa. Não entendia por que sua esposa demonstrava tanta timidez em relação a ele. Se fosse por sentir-se uma desconhecida, ele poderia remediar aquilo. — Está encantadora nesses trajes ciganos — elogiou-a, sorrindo diante do