A UFSM decidiu destinar 34% de suas vagas para estudantes de escola pública ainda em 2012, atendendo parcialmente à nova lei federal que determina que 50% das vagas das universidades federais sejam reservadas a esses estudantes até 2016. A medida gerou debates entre aqueles a favor e contra as cotas raciais. Alguns professores argumentam que as cotas não resolvem o problema da má qualidade do ensino básico público, enquanto outros veem a medida como forma de promover mais diversidade e igualdade de oportunidades.
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Técnicas 29.11.2012
1. 6ª Edição
Jornal do Brasil Santa Maria, 2 de Novembro de 2012 R$ 7,00
UFSM destina 34% das vagas para estudantes
de escola pública em 2012
Universidades federais terão que disponibilizar 50% das vagas para alunos de
escolas públicas até 2016.
E
Foto: UFSM/Divulgação
m agosto a presidenta Dilma
Rousseff aprovou a lei que
prevê 50% das vagas das
universidades federais para
alunos da rede pública. As insti-
tuições de ensino têm quatro anos
para se adaptar a lei. A Universida-
de Federal de Santa Maria (UFSM),
no dia 9 de novembro pós-reunião
decidiu destinar 34% de suas va-
gas às cotas ainda em 2012. A pro-
posta é que dos 34% metade seja
destinada para aqueles que têm
renda familiar per capita acima ou
igual a 1,5 salário mínimo e a outra
metade para aqueles que têm e os
que têm renda acima disso.
Com essa decisão, a UFSM abriu
um período de reopção de cotas
para os inscritos, que será de 14 a
26 de novembro. A lei afetará 26
mil candidatos que estão inscritos
em 97 cursos nos campi de San-
ta Maria, Frederico Westphalen e
Palmeira das Missões. O vestibular
cotas, mesmo ela o assunto sendo as cotas mascaram um problema
da UFSM será de 7 a 9 de dezem-
uma lei e por isso as universidades de, pelo menos, 11 anos, “pois o
bro de 2012.
precisam cumprir, esse tema ainda ensino básico, desde seu primeiro
Para atender a lei, progressão
gera polêmicas entre a população. ano, está às traças, “de qualquer
de vagas para cotas de estudantes
Em agosto, teve-se também um jeito”, não há valorização de públi-
de escolas públicas na UFSM será:
protesto contra a provação dessa co, professores, estrutura, ensino”.
12,5% das vagas para ingressan-
lei. No mês de setembro, a aula Já Mauricio Charão, professor de
tes em 2013, 25% das vagas para
pública – Vamos falar sobre cotas? filosofia, 24, defende que a iniciati-
ingressantes em 2014, 37,5% das
teve por objetivo esclarecer a po- va é uma boa alternativa, pois trata
vagas para ingressantes em 2015
pulação sobre as cotas e a nova lei mais da cota social do que a ra-
e, finalmente, 50% das vagas para
aprovada pela presidente Dilma cial. Charão acredita que com mais
ingressantes em 2016.
Rousseff com caráter informativo, alunos do ensino público básico
provocativo e de protesto. estudando em federais, e após
Cotas: uma lei e ainda muitas
no mercado de trabalho, “estarão
polêmicas
Opiniões Controversas prestando serviço à população em
geral, completando um ciclo de
Só no ano de 2012, em Santa
Para a professora da rede par- prestação de serviços que paga-
Maria, ocorrem diferentes mani-
ticular, Fernanda Duarte, 27 anos, mos com tantos impostos”.
festações favoráveis e contrárias às
2. A socióloga Nicole Bartmar, 23 sibilidade de se prepararem em proposta da presidenta é positiva
anos, acredita que esse processo cursos pré-vestibulares gratuitos, e coerente com a realidade brasi-
oportuniza “vagas às pessoas que como o Alternativa Pré-Vestibular. leira. “Não há igualdade de condi-
encontrariam mais barreiras para O curso é um projeto de extensão ções de competição entre alunos
entrar para a universidade do que da própria UFSM e visa atender de escolas públicas e particulares”,
o esperado, as cotas possibilitam essa comunidade. As aulas são comenta Girardi, por isso a impor-
essa diversidade necessária para a ofertadas diariamente no turno tância social das cotas para estu-
constituição do sujeito e da socie- da noite e nos sábado à tarde, dantes de escolas públicas.
dade como um todo”. além de atividades paralelas de - “Certamente, a melhor saída
socialização de conteúdos com o e investir na educação básica, para
Oportunidade de preparação cotidiano. Os professores são vo- então ter-se igualdade no ingresso
luntários, acadêmicos da UFSM e ao ensino superior”, afirma o pro-
A UFSM além de estar se ade- Unifra, ou já formados e atuando fessor de história.
quando à lei, a mais de 13 anos no mercado de trabalho.
oportuniza, para alunos que não Felipe Girardi, 22, um dos co-
têm condições financeiras e estu- ordenadores do Alternativa e pro- Franciele Marques e Luana Iensen
daram em escola pública, a pos- fessor de história, afirma que a