O documento discute a importância da sustentabilidade nas empresas e da certificação ambiental. Apresenta breve histórico sobre sustentabilidade e os benefícios da implantação de sistemas de gestão ambiental, como redução de custos e melhoria da imagem da empresa. Também destaca a importância da certificação pela norma ISO 14001 para credibilizar os esforços ambientais da organização perante clientes e parceiros.
1. Sustentabilidade nas Empresas
Fábio Ferraz Magina – fabiofm@hotmail.com
Resumo
Além de um breve histórico sobre sustentabilidade e consciência ambiental o
artigo mostra características de Certificação Ambiental e as vantagens da
implantação nas organizações, como redução de custos de desperdício e
melhoria de imagem no mercado junto aos Stakeholders.
Abstract
Besides a brief history on sustainability and environmental awareness the
article shows characteristics of environmental certification and the benefits of
deployment in organizations, such as cost reduction of waste and improved
corporate image among the stakeholders.
Keywords
Sustentabilidade, logística reversa, certificação ambiental, ecologia, gestão
socioambiental.
Introdução
Falar de sustentabilidade nos leva à memória de passeatas contra
desmatamentos, proteção de parques, contra a caça a animais e outros ícones
da militância ecológica. Mas o conceito de sustentabilidade empresarial é mais
amplo e nos remete a uma preocupação com a imagem de consciência e ética
empresarial, redução de custos oriundos de passivos ambientais, multas ou
recuperação de áreas degradadas por acidentes ou mau uso dos recursos
naturais por empresas, e eliminação de barreiras comerciais com bases
técnicas ambientais.
O novo consumidor tem maior consciência ambiental, tem acesso imediato a
informações e senso crítico mais apurado, além de facilidade de comunicação
em rede e divulgação de aspectos negativos com maior abrangência.
O maior desafio das empresas atualmente é conciliar melhoria contínua de
qualidade ambiental à redução de custos e ampliação do retorno financeiro aos
acionistas e proprietários.
As empresas que conseguem equacionar essas variáveis estão à frente da
concorrência na preferência de consumidores, oferecendo maior solidez e
segurança a investidores além de estarem adiantadas em relação à
concorrência na antecipação de futuras regulamentações ambientais que
certamente irão ocorrer em futuro próximo.
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2. Cronologia de alguns fatos importantes
Na Europa do pós guerra, após o crescimento e fortalecimento da economia,
viu-se a ampliação de sua indústria de forma vertiginosa e o início das
preocupações ambientais com a criação da primeira Associação de Proteção
ao Meio Ambiente.
Na Inglaterra em 1952, com o acidente no qual morreram aproximadamente
1600 pessoas devido à poluição do ar e inversão térmica em Londres, e em
1956 foi criada a lei do Ar Puro na Inglaterra e os primeiros artigos sobre
ambientalismo nos EUA.
Em 1962 houve a publicação do livro “Primavera Silenciosa” onde discute o uso
de substâncias químicas e uso de agrotóxicos e em 1968 a criação do Clube
de Roma, onde um grupo de empresários elaboraram um relatório sobre limites
do crescimento e formas de desenvolvimento onde foram levantadas diversas
questões ambientais.
Em 1972 ocorre a Conferência Mundial de Estocolmo, onde diversas nações
mostraram preocupação com os limites do crescimento e também houve o
lançamento do PNUMA.- Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
e no Brasil, em 1981, foi elaborada a lei 6.938 prevendo crimes ambientais e a
resolução CONAMA sobre licenciamento ambiental.
Em 1987 foi elaborado um relatório da comissão de Brundtland, onde a ONU
divulga o conceito de desenvolvimento sustentável.
Em 1990 o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD
passa a utilizar a metodologia do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
para avaliação e o Protocolo de Kyoto sobre o aquecimento ambiental.
Em 1992 temos a Rio ECO 92 (177 países) onde foi elaborada a Agenda 21,
documento produzido contendo o Planejamento Ambiental para este século.
Em 1993 foram criadas as normas de certificação ambiental (família ISO
14000) pelo comitê ISO, referente a questões ambientais.
Em 2002 foi criado o conceito de MDL – Mecanismos de Desenvolvimento
Limpo e a produção de Créditos de Carbono e compensações de carbono
emitido como mecanismo contábil de redução de passivo ambiental.
Em 2002 ocorreu a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+10) na Cidade de Johanesburgo, na África do Sul.
E no Brasil, foi publicado o GEO Brasil, diagnóstico ambiental discutindo sobre
a produção de alimentos, a industrialização, desenvolvimento sustentável, uso
de terras, uso dos recursos naturais, acidentes ambientais, produção de
resíduos e emissões atmosféricas.
Vantagens de Implantação
O que se vê, quando Moretti, Sautter e Azevedo (2010) ao utilizarem estas
citações a seguir (apud) [citações de Morrow e Rondinelli (2002), Fryxell e
Szeto (2001) e Zeng. (2005)], que segundo Fryxell e Szeto (2001) afirmando
que “as razões em virtude das quais as empresas deveriam buscar a
certificação, são: melhorias nas conformidades regulatórias, melhoria no
desempenho ambiental, atendimento das expectativas dos clientes, redução de
custos, melhor atendimento às partes interessadas externas e a melhoria na
reputação corporativa”, é que já se percebe que o controle do desempenho
2
3. ambiental acarretará redução de custos e maior atendimento ao cliente,
suprindo suas expectativas.
Ampliação do mercado, com aceitação internacional após certificação
novamente redução de custos por intermédio de redução do desperdício e
melhor aproveitamento de recursos, além de melhoria da imagem perante os
clientes, percebe-se por Zeng. (2005), da mesma forma, “enumera algumas
motivações pela certificação ISO 14001, tais como: a entrada no mercado
internacional, a padronização de procedimentos de gestão ambiental para
operações internas, a economia de recursos e redução de desperdícios para o
gerenciamento corporativo, a melhoria na imagem corporativa para efeitos de
mercado e o aumento na consciência ambiental de fornecedores”.
Mas outras citações ainda mostram que o maior controle e redução de
resíduos, por intermédio da implantação de um Sistema de Gerenciamento
Ambiental atua com parâmetros de conformidade medidos e monitorados
conforme dizem Melnyk; Sroufe; Calantone (2002).explicam que “o propósito
dos sistemas de gestão ambiental pode ser sintetizado como uma
possibilidade de desenvolver, implementar, organizar, coordenar e monitorar
as atividades organizacionais relacionadas ao meio ambiente visando
conformidade e redução de resíduos”.
A motivação para a implantação de um SGA – Sistema de Gerenciamento
Ambiental consiste na redução de custos e aumento de vantagens
competitivas, inclusive à nível internacional, como dizem Morrow & Rondinelli,
(2002) “Também se destacam outras possíveis motivações, tais como:
economia de recursos pela melhoria da eficiência e redução de custos com a
energia, materiais, multas e penalidades, aumento da confiança do investidor
na organização e vantagens competitivas internacionais, avaliação do
comprometimento com a melhoria do desempenho ambiental e redução de
riscos das companhias, por agências regulatórias do governo, companhias de
seguro e instituições financeiras, aumento da eficiência das operações,
aumento da consciência dos impactos ambientais entre funcionários e o
estabelecimento de uma forte imagem de responsabilidade social corporativa”.
Novamente explica Chang, Wong, (2006) diz – “Além de contribuir com a
responsabilidade social e com o cumprimento da legislação, estes sistemas
possibilitam identificar oportunidades de redução do uso de materiais e energia
e melhorar a eficiência dos processos”, mostrando que o controle acarretará
redução de custos e vantagem competitiva em relação à concorrência.
Ademais, Clark (1999) segundo Morrow e Rondinelli (2002), afirma que “muitas
organizações multinacionais estão adotando um sistema de gestão ambiental
para satisfazer as pressões dos clientes e para assegurar que a cadeia de
fornecedores esteja operando de maneira social e ambientalmente
responsável. Também, em função do grande interesse entre as partes
envolvidas internas e externas, as organizações estão adotando os sistemas
de gestão ambiental”.
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4. O que se vê, então, é que as pressões de mercado, por meio de maior
valorização da empresa junto a investidores, atendimento à legislação
ambiental, melhores condições de trabalho, às exigências de clientes e mesmo
a busca por maior vantagem competitiva em relação à concorrência promovem
melhorias visíveis e podem ser auferidas nas organizações.
O novo consumidor verde, de maior consciência ecológica, mais informado,
com nível de escolaridade maior, maior idade, com capacidade de fazer
propaganda negativa e de influência em seu meio social, exige das
organizações que se adaptem, e de forma rápida, para que possam atender
estas novas expectativas.
Os benefícios no Marketing, no atendimento a este novo perfil de consumidor,
que busca novos produtos, que tem novos valores, representa oportunidades
de nova abordagem comercial, com apelo ambiental, e melhoria da imagem da
organização junto aos clientes e fornecedores.
Novos processos de fabricação, a produção de novos produtos, com a
constante busca da redução de danos ambientais, utilização de novos
materiais, ecologicamente corretos, uso de tecnologias end-of-pipe – de
remediação, e tecnologias limpas – clean tecnologies, acabam por reduzir
custos, a eliminação de desperdícios nos processos produtivos,
proporcionando maior retorno sobre o investimento com o adicional de maior
projeção da empresa junto ao mercado, melhoria de imagem junto aos
consumidores e conquista de maior fatia de mercado.
Conceito de Empresa Verde
Laville, Elisabeth (2009) conceitua em seu livro “É preciso criar uma empresa
que esteja em harmonia com o mundo que a cerca, uma empresa para a qual
o desenvolvimento sustentável seja uma segunda natureza, e na qual cada ato
contribua efetivamente com a criação de um mundo um pouco melhor, não por
altruísmo, mas por natureza. Essa perspectiva é, ao mesmo tempo,
impressionante, pelo caminho que nos resta percorrer, e entusiasmante,
porque se trata, sem dúvida alguma, do mais formidável desafio proposto à
humanidade neste início de século. Um desafio que nos pede, em primeiro
lugar, que imaginemos o mundo em que queremos viver no futuro; e que
confiemos no ser humano para avançar rumo ao melhor, ao invés do pior.”
Processos de fabricação e adoção da filosofia sustentável, onde até as
condições humanas são revisadas de forma à sua melhoria, exigem que a
mudança da cultura dos dirigentes e colaboradores em sua implantação seja
acompanhada de grande perseverança e persistência, mas os resultados
posteriores posicionam as organizações frente à concorrência, geram
economia de recursos e materiais e auferem maior lucratividade, fornecendo
um novo patamar organizacional.
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5. Importância de Certificação
Uma empresa pode implantar um sistema de gerenciamento ambiental – SGA
por conta própria, apenas atendendo os requisitos próprios, e padrões da lei,
de forma a prevenir poluição, proteção de recursos naturais e gerenciar seus
resíduos.
Por adotar padrões particulares, este sistema careceria de possibilidade de ser
auditado de forma eficiente por terceiros, perdendo credibilidade. Um sistema
baseado em normas ISO 14000 - a ISO 14001 é uma Norma de gestão
ambiental que busca assegurar o compromisso das organizações em reduzir
os negativos efeitos ambientais, têm por objetivo prover as organizações de
elementos de um sistema de gestão ambiental (SGA) eficaz que possam ser
integrados a outros requisitos de gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos
ambientais e econômicos (ABNT, 2004) - permite ser auditado, reconhecido por
outros, além de ter credibilidade junto à fornecedores, clientes, e outros
parceiros comerciais, visto o sistema já ter sido testado e aprovado no mundo
todo.
Selo ABNT Ambiental e Certificação ISO 14001.
Uma forma inicial de pequenas e médias empresas obterem certificação e
rotulagem de empresa sustentável é o Selo ABNT Ambiental - “É a certificação
de produtos/serviços com qualidade ambiental que atesta, através de uma
marca colocada no produto ou na embalagem, que determinado
produto/serviço (adequado ao uso) apresenta menor impacto ambiental em
relação a outros produtos "comparáveis" disponíveis no mercado.”
Este selo promove alguns benefícios para a empresa, visibilidade da
marca como empresa que produz de forma ecologicamente correta, com a
diminuição do impacto ambiental, que se preocupa com as próximas
gerações, que preserva o meio ambiente, além de possibilitar a redução
de desperdícios, por meio da reciclagem e aumento de recita com a venda
da produto da reciclagem, além de diferenciação positiva perante a
concorrência.
Figura 1 – Selo ABNT Ambiental – Fonte ABNT
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6. A certificação pela ISO 14001 é uma validação reconhecida das
conformidades de uma organização de seu SGA – Sistema de
Gerenciamento Ambiental - em relação aos padrões da ISO 14001, por uma
empresa certificadora independente. É uma norma internacionalmente
aceita que define os requisitos para estabelecer e operar um Sistema de
Gestão Ambiental.
Figura 2 – Selo ISSO 14001 - Fonte internet banco de imagens
Implantação de um Sistema de Gestão Ambiental
A implantação de um SGA – Sistema de Gestão Ambiental deve ser baseado
no sistema PDCA, também conhecido por Ciclo de Deming, que consiste nas
palavras, em inglês: Plan, Do, Check e Action.
Desenvolvido por Shewant e divulgado por Deming, consiste na análise e
medição dos processos de forma à melhoria dos mesmos por meio de
planejamento, padronização, documentação de forma à melhoria contínua dos
mesmos.
Plan – Planejar metas, objetivos, métodos, procedimentos e padrões;
Definir o que deverá ser feito, planejar e definir métodos para o alcance destes
objetivos;
Do – Fazer/executar, consiste nas tarefas planejadas;
Iniciar, treinar, educar, implementar, executar em concordância e conformidade
com o planejado;
Check – Verificação dos resultados alcançados;
Consiste na análise das informações de modo a verificar os resultados obtidos;
Action – agir para correção e melhoria;
Efetuar correções e melhoria dos processos, os ajustes necessários para que
os resultados sejam alcançados e aperfeiçoados.
Vide figura 3:
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7. Figura 3 – PDCA - Fonte banco de imagens internet
Este ciclo representa o processo de melhoria contínua.
Após o mapeamento dos processos (conjunto de atividades inter-relacionadas
que influenciam no produto final) constantes das operações da organização e
sua análise de forma à obtenção do conhecimento sobre as tarefas e
atividades relacionadas com o entendimento de todas as relações, formas de
comunicação e transformação destes, busca-se planejar a melhoria contínua
nas formas de atuação da organização com a contínua verificação dos
resultados alcançados e as correções necessárias. Sempre com a
documentação padronizada necessária para que a auditoria seja feita por
órgão credenciado para a certificação.
A Certificação Ambiental ISO 14001 precede de muitas normas até seu
recebimento, inicialmente é necessário que a organização desenvolva uma
política ambiental como um compromisso para as necessidades ambientais,
prevenção de poluição, e melhoria continua, deve conduzir um plano que
identifique aspectos ambientais de suas operações e as exigências legais, fixe
objetivos e metas consistentes como políticas da empresa e estabelecer um
programa de gerenciamento ambiental; deve implementar e operacionalizar
um procedimentos que incluam uma estrutura e responsabilidades bem
definidas, treinamento, comunicação, documentação, controle operacional, e
preparação para atendimento a emergências, além de produzir formas de ação
corretiva incluindo o monitoramento, a ação preventiva e a auditoria periódica
para o processo de melhoria contínua com a conseqüente revisão do sistema
de gerenciamento de forma periódica.
Vantagens da Implantação de Gestão de Qualidade
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Gestão de Resíduos e Logística Reversa
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8. Segundo Razzolini Filho, Edelvino (2007), é a área da logística responsável
pelo retorno de produtos ao processo produtivo para reciclagem e/ou
destruição após o uso. Envolve, principalmente, as atividades de
armazenagem e transporte.
As organizações anteriormente não eram responsáveis por produtos depois do
uso pela clientela, eram somente descartados ocasionando danos ambientais.
Com o gerenciamento de resíduos, leis ambientais forçam empresas a receber
certos produtos descartados pelos consumidores, diminuindo o impacto ao
meio ambiente.
Com a logística reversa, empresas perceberam também que a reciclagem e o
reaproveitamento de materiais devolvidos produzem benefícios econômicos e
maior lucratividade em suas atividades.
Novamente o consumidor percebe que empresas que reciclam e cuidam do
meio ambiente merecem maior atenção e valor ético que a concorrência.
Considerações Finais
Segundo Sá, Ângelo (2010) ]”O grande desafio é conjugar melhoria contínua
da qualidade ambiental das instituições com melhores resultados econômicos,
em termos de eficiência produtiva”.
Como se vê, apesar de um maior investimento para obtenção de certificação,
as empresas com visão de futuro devem utilizar em seu planejamento
estratégico o coeficiente ambiental como importante item pois fornece impacto
positivo junto à imagem da organização junto a fornecedores, investidores e
clientes, atingindo uma maior fatia de mercado com a incorporação de novos
segmentos e clientes preocupados com a sustentabilidade.
Referências Bibliográficas
BERTÉ, Rodrigo – Gestão Socioambiental no Brasil, Ibpex, 2009
RAZZOLINI FILHO, Edelvino – Logística Empresarial no Brasil, Tópicos
Especiais, Ibpex, 2007
Cartilha de Licenciamento Ambiental e as Micro e Pequenas Empresas.
Vol I , FIESP, 2008
http://www.ogerente.com.br/log/log-dt-logrev.htm
http://www.linkedin.com/news?
viewArticle=&articleID=536082212&gid=1925381&type=member&item=549724
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