O documento descreve as transformações da estética teatral com o surgimento da figura do diretor entre os séculos XIX e XX. Isso incluiu a mudança da centralidade do texto para a encenação, a exploração de novos recursos como iluminação e espaço cênico, e a busca por autenticidade na atuação contra estereótipos. Grandes diretores como Stanislavski, Meyerhold, Craig e Appia contribuíram para essas mudanças com suas inovações.
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
Transformações da estética teatral com o diretor
1. As transformações da estéticaAs transformações da estética
teatral ocorridas com oteatral ocorridas com o
aparecimento do diretoraparecimento do diretor
Universidade Federal de Pelotas
Material para fins didáticos
Professora Taís Ferreira
2. Questões:Questões:
Como se deu o surgimento da figura doComo se deu o surgimento da figura do
diretor teatral (tal qual a concebemosdiretor teatral (tal qual a concebemos
contemporaneamente) na evolução dacontemporaneamente) na evolução da
história do teatro ocidental?história do teatro ocidental?
Quais as transformações da estética teatralQuais as transformações da estética teatral
decorrentes da institucionalização dodecorrentes da institucionalização do
diretor-criador (encenador) no campodiretor-criador (encenador) no campo
teatral?teatral?
3. Panorama do campo teatral da virada doPanorama do campo teatral da virada do
século XIX às primeiras décadas doséculo XIX às primeiras décadas do
século XX:século XX:
Até fins da segunda metade do séc. XIX, oAté fins da segunda metade do séc. XIX, o
campo teatralcampo teatral não conta com a figura donão conta com a figura do
diretordiretor como aquele que concebe e organizacomo aquele que concebe e organiza
(a partir de determinada visão teórica) o todo(a partir de determinada visão teórica) o todo
do espetáculo, que estrutura os diversosdo espetáculo, que estrutura os diversos
signos, em diferentes linguagens, quesignos, em diferentes linguagens, que
compõe, que cria ou que “assina” a autoria decompõe, que cria ou que “assina” a autoria de
uma encenação.uma encenação.
Há umHá um “ensaiador”“ensaiador” , responsável pela, responsável pela
marcação de entradas, saídas emarcação de entradas, saídas e
movimentação dos personagens em cena.movimentação dos personagens em cena.
4. 1. Duque de Saxe-Meiningen1. Duque de Saxe-Meiningen
Turnê de seu conjunto deTurnê de seu conjunto de
atores (1874-1890)atores (1874-1890)
influencia todo teatroinfluencia todo teatro
europeu.europeu.
Precursor do diretorPrecursor do diretor
moderno.moderno.
Coerência na atuação doCoerência na atuação do
grupo de atores, caia figuragrupo de atores, caia figura
do “monstro sagrado”.do “monstro sagrado”.
Preciosismo naPreciosismo na
reconstituição histórica dereconstituição histórica de
cenário e figurinos.cenário e figurinos.
Cenas de multidão,Cenas de multidão,
perfeitamente marcadas,perfeitamente marcadas,
ensaiadas com rigor eensaiadas com rigor e
precisão.precisão.
5. 2.2. André AntoineAndré Antoine, “Teatro Livre”,, “Teatro Livre”,
Paris (1887-1894)Paris (1887-1894)
““Assinatura própria” doAssinatura própria” do
espetáculo, consideradoespetáculo, considerado
primeiro diretor moderno.primeiro diretor moderno.
Busca exacerbada doBusca exacerbada do
mimetismo fotográfico emmimetismo fotográfico em
cena, da constituição dacena, da constituição da
cena realistacena realista..
Luta pela autenticidade daLuta pela autenticidade da
atuação e da encenaçãoatuação e da encenação
contra os estereótiposcontra os estereótipos
vigentes.vigentes.
““Freie-Bühne”, BerlimFreie-Bühne”, Berlim
(1889-1891), Otto Brahm.(1889-1891), Otto Brahm.
““Independent Theater”,Independent Theater”,
Londres (1891-1892), J. T.Londres (1891-1892), J. T.
Grein.Grein.
6. 3.3. Lugné-PoeLugné-Poe, “Théâtre d’Art”, “Théâtre d’Art”
(1891) e “Théâtre de l’Oevre”(1891) e “Théâtre de l’Oevre”
(1893), Paris(1893), Paris
Precursora simbolistas: bailarinaPrecursora simbolistas: bailarina
estadunidenseestadunidense Loïe FullerLoïe Fuller, que contracenava, que contracenava
com a luz, transformando a concepção docom a luz, transformando a concepção do
espaço cênico, abertura ao sonho e aoespaço cênico, abertura ao sonho e ao
encantamento.encantamento.
Busca de umaBusca de uma estética simbolistaestética simbolista parapara
encenação, uso da iluminação como recursoencenação, uso da iluminação como recurso
de sugestão. Palavra é o fundamental parade sugestão. Palavra é o fundamental para
os simbolistas.os simbolistas.
Encenação de “Ubu-Rei”, de Alfred Jarry,Encenação de “Ubu-Rei”, de Alfred Jarry,
em 1896, inauguração da teatralidade pura,em 1896, inauguração da teatralidade pura,
fundador do surrealismo e do teatro dofundador do surrealismo e do teatro do
absurdo.absurdo.
7. 4. C. Stanislavski4. C. Stanislavski, “Teatro de Arte, “Teatro de Arte
de Moscou”, (1898-...)de Moscou”, (1898-...)
Além de ator e pedagogo,Além de ator e pedagogo,
foi um grande e importantefoi um grande e importante
diretor, responsável pordiretor, responsável por
grandes mudanças nagrandes mudanças na
concepção e instituiçãoconcepção e instituição
desta função.desta função.
Ápice doÁpice do naturalismonaturalismo
cênicocênico, busca da “verdade, busca da “verdade
absoluta em cena”,absoluta em cena”,
preciosismo napreciosismo na
reconstituição histórica ereconstituição histórica e
etnológica, encenaçõesetnológica, encenações
rebuscadas, uso derebuscadas, uso de
recursos da luz e de ruídosrecursos da luz e de ruídos
e sonoridades da naturezae sonoridades da natureza
na elaboração dena elaboração de
“atmosferas reais”.“atmosferas reais”.
Rigor e minúcia na direçãoRigor e minúcia na direção
dos atoresdos atores, fuga do, fuga do
estereótipo. Cada gesto,estereótipo. Cada gesto,
pausa, ritmo,pausa, ritmo,
deslocamento, tom de umdeslocamento, tom de um
personagem erapersonagem era
meticulosamentemeticulosamente
planejado pelo diretor.planejado pelo diretor.
Famosos “Cadernos deFamosos “Cadernos de
Direção”.Direção”.
Diálogo criativo do diretorDiálogo criativo do diretor
com a dramaturgia, ocom a dramaturgia, o
diretor também cria, paradiretor também cria, para
além do dramaalém do drama e de seue de seu
autor. Contudo, mantém-seautor. Contudo, mantém-se
a estrutura “textocêntrica”.a estrutura “textocêntrica”.
8. Imagens de Stanislavski eImagens de Stanislavski e
encenação de “Ralé”, de Górki, peloencenação de “Ralé”, de Górki, pelo
TAM:TAM:
9. 5. V. Meyerhold5. V. Meyerhold (1874-1940),(1874-1940),
MoscouMoscou
Proclama os direitos do encenador sobre o texto,Proclama os direitos do encenador sobre o texto,
sua visão tendo primazia sobre a do autor.sua visão tendo primazia sobre a do autor.
““Reteatralização”Reteatralização” do teatro, fuga da estéticado teatro, fuga da estética
naturalista, busca pelo teatro danaturalista, busca pelo teatro da “convenção“convenção
conscienteconsciente”, luta contra o ilusionismo, dar abertura”, luta contra o ilusionismo, dar abertura
criativa ao espectador.criativa ao espectador.
Estética doEstética do construtivismoconstrutivismo, com, com “dispositivos“dispositivos
cênicos”cênicos” como cenografia, dimensões espaciais ecomo cenografia, dimensões espaciais e
interação entre atores e dispositivo.interação entre atores e dispositivo. “Ritmo visual”“Ritmo visual”
imposto pelos atores em cena e suas ações,imposto pelos atores em cena e suas ações,
“biomecânica”.“biomecânica”.
““Teatro da linha direita”.Teatro da linha direita”.
Autor>diretor>ator>espectador. Caráter político-Autor>diretor>ator>espectador. Caráter político-
social de suas encenações.social de suas encenações.
10. Meyerhold, estudos para cenário deMeyerhold, estudos para cenário de
“O Corno Magnífico” e encenação:“O Corno Magnífico” e encenação:
11. 6. E. Gordon Craig6. E. Gordon Craig (1872-1966),(1872-1966),
LondresLondres
EncenadorEncenador é o verdadeiro criador doé o verdadeiro criador do
espetáculo,espetáculo, regente absolutoregente absoluto, acima do texto e, acima do texto e
do ator.do ator.
Recusa do ilusionismo, fuga do naturalismo,Recusa do ilusionismo, fuga do naturalismo,
neste sentido afiliação com simbolismo.neste sentido afiliação com simbolismo.
““Cenários arquitetônicos”,Cenários arquitetônicos”, uso de váriasuso de várias
dimensões do espaço cênico do palco italianodimensões do espaço cênico do palco italiano
((screensscreens), uso da), uso da iluminação como elementoiluminação como elemento
significantesignificante..
Articulação da música, da arquitetura e doArticulação da música, da arquitetura e do
movimento em cena, criação de umamovimento em cena, criação de uma imagemimagem
cênica em movimento.cênica em movimento.
13. 7. Adolphe Appia7. Adolphe Appia (1862-1928),(1862-1928),
SuíçaSuíça
““Obra de arte total”,Obra de arte total”, encenações das óperasencenações das óperas
de Wagner.de Wagner.
Pioneiro no uso dosPioneiro no uso dos recursos da iluminaçãorecursos da iluminação
elétricaelétrica, faz dela o coração de seu modelo, faz dela o coração de seu modelo
cenográfico, a luz é o veículo para suscitar ocenográfico, a luz é o veículo para suscitar o
imaginário do espectador como espaçoimaginário do espectador como espaço
mesmo da encenação.mesmo da encenação.
Denuncia os excesso decorativos realistas,Denuncia os excesso decorativos realistas,
que então ‘entulhavam’ a área de encenação.que então ‘entulhavam’ a área de encenação.
Busca deBusca de “espaços rítmicos”,“espaços rítmicos”, ou seja,ou seja,
cenografia deve impor ao corpo do atorcenografia deve impor ao corpo do ator
procura por soluções plásticas.procura por soluções plásticas.
15. Mudanças na conjuntura teatral naMudanças na conjuntura teatral na
virada séc. XIX para XX:virada séc. XIX para XX:
TEATRO MODERNOTEATRO MODERNO:: 1)1) supressão dassupressão das
fronteiras político-geográficas/fronteiras político-geográficas/
intercâmbio e divulgação de teorias,intercâmbio e divulgação de teorias,
pesquisas e práticas teatrais+pesquisas e práticas teatrais+ 2)2)
recusa de fórmulas superadas, novasrecusa de fórmulas superadas, novas
propostas concretas de realizaçãopropostas concretas de realização
teatral+teatral+ 3)3) recursos da iluminaçãorecursos da iluminação
elétrica+elétrica+ 4)4) instituição do encenadorinstituição do encenador
como criador.como criador.
16. Transformações estéticas no campo do teatroTransformações estéticas no campo do teatro
decorrentes do surgimento do diretor e destadecorrentes do surgimento do diretor e desta
nova conjuntura:nova conjuntura:
A) Mudança da relação textoA) Mudança da relação texto
(dramaturgo) e encenação(dramaturgo) e encenação
(diretor):(diretor): do textocentrismo àdo textocentrismo à
centralidade da encenação.centralidade da encenação.
B) Uso deB) Uso de novas dimensõesnovas dimensões
espaciaisespaciais dentro do espaço dedentro do espaço de
encenação do palco italiano.encenação do palco italiano.
C) Exploração daC) Exploração da iluminaçãoiluminação
enquanto signoenquanto signo, não somente de, não somente de
forma utilitária.forma utilitária.
D)Busca de tons não-D)Busca de tons não-
declamatórios ou empostadosdeclamatórios ou empostados
nas falas dos personagensnas falas dos personagens
(naturalistas), da musicalidade e(naturalistas), da musicalidade e
melodia da poesia (simbolistas).melodia da poesia (simbolistas).
Em ambos fuga dosEm ambos fuga dos
estereótipos, procura daestereótipos, procura da
autenticidade.autenticidade.
E) Diferentes possibilidades deE) Diferentes possibilidades de
gestualidade, movimentos egestualidade, movimentos e
deslocamentos dos atores nodeslocamentos dos atores no
espaço cênico, em relação aosespaço cênico, em relação aos
elementos cenográficos.elementos cenográficos.
F)F) Adequação da interpretaçãoAdequação da interpretação
dos atores à concepçãodos atores à concepção
estética do espetáculoestética do espetáculo
realizada pelo diretor.realizada pelo diretor.
G) Em relação aoG) Em relação ao espectadorespectador,,
abrem-se para esteabrem-se para este
possibilidades depossibilidades de experiênciasexperiências
estéticas diferenciadasestéticas diferenciadas,,
através da “teatralidade doatravés da “teatralidade do
real” (naturalistas), dareal” (naturalistas), da
empatia e prazer em observarempatia e prazer em observar
a intimidade criada por detrása intimidade criada por detrás
da “quarta parede” e oda “quarta parede” e o
“espaço do sonho e da“espaço do sonho e da
imaginação” (simbolistas)imaginação” (simbolistas)
propiciado pelo uso de signospropiciado pelo uso de signos
que evocam, ou sugerem, aoque evocam, ou sugerem, ao
invés de mostrar.invés de mostrar.
17. Mudança da percepção do espetáculoMudança da percepção do espetáculo
teatral, que passa a ser entendido enquantoteatral, que passa a ser entendido enquanto
um complexo emaranhado de signos deum complexo emaranhado de signos de
diversas naturezas (visual, sonora,diversas naturezas (visual, sonora,
cinestésica, lingüística, etc.), a seremcinestésica, lingüística, etc.), a serem
coordenados e arranjados globalmentecoordenados e arranjados globalmente
através da concepção/ criação doatravés da concepção/ criação do
encenador, resultando em uma obraencenador, resultando em uma obra
completa, com intenção estética definida.completa, com intenção estética definida.
18. Bibliografia sugerida sobre tema:Bibliografia sugerida sobre tema:
BERTHOLD, M.BERTHOLD, M. História Mundial do TeatroHistória Mundial do Teatro. São. São
Paulo: Perspectiva, 2000.Paulo: Perspectiva, 2000.
CONRADO, A.CONRADO, A. O Teatro de MeyerholdO Teatro de Meyerhold. Rio de. Rio de
Janeiro: Projeto nacional de PropagandaJaneiro: Projeto nacional de Propaganda
Educacional, 1976.Educacional, 1976.
GUINSBURG, J.GUINSBURG, J. Stanislavski e o Teatro de Arte deStanislavski e o Teatro de Arte de
MoscouMoscou. São Paulo: Perspectiva, 1985.. São Paulo: Perspectiva, 1985.
MACGOWAN, K.;MELNITZ,W.MACGOWAN, K.;MELNITZ,W. Las Edades de OroLas Edades de Oro
del Teatrodel Teatro. Ciudad del Mexico: Fondo de Cultura. Ciudad del Mexico: Fondo de Cultura
Económica, 1964.Económica, 1964.
PAVIS, P.PAVIS, P. Dicionário de TeatroDicionário de Teatro. São Paulo:. São Paulo:
Perspectiva, 1999.Perspectiva, 1999.
ROUBINE, J.J.ROUBINE, J.J. A Linguagem da Encenação TeatralA Linguagem da Encenação Teatral..
Rio de Janeiro: Zahar, 1998.Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
______.______. Introdução às grandes teorias do teatroIntrodução às grandes teorias do teatro..
Rio de Janeiro: Zahar, 2003.Rio de Janeiro: Zahar, 2003.