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APLICAÇÃO DA ECONOMIA CIRCULAR NOS
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS PARA A REDUÇÃO
DOS IMPACTOS AMBIENTAIS: ESTADO DA ARTE
Evandro Bezerra Soares – evandrobezerrasoares77@gmail.com
Universidade Estadual de Maringá – UEM
Felipe Facco Mendes Ferreira – felipefaccomf@gmail.com
Universidade Estadual de Maringá – UEM
Priscila Pasti Barbosa – ppbarbosa2@uem.br
Universidade Estadual de Maringá – UEM
ÁREA: 9. ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE
SUBÁREA: 9.7 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
RESUMO: DIANTE A INTENSA ATIVIDADE INDUSTRIAL E A PRODUÇÃO EM
MASSA, A QUESTÃO AMBIENTAL COMEÇOU A SER LEVANTADA COMO UM
POTENCIAL RISCO PARA O PLANETA. O ALTO CONSUMO, ASSOCIADO A UM
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LINEAR E EM MUITOS CASOS COMPULSIVO, FEZ
COM QUE O PLANETA SE ENCONTRE NO LIMITE DE SUA CAPACIDADE DE
PRODUÇÃO. ALÉM DA PROBLEMÁTICA DO SISTEMA ECONÔMICO ATUAL, PARA A
MAIORIA DOS PAÍSES, A FALTA DE INFRAESTRUTURA URBANA, TEM
CORROBORADO PARA A DEGRADAÇÃO E POLUIÇÃO. COMO A GERAÇÃO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU) ESTÁ ASSOCIADA AO NÚMERO DE PESSOAS, A
TENDENCIA É AUMENTAR NO DECORRER DO TEMPO. ESSA ELEVADA GERAÇÃO
DE RESÍDUOS SÓLIDOS E O DESCARTE OU DESTINAÇÃO EM LOCAIS
INADEQUADOS, VEM CAUSANDO GRAVES TRANSTORNOS SOCIAIS E AMBIENTAIS.
NESSE SENTIDO, A ECONOMIA CIRCULAR (EC) TORNOU-SE UMA ALTERNATIVA
PARA MITIGAR ESSES POTENCIAIS IMPACTOS, BUSCANDO REPENSAR AS PRÁTICAS
ECONÔMICAS E SOCIAIS ATUAIS, PONTUANDO ALGUMAS SITUAÇÕES DO MODELO
DE ECONOMIA LINEAR, PRESENTE NA MAIORIA DOS PAÍSES, PRINCIPALMENTE
DOS MENOS DESENVOLVIDOS. ESTE TRABALHO TEM COMO OBJETIVO, REALIZAR
UMA REVISÃO DA LITERATURA SOBRE A IMPORTÂNCIA E INSERÇÃO DA
ECONOMIA CIRCULAR PARA MINIMIZAR O POTENCIAL IMPACTO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS NO MEIO AMBIENTE E APONTA A APLICAÇÃO E AS VANTAGENS
DESSE CONCEITO NA ATUALIDADE. ESTE TRABALHO VISA CONTRIBUIR PARA
ELEVAR O ESTADO DA ARTE SOBRE O TEMA E BUSCAR ESTABELECER UMA
ECONOMIA CIRCULAR BASEADA EM UMA REFLEXÃO MAIS SUSTENTÁVEL SOBRE A
SOCIEDADE.
PALAVRAS-CHAVES: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU); ECONOMIA
CIRCULAR (EC); IMPACTOS AMBIENTAIS.
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IMPLEMENTATION OF THE CIRCULAR
ECONOMY IN URBAN SOLID WASTE TO REDUCE
ENVIRONMENTAL IMPACTS: STATE OF THE ART
ABSTRACT: GIVEN THE INTENSE INDUSTRIAL ACTIVITY AND MASS PRODUCTION,
THE ENVIRONMENTAL ISSUE BEGAN TO BE RAISED AS A POTENTIAL RISK FOR THE
PLANET. HIGH CONSUMPTION, ASSOCIATED WITH LINEAR AND IN MANY CASES
COMPULSIVE ECONOMIC DEVELOPMENT, HAS MADE THE PLANET FIND ITSELF AT
THE LIMIT OF ITS PRODUCTION CAPACITY. IN ADDITION TO THE PROBLEM OF
THE CURRENT ECONOMIC SYSTEM, FOR MOST COUNTRIES, THE LACK OF URBAN
INFRASTRUCTURE HAS CONTRIBUTED TO DEGRADATION AND POLLUTION. AS
THE GENERATION OF URBAN SOLID WASTE (USW) IS ASSOCIATED WITH THE
NUMBER OF PEOPLE, THE TENDENCY IS TO INCREASE OVER TIME. THIS HIGH
GENERATION OF SOLID WASTE AND ITS DISPOSAL OR DISPOSAL IN
INAPPROPRIATE PLACES HAS BEEN CAUSING SERIOUS SOCIAL AND
ENVIRONMENTAL DISTURBANCES. IN THIS SENSE, THE CIRCULAR ECONOMY (CE)
HAS BECOME AN ALTERNATIVE TO MITIGATE THESE POTENTIAL IMPACTS,
SEEKING TO RETHINK CURRENT ECONOMIC AND SOCIAL PRACTICES,
HIGHLIGHTING SOME SITUATIONS OF THE LINEAR ECONOMY MODEL, PRESENT IN
MOST COUNTRIES, ESPECIALLY THE LESS DEVELOPED ONES. THIS WORK AIMS TO
CARRY OUT A LITERATURE REVIEW ON THE IMPORTANCE AND INSERTION OF THE
CIRCULAR ECONOMY TO MINIMIZE THE POTENTIAL IMPACT OF URBAN SOLID
WASTE ON THE ENVIRONMENT AND POINTS OUT THE APPLICATION AND
ADVANTAGES OF THIS CONCEPT TODAY. THIS WORK AIMS TO CONTRIBUTE TO
RAISING THE STATE OF THE ART ON THE SUBJECT AND SEEKING TO ESTABLISH A
CIRCULAR ECONOMY BASED ON A MORE SUSTAINABLE REFLECTION ON SOCIETY.
KEYWORDS: URBAN SOLID WASTE (USW); CIRCULAR ECONOMY (CE);
ENVIRONMENTAL IMPACTS.
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1. INTRODUÇÃO
A população mundial cresceu exponencialmente em poucos séculos, passando de 3,3
bilhões em 1965, para 7,7 bilhões em 2020, de acordo com o relatório da Organização das
Nações Unidas (ONU). Esse número de indivíduos tende a crescer ainda mais, em 2050 a
previsão é que a população seja de 9,7 bilhões de indivíduos e em 2100 esse número chegue a
11 bilhões (POPULAÇÃO, 2019).
No Brasil, a população que era de pouca mais de 72 milhões em 1960, passou a ser de
212 milhões em 2020. Seguindo o crescimento da população, o Produto Interno Bruto (PIB)
que em 1982 era de R$ 937 bilhões para R$ 7,4 trilhões de reais em 2020 (THE WORD
BANK, 2020), com uma renda per capita de R$ 1380 (IBGE, 2020).
Os resíduos sólidos urbanos são um problema que afeta todos os grupos sociais,
culturas, regiões e raças, e não é muito provável que seja resolvido tão cedo (LIMA et al.,
2021). A quantidade e a complexidade dos resíduos gerados no mundo devem aumentar
significativamente nas próximas décadas. Essa tendência se deve ao crescimento
populacional, progresso econômico e novos estilos de vida da população (KAZA et al., 2018).
As quantidades globais de resíduos gerados são estimadas entre 7 e 10 bilhões de
toneladas por ano (ZELLER et al., 2018).
Estima-se que deste montante 47% sejam depositados em aterro, 31% reciclados e
22% incinerados. Assim, quase 70% dos resíduos atualmente não são reaproveitados ou
reciclados. Isso representa uma perda enorme de recursos e explica a alta pressão sobre os
recursos primários globais (TISSERANT et al., 2017).
No Brasil, a geração de RSU em 2018 foi de quase 80 milhões de toneladas, um
aumento de quase 1% em relação ao ano anterior. Desse montante, aproximadamente 8
milhões de toneladas de RSU não são coletados e os outros 72 milhões de toneladas, são
coletados e descartados em aterros (sanitário ou controlado) ou de forma irregular em lixões
(Figura 1) (ABRELPE, 2018). Em algumas regiões onde existe a coleta seletiva ou ATA
(Ação de Tratamento Ambiental), foi constado um aproveitamento de 13% dos resíduos
coletados em todo país (IPEA, 2018).
Figura 1: Disposição final de RSU, por tipo de destinação (Ton./Dia).
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Fonte: Adaptado de ABRELPE (2018).
O esgotamento dos recursos naturais, juntamente com a poluição ambiental, representa
um desafio que contempla a esfera ambiental, social e econômica. Em primeiro lugar, os
impactos ambientais decorrentes da disposição descontrolada de resíduos no meio ambiente,
por exemplo, o acúmulo de resíduos plásticos nos oceanos ameaçando a fauna marinha
(AVIO et al., 2017).
Os impactos ambientais de processos controlados de tratamento de resíduos criam
problemas ambientais, por exemplo, metano de aterros que constituem cerca de 4% das
emissões mundiais de gases de efeito estufa ou as emissões de poluentes atmosféricos da
incineração de resíduos (LU et al., 2017).
Essas características variam em diferentes locais, por exemplo, os países em
desenvolvimento geralmente geram menos resíduos do que os países desenvolvidos, mas, ao
mesmo tempo, geralmente enfrentam mais desafios em relação ao manuseio de resíduos.
Portanto, um processo de tomada de decisão minucioso é essencial para avaliar cada caso
específico e adotar as melhores soluções de sistema (LIMA et al., 2021).
Para se ter um maior controle dos RSU é necessária uma gestão adequada de resíduos
para reduzir, reutilizar, reciclar e descartar adequadamente os resíduos sólidos e estender a
disponibilidade de recursos naturais para facilitar a sustentabilidade da vida em nosso planeta
(ABDEL-SHAFY e MANSOUR, 2018). A sustentabilidade pode favorecer a implementação
de uma economia circular (EC) nas organizações (KRAVCHENKO et al., 2019). De acordo
com Sehnem et al. (2019), a sustentabilidade é um grande motivador do conceito de EC e é
mediada pela inovação.
A economia circular é baseada na observação de sistemas naturais e segue cinco
princípios básicos: projetar sem desperdício, construir resiliência por meio da diversidade,
depender de energias renováveis, pensar sistemicamente e converter resíduos em nutrientes
(VEIGA, 2019).
Portanto, é um modelo econômico que visa a utilização eficiente dos recursos,
reduzindo o desperdício, retendo valor a longo prazo e minimizando recursos primários e
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circuitos fechados de produtos, peças de produtos e materiais dentro dos limites da proteção
ambiental e benefícios socioeconômicos (MORSELETTO, 2020).
Nesse sentido, a Economia Circular pode melhorar a qualidade de vida nas cidades,
melhorando a qualidade do ar, aumentando a eficiência dos sistemas de tratamento de água e
esgoto, reduzindo a geração e o gerenciamento de resíduos sólidos (VEIGA, 2019).
Para a implementação de uma Economia Circular, a dimensão territorial é um fator
importante na fase de transição. A localização e as características físicas influenciam o
potencial de um território. Por exemplo, áreas urbanas e rurais desempenham papéis
diferentes dentro da estrutura. As áreas urbanas apresentam-se predominantemente no
processo de transição por serem centros de produção e, portanto, podem promover o uso
eficiente dos recursos (GEBRE; GEBREMEDHIN, 2019).
Nesse caso, a economia circular surgiu como uma ferramenta para racionalizar os
recursos naturais e maximizar o uso de produtos manufaturados. Portanto, o objetivo deste
trabalho é determinar os impactos causados devido a disposição de resíduos sólidos urbanos e
como a aplicação da economia circular pode ajudar a melhorar esse cenário. Seu objetivo é
ajudar a elevar o nível mais recente de problemas e buscar uma base mais sustentável para
repensar a sociedade em uma economia circular e os benefícios que ela pode proporcionar.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Economia Circular - EC
O conceito de economia circular é amplamente conhecido na indústria e na academia,
sendo uma forma de melhorar a eficiência dos recursos das empresas por meio do uso correto,
reutilização, substituição e extensão dos ciclos de vida dos produtos (GHISELLINI et al.,
2018).
A economia circular representa uma das últimas tentativas de integrar as atividades
econômicas com o bem-estar ambiental e social de forma sustentável, com atenção especial
aos resíduos urbanos e industriais, visando um melhor equilíbrio e harmonia entre a
economia, o meio ambiente e a sociedade (Murray et al., 2017).
A economia circular também significa mudanças na mentalidade e no comportamento
de consumo, pois os resíduos podem se tornar um componente de reaproveitamento e
reciclagem no final do ciclo de vida do produto, suportando novos ciclos de produção e um
consumo mais sustentável (ANDREWS, 2015).
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Do ponto de vista da EC, recursos deixam de ser algo obtido de forma linear à custa do
meio ambiente, onde mais produção requer mais recursos e mais resíduos são devolvidos ao
meio ambiente. Pelo contrário, os produtos são concebidos de forma circular, o que significa
que os recursos podem ser obtidos do meio ambiente, e os resíduos passam a ser um novo
recurso e são reciclados indefinidamente no processo económico (EMF, 2015).
Para essa transformação do atual modelo linear "extração-produção-uso-descarte", o
novo modelo de negócios orientado para o ciclo tem valor agregado adicional, ao mesmo
tempo em que reduz o consumo de recursos e a poluição ambiental (GHISELLINI et al.,
2018). A Figura 2 auxilia o entendimento do formato da economia circular.
FIGURA 2 - Economia circular.
Fonte: Adaptado de Comissão Europeia (2014).
Na EC, o valor das matérias-primas permanece no sistema pelo maior tempo possível
(BODOVA, 2017).
Portanto, as estratégias de design pós-uso, como reutilização, remanufatura e
reciclagem estão altamente relacionadas ao processo de implementação de um modelo de
negócios circular, que esclarece a lógica de como as organizações criam, fornecem e entregam
valor aos seus clientes, pois podem encerrar o ciclo e afetar o custo e as emissões de
restauração do valor operacional (LIEDER et al., 2017). Nesse sentido, a EC busca reconstruir
o capital, seja ele financeiro, manufatureiro, humano, social ou natural, para garantir melhores
fluxos de bens e serviços.
2.2 Resíduos Sólidos Urbanos - RSU
Resíduo solido é tudo o que resta para um determinado produto, seja sua embalagem,
invólucro ou outras partes do processo, ele pode ser reaproveitado ou reciclado. A disposição
desses resíduos é realizada em aterros sanitários ou controlados ou de forma irregular em
lixões. Esse descarte ainda é uma grande questão ambiental seria, sendo uma das etapas do
debate da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) produzida pela Lei Federal nº
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12.305 de agosto de 2010. Autoridades e instrumentos econômicos aplicáveis, sobre gestão
integrada e gestão de resíduos sólidos. De acordo com a legislação, todos os lixões do país
devem ser desativados e substituídos por aterros sanitários dentro de um prazo determinado
(BRASIL, 2010).
A NBR 10.004 classifica os resíduos sólidos de acordo com seu grau de perigo e os
divide em duas categorias diferentes: Classe I-Perigosos e Classe II-Não Perigosos (Classe
IIA-Não inertes e Classe IIB-Inertes). Resíduos Perigosos Classe I são resíduos perigosos.
Devido às suas propriedades físicas, químicas ou infecciosas, se forem manuseados e
descartados incorretamente, podem representar riscos à saúde pública e ao meio ambiente
(ABNT, 2004).
Resíduos não perigosos da Classe II podem ser: não inertes (Classe IIA) ou inertes
(Classe IIB). Os resíduos classificados como IIA possuem as seguintes características:
biodegradabilidade, inflamabilidade ou solubilidade em água; segundo a NBR 10.006, IIB é
aquele que está em contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada em
temperatura ambiente, e qualquer de seus componentes não será muito alto. Está dissolvido na
concentração padrão de água potável, exceto em aparência, cor, turbidez, dureza e sabor
(ABNT, 2004).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa possui uma natureza exploratória, do tipo descritiva, para o qual, foi
realizado um levantamento bibliográfico, com dados obtidos por meio de consulta e pesquisa
em periódicos científicos, livros, teses e dissertações para aproximação ao tema, buscando-se
publicações atuais e que englobe informações a nível nacional e internacional.
Buscando refletir sobre as mudanças, limitações e oportunidades, ao se tratar dos
impactos gerados devido a disposição de resíduos sólidos urbanos em locais impróprios ou
sem o seu reaproveitamento total e estratégias que minimizem esses efeitos, com ênfase na
economia circular. Foi realizado por meio por meio da leitura e análise crítica dos materiais
encontrados, o levantando do estado da arte da economia circular e os impactos ambientais
gerados quando os RSU são descartados sem qualquer tipo de controle.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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4.1 Impactos gerados devido à má gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)
O atual crescimento da população urbana está intrinsecamente ligado ao aumento da
taxa de consumo, que aumenta o uso de matérias-primas, aumentando assim a geração de
resíduos sólidos, refletindo nossos padrões de produção e consumo. Resíduos sólidos são
entendidos como um material sólido ou semissólido ou substância produzida pela atividade
humana, dependendo da natureza e da tecnologia disponível, esses materiais ou substâncias
são descartados e requerem destinação final adequada (CARVALHO; PEREIRA, 2013).
A destinação correta dos resíduos sólidos é um dos principais problemas enfrentados
pelas cidades brasileiras, estimulada pelo aumento da produção de resíduos (SOUZA et al.,
2013).
Desde a ECO / 92, realizada no Rio de Janeiro, esse tema vem sendo estudado, e em
muitas pautas se discute a urgência de se estabelecer um sistema de gestão ambiental que se
adapte ao problema de geração desses resíduos durante o surto populacional.
O descarte inadequado do lixo é um dos principais fatores que alteram os parâmetros
(como a turbidez da água) na presença de matéria em suspensão nos corpos d'água
(PEREIRA, 2004).
Portanto, a prefeitura deve construir um aterro sanitário ambientalmente adequado, no
qual o lixo só possa ser armazenado sem qualquer possibilidade de reaproveitamento ou
compostagem (OLIVEIRA et al., 2015).
O aterro sanitário representa uma forma de disposição, não havendo controle sobre o
tipo de resíduo armazenado no local. Se não for tratada adequadamente, pode levar a
problemas de saúde pública e à formação de lixiviado (LARSEN, 2010).
Os aterros controlados são uma das principais formas de disposição final de resíduos
no Brasil. O resíduo é processado diretamente no solo e coberto por uma camada de solo.
Dessa forma, o cheiro desagradável e o impacto visual são minimizados, e a reprodução de
insetos e animais também é evitada. Porém, o problema está na falta de impermeabilização
básica, algumas vezes não há sistema de tratamento de lixiviado e biogás, e os materiais são
facilmente contaminados pelo solo e lençóis freáticos (INSTITUTO BROOKFIELD, 2012).
4.2 Desafio da implantação da economia Circular na gestão de RSU
A economia mundial e seu sistema cidade-industrial são construídos e organizados de
acordo com um modelo linear e aberto baseado na extração, transformação, produção,
distribuição, consumo e escoamento de bens e serviços. Essas funções básicas da economia
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ocorrem no ambiente natural, utilizando-as para manutenção e externalização de saídas de
processos na forma de diferentes poluentes (VEIGA, 2019).
No contexto da economia tradicional, as questões relacionadas ao meio ambiente
costumam ser esquecidas. Um modelo econômico típico não inclui restrições ambientais, foca
apenas os fluxos e variáveis do campo econômico, portanto, os níveis atuais de produção e
consumo não condizem com a disponibilidade de recursos naturais (TORRES JR; PARINI,
2017).
Para estabelecer um sistema econômico que inclua o meio ambiente, propõe-se a
economia ambiental. A economia ambiental se concentra na natureza dos preços e tende a vê-
la como uma facilidade de conveniência (uma ideia implícita no conceito bruto de "verde").
Embora se refira ao ecossistema, a atividade econômica ainda é vista como um todo
dominante e ainda isolado, enquanto o ecossistema é visto como uma despensa ou depósito,
uma espécie de microeconomia (TORRES JR; PARINI, 2017).
No centro do debate sobre a insustentabilidade da economia linear e a necessidade de
evidências para uma nova forma de pensar econômica, surgiram várias escolas de pensamento
que explicam conceitos como reciclagem do ciclo de vida, reutilização, reutilização e
regeneração. O surgimento desses conceitos visa reduzir o impacto dos modelos lineares no
meio ambiente e, juntos, tornam-se um novo modelo, a economia circular, como alternativa
ao paradigma econômico atual (VEIGA, 2019; SEHNEM, 2019).
A economia circular visa maximizar o uso sustentável e o valor dos recursos, eliminar
resíduos e beneficiar a economia e o meio ambiente. Torna-se uma alternativa ao método
atual, onde os recursos são usados para uma finalidade específica e depois descartados
(HOUSE OF COMMONS, 2014).
O assunto do Brasil é relativamente novo, embora a Lei nº 12.305 de 2 de agosto de
2010 já contenha texto sobre logística reversa, que se conceitua como “um instrumento de
desenvolvimento econômico e social caracterizado por uma série de ações, procedimentos e
meios Recolher e devolver resíduos sólidos para o setor comercial, para reaproveitamento em
sua reciclagem ou outros ciclos de produção ou em outras destinações finais ambientalmente
adequadas” (Brasil, 2010, art. 3º, inciso XII).
A expectativa é que o plano seja ampliado para produtos comercializados em
embalagens de plástico, metal ou vidro e outros produtos e embalagens, priorizando o grau e a
extensão do impacto dos resíduos gerados na saúde pública e no meio ambiente.
No entanto, é importante destacar que esse tema é apenas uma pequena parte da
política nacional de resíduos sólidos (BRASIL, 2010), o que difere das adotadas em outras
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partes do globo. No Reino Unido, o governo acredita que o consumo atual de matérias-primas
pela indústria de manufatura é insustentável. Cerca de 90% dos materiais utilizados na
fabricação extraídos do ambiente natural tornam-se resíduos antes de os produtos saírem da
fábrica, e cerca de 80% deles são descartados em menos de seis meses (RSA, 2014).
Como resultado, várias ações e estudos têm sido implementados, com foco na
economia circular, não só para o alcance da sustentabilidade, mas também para a obtenção de
retorno econômico e financeiro. Foi assim que a Comissão Europeia decidiu responder a estes
desafios e avançar para um sistema económico mais resiliente e sustentável, a fim de
aumentar a produtividade dos seus recursos. Em dezembro de 2012, foi lançada a "Declaração
Europeia para a Economia de Recursos" (EUROPA, 2012).
A declaração afirmava claramente que “em um mundo onde os recursos e o meio
ambiente estão sob pressão, a UE não tem escolha a não ser recorrer à transição para uma
economia circular com economia de recursos e, em última instância, renovável.” No cenário
de transição, o custo líquido anual a oportunidade de economia é de 380 bilhões de dólares
americanos, 630 bilhões de dólares americanos no cenário avançado (EMF, 2012).
A Lei de Economia Circular da República Popular da China promulgada pelo Comitê
Permanente do Congresso Nacional do Povo em 29 de agosto de 2008 estabeleceu
formalmente o conceito de economia circular. Algumas ações estão sendo colocadas em
prática, como os parques ecológicos industriais, que serão concluídos até 2014 (ZHOU et al.,
2014).
Portanto, a economia circular pode ser aplicada a vários campos. O Relatório da
Fundação Ellen MacArthur (2013) citou muitas aplicações práticas, tais como:
- Em 2010, foram produzidos 1,6 bilhão de celulares na terra, o que significa que existe uma
grande demanda por metais raros e outros materiais, o que impulsiona a reciclagem desses
aparelhos. Porém, mesmo com esses esforços, apenas uma pequena parte dos mais de 20
materiais contidos no equipamento pode ser reaproveitada. Se essa indústria tornar os
telefones celulares mais fáceis de desmontar, esse problema pode ser resolvido. Portanto, o
custo de recondicionamento de telefones celulares por dispositivo pode cair 50%.
- O Reino Unido sozinho pode criar um fluxo de receita de US $ 1,5 bilhão por ano -
utilizando seus resíduos alimentares por compostagem. Também pode evitar a emissão de 7,4
milhões de toneladas de gases de efeito estufa e gerar até 2 GWh de eletricidade.
A economia circular tornou-se uma alternativa para o descarte efetivo dos resíduos
sólidos e um dos seus principais benefícios é que esses materiais podem ser reinseridos na
cadeia produtiva, agregando valor e prolongando a vida útil desses subprodutos (SMOL et al.,
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2015). Portanto, essa lógica é fundamental para minimizar o desperdício de resíduos e
subprodutos que podem ser reinseridos na cadeia produtiva.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando em consideração os problemas ambientais causados devido à alta
concentração de resíduos sólidos, o atual modelo de desenvolvimento econômico está
desatualizado e insustentável e a relação entre produção e consumo precisa ser reexaminada.
Diante da realidade verificada, percebe-se que o meio ambiente tem sido significativamente
afetado, expondo a população a problemas que podem colocar em risco a saúde e causar
prejuízos econômicos.
No decorrer do estudo, são apresentadas as limitações do modelo econômico linear e o
processo de derivação do conceito de economia circular. Percebe-se a importância do
surgimento do conceito de EC e da ampla gama de campos de pesquisa nos quais a EC está
inter-relacionada.
Em termos de gestão de resíduos urbanos, a EC possibilita a reciclagem desses
resíduos, que deixaram de ser considerados “lixo” e passaram a ter um papel importante na
cadeia produtiva, reduzindo assim o destino para obtenção de matérias-primas e, em última
instância, ambientalmente produtos estressados.
A EC é uma ferramenta importante para substituir o modelo econômico linear, pois
constrói o crescimento socioeconômico com base na sustentabilidade. Nesse sentido, é
importante colocar em prática o conceito de economia circular para ajudar a proteger o meio
ambiente e reiterar as medidas preventivas tomadas por meio do governo para melhorar o
sistema de gestão de resíduos sólidos.
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  • 1. APLICAÇÃO DA ECONOMIA CIRCULAR NOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS PARA A REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS: ESTADO DA ARTE Evandro Bezerra Soares – evandrobezerrasoares77@gmail.com Universidade Estadual de Maringá – UEM Felipe Facco Mendes Ferreira – felipefaccomf@gmail.com Universidade Estadual de Maringá – UEM Priscila Pasti Barbosa – ppbarbosa2@uem.br Universidade Estadual de Maringá – UEM ÁREA: 9. ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE SUBÁREA: 9.7 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL RESUMO: DIANTE A INTENSA ATIVIDADE INDUSTRIAL E A PRODUÇÃO EM MASSA, A QUESTÃO AMBIENTAL COMEÇOU A SER LEVANTADA COMO UM POTENCIAL RISCO PARA O PLANETA. O ALTO CONSUMO, ASSOCIADO A UM DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LINEAR E EM MUITOS CASOS COMPULSIVO, FEZ COM QUE O PLANETA SE ENCONTRE NO LIMITE DE SUA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO. ALÉM DA PROBLEMÁTICA DO SISTEMA ECONÔMICO ATUAL, PARA A MAIORIA DOS PAÍSES, A FALTA DE INFRAESTRUTURA URBANA, TEM CORROBORADO PARA A DEGRADAÇÃO E POLUIÇÃO. COMO A GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU) ESTÁ ASSOCIADA AO NÚMERO DE PESSOAS, A TENDENCIA É AUMENTAR NO DECORRER DO TEMPO. ESSA ELEVADA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E O DESCARTE OU DESTINAÇÃO EM LOCAIS INADEQUADOS, VEM CAUSANDO GRAVES TRANSTORNOS SOCIAIS E AMBIENTAIS. NESSE SENTIDO, A ECONOMIA CIRCULAR (EC) TORNOU-SE UMA ALTERNATIVA PARA MITIGAR ESSES POTENCIAIS IMPACTOS, BUSCANDO REPENSAR AS PRÁTICAS ECONÔMICAS E SOCIAIS ATUAIS, PONTUANDO ALGUMAS SITUAÇÕES DO MODELO DE ECONOMIA LINEAR, PRESENTE NA MAIORIA DOS PAÍSES, PRINCIPALMENTE DOS MENOS DESENVOLVIDOS. ESTE TRABALHO TEM COMO OBJETIVO, REALIZAR UMA REVISÃO DA LITERATURA SOBRE A IMPORTÂNCIA E INSERÇÃO DA ECONOMIA CIRCULAR PARA MINIMIZAR O POTENCIAL IMPACTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MEIO AMBIENTE E APONTA A APLICAÇÃO E AS VANTAGENS DESSE CONCEITO NA ATUALIDADE. ESTE TRABALHO VISA CONTRIBUIR PARA ELEVAR O ESTADO DA ARTE SOBRE O TEMA E BUSCAR ESTABELECER UMA ECONOMIA CIRCULAR BASEADA EM UMA REFLEXÃO MAIS SUSTENTÁVEL SOBRE A SOCIEDADE. PALAVRAS-CHAVES: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU); ECONOMIA CIRCULAR (EC); IMPACTOS AMBIENTAIS.
  • 2. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 2 IMPLEMENTATION OF THE CIRCULAR ECONOMY IN URBAN SOLID WASTE TO REDUCE ENVIRONMENTAL IMPACTS: STATE OF THE ART ABSTRACT: GIVEN THE INTENSE INDUSTRIAL ACTIVITY AND MASS PRODUCTION, THE ENVIRONMENTAL ISSUE BEGAN TO BE RAISED AS A POTENTIAL RISK FOR THE PLANET. HIGH CONSUMPTION, ASSOCIATED WITH LINEAR AND IN MANY CASES COMPULSIVE ECONOMIC DEVELOPMENT, HAS MADE THE PLANET FIND ITSELF AT THE LIMIT OF ITS PRODUCTION CAPACITY. IN ADDITION TO THE PROBLEM OF THE CURRENT ECONOMIC SYSTEM, FOR MOST COUNTRIES, THE LACK OF URBAN INFRASTRUCTURE HAS CONTRIBUTED TO DEGRADATION AND POLLUTION. AS THE GENERATION OF URBAN SOLID WASTE (USW) IS ASSOCIATED WITH THE NUMBER OF PEOPLE, THE TENDENCY IS TO INCREASE OVER TIME. THIS HIGH GENERATION OF SOLID WASTE AND ITS DISPOSAL OR DISPOSAL IN INAPPROPRIATE PLACES HAS BEEN CAUSING SERIOUS SOCIAL AND ENVIRONMENTAL DISTURBANCES. IN THIS SENSE, THE CIRCULAR ECONOMY (CE) HAS BECOME AN ALTERNATIVE TO MITIGATE THESE POTENTIAL IMPACTS, SEEKING TO RETHINK CURRENT ECONOMIC AND SOCIAL PRACTICES, HIGHLIGHTING SOME SITUATIONS OF THE LINEAR ECONOMY MODEL, PRESENT IN MOST COUNTRIES, ESPECIALLY THE LESS DEVELOPED ONES. THIS WORK AIMS TO CARRY OUT A LITERATURE REVIEW ON THE IMPORTANCE AND INSERTION OF THE CIRCULAR ECONOMY TO MINIMIZE THE POTENTIAL IMPACT OF URBAN SOLID WASTE ON THE ENVIRONMENT AND POINTS OUT THE APPLICATION AND ADVANTAGES OF THIS CONCEPT TODAY. THIS WORK AIMS TO CONTRIBUTE TO RAISING THE STATE OF THE ART ON THE SUBJECT AND SEEKING TO ESTABLISH A CIRCULAR ECONOMY BASED ON A MORE SUSTAINABLE REFLECTION ON SOCIETY. KEYWORDS: URBAN SOLID WASTE (USW); CIRCULAR ECONOMY (CE); ENVIRONMENTAL IMPACTS.
  • 3. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 3 1. INTRODUÇÃO A população mundial cresceu exponencialmente em poucos séculos, passando de 3,3 bilhões em 1965, para 7,7 bilhões em 2020, de acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse número de indivíduos tende a crescer ainda mais, em 2050 a previsão é que a população seja de 9,7 bilhões de indivíduos e em 2100 esse número chegue a 11 bilhões (POPULAÇÃO, 2019). No Brasil, a população que era de pouca mais de 72 milhões em 1960, passou a ser de 212 milhões em 2020. Seguindo o crescimento da população, o Produto Interno Bruto (PIB) que em 1982 era de R$ 937 bilhões para R$ 7,4 trilhões de reais em 2020 (THE WORD BANK, 2020), com uma renda per capita de R$ 1380 (IBGE, 2020). Os resíduos sólidos urbanos são um problema que afeta todos os grupos sociais, culturas, regiões e raças, e não é muito provável que seja resolvido tão cedo (LIMA et al., 2021). A quantidade e a complexidade dos resíduos gerados no mundo devem aumentar significativamente nas próximas décadas. Essa tendência se deve ao crescimento populacional, progresso econômico e novos estilos de vida da população (KAZA et al., 2018). As quantidades globais de resíduos gerados são estimadas entre 7 e 10 bilhões de toneladas por ano (ZELLER et al., 2018). Estima-se que deste montante 47% sejam depositados em aterro, 31% reciclados e 22% incinerados. Assim, quase 70% dos resíduos atualmente não são reaproveitados ou reciclados. Isso representa uma perda enorme de recursos e explica a alta pressão sobre os recursos primários globais (TISSERANT et al., 2017). No Brasil, a geração de RSU em 2018 foi de quase 80 milhões de toneladas, um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior. Desse montante, aproximadamente 8 milhões de toneladas de RSU não são coletados e os outros 72 milhões de toneladas, são coletados e descartados em aterros (sanitário ou controlado) ou de forma irregular em lixões (Figura 1) (ABRELPE, 2018). Em algumas regiões onde existe a coleta seletiva ou ATA (Ação de Tratamento Ambiental), foi constado um aproveitamento de 13% dos resíduos coletados em todo país (IPEA, 2018). Figura 1: Disposição final de RSU, por tipo de destinação (Ton./Dia).
  • 4. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 4 Fonte: Adaptado de ABRELPE (2018). O esgotamento dos recursos naturais, juntamente com a poluição ambiental, representa um desafio que contempla a esfera ambiental, social e econômica. Em primeiro lugar, os impactos ambientais decorrentes da disposição descontrolada de resíduos no meio ambiente, por exemplo, o acúmulo de resíduos plásticos nos oceanos ameaçando a fauna marinha (AVIO et al., 2017). Os impactos ambientais de processos controlados de tratamento de resíduos criam problemas ambientais, por exemplo, metano de aterros que constituem cerca de 4% das emissões mundiais de gases de efeito estufa ou as emissões de poluentes atmosféricos da incineração de resíduos (LU et al., 2017). Essas características variam em diferentes locais, por exemplo, os países em desenvolvimento geralmente geram menos resíduos do que os países desenvolvidos, mas, ao mesmo tempo, geralmente enfrentam mais desafios em relação ao manuseio de resíduos. Portanto, um processo de tomada de decisão minucioso é essencial para avaliar cada caso específico e adotar as melhores soluções de sistema (LIMA et al., 2021). Para se ter um maior controle dos RSU é necessária uma gestão adequada de resíduos para reduzir, reutilizar, reciclar e descartar adequadamente os resíduos sólidos e estender a disponibilidade de recursos naturais para facilitar a sustentabilidade da vida em nosso planeta (ABDEL-SHAFY e MANSOUR, 2018). A sustentabilidade pode favorecer a implementação de uma economia circular (EC) nas organizações (KRAVCHENKO et al., 2019). De acordo com Sehnem et al. (2019), a sustentabilidade é um grande motivador do conceito de EC e é mediada pela inovação. A economia circular é baseada na observação de sistemas naturais e segue cinco princípios básicos: projetar sem desperdício, construir resiliência por meio da diversidade, depender de energias renováveis, pensar sistemicamente e converter resíduos em nutrientes (VEIGA, 2019). Portanto, é um modelo econômico que visa a utilização eficiente dos recursos, reduzindo o desperdício, retendo valor a longo prazo e minimizando recursos primários e
  • 5. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 5 circuitos fechados de produtos, peças de produtos e materiais dentro dos limites da proteção ambiental e benefícios socioeconômicos (MORSELETTO, 2020). Nesse sentido, a Economia Circular pode melhorar a qualidade de vida nas cidades, melhorando a qualidade do ar, aumentando a eficiência dos sistemas de tratamento de água e esgoto, reduzindo a geração e o gerenciamento de resíduos sólidos (VEIGA, 2019). Para a implementação de uma Economia Circular, a dimensão territorial é um fator importante na fase de transição. A localização e as características físicas influenciam o potencial de um território. Por exemplo, áreas urbanas e rurais desempenham papéis diferentes dentro da estrutura. As áreas urbanas apresentam-se predominantemente no processo de transição por serem centros de produção e, portanto, podem promover o uso eficiente dos recursos (GEBRE; GEBREMEDHIN, 2019). Nesse caso, a economia circular surgiu como uma ferramenta para racionalizar os recursos naturais e maximizar o uso de produtos manufaturados. Portanto, o objetivo deste trabalho é determinar os impactos causados devido a disposição de resíduos sólidos urbanos e como a aplicação da economia circular pode ajudar a melhorar esse cenário. Seu objetivo é ajudar a elevar o nível mais recente de problemas e buscar uma base mais sustentável para repensar a sociedade em uma economia circular e os benefícios que ela pode proporcionar. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Economia Circular - EC O conceito de economia circular é amplamente conhecido na indústria e na academia, sendo uma forma de melhorar a eficiência dos recursos das empresas por meio do uso correto, reutilização, substituição e extensão dos ciclos de vida dos produtos (GHISELLINI et al., 2018). A economia circular representa uma das últimas tentativas de integrar as atividades econômicas com o bem-estar ambiental e social de forma sustentável, com atenção especial aos resíduos urbanos e industriais, visando um melhor equilíbrio e harmonia entre a economia, o meio ambiente e a sociedade (Murray et al., 2017). A economia circular também significa mudanças na mentalidade e no comportamento de consumo, pois os resíduos podem se tornar um componente de reaproveitamento e reciclagem no final do ciclo de vida do produto, suportando novos ciclos de produção e um consumo mais sustentável (ANDREWS, 2015).
  • 6. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 6 Do ponto de vista da EC, recursos deixam de ser algo obtido de forma linear à custa do meio ambiente, onde mais produção requer mais recursos e mais resíduos são devolvidos ao meio ambiente. Pelo contrário, os produtos são concebidos de forma circular, o que significa que os recursos podem ser obtidos do meio ambiente, e os resíduos passam a ser um novo recurso e são reciclados indefinidamente no processo económico (EMF, 2015). Para essa transformação do atual modelo linear "extração-produção-uso-descarte", o novo modelo de negócios orientado para o ciclo tem valor agregado adicional, ao mesmo tempo em que reduz o consumo de recursos e a poluição ambiental (GHISELLINI et al., 2018). A Figura 2 auxilia o entendimento do formato da economia circular. FIGURA 2 - Economia circular. Fonte: Adaptado de Comissão Europeia (2014). Na EC, o valor das matérias-primas permanece no sistema pelo maior tempo possível (BODOVA, 2017). Portanto, as estratégias de design pós-uso, como reutilização, remanufatura e reciclagem estão altamente relacionadas ao processo de implementação de um modelo de negócios circular, que esclarece a lógica de como as organizações criam, fornecem e entregam valor aos seus clientes, pois podem encerrar o ciclo e afetar o custo e as emissões de restauração do valor operacional (LIEDER et al., 2017). Nesse sentido, a EC busca reconstruir o capital, seja ele financeiro, manufatureiro, humano, social ou natural, para garantir melhores fluxos de bens e serviços. 2.2 Resíduos Sólidos Urbanos - RSU Resíduo solido é tudo o que resta para um determinado produto, seja sua embalagem, invólucro ou outras partes do processo, ele pode ser reaproveitado ou reciclado. A disposição desses resíduos é realizada em aterros sanitários ou controlados ou de forma irregular em lixões. Esse descarte ainda é uma grande questão ambiental seria, sendo uma das etapas do debate da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) produzida pela Lei Federal nº
  • 7. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 7 12.305 de agosto de 2010. Autoridades e instrumentos econômicos aplicáveis, sobre gestão integrada e gestão de resíduos sólidos. De acordo com a legislação, todos os lixões do país devem ser desativados e substituídos por aterros sanitários dentro de um prazo determinado (BRASIL, 2010). A NBR 10.004 classifica os resíduos sólidos de acordo com seu grau de perigo e os divide em duas categorias diferentes: Classe I-Perigosos e Classe II-Não Perigosos (Classe IIA-Não inertes e Classe IIB-Inertes). Resíduos Perigosos Classe I são resíduos perigosos. Devido às suas propriedades físicas, químicas ou infecciosas, se forem manuseados e descartados incorretamente, podem representar riscos à saúde pública e ao meio ambiente (ABNT, 2004). Resíduos não perigosos da Classe II podem ser: não inertes (Classe IIA) ou inertes (Classe IIB). Os resíduos classificados como IIA possuem as seguintes características: biodegradabilidade, inflamabilidade ou solubilidade em água; segundo a NBR 10.006, IIB é aquele que está em contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada em temperatura ambiente, e qualquer de seus componentes não será muito alto. Está dissolvido na concentração padrão de água potável, exceto em aparência, cor, turbidez, dureza e sabor (ABNT, 2004). 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa possui uma natureza exploratória, do tipo descritiva, para o qual, foi realizado um levantamento bibliográfico, com dados obtidos por meio de consulta e pesquisa em periódicos científicos, livros, teses e dissertações para aproximação ao tema, buscando-se publicações atuais e que englobe informações a nível nacional e internacional. Buscando refletir sobre as mudanças, limitações e oportunidades, ao se tratar dos impactos gerados devido a disposição de resíduos sólidos urbanos em locais impróprios ou sem o seu reaproveitamento total e estratégias que minimizem esses efeitos, com ênfase na economia circular. Foi realizado por meio por meio da leitura e análise crítica dos materiais encontrados, o levantando do estado da arte da economia circular e os impactos ambientais gerados quando os RSU são descartados sem qualquer tipo de controle. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
  • 8. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 8 4.1 Impactos gerados devido à má gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) O atual crescimento da população urbana está intrinsecamente ligado ao aumento da taxa de consumo, que aumenta o uso de matérias-primas, aumentando assim a geração de resíduos sólidos, refletindo nossos padrões de produção e consumo. Resíduos sólidos são entendidos como um material sólido ou semissólido ou substância produzida pela atividade humana, dependendo da natureza e da tecnologia disponível, esses materiais ou substâncias são descartados e requerem destinação final adequada (CARVALHO; PEREIRA, 2013). A destinação correta dos resíduos sólidos é um dos principais problemas enfrentados pelas cidades brasileiras, estimulada pelo aumento da produção de resíduos (SOUZA et al., 2013). Desde a ECO / 92, realizada no Rio de Janeiro, esse tema vem sendo estudado, e em muitas pautas se discute a urgência de se estabelecer um sistema de gestão ambiental que se adapte ao problema de geração desses resíduos durante o surto populacional. O descarte inadequado do lixo é um dos principais fatores que alteram os parâmetros (como a turbidez da água) na presença de matéria em suspensão nos corpos d'água (PEREIRA, 2004). Portanto, a prefeitura deve construir um aterro sanitário ambientalmente adequado, no qual o lixo só possa ser armazenado sem qualquer possibilidade de reaproveitamento ou compostagem (OLIVEIRA et al., 2015). O aterro sanitário representa uma forma de disposição, não havendo controle sobre o tipo de resíduo armazenado no local. Se não for tratada adequadamente, pode levar a problemas de saúde pública e à formação de lixiviado (LARSEN, 2010). Os aterros controlados são uma das principais formas de disposição final de resíduos no Brasil. O resíduo é processado diretamente no solo e coberto por uma camada de solo. Dessa forma, o cheiro desagradável e o impacto visual são minimizados, e a reprodução de insetos e animais também é evitada. Porém, o problema está na falta de impermeabilização básica, algumas vezes não há sistema de tratamento de lixiviado e biogás, e os materiais são facilmente contaminados pelo solo e lençóis freáticos (INSTITUTO BROOKFIELD, 2012). 4.2 Desafio da implantação da economia Circular na gestão de RSU A economia mundial e seu sistema cidade-industrial são construídos e organizados de acordo com um modelo linear e aberto baseado na extração, transformação, produção, distribuição, consumo e escoamento de bens e serviços. Essas funções básicas da economia
  • 9. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 9 ocorrem no ambiente natural, utilizando-as para manutenção e externalização de saídas de processos na forma de diferentes poluentes (VEIGA, 2019). No contexto da economia tradicional, as questões relacionadas ao meio ambiente costumam ser esquecidas. Um modelo econômico típico não inclui restrições ambientais, foca apenas os fluxos e variáveis do campo econômico, portanto, os níveis atuais de produção e consumo não condizem com a disponibilidade de recursos naturais (TORRES JR; PARINI, 2017). Para estabelecer um sistema econômico que inclua o meio ambiente, propõe-se a economia ambiental. A economia ambiental se concentra na natureza dos preços e tende a vê- la como uma facilidade de conveniência (uma ideia implícita no conceito bruto de "verde"). Embora se refira ao ecossistema, a atividade econômica ainda é vista como um todo dominante e ainda isolado, enquanto o ecossistema é visto como uma despensa ou depósito, uma espécie de microeconomia (TORRES JR; PARINI, 2017). No centro do debate sobre a insustentabilidade da economia linear e a necessidade de evidências para uma nova forma de pensar econômica, surgiram várias escolas de pensamento que explicam conceitos como reciclagem do ciclo de vida, reutilização, reutilização e regeneração. O surgimento desses conceitos visa reduzir o impacto dos modelos lineares no meio ambiente e, juntos, tornam-se um novo modelo, a economia circular, como alternativa ao paradigma econômico atual (VEIGA, 2019; SEHNEM, 2019). A economia circular visa maximizar o uso sustentável e o valor dos recursos, eliminar resíduos e beneficiar a economia e o meio ambiente. Torna-se uma alternativa ao método atual, onde os recursos são usados para uma finalidade específica e depois descartados (HOUSE OF COMMONS, 2014). O assunto do Brasil é relativamente novo, embora a Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010 já contenha texto sobre logística reversa, que se conceitua como “um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por uma série de ações, procedimentos e meios Recolher e devolver resíduos sólidos para o setor comercial, para reaproveitamento em sua reciclagem ou outros ciclos de produção ou em outras destinações finais ambientalmente adequadas” (Brasil, 2010, art. 3º, inciso XII). A expectativa é que o plano seja ampliado para produtos comercializados em embalagens de plástico, metal ou vidro e outros produtos e embalagens, priorizando o grau e a extensão do impacto dos resíduos gerados na saúde pública e no meio ambiente. No entanto, é importante destacar que esse tema é apenas uma pequena parte da política nacional de resíduos sólidos (BRASIL, 2010), o que difere das adotadas em outras
  • 10. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 10 partes do globo. No Reino Unido, o governo acredita que o consumo atual de matérias-primas pela indústria de manufatura é insustentável. Cerca de 90% dos materiais utilizados na fabricação extraídos do ambiente natural tornam-se resíduos antes de os produtos saírem da fábrica, e cerca de 80% deles são descartados em menos de seis meses (RSA, 2014). Como resultado, várias ações e estudos têm sido implementados, com foco na economia circular, não só para o alcance da sustentabilidade, mas também para a obtenção de retorno econômico e financeiro. Foi assim que a Comissão Europeia decidiu responder a estes desafios e avançar para um sistema económico mais resiliente e sustentável, a fim de aumentar a produtividade dos seus recursos. Em dezembro de 2012, foi lançada a "Declaração Europeia para a Economia de Recursos" (EUROPA, 2012). A declaração afirmava claramente que “em um mundo onde os recursos e o meio ambiente estão sob pressão, a UE não tem escolha a não ser recorrer à transição para uma economia circular com economia de recursos e, em última instância, renovável.” No cenário de transição, o custo líquido anual a oportunidade de economia é de 380 bilhões de dólares americanos, 630 bilhões de dólares americanos no cenário avançado (EMF, 2012). A Lei de Economia Circular da República Popular da China promulgada pelo Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo em 29 de agosto de 2008 estabeleceu formalmente o conceito de economia circular. Algumas ações estão sendo colocadas em prática, como os parques ecológicos industriais, que serão concluídos até 2014 (ZHOU et al., 2014). Portanto, a economia circular pode ser aplicada a vários campos. O Relatório da Fundação Ellen MacArthur (2013) citou muitas aplicações práticas, tais como: - Em 2010, foram produzidos 1,6 bilhão de celulares na terra, o que significa que existe uma grande demanda por metais raros e outros materiais, o que impulsiona a reciclagem desses aparelhos. Porém, mesmo com esses esforços, apenas uma pequena parte dos mais de 20 materiais contidos no equipamento pode ser reaproveitada. Se essa indústria tornar os telefones celulares mais fáceis de desmontar, esse problema pode ser resolvido. Portanto, o custo de recondicionamento de telefones celulares por dispositivo pode cair 50%. - O Reino Unido sozinho pode criar um fluxo de receita de US $ 1,5 bilhão por ano - utilizando seus resíduos alimentares por compostagem. Também pode evitar a emissão de 7,4 milhões de toneladas de gases de efeito estufa e gerar até 2 GWh de eletricidade. A economia circular tornou-se uma alternativa para o descarte efetivo dos resíduos sólidos e um dos seus principais benefícios é que esses materiais podem ser reinseridos na cadeia produtiva, agregando valor e prolongando a vida útil desses subprodutos (SMOL et al.,
  • 11. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 11 2015). Portanto, essa lógica é fundamental para minimizar o desperdício de resíduos e subprodutos que podem ser reinseridos na cadeia produtiva. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando em consideração os problemas ambientais causados devido à alta concentração de resíduos sólidos, o atual modelo de desenvolvimento econômico está desatualizado e insustentável e a relação entre produção e consumo precisa ser reexaminada. Diante da realidade verificada, percebe-se que o meio ambiente tem sido significativamente afetado, expondo a população a problemas que podem colocar em risco a saúde e causar prejuízos econômicos. No decorrer do estudo, são apresentadas as limitações do modelo econômico linear e o processo de derivação do conceito de economia circular. Percebe-se a importância do surgimento do conceito de EC e da ampla gama de campos de pesquisa nos quais a EC está inter-relacionada. Em termos de gestão de resíduos urbanos, a EC possibilita a reciclagem desses resíduos, que deixaram de ser considerados “lixo” e passaram a ter um papel importante na cadeia produtiva, reduzindo assim o destino para obtenção de matérias-primas e, em última instância, ambientalmente produtos estressados. A EC é uma ferramenta importante para substituir o modelo econômico linear, pois constrói o crescimento socioeconômico com base na sustentabilidade. Nesse sentido, é importante colocar em prática o conceito de economia circular para ajudar a proteger o meio ambiente e reiterar as medidas preventivas tomadas por meio do governo para melhorar o sistema de gestão de resíduos sólidos. REFERÊNCIAS ABDEL-SHAFY, H.I., MANSOUR, M.S.M. Solid waste issue: sources, composition, disposal, recycling, and valorization. Egyptian Journal of Petroleum. Cairo, v. 27, n. 4, p.1275–1290, setembro, 2018. ABNT. (2004). Associação de Normas Técnicas. NBR 10.004: Resíduos Sólidos - Classificação. Disponível em: < https://analiticaqmcresiduos.paginas.ufsc.br/files/2014/07/Nbr-10004-2004-Classificacao-De- Residuos-Solidos.pdf>. Acesso em: 19 de junho de 2021. ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil- 2018/2019. São Paulo: Abrelpe, 2019.
  • 12. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 12 ANDREWS, D. The circular economy, design thinking and education for sustainability. Local Economy, v. 30, p. 305-315, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Resíduos sólidos − classificação. Norma técnica NBR 10004. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. AVIO, C.G., GORBI, S., REGOLI, F. Plastics and microplastics in the oceans: fromemerging pollutants to emerged threat. Marine Environmental Research, v.128, p. 2–11, julho, 2017. BODOVA, E. Tools of environmental management and EU circular economy. MM Science Journal, v. 1, p. 1700-1706, 2017. BRASIL. Lei n° 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 02 de agosto de 2010. BRASIL. THE WORD BANK, 2020. Disponível em: < https://data.worldbank.org/country/brazil?locale=pt>. Acesso em: 15 de julho de 2021. CARVALHO, P. P.; PEREIRA, R. S. Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos. In. Gestão para o desenvolvimento sustentável: Desafios e proposições para a Sustentabilidade Socioambiental. Raquel da Silva Pereira (org.). São Paulo: Globus, 2013. COMISSÃO EUROPEIA (2014). Rumo a uma economia circular. Revista Ambiente para os Europeus. Disponível em: <http://ec.europa.eu/environment/news/efe/articles/2014/08/article_20140806_01_pt.htm>. Acesso em: 01 de julho de 2021. ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. A CIRCULAR ECONOMY IN BRAZIL: Na initial exploration, 2017. Disponível: <https://www.ellenmacarthurfoundation.org/assets/downloads/A-Circular-Economy-inBrazil- An-initial-exploration.pdf>. Acesso em: 10 de julho de 2021. EMF - ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Towards the circular economy - Vol. 1: Economic and business rationale for an accelerated transition. Isle of Wight: EMF, 2012. EUROPA. Manifesto for a Resource Efficient Europe, European Commission, Brussels, 2012. Disponível em: http://europa.eu/rapid/press-release_MEMO-12- 989_en.htm#PR_metaPressRelease. Acesso em: 09 de julho de 2021. GEBRE, T., GEBREMEDHIN, B., 2019. The mutual benefits of promoting rural- urbaninterdependence through linked ecosystem services. Global Ecology and Conservation. Ethiopia, v. 20, outubro, 2020. GHISELLINI, P.; RIPA, M.; ULGIATI, S. Exploring environmental and economic costs and benefits of a circular economy approach to the construction and demolition sector. A literature review. Journal of Cleaner Production, v. 178, p. 618-643, 2018. HOUSE OF COMMONS. Growing a circular economy: Ending the throwaway society. HC-214. Londres: House of Commons/ Environmental Audit Committee, 2014.
  • 13. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 13 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE divulga o do rendimento domiciliar per capita de 2020, Brasil, 2020. Disponível em: < https://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domici lios_continua/Renda_domiciliar_per_capita/Renda_domiciliar_per_capita_2020.pdf>. Acesso em: 16 de julho de 2021. INSTITUTO BROOKFIELD. Lixão, aterro sanitário e aterro controlado: entenda as diferenças. 2012. Disponível em: http://blog.institutobrookfield.org.br/index.php/2012/08/entenda-a-diferenca-entre-lixao- aterrocontrolado-e-aterro-sanitario/. Acesso em: 10 de julho de 2021. IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos no país vão para reciclagem. Disponível em: < https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=29296>. Acesso em: 17 de julho de 2021. KAZA, S., YAO, L., BHADA-TATA, P., VAN WOERDEN, F. What a Waste 2.0: A GlobalSnapshot of Solid Waste Management to 2050. The World Bank. KRAVCHENKO, M., PIGOSSO, D.C., MCALOONE, T.C. Towards the ex-ante sustainabilityscreening of circular economy initiatives in manufacturing companies: consolidationof leading sustainability-related performance indicators. Journal of Cleaner Production, Lyngby, v. 241, dezembro, 2019. LIEDER, M.; ASIF, F. M.; RASHID, A.; MIHELIČ, A.; KOTNIK, S. Towards circular economy implementation in manufacturing systems using a multi-method simulation approach to link design and business strategy. The International Journal of Advanced Manufacturing Technology, v. 93, p. 1953-1970, 2017. LIMA, P. M.; MORAIS, M. F.; CONSTANTINO, M. A.; PAULO, P. L.; MAGRALHÃES FILHO, F. J. C. Environmental assessment of waste handling in rural Brazil: Improvementstowards circular economy. Cleaner Environmental Systems, Campo Grande, v. 2, n. 100013, janeiro, 2021. LU, J.-W., ZHANG, S., HAI, J., LEI, M. Status and perspectives of municipal solidwaste incineration in China: a comparison with developed regions. Waste Management, v. 69, p. 170–186, novembro, 2017. MORSELETTO, P., 2020. Targets for a circular economy. Resources, Conservation and Recycling. Amsterdam, v. 153, p. 1-12, fevereiro, 2020. MURRAY, A.; SKENE, K.; HAYNES, K. The circular economy: An interdisciplinar exploration of the concept and application in a global context. Journal of Business Ethics, v. 140, p. 369-380, 2017. OLIVEIRA, A. L.et al. Análise qualitativa dos impactos ambientais no meio abiótico em um depósito de resíduos sólidos. Revista Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v.11, n.22, p. 184-199, 2015.
  • 14. XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Resiliência na Cadeia de Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022 14 PEREIRA, R. S. Identificação e caracterização das fontes de poluição em sistemas hídricos. Revista Eletrônica de Recursos Hídricos. IPH – UFRGS. v.1, n.1.p.20-36, 2004. POPULAÇÃO mundial deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas em 2050, diz relatório da ONU. Nações Unidas Brasil, 2019. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/83427-populacao- mundial-deve-chegar-97-bilhoes-de-pessoas-em-2050-diz-relatorio-da-onu>. Acesso em: 15 de julho de 2021. RSA - ROYAL SOCIETY OF ARTS. Investigating the role of design in the circular economy. The Great Recovery Project - Report 01 Revisited. Londres: RSA, 2014. SEHNEM, S. Rumo à Economia Circular: Sinergia Existente entre as Definições Conceituais Correlatas e Apropriação para a Literatura Brasileira. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 18, n. 1, p. 35-62, 2019. SEHNEM, S., CHIAPPETTA JABBOUR, C.J., FARIAS PEREIRA, S.C., DE SOUSA JABBOUR, A.B.L. Improving sustainable supply chains performance through operational excellence:circular economy approach. Resources, Conservation and Recycling, v. 149, p. 236–248, junho, 2019. SMOL, M.; KULCZYCKA, J.; HENCLIK, A.; GORAZDA, K.; WZOREK, Z. The possible use of sewage sludge ash (SSA) in the construction industry as a way towards a circular economy. J Clean Prod, v. 95, p. 45–54, 2015. SOUZA, G. S., et al. Educação Ambiental como Ferramenta para o Manejo de Resíduos Sólidos no Cotidiano Escolar. Revbea, Rio Grande, v. 8, n. 2, p. 118-130, 2013. TISSERANT, A., PAULIUK, S., MERCIAI, S., SCHMIDT, J., FRY, J., WOOD, R., TUKKER, A. Solid waste and the circular economy: a global analysis of waste treatment andwaste footprints. Journal of Industrial Ecology, v. 21, n. 3, p. 628–640, março, 2017. TORRES Jr., A. S. e PARINI, F. P. Economia Circular – Evolução e perspectiva inovadora. In: SemeAd: 20., 2017, São Paulo. Anais... São Paulo, 2017. VEIGA, R. M. Do lixão à Economia Circular: um salto possível? 2019. 418p. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019. VEIGA, R. M. Do lixão à economia circular: um salto possível? 2019. 418 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019. ZELLER, V.; TOWA, E.; DEGREZ, M.; ACHTEN, W. M. J. Urban waste flows and their potential for a circular economy model atcity-region level. Waste Management, Bruxelas, v. 83, p. 83-94, novembro, 2018. ZHOU, K. et al. A Study on Circular Economy Implementation in China. IPAG, Paris, 2014. Disponível em: http://www.ipag.fr/fr/accueil/la-recherche/publications-wp.html. Acesso em: 10 de julho de 2021.