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CAPÍTULO 7
 SELEÇÃO DE ROBÔS: ALGUNS ASPECTOS
                        Oswaldo Horikawa, Newton Maruyama
                   Diolino José dos Santos Filho, Paulo Eigi Miyagi




7.1 - INTRODUÇÃO
     Uma decisão sobre a utilizaçao ou não de robôs industriais, está inserido dentro do contexto
da análise global de investimentos da empresa. Em última instância, o foco principal da análise de
investimentos é o impacto destes sobre a competitividade da empresa. Para tal, foi proposta uma
metodologia dividida em três etapas: análise estratégica, reengenharia de processos e análise de
investimentos em competitividade. Dentro desse contexto, os robôs industriais estão diretamente
relacionados aos diversos fatores de competitividade, espalhados do chão de fábrica aos
sistemas gerenciais, tais como, CAE, CAD, CAPP, CNC, SFM, MRPI, TQC, CIM, etc. Neste
capítulo, a seleção de robôs é abordada através de uma análise mais localizada, tentando enfocar
os aspectos econômicos e técnicos mais relevantes.


     A utilização de robôs no setor industrial é geralmente realizado sob um dentre dois possíveis
conjuntos de circustâncias. O primeiro, se refere a uma nova instalação física e/ou novo processo
produtivo. Nessa situação, robôs são incorporados durante o planejamento inicial, permitindo
grande flexibilidade nas decisões. O segundo, se refere a uma situação mais comum onde robôs
devem ser incorporados a processos ou operações já existentes, freqüentemente por decisão
gerencial, visando maior produtividade e/ou qualidade das tarefas. Nessa situação, mudanças ou
adaptações no produto, processo, equipamento ou instalação física, que eventualmente podem
ser necessárias, são em geral, difíceis de serem acomodadas.


    Para assegurar o sucesso em qualquer um dos casos, a incorporação de robôs deve ser
abordado de uma maneira sistemática. A implantação de um sistema de produção robótico é
melhor realizado num processo com múltiplos passos que envolve não apenas o robô mas
também o produto, os equipamentos de produção, o arranjo físico, o escalonamento, o fluxo de
materiais, e outros fatores.


     Este capítulo foi dividido em duas partes principais. Uma parte dedicada aos macro aspectos,
que estão diretamente relacionados a análise de aspectos econômicos, e uma outra dedicada aos
micro aspectos na seleção de robôs, que se referem ao projeto detalhado do sistema robotizado.
De uma maneira geral, os micro aspectos devem ser analizados inicialmente pois funcionam
como pré-requisitos para uma análise econômica detalhada. O processo envolve em geral várias
iterações entre micro e macro aspectos para se obter uma solução satisfatória.
7.2 - MACRO ASPECTOS NA SELEÇÃO DE ROBÔS: A ANÁLISE ECONÔMICA DE
SISTEMAS ROBOTIZADOS
    Estudos sugerem que as empresas devem passar pelas etapas descritas a seguir, até
decidirem-se pela introdução de máquinas automáticas de fabricação como máquinas CNC e
robôs:
    1.   Fabricação manual sem definição de metodologia de trabalho;
    2.   Fabricação manual com metodologia de trabalho definida;
    3.   Fabricação manual com metodologia de trabalho definida e com estratégias de
         otimização de processos;
    4.   Fabricação manual com metodologia de trabalho definida, com estratégias de otimização
         de processos e introdução de ferramentas computacionais para a automação parcial das
         tarefas de planejamento, controle e otimização;
    5.   Fabricação através de máquinas automáticas.


    Obviamente, não necessariamente deve-se passar por todas as etapas, já que pode-se iniciar
uma nova planta a partir de qualquer etapa. A razão para tal ordem nas etapas, consiste
basicamente no volume de investimento, que cresce de (1) para (5). Ou seja, as máquinas
automáticas são de elevado custo e devem ser introduzidas num contexto em que há segurança
acerca do retorno do investimento. O grande risco na introdução de máquinas automáticas está
na sua sub-utilização. É preciso ter em mente que o objetivo de um projeto de robotização não é o
de simplesmente reproduzir métodos e sistemas existentes através da troca de pessoas por
robôs. O objetivo deve ser sim, o de desenvolver um novo sistema integrado que proporcione os
seguintes aspectos:
    •    flexibilidade;
    •    maior produtividade;
    •    menores custos de operação;
    •    maior qualidade;
    •    eliminação de problemas que afetam a saúde e a segurança.
     Uma avaliação econômica permite comparar os benefícios da automação através da robótica
com o sistema atual e demais alternativas. Esta análise se baseia na comparação dos custos de
aquisição, adaptação do sistema e operação da instalação robotizada em questão, com os
benefícios em caixa. Embora a análise de viabilidade econômica de um projeto de robotização
seja similar ao de qualquer outro equipamento, é importante observar que existem algumas
diferenças:
    •    robô pode substituir mão de obra humana;
    •    robô proporciona flexibilidade para atender às mudanças de mercado;
    •    robô força a reavaliação do processo produtivo;
    •    robô é reprogramável, dessa forma, essa flexibilidade proporciona uma longa vida útil
         dentro do sistema de produção.
    A Figura 7.1 descreve as principais etapas a serem cumpridas para uma análise econômica
de um projeto de robotização. O processo de análise compreende duas etapas: a análise inicial e
a análise detalhada de custo.
Etapa 1: Identificar soluções alternativas                                     Desenvolver um novo robô
                                                                                                           ou melhorar o método atual

                                            Etapa 2:                                          N            Desenvolver novos métodos
                                      A solução é viável ?                                                 que não utilizem robôs

                                                                             S
                                                                                                           Abandonar o projeto
                           Etapa 3: Escolher a tarefa a ser robotizada


                  Etapa 4: Ponderar critérios não econômicos (política da empresa,
                      responsabilidade social, estratégias administrativas, etc.)


            Etapa 5: Coletar dados e realizar análise operacional (previsão de volume de
                  produção, tempo de produção, mão de obra e índices de ganho)


                                             Etapa 6:
                    S                  Há risco do robô ser
                                         sub-utilizado?


                                                                             N
                           Etapas 7 e 8: Análise detalhada de custo


                                  Escolher a melhor alternativa




Figura 7.1 - Metodologia para a análise econômica de um projeto de robotização. Adaptação
baseada em (Hasegawa, 1985).


7.2.1 - Análise inicial de custo
Etapa 1: Identificação das soluções alternativas
     Dentre as três estratégias básicas de fabricação: manual, sistemas flexíveis (robotizados) e
automação rígida, deve-se escolher a mais adequada levando-se em consideração uma
comparação entre a relação do custo unitário e o volume de produção para cada uma das
estratégias (Vide Figura 7.2). Automação flexível e robôs são mais efetivos para volumes médios
de produção. Os volumes médios podem variar, dependendo do tipo de produto, entre algumas
dezenas ou centenas, até milhares de unidades anuais. Para volumes de produção de centenas
de milhares anuais uma automação rígida é em geral mais aconselhável.

                          Estratégia
                          mais eficiente                                  Manual           Automação          Automação
                          de produção                                                   flexível e robôs        rígida
                                           Custo unitário de fabricação




                                                                                        Automação
                                                                                          rígida

                                                                                                            Manual

                                                                                   Automação
                                                                                   flexível e robôs


                                                                                      Volume anual de produção

Figura 7.2 - Comparação das estratégias de fabricação para diferentes volumes de produção.
Fonte (HASEGAWA, 1985)
Nesta etapa, objetiva-se evitar a utilização equivocada de um robô, como por exemplo, o da
atividade ilustrada na Figura 7.3, que consiste apenas na transferência de peças de uma correia à
outra. Neste caso, uma alternativa mais racional é a utilização de uma automação rígida, por
exemplo, através do uso de um simples cilindro pneumático (Figura 7.3).

                      robô


                                          Mais eficiente
                                          Mais barato




                                                                          cilindro pneumático

    Figura 7.3 - Exemplo onde a aplicação de um robô é claramente inadequada.


Etapa 2: Estudo de viabilidade
    Durante o estudo de viabilidade objetiva-se responder as seguintes perguntas:
    •    É possível executar as tarefas segundo o procedimento planejado, e satisfazendo um
         determinado lead time?
    •    É possível assegurar: confiabilidade a todo sistema, segurança e nível de qualidade?
    •    Existe mão de obra para operar e manter os robôs de forma satisfatória?
    •    É possível reduzir estoques e manipulação de materiais?
    •    produto está projetado para ser manipulado ou montado por robôs?
    Caso se mostre que a robotização é inviável, é preciso selecionar um outro tipo de robô,
aperfeiçoar o robô proposto ou buscar uma outra alternativa onde um robô não seja utilizado.
Etapa 3: Escolha da tarefa a ser robotizada
      A identificação da tarefa a ser executada por um robô ou um conjunto de robôs não é uma
tarefa simples. Em geral, as seguintes estratégias de agrupamento de tarefas podem ser
utilizadas para a escolha de uma tarefa viável:
    Componentes pertencendo à mesma família de produtos;
    •    Produtos, no presente, sendo manufaturados em locais próximos;
    •    Produtos que possuem componentes similares e que podem compartilhar dispositivos de
         alimentação;
    •    Produtos que possuem dimensões similares, pesos similares e número de componentes
         similares;
    •    Produtos com projeto simples e que podem ser manufaturados dentro de um ciclo curto
         de tempo.
Etapa 4: Ponderação de critérios não econômicos
    Aqui devem ser ponderados diversos aspectos não econômicos que afetam um projeto de
robotização. Por exemplo: a política e filosofia da empresa, políticas administrativas e produtivas,
imagem da empresa, efeitos sobre a motivação dos empregados, dentre outros. Também nesta
etapa, deve-se ponderar os benefícios intangíveis resultantes das características de robôs, como
por exemplo, o fato de robôs poderem ser reutilizados em outras tarefas em futuros projetos.
Etapa 5: Coleta de dados e análise operacional
    Aqui deve-se obter os dados que efetivamente serão utilizados na análise econômica. Por
exemplo: projeção de volume de produção, produtividade desejada, duração da jornada de
trabalho, taxa de ocupação do robô e capacidade desejada de produção, etc.
Etapa 6: Decisões sobre futuras aplicações
     A sub-utilização do robô deve ser evitada devido ao seu elevado custo de aquisição e
manutenção e baixa capacidade de economia de mão de obra. É preciso também que se pondere
aplicações adicionais ou um crescimento futuro da empresa ao avaliar a relação entre custo e
benefício da robotização, observando que para uma nova aplicação, é preciso novos acessórios
como ferramentas, alimentadores, etc.


7.2.2 - Análise detalhada de custo
Etapa 7: Avaliação de período, depreciação e exigências fiscais
     Se baseado nos seis passos anteriores, é decidido que a robotização é tecnicamente viável e
preferido a outras alternativas, uma avaliação econômica detalhada pode ser realizada. A
determinação da vida útil (tempo de duração do projeto), levantamento dos impostos envolvidos
(bens de capital, lucro etc.) e o cálculo da depreciação são elementos fundamentais desta análise
inicial.
Etapa 8: Análise do custo do projeto
    A análise de custo do projeto envolve os seguintes aspectos:
      Considerações acerca da mão de obra: aqui, deve-se comparar a alternativa de produção
manual com a robotizada. Nas últimas duas décadas, nos EUA, o custo da mão de obra cresceu
exponencialmente e a tendência é a de um crescimento cada vez mais acentuado (HASEGAWA,
1985). Pelo contrário, o custo por hora de um robô tem se mantido relativamente constante e a
tende a continuar dessa forma. É interessante observar que o custo de produção/operação do
robô diminui à medida que a população de robôs aumenta. Além da redução na mão de obra,
deve-se lembrar também que este efeito esta resulta na redução de gastos com benefícios e
facilidades voltados para os empregados (estacionamento, área de lazer, etc.). Obviamente, no
Brasil, tais considerações não podem ser facilmente estendidas, já que a utilização mais
significativa de robôs é um fenômeno relativamente mais recente.
     Custo de aquisição e partida do sistema: são custos como o de: aquisição de robôs,
aquisição de acessórios, contratação de engenheiros, programação, instalação, ferramentas,
treinamento, além de seguros e fretes.
    Despesas de operação: Gastos contínuos com os operadores do robô, suprimento para os
alimentadores, ajuste de ferramentas e manutenção.
    Observa-se ainda que existe uma tendência crescente para que o custo de eliminação e/ou
sucateamento dos equipamentos dentro do contexto de auto-sustentabilidade seja considerado
nesta análise.
    A análise econômica sobre os aspectos acima listados pode ser analisada por diferentes
técnicas, por exemplo: regra do custo mínimo, método da recuperação de investimento, método
da taxa de retorno de investimento ou o método do volume admissível de investimento
(HASEGAWA, 1985).
7.3 - MICRO ASPECTOS NA SELEÇÃO DE ROBÔS: A ERGONOMIA DE SISTEMAS
ROBOTIZADOS
      A palavra ergonomia tem origem Grega e possui como significado: “as leis naturais do
trabalho”. Tradicionalmente a ergonomia está relacionada com o estudo dos aspectos anatômicos,
fisiológicos e psicológicos de ambientes de trabalho, visando a otimização da eficiência, saúde,
segurança e conforto associados a sistemas de trabalho. A correta e efetiva introdução de robôs
em ambientes industriais pode se valer da utilização de conceitos de ergonomia. Obviamente,
deve ser observado que o planejamento do trabalho de robôs traz características totalmente
distintas quando comparados à ergonomia do trabalho exclusivamente humano.
    Recentemente, algumas técnicas têm sido desenvolvidas para várias aplicações de robôs na
indústria. Algumas dessas técnicas possuem bastante similaridades com técnicas tradicionais de
ergonomia orientadas ao trabalho humano. O objetivo principal de tais técnicas é o de otimizar o
desempenho global do sistema. Especificamente, o trabalho do robô deve estar otimizado para:
minimizar o tempo por unidade de trabalho produzido, minimizar o esforço e energia despendido
pelos operadores, minimizar o número de perdas e de reusinagem, maximizar a qualidade e
maximizar a segurança.
     Um procedimento geral para a otimização do trabalho de robôs envolveria inicialmente a
análise se um operador humano ou um robô, ou ainda se uma combinação de ambos deve ser
empregada para o trabalho. Dentro desse contexto, aborda-se os seguintes aspectos: análise das
características do trabalho; planejamento de métodos de trabalho e processos; projeto do arranjo
físico; avaliação de desempenho; integração da ergonomia humana e de robôs. A seguir os
aspectos citados acima são detalhados.


7.3.1 Análise das características do trabalho
    Para essa tarefa, torna-se necessário analisar as características técnicas dos robôs
industriais e operadores humanos para realizar a especificação do sistema robotizado. Sob o
ponto de vista funcional, robôs e operadores podem assumir papel colaborativo ou serem
considerados com papel excludente (ou seja, pode-se optar entre robôs ou operadores humanos
para uma determinada tarefa). Não cabe aqui, fazer uma análise detalhada das características
robô versus homem, para tal o leitor pode-se referir a (NOF, 1985b).
   Para a seleção adequada do robô diversas considerações técnicas devem ser analisadas, por
exemplo:
     Tipos de Atividades a serem desenvolvidas: especificação do robô quanto à estrutura e
número de graus de liberdade. Se as atividades são repetitivas e envolvem um número reduzido
de trajetórias (ou pontos), e se além disso, este número não se altera com freqüência ao longo do
tempo, a melhor solução nem sempre é um robô. Em muitos destes casos, a construção de
dispositivos de aplicação específica é mais econômica e por vezes mais eficiente (Vide Figura
7.3).
    •   Efetuador: seleção do efetuador de acordo com a tarefa a ser realizada (ex: soldagem,
        pintura, montagem, etc.).
    •   Volume de Trabalho: especificação do robô quanto ao raio de ação.
    •   Velocidade de Trabalho: especificação da velocidade de trabalho de acordo com a taxa
        de produção requerida e outras restrições quanto à integração com outros sub-sistemas.
    •   Precisão: especificação da rigidez/resolução de posicionamento, de trajetória e de força.
    •   Carga admissível: especificação da carga máxima admissível considerando as diversas
        velocidades de trabalho e amplitudes de movimento.
•    Programação: especificação dos métodos de programação necessários (programação
         on-line, programação off-line, simulação gráfica, etc.).
    •    Interface: especificação dos requisitos de interface com outras máquinas, pessoas,
         atividades, redes industriais, sistemas supervisórios, etc.
    •    Custo: especificação do custo máximo admissível incluindo instalação, treinamento,
         manutenção e sucateamento.
    •    Fatores Ambientais: especificação dos requisitos de temperatura, limpeza, etc.
    •    Segurança e confiabilidade: especificação dos requisitos necessários de segurança e
         confiabilidade.
    •    Treinamento: especificação do treinamento necessário para operação e manutenção do
         sistema (hidráulica, pneumática, elétrica, eletrônica, programação, etc.).
    •    Infraestrutura: tipo de linhas de energia elétrica, rede pneumática, base de montagem,
         etc. necessários para a operação robotizada.
   Na Tabela 7.1, as principais categorias de aplicacões de robôs e a razão da sua escolha são
enumeradas.


Tabela 7.1 - Principais categorias de aplicação de robôs e a razao de sua utilização.
Fonte: (Meyer,1985).

                                                     Habilidades do robô                              Benefícios primários da
                                                    que justifica o seu uso                             utilização de robôs




                                                                                                                                                                          perigosos ou desagradáveis
                                                                                                                           Aumento de produtividade
                                                                                                 Melhora da qualidade do




                                                                                                                                                                          Eliminação de trabalhos
                                                                                                                                                      Redução de custos
   Aplicação               Exemplos
                                                                                 Sensoriamento
                                                                   Manipulação
                                                      Transporte




                                                                                                 produto



                Manipulação de componentes /
Manipulação
                Paletização / Transporte /            X                                                                                               X                           X
de materiais
                Tratamento térmico.
             Máquinas de fundição em molde
Carregamento
             / Prensas Automáticas /                  X            X                                                        X                         X
de máquinas
             Máquinas de usinagem / Tornos.
                Pintura por pulverização /
Pulverizador                                                       X                                    X                                             X                           X
                Aplicação de resinas.
                Soldagem a ponto / Soldagem a
Soldagem                                                           X                                                        X                         X                           X
                arco.
                Furação / Desbaste / Retífica /
Usinagem        Remoção de cavaco /                                X              X                                         X                         X
                Conformação.
Montagem        Encaixe / Fixação.                                 X              X                                         X                         X
Inspeção        Controle de posição / Tolerância.                                 X                     X
7.3.2 - Planejamento de métodos de trabalho e processos
     O método de trabalho determina como recursos limitados como tempo, energia e materiais
devem ser utilizados e além disso, é decisivo para a qualidade do produto. Ao contrário do nível
macro onde o planejamento está relacionado com o planejamento do processo de produção e do
sistema, no nível micro, o planejamento está relacionado com o detalhamento do método de
trabalho e do processo. Dentro desse contexto, os seguintes aspectos devem ser considerados:
    •    Tipo e quantidade de peças, ferramentas e materiais necessários;
    •    Tipo e quantidade de equipamentos periféricos necessários;
    •    Tipo e quantidade de operadores (humanos ou robôs) necessários;
    •    Especificação de tarefas e operações que devem ser realizadas;
    •    Seqüência e precedência de operações;
    •    Projeto do arranjo físico;
    •    Fluxo de trabalho no arranjo físico.
     Uma estratégia para o projeto de novos métodos ou para o aperfeiçoamento de métodos
existentes compreende sete passos (NADLER, 1981):
    •    Determinar o propósito do método;
    •    Conceber métodos ideais;
    •    Identificar restrições e padrões típicos nas operações;
    •    Esboçar métodos práticos, usando princípios como os da Tabela 7.2;
    •    Selecionar o melhor método esboçado avaliando as alternativas utilizando critérios como
         segurança, aspectos econômicos e controle;
    •    Formular detalhes do esboço selecionado;
    •    Analisar o método proposto para aperfeiçoamento posterior.


7.3.3 - Projeto do Arranjo Físico
    O melhor arranjo físico é aquele que permite a realização mais eficiente do método de
trabalho escolhido. O projeto de um arranjo físico determina, quatro principais características de
trabalho:
    •    A distância dos movimentos que devem ser realizados para cumprir a tarefa designada;
    •    A quantidade de espaço de armazenamento;
    •    Os atrazos causados por interferências entre os vários componentes operando no
         arranjo físico;
    •    Os sentimentos e atitudes dos operadores em relação ao seu trabalho.
     Configurações típicas de arranjo físico são mostrados na Figura 7.4. Na ergonomia
tradicional, o arranjo físico é projetado para operadores humanos, dessa forma, a antropometria, a
biomecânica e outros fatores devem ser considerados. Em analogia, com relação a arranjo físico
para operadores, a dimensão do robô e outras propriedades físicas como as relacionadas na
Seção 7.2.1 são determinantes no projeto do arranjo físico, etc.. Adicionalmente, deve-se
considerar se as tarefas são variáveis; manipulado por um ou mais robôs; se os recursos são
compartilhados por vários robôs; a natureza e o tamanho dos componentes dentro do arranjo
físico; e as características das peças que fluem através do arranjo físico. Devido ao fato de todas
as operações dos robôs serem controlados via computador, muitos robôs podem ser colocados
para interagir para realizar uma tarefa podendo haver até compartilhamento de recursos. Dentro
desse ambiente, uma situação particularmente complexa ocorre quando operadores humanos
devem interagir cooperativamente com robôs dentro de uma seqüência rígida de ações. Dessa
forma, o arranjo físico pode ser otimizado com relação a disposição dos equipamentos ou para um
controle efetivo das operações envolvidas. Diversos estudos recentes descrevem ferramentas e
técnicas para auxílio do projeto do arranjo. Muito embora algumas ferramentas sejam voltadas
para a construção de modelos matemáticos para avaliação quantitativa, as ferramentas mais
simples e práticas se referem a simuladores (com suporte a programação de robôs) que permitem
a construção de modelos de simulação gráfica 3D do arranjo físico, por exemplo, o programa
WORKSPACE (Robot Simulations, LTD.).


                Tabela 7.2 - Princípios para projeto de métodos. Fonte: (NOF, 1985b).
  •    Projete considerando apenas os propósitos básicos do sistema;
  •    Considere todos os elementos do sistema e respectivas dimensões;
  •    Projete inicialmente para padrões típicos antes de considerar as exceções;
  •    Coloque o foco sobre “o que deveria ser” ao invés de “o que é”;
  •    Considere o arranjo físico e o projeto de dispositivos perféricos;
  •    Elimine ou minimize todos os movimentos;
  •    Considere a melhor posição para o operador:
  •    Mantenha a coluna do operador reta e as mão próximas ao corpo;
  •    Mantenha robôs próximos ao ponto de operação para minimizar a distância do
       movimento;
  •    Manipule objetos e grave informações apenas quando necessário;
  •    Minimize o uso de todos os recursos: tempo, energia, materiais e dinheiro;
  •    Siga os princípios de economia de movimentos.




7.3.4 - Medidas de Desempenho:
     Uma análise quantitativa do sistema, se faz necessária para todas as etapas, incluindo
planejamento, instalação e operação do sistema. Durante as fases de planejamento e de projeto,
uma estimativa de desempenho é fundamental para a avaliar a viabilidade técnica e econômica do
sistema proposto, além de ser um fator fundamental para comparar e selecionar a melhor entre as
diversas alternativas. Durante a fase de desenvolvimento e instalação a medida de desempenho
serve como uma referência para uma implementação efetiva. Durante a operação regular do
sistema, medidas de desempenho são utilizadas para estabelecer e revisar padrões de trabalho,
gargalos e conflitos, além de treinar operadores e estimar o custo e a duração de novas ordens de
trabalho. Uma outra função vital é o de permitir examinar novos métodos de trabalho, tecnologias
e equipamentos que podem ser utilizados para aperfeiçoar, expandir e modernizar operações
existentes. Não cabe nesse texto examinar com detalhes os métodos e ferramentas para
estabelecer medidas de desempenho, maiores detalhes podem ser encontrados em (RAJAN,
1985). Cabe aqui ressaltar, entretanto, que várias ferramentas de simulação, gráficas ou não,
permitem gerar análises quantitativas do sistema. Exemplos seriam, PROMODEL (Promodel
Corporation), ARENA (Systems Modeling, Inc.). AUTOMOD (Auto Simulation), etc.
peça
       Estações de trabalho
        de múltiplas tarefas
                                                                    Fluxo de
                                                                     peças
                                                 robô




        Múltiplas entradas e
               saídas




      Sistemas com múltiplos
              robôs




       Linhas de produção
         multidirecionais




       Sistemas de montagem
            de conjuntos




            Sistemas de
        montagem sucessivos




Figura 7.4 (a) - Arranjos físicos típicos enfatizando o fluxo de materiais (NOF, 1985b).
Exemplo 1: configuração de esteira                    Exemplo 2: configuração de esteira

                                               Esteira                                                    Esteira




            •    Esteira retílinea limita o raio             •    Esteira curvilínea tirando vantagem
                 de ação do robô.                                 do movimento radial do robô.

                       Exemplo 3                                              Exemplo 4
                      Estação de trabalho                                    Estação de trabalho
        palete                                  palete


                                                                                                     palete
                                                                   palete




                             Robô                                                     Robô


    •   Requer pelo menos 3 eixos de movimento.              •   Requer pelo menos 3 eixos de movimento.
    •   Movimentos de grande amplitude elevam a              •   Movimentos são reduzidos em relação ao
        complexidade de programação.                             exemplo anterior, mas a programação ainda
                                                                 não é simples.



                                                                        Exemplo 6


                       Exemplo 5

                     Estação de trabalho                                                 Estação de
                                                                 Robô                     trabalho
                                                                            palete

           esteira                          esteira
                                                         •   Variação de altura entre a estação de
                                                             trabalho e a palete requer eixos
                                                             adicionais de movimento do robô.
                                                         •   Esforço de programação cresce com o
                                                             aumento dos eixos de movimentação.


                                                                    Exemplo 7
                            Robô


            •    Requer pelo menos 2 eixos
                 de movimento.                                               palete
                                                                                             Estação de
            •    A programação é mais                            Robô                         trabalho
                 simples quando comparada
                 aos dois últimos exemplos.
                                                         •   Exigência menor em relação aos eixos
                                                             de movimentação.
                                                         •   Tarefa de programação simplificada.


Figura 7.4 (b) - Exemplos de considerações em projeto de arranjo físico (NOF, 1985b).
7.3.5 - Integração da ergonomia humana e de robôs.
     Uma área vital para o estudo de ergonomia é a integração entre operadores humanos e robôs
em sistemas de trabalho. Apesar das indústrias historicamente tenderem a separar as atividades
dos operadores das atividades dos robôs, principalmente por razões de segurança, existem vários
aspectos que devem ser considerados. Exceto em algumas fábricas totalmente automatizadas,
operadores sempre trabalham com robôs em diferentes graus de interação. Alguns exemplos de
atividades são citadas a seguir:
    •   Monitoração de robôs;
    •   Intervenção para inicialização, desligamento, reconfiguração, programação, etc.;
    •   Manutenção;
    •   Supervisão: gerenciamento e planejamento;
    •   Inspeção para controle de qualidade;
    •   Sinergia entre robôs e operadores e robôs em montagem ou controle supervisório de
        robôs realizados por operadores.
      Em todas as atividades citadas acima, o objetivo é otimizar o desempenho global do sistema.
A idéia fundamental é planejar um sistema robotizado com um grau de interação para melhor
utilizar as respectivas vantagens de humanos e robôs trabalhando em conjunto. Uma importante
corrente de pesquisa em projeto de sistemas de manufatura se refere a sistemas denominados,
Sistemas de Automação Balanceados e Sistemas Antropocêntricos de Produção. Nesse contexto,
procura-se obter uma perfeita sinergia entre operadores e máquinas visando a construção e
operação de sistemas com maior flexibilidade.
     As considerações dos fatores humanos no planejamento de sistemas robotizados incluem o
projeto do arranjo físico, ambiente de trabalho, treinamento, segurança, planejamento do controle
supervisório, etc. Maiores detalhes podem ser encontrados em (CAMARINHA-MATOS,
AFSARMANESH, 1995, 1996).


7.4 - CONCLUSÃO
    Neste capítulo, alguns aspectos e critérios relacionados a seleção de robôs foram abordados.
O sucesso da implantação de sistemas de produção robotizados envolve um processo iterativo de
múltiplos passos com foco não apenas sobre o robô mas também sobre o produto,
equipamentosde produção, arranjo físico, escalonamento, fluxo de materiais, etc.
    O processo de seleção contempla duas partes complementares: uma relacionada a macro
aspectos, onde uma análise econômica do sistema robotizado é realizada, e uma outra dedicada
a micro aspectos, que contempla diversos aspectos como: análise das características de trabalho,
planejamento de métodos de trabalho e processos, projeto do arranjo físico, avaliação de
desempenho, integração da ergonomia humana e de robôs, etc.


REFERÊNCIAS
CAMARINHA-MATOS, L.M., AFSARMANESH, H., (eds), Balanced Automation Systems –
Architectures and Design Methods, Chapman and Hall, London, 1995.
CAMARINHA-MATOS, L.M., AFSARMANESH, H., (eds), Balanced Automation Systems II –
Implementation Challenges for Anthropocentric Manufacturing, Chapman and Hall, London, 1996.
HASEGAWA, Y. "Evaluation and Economic Justification", In: Handbook of Industrial Robotics, Nof,
S. Y. (ed), 1 ed., John Wiley & Sons, 1985.
MEYER, J. D., "An Overview of Fabrication and Processing Applications", In: Norf, S. Y. (ed),
Handbook of Industrial Robotics, 1 ed., New York, John Wiley & Sons, 1985.
NADLER, G., The Planning and Design Professions: An Operational Theory, Wiley, New York,
1981.
NOF, S. Y., Handbook of Industrial Robotics, 1 ed., New York, John Wiley & Sons, (1985a).
NOF, S. Y., "Robot Ergonomics: Optimizing Robot Work", in: Handbook of Industrial Robotics, Nof,
S. Y., 1 ed., John Wiley & Sons, (1985b).
SURIN, R., "Quantitative Techniques for Robotic Systems Analysis", In: Handbook of Industrial
Robotics, Nof, S. Y. (ed), 1 ed., New York, John Wiley & Sons, 1985.

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Seleção de Robôs

  • 1. CAPÍTULO 7 SELEÇÃO DE ROBÔS: ALGUNS ASPECTOS Oswaldo Horikawa, Newton Maruyama Diolino José dos Santos Filho, Paulo Eigi Miyagi 7.1 - INTRODUÇÃO Uma decisão sobre a utilizaçao ou não de robôs industriais, está inserido dentro do contexto da análise global de investimentos da empresa. Em última instância, o foco principal da análise de investimentos é o impacto destes sobre a competitividade da empresa. Para tal, foi proposta uma metodologia dividida em três etapas: análise estratégica, reengenharia de processos e análise de investimentos em competitividade. Dentro desse contexto, os robôs industriais estão diretamente relacionados aos diversos fatores de competitividade, espalhados do chão de fábrica aos sistemas gerenciais, tais como, CAE, CAD, CAPP, CNC, SFM, MRPI, TQC, CIM, etc. Neste capítulo, a seleção de robôs é abordada através de uma análise mais localizada, tentando enfocar os aspectos econômicos e técnicos mais relevantes. A utilização de robôs no setor industrial é geralmente realizado sob um dentre dois possíveis conjuntos de circustâncias. O primeiro, se refere a uma nova instalação física e/ou novo processo produtivo. Nessa situação, robôs são incorporados durante o planejamento inicial, permitindo grande flexibilidade nas decisões. O segundo, se refere a uma situação mais comum onde robôs devem ser incorporados a processos ou operações já existentes, freqüentemente por decisão gerencial, visando maior produtividade e/ou qualidade das tarefas. Nessa situação, mudanças ou adaptações no produto, processo, equipamento ou instalação física, que eventualmente podem ser necessárias, são em geral, difíceis de serem acomodadas. Para assegurar o sucesso em qualquer um dos casos, a incorporação de robôs deve ser abordado de uma maneira sistemática. A implantação de um sistema de produção robótico é melhor realizado num processo com múltiplos passos que envolve não apenas o robô mas também o produto, os equipamentos de produção, o arranjo físico, o escalonamento, o fluxo de materiais, e outros fatores. Este capítulo foi dividido em duas partes principais. Uma parte dedicada aos macro aspectos, que estão diretamente relacionados a análise de aspectos econômicos, e uma outra dedicada aos micro aspectos na seleção de robôs, que se referem ao projeto detalhado do sistema robotizado. De uma maneira geral, os micro aspectos devem ser analizados inicialmente pois funcionam como pré-requisitos para uma análise econômica detalhada. O processo envolve em geral várias iterações entre micro e macro aspectos para se obter uma solução satisfatória.
  • 2. 7.2 - MACRO ASPECTOS NA SELEÇÃO DE ROBÔS: A ANÁLISE ECONÔMICA DE SISTEMAS ROBOTIZADOS Estudos sugerem que as empresas devem passar pelas etapas descritas a seguir, até decidirem-se pela introdução de máquinas automáticas de fabricação como máquinas CNC e robôs: 1. Fabricação manual sem definição de metodologia de trabalho; 2. Fabricação manual com metodologia de trabalho definida; 3. Fabricação manual com metodologia de trabalho definida e com estratégias de otimização de processos; 4. Fabricação manual com metodologia de trabalho definida, com estratégias de otimização de processos e introdução de ferramentas computacionais para a automação parcial das tarefas de planejamento, controle e otimização; 5. Fabricação através de máquinas automáticas. Obviamente, não necessariamente deve-se passar por todas as etapas, já que pode-se iniciar uma nova planta a partir de qualquer etapa. A razão para tal ordem nas etapas, consiste basicamente no volume de investimento, que cresce de (1) para (5). Ou seja, as máquinas automáticas são de elevado custo e devem ser introduzidas num contexto em que há segurança acerca do retorno do investimento. O grande risco na introdução de máquinas automáticas está na sua sub-utilização. É preciso ter em mente que o objetivo de um projeto de robotização não é o de simplesmente reproduzir métodos e sistemas existentes através da troca de pessoas por robôs. O objetivo deve ser sim, o de desenvolver um novo sistema integrado que proporcione os seguintes aspectos: • flexibilidade; • maior produtividade; • menores custos de operação; • maior qualidade; • eliminação de problemas que afetam a saúde e a segurança. Uma avaliação econômica permite comparar os benefícios da automação através da robótica com o sistema atual e demais alternativas. Esta análise se baseia na comparação dos custos de aquisição, adaptação do sistema e operação da instalação robotizada em questão, com os benefícios em caixa. Embora a análise de viabilidade econômica de um projeto de robotização seja similar ao de qualquer outro equipamento, é importante observar que existem algumas diferenças: • robô pode substituir mão de obra humana; • robô proporciona flexibilidade para atender às mudanças de mercado; • robô força a reavaliação do processo produtivo; • robô é reprogramável, dessa forma, essa flexibilidade proporciona uma longa vida útil dentro do sistema de produção. A Figura 7.1 descreve as principais etapas a serem cumpridas para uma análise econômica de um projeto de robotização. O processo de análise compreende duas etapas: a análise inicial e a análise detalhada de custo.
  • 3. Etapa 1: Identificar soluções alternativas Desenvolver um novo robô ou melhorar o método atual Etapa 2: N Desenvolver novos métodos A solução é viável ? que não utilizem robôs S Abandonar o projeto Etapa 3: Escolher a tarefa a ser robotizada Etapa 4: Ponderar critérios não econômicos (política da empresa, responsabilidade social, estratégias administrativas, etc.) Etapa 5: Coletar dados e realizar análise operacional (previsão de volume de produção, tempo de produção, mão de obra e índices de ganho) Etapa 6: S Há risco do robô ser sub-utilizado? N Etapas 7 e 8: Análise detalhada de custo Escolher a melhor alternativa Figura 7.1 - Metodologia para a análise econômica de um projeto de robotização. Adaptação baseada em (Hasegawa, 1985). 7.2.1 - Análise inicial de custo Etapa 1: Identificação das soluções alternativas Dentre as três estratégias básicas de fabricação: manual, sistemas flexíveis (robotizados) e automação rígida, deve-se escolher a mais adequada levando-se em consideração uma comparação entre a relação do custo unitário e o volume de produção para cada uma das estratégias (Vide Figura 7.2). Automação flexível e robôs são mais efetivos para volumes médios de produção. Os volumes médios podem variar, dependendo do tipo de produto, entre algumas dezenas ou centenas, até milhares de unidades anuais. Para volumes de produção de centenas de milhares anuais uma automação rígida é em geral mais aconselhável. Estratégia mais eficiente Manual Automação Automação de produção flexível e robôs rígida Custo unitário de fabricação Automação rígida Manual Automação flexível e robôs Volume anual de produção Figura 7.2 - Comparação das estratégias de fabricação para diferentes volumes de produção. Fonte (HASEGAWA, 1985)
  • 4. Nesta etapa, objetiva-se evitar a utilização equivocada de um robô, como por exemplo, o da atividade ilustrada na Figura 7.3, que consiste apenas na transferência de peças de uma correia à outra. Neste caso, uma alternativa mais racional é a utilização de uma automação rígida, por exemplo, através do uso de um simples cilindro pneumático (Figura 7.3). robô Mais eficiente Mais barato cilindro pneumático Figura 7.3 - Exemplo onde a aplicação de um robô é claramente inadequada. Etapa 2: Estudo de viabilidade Durante o estudo de viabilidade objetiva-se responder as seguintes perguntas: • É possível executar as tarefas segundo o procedimento planejado, e satisfazendo um determinado lead time? • É possível assegurar: confiabilidade a todo sistema, segurança e nível de qualidade? • Existe mão de obra para operar e manter os robôs de forma satisfatória? • É possível reduzir estoques e manipulação de materiais? • produto está projetado para ser manipulado ou montado por robôs? Caso se mostre que a robotização é inviável, é preciso selecionar um outro tipo de robô, aperfeiçoar o robô proposto ou buscar uma outra alternativa onde um robô não seja utilizado. Etapa 3: Escolha da tarefa a ser robotizada A identificação da tarefa a ser executada por um robô ou um conjunto de robôs não é uma tarefa simples. Em geral, as seguintes estratégias de agrupamento de tarefas podem ser utilizadas para a escolha de uma tarefa viável: Componentes pertencendo à mesma família de produtos; • Produtos, no presente, sendo manufaturados em locais próximos; • Produtos que possuem componentes similares e que podem compartilhar dispositivos de alimentação; • Produtos que possuem dimensões similares, pesos similares e número de componentes similares; • Produtos com projeto simples e que podem ser manufaturados dentro de um ciclo curto de tempo. Etapa 4: Ponderação de critérios não econômicos Aqui devem ser ponderados diversos aspectos não econômicos que afetam um projeto de robotização. Por exemplo: a política e filosofia da empresa, políticas administrativas e produtivas, imagem da empresa, efeitos sobre a motivação dos empregados, dentre outros. Também nesta etapa, deve-se ponderar os benefícios intangíveis resultantes das características de robôs, como por exemplo, o fato de robôs poderem ser reutilizados em outras tarefas em futuros projetos.
  • 5. Etapa 5: Coleta de dados e análise operacional Aqui deve-se obter os dados que efetivamente serão utilizados na análise econômica. Por exemplo: projeção de volume de produção, produtividade desejada, duração da jornada de trabalho, taxa de ocupação do robô e capacidade desejada de produção, etc. Etapa 6: Decisões sobre futuras aplicações A sub-utilização do robô deve ser evitada devido ao seu elevado custo de aquisição e manutenção e baixa capacidade de economia de mão de obra. É preciso também que se pondere aplicações adicionais ou um crescimento futuro da empresa ao avaliar a relação entre custo e benefício da robotização, observando que para uma nova aplicação, é preciso novos acessórios como ferramentas, alimentadores, etc. 7.2.2 - Análise detalhada de custo Etapa 7: Avaliação de período, depreciação e exigências fiscais Se baseado nos seis passos anteriores, é decidido que a robotização é tecnicamente viável e preferido a outras alternativas, uma avaliação econômica detalhada pode ser realizada. A determinação da vida útil (tempo de duração do projeto), levantamento dos impostos envolvidos (bens de capital, lucro etc.) e o cálculo da depreciação são elementos fundamentais desta análise inicial. Etapa 8: Análise do custo do projeto A análise de custo do projeto envolve os seguintes aspectos: Considerações acerca da mão de obra: aqui, deve-se comparar a alternativa de produção manual com a robotizada. Nas últimas duas décadas, nos EUA, o custo da mão de obra cresceu exponencialmente e a tendência é a de um crescimento cada vez mais acentuado (HASEGAWA, 1985). Pelo contrário, o custo por hora de um robô tem se mantido relativamente constante e a tende a continuar dessa forma. É interessante observar que o custo de produção/operação do robô diminui à medida que a população de robôs aumenta. Além da redução na mão de obra, deve-se lembrar também que este efeito esta resulta na redução de gastos com benefícios e facilidades voltados para os empregados (estacionamento, área de lazer, etc.). Obviamente, no Brasil, tais considerações não podem ser facilmente estendidas, já que a utilização mais significativa de robôs é um fenômeno relativamente mais recente. Custo de aquisição e partida do sistema: são custos como o de: aquisição de robôs, aquisição de acessórios, contratação de engenheiros, programação, instalação, ferramentas, treinamento, além de seguros e fretes. Despesas de operação: Gastos contínuos com os operadores do robô, suprimento para os alimentadores, ajuste de ferramentas e manutenção. Observa-se ainda que existe uma tendência crescente para que o custo de eliminação e/ou sucateamento dos equipamentos dentro do contexto de auto-sustentabilidade seja considerado nesta análise. A análise econômica sobre os aspectos acima listados pode ser analisada por diferentes técnicas, por exemplo: regra do custo mínimo, método da recuperação de investimento, método da taxa de retorno de investimento ou o método do volume admissível de investimento (HASEGAWA, 1985).
  • 6. 7.3 - MICRO ASPECTOS NA SELEÇÃO DE ROBÔS: A ERGONOMIA DE SISTEMAS ROBOTIZADOS A palavra ergonomia tem origem Grega e possui como significado: “as leis naturais do trabalho”. Tradicionalmente a ergonomia está relacionada com o estudo dos aspectos anatômicos, fisiológicos e psicológicos de ambientes de trabalho, visando a otimização da eficiência, saúde, segurança e conforto associados a sistemas de trabalho. A correta e efetiva introdução de robôs em ambientes industriais pode se valer da utilização de conceitos de ergonomia. Obviamente, deve ser observado que o planejamento do trabalho de robôs traz características totalmente distintas quando comparados à ergonomia do trabalho exclusivamente humano. Recentemente, algumas técnicas têm sido desenvolvidas para várias aplicações de robôs na indústria. Algumas dessas técnicas possuem bastante similaridades com técnicas tradicionais de ergonomia orientadas ao trabalho humano. O objetivo principal de tais técnicas é o de otimizar o desempenho global do sistema. Especificamente, o trabalho do robô deve estar otimizado para: minimizar o tempo por unidade de trabalho produzido, minimizar o esforço e energia despendido pelos operadores, minimizar o número de perdas e de reusinagem, maximizar a qualidade e maximizar a segurança. Um procedimento geral para a otimização do trabalho de robôs envolveria inicialmente a análise se um operador humano ou um robô, ou ainda se uma combinação de ambos deve ser empregada para o trabalho. Dentro desse contexto, aborda-se os seguintes aspectos: análise das características do trabalho; planejamento de métodos de trabalho e processos; projeto do arranjo físico; avaliação de desempenho; integração da ergonomia humana e de robôs. A seguir os aspectos citados acima são detalhados. 7.3.1 Análise das características do trabalho Para essa tarefa, torna-se necessário analisar as características técnicas dos robôs industriais e operadores humanos para realizar a especificação do sistema robotizado. Sob o ponto de vista funcional, robôs e operadores podem assumir papel colaborativo ou serem considerados com papel excludente (ou seja, pode-se optar entre robôs ou operadores humanos para uma determinada tarefa). Não cabe aqui, fazer uma análise detalhada das características robô versus homem, para tal o leitor pode-se referir a (NOF, 1985b). Para a seleção adequada do robô diversas considerações técnicas devem ser analisadas, por exemplo: Tipos de Atividades a serem desenvolvidas: especificação do robô quanto à estrutura e número de graus de liberdade. Se as atividades são repetitivas e envolvem um número reduzido de trajetórias (ou pontos), e se além disso, este número não se altera com freqüência ao longo do tempo, a melhor solução nem sempre é um robô. Em muitos destes casos, a construção de dispositivos de aplicação específica é mais econômica e por vezes mais eficiente (Vide Figura 7.3). • Efetuador: seleção do efetuador de acordo com a tarefa a ser realizada (ex: soldagem, pintura, montagem, etc.). • Volume de Trabalho: especificação do robô quanto ao raio de ação. • Velocidade de Trabalho: especificação da velocidade de trabalho de acordo com a taxa de produção requerida e outras restrições quanto à integração com outros sub-sistemas. • Precisão: especificação da rigidez/resolução de posicionamento, de trajetória e de força. • Carga admissível: especificação da carga máxima admissível considerando as diversas velocidades de trabalho e amplitudes de movimento.
  • 7. Programação: especificação dos métodos de programação necessários (programação on-line, programação off-line, simulação gráfica, etc.). • Interface: especificação dos requisitos de interface com outras máquinas, pessoas, atividades, redes industriais, sistemas supervisórios, etc. • Custo: especificação do custo máximo admissível incluindo instalação, treinamento, manutenção e sucateamento. • Fatores Ambientais: especificação dos requisitos de temperatura, limpeza, etc. • Segurança e confiabilidade: especificação dos requisitos necessários de segurança e confiabilidade. • Treinamento: especificação do treinamento necessário para operação e manutenção do sistema (hidráulica, pneumática, elétrica, eletrônica, programação, etc.). • Infraestrutura: tipo de linhas de energia elétrica, rede pneumática, base de montagem, etc. necessários para a operação robotizada. Na Tabela 7.1, as principais categorias de aplicacões de robôs e a razão da sua escolha são enumeradas. Tabela 7.1 - Principais categorias de aplicação de robôs e a razao de sua utilização. Fonte: (Meyer,1985). Habilidades do robô Benefícios primários da que justifica o seu uso utilização de robôs perigosos ou desagradáveis Aumento de produtividade Melhora da qualidade do Eliminação de trabalhos Redução de custos Aplicação Exemplos Sensoriamento Manipulação Transporte produto Manipulação de componentes / Manipulação Paletização / Transporte / X X X de materiais Tratamento térmico. Máquinas de fundição em molde Carregamento / Prensas Automáticas / X X X X de máquinas Máquinas de usinagem / Tornos. Pintura por pulverização / Pulverizador X X X X Aplicação de resinas. Soldagem a ponto / Soldagem a Soldagem X X X X arco. Furação / Desbaste / Retífica / Usinagem Remoção de cavaco / X X X X Conformação. Montagem Encaixe / Fixação. X X X X Inspeção Controle de posição / Tolerância. X X
  • 8. 7.3.2 - Planejamento de métodos de trabalho e processos O método de trabalho determina como recursos limitados como tempo, energia e materiais devem ser utilizados e além disso, é decisivo para a qualidade do produto. Ao contrário do nível macro onde o planejamento está relacionado com o planejamento do processo de produção e do sistema, no nível micro, o planejamento está relacionado com o detalhamento do método de trabalho e do processo. Dentro desse contexto, os seguintes aspectos devem ser considerados: • Tipo e quantidade de peças, ferramentas e materiais necessários; • Tipo e quantidade de equipamentos periféricos necessários; • Tipo e quantidade de operadores (humanos ou robôs) necessários; • Especificação de tarefas e operações que devem ser realizadas; • Seqüência e precedência de operações; • Projeto do arranjo físico; • Fluxo de trabalho no arranjo físico. Uma estratégia para o projeto de novos métodos ou para o aperfeiçoamento de métodos existentes compreende sete passos (NADLER, 1981): • Determinar o propósito do método; • Conceber métodos ideais; • Identificar restrições e padrões típicos nas operações; • Esboçar métodos práticos, usando princípios como os da Tabela 7.2; • Selecionar o melhor método esboçado avaliando as alternativas utilizando critérios como segurança, aspectos econômicos e controle; • Formular detalhes do esboço selecionado; • Analisar o método proposto para aperfeiçoamento posterior. 7.3.3 - Projeto do Arranjo Físico O melhor arranjo físico é aquele que permite a realização mais eficiente do método de trabalho escolhido. O projeto de um arranjo físico determina, quatro principais características de trabalho: • A distância dos movimentos que devem ser realizados para cumprir a tarefa designada; • A quantidade de espaço de armazenamento; • Os atrazos causados por interferências entre os vários componentes operando no arranjo físico; • Os sentimentos e atitudes dos operadores em relação ao seu trabalho. Configurações típicas de arranjo físico são mostrados na Figura 7.4. Na ergonomia tradicional, o arranjo físico é projetado para operadores humanos, dessa forma, a antropometria, a biomecânica e outros fatores devem ser considerados. Em analogia, com relação a arranjo físico para operadores, a dimensão do robô e outras propriedades físicas como as relacionadas na Seção 7.2.1 são determinantes no projeto do arranjo físico, etc.. Adicionalmente, deve-se considerar se as tarefas são variáveis; manipulado por um ou mais robôs; se os recursos são compartilhados por vários robôs; a natureza e o tamanho dos componentes dentro do arranjo físico; e as características das peças que fluem através do arranjo físico. Devido ao fato de todas as operações dos robôs serem controlados via computador, muitos robôs podem ser colocados para interagir para realizar uma tarefa podendo haver até compartilhamento de recursos. Dentro desse ambiente, uma situação particularmente complexa ocorre quando operadores humanos
  • 9. devem interagir cooperativamente com robôs dentro de uma seqüência rígida de ações. Dessa forma, o arranjo físico pode ser otimizado com relação a disposição dos equipamentos ou para um controle efetivo das operações envolvidas. Diversos estudos recentes descrevem ferramentas e técnicas para auxílio do projeto do arranjo. Muito embora algumas ferramentas sejam voltadas para a construção de modelos matemáticos para avaliação quantitativa, as ferramentas mais simples e práticas se referem a simuladores (com suporte a programação de robôs) que permitem a construção de modelos de simulação gráfica 3D do arranjo físico, por exemplo, o programa WORKSPACE (Robot Simulations, LTD.). Tabela 7.2 - Princípios para projeto de métodos. Fonte: (NOF, 1985b). • Projete considerando apenas os propósitos básicos do sistema; • Considere todos os elementos do sistema e respectivas dimensões; • Projete inicialmente para padrões típicos antes de considerar as exceções; • Coloque o foco sobre “o que deveria ser” ao invés de “o que é”; • Considere o arranjo físico e o projeto de dispositivos perféricos; • Elimine ou minimize todos os movimentos; • Considere a melhor posição para o operador: • Mantenha a coluna do operador reta e as mão próximas ao corpo; • Mantenha robôs próximos ao ponto de operação para minimizar a distância do movimento; • Manipule objetos e grave informações apenas quando necessário; • Minimize o uso de todos os recursos: tempo, energia, materiais e dinheiro; • Siga os princípios de economia de movimentos. 7.3.4 - Medidas de Desempenho: Uma análise quantitativa do sistema, se faz necessária para todas as etapas, incluindo planejamento, instalação e operação do sistema. Durante as fases de planejamento e de projeto, uma estimativa de desempenho é fundamental para a avaliar a viabilidade técnica e econômica do sistema proposto, além de ser um fator fundamental para comparar e selecionar a melhor entre as diversas alternativas. Durante a fase de desenvolvimento e instalação a medida de desempenho serve como uma referência para uma implementação efetiva. Durante a operação regular do sistema, medidas de desempenho são utilizadas para estabelecer e revisar padrões de trabalho, gargalos e conflitos, além de treinar operadores e estimar o custo e a duração de novas ordens de trabalho. Uma outra função vital é o de permitir examinar novos métodos de trabalho, tecnologias e equipamentos que podem ser utilizados para aperfeiçoar, expandir e modernizar operações existentes. Não cabe nesse texto examinar com detalhes os métodos e ferramentas para estabelecer medidas de desempenho, maiores detalhes podem ser encontrados em (RAJAN, 1985). Cabe aqui ressaltar, entretanto, que várias ferramentas de simulação, gráficas ou não, permitem gerar análises quantitativas do sistema. Exemplos seriam, PROMODEL (Promodel Corporation), ARENA (Systems Modeling, Inc.). AUTOMOD (Auto Simulation), etc.
  • 10. peça Estações de trabalho de múltiplas tarefas Fluxo de peças robô Múltiplas entradas e saídas Sistemas com múltiplos robôs Linhas de produção multidirecionais Sistemas de montagem de conjuntos Sistemas de montagem sucessivos Figura 7.4 (a) - Arranjos físicos típicos enfatizando o fluxo de materiais (NOF, 1985b).
  • 11. Exemplo 1: configuração de esteira Exemplo 2: configuração de esteira Esteira Esteira • Esteira retílinea limita o raio • Esteira curvilínea tirando vantagem de ação do robô. do movimento radial do robô. Exemplo 3 Exemplo 4 Estação de trabalho Estação de trabalho palete palete palete palete Robô Robô • Requer pelo menos 3 eixos de movimento. • Requer pelo menos 3 eixos de movimento. • Movimentos de grande amplitude elevam a • Movimentos são reduzidos em relação ao complexidade de programação. exemplo anterior, mas a programação ainda não é simples. Exemplo 6 Exemplo 5 Estação de trabalho Estação de Robô trabalho palete esteira esteira • Variação de altura entre a estação de trabalho e a palete requer eixos adicionais de movimento do robô. • Esforço de programação cresce com o aumento dos eixos de movimentação. Exemplo 7 Robô • Requer pelo menos 2 eixos de movimento. palete Estação de • A programação é mais Robô trabalho simples quando comparada aos dois últimos exemplos. • Exigência menor em relação aos eixos de movimentação. • Tarefa de programação simplificada. Figura 7.4 (b) - Exemplos de considerações em projeto de arranjo físico (NOF, 1985b).
  • 12. 7.3.5 - Integração da ergonomia humana e de robôs. Uma área vital para o estudo de ergonomia é a integração entre operadores humanos e robôs em sistemas de trabalho. Apesar das indústrias historicamente tenderem a separar as atividades dos operadores das atividades dos robôs, principalmente por razões de segurança, existem vários aspectos que devem ser considerados. Exceto em algumas fábricas totalmente automatizadas, operadores sempre trabalham com robôs em diferentes graus de interação. Alguns exemplos de atividades são citadas a seguir: • Monitoração de robôs; • Intervenção para inicialização, desligamento, reconfiguração, programação, etc.; • Manutenção; • Supervisão: gerenciamento e planejamento; • Inspeção para controle de qualidade; • Sinergia entre robôs e operadores e robôs em montagem ou controle supervisório de robôs realizados por operadores. Em todas as atividades citadas acima, o objetivo é otimizar o desempenho global do sistema. A idéia fundamental é planejar um sistema robotizado com um grau de interação para melhor utilizar as respectivas vantagens de humanos e robôs trabalhando em conjunto. Uma importante corrente de pesquisa em projeto de sistemas de manufatura se refere a sistemas denominados, Sistemas de Automação Balanceados e Sistemas Antropocêntricos de Produção. Nesse contexto, procura-se obter uma perfeita sinergia entre operadores e máquinas visando a construção e operação de sistemas com maior flexibilidade. As considerações dos fatores humanos no planejamento de sistemas robotizados incluem o projeto do arranjo físico, ambiente de trabalho, treinamento, segurança, planejamento do controle supervisório, etc. Maiores detalhes podem ser encontrados em (CAMARINHA-MATOS, AFSARMANESH, 1995, 1996). 7.4 - CONCLUSÃO Neste capítulo, alguns aspectos e critérios relacionados a seleção de robôs foram abordados. O sucesso da implantação de sistemas de produção robotizados envolve um processo iterativo de múltiplos passos com foco não apenas sobre o robô mas também sobre o produto, equipamentosde produção, arranjo físico, escalonamento, fluxo de materiais, etc. O processo de seleção contempla duas partes complementares: uma relacionada a macro aspectos, onde uma análise econômica do sistema robotizado é realizada, e uma outra dedicada a micro aspectos, que contempla diversos aspectos como: análise das características de trabalho, planejamento de métodos de trabalho e processos, projeto do arranjo físico, avaliação de desempenho, integração da ergonomia humana e de robôs, etc. REFERÊNCIAS CAMARINHA-MATOS, L.M., AFSARMANESH, H., (eds), Balanced Automation Systems – Architectures and Design Methods, Chapman and Hall, London, 1995. CAMARINHA-MATOS, L.M., AFSARMANESH, H., (eds), Balanced Automation Systems II – Implementation Challenges for Anthropocentric Manufacturing, Chapman and Hall, London, 1996. HASEGAWA, Y. "Evaluation and Economic Justification", In: Handbook of Industrial Robotics, Nof, S. Y. (ed), 1 ed., John Wiley & Sons, 1985.
  • 13. MEYER, J. D., "An Overview of Fabrication and Processing Applications", In: Norf, S. Y. (ed), Handbook of Industrial Robotics, 1 ed., New York, John Wiley & Sons, 1985. NADLER, G., The Planning and Design Professions: An Operational Theory, Wiley, New York, 1981. NOF, S. Y., Handbook of Industrial Robotics, 1 ed., New York, John Wiley & Sons, (1985a). NOF, S. Y., "Robot Ergonomics: Optimizing Robot Work", in: Handbook of Industrial Robotics, Nof, S. Y., 1 ed., John Wiley & Sons, (1985b). SURIN, R., "Quantitative Techniques for Robotic Systems Analysis", In: Handbook of Industrial Robotics, Nof, S. Y. (ed), 1 ed., New York, John Wiley & Sons, 1985.