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Autoras
Cristiane de Freitas Cunha Grillo
Carmen Maria Raymundo
Luiza Buzgaib Martins
Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES
NA CONTEMPORANEIDADE:
DIFERENTES PERSPECTIVAS,
DIVERSIDADES, ASPECTOS
ÉTNICOS E CULTURAIS
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
DE ADOLESCENTES E JOVENS
Autoras
Cristiane de Freitas Cunha Grillo
Carmen Maria Raymundo
Luiza Buzgaib Martins
Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES
NA CONTEMPORANEIDADE:
DIFERENTES PERSPECTIVAS,
DIVERSIDADES, ASPECTOS
ÉTNICOS E CULTURAIS
23-144533 CDD-362.21
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Grillo, Cristiane de Freitas Cunha
Adolescências e juventudes na contemporaneidade
[livro eletrônico] : diferentes perspectivas,
diversidades, aspectos étnicos e culturais /
Cristiane de Freitas Cunha Grillo, Carmen Maria
Raymundo, Luiza Buzgaib Martins ; organização Rita
Maria Lino Tarcia, Sílvia Helena Mendonça de Moraes,
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento. -- Campo
Grande, MS : Fiocruz Pantanal, 2023.
PDF
Bibliografia.
ISBN 978-85-66909-40-1
1. Comunidade e etnia 2. Cultura - Aspectos
sociais 3. Diversidade 4. Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) 5. Jovens - Aspectos sociais
6. Jovens - Direitos I. Raymundo, Carmen Maria.
II. Martins, Luiza Buzgaib. III. Tarcia, Rita Maria
Lino. IV. Moraes, Sílvia Helena Mendonça de.
V. Nascimento, Débora Dupas Gonçalves do. VI. Título.
Índices para catálogo sistemático:
1. Adolescentes : Política de saúde mental :
Bem-estar social 362.21
Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415
© 2022. Fundo das Nações Unidas para a Infância –
UNICEF. Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul.
Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução,
disseminação e utilização dessa obra, em parte ou em
sua totalidade, nos Termos de uso do ARES. Deve ser ci-
tada a fonte e é vedada sua utilização comercial.
UNICEF
Representante Interina
Paola Babos
Coordenação do Programa de Desenvolvimento e
Participação de Adolescentes
Mário Volpi
Coordenador
Programa de Desenvolvimento e Participação de
Adolescentes
Gabriela Mora
Joana Fontoura
Luiza Leitão
Rayanne França
Oficiais do Programa
Daniela Costa
Higor Cunha
Marina Oliveira
Thaís Santos
Consultores do Programa
Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz
Mario Santos Moreira
Presidente em exercício
Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul –
Fiocruz MS
Jislaine de Fátima Guilhermino
Coordenadora
Coordenação de Educação da Fiocruz MS
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Vice- coordenadora de Educação
Secretaria-Executiva da Universidade Aberta do SUS
– UNA-SUS
Maria Fabiana Damásio Passos
Secretária-executiva
Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul
(Fiocruz MS)
Rua Gabriel Abrão, 92 – Jardim das Nações, Campo
Grande/MS
CEP 79081-746
Telefone: (67) 3346-7220
E-mail: educacao.ms@fiocruz.br
Site: www.matogrossodosul.fiocruz.br
CRÉDITOS
Coordenação Geral
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Coordenadora Acadêmica Geral
Léia Conche da Cunha
Coordenadora Pedagógica Geral
Rita Maria Lino Tarcia
Coordenadora Acadêmica do Módulo
Eloisa Grossman
Coordenadora Pedagógica do Módulo
Ewângela Aparecida Pereira
Autoras
Carmen Maria Raymundo
Cristiane de Freitas Cunha Grillo
Luiza Buzgaib Martins (co-autora)
Revisora Técnico-científica
Alessandra Silva Xavier
Apoio técnico-administrativo
Antonio Luiz Dal Bello Gasparoto
Adriana Carvalho dos Santos
Coordenador de Produção
Marcos Paulo dos Santos de Souza
Designer Instrucional
Felipe Vieira Pacheco
Webdesigner
Stephanie Oliveira Moraes Silva
Designers Gráficos
Hélder Rafael Regina Nunes Dias
Renato Silva Garcia
Desenvolvedor
David Carlos Pereira da Cunha
Desenvolvedores AVA MOODLE
Luiz Gustavo de Costa
Vinicius Vicente Soares
Editor de Audiovisual
Adilson Santério da Silva
lustrador
Kelvin Rodrigues de Oliveira
Revisor
Davi Bagnatori Tavares
Apresentação do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CONCEITUANDO ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TRABALHO E JUVENTUDES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
E QUANDO A VIOLÊNCIA VEM DE ONDE ESPERAMOS PROTEÇÃO? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
JUVENTUDES E TERRITÓRIOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
SEXUALIDADES, GÊNEROS E AFETOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
JOVENS COM DEFICIÊNCIA, DIREITOS E EQUIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: DISCUTINDO MATERNIDADES E PATERNIDADES JUVENIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CONVERSANDO SOBRE FAMÍLIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES: SINGULARIDADES E DIVERSIDADES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Encerramento do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Minicurrículo das autoras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Material de apoio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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SUMÁRIO
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
6
apresentação do módulo
Você considera
possível pensar em
um único jeito de
ser adolescente?
Fonte: Freepik
As adolescências e as juventudes brasileiras vêm con-
quistando um novo olhar nas últimas décadas. A Constituição
de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL,
1990), o Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013) e a definição
dos instrumentos legais de proteção a essa população repre-
sentam grandes avanços para o reconhecimento e a garantia
dos direitos juvenis. Indicam a necessidade de compreensão
das diversidades desses grupos populacionais e a criação de
condições necessárias para a plena realização de suas poten-
cialidades.
Neste módulo, abordaremos alguns dos principais te-
mas que envolvem as juventudes contemporâneas e que de-
verão ser considerados pelas equipes multidisciplinares nas
intervenções realizadas em muitos contextos por diferencia-
dos setores.
Convidamos você a conhecer as histórias de três jo-
vens moradores de um mesmo território e protagonistas de di-
ferentes trajetórias. Por meio dessas narrativas, reafirmamos o
entendimento das adolescências e das juventudes como pro-
cessos complexos, plurais e heterogêneos de emancipação.
A pluralidade do conceito de adolescência abrange as pecu-
liaridades existentes nas várias regiões do país, nos territórios
rurais e urbanos, assim como nos diferentes gêneros, raças,
etnias e classes sociais.
De acordo com Novaes (2007), os modos de vida pro-
porcionados à juventude em nossa sociedade criam o pano
de fundo que influencia a adoção de suas práticas cotidianas.
Se pensarmos nos jovens do século XXI, podemos constatar
que eles vivem em um mundo globalizado, mas com profun-
das desigualdades sociais. Conforme vimos no caso comple-
xo, a condição juvenil pode ser vivida de forma desigual e di-
versa, ainda que em um mesmo território, devido a diferenças
de raça, etnia, gênero, orientação sexual, inserção no mercado
de trabalho, configurações familiares etc.
Nesse contexto, existem situações diferenciadas de
vulnerabilidade juvenil. Não podemos, portanto, homogenei-
zar a categoria juventude. Em cada tempo e lugar, fatores his-
tóricos, estruturais e conjunturais determinam as vulnerabilida-
des e as potencialidades das juventudes.
Assim, é fundamental refletir sobre questões ligadas
às novas configurações familiares, às identidades de gênero e
orientações sexuais, às violências, à desigualdade de direitos
e oportunidades, à gravidez na adolescência, ao trabalho, en-
tre tantos outros aspectos.
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Falamos em adolescências e juventudes no plural por
considerarmos a diversidade dessas experiências no Brasil. Se
a puberdade é um fenômeno biológico e universal, as adoles-
cências e juventudes são experiências sócio e culturalmente
construídas. O que você pensa sobre ser adolescente e jovem
em uma cidade grande, em um município pequeno, na zona
rural, nas comunidades indígenas, quilombolas etc.? Você co-
nhece adolescentes e jovens que vivem essas experiências
diversas?
Neste módulo, falaremos também da puberdade, que
invade o corpo da criança, provocando às vezes um sentimen-
to de estranheza. O conceito de puberdade está ligado às mo-
dificações hormonais que podem começar a partir dos oito
anos nas meninas e nove anos nos meninos e provocam au-
mento das mamas, dos pelos, dos testículos e do pênis. Nes-
sa fase, o crescimento acelera – é o que chamamos estirão da
puberdade.
Nesse momento, ocorre, também, um intenso proces-
so de maturação cerebral. Até o século passado, acreditava-se
que o cérebro finalizasse seu processo de desenvolvimento
aos 10 anos de idade. Hoje, sabemos que isso acontece além
do período definido como adolescência, especialmente a
possibilidade de controlar os impulsos e de planejar decisões.
Iremos abordar também as adolescências e juventu-
des, sempre no plural, porque são muitas experiências e muito
diversas. Raça, etnia, gênero, orientação sexual, território etc.
marcam profundamente cada adolescência e juventude.
Para falar de adolescentes e jovens, é fundamental fa-
lar das famílias e dos territórios. Vamos indicar algumas leitu-
ras, filmes, músicas, entre outros materiais, ok? Veja na lista de
referências o que você vai ler, ver ou ouvir!
Vamos pensar em quantas famílias diferentes umas das
outras você conhece? E em quantos lugares e modos de viver
existem?
Agora que você já conhece os rumos da nossa prosa,
fica uma dica: cada adolescente ou jovem é único! As receitas
prontas não dão conta da singularidade das pessoas. Por esse
motivo, nossa proposta é de conversarmos e trocarmos ideias,
não fornecer um guia de como você deverá atuar.
Saiba mais
Despertou seu interesse em conhecer
mais sobre a puberdade? Siga explorando
o tema Saúde do adolescente, clicando no
ícone ao lado. Esse e-book trata da saúde
de adolescentes e aprofunda as questões
sobre puberdade e adolescência. clique e
acesse
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Estamos juntos aprendendo a melhor forma de nos
aproximarmos dos adolescentes e jovens. Você concorda
que, na hora de “se abrir”, é necessário escolher bem com
quem falar?
Sabemos da importância de uma escuta atenta, inte-
ressada e desprovida de preconceitos. A lealdade e a possibi-
lidade de compartilhar segredos e dúvidas são fundamentais.
Nas sociedades contemporâneas, as pessoas experimentam
novas formas de relacionamento por meio das redes sociais e
de outras tecnologias de comunicação, tanto no mundo real
como no virtual. Estar junto dos adolescentes e dos jovens é
reconhecer o potencial criativo e a pujança de vida e, acima de
tudo, não menosprezar as questões que os preocupam e que
lhes trazem sofrimento.
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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CONCEITUANDO ADOLESCÊNCIAS
E JUVENTUDES
Por falar em adolescentes e jovens, que tal conceituar-
mos ADOLESCÊNCIA e JUVENTUDE?
Na atualidade, o Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013)
oficializou a juventude como categoria que congrega pessoas
com idades entre 15 e 29 anos. A Política Nacional de Juventude
(BRASIL, 2006) considera adolescentes-jovens pessoas entre 15
e 17 anos, jovens-jovens as pessoas que estão entre 18 e 24 anos
e jovens-adultos as que estão entre 25 e 29 anos.
Existem diferentes definições de adolescência e juventu-
de, mas é importante ressaltar que o entendimento da adoles-
cência enquanto um período particular da vida, situado entre a
infância e a vida adulta, é recente na história da humanidade. O
conceito de adolescência é cultural, pois a forma como cada so-
ciedade interage com os jovens é particular e está inserida em
contextos socioculturais e históricos. Nesse sentido, é importan-
te lembrar que a categoria adolescência emerge no século XIX,
quando há uma importante mudança na sociedade: a passagem
de uma experiência coletiva para o fortalecimento do espaço
privado e da família. Esse movimento inspirou a necessidade de
proteger as crianças e os jovens e deu destaque aos colégios
como instituições essenciais da sociedade. Crianças e adoles-
centes passaram a frequentar as escolas, destinadas a indivíduos
de 10 a 25 anos, sob a influência de especialistas adultos e práti-
cas pedagógicas que enfatizavam a formação moral, religiosa e
intelectual.
Esse grupo populacional apresenta um padrão de mor-
bimortalidade – isto é, de adoecimento e morte – com caracte-
rísticas específicas. Apesar das diferenças observáveis entre os
diversos países, entre as Regiões do Brasil, estados, municípios
e suas culturas locais, podemos dizer que, em linhas gerais, os
jovens adoecem e morrem por causas externas e evitáveis. Será
que nossos serviços têm atentado para essa particularidade? Se
sim, como alcançar a juventude com vistas à prevenção desses
agravos e promoção de suas condições de vida?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007),
a adolescência vai dos 10 aos 20 anos incompletos. Já
no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n.
8069, de 1990, ela inicia aos 12 e termina aos 18 anos.
Pelo Código Civil Brasileiro, atinge-se a maioridade aos 18
anos, entretanto é permitido votar a partir dos 16 anos.
Fonte: Freepik
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Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Você já havia pensado sobre isso? Em seu cotidiano, você
conhece jovens que adoeceram ou morreram devido a causas
externas1
(acidente, homicídio, suicídio, enchente, afogamento,
envenenamento etc.)? Você já participou de algum movimento
organizado para a promoção da saúde e prevenção de agravos?
Ainda sobre as causas externas de mortalidade entre os
jovens, os acidentes de trânsito relacionados com o trabalho
têm, atualmente, uma taxa alta de ocorrência. Você já pensou na
relação entre trabalho e acidentes de trânsito? É sobre o que va-
mos conversar a seguir.
1 Sobre a morte juvenil por causas externas, o Atlas da Violência tem sido um referencial importante. Na seção sobre violências e
juventudes, apresentaremos os dados mais recentes.
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Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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TRABALHO E JUVENTUDES
Já reparou como na paisagem contemporânea tem sido
muito comum nos depararmos com adolescentes e jovens em
motocicletas, bicicletas e até mesmo a pé carregando mochilas
de entrega? Na verdade, ainda conhecemos pouco seus cotidia-
nos de trabalho, possíveis situações de risco à saúde e, em es-
pecial, de que forma interpretam o trabalho e a si mesmos como
trabalhadores.
Proposição
Feedback positivo: Feedback orientador:
Você avalia que o trabalho possa ter implicações na saúde
juvenil? Você já pensou que existe uma possível relação en-
tre a experiência de trabalho na adolescência e na juventude
e o aproveitamento escolar, a necessidade de tempo livre e a
convivência familiar e comunitária?
Arealidadedotrabalhojuvenililustraque,apesardosdireitos
assegurados pelo arcabouço jurídico-legal, ainda são pou-
cos ou inexatos os dados conhecidos acerca da ocorrência
de doenças e acidentes de trabalho neste grupo populacio-
nal, assim como das situações de risco à saúde às quais as
pessoas desse grupo estão expostas durante as experiên-
cias de trabalho de que participam.
Uma maior aproximação com a diversidade dos universos ju-
venis no Brasil tem no tema trabalho uma mediação da maior
importância, pelos possíveis impactos originados por esta
experiência, na qualidade de vida deste grupo populacional.
É fundamental aferir se os jovens com os quais trabalhamos
estão inseridos em atividades de trabalho.
?
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Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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De acordo com Novaes (2007), ser jovem é viver uma con-
traditória convivência entre as normas e valores familiares e sociais
e, ao mesmo tempo, grandes expectativas de emancipação. Os
jovens do século XXI vivem uma experiência geracional em co-
mum e historicamente inédita: a aceleração da globalização e o
agravamento das desigualdades. Assim, as características do tem-
po contemporâneo compreendem: as mudanças tecnológicas do
mundo do trabalho (mutante e restrito), maior violência simbólica e
física, além da evidência dos riscos ecológicos. Esses marcadores
relacionam-se com a vivência contemporânea juvenil, caracteriza-
da por múltiplas entradas e saídas do mundo do trabalho e da es-
cola. Temos uma juventude com escolaridade cada vez maior em
relação às gerações anteriores, mas, por outro lado, o mundo do
trabalho não tem correspondido a esse novo patamar de escolari-
dade. Isso tem gerado entre os jovens o medo “de sobrar”.
Conforme vimos nas histórias de José Ribamar e de seus
amigos, apesar de a Lei no
12.009 (BRASIL, 2009) regulamentar
serviços como mototaxista e motoboy, sabemos, pelo Ministério
da Saúde (GIANNINI, 2018), que os motoboys são os que mais
sofrem acidentes. Porém, esses acidentes, que por vezes trazem
consequências sérias, não são considerados acidentes de tra-
balho, e sim acidentes de trânsito. Esse fato mascara quanto as
formas de trabalho contemporâneas podem representar riscos
à saúde juvenil, assim como a ausência de direitos trabalhistas e
previdenciários (RAYMUNDO; VEIGA, 2013). Orientações impor-
tantes sobre essa temática podem ser encontradas no Módulo
de autoaprendizagem sobre Saúde e Segurança no trabalho In-
fantil e Juvenil, organizado pela Organização Internacional do
Trabalho (2007).
Esse contexto tem significado, sobretudo, para jovens
das camadas populares, jovens negros, jovens LGBTQIA+
e mulheres, que habitualmente se inserem precocemente
no mundo do trabalho informal e sem garantia de direitos.
Saiba mais
Vamos ver um curta que aborda o cotidiano,
asdificuldades,osmedoseossonhosdemo-
toboys que circulam na cidade de São Pau-
lo? Clique no ícone, faça seu cadastro e assis-
ta ao vídeo. Nele é possível identificar alguns
problemas apresentados em nosso caso de
estudo: os acidentes, a ausência de direitos, a violência a
que estão submetidos e o preconceito. Os acidentes de
trabalho não são as únicas causas externas de morbimor-
talidade entre os jovens. Há também uma preocupação
muito elevada com a violência, assunto que merece nossa
atenção e que iremos agora saber um pouco mais!
Fonte: WikiMedia
clique e
acesse
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Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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E QUANDO A VIOLÊNCIA VEM
DE ONDE ESPERAMOS PROTEÇÃO?
Nos relatos dos jovens, também chamaram a atenção al-
guns episódios de violência perpetrados por agentes públicos.
Você sabia que existe um conceito para nomear essas situações?
Estamos falando da violência institucional, que pode
ser observada nas práticas discriminatórias em razão de diferen-
ças de território, gênero, raça, etnia, orientação sexual e religião,
que são terreno fértil para a ocorrência desse tipo de violência.
Zizek, um intelectual da Eslovênia, em seu livro Violência
(2014), propõe uma distinção entre agressão e violência. Habi-
tuamo-nos a pensar que só há violência quando há agressivida-
de, entretanto esse autor discute que há dois tipos de violência:
subjetiva e objetiva. A subjetiva é visível e a objetiva, invisível.
Para ele, a violência subjetiva é aquela exercida pelos
agentes sociais, pelos indivíduos maléficos, pelos aparelhos re-
pressivos do Estado e pelas multidões fanáticas. A violência sub-
jetiva, por ser mais facilmente identificada, pode desviar a aten-
ção das outras formas de violência que estariam acontecendo.
A violência objetiva se divide em duas modalidades: vio-
lência sistêmica e violência simbólica. A violência sistêmica, apoia-
da pelas relações sociais, políticas e econômicas, sustenta laços
de dominação e exploração. Essa forma de violência é invisível
e pode utilizar o poder político, econômico ou midiático para se
consolidar. Já a violência simbólica está encarnada na linguagem
e em suas formas, impondo um certo universo de sentido. As vio-
lências sistêmica e simbólica constituem um ciclo no qual uma
sustenta a outra em um decurso imperceptível e dissimulado.
No caso complexo, identificamos uma violência subjetiva,
explícita, no relato de Renata, que foi expulsa de casa, de alguma
forma da escola e trabalhava na exploração sexual comercial.
A violência institucional é aquela praticada pela ação e/
ou pela omissão das instituições prestadoras de servi-
ços públicos, como hospitais, postos de saúde, escolas,
delegacias, Judiciário, entre outras, no exercício de suas
funções. É perpetrada por agentes que deveriam garantir
atenção humanizada, preventiva e reparadora de danos.
Violência Subjetiva -
Violência Objetiva -
A violência sistêmica pode
ser vista no trabalho preca-
rizado de José e na falta de
acesso aos banheiros na
escola de Lucca.
A violência simbólica surge
na fala da Renata quando
ela conta que seu nome so-
cial não foi respeitado no
centro de saúde.
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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As violências incidem sobre as vidas dos jovens sob a for-
ma de genocídio, de extermínio violento, mas também de segre-
gação, evasão escolar, sofrimento psíquico etc.
RACISMO
Com relação especificamente às práticas discriminatórias
que têm como base o racismo, a médica Jurema Werneck, ativis-
ta do movimento de mulheres negras e doutora em Comunica-
ção e Cultura, alerta-nos que, no nosso país, elas se manifestam
de forma institucional, seja na forma de exclusão, prioridades ou
metas de realização das diversas instituições sociais, nas áreas
da educação, do mercado de trabalho, da política, da segurança
pública, da esfera privada e, também, da saúde.
Vamos discutir mais sobre o racismo! Você conhece os
dados sobre violência contra jovens negros no Brasil?
Veja o que os autores do Atlas escreveram na página 27:
Vidas ceifadas, sonhos não sonhados, amores e dores
não vividos.
A banalização dessas mortes violentas, também um sinto-
ma do racismo, esvazia até o luto. É mais um... Como se esse um
não contasse e não tivesse um nome, uma história, uma família,
um lugar onde morava, um amigo e um possível futuro, que foi
destruído.
Um jovem bacana como o nosso José Ribamar, um so-
nhador, um líder, é também um suspeito, um alvo dessa violência
que marca nosso país.
O problema é enorme, não é mesmo? Porém, não pode-
mos deixar de destacar que os jovens vêm elaborando formas de
resistência, ainda que elas nem sempre sejam percebidas e valo-
Saiba mais
Vamos ver os dados do Atlas da Violência
de 2021? É só clicar no ícone ao lado. Esse
documento, entre outros dados, traz infor-
mações sobre a violência contra as pessoas
negras.
Com efeito, no Brasil a violência é a principal causa
de morte dos jovens. Em 2019, de cada 100 jovens entre
15 e 19 anos que morreram no país por qualquer causa, 39
foram vítimas da violência letal. Entre aqueles que possuíam
de 20 a 24, foram 38 vítimas de homicídios a cada 100 óbi-
tos e, entre aqueles de 25 a 29 anos, foram 31. Dos 45.503
homicídios ocorridos no Brasil em 2019, 51,3% vitimaram
jovens entre 15 e 29 anos. São 23.327 jovens que tiveram
suas vidas ceifadas prematuramente, em uma média de 64
jovens assassinados por dia no país.
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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
15
rizadas em sua potencialidade. Lembra-se de como foi bacana o
encontro entre José, Lucca e Renata? Ali existe potência! Como
bem interpretam Coimbra e Nascimento, os jovens periféricos:
teimam em continuar existindo, apesar de
tudo; suas resistências se fazem cotidiana-
mente, muitas vezes, percebidas como frag-
mentadas, fora dos padrões reconhecidos
como organizados e até mesmo como con-
dutas antissociais, delituosas e, por isso, ‘pe-
rigosas’ (COIMBRA; NASCIMENTO, 2005, p.
13).
Os jovens negros são alvos do extermínio violento, do
estigma, do lugar da suspeição. É importante verificarmos como
as nomeações estigmatizantes afetam cada jovem e como eles
criam e disseminam estratégias de sobrevivência. O racismo,
conhecido por pessoas negras desde a mais tenra idade, pode
gerar impactos de grande gravidade. Um estudo de Harvard
(IDOETA, 2020) aponta quatro efeitos do racismo no cérebro e
no corpo de crianças negras: um corpo em constante estado de
alerta; maior chance de adquirir doenças crônicas ao longo da
vida; assimetria no acesso à saúde e à educação; relações fami-
liares atravessadas pelo racismo. A violenta experiência do ra-
cismo afeta a socialização de adolescentes negros de múltiplas
formas: no âmbito de sua saúde mental, expressa em altos índi-
ces de depressão e suicídio; no direito à vida, tendo em vista os
alarmantes números de jovens negros mortos por homicídio e de
jovens mães negras e seus filhos vítimas de violência obstétrica;
na construção de suas subjetividades e identidades diante de si-
tuações de discriminação.
Esses jovens exercem “resistência” em um território defi-
nido, em um espaço em que os acontecimentos e fatos ocorrem,
em que a existência se manifesta e a vida flui. Por isso, é muito
importante conversarmos sobre território.
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Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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JUVENTUDES E TERRITÓRIOS
Conforme vimos no caso, é relevante observar a impor-
tância do território para a socialização dos jovens. A quadrilha,
por exemplo, constitui um patrimônio cultural que confere iden-
tidade àqueles jovens. Dessa forma, o conceito de território tem
um significado bem mais amplo do que uma mera delimitação
espacial. O geógrafo Milton Santos nos ensina que o território é
um organismo vivo, dinâmico:
Devemos entender o território como o lugar
onde se realizam todas as ações, paixões,
poderes, forças e fraquezas; sendo ele o lu-
gar onde a história do homem se realiza a
partir da manifestação de sua existência [...].
O território é o fundamento do trabalho; do
lugar da residência; das trocas materiais e
espirituais e do exercício da vida (SANTOS,
2007, p. 14).
Partindo desse entendimento sobre território, é importan-
te saber:
• Quem são os jovens atendidos em seu serviço?
• Em que territórios e contextos sociais estão inseridos?
• Quais são os lugares, serviços e/ou instituições no terri-
tório nos quais os jovens podem procurar ajuda?
• Você avalia que existem espaços para as demandas tra-
zidas pelos jovens?
No trabalho realizado com jovens, a pesquisadora Ga-
briela Calazans (2006) afirmou que as ações bem-sucedidas são
“as que têm conseguido alargar a compreensão dos contextos
de vida juvenil, sem se limitar à prevenção de comportamentos
de risco” (CALAZANS, 2006, p. 37). E mais: os serviços precisam
reconhecer os jovens como sujeitos autônomos, com os quais se
pode e se deve dialogar.
Conforme vimos no caso que inaugura este módulo, con-
vidar os jovens para compor reuniões intersetoriais e escutar suas
histórias é uma estratégia bastante interessante! Saber quem são,
onde se reúnem nos territórios e quais são suas necessidades
é um excelente ponto de partida para uma aproximação com os
jovens. Chamá-los para a construção de ações, valorizar suas ex-
periências pessoais e propor a participação criativa e o fortaleci-
mento da autonomia dos jovens pode render ótimos frutos aos
trabalhos desenvolvidos com esse grupo.
Para o fortalecimento do protagonismo e autonomia dos
jovens, sobretudo os adolescentes, conhecer mais sobre eles é
fundamental, assim como estabelecer um diálogo afetivo e aco-
lhedor.
Vamos então saber um pouco mais sobre essa fase tão
importante da vida?
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SEXUALIDADES, GÊNEROS E AFETOS
Na adolescência, o corpo passa por diversas transforma-
ções. Alguns adolescentes ficam em guerra permanente com a
sua imagem. Passam horas na frente do espelho para identificar
e pensar em formas de modificar o que os desagrada. Em algu-
mas situações, fazem isso por não se identificarem com o gênero
que sua imagem mostra; em outras, pressionados pelos padrões
estéticos hegemônicos, acreditam que um caminho rápido para
ser aceito e admirado pelo grupo seja ficar parecido com alguma
figura pública de destaque: artista, atleta, blogueira etc.
O mercado e a sociedade habitualmente fomentam pa-
drões hegemônicos voltados para o consumo. Não é sem dificul-
dade que cada adolescente e cada jovem constroem seu corpo
e sua identidade fora desses padrões.
Podemos avaliar, ainda, que a tentativa de criar padrões
hegemônicos de gênero, de orientações sexuais, de identidades
de gênero, estéticos, entre outros constitui estratégia de poder
em uma sociedade fundada em desiguais relações sociais.
Apesar de já percebermos algu-
mas pequenas mudanças na sociedade,
em geral, na TV e nas redes sociais, as
mulheres são magras e têm cabelos lisos
e os homens são altos e atléticos.
A popularização das cirurgias
plásticas e a procura desenfreada pelo
corpo perfeito têm exposto vários ado-
lescentes a riscos desnecessários e a
uma série de frustrações, porque os re-
sultados dessa busca nem sempre for-
talecem a autoestima nem melhoram a
aceitação social.
Reflita sobre o sofrimento que
surge quando acontecem as mudanças
da puberdade, quando há discrepância
entre o sexo biológico e a identidade de
gênero com a qual a pessoa se identifica.
Fonte: Freepik
Fonte: Pixabay
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Conversando sobre sexualidade
A sexualidade faz parte de um conjunto de temas que,
quando discutidos, contribuem para o conhecimento de si e
do outro. Viver a sexualidade de maneira responsável, com
menos riscos e com respeito, é uma questão fundamental dos
direitos humanos. Conversar sobre sexualidade possibilita o
esclarecimento de dúvidas, perceber que a própria sexualidade
não é esquisita e até mesmo alertar para a necessidade de
procurar um profissional de saúde.
É importante dizer que tudo que vivemos e sentimos
acontece no nosso corpo. Assim, não é possível separar a
sexualidade do corpo ou pensar o corpo sem considerar a
sexualidade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a se-
xualidade não é sinônimo de relação sexual. A sexualidade refe-
re-se a tudo aquilo que somos capazes de sentir e de expressar:
A sexualidade faz parte da personalidade de
cada um, é uma necessidade básica e um
aspecto do ser humano que não pode ser
separado de outros aspectos da vida. Sexua-
lidade não é sinônimo de coito (relação se-
xual) e não se limita à ocorrência ou não de
orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso,
é a energia que motiva a encontrar o amor,
contato e intimidade e se expressa na forma
de sentir, nos movimentos das pessoas, e
como estas tocam e são tocadas. A sexuali-
dade influencia pensamentos, sentimentos,
ações e interações e, portanto, a saúde física
e mental. Se saúde é um direito humano fun-
damental, a saúde sexual também deveria
ser considerada um direito humano básico
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1975,
apud VIVENDO A ADOLESCÊNCIA, 2022).
O que você entende por sexualidade? E gênero? O que é
identidade de gênero? E papel e expressão de gênero? E orien-
tação sexual?
Para começarmos, é fundamental esclarecer que sexo e
gênero são palavras que traduzem conceitos diferentes!
De acordo com Matos (2015), sexo refere-se às caracte-
rísticas físicas humanas relacionadas à materialidade do corpo,
como órgãos sexuais, genoma, formato do corpo etc.
Já o conceito de gênero passou a ser utilizado pelas ciên-
cias sociais para o estudo de aspectos sociais nas identidades
do que é ser masculino ou feminino, considerando-se o entendi-
mento de que não existem determinações naturais para compor-
tamentos propriamente masculinos ou femininos.
Sexo
Gênero
-
-
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19
Assim, entende-se que a forma como homens e mulheres
devem se comportar vem sendo construída por meio de um in-
tenso e complexo processo de aprendizagem sociocultural que
define o que é prescrito para cada sexo, assim como para a homo
e a heterossexualidade – frequentemente de forma assimétrica
e, convém ressaltar, tendo como base a supremacia masculina e
heterossexual (MATOS, 2015).
Distinguindo esses conceitos, foi possível compreender
que as definições do que é ser homem ou mulher são, na ver-
dade, construções sociais e históricas, motivo pelo qual Scott
(1998 apud MARTINS, 2021) afirma que gênero é uma categoria
historicamente determinada para justamente tornar visível a dife-
rença entre homens e mulheres. De acordo com Martins (2021,
p. 16), “[...] é nesta esteira que são construídos e delimitados pa-
péis sociais atribuídos ao masculino e ao feminino, sendo vistos
com estranhamento e mesmo sendo oprimidos quaisquer com-
portamentos que fujam à lógica socialmente padronizada”.
Você conhece algum adolescente que se nomeia trans
ou não binário? E adolescentes que se nomeiam homossexuais,
bissexuais, assexuados?
Nesse contexto, identidades trans podem abalar a estru-
tura do senso comum e das racionalidades que associam sexo a
gênero, confrontando esse entendimento!
Para Martins (2021), a “transexualidade é uma experiência
identitária, caracterizada pelo conflito com as normas de gênero”
(BENTO, 2008, p. 18 apud MARTINS, 2021, p. 16). Já Almeida e
Saiba mais
Vamos assistir a um vídeo sobre sexualida-
des na adolescência? Você reparou que o
termo sexualidades está no plural? Vamos
lá. É um vídeo bem curtinho, clique no íco-
ne ao lado. Nesse vídeo podemos esclare-
cer alguns pontos:
Sexobiológico – masculino ou feminino (características ge-
notípicas e fenotípicas)
Papel sexual – determinada cultura considera como con-
duta masculina ou feminina (é dinâmico – perspectiva de
gênero)
Orientação do desejo ou orientação sexual – homosse-
xual, heterossexual ou bissexual (não depende de “esco-
lhas conscientes”)
Identidade sexual – quem acreditamos ser
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Murta (apud MARTINS, 2021) nos fazem pensar com a seguinte
provocação: “para muitas/os o conflito existe, mas ele não é ne-
cessariamente um conflito com as normas de gênero, mas sim
com o gênero que foi imposto e com a impossibilidade de trânsi-
to identitário” (ALMEIDA; MURTA, 2013, p. 386 apud MARTINS,
2021, p. 17).
Você acha que a diversidade de gênero e de orientação
sexual tem relação com a saúde e com a escola?
Como vimos, o período da adolescência envolve comple-
xas mudanças e elaborações sociais, comportamentais, físicas
etc. Por isso,
Não raro, neste período os/as jovens se en-
tendem acerca de sua sexualidade e iden-
tidade de gênero, identificando-se como
heterossexuais, homossexuais, bissexuais,
cisgêneros, não-binários, transexuais… Tal
processo, senão devidamente acolhido e
compreendido pelos serviços e profissionais
pelos quais os/as adolescentes são assisti-
dos, gera a agudização de angústias e refle-
te na qualidade de vida e das necessidades
de saúde destes jovens (GRANEIRO; MAR-
TINS, 2019, p. 3).
Proposição
Você já pensou na importância do nome social? Vamos pen-
sar no impacto para um adolescente de não ter o nome so-
cial acolhido e respeitado na escola, no centro de saúde etc?
Feedback positivo:
Feedback orientador:
Nome social é o modo como a pessoa se autoidentifica e é
reconhecida, identificada, chamada e denominada na sua
comunidade e no meio social, uma vez que o seu nome civil,
isto é, seu nome de registro não reflete a sua identidade de
gênero.
Se considerarmos a grande evasão escolar por parte de tra-
vestis e transexuais e portadores de outras identidades de
gênero que estão em desacordo com seu registro, conce-
der o nome social significa promover o acesso aos espaços
educacionais (também de saúde e outros) a esses grupos
histórica e sistematicamente marginalizados (https://www.
ufsm.br/pro-reitorias/pre/observatorio-de-direitos-humanos/
nome-social/)
Não acolher o nome equivale a não acolher a diferença, a
diversidade. Estamos vendo aqui que cada adolescente é
diferente do outro, cada um de nós tem a sua marca singular.
Esse acolhimento pode definir o destino de um jovem, como
vemos aqui com Lucca e Renata.
?
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21
No nosso caso complexo, você conheceu Lucca, jovem
trans engajado que tem uma família que o apoia, que frequenta
uma escola que tem ouvido algumas de suas demandas e que
conversa com a rede de saúde.
Conhecemos também Renata, adolescente trans que foi
expulsa de casa, está fora da escola, vive em uma ocupação e
trabalha na exploração sexual comercial.
Infelizmente, histórias como a de Renata são comuns.
Além da sexualidade, a violência relacionada às diversi-
dades sexuais e de gênero também é outro assunto que precisa
ser discutido. Afinal, vivemos em um país que lidera a estatística
de mortes violentas contra pessoas trans e travestis.
Vamos ler o que os autores escreveram na página 58 do Atlas:
Saiba mais
Esse assunto despertou seu interesse? Vamos
ver o informe de 2022 da Associação Nacional de
Travestis e Transexuais do Brasil (ANTRA) (BENE-
VIDES, 2022)? É só clicar aqui. Esse informe traz
informações sobre violências e assassinatos de
travestis e transexuais brasileiras em 2021.
Podemos ver também os dados da violência con-
tra a população LGBTQIA+ no Atlas da Violência
2021. Esse estudo apresenta um diagnóstico da
situação de distintas formas de violência na socie-
dade brasileira.
A violência contra pessoas LGBTQI+ no Brasil é um
fenômeno histórico. Na dimensão simbólica, a violência
opera ora pelo recurso ao holofote lançado sobre a ideia de
um modelo único e compulsório de família nuclear, cis, hete-
rossexual e biparental, que apaga as diversidades sexuais e
de gênero (MELLO, 2006), ora pelo recurso aos estereótipos
e estigmas que marcam LGBTQI+ como agentes desviantes,
de contaminação e degeneração, recorrendo a discursos
morais, sociais, biológicos, religiosos e médicos. Na dimen-
são corporal, a violência se materializa na forma de abando-
no, estupros “corretivos”, assassinatos e espancamentos.
Ainda que diferentes, as violências corporais e simbólicas
se sobrepõem, visando aniquilação, apagamento e silencia-
mento de sexualidades e expressões de gênero dissidentes
do modelo único cis hétero historicamente imposto no Bra-
sil, que ganhou força recentemente com a ascensão de mo-
vimentos moralistas anti-LGBTQI+ operados pela narrativa
de suposta priorização da infância e da família (KALIL, 2020)
(CERQUEIRA et al., 2021, p. 58).
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Dois gráficos ajudam a observar a incidência da violência
contra a população LGBTQIA+, de acordo com raça/cor, eviden-
ciando diferentes fatores que atribuem maiores graus de vulne-
rabilidade.
FIGURA 1 – BRASIL: PERFIL DE PESSOAS VÍTIMAS DE
VIOLÊNCIAS, POR ORIENTAÇÃO SEXUAL, POR RAÇA/COR
(2019)
De acordo com os dados dispostos na Figura 1, pode-se
observar que pessoas negras eram a maioria das vítimas. No que
tange à diversidade de orientação sexual, considerando apenas
a população negra, 55% das vítimas eram heterossexuais, 55%
eram homossexuais e 54% eram bissexuais (CERQUEIRA et al.,
2021).
FIGURA 2 – BRASIL: PERFIL DE PESSOAS TRANS VÍTIMAS DE
VIOLÊNCIAS, POR RAÇA/COR (2019)
De acordo com os dados dispostos na Figura 2, pode-
-se observar que pessoas negras também são mais vulneráveis à
violência relacionada à identidade de gênero: 58% das travestis,
58% das mulheres trans e 60% dos homens trans vítimas de vio-
lência eram negros (CERQUEIRA et al., 2021)
Nessa direção, as políticas públicas de focalização refina-
da voltadas às intersecções entre gênero e raça são fundamen-
tais para o enfrentamento das violências que atingem ambos os
grupos. No entanto, pessoas trans negras têm necessidades que
demandam ainda mais focalização.
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Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Você está estudando as relações entre raça, gênero, fa-
tores sociais, econômicos, entre outros. As vulnerabilidades vão
se entrelaçando e devemos pensar nessas intersecções para
podermos enfrentar essas violências. A constituição de redes de
cuidado intersetoriais é um importante fator de proteção para a
saúde mental dos jovens mais vulneráveis. A criação de espaços
de convivência e de vínculos entre as famílias e entre jovens é
fundamental.
Apesar de todos os avanços na construção e implemen-
tação de políticas públicas, reconhece-se que o racismo e a
intolerância religiosa persistem na sociedade brasileira. Essas
duas dimensões das relações raciais no Brasil são, sabe-se, his-
tóricas e, como afirmam muitos militantes do movimento negro e
pesquisadores, assumem, na atualidade, novas formas e reinven-
tam-se. Quando traçamos o perfil dos jovens que são diretamen-
te atingidos pela violência urbana, podemos afirmar que, em sua
grande maioria, são homens negros (“pretos” e “pardos”, segun-
do a classificação do IBGE) com baixa escolaridade e moradores
de periferia. Porém, também constitui fator de grande vulnerabi-
lidade o pertencimento à população LGBTQIA+.
Uma forma de violência institucional é não considerar as
diversidades juvenis, que abrangem o cotidiano, a socialização e
as necessidades dos jovens portadores de deficiências.
O que podemos falar sobre as pessoas com deficiência?
Como os adolescentes e jovens vivem as diversas deficiências?
Você já pensou sobre isso? Vamos conversar um pouco mais so-
bre esse assunto...
Proposição
São muitas as violências e muito complexas, já que estão en-
trelaçadas. A violência na fala, no discurso, às vezes é sutil e
se encontra tão naturalizada que não a chamamos de violên-
cia. Você pensa em algum exemplo?
Feedback positivo:
Feedback orientador:
Muitas crianças negras sofrem o racismo, que é chamado de
bullying muitas vezes, velando a violência racial. É importan-
te nomear a violência como tal, para poder enfrentá-la.
É importante uma atenção constante para detectarmos em
nós e no nosso trabalho as evidências, às vezes discretas,
mas não menos violentas, do racismo, do machismo, da
transfobia, da intolerância religiosa etc. Devemos ver e expli-
citar as violações, violências, vulnerabilidades, mas sempre
com um olhar para o outro que realce sempre sua potência.
?
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JOVENS COM DEFICIÊNCIA,
DIREITOS E EQUIDADE
Será que temos olhado para as pessoas com deficiên-
cia e para as necessidades delas tentando enxergar além da
deficiência? Para que efetivamente ocorra a inclusão dessas
pessoas, é importante refletir sobre os conceitos de igualdade
e equidade. Enquanto a igualdade pressupõe tratamento iguali-
tário a todos, a equidade busca garantir que pessoas diferentes
recebam tratamentos adequados às suas necessidades. Como
exemplo, podemos refletir sobre as ações referentes à saúde se-
xual e reprodutiva de pessoas com deficiência: em geral, famílias
e profissionais estão despreparados para lidar com pessoas sob
seus cuidados e orientá-las. Popularmente, considera-se que
pessoas com deficiência tenham uma sexualidade incompleta,
como reflexo de sua deficiência. Devemos sempre lembrar da
potência, da dignidade e dos direitos de cada pessoa que vive
uma deficiência, ressaltando a vida, a sexualidade e a liberdade.
Os profissionais, suas estratégias e seus materiais educativos, em
geral, não atendem a necessidade desse público nas questões
de educação em saúde, em especial no caso de pessoas com
deficiências sensoriais.
É importante pensar nas diversas deficiências e no
enfrentamento das violências e violações que as pessoas com
deficiências sofrem. Vamos ver o que o Atlas da Violência 2021
tem a nos ensinar sobre isso:
É muito importante um olhar atento e uma escuta
qualificada para as pessoas que vivem com deficiências, mas
também com potências e possibilidades!
O conceito de pessoas com deficiência agrupa um
conjunto de indivíduos com importantes diferenças, e aqui
isso se traduz inicialmente em maiores taxas de notificações
de violências contra pessoas com deficiência intelectual. As
taxas de notificações são também superiores para as mu-
lheres, independentemente do tipo de deficiência. O tipo
de violência construído a partir da autoria presumida permi-
te separar apenas os casos de violência interpessoal para a
análise e, nestes casos, os dados indicam um maior registro
de violência doméstica do que comunitária e institucional
para qualquer tipo de deficiência. Os registros se concen-
tram na faixa etária de 10 a 19 anos e em geral decaem gra-
dativamente nas faixas seguintes. A violência mais frequente-
mente registrada é a física, mas a violência sexual é frequente
para mulheres. Por fim, compartilha-se aqui a compreensão
de que a violência reforça a vulnerabilidade dessa popula-
ção, pautada em processos de exclusão social, segregação,
preconceito e estigmatização dos indivíduos que estão ca-
racterizados por diferenças biológicas ou psicológicas, que
são tomadas como desvios da normalidade e expressão de
menor valia social. (Ministério da Saúde, 2020b, p. 3). Acres-
cente-se que parte dessa violência, como as negligências,
poderia ser prevenida com um aperfeiçoamento de políticas
de cuidado (CERQUEIRA et al., 2021, p. 78-79).
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Ainda conversando sobre sexualidade e saúde reprodu-
tiva, um tema bastante importante é a gravidez na adolescência,
em virtude da prevalência, dos preconceitos que envolvem esse
acontecimento e da importância de cuidado adequado nessa
situação. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse assunto?
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Gravidez na adolescência:
discutindo maternidades
e paternidades juvenis
Lendo o caso complexo, você conheceu Lia, adolescente
que morava na mesma ocupação de Renata e que estava grávida.
Você conhece alguma adolescente que vivenciou uma
gravidez? E/ou um adolescente que se tornou pai?
A gravidez na adolescência é uma questão complexa,
não é? É uma discussão que geralmente vem acompanhada por
muita preocupação!
Isso acontece, sobretudo, porque, em geral, a gravidez
na adolescência é tratada como problema de saúde pública e
social, além de ser vista, de forma generalizada, como algo ne-
gativo. Também existe a ideia de que adolescentes sempre são
incapazes de lidar com ela!
Ora, se pararmos para pensar... olharmos para a história...
a verdade é que, em outros momentos da história, as pessoas
constituíam famílias muito mais jovens, e as meninas tornavam-
-se mães ainda bem novas! Também é certo que uma gravidez
indesejada pode acontecer em diferentes fases da vida e ser di-
fícil de lidar.
Essa lembrança pode nos ajudar a observar como con-
cepções de infâncias, juventudes e fases da vida em geral adqui-
rem diferentes contornos ao longo do tempo!
Assim, do mesmo modo que diferentes contextos sociais
acompanham diferentes vulnerabilidades e potencialidades,
podem definir infinitas possibilidades e significantes para a gra-
videz na adolescência e juventude! Esteves (2003) e Catharino
(2002), por exemplo, mostram que essa gravidez, muitas vezes,
além de ser desejada pelas jovens e pelos jovens, desempenha
um papel importante na vida psíquica e social deles.
Nesse sentido, é válido mencionar que o próprio Minis-
tério da Saúde já compreendeu que, embora a gravidez de ado-
lescentes e jovens possa ser interpretada majoritariamente como
um ‘evento-problema’ ou ainda como indesejável em muitas aná-
lises e políticas, avaliamos ser mais adequado entendê-la como
Saiba mais
Vamos assistir a um vídeo bem curtinho no
qual uma ginecologista fala um pouco sobre
esse assunto? Vamos lá. Esse vídeo discute
contracepção e adolescência na gravidez.
Quando é possível uma jovem engravidar?
Que tal conversar com outras pessoas sobre as
vivências das suas adolescências e juventudes?
-
-
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um ponto de inflexão que poderá resultar uma multiplicidade de
experiências de vida - por isto pode assumir diferentes significa-
dos, ser também tratada de diferentes formas e apresentar dife-
rentes desfechos (BRASIL, 2006 apud BRASIL, 2010).
Ampliando esse enfoque, a sexualidade e a reprodução
são dimensões fundamentais da saúde humana e pressupostos
para a qualidade de vida e bem-estar físico, psicológico e social
e para a satisfação e prazer. Pessoas jovens devem ser reconhe-
cidas como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, que são
afirmados como Direitos Humanos. A consciência desse direito
implica reconhecer a individualidade e a autonomia dessas pes-
soas, estimulando-as a assumir as responsabilidades relaciona-
das à sua própria saúde. Assim, garantir os direitos reprodutivos a
adolescentes e jovens, de ambos os sexos, significa assegurar as
condições de escolha para aqueles e aquelas que não querem
engravidar, que querem planejar uma gravidez ou que já vivem
uma gravidez.
Os estudos demográficos, psicossociais e epidemiológi-
cos são frequentemente restritos às mulheres, invisibilizando o
parceiro masculino. Com frequência, as intervenções profissio-
nais não têm levado em consideração o papel que os meninos
e os homens podem desempenhar. Além disso, existe a tendên-
cia de reduzir as temáticas saúde sexual e saúde reprodutiva à
prevenção de gravidez na adolescência e ao uso de anticoncep-
cionais, o que também dificulta alcançar as diferentes formas de
exercício da sexualidade.
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Vamos prestar mais atenção aos significados e possibili-
dades dessa vivência para nossos jovens?
Proposição
Será que as gestações de adolescentes são sempre indese-
jadas? Será que a gravidez é apenas fruto da irresponsabili-
dade, da imaturidade e da impulsividade dos jovens?
Feedback positivo:
Feedback orientador:
Temos como pressuposto que a gravidez na adolescência
pode ser vivida de múltiplas formas. Os contextos sociais
irão definir universos de possibilidades e de significações di-
ferentes entre os jovens de distintas classes sociais. As esco-
lhas podem ser influenciadas pela exclusão, desigualdade
de classe, de gênero e de raça e pela falta de perspectivas. A
maternidade, pode ainda, expressar reconhecimento social
para muitas jovens.
As políticas e programas de saúde voltados para os jovens
devem considerar a sexualidade como parte do desenvolvi-
mento humano e incluir os conceitos de amor, sentimentos,
emoções, intimidade e desejo (OPAS, 2002, in MS 2006). A
discussãosobregravideznaadolescênciaprecisaserpensa-
da de maneira ampliada. É importante criar espaços onde os
jovens possam debater temáticas referentes à saúde sexual
e saúde reprodutiva na escola, na saúde, no lazer, na cultura.
É importante ainda que a atenção à saúde sexual e saúde re-
produtiva de adolescentes inclua aqueles em cumprimento
de medidas socioeducativas, em situação de rua, de abriga-
mento, vivendo com HIV/AIDS. São necessárias ações para
compartilhamento de informações e ações educativas em
saúde sexual e saúde reprodutiva que abranjam as famílias e
as comunidades locais.
?
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O que podemos refletir sobre o cuidado em saúde,
com um olhar e escuta atentos para a subjetividade e ques-
tões sociais?
No trabalho com adolescentes e jovens, não podemos
perder de vista a importância do estabelecimento de vínculos!
Por não se sentirem seguros e acolhidos, muitos acabam dei-
xando de buscar um serviço e descuidam de sua própria saúde.
Dessa forma, privacidade e sigilo constituem direitos de grande
importância, porque determinados assuntos são de difícil abor-
dagem, em especial aqueles que envolvem sexualidades e afe-
tos. Portanto, é necessário muito cuidado para preservar o direito
à privacidade juvenil e, ao mesmo tempo, também desenvolver
um trabalho com as famílias.
Por falar em família, é importante conhecermos um pou-
co mais as suas configurações no cenário atual, tendo em vista o
acolhimento e a construção de um trabalho que seja realmente
efetivo.
Proposição
Você sabia que um adolescente pode ser atendido sem os
responsáveis legais? O que você pensa sobre isso?
Feedback positivo:
Feedback orientador:
Adolescentes têm direito de serem atendidos sem a presen-
ça dos pais ou responsáveis. Esse direito refere-se à impor-
tância da garantia de espaços seguros de acolhimento e si-
gilo, considerando-os sujeitos de direitos. Isto não significa
queoatendimentoàfamíliasejadesnecessáriooumenosim-
portante, mas sim que a autonomia do adolescente deve ser
respeitada e garantida. O ECA, em seu capítulo II, artigo 17,
dispõe a respeito “do direito à liberdade, ao respeito e à dig-
nidade” da criança e do adolescente e prescreve: “O direito
ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,
psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.
Se você trabalha em um serviço que atende adolescentes,
que tal experimentar acolher o adolescente sem a família
mas ao mesmo tempo, promover um acolhimento da famí-
lia? Uma outra pessoa poderia acolher a família ou você mes-
mo, em outro momento.
?
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Conversando sobre Famílias
O que você acha de a gente conversar um pouco sobre famílias?
De acordo com Sales (1997), na sociedade contemporâ-
nea, coexistem diferentes arranjos familiares. De maneira geral,
podemos observar as seguintes tendências: crescimento do nú-
mero de divórcios; redução do número de filhos; aumento do nú-
mero de famílias monoparentais chefiadas por mulheres; presen-
ça de famílias monoparentais chefiadas por homens; aumento
do número de adultos que vivem sozinhos; existência de casais
que optam por não ter filhos; presença de famílias formadas por
casais homoafetivos; ocorrência de famílias ampliadas formadas
pelos membros iniciais, acrescidas de novos membros – os netos
–, trazidos por filhas-mães adolescentes.
Êh, vida, vida, que amor brincadeira, à vera
Eles se amaram de qualquer maneira, à vera
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá
Eles partiram por outros assuntos, muitos
Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
Qualquer maneira que eu cante esse canto
Qualquer maneira me vale cantar
Eles se amam de qualquer maneira, à vera
Eles se amam é pra vida inteira, à vera
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira de amor vale me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Famílias também no plural? Sim, porque são muitas. Há
um livro sobre direito de família (Dicionário de Direito de
Família e Sucessões, do Rodrigo da Cunha Pereira, São
Paulo: Saraiva, 2015) que tem 37 páginas dedicadas às
definições de família!
Você conhece a música Paula e Bebeto,
de Caetano Veloso e Milton Nascimento?
Vamos ouvir?
clique
e ouça
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E, às vezes, não há amor, ou ele acabou, como já dizia
a ciranda... É importante não ter um conceito rígido e único de
família.
Vários autores já se debruçaram sobre o conceito de fa-
mília. Para Mioto (1997), família pode ser definida como um fato
histórico, com grande ênfase cultural, cuja constituição não é a
priori “lugar de felicidade”, mas “um núcleo de pessoas que con-
vivem em determinado lugar, durante um tempo e que se acham
unidas por laços, de consanguinidade ou não” (MIOTO, 1997
apud RAYMUNDO et al., 2014, p. 259). Para Carvalho (2000 apud
RAYMUNDO et al., 2014), a família pode ser entendida como um
canal de iniciação e aprendizado de afetos e do padrão de rela-
ções sociais vigente em um determinado tempo histórico.
Você se recorda da personagem Lia, do caso complexo
deste módulo? Lia era uma adolescente grávida, vulnerável, que
morava em uma ocupação e temia que seu filho fosse retirado
dela. Você já ouviu a expressão Mães Órfãs?
Temos usado essa expressão para definir situações nas
quais os filhos são retirados compulsoriamente de suas mães
para supostamente protegê-los, desconsiderando essa mulher/
mãe, a família extensa e o dever do Estado de proteger a famí-
lia (SOUZA, 2018). Esse movimento social e jurídico tem um viés
Saiba mais
Convidamos você a ler um texto interessante
sobre as famílias tentaculares, diferentes e di-
vertidas, de Maria Rita Kehl, que é psicanalis-
ta e autora desse trabalho. Trata-se de um ar-
tigo que fala sobre a diversidade das famílias
na atualidade e os estigmas que ainda pairam
sobre as famílias que fogem a um pretenso
modelo tradicional.
“A família tentacular contemporânea, menos endogâmica e
mais arejada que a família estável no padrão oitocentista, traz
em seu desenho irregular as marcas de sonhos frustrados,
projetos abandonados e retomados, esperanças de felicida-
de das quais os filhos, se tiverem sorte, continuam a ser por-
tadores. Pois cada filho de um casal separado é a memória
viva do momento em que aquele amor fazia sentido, em que
aquele par apostou, na falta de um padrão que correspon-
da às novas composições familiares, na construção de um
futuro o mais parecido possível com os ideais da família do
passado. Ideal que não deixará de orientar, desde o lugar
das fantasias inconscientes, os projetos de felicidade conju-
gal das crianças e adolescentes de hoje. Ideal que, se não for
superado, pode funcionar como impedimento à legitimação
da experiência viva dessas famílias misturadas, engraçadas,
esquisitas, improvisadas e mantidas com afeto, esperança e
desilusão, na medida do possível” (KEHL, 2003).
clique e
acesse
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segregativo e racista. Parte-se do entendimento de que jovens
pobres e negras não têm condições de criar seus filhos. No en-
tanto, políticas públicas adequadas ofereceriam as condições
necessárias para a criação de seus filhos e continuidade de seus
projetos.
Assim, tendo em vista as novas configurações familiares
na atualidade, fica para os atores que lidam com jovens o desafio
de acompanhar esse processo de mudança e de construir práti-
cas profissionais desprovidas de julgamentos morais e culpabili-
zação.
Diversas vulnerabilidades sociais podem afetar a capaci-
dade protetiva das famílias. Assim, as políticas públicas, particu-
larmente as de Assistência Social, possuem um papel fundamen-
tal: os programas de redistribuição de renda possuem relação
direta com a sobrevivência das famílias; e os serviços de convi-
vência e fortalecimento de vínculos objetivam a construção ou a
reconstrução de laços familiares e comunitários.
Dessa forma, as referidas ações previstas na Política de
Assistência Social devem contribuir com o fortalecimento da
convivência e da autonomia das famílias, para que, por sua vez,
elas possam promover a proteção e a emancipação dos adoles-
centes e jovens.
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Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Adolescências e juventudes:
singularidades e diversidades
Durante a nossa conversa, várias vezes voltamos a um
mesmo ponto: não há um único jeito de ser adolescente ou jo-
vem. Vimos que vários fatores contribuem para essa diversidade.
Vamos concluir este texto chamando a atenção para as
diferentes culturas. Afinal, o que é cultura em termos concei-
tuais? Há muitas definições. Escolhemos uma delas:
Cultura pode ser definida como um conjunto
de elementos que mediam e qualificam qual-
quer atividade física ou mental, que não seja
determinada pela biologia, e que seja com-
partilhada por diferentes membros de um
grupo social. Trata-se de elementos sobre os
quais os atores sociais constroem significa-
dos para as ações e interações sociais con-
cretas e temporais, assim como sustentam
as formas sociais vigentes, as instituições
e seus modelos operativos. A cultura inclui
valores, símbolos, normas e práticas (LANG-
DON; WIIK, 2010, p. 175).
Você se lembra do estudante de medicina indígena que
participou da conversa na ESF?
Conversando um pouco mais com ele, contou-nos que
no Brasil são faladas cerca de 200 línguas, sendo 180 delas in-
dígenas. Em 2007, foi aprovada a Declaração das Nações Unidas
sobre os Direitos dos Povos Indígenas, depois de mais de 20
anos de negociações.
Ressaltamos a importância de valorizar as culturas in-
dígenas, de respeitar os povos originários, de preservar e am-
pliar as trocas interculturais e de compreender o lugar social
de onde cada adolescente fala e como o fortalecimento das
matrizes culturais é ponto de fortalecimento da identidade e da
saúde mental.
Adotar práticas interculturais, antes de qualquer coisa,
é estar aberto para olhar e ouvir. Só quando estamos abertos a
olhar e a ouvir conseguimos adotar uma postura de abertura crí-
tica de nós mesmos em favor do outro. Esse movimento propicia
a compreensão profunda dos diferentes mundos, dos diversos
campos de significados, das variadas formas de ser e estar no
mundo e dos múltiplos saberes, histórica e culturalmente cons-
tituídos.
Fonte: WikiMedia
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encerramento do módulo
Com base neste caso complexo, é importante ressaltar
que existem narrativas em disputa sobre a juventude. José pode
ser visto de forma simplista como um jovem negro, periférico e
entregador de delivery, sem que seja considerada a sua trajetória
como uma jovem liderança, que respeita e mantém as tradições
culturais de seu território.
Da mesma forma, Lucca, embora atravessado pelo ra-
cismo e pela transfobia, cotidianamente luta por mudanças que
parecem pequenas, mas que podem fissurar a intolerância es-
trutural.
Nesse contexto, Renata, que ainda vive tantas violências
e violações, resiste construindo seu corpo e seu nome e sonhan-
do com uma vida possível.
Acreditamos em um olhar sobre essas histórias que iden-
tifique e valorize as potencialidades desses jovens. A elaboração
de políticas públicas, via de regra, não inclui a participação ju-
venil. Um entendimento amplo sobre essas trajetórias reforça a
importância das políticas públicas e das instituições e de seus
agentes olharem para os desafios sem deixar de valorizar as múl-
tiplas vozes, identificando e visibilizando as potencialidades pre-
sentes nesses espaços.
No trabalho com adolescentes e jovens, acreditamos que
seja muito importante um olhar e uma escuta para cada um, res-
peitando sua singularidade e sua história, mas pensando que es-
ses uns podem fazer coletivos, que têm força política para mudar
o que precisa ser mudado, para que esses adolescentes e jovens
possam viver, e viver com dignidade!
Avaliamos que as ações que estimulem o potencial da ju-
ventude devam ser territorializadas e intersetoriais. Por exemplo:
• Ampliar redes intersetoriais de compromisso com a ju-
ventude;
• Buscar espaços ampliados para conversar com os jo-
vens sobre aspectos da vida;
• Instalar equipamentos múltiplos, como centros de ju-
ventude;
• Fomentar a participação juvenil nas ações de planeja-
mento e avaliação dos serviços;
• Propor educação entre pares, como a de jovens promo-
tores de saúde;
• Potencializar o acolhimento de adolescentes e jovens
nos diferentes serviços, reconhecê-los como sujeitos de
direitos e valorizar a autonomia juvenil.
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minicurrículo dAs autorAs
Cristiane de Freitas Cunha Grillo
Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas
Gerais (1989), Mestrado (1996) e Doutorado (2002) em Saúde da
Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Minas
Gerais e Pós-Doutorado pelo Hospital Clínic da Universidade de
Barcelona (2004) e pela Universidade Paris 8 Vincennes e Saint
Denis (2021). Professora Titular do Departamento de Pediatria da
Faculdade de Medicina da UFMG. Coordenadora dos Progra-
mas de Extensão Janela da Escuta e Brota: Juventude, Educa-
ção e Cultura. Presidente do Departamento de Adolescência da
Sociedade Mineira de Pediatria. Membro da Escola Brasileira de
Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise. Coordena-
dora do Observatório de Gênero, Biopolítica e Transexualidade
da Federação Americana de Psicanálise da Orientação Lacania-
na (FAPOL).
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minicurrículo DAS AUTORAS
Carmen Maria Raymundo
Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (1986), Mestrado em Serviço Social pela Universida-
de do Estado do Rio de Janeiro (2002), Especialização em His-
tória da África e do Negro no Brasil pela Universidade Cândido
Mendes (2007) e Especialização em Gênero, Etnia, Sexualidade
e Direitos Humanos pela Fiocruz (2017).
Desde o ano de 1994 é Assistente Social da Universidade do Es-
tado do Rio de Janeiro e Coordenadora do Programa de Saúde
do Trabalhador Adolescente, do Núcleo de Estudos da Saúde do
Adolescente, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Participou de cooperação técnica para estruturação das primei-
ras ações de Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde, para
eliminação do trabalho infantil e proteção do trabalhador ado-
lescente (2003 a 2009). Participou da cooperação técnica ao
Programa Caminho Melhor Jovem, da Secretaria de Estado de
Esportes, Lazer e Juventude (2013 a 2016) e coordenou oficinas
com jovens dos territórios de favelas, com Unidades de Polícia
Pacificadora, contemplados pelo programa.
Tem autoria em Módulos de autoapren-
dizagem para formação de equipes
multidisciplinares nas áreas de trabalho
infantojuvenil e saúde e interculturalida-
de, gênero e saúde de adolescentes e jo-
vens. Tem autoria no curso Juventudes
e Participação Social da Universidade
Aberta para o SUS (UNA-SUS).
Atualmente realiza as seguintes funções:
1) Coordenadora do Projeto Caminhos Abertos – Diálogos inter-
seccionais entre raça, religiosidade e saúde infantojuvenil reali-
zado pelo NESA em parceria com a Secretaria de Promoção da
Igualdade Racial (SEPPIR) e Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
2) Coordenadora Pedagógica na formação em Saúde do Ado-
lescente promovido pelo Núcleo de Estudos da Saúde do Ado-
lescente em parceria com o Departamento de Gestão Socioedu-
cativa.
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minicurrículo DAS AUTORAS
Luiza Buzgaib Martins
Assistente Social graduada pela Universidade Federal Fluminen-
se. Especialista em Serviço Social e Saúde pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, com ênfase em Saúde do Adolescente
pelo Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente. Atualmente
é Coordenadora de Eixo na formação em Saúde do Adolescente
promovidopeloNúcleodeEstudosdaSaúdedoAdolescenteem
parceria com o Departamento de Gestão Socioeducativa. Com-
põe a Equipe Técnica do Projeto Caminhos Abertos – Diálogos
interseccionais entre raça, religiosidade e saúde infantojuvenil,
também executado pelo NESA em parceria com a Secretaria de
Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Ademais, é Assistente
Social do Projeto Identidade – ambulatório de transdiversidades
do Hospital Universitário Pedro Ernesto.
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material de apoio
Título do material Adolescências: impasses e construções
Sinopse, resumo, contexto, referência
Trata-se de uma série de vídeos curtos produzidos pelo Programa de
Extensão Janela da Escuta da UFMG
Contribuições do material para o estudo do tema
Abordagem de temas como impasses das adolescências no campo da
saúde e educação, sexualidades, suicídio, cortes no corpo etc.
Link
https://www.youtube.com/playlist?list=PLl6cIaEsBeBSMw1wilmM40A-
CO1mhIARDv
Título do material Boas práticas do setor saúde para a erradicação do trabalho infantil
Sinopse, resumo, contexto, referência
OIT, 2009.
A publicação é resultado de uma parceria entre a OIT, a Coordenação Ge-
ral de Saúde do Trabalhador - COSAT do Ministério da Saúde, do Núcleo
de Estudos da Saúde do Adolescente - NESA da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro – UERJ.
Descreve exemplos de experiências bem sucedidas no Setor Saúde que
têm contribuído para a Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao
Trabalhador Adolescente no Brasil, com o intuito de conferir a necessária
visibilidade à importância de uma saúde pública que garanta o direito à
infância e à adolescência saudável no país.
Contribuições do material para o estudo do tema
Divulgar iniciativas potentes em âmbito nacional com vistas a contribuir
com a construção de ações para retirada de crianças em situação de
trabalho e para proteção de adolescentes trabalhadores.
Link
https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-
-brasilia/documents/publication/wcms_233585.pdf
1
2
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
42
material de apoio
Título do material
Gravidez na adolescência, iniciação sexual e gênero: perspectivas em
disputa
Sinopse, resumo, contexto, referência
Cristiane da Silva Cabral, Elaine Reis Brandão. Caderno de Saúde Públi-
ca, 2020.
O texto discute as diferentes perspectivas em disputa acerca do trato
sobre a gravidez na adolescência no Brasil. Propõe que políticas públi-
cas direcionadas à gravidez na adolescência devem ampliar o enfoque
abarcando ações direcionadas ao desenvolvimento de autonomia, esco-
larização, informação sobre saúde sexual e saúde reprodutiva e direitos
humanos.
Contribuições do material para o estudo do tema
Ratificar o entendimento da gravidez na adolescência numa sociedade
desigual, abordando a importância do cuidado e da compreensão das
adolescências como sujeitos de direitos em processo de aprendizado da
autonomia de si mesmos e das sexualidades.
Link
https://www.scielo.br/j/csp/a/WryX9xCMY5vwNwjM33pqbyb/?format=p-
df&lang=pt
3
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
43
material de apoio
Título do material
Atenção integral à saúde de adolescentes em situação de trabalho: lições
aprendidas
Sinopse, resumo, contexto, referência
ASMUS, et al. Ciência e Saúde Coletiva, 2005.
Este artigo apresenta a experiência do Programa de Saúde do Trabalha-
dor Adolescente (PSTA) do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente
da Uerj nas ações de ensino, assistência e extensão, articuladas através
de pesquisas multidisciplinares sobre as possíveis implicações do traba-
lho na saúde infantojuvenil.
Contribuições do material para o estudo do tema
Apresentar olhares multidisciplinares sobre as possíveis implicações do
trabalho na saúde infantojuvenil.
Link
https://www.scielo.br/j/csc/a/Y6qYVfHXG76LMpRm5wXKvQw/abstrac-
t/?lang=pt
Título do material Cartilha de Combate ao Racismo Institucional
Sinopse, resumo, contexto, referência
ABONG, 2020.
Esse material é fruto de ações empreendidas em uma organização da so-
ciedade civil com vistas à superação do racismo institucional no mundo
do trabalho.
Contribuições do material para o estudo do tema
Este material contempla discussão teórica sobre o racismo institucional e
aponta recomendações para instituições que pretendam ser antirracistas.
Link
https://abong.org.br/wp-content/uploads/2020/11/Cartilha-Racismo-Ins-
titucional.pdf
4
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
44
material de apoio
Título do material
Quatro experiências de protagonismo juvenil em escolas públicas e
particulares
Sinopse, resumo, contexto, referência
Correio do Estado, 24/10/2017
A reportagem relata experiências escolares para uma participação mais
ativa dos alunos. A revista Educação conversou com quatro escolas
(duas da rede privada e duas da rede pública) que vivenciam isso na
prática.
Seja com a simples criação de oportunidades para que os alunos desen-
volvam seus próprios projetos, seja com um sistema totalmente democrá-
tico, são experiências que buscam estimular e fortalecer a autonomia dos
alunos, tornando-os mais ativos e responsáveis no processo de aprendi-
zagem.
Contribuições do material para o estudo do tema
Contribuir com o conhecimento de experiências potentes de
participação juvenil no âmbito escolar.
Link
https://www.correiodoestado.com.br/economia/profissoes/quatro-expe-
riencias-de-protagonismo-juvenil-em-escolas-publicas-e/314003/
6
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
45
Título do material Cabeça de Porco
Sinopse, resumo, contexto, referência
ATHAYDE, Celso, MV Bill e Luiz Eduardo Soares. Rio de Janeiro: Objetiva,
2005.
O livro relata e analisa a violência urbana originada do tráfico de drogas,
com dados apresentados baseados em pesquisas, entrevistas e filma-
gens feitas por todo o Brasil.
Contribuições do material para o estudo do tema
O livro traz crônicas que ajudam o leitor a compreender as nuances do
racismo no cotidiano, em especial a partir da visão dos jovens negros.
Somadas aos dados que apresenta, torna-se uma leitura fundamental
para aqueles que trabalham com jovens.
Link
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGR-
vbWFpbnxwc2ljb3ZscHJ1ZGVudGUyMDE1fGd4OjIyMmE1MmE2MzRlN-
jUzN2Y
7
material de apoio
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
46
Título do material Vista minha pele
Sinopse, resumo, contexto, referência
Filme de direção de Joel Zito Araújo, 2011.
A partir de uma paródia da realidade brasileira, o curta parte para proble-
matizar as questões do racismo e preconceito. Na história, os negros são
a classe dominante e os brancos foram escravizados. Maria, uma garota
branca e pobre que estuda em um colégio particular no qual sua mãe é
faxineira, convive com algumas atitudes hostis por sua cor e condição so-
cial; a garota tem que passar por alguns enfrentamentos quando decide
concorrer ao concurso de Miss Festa Junina de sua escola.
Contribuições do material para o estudo do tema
Problematizar as expressões cotidianas do racismo na socialização de
adolescentes negros.
Link https://www.youtube.com/watch?v=FRq4fkkm5Iw
Título do material Frutos do Brasil – Histórias de mobilização Juvenil
Sinopse, resumo, contexto, referência
ONG Aracati. Jornalista Neide Duarte, 2019.
Como será que os jovens se organizam para interceder em suas comu-
nidades? Com o objetivo de responder a essa pergunta e visibilizar a
atuação da juventude, o Projeto Frutos do Brasil – Juventude em Debate,
abriu uma consulta pública para que os autores de diversas ações pudes-
sem mostrar o seu trabalho. A partir do material, a jornalista Neide Duarte
escreveu um livro e produziu o documentário que tem como eixo central
a mobilização juvenil em prol do desenvolvimento territorial.
Contribuições do material para o estudo do tema
Divulgar experiências de organizações juvenis em prol de suas
comunidades.
Link https://www.youtube.com/watch?v=Qi8Rwp4Sdr0
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material de apoio
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Título do material Diz aí – parte 1
Sinopse, resumo, contexto, referência
Canal Futura, 2011
Neste programa os jovens falam o que pensam sobre diversos temas:
cidade, família, cultura e democracia, educação e mídia.
Contribuições do material para o estudo do tema
Apresentar elaborações juvenis sobre temáticas estruturantes das
relações sociais contemporâneas.
Link
https://www.youtube.com/watch?v=PmozPqRXcfQ&list=PLNM2T4DNz-
mq5fNbCGK9hBFtPYnvJMImCG&index=2
Título do material Diz aí: Enfrentamento ao extermínio da juventude negra
Sinopse, resumo, contexto, referência
Canal Futura, 2013.
O enfrentamento ao extermínio da juventude negra é a principal temática
do documentário. A partir da questão, “O problema do Brasil é social ou
racial?”, a produção convida jovens a falarem sobre suas experiências e
opinarem sobre quais seriam as ações cabíveis para combater a violência
e contribuir com a diminuição das altas taxas de homicídio que vitimizam
os jovens brasileiros, sobretudo, os negros.
Contribuições do material para o estudo do tema Compartilhar as elaborações juvenis sobre a temática da violência.
Link
https://canaisglobo.globo.com/assistir/canal/diz-ai-enfrentamento-ao-ex-
terminio-da-juventude-negra/t/ZkczbGQpDT
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material de apoio
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
48
Título do material Hoje eu quero voltar sozinho
Sinopse, resumo, contexto, referência
Filme de Daniel Ribeiro, 2014
O premiado filme traz à tona questões relevantes como o despertar da
sexualidade, autonomia na adolescência, relações familiares, deficiência
física, amizade, homossexualidade e amor.
Contribuições do material para o estudo do tema
Subsidiar debates sobre o universo da descoberta da sexualidade na
adolescência e sua vivência por jovens com deficiência.
Link https://www.facebook.com/watch/?v=567799810629752
Título do material Vestido nuevo
Sinopse, resumo, contexto, referência
Sergi Pérez, 2008.
Com apenas 13 minutos de duração, o curta traz à tona como o ambiente
escolar possui um papel fundamental e formador, nas questões de gê-
nero, em destaque, para as pessoas transgêneros. Mostra, ainda, a forma
diferente como adultos e crianças lidam com a questão.
Contribuições do material para o estudo do tema
Contribuir com o reconhecimento da escola como local importante para
discussão das múltiplas expressões de gênero.
Link https://www.youtube.com/watch?v=ktCXZg-HxGA
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material de apoio
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Título do material Todo Jovem tem o Direito à Participação.
Sinopse, resumo, contexto, referência
Secretaria Nacional da Juventude, 2014.
O vídeo fala sobre o direito à participação juvenil, de acordo com o que
preconiza o Estatuto da Juventude.
Contribuições do material para o estudo do tema
Contribuir para o (re)conhecimento do direito à participação inscrito no
Estatuto da Juventude, como uma conquista da juventude brasileira.
Link
https://www.youtube.com/watch?v=w2vV_D4iD68
https://www.youtube.com/watch?v=vJbWUvYydEg
Título do material Rap do Silva
Sinopse, resumo, contexto, referência
Mc Rob Bum, 1996.
A música conta a história de Ronaldo, personagem fictício que repre-
senta bem a vida de diversos jovens moradores da periferia. O som é um
grande hit que já rendeu até livro, chamado “Era só mais um Silva“, lan-
çado em 2014, e também um documentário “Bob Rum: A história de um
Silva“, que traz depoimentos de Buchecha, Mr. Catra, Marcinho, Naldo e
outros.
Contribuições do material para o estudo do tema Divulgar questões importantes da socialização da juventude periférica.
Link https://www.youtube.com/watch?v=vlZ9MGgC1NI
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material de apoio
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
50
Título do material Terra de Gigantes
Sinopse, resumo, contexto, referência
Composição de Humberto Gessinger, Engenheiros do Hawaii, 1987.
A música traz a visão de um jovem de sua época (anos 80) tomando
consciência de sua vida e sua existência dentro da sociedade, trazendo
expressões da complexidade dos desejos e percepções que podem
passar por mudanças nessa fase da vida.
Contribuições do material para o estudo do tema
A música pode ajudar aqueles que trabalham com jovens a se
reaproximarem das inquietações que fazem parte do processo do
adolescer e da juventude.
Link https://www.youtube.com/watch?v=4jRVaN520wM
16
material de apoio
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
51
Título do material
1 - De gravata e unha vermelha (Precisa ser adquirido no YouTube)
2 - Amarelo - é tudo para ontem (Precisa ser adquirido no Netflix)
Sinopse, resumo, contexto, referência
1 - Filme dirigido por Miriam Chnaiderman, 2015.
O filme traz entrevistas com diversas personalidades que, em suas
histórias de vida, colocaram em perspectiva o modelo de identificação
binário homem/mulher, e questionaram os estereótipos construídos para
cada um dos sexos. A discussão proposta pelo premiado documentário
brasileiro, da psicanalista Miriam Chnaiderman joga luz sobre a temática
LGBTQIA+.
2 - Emicida, 2021.
Neste filme documentário, o artista Emicida leva as suas rimas e os suces-
sos de Amarelo para o palco do Theatro Municipal de São Paulo em uma
noite histórica.
Contribuições do material para o estudo do tema
1 - Compartilhar elaborações que contribuam para maior conhecimento
do universo LGBTQIA+ com vistas a desconstrução de visões
estereotipadas e estigmatizadas.
2 - Apreender os significantes da ascensão da arte popular, sobretudo,
de ritmos periféricos como o rap localizado na história. Reconhecer seu
potencial político e referencial para jovens.
Link
1 - https://www.youtube.com/watch?v=bkNIdhOhLqI
2 - https://www.netflix.com/br/title/81354431
17
material de apoio
Realização
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Saúde da Criança

  • 1. Autoras Cristiane de Freitas Cunha Grillo Carmen Maria Raymundo Luiza Buzgaib Martins Organizadoras Rita Maria Lino Tarcia Sílvia Helena Mendonça de Moraes Débora Dupas Gonçalves do Nascimento ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES NA CONTEMPORANEIDADE: DIFERENTES PERSPECTIVAS, DIVERSIDADES, ASPECTOS ÉTNICOS E CULTURAIS
  • 2. CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE ADOLESCENTES E JOVENS Autoras Cristiane de Freitas Cunha Grillo Carmen Maria Raymundo Luiza Buzgaib Martins Organizadoras Rita Maria Lino Tarcia Sílvia Helena Mendonça de Moraes Débora Dupas Gonçalves do Nascimento ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES NA CONTEMPORANEIDADE: DIFERENTES PERSPECTIVAS, DIVERSIDADES, ASPECTOS ÉTNICOS E CULTURAIS
  • 3. 23-144533 CDD-362.21 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Grillo, Cristiane de Freitas Cunha Adolescências e juventudes na contemporaneidade [livro eletrônico] : diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais / Cristiane de Freitas Cunha Grillo, Carmen Maria Raymundo, Luiza Buzgaib Martins ; organização Rita Maria Lino Tarcia, Sílvia Helena Mendonça de Moraes, Débora Dupas Gonçalves do Nascimento. -- Campo Grande, MS : Fiocruz Pantanal, 2023. PDF Bibliografia. ISBN 978-85-66909-40-1 1. Comunidade e etnia 2. Cultura - Aspectos sociais 3. Diversidade 4. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 5. Jovens - Aspectos sociais 6. Jovens - Direitos I. Raymundo, Carmen Maria. II. Martins, Luiza Buzgaib. III. Tarcia, Rita Maria Lino. IV. Moraes, Sílvia Helena Mendonça de. V. Nascimento, Débora Dupas Gonçalves do. VI. Título. Índices para catálogo sistemático: 1. Adolescentes : Política de saúde mental : Bem-estar social 362.21 Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415
  • 4. © 2022. Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF. Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul. Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução, disseminação e utilização dessa obra, em parte ou em sua totalidade, nos Termos de uso do ARES. Deve ser ci- tada a fonte e é vedada sua utilização comercial. UNICEF Representante Interina Paola Babos Coordenação do Programa de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes Mário Volpi Coordenador Programa de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes Gabriela Mora Joana Fontoura Luiza Leitão Rayanne França Oficiais do Programa Daniela Costa Higor Cunha Marina Oliveira Thaís Santos Consultores do Programa Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz Mario Santos Moreira Presidente em exercício Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul – Fiocruz MS Jislaine de Fátima Guilhermino Coordenadora Coordenação de Educação da Fiocruz MS Débora Dupas Gonçalves do Nascimento Vice- coordenadora de Educação Secretaria-Executiva da Universidade Aberta do SUS – UNA-SUS Maria Fabiana Damásio Passos Secretária-executiva Fundação Oswaldo Cruz Mato Grosso do Sul (Fiocruz MS) Rua Gabriel Abrão, 92 – Jardim das Nações, Campo Grande/MS CEP 79081-746 Telefone: (67) 3346-7220 E-mail: educacao.ms@fiocruz.br Site: www.matogrossodosul.fiocruz.br CRÉDITOS Coordenação Geral Débora Dupas Gonçalves do Nascimento Sílvia Helena Mendonça de Moraes Coordenadora Acadêmica Geral Léia Conche da Cunha Coordenadora Pedagógica Geral Rita Maria Lino Tarcia Coordenadora Acadêmica do Módulo Eloisa Grossman Coordenadora Pedagógica do Módulo Ewângela Aparecida Pereira Autoras Carmen Maria Raymundo Cristiane de Freitas Cunha Grillo Luiza Buzgaib Martins (co-autora) Revisora Técnico-científica Alessandra Silva Xavier Apoio técnico-administrativo Antonio Luiz Dal Bello Gasparoto Adriana Carvalho dos Santos Coordenador de Produção Marcos Paulo dos Santos de Souza Designer Instrucional Felipe Vieira Pacheco Webdesigner Stephanie Oliveira Moraes Silva Designers Gráficos Hélder Rafael Regina Nunes Dias Renato Silva Garcia Desenvolvedor David Carlos Pereira da Cunha Desenvolvedores AVA MOODLE Luiz Gustavo de Costa Vinicius Vicente Soares Editor de Audiovisual Adilson Santério da Silva lustrador Kelvin Rodrigues de Oliveira Revisor Davi Bagnatori Tavares
  • 5. Apresentação do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . CONCEITUANDO ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . TRABALHO E JUVENTUDES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E QUANDO A VIOLÊNCIA VEM DE ONDE ESPERAMOS PROTEÇÃO? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . JUVENTUDES E TERRITÓRIOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SEXUALIDADES, GÊNEROS E AFETOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . JOVENS COM DEFICIÊNCIA, DIREITOS E EQUIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: DISCUTINDO MATERNIDADES E PATERNIDADES JUVENIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . CONVERSANDO SOBRE FAMÍLIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES: SINGULARIDADES E DIVERSIDADES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Encerramento do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Minicurrículo das autoras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Material de apoio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 9 11 13 16 17 24 26 30 33 34 35 38 41 SUMÁRIO
  • 6. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 6 apresentação do módulo Você considera possível pensar em um único jeito de ser adolescente? Fonte: Freepik As adolescências e as juventudes brasileiras vêm con- quistando um novo olhar nas últimas décadas. A Constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), o Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013) e a definição dos instrumentos legais de proteção a essa população repre- sentam grandes avanços para o reconhecimento e a garantia dos direitos juvenis. Indicam a necessidade de compreensão das diversidades desses grupos populacionais e a criação de condições necessárias para a plena realização de suas poten- cialidades. Neste módulo, abordaremos alguns dos principais te- mas que envolvem as juventudes contemporâneas e que de- verão ser considerados pelas equipes multidisciplinares nas intervenções realizadas em muitos contextos por diferencia- dos setores. Convidamos você a conhecer as histórias de três jo- vens moradores de um mesmo território e protagonistas de di- ferentes trajetórias. Por meio dessas narrativas, reafirmamos o entendimento das adolescências e das juventudes como pro- cessos complexos, plurais e heterogêneos de emancipação. A pluralidade do conceito de adolescência abrange as pecu- liaridades existentes nas várias regiões do país, nos territórios rurais e urbanos, assim como nos diferentes gêneros, raças, etnias e classes sociais. De acordo com Novaes (2007), os modos de vida pro- porcionados à juventude em nossa sociedade criam o pano de fundo que influencia a adoção de suas práticas cotidianas. Se pensarmos nos jovens do século XXI, podemos constatar que eles vivem em um mundo globalizado, mas com profun- das desigualdades sociais. Conforme vimos no caso comple- xo, a condição juvenil pode ser vivida de forma desigual e di- versa, ainda que em um mesmo território, devido a diferenças de raça, etnia, gênero, orientação sexual, inserção no mercado de trabalho, configurações familiares etc. Nesse contexto, existem situações diferenciadas de vulnerabilidade juvenil. Não podemos, portanto, homogenei- zar a categoria juventude. Em cada tempo e lugar, fatores his- tóricos, estruturais e conjunturais determinam as vulnerabilida- des e as potencialidades das juventudes. Assim, é fundamental refletir sobre questões ligadas às novas configurações familiares, às identidades de gênero e orientações sexuais, às violências, à desigualdade de direitos e oportunidades, à gravidez na adolescência, ao trabalho, en- tre tantos outros aspectos.
  • 7. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 7 Falamos em adolescências e juventudes no plural por considerarmos a diversidade dessas experiências no Brasil. Se a puberdade é um fenômeno biológico e universal, as adoles- cências e juventudes são experiências sócio e culturalmente construídas. O que você pensa sobre ser adolescente e jovem em uma cidade grande, em um município pequeno, na zona rural, nas comunidades indígenas, quilombolas etc.? Você co- nhece adolescentes e jovens que vivem essas experiências diversas? Neste módulo, falaremos também da puberdade, que invade o corpo da criança, provocando às vezes um sentimen- to de estranheza. O conceito de puberdade está ligado às mo- dificações hormonais que podem começar a partir dos oito anos nas meninas e nove anos nos meninos e provocam au- mento das mamas, dos pelos, dos testículos e do pênis. Nes- sa fase, o crescimento acelera – é o que chamamos estirão da puberdade. Nesse momento, ocorre, também, um intenso proces- so de maturação cerebral. Até o século passado, acreditava-se que o cérebro finalizasse seu processo de desenvolvimento aos 10 anos de idade. Hoje, sabemos que isso acontece além do período definido como adolescência, especialmente a possibilidade de controlar os impulsos e de planejar decisões. Iremos abordar também as adolescências e juventu- des, sempre no plural, porque são muitas experiências e muito diversas. Raça, etnia, gênero, orientação sexual, território etc. marcam profundamente cada adolescência e juventude. Para falar de adolescentes e jovens, é fundamental fa- lar das famílias e dos territórios. Vamos indicar algumas leitu- ras, filmes, músicas, entre outros materiais, ok? Veja na lista de referências o que você vai ler, ver ou ouvir! Vamos pensar em quantas famílias diferentes umas das outras você conhece? E em quantos lugares e modos de viver existem? Agora que você já conhece os rumos da nossa prosa, fica uma dica: cada adolescente ou jovem é único! As receitas prontas não dão conta da singularidade das pessoas. Por esse motivo, nossa proposta é de conversarmos e trocarmos ideias, não fornecer um guia de como você deverá atuar. Saiba mais Despertou seu interesse em conhecer mais sobre a puberdade? Siga explorando o tema Saúde do adolescente, clicando no ícone ao lado. Esse e-book trata da saúde de adolescentes e aprofunda as questões sobre puberdade e adolescência. clique e acesse
  • 8. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 8 Estamos juntos aprendendo a melhor forma de nos aproximarmos dos adolescentes e jovens. Você concorda que, na hora de “se abrir”, é necessário escolher bem com quem falar? Sabemos da importância de uma escuta atenta, inte- ressada e desprovida de preconceitos. A lealdade e a possibi- lidade de compartilhar segredos e dúvidas são fundamentais. Nas sociedades contemporâneas, as pessoas experimentam novas formas de relacionamento por meio das redes sociais e de outras tecnologias de comunicação, tanto no mundo real como no virtual. Estar junto dos adolescentes e dos jovens é reconhecer o potencial criativo e a pujança de vida e, acima de tudo, não menosprezar as questões que os preocupam e que lhes trazem sofrimento.
  • 9. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 9 CONCEITUANDO ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES Por falar em adolescentes e jovens, que tal conceituar- mos ADOLESCÊNCIA e JUVENTUDE? Na atualidade, o Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013) oficializou a juventude como categoria que congrega pessoas com idades entre 15 e 29 anos. A Política Nacional de Juventude (BRASIL, 2006) considera adolescentes-jovens pessoas entre 15 e 17 anos, jovens-jovens as pessoas que estão entre 18 e 24 anos e jovens-adultos as que estão entre 25 e 29 anos. Existem diferentes definições de adolescência e juventu- de, mas é importante ressaltar que o entendimento da adoles- cência enquanto um período particular da vida, situado entre a infância e a vida adulta, é recente na história da humanidade. O conceito de adolescência é cultural, pois a forma como cada so- ciedade interage com os jovens é particular e está inserida em contextos socioculturais e históricos. Nesse sentido, é importan- te lembrar que a categoria adolescência emerge no século XIX, quando há uma importante mudança na sociedade: a passagem de uma experiência coletiva para o fortalecimento do espaço privado e da família. Esse movimento inspirou a necessidade de proteger as crianças e os jovens e deu destaque aos colégios como instituições essenciais da sociedade. Crianças e adoles- centes passaram a frequentar as escolas, destinadas a indivíduos de 10 a 25 anos, sob a influência de especialistas adultos e práti- cas pedagógicas que enfatizavam a formação moral, religiosa e intelectual. Esse grupo populacional apresenta um padrão de mor- bimortalidade – isto é, de adoecimento e morte – com caracte- rísticas específicas. Apesar das diferenças observáveis entre os diversos países, entre as Regiões do Brasil, estados, municípios e suas culturas locais, podemos dizer que, em linhas gerais, os jovens adoecem e morrem por causas externas e evitáveis. Será que nossos serviços têm atentado para essa particularidade? Se sim, como alcançar a juventude com vistas à prevenção desses agravos e promoção de suas condições de vida? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007), a adolescência vai dos 10 aos 20 anos incompletos. Já no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. 8069, de 1990, ela inicia aos 12 e termina aos 18 anos. Pelo Código Civil Brasileiro, atinge-se a maioridade aos 18 anos, entretanto é permitido votar a partir dos 16 anos. Fonte: Freepik
  • 10. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 10 Você já havia pensado sobre isso? Em seu cotidiano, você conhece jovens que adoeceram ou morreram devido a causas externas1 (acidente, homicídio, suicídio, enchente, afogamento, envenenamento etc.)? Você já participou de algum movimento organizado para a promoção da saúde e prevenção de agravos? Ainda sobre as causas externas de mortalidade entre os jovens, os acidentes de trânsito relacionados com o trabalho têm, atualmente, uma taxa alta de ocorrência. Você já pensou na relação entre trabalho e acidentes de trânsito? É sobre o que va- mos conversar a seguir. 1 Sobre a morte juvenil por causas externas, o Atlas da Violência tem sido um referencial importante. Na seção sobre violências e juventudes, apresentaremos os dados mais recentes.
  • 11. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 11 TRABALHO E JUVENTUDES Já reparou como na paisagem contemporânea tem sido muito comum nos depararmos com adolescentes e jovens em motocicletas, bicicletas e até mesmo a pé carregando mochilas de entrega? Na verdade, ainda conhecemos pouco seus cotidia- nos de trabalho, possíveis situações de risco à saúde e, em es- pecial, de que forma interpretam o trabalho e a si mesmos como trabalhadores. Proposição Feedback positivo: Feedback orientador: Você avalia que o trabalho possa ter implicações na saúde juvenil? Você já pensou que existe uma possível relação en- tre a experiência de trabalho na adolescência e na juventude e o aproveitamento escolar, a necessidade de tempo livre e a convivência familiar e comunitária? Arealidadedotrabalhojuvenililustraque,apesardosdireitos assegurados pelo arcabouço jurídico-legal, ainda são pou- cos ou inexatos os dados conhecidos acerca da ocorrência de doenças e acidentes de trabalho neste grupo populacio- nal, assim como das situações de risco à saúde às quais as pessoas desse grupo estão expostas durante as experiên- cias de trabalho de que participam. Uma maior aproximação com a diversidade dos universos ju- venis no Brasil tem no tema trabalho uma mediação da maior importância, pelos possíveis impactos originados por esta experiência, na qualidade de vida deste grupo populacional. É fundamental aferir se os jovens com os quais trabalhamos estão inseridos em atividades de trabalho. ?
  • 12. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 12 De acordo com Novaes (2007), ser jovem é viver uma con- traditória convivência entre as normas e valores familiares e sociais e, ao mesmo tempo, grandes expectativas de emancipação. Os jovens do século XXI vivem uma experiência geracional em co- mum e historicamente inédita: a aceleração da globalização e o agravamento das desigualdades. Assim, as características do tem- po contemporâneo compreendem: as mudanças tecnológicas do mundo do trabalho (mutante e restrito), maior violência simbólica e física, além da evidência dos riscos ecológicos. Esses marcadores relacionam-se com a vivência contemporânea juvenil, caracteriza- da por múltiplas entradas e saídas do mundo do trabalho e da es- cola. Temos uma juventude com escolaridade cada vez maior em relação às gerações anteriores, mas, por outro lado, o mundo do trabalho não tem correspondido a esse novo patamar de escolari- dade. Isso tem gerado entre os jovens o medo “de sobrar”. Conforme vimos nas histórias de José Ribamar e de seus amigos, apesar de a Lei no 12.009 (BRASIL, 2009) regulamentar serviços como mototaxista e motoboy, sabemos, pelo Ministério da Saúde (GIANNINI, 2018), que os motoboys são os que mais sofrem acidentes. Porém, esses acidentes, que por vezes trazem consequências sérias, não são considerados acidentes de tra- balho, e sim acidentes de trânsito. Esse fato mascara quanto as formas de trabalho contemporâneas podem representar riscos à saúde juvenil, assim como a ausência de direitos trabalhistas e previdenciários (RAYMUNDO; VEIGA, 2013). Orientações impor- tantes sobre essa temática podem ser encontradas no Módulo de autoaprendizagem sobre Saúde e Segurança no trabalho In- fantil e Juvenil, organizado pela Organização Internacional do Trabalho (2007). Esse contexto tem significado, sobretudo, para jovens das camadas populares, jovens negros, jovens LGBTQIA+ e mulheres, que habitualmente se inserem precocemente no mundo do trabalho informal e sem garantia de direitos. Saiba mais Vamos ver um curta que aborda o cotidiano, asdificuldades,osmedoseossonhosdemo- toboys que circulam na cidade de São Pau- lo? Clique no ícone, faça seu cadastro e assis- ta ao vídeo. Nele é possível identificar alguns problemas apresentados em nosso caso de estudo: os acidentes, a ausência de direitos, a violência a que estão submetidos e o preconceito. Os acidentes de trabalho não são as únicas causas externas de morbimor- talidade entre os jovens. Há também uma preocupação muito elevada com a violência, assunto que merece nossa atenção e que iremos agora saber um pouco mais! Fonte: WikiMedia clique e acesse
  • 13. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 13 E QUANDO A VIOLÊNCIA VEM DE ONDE ESPERAMOS PROTEÇÃO? Nos relatos dos jovens, também chamaram a atenção al- guns episódios de violência perpetrados por agentes públicos. Você sabia que existe um conceito para nomear essas situações? Estamos falando da violência institucional, que pode ser observada nas práticas discriminatórias em razão de diferen- ças de território, gênero, raça, etnia, orientação sexual e religião, que são terreno fértil para a ocorrência desse tipo de violência. Zizek, um intelectual da Eslovênia, em seu livro Violência (2014), propõe uma distinção entre agressão e violência. Habi- tuamo-nos a pensar que só há violência quando há agressivida- de, entretanto esse autor discute que há dois tipos de violência: subjetiva e objetiva. A subjetiva é visível e a objetiva, invisível. Para ele, a violência subjetiva é aquela exercida pelos agentes sociais, pelos indivíduos maléficos, pelos aparelhos re- pressivos do Estado e pelas multidões fanáticas. A violência sub- jetiva, por ser mais facilmente identificada, pode desviar a aten- ção das outras formas de violência que estariam acontecendo. A violência objetiva se divide em duas modalidades: vio- lência sistêmica e violência simbólica. A violência sistêmica, apoia- da pelas relações sociais, políticas e econômicas, sustenta laços de dominação e exploração. Essa forma de violência é invisível e pode utilizar o poder político, econômico ou midiático para se consolidar. Já a violência simbólica está encarnada na linguagem e em suas formas, impondo um certo universo de sentido. As vio- lências sistêmica e simbólica constituem um ciclo no qual uma sustenta a outra em um decurso imperceptível e dissimulado. No caso complexo, identificamos uma violência subjetiva, explícita, no relato de Renata, que foi expulsa de casa, de alguma forma da escola e trabalhava na exploração sexual comercial. A violência institucional é aquela praticada pela ação e/ ou pela omissão das instituições prestadoras de servi- ços públicos, como hospitais, postos de saúde, escolas, delegacias, Judiciário, entre outras, no exercício de suas funções. É perpetrada por agentes que deveriam garantir atenção humanizada, preventiva e reparadora de danos. Violência Subjetiva - Violência Objetiva - A violência sistêmica pode ser vista no trabalho preca- rizado de José e na falta de acesso aos banheiros na escola de Lucca. A violência simbólica surge na fala da Renata quando ela conta que seu nome so- cial não foi respeitado no centro de saúde.
  • 14. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 14 As violências incidem sobre as vidas dos jovens sob a for- ma de genocídio, de extermínio violento, mas também de segre- gação, evasão escolar, sofrimento psíquico etc. RACISMO Com relação especificamente às práticas discriminatórias que têm como base o racismo, a médica Jurema Werneck, ativis- ta do movimento de mulheres negras e doutora em Comunica- ção e Cultura, alerta-nos que, no nosso país, elas se manifestam de forma institucional, seja na forma de exclusão, prioridades ou metas de realização das diversas instituições sociais, nas áreas da educação, do mercado de trabalho, da política, da segurança pública, da esfera privada e, também, da saúde. Vamos discutir mais sobre o racismo! Você conhece os dados sobre violência contra jovens negros no Brasil? Veja o que os autores do Atlas escreveram na página 27: Vidas ceifadas, sonhos não sonhados, amores e dores não vividos. A banalização dessas mortes violentas, também um sinto- ma do racismo, esvazia até o luto. É mais um... Como se esse um não contasse e não tivesse um nome, uma história, uma família, um lugar onde morava, um amigo e um possível futuro, que foi destruído. Um jovem bacana como o nosso José Ribamar, um so- nhador, um líder, é também um suspeito, um alvo dessa violência que marca nosso país. O problema é enorme, não é mesmo? Porém, não pode- mos deixar de destacar que os jovens vêm elaborando formas de resistência, ainda que elas nem sempre sejam percebidas e valo- Saiba mais Vamos ver os dados do Atlas da Violência de 2021? É só clicar no ícone ao lado. Esse documento, entre outros dados, traz infor- mações sobre a violência contra as pessoas negras. Com efeito, no Brasil a violência é a principal causa de morte dos jovens. Em 2019, de cada 100 jovens entre 15 e 19 anos que morreram no país por qualquer causa, 39 foram vítimas da violência letal. Entre aqueles que possuíam de 20 a 24, foram 38 vítimas de homicídios a cada 100 óbi- tos e, entre aqueles de 25 a 29 anos, foram 31. Dos 45.503 homicídios ocorridos no Brasil em 2019, 51,3% vitimaram jovens entre 15 e 29 anos. São 23.327 jovens que tiveram suas vidas ceifadas prematuramente, em uma média de 64 jovens assassinados por dia no país. clique e acesse
  • 15. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 15 rizadas em sua potencialidade. Lembra-se de como foi bacana o encontro entre José, Lucca e Renata? Ali existe potência! Como bem interpretam Coimbra e Nascimento, os jovens periféricos: teimam em continuar existindo, apesar de tudo; suas resistências se fazem cotidiana- mente, muitas vezes, percebidas como frag- mentadas, fora dos padrões reconhecidos como organizados e até mesmo como con- dutas antissociais, delituosas e, por isso, ‘pe- rigosas’ (COIMBRA; NASCIMENTO, 2005, p. 13). Os jovens negros são alvos do extermínio violento, do estigma, do lugar da suspeição. É importante verificarmos como as nomeações estigmatizantes afetam cada jovem e como eles criam e disseminam estratégias de sobrevivência. O racismo, conhecido por pessoas negras desde a mais tenra idade, pode gerar impactos de grande gravidade. Um estudo de Harvard (IDOETA, 2020) aponta quatro efeitos do racismo no cérebro e no corpo de crianças negras: um corpo em constante estado de alerta; maior chance de adquirir doenças crônicas ao longo da vida; assimetria no acesso à saúde e à educação; relações fami- liares atravessadas pelo racismo. A violenta experiência do ra- cismo afeta a socialização de adolescentes negros de múltiplas formas: no âmbito de sua saúde mental, expressa em altos índi- ces de depressão e suicídio; no direito à vida, tendo em vista os alarmantes números de jovens negros mortos por homicídio e de jovens mães negras e seus filhos vítimas de violência obstétrica; na construção de suas subjetividades e identidades diante de si- tuações de discriminação. Esses jovens exercem “resistência” em um território defi- nido, em um espaço em que os acontecimentos e fatos ocorrem, em que a existência se manifesta e a vida flui. Por isso, é muito importante conversarmos sobre território.
  • 16. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 16 JUVENTUDES E TERRITÓRIOS Conforme vimos no caso, é relevante observar a impor- tância do território para a socialização dos jovens. A quadrilha, por exemplo, constitui um patrimônio cultural que confere iden- tidade àqueles jovens. Dessa forma, o conceito de território tem um significado bem mais amplo do que uma mera delimitação espacial. O geógrafo Milton Santos nos ensina que o território é um organismo vivo, dinâmico: Devemos entender o território como o lugar onde se realizam todas as ações, paixões, poderes, forças e fraquezas; sendo ele o lu- gar onde a história do homem se realiza a partir da manifestação de sua existência [...]. O território é o fundamento do trabalho; do lugar da residência; das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida (SANTOS, 2007, p. 14). Partindo desse entendimento sobre território, é importan- te saber: • Quem são os jovens atendidos em seu serviço? • Em que territórios e contextos sociais estão inseridos? • Quais são os lugares, serviços e/ou instituições no terri- tório nos quais os jovens podem procurar ajuda? • Você avalia que existem espaços para as demandas tra- zidas pelos jovens? No trabalho realizado com jovens, a pesquisadora Ga- briela Calazans (2006) afirmou que as ações bem-sucedidas são “as que têm conseguido alargar a compreensão dos contextos de vida juvenil, sem se limitar à prevenção de comportamentos de risco” (CALAZANS, 2006, p. 37). E mais: os serviços precisam reconhecer os jovens como sujeitos autônomos, com os quais se pode e se deve dialogar. Conforme vimos no caso que inaugura este módulo, con- vidar os jovens para compor reuniões intersetoriais e escutar suas histórias é uma estratégia bastante interessante! Saber quem são, onde se reúnem nos territórios e quais são suas necessidades é um excelente ponto de partida para uma aproximação com os jovens. Chamá-los para a construção de ações, valorizar suas ex- periências pessoais e propor a participação criativa e o fortaleci- mento da autonomia dos jovens pode render ótimos frutos aos trabalhos desenvolvidos com esse grupo. Para o fortalecimento do protagonismo e autonomia dos jovens, sobretudo os adolescentes, conhecer mais sobre eles é fundamental, assim como estabelecer um diálogo afetivo e aco- lhedor. Vamos então saber um pouco mais sobre essa fase tão importante da vida?
  • 17. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 17 SEXUALIDADES, GÊNEROS E AFETOS Na adolescência, o corpo passa por diversas transforma- ções. Alguns adolescentes ficam em guerra permanente com a sua imagem. Passam horas na frente do espelho para identificar e pensar em formas de modificar o que os desagrada. Em algu- mas situações, fazem isso por não se identificarem com o gênero que sua imagem mostra; em outras, pressionados pelos padrões estéticos hegemônicos, acreditam que um caminho rápido para ser aceito e admirado pelo grupo seja ficar parecido com alguma figura pública de destaque: artista, atleta, blogueira etc. O mercado e a sociedade habitualmente fomentam pa- drões hegemônicos voltados para o consumo. Não é sem dificul- dade que cada adolescente e cada jovem constroem seu corpo e sua identidade fora desses padrões. Podemos avaliar, ainda, que a tentativa de criar padrões hegemônicos de gênero, de orientações sexuais, de identidades de gênero, estéticos, entre outros constitui estratégia de poder em uma sociedade fundada em desiguais relações sociais. Apesar de já percebermos algu- mas pequenas mudanças na sociedade, em geral, na TV e nas redes sociais, as mulheres são magras e têm cabelos lisos e os homens são altos e atléticos. A popularização das cirurgias plásticas e a procura desenfreada pelo corpo perfeito têm exposto vários ado- lescentes a riscos desnecessários e a uma série de frustrações, porque os re- sultados dessa busca nem sempre for- talecem a autoestima nem melhoram a aceitação social. Reflita sobre o sofrimento que surge quando acontecem as mudanças da puberdade, quando há discrepância entre o sexo biológico e a identidade de gênero com a qual a pessoa se identifica. Fonte: Freepik Fonte: Pixabay Fonte: Pixabay Fonte: Pixabay
  • 18. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 18 Conversando sobre sexualidade A sexualidade faz parte de um conjunto de temas que, quando discutidos, contribuem para o conhecimento de si e do outro. Viver a sexualidade de maneira responsável, com menos riscos e com respeito, é uma questão fundamental dos direitos humanos. Conversar sobre sexualidade possibilita o esclarecimento de dúvidas, perceber que a própria sexualidade não é esquisita e até mesmo alertar para a necessidade de procurar um profissional de saúde. É importante dizer que tudo que vivemos e sentimos acontece no nosso corpo. Assim, não é possível separar a sexualidade do corpo ou pensar o corpo sem considerar a sexualidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a se- xualidade não é sinônimo de relação sexual. A sexualidade refe- re-se a tudo aquilo que somos capazes de sentir e de expressar: A sexualidade faz parte da personalidade de cada um, é uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. Sexua- lidade não é sinônimo de coito (relação se- xual) e não se limita à ocorrência ou não de orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso, é a energia que motiva a encontrar o amor, contato e intimidade e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas, e como estas tocam e são tocadas. A sexuali- dade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, portanto, a saúde física e mental. Se saúde é um direito humano fun- damental, a saúde sexual também deveria ser considerada um direito humano básico (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1975, apud VIVENDO A ADOLESCÊNCIA, 2022). O que você entende por sexualidade? E gênero? O que é identidade de gênero? E papel e expressão de gênero? E orien- tação sexual? Para começarmos, é fundamental esclarecer que sexo e gênero são palavras que traduzem conceitos diferentes! De acordo com Matos (2015), sexo refere-se às caracte- rísticas físicas humanas relacionadas à materialidade do corpo, como órgãos sexuais, genoma, formato do corpo etc. Já o conceito de gênero passou a ser utilizado pelas ciên- cias sociais para o estudo de aspectos sociais nas identidades do que é ser masculino ou feminino, considerando-se o entendi- mento de que não existem determinações naturais para compor- tamentos propriamente masculinos ou femininos. Sexo Gênero - -
  • 19. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 19 Assim, entende-se que a forma como homens e mulheres devem se comportar vem sendo construída por meio de um in- tenso e complexo processo de aprendizagem sociocultural que define o que é prescrito para cada sexo, assim como para a homo e a heterossexualidade – frequentemente de forma assimétrica e, convém ressaltar, tendo como base a supremacia masculina e heterossexual (MATOS, 2015). Distinguindo esses conceitos, foi possível compreender que as definições do que é ser homem ou mulher são, na ver- dade, construções sociais e históricas, motivo pelo qual Scott (1998 apud MARTINS, 2021) afirma que gênero é uma categoria historicamente determinada para justamente tornar visível a dife- rença entre homens e mulheres. De acordo com Martins (2021, p. 16), “[...] é nesta esteira que são construídos e delimitados pa- péis sociais atribuídos ao masculino e ao feminino, sendo vistos com estranhamento e mesmo sendo oprimidos quaisquer com- portamentos que fujam à lógica socialmente padronizada”. Você conhece algum adolescente que se nomeia trans ou não binário? E adolescentes que se nomeiam homossexuais, bissexuais, assexuados? Nesse contexto, identidades trans podem abalar a estru- tura do senso comum e das racionalidades que associam sexo a gênero, confrontando esse entendimento! Para Martins (2021), a “transexualidade é uma experiência identitária, caracterizada pelo conflito com as normas de gênero” (BENTO, 2008, p. 18 apud MARTINS, 2021, p. 16). Já Almeida e Saiba mais Vamos assistir a um vídeo sobre sexualida- des na adolescência? Você reparou que o termo sexualidades está no plural? Vamos lá. É um vídeo bem curtinho, clique no íco- ne ao lado. Nesse vídeo podemos esclare- cer alguns pontos: Sexobiológico – masculino ou feminino (características ge- notípicas e fenotípicas) Papel sexual – determinada cultura considera como con- duta masculina ou feminina (é dinâmico – perspectiva de gênero) Orientação do desejo ou orientação sexual – homosse- xual, heterossexual ou bissexual (não depende de “esco- lhas conscientes”) Identidade sexual – quem acreditamos ser clique e acesse
  • 20. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 20 Murta (apud MARTINS, 2021) nos fazem pensar com a seguinte provocação: “para muitas/os o conflito existe, mas ele não é ne- cessariamente um conflito com as normas de gênero, mas sim com o gênero que foi imposto e com a impossibilidade de trânsi- to identitário” (ALMEIDA; MURTA, 2013, p. 386 apud MARTINS, 2021, p. 17). Você acha que a diversidade de gênero e de orientação sexual tem relação com a saúde e com a escola? Como vimos, o período da adolescência envolve comple- xas mudanças e elaborações sociais, comportamentais, físicas etc. Por isso, Não raro, neste período os/as jovens se en- tendem acerca de sua sexualidade e iden- tidade de gênero, identificando-se como heterossexuais, homossexuais, bissexuais, cisgêneros, não-binários, transexuais… Tal processo, senão devidamente acolhido e compreendido pelos serviços e profissionais pelos quais os/as adolescentes são assisti- dos, gera a agudização de angústias e refle- te na qualidade de vida e das necessidades de saúde destes jovens (GRANEIRO; MAR- TINS, 2019, p. 3). Proposição Você já pensou na importância do nome social? Vamos pen- sar no impacto para um adolescente de não ter o nome so- cial acolhido e respeitado na escola, no centro de saúde etc? Feedback positivo: Feedback orientador: Nome social é o modo como a pessoa se autoidentifica e é reconhecida, identificada, chamada e denominada na sua comunidade e no meio social, uma vez que o seu nome civil, isto é, seu nome de registro não reflete a sua identidade de gênero. Se considerarmos a grande evasão escolar por parte de tra- vestis e transexuais e portadores de outras identidades de gênero que estão em desacordo com seu registro, conce- der o nome social significa promover o acesso aos espaços educacionais (também de saúde e outros) a esses grupos histórica e sistematicamente marginalizados (https://www. ufsm.br/pro-reitorias/pre/observatorio-de-direitos-humanos/ nome-social/) Não acolher o nome equivale a não acolher a diferença, a diversidade. Estamos vendo aqui que cada adolescente é diferente do outro, cada um de nós tem a sua marca singular. Esse acolhimento pode definir o destino de um jovem, como vemos aqui com Lucca e Renata. ?
  • 21. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 21 No nosso caso complexo, você conheceu Lucca, jovem trans engajado que tem uma família que o apoia, que frequenta uma escola que tem ouvido algumas de suas demandas e que conversa com a rede de saúde. Conhecemos também Renata, adolescente trans que foi expulsa de casa, está fora da escola, vive em uma ocupação e trabalha na exploração sexual comercial. Infelizmente, histórias como a de Renata são comuns. Além da sexualidade, a violência relacionada às diversi- dades sexuais e de gênero também é outro assunto que precisa ser discutido. Afinal, vivemos em um país que lidera a estatística de mortes violentas contra pessoas trans e travestis. Vamos ler o que os autores escreveram na página 58 do Atlas: Saiba mais Esse assunto despertou seu interesse? Vamos ver o informe de 2022 da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (ANTRA) (BENE- VIDES, 2022)? É só clicar aqui. Esse informe traz informações sobre violências e assassinatos de travestis e transexuais brasileiras em 2021. Podemos ver também os dados da violência con- tra a população LGBTQIA+ no Atlas da Violência 2021. Esse estudo apresenta um diagnóstico da situação de distintas formas de violência na socie- dade brasileira. A violência contra pessoas LGBTQI+ no Brasil é um fenômeno histórico. Na dimensão simbólica, a violência opera ora pelo recurso ao holofote lançado sobre a ideia de um modelo único e compulsório de família nuclear, cis, hete- rossexual e biparental, que apaga as diversidades sexuais e de gênero (MELLO, 2006), ora pelo recurso aos estereótipos e estigmas que marcam LGBTQI+ como agentes desviantes, de contaminação e degeneração, recorrendo a discursos morais, sociais, biológicos, religiosos e médicos. Na dimen- são corporal, a violência se materializa na forma de abando- no, estupros “corretivos”, assassinatos e espancamentos. Ainda que diferentes, as violências corporais e simbólicas se sobrepõem, visando aniquilação, apagamento e silencia- mento de sexualidades e expressões de gênero dissidentes do modelo único cis hétero historicamente imposto no Bra- sil, que ganhou força recentemente com a ascensão de mo- vimentos moralistas anti-LGBTQI+ operados pela narrativa de suposta priorização da infância e da família (KALIL, 2020) (CERQUEIRA et al., 2021, p. 58). clique e acesse clique e acesse
  • 22. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 22 Dois gráficos ajudam a observar a incidência da violência contra a população LGBTQIA+, de acordo com raça/cor, eviden- ciando diferentes fatores que atribuem maiores graus de vulne- rabilidade. FIGURA 1 – BRASIL: PERFIL DE PESSOAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIAS, POR ORIENTAÇÃO SEXUAL, POR RAÇA/COR (2019) De acordo com os dados dispostos na Figura 1, pode-se observar que pessoas negras eram a maioria das vítimas. No que tange à diversidade de orientação sexual, considerando apenas a população negra, 55% das vítimas eram heterossexuais, 55% eram homossexuais e 54% eram bissexuais (CERQUEIRA et al., 2021). FIGURA 2 – BRASIL: PERFIL DE PESSOAS TRANS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIAS, POR RAÇA/COR (2019) De acordo com os dados dispostos na Figura 2, pode- -se observar que pessoas negras também são mais vulneráveis à violência relacionada à identidade de gênero: 58% das travestis, 58% das mulheres trans e 60% dos homens trans vítimas de vio- lência eram negros (CERQUEIRA et al., 2021) Nessa direção, as políticas públicas de focalização refina- da voltadas às intersecções entre gênero e raça são fundamen- tais para o enfrentamento das violências que atingem ambos os grupos. No entanto, pessoas trans negras têm necessidades que demandam ainda mais focalização.
  • 23. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 23 Você está estudando as relações entre raça, gênero, fa- tores sociais, econômicos, entre outros. As vulnerabilidades vão se entrelaçando e devemos pensar nessas intersecções para podermos enfrentar essas violências. A constituição de redes de cuidado intersetoriais é um importante fator de proteção para a saúde mental dos jovens mais vulneráveis. A criação de espaços de convivência e de vínculos entre as famílias e entre jovens é fundamental. Apesar de todos os avanços na construção e implemen- tação de políticas públicas, reconhece-se que o racismo e a intolerância religiosa persistem na sociedade brasileira. Essas duas dimensões das relações raciais no Brasil são, sabe-se, his- tóricas e, como afirmam muitos militantes do movimento negro e pesquisadores, assumem, na atualidade, novas formas e reinven- tam-se. Quando traçamos o perfil dos jovens que são diretamen- te atingidos pela violência urbana, podemos afirmar que, em sua grande maioria, são homens negros (“pretos” e “pardos”, segun- do a classificação do IBGE) com baixa escolaridade e moradores de periferia. Porém, também constitui fator de grande vulnerabi- lidade o pertencimento à população LGBTQIA+. Uma forma de violência institucional é não considerar as diversidades juvenis, que abrangem o cotidiano, a socialização e as necessidades dos jovens portadores de deficiências. O que podemos falar sobre as pessoas com deficiência? Como os adolescentes e jovens vivem as diversas deficiências? Você já pensou sobre isso? Vamos conversar um pouco mais so- bre esse assunto... Proposição São muitas as violências e muito complexas, já que estão en- trelaçadas. A violência na fala, no discurso, às vezes é sutil e se encontra tão naturalizada que não a chamamos de violên- cia. Você pensa em algum exemplo? Feedback positivo: Feedback orientador: Muitas crianças negras sofrem o racismo, que é chamado de bullying muitas vezes, velando a violência racial. É importan- te nomear a violência como tal, para poder enfrentá-la. É importante uma atenção constante para detectarmos em nós e no nosso trabalho as evidências, às vezes discretas, mas não menos violentas, do racismo, do machismo, da transfobia, da intolerância religiosa etc. Devemos ver e expli- citar as violações, violências, vulnerabilidades, mas sempre com um olhar para o outro que realce sempre sua potência. ?
  • 24. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 24 JOVENS COM DEFICIÊNCIA, DIREITOS E EQUIDADE Será que temos olhado para as pessoas com deficiên- cia e para as necessidades delas tentando enxergar além da deficiência? Para que efetivamente ocorra a inclusão dessas pessoas, é importante refletir sobre os conceitos de igualdade e equidade. Enquanto a igualdade pressupõe tratamento iguali- tário a todos, a equidade busca garantir que pessoas diferentes recebam tratamentos adequados às suas necessidades. Como exemplo, podemos refletir sobre as ações referentes à saúde se- xual e reprodutiva de pessoas com deficiência: em geral, famílias e profissionais estão despreparados para lidar com pessoas sob seus cuidados e orientá-las. Popularmente, considera-se que pessoas com deficiência tenham uma sexualidade incompleta, como reflexo de sua deficiência. Devemos sempre lembrar da potência, da dignidade e dos direitos de cada pessoa que vive uma deficiência, ressaltando a vida, a sexualidade e a liberdade. Os profissionais, suas estratégias e seus materiais educativos, em geral, não atendem a necessidade desse público nas questões de educação em saúde, em especial no caso de pessoas com deficiências sensoriais. É importante pensar nas diversas deficiências e no enfrentamento das violências e violações que as pessoas com deficiências sofrem. Vamos ver o que o Atlas da Violência 2021 tem a nos ensinar sobre isso: É muito importante um olhar atento e uma escuta qualificada para as pessoas que vivem com deficiências, mas também com potências e possibilidades! O conceito de pessoas com deficiência agrupa um conjunto de indivíduos com importantes diferenças, e aqui isso se traduz inicialmente em maiores taxas de notificações de violências contra pessoas com deficiência intelectual. As taxas de notificações são também superiores para as mu- lheres, independentemente do tipo de deficiência. O tipo de violência construído a partir da autoria presumida permi- te separar apenas os casos de violência interpessoal para a análise e, nestes casos, os dados indicam um maior registro de violência doméstica do que comunitária e institucional para qualquer tipo de deficiência. Os registros se concen- tram na faixa etária de 10 a 19 anos e em geral decaem gra- dativamente nas faixas seguintes. A violência mais frequente- mente registrada é a física, mas a violência sexual é frequente para mulheres. Por fim, compartilha-se aqui a compreensão de que a violência reforça a vulnerabilidade dessa popula- ção, pautada em processos de exclusão social, segregação, preconceito e estigmatização dos indivíduos que estão ca- racterizados por diferenças biológicas ou psicológicas, que são tomadas como desvios da normalidade e expressão de menor valia social. (Ministério da Saúde, 2020b, p. 3). Acres- cente-se que parte dessa violência, como as negligências, poderia ser prevenida com um aperfeiçoamento de políticas de cuidado (CERQUEIRA et al., 2021, p. 78-79).
  • 25. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 25 Ainda conversando sobre sexualidade e saúde reprodu- tiva, um tema bastante importante é a gravidez na adolescência, em virtude da prevalência, dos preconceitos que envolvem esse acontecimento e da importância de cuidado adequado nessa situação. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse assunto?
  • 26. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 26 Gravidez na adolescência: discutindo maternidades e paternidades juvenis Lendo o caso complexo, você conheceu Lia, adolescente que morava na mesma ocupação de Renata e que estava grávida. Você conhece alguma adolescente que vivenciou uma gravidez? E/ou um adolescente que se tornou pai? A gravidez na adolescência é uma questão complexa, não é? É uma discussão que geralmente vem acompanhada por muita preocupação! Isso acontece, sobretudo, porque, em geral, a gravidez na adolescência é tratada como problema de saúde pública e social, além de ser vista, de forma generalizada, como algo ne- gativo. Também existe a ideia de que adolescentes sempre são incapazes de lidar com ela! Ora, se pararmos para pensar... olharmos para a história... a verdade é que, em outros momentos da história, as pessoas constituíam famílias muito mais jovens, e as meninas tornavam- -se mães ainda bem novas! Também é certo que uma gravidez indesejada pode acontecer em diferentes fases da vida e ser di- fícil de lidar. Essa lembrança pode nos ajudar a observar como con- cepções de infâncias, juventudes e fases da vida em geral adqui- rem diferentes contornos ao longo do tempo! Assim, do mesmo modo que diferentes contextos sociais acompanham diferentes vulnerabilidades e potencialidades, podem definir infinitas possibilidades e significantes para a gra- videz na adolescência e juventude! Esteves (2003) e Catharino (2002), por exemplo, mostram que essa gravidez, muitas vezes, além de ser desejada pelas jovens e pelos jovens, desempenha um papel importante na vida psíquica e social deles. Nesse sentido, é válido mencionar que o próprio Minis- tério da Saúde já compreendeu que, embora a gravidez de ado- lescentes e jovens possa ser interpretada majoritariamente como um ‘evento-problema’ ou ainda como indesejável em muitas aná- lises e políticas, avaliamos ser mais adequado entendê-la como Saiba mais Vamos assistir a um vídeo bem curtinho no qual uma ginecologista fala um pouco sobre esse assunto? Vamos lá. Esse vídeo discute contracepção e adolescência na gravidez. Quando é possível uma jovem engravidar? Que tal conversar com outras pessoas sobre as vivências das suas adolescências e juventudes? - - clique e acesse
  • 27. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 27 um ponto de inflexão que poderá resultar uma multiplicidade de experiências de vida - por isto pode assumir diferentes significa- dos, ser também tratada de diferentes formas e apresentar dife- rentes desfechos (BRASIL, 2006 apud BRASIL, 2010). Ampliando esse enfoque, a sexualidade e a reprodução são dimensões fundamentais da saúde humana e pressupostos para a qualidade de vida e bem-estar físico, psicológico e social e para a satisfação e prazer. Pessoas jovens devem ser reconhe- cidas como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, que são afirmados como Direitos Humanos. A consciência desse direito implica reconhecer a individualidade e a autonomia dessas pes- soas, estimulando-as a assumir as responsabilidades relaciona- das à sua própria saúde. Assim, garantir os direitos reprodutivos a adolescentes e jovens, de ambos os sexos, significa assegurar as condições de escolha para aqueles e aquelas que não querem engravidar, que querem planejar uma gravidez ou que já vivem uma gravidez. Os estudos demográficos, psicossociais e epidemiológi- cos são frequentemente restritos às mulheres, invisibilizando o parceiro masculino. Com frequência, as intervenções profissio- nais não têm levado em consideração o papel que os meninos e os homens podem desempenhar. Além disso, existe a tendên- cia de reduzir as temáticas saúde sexual e saúde reprodutiva à prevenção de gravidez na adolescência e ao uso de anticoncep- cionais, o que também dificulta alcançar as diferentes formas de exercício da sexualidade.
  • 28. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 28 Vamos prestar mais atenção aos significados e possibili- dades dessa vivência para nossos jovens? Proposição Será que as gestações de adolescentes são sempre indese- jadas? Será que a gravidez é apenas fruto da irresponsabili- dade, da imaturidade e da impulsividade dos jovens? Feedback positivo: Feedback orientador: Temos como pressuposto que a gravidez na adolescência pode ser vivida de múltiplas formas. Os contextos sociais irão definir universos de possibilidades e de significações di- ferentes entre os jovens de distintas classes sociais. As esco- lhas podem ser influenciadas pela exclusão, desigualdade de classe, de gênero e de raça e pela falta de perspectivas. A maternidade, pode ainda, expressar reconhecimento social para muitas jovens. As políticas e programas de saúde voltados para os jovens devem considerar a sexualidade como parte do desenvolvi- mento humano e incluir os conceitos de amor, sentimentos, emoções, intimidade e desejo (OPAS, 2002, in MS 2006). A discussãosobregravideznaadolescênciaprecisaserpensa- da de maneira ampliada. É importante criar espaços onde os jovens possam debater temáticas referentes à saúde sexual e saúde reprodutiva na escola, na saúde, no lazer, na cultura. É importante ainda que a atenção à saúde sexual e saúde re- produtiva de adolescentes inclua aqueles em cumprimento de medidas socioeducativas, em situação de rua, de abriga- mento, vivendo com HIV/AIDS. São necessárias ações para compartilhamento de informações e ações educativas em saúde sexual e saúde reprodutiva que abranjam as famílias e as comunidades locais. ?
  • 29. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 29 O que podemos refletir sobre o cuidado em saúde, com um olhar e escuta atentos para a subjetividade e ques- tões sociais? No trabalho com adolescentes e jovens, não podemos perder de vista a importância do estabelecimento de vínculos! Por não se sentirem seguros e acolhidos, muitos acabam dei- xando de buscar um serviço e descuidam de sua própria saúde. Dessa forma, privacidade e sigilo constituem direitos de grande importância, porque determinados assuntos são de difícil abor- dagem, em especial aqueles que envolvem sexualidades e afe- tos. Portanto, é necessário muito cuidado para preservar o direito à privacidade juvenil e, ao mesmo tempo, também desenvolver um trabalho com as famílias. Por falar em família, é importante conhecermos um pou- co mais as suas configurações no cenário atual, tendo em vista o acolhimento e a construção de um trabalho que seja realmente efetivo. Proposição Você sabia que um adolescente pode ser atendido sem os responsáveis legais? O que você pensa sobre isso? Feedback positivo: Feedback orientador: Adolescentes têm direito de serem atendidos sem a presen- ça dos pais ou responsáveis. Esse direito refere-se à impor- tância da garantia de espaços seguros de acolhimento e si- gilo, considerando-os sujeitos de direitos. Isto não significa queoatendimentoàfamíliasejadesnecessáriooumenosim- portante, mas sim que a autonomia do adolescente deve ser respeitada e garantida. O ECA, em seu capítulo II, artigo 17, dispõe a respeito “do direito à liberdade, ao respeito e à dig- nidade” da criança e do adolescente e prescreve: “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”. Se você trabalha em um serviço que atende adolescentes, que tal experimentar acolher o adolescente sem a família mas ao mesmo tempo, promover um acolhimento da famí- lia? Uma outra pessoa poderia acolher a família ou você mes- mo, em outro momento. ?
  • 30. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 30 Conversando sobre Famílias O que você acha de a gente conversar um pouco sobre famílias? De acordo com Sales (1997), na sociedade contemporâ- nea, coexistem diferentes arranjos familiares. De maneira geral, podemos observar as seguintes tendências: crescimento do nú- mero de divórcios; redução do número de filhos; aumento do nú- mero de famílias monoparentais chefiadas por mulheres; presen- ça de famílias monoparentais chefiadas por homens; aumento do número de adultos que vivem sozinhos; existência de casais que optam por não ter filhos; presença de famílias formadas por casais homoafetivos; ocorrência de famílias ampliadas formadas pelos membros iniciais, acrescidas de novos membros – os netos –, trazidos por filhas-mães adolescentes. Êh, vida, vida, que amor brincadeira, à vera Eles se amaram de qualquer maneira, à vera Qualquer maneira de amor vale a pena Qualquer maneira de amor vale amar Pena, que pena, que coisa bonita, diga Qual a palavra que nunca foi dita, diga Qualquer maneira de amor vale aquela Qualquer maneira de amor vale amar Qualquer maneira de amor vale a pena Qualquer maneira de amor valerá Eles partiram por outros assuntos, muitos Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito Qualquer maneira que eu cante esse canto Qualquer maneira me vale cantar Eles se amam de qualquer maneira, à vera Eles se amam é pra vida inteira, à vera Qualquer maneira de amor vale o canto Qualquer maneira me vale cantar Qualquer maneira de amor vale aquela Qualquer maneira de amor valerá Pena, que pena, que coisa bonita, diga Qual a palavra que nunca foi dita, diga Qualquer maneira de amor vale o canto Qualquer maneira de amor vale me vale cantar Qualquer maneira de amor vale aquela Qualquer maneira de amor valerá Famílias também no plural? Sim, porque são muitas. Há um livro sobre direito de família (Dicionário de Direito de Família e Sucessões, do Rodrigo da Cunha Pereira, São Paulo: Saraiva, 2015) que tem 37 páginas dedicadas às definições de família! Você conhece a música Paula e Bebeto, de Caetano Veloso e Milton Nascimento? Vamos ouvir? clique e ouça
  • 31. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 31 E, às vezes, não há amor, ou ele acabou, como já dizia a ciranda... É importante não ter um conceito rígido e único de família. Vários autores já se debruçaram sobre o conceito de fa- mília. Para Mioto (1997), família pode ser definida como um fato histórico, com grande ênfase cultural, cuja constituição não é a priori “lugar de felicidade”, mas “um núcleo de pessoas que con- vivem em determinado lugar, durante um tempo e que se acham unidas por laços, de consanguinidade ou não” (MIOTO, 1997 apud RAYMUNDO et al., 2014, p. 259). Para Carvalho (2000 apud RAYMUNDO et al., 2014), a família pode ser entendida como um canal de iniciação e aprendizado de afetos e do padrão de rela- ções sociais vigente em um determinado tempo histórico. Você se recorda da personagem Lia, do caso complexo deste módulo? Lia era uma adolescente grávida, vulnerável, que morava em uma ocupação e temia que seu filho fosse retirado dela. Você já ouviu a expressão Mães Órfãs? Temos usado essa expressão para definir situações nas quais os filhos são retirados compulsoriamente de suas mães para supostamente protegê-los, desconsiderando essa mulher/ mãe, a família extensa e o dever do Estado de proteger a famí- lia (SOUZA, 2018). Esse movimento social e jurídico tem um viés Saiba mais Convidamos você a ler um texto interessante sobre as famílias tentaculares, diferentes e di- vertidas, de Maria Rita Kehl, que é psicanalis- ta e autora desse trabalho. Trata-se de um ar- tigo que fala sobre a diversidade das famílias na atualidade e os estigmas que ainda pairam sobre as famílias que fogem a um pretenso modelo tradicional. “A família tentacular contemporânea, menos endogâmica e mais arejada que a família estável no padrão oitocentista, traz em seu desenho irregular as marcas de sonhos frustrados, projetos abandonados e retomados, esperanças de felicida- de das quais os filhos, se tiverem sorte, continuam a ser por- tadores. Pois cada filho de um casal separado é a memória viva do momento em que aquele amor fazia sentido, em que aquele par apostou, na falta de um padrão que correspon- da às novas composições familiares, na construção de um futuro o mais parecido possível com os ideais da família do passado. Ideal que não deixará de orientar, desde o lugar das fantasias inconscientes, os projetos de felicidade conju- gal das crianças e adolescentes de hoje. Ideal que, se não for superado, pode funcionar como impedimento à legitimação da experiência viva dessas famílias misturadas, engraçadas, esquisitas, improvisadas e mantidas com afeto, esperança e desilusão, na medida do possível” (KEHL, 2003). clique e acesse
  • 32. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 32 segregativo e racista. Parte-se do entendimento de que jovens pobres e negras não têm condições de criar seus filhos. No en- tanto, políticas públicas adequadas ofereceriam as condições necessárias para a criação de seus filhos e continuidade de seus projetos. Assim, tendo em vista as novas configurações familiares na atualidade, fica para os atores que lidam com jovens o desafio de acompanhar esse processo de mudança e de construir práti- cas profissionais desprovidas de julgamentos morais e culpabili- zação. Diversas vulnerabilidades sociais podem afetar a capaci- dade protetiva das famílias. Assim, as políticas públicas, particu- larmente as de Assistência Social, possuem um papel fundamen- tal: os programas de redistribuição de renda possuem relação direta com a sobrevivência das famílias; e os serviços de convi- vência e fortalecimento de vínculos objetivam a construção ou a reconstrução de laços familiares e comunitários. Dessa forma, as referidas ações previstas na Política de Assistência Social devem contribuir com o fortalecimento da convivência e da autonomia das famílias, para que, por sua vez, elas possam promover a proteção e a emancipação dos adoles- centes e jovens.
  • 33. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 33 Adolescências e juventudes: singularidades e diversidades Durante a nossa conversa, várias vezes voltamos a um mesmo ponto: não há um único jeito de ser adolescente ou jo- vem. Vimos que vários fatores contribuem para essa diversidade. Vamos concluir este texto chamando a atenção para as diferentes culturas. Afinal, o que é cultura em termos concei- tuais? Há muitas definições. Escolhemos uma delas: Cultura pode ser definida como um conjunto de elementos que mediam e qualificam qual- quer atividade física ou mental, que não seja determinada pela biologia, e que seja com- partilhada por diferentes membros de um grupo social. Trata-se de elementos sobre os quais os atores sociais constroem significa- dos para as ações e interações sociais con- cretas e temporais, assim como sustentam as formas sociais vigentes, as instituições e seus modelos operativos. A cultura inclui valores, símbolos, normas e práticas (LANG- DON; WIIK, 2010, p. 175). Você se lembra do estudante de medicina indígena que participou da conversa na ESF? Conversando um pouco mais com ele, contou-nos que no Brasil são faladas cerca de 200 línguas, sendo 180 delas in- dígenas. Em 2007, foi aprovada a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, depois de mais de 20 anos de negociações. Ressaltamos a importância de valorizar as culturas in- dígenas, de respeitar os povos originários, de preservar e am- pliar as trocas interculturais e de compreender o lugar social de onde cada adolescente fala e como o fortalecimento das matrizes culturais é ponto de fortalecimento da identidade e da saúde mental. Adotar práticas interculturais, antes de qualquer coisa, é estar aberto para olhar e ouvir. Só quando estamos abertos a olhar e a ouvir conseguimos adotar uma postura de abertura crí- tica de nós mesmos em favor do outro. Esse movimento propicia a compreensão profunda dos diferentes mundos, dos diversos campos de significados, das variadas formas de ser e estar no mundo e dos múltiplos saberes, histórica e culturalmente cons- tituídos. Fonte: WikiMedia
  • 34. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 34 encerramento do módulo Com base neste caso complexo, é importante ressaltar que existem narrativas em disputa sobre a juventude. José pode ser visto de forma simplista como um jovem negro, periférico e entregador de delivery, sem que seja considerada a sua trajetória como uma jovem liderança, que respeita e mantém as tradições culturais de seu território. Da mesma forma, Lucca, embora atravessado pelo ra- cismo e pela transfobia, cotidianamente luta por mudanças que parecem pequenas, mas que podem fissurar a intolerância es- trutural. Nesse contexto, Renata, que ainda vive tantas violências e violações, resiste construindo seu corpo e seu nome e sonhan- do com uma vida possível. Acreditamos em um olhar sobre essas histórias que iden- tifique e valorize as potencialidades desses jovens. A elaboração de políticas públicas, via de regra, não inclui a participação ju- venil. Um entendimento amplo sobre essas trajetórias reforça a importância das políticas públicas e das instituições e de seus agentes olharem para os desafios sem deixar de valorizar as múl- tiplas vozes, identificando e visibilizando as potencialidades pre- sentes nesses espaços. No trabalho com adolescentes e jovens, acreditamos que seja muito importante um olhar e uma escuta para cada um, res- peitando sua singularidade e sua história, mas pensando que es- ses uns podem fazer coletivos, que têm força política para mudar o que precisa ser mudado, para que esses adolescentes e jovens possam viver, e viver com dignidade! Avaliamos que as ações que estimulem o potencial da ju- ventude devam ser territorializadas e intersetoriais. Por exemplo: • Ampliar redes intersetoriais de compromisso com a ju- ventude; • Buscar espaços ampliados para conversar com os jo- vens sobre aspectos da vida; • Instalar equipamentos múltiplos, como centros de ju- ventude; • Fomentar a participação juvenil nas ações de planeja- mento e avaliação dos serviços; • Propor educação entre pares, como a de jovens promo- tores de saúde; • Potencializar o acolhimento de adolescentes e jovens nos diferentes serviços, reconhecê-los como sujeitos de direitos e valorizar a autonomia juvenil.
  • 35. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 35 referências BENEVIDES, B. G. (Org.). Dossiê assassinatos e violências con- tra travestis e transexuais brasileiras em 2021. Brasília: Distrito Drag, ANTRA, 2022. BRASIL. Lei no 12.852, de 5 de agosto de 2013. Institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Na- cional de Juventude - SINAJUVE. Diário Oficial da União, Bra- sília, DF, 6 ago. 2013. Disponível em: https://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm. Acesso em: 17 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. Bra- sília, 2010. BRASIL. Lei no 12.009, de 29 de julho de 2009. Regulamenta o exercício das atividades dos profissionais em transporte de pas- sageiros, “mototaxista”, em entrega de mercadorias e em serviço comunitário de rua, e “motoboy”, com o uso de motocicleta, alte- ra a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, para dispor sobre regras de segurança dos serviços de transporte remunerado de mercadorias em motocicletas e motonetas – moto-frete –, esta- belece regras gerais para a regulação deste serviço e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 jul. 2009. BRASIL. Política Nacional de Juventude: diretrizes e perspec- tivas. São Paulo: Conselho Nacional de Juventude, Fundação Friendrich Ebert, 2006. Disponível em: https://www.prattein. com.br/home/images/stories/Juventude/Politica_Nacional_de_ Juventude.pdf. Acesso em: 18 nov. 2022. BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre Esta- tuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial da União, Bra- sília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/ pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/publicacoes/o- -estatuto-da-crianca-e-do-adolescente.Acessoem:17nov.2022. CALAZANS, G. Saúde e Juventude: por horizontes mais saudá- veis. Onda Jovem, São Paulo, ano 2, n. 4, p. 34-37, 30 mar. 2006. CARVALHO, M. do C. B. de. A priorização da família na agenda da política social. In: KALOUSTIAN, S. M. (Org.). Família brasileira: a base de tudo. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000. CATHARINO, T. R.; GIFFIN, K. Gravidez e adolescência: investiga- ção de um problema moderno. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 13., 2002, Ouro Preto-MG. Anais [...]. Ouro Preto, 2002. CERQUEIRA, D. et al. Atlas da Violência 2021. São Paulo: FBSP, 2021. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/ar- quivos/artigos/5141-atlasdaviolencia2021completo.pdf. Acesso em: 17 nov. 2022. COIMBRA, C. M. B.; NASCIMENTO, M. L. Ser jovem, ser pobre é ser perigoso? Jovenes. Revista de Estudios sobre Juventud, 2005.
  • 36. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 36 ESTEVES, J. R. Trajetórias de vida: repercussões da gravidez adolescente na biografia de mulheres que viveram tal experiên- cia. 2003. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2003. GIANNINI, D. Motoboys são os que mais sofrem acidentes, diz Ministério da Saúde. R7, 30 jul. 2018. Disponível em: https://no- ticias.r7.com/saude/motoboys-sao-os-que-mais-sofrem-aciden- tes-diz-ministerio-da-saude-30072018. Acesso em: 17 nov. 2022. GRANEIRO, F.; MARTINS, L. B. Adolescência e transexualidade: possibilidades e desafios à política de saúde. In: SEMINÁRIO IN- TERNACIONAL, DIREITOS HUMANOS, VIOLÊNCIA E POBREZA: A SITUAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA AMÉRICA LA- TINA HOJE, 7., 2019, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1kXudaS- VEOXnM4zIJqtkrzBu-VTd5vkZA/view?usp=sharing Acesso em: nov. 2022. GRILLO, C. F. C. et al. Saúde do adolescente. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2011, 80 p. Disponível em: <https://www.nescon. medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/referencia/0000002738>. Acesso em: 17 nov. 2022. IDOETA, P. A. 4 Efeitos do racismo no cérebro e no corpo de crianças, segundo Harvard. Portal Geledés, 11 dez. 2020. Dis- ponível em: https://www.geledes.org.br/4-efeitos-do-racismo- -no-cerebro-e-no-corpo-de-criancas-segundo-harvard/. Acesso em: 17 nov. 2022. KEHL, M. R. Em defesa da família tentacular. Fronteiras do pen- samento, 2013. Disponível em: <https://www.fronteiras.com/ leia/exibir/maria-rita-kehl-em-defesa-da-familia-tentacular>Aces- so em: 18 nov. 2022. LANGDON, E. J.; WIIK, F. B. Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 18, n. 3, p. 459-466, 2010. MARTINS, L. B. Desafios e Possibilidades para o Atendimento à Saúde de Adolescentes Transexuais na Atenção Primária à Saúde: a Experiência do Projeto Aquarela. 2021. Dissertação (Especialização em Serviço Social e Saúde) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ, Rio de Janeiro, 2021. MATOS, M. Gênero. In: FLEURY-TEIXEIRA, E. M.; MENEGHEL, S. N. (Org.). Dicionário feminino da infâmia: acolhimento e diag- nóstico e mulheres em situação de violência. Rio de Janeiro: Edi- tora FIOCRUZ, 2015. MIOTO, R. C. T. Família e Serviço Social: contribuições para o de- bate. Revista Serviço Social e Sociedade, ano XVIII, n. 54, p. 114-130, 1997. NAÇÕES UNIDAS. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Rio de Janeiro: UNIC; Brasília: UNESCO, 2009. Disponível em: https://www.acnur.org/filead- min/Documentos/portugues/BDL/Declaracao_das_Nacoes_ Unidas_sobre_os_Direitos_dos_Povos_Indigenas.pdf. Acesso em: 18 nov. 2022. NOVAES, R. Juventude e sociedade: jogos de espelhos. Senti- mentos, percepções e demandas por direitos e políticas públi- cas. Revista Sociologia Especial, v. 1, n. 2, p. 6-15, 2007. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Módulos de auto-aprendizagem sobre saúde e segurança no trabalho in- fantil e juvenil. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. PEREIRA, R. C. Dicionário de direito de família e sucessões. São Paulo: Saraiva, 2015.
  • 37. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 37 RAYMUNDO, C. M.; VEIGA, J. dos S. Contribuição da Atenção Pri- mária a Saúde para a prevenção e erradicação do trabalho infan- til e para a proteção do trabalhador adolescente. In: DIAS, E. C.; SILVA, T. L. (Org.). Saúde do Trabalhador na Atenção Primária a Saúde. Belo Horizonte: coopmed, 2013. RAYMUNDO, C. M.; VEIGA, J. dos S.; GOMES, V. Famílias contem- porâneas e a rede intersetorial de atendimento. In: GRANEIRO, F.; OLIVEIRA, S.; GOMES, V. (Org.). Eixos para a Saúde de Adoles- centes e Jovens. Rio de Janeiro: Flizo, 2014. SALES, M. A. Famílias no Brasil e no Rio de Janeiro: alguns indica- dores e indicativos para formulação de políticas sociais. Revista em Pauta, n. 11, p. 177-203, 1997. SANTOS, M. P. et al. Território, territórios: ensaios sobre o orde- namento territorial. 3. ed. Rio de Janeiro: Luparina, 2007. SOUZA, C. M. B. et al. Mães Órfãs: o direito à maternidade e a judi- cialização das vidas em situação de vulnerabilidade. Saúde em Redes, v. 4, supl. 1, p. 27-36, 2018. Disponível em: http://revis- ta.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/article/view/915. Acesso em: 18 nov. 2022. VIVENDO A ADOLESCÊNCIA. Vamos falar de sexo? 2022. Dis- ponível em: http://www.adolescencia.org.br/site-pt-br/sexualida- de. Acesso em: 18 nov. 2022. WERNECK, J. Estatuto da Igualdade Racial é uma ameaça à Saú- de da População Negra. Universidade Livre Feminista, 25 jun. 2010. Disponível em: http://assets-institucional-ipg.sfo2.cdn.di- gitaloceanspaces.com/2010/06/estatutoiracial_juremawerneck. pdf. Acesso em: 18 nov. 2022. ZIZEK, S. Violência: seis reflexões colaterais. São Paulo: Boitem- po, 2014.
  • 38. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 38 minicurrículo dAs autorAs Cristiane de Freitas Cunha Grillo Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1989), Mestrado (1996) e Doutorado (2002) em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais e Pós-Doutorado pelo Hospital Clínic da Universidade de Barcelona (2004) e pela Universidade Paris 8 Vincennes e Saint Denis (2021). Professora Titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG. Coordenadora dos Progra- mas de Extensão Janela da Escuta e Brota: Juventude, Educa- ção e Cultura. Presidente do Departamento de Adolescência da Sociedade Mineira de Pediatria. Membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise. Coordena- dora do Observatório de Gênero, Biopolítica e Transexualidade da Federação Americana de Psicanálise da Orientação Lacania- na (FAPOL).
  • 39. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 39 minicurrículo DAS AUTORAS Carmen Maria Raymundo Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986), Mestrado em Serviço Social pela Universida- de do Estado do Rio de Janeiro (2002), Especialização em His- tória da África e do Negro no Brasil pela Universidade Cândido Mendes (2007) e Especialização em Gênero, Etnia, Sexualidade e Direitos Humanos pela Fiocruz (2017). Desde o ano de 1994 é Assistente Social da Universidade do Es- tado do Rio de Janeiro e Coordenadora do Programa de Saúde do Trabalhador Adolescente, do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Participou de cooperação técnica para estruturação das primei- ras ações de Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde, para eliminação do trabalho infantil e proteção do trabalhador ado- lescente (2003 a 2009). Participou da cooperação técnica ao Programa Caminho Melhor Jovem, da Secretaria de Estado de Esportes, Lazer e Juventude (2013 a 2016) e coordenou oficinas com jovens dos territórios de favelas, com Unidades de Polícia Pacificadora, contemplados pelo programa. Tem autoria em Módulos de autoapren- dizagem para formação de equipes multidisciplinares nas áreas de trabalho infantojuvenil e saúde e interculturalida- de, gênero e saúde de adolescentes e jo- vens. Tem autoria no curso Juventudes e Participação Social da Universidade Aberta para o SUS (UNA-SUS). Atualmente realiza as seguintes funções: 1) Coordenadora do Projeto Caminhos Abertos – Diálogos inter- seccionais entre raça, religiosidade e saúde infantojuvenil reali- zado pelo NESA em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2) Coordenadora Pedagógica na formação em Saúde do Ado- lescente promovido pelo Núcleo de Estudos da Saúde do Ado- lescente em parceria com o Departamento de Gestão Socioedu- cativa.
  • 40. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 40 minicurrículo DAS AUTORAS Luiza Buzgaib Martins Assistente Social graduada pela Universidade Federal Fluminen- se. Especialista em Serviço Social e Saúde pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com ênfase em Saúde do Adolescente pelo Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente. Atualmente é Coordenadora de Eixo na formação em Saúde do Adolescente promovidopeloNúcleodeEstudosdaSaúdedoAdolescenteem parceria com o Departamento de Gestão Socioeducativa. Com- põe a Equipe Técnica do Projeto Caminhos Abertos – Diálogos interseccionais entre raça, religiosidade e saúde infantojuvenil, também executado pelo NESA em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Ademais, é Assistente Social do Projeto Identidade – ambulatório de transdiversidades do Hospital Universitário Pedro Ernesto.
  • 41. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 41 material de apoio Título do material Adolescências: impasses e construções Sinopse, resumo, contexto, referência Trata-se de uma série de vídeos curtos produzidos pelo Programa de Extensão Janela da Escuta da UFMG Contribuições do material para o estudo do tema Abordagem de temas como impasses das adolescências no campo da saúde e educação, sexualidades, suicídio, cortes no corpo etc. Link https://www.youtube.com/playlist?list=PLl6cIaEsBeBSMw1wilmM40A- CO1mhIARDv Título do material Boas práticas do setor saúde para a erradicação do trabalho infantil Sinopse, resumo, contexto, referência OIT, 2009. A publicação é resultado de uma parceria entre a OIT, a Coordenação Ge- ral de Saúde do Trabalhador - COSAT do Ministério da Saúde, do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente - NESA da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Descreve exemplos de experiências bem sucedidas no Setor Saúde que têm contribuído para a Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente no Brasil, com o intuito de conferir a necessária visibilidade à importância de uma saúde pública que garanta o direito à infância e à adolescência saudável no país. Contribuições do material para o estudo do tema Divulgar iniciativas potentes em âmbito nacional com vistas a contribuir com a construção de ações para retirada de crianças em situação de trabalho e para proteção de adolescentes trabalhadores. Link https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo- -brasilia/documents/publication/wcms_233585.pdf 1 2
  • 42. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 42 material de apoio Título do material Gravidez na adolescência, iniciação sexual e gênero: perspectivas em disputa Sinopse, resumo, contexto, referência Cristiane da Silva Cabral, Elaine Reis Brandão. Caderno de Saúde Públi- ca, 2020. O texto discute as diferentes perspectivas em disputa acerca do trato sobre a gravidez na adolescência no Brasil. Propõe que políticas públi- cas direcionadas à gravidez na adolescência devem ampliar o enfoque abarcando ações direcionadas ao desenvolvimento de autonomia, esco- larização, informação sobre saúde sexual e saúde reprodutiva e direitos humanos. Contribuições do material para o estudo do tema Ratificar o entendimento da gravidez na adolescência numa sociedade desigual, abordando a importância do cuidado e da compreensão das adolescências como sujeitos de direitos em processo de aprendizado da autonomia de si mesmos e das sexualidades. Link https://www.scielo.br/j/csp/a/WryX9xCMY5vwNwjM33pqbyb/?format=p- df&lang=pt 3
  • 43. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 43 material de apoio Título do material Atenção integral à saúde de adolescentes em situação de trabalho: lições aprendidas Sinopse, resumo, contexto, referência ASMUS, et al. Ciência e Saúde Coletiva, 2005. Este artigo apresenta a experiência do Programa de Saúde do Trabalha- dor Adolescente (PSTA) do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da Uerj nas ações de ensino, assistência e extensão, articuladas através de pesquisas multidisciplinares sobre as possíveis implicações do traba- lho na saúde infantojuvenil. Contribuições do material para o estudo do tema Apresentar olhares multidisciplinares sobre as possíveis implicações do trabalho na saúde infantojuvenil. Link https://www.scielo.br/j/csc/a/Y6qYVfHXG76LMpRm5wXKvQw/abstrac- t/?lang=pt Título do material Cartilha de Combate ao Racismo Institucional Sinopse, resumo, contexto, referência ABONG, 2020. Esse material é fruto de ações empreendidas em uma organização da so- ciedade civil com vistas à superação do racismo institucional no mundo do trabalho. Contribuições do material para o estudo do tema Este material contempla discussão teórica sobre o racismo institucional e aponta recomendações para instituições que pretendam ser antirracistas. Link https://abong.org.br/wp-content/uploads/2020/11/Cartilha-Racismo-Ins- titucional.pdf 4 5
  • 44. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 44 material de apoio Título do material Quatro experiências de protagonismo juvenil em escolas públicas e particulares Sinopse, resumo, contexto, referência Correio do Estado, 24/10/2017 A reportagem relata experiências escolares para uma participação mais ativa dos alunos. A revista Educação conversou com quatro escolas (duas da rede privada e duas da rede pública) que vivenciam isso na prática. Seja com a simples criação de oportunidades para que os alunos desen- volvam seus próprios projetos, seja com um sistema totalmente democrá- tico, são experiências que buscam estimular e fortalecer a autonomia dos alunos, tornando-os mais ativos e responsáveis no processo de aprendi- zagem. Contribuições do material para o estudo do tema Contribuir com o conhecimento de experiências potentes de participação juvenil no âmbito escolar. Link https://www.correiodoestado.com.br/economia/profissoes/quatro-expe- riencias-de-protagonismo-juvenil-em-escolas-publicas-e/314003/ 6
  • 45. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 45 Título do material Cabeça de Porco Sinopse, resumo, contexto, referência ATHAYDE, Celso, MV Bill e Luiz Eduardo Soares. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. O livro relata e analisa a violência urbana originada do tráfico de drogas, com dados apresentados baseados em pesquisas, entrevistas e filma- gens feitas por todo o Brasil. Contribuições do material para o estudo do tema O livro traz crônicas que ajudam o leitor a compreender as nuances do racismo no cotidiano, em especial a partir da visão dos jovens negros. Somadas aos dados que apresenta, torna-se uma leitura fundamental para aqueles que trabalham com jovens. Link https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGR- vbWFpbnxwc2ljb3ZscHJ1ZGVudGUyMDE1fGd4OjIyMmE1MmE2MzRlN- jUzN2Y 7 material de apoio
  • 46. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 46 Título do material Vista minha pele Sinopse, resumo, contexto, referência Filme de direção de Joel Zito Araújo, 2011. A partir de uma paródia da realidade brasileira, o curta parte para proble- matizar as questões do racismo e preconceito. Na história, os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados. Maria, uma garota branca e pobre que estuda em um colégio particular no qual sua mãe é faxineira, convive com algumas atitudes hostis por sua cor e condição so- cial; a garota tem que passar por alguns enfrentamentos quando decide concorrer ao concurso de Miss Festa Junina de sua escola. Contribuições do material para o estudo do tema Problematizar as expressões cotidianas do racismo na socialização de adolescentes negros. Link https://www.youtube.com/watch?v=FRq4fkkm5Iw Título do material Frutos do Brasil – Histórias de mobilização Juvenil Sinopse, resumo, contexto, referência ONG Aracati. Jornalista Neide Duarte, 2019. Como será que os jovens se organizam para interceder em suas comu- nidades? Com o objetivo de responder a essa pergunta e visibilizar a atuação da juventude, o Projeto Frutos do Brasil – Juventude em Debate, abriu uma consulta pública para que os autores de diversas ações pudes- sem mostrar o seu trabalho. A partir do material, a jornalista Neide Duarte escreveu um livro e produziu o documentário que tem como eixo central a mobilização juvenil em prol do desenvolvimento territorial. Contribuições do material para o estudo do tema Divulgar experiências de organizações juvenis em prol de suas comunidades. Link https://www.youtube.com/watch?v=Qi8Rwp4Sdr0 8 9 material de apoio
  • 47. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 47 Título do material Diz aí – parte 1 Sinopse, resumo, contexto, referência Canal Futura, 2011 Neste programa os jovens falam o que pensam sobre diversos temas: cidade, família, cultura e democracia, educação e mídia. Contribuições do material para o estudo do tema Apresentar elaborações juvenis sobre temáticas estruturantes das relações sociais contemporâneas. Link https://www.youtube.com/watch?v=PmozPqRXcfQ&list=PLNM2T4DNz- mq5fNbCGK9hBFtPYnvJMImCG&index=2 Título do material Diz aí: Enfrentamento ao extermínio da juventude negra Sinopse, resumo, contexto, referência Canal Futura, 2013. O enfrentamento ao extermínio da juventude negra é a principal temática do documentário. A partir da questão, “O problema do Brasil é social ou racial?”, a produção convida jovens a falarem sobre suas experiências e opinarem sobre quais seriam as ações cabíveis para combater a violência e contribuir com a diminuição das altas taxas de homicídio que vitimizam os jovens brasileiros, sobretudo, os negros. Contribuições do material para o estudo do tema Compartilhar as elaborações juvenis sobre a temática da violência. Link https://canaisglobo.globo.com/assistir/canal/diz-ai-enfrentamento-ao-ex- terminio-da-juventude-negra/t/ZkczbGQpDT 10 11 material de apoio
  • 48. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 48 Título do material Hoje eu quero voltar sozinho Sinopse, resumo, contexto, referência Filme de Daniel Ribeiro, 2014 O premiado filme traz à tona questões relevantes como o despertar da sexualidade, autonomia na adolescência, relações familiares, deficiência física, amizade, homossexualidade e amor. Contribuições do material para o estudo do tema Subsidiar debates sobre o universo da descoberta da sexualidade na adolescência e sua vivência por jovens com deficiência. Link https://www.facebook.com/watch/?v=567799810629752 Título do material Vestido nuevo Sinopse, resumo, contexto, referência Sergi Pérez, 2008. Com apenas 13 minutos de duração, o curta traz à tona como o ambiente escolar possui um papel fundamental e formador, nas questões de gê- nero, em destaque, para as pessoas transgêneros. Mostra, ainda, a forma diferente como adultos e crianças lidam com a questão. Contribuições do material para o estudo do tema Contribuir com o reconhecimento da escola como local importante para discussão das múltiplas expressões de gênero. Link https://www.youtube.com/watch?v=ktCXZg-HxGA 12 13 material de apoio
  • 49. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 49 Título do material Todo Jovem tem o Direito à Participação. Sinopse, resumo, contexto, referência Secretaria Nacional da Juventude, 2014. O vídeo fala sobre o direito à participação juvenil, de acordo com o que preconiza o Estatuto da Juventude. Contribuições do material para o estudo do tema Contribuir para o (re)conhecimento do direito à participação inscrito no Estatuto da Juventude, como uma conquista da juventude brasileira. Link https://www.youtube.com/watch?v=w2vV_D4iD68 https://www.youtube.com/watch?v=vJbWUvYydEg Título do material Rap do Silva Sinopse, resumo, contexto, referência Mc Rob Bum, 1996. A música conta a história de Ronaldo, personagem fictício que repre- senta bem a vida de diversos jovens moradores da periferia. O som é um grande hit que já rendeu até livro, chamado “Era só mais um Silva“, lan- çado em 2014, e também um documentário “Bob Rum: A história de um Silva“, que traz depoimentos de Buchecha, Mr. Catra, Marcinho, Naldo e outros. Contribuições do material para o estudo do tema Divulgar questões importantes da socialização da juventude periférica. Link https://www.youtube.com/watch?v=vlZ9MGgC1NI 14 15 material de apoio
  • 50. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 50 Título do material Terra de Gigantes Sinopse, resumo, contexto, referência Composição de Humberto Gessinger, Engenheiros do Hawaii, 1987. A música traz a visão de um jovem de sua época (anos 80) tomando consciência de sua vida e sua existência dentro da sociedade, trazendo expressões da complexidade dos desejos e percepções que podem passar por mudanças nessa fase da vida. Contribuições do material para o estudo do tema A música pode ajudar aqueles que trabalham com jovens a se reaproximarem das inquietações que fazem parte do processo do adolescer e da juventude. Link https://www.youtube.com/watch?v=4jRVaN520wM 16 material de apoio
  • 51. Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais 51 Título do material 1 - De gravata e unha vermelha (Precisa ser adquirido no YouTube) 2 - Amarelo - é tudo para ontem (Precisa ser adquirido no Netflix) Sinopse, resumo, contexto, referência 1 - Filme dirigido por Miriam Chnaiderman, 2015. O filme traz entrevistas com diversas personalidades que, em suas histórias de vida, colocaram em perspectiva o modelo de identificação binário homem/mulher, e questionaram os estereótipos construídos para cada um dos sexos. A discussão proposta pelo premiado documentário brasileiro, da psicanalista Miriam Chnaiderman joga luz sobre a temática LGBTQIA+. 2 - Emicida, 2021. Neste filme documentário, o artista Emicida leva as suas rimas e os suces- sos de Amarelo para o palco do Theatro Municipal de São Paulo em uma noite histórica. Contribuições do material para o estudo do tema 1 - Compartilhar elaborações que contribuam para maior conhecimento do universo LGBTQIA+ com vistas a desconstrução de visões estereotipadas e estigmatizadas. 2 - Apreender os significantes da ascensão da arte popular, sobretudo, de ritmos periféricos como o rap localizado na história. Reconhecer seu potencial político e referencial para jovens. Link 1 - https://www.youtube.com/watch?v=bkNIdhOhLqI 2 - https://www.netflix.com/br/title/81354431 17 material de apoio