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    A rotina de professores e crianças: algumas reflexões sobre a
contribuição da teoria histórico-cultural para a organização do tempo
                  e do espaço nas unidades escolares

Resumo:
O objetivo deste texto é refletir como os procedimentos didáticos afetos à arte constituem-se
como fundamentais para a realização de práticas educativas humanizadoras, por meio dos
quais professores e crianças podem ter acesso às riquezas humanas elaboradas em diferentes
contextos. Consideramos que o trabalho educativo organizado com poetas, poetisas e artistas
de diferentes contextos favorece na organização da rotina dos Centros de Educação Infantil e
escolas. Ressaltamos neste texto que os procedimentos didáticos e o trabalho educativo
priorizando a arte, se amparados pela Teoria Histórico-Cultural, pode não apenas ampliar o
universo cultural de professores e crianças, mas fundamentalmente motivar a aprendizagem e
desenvolvimento. Aqui se compreende que as unidades educativas podem se apresentar como
espaços de educação por excelência.

Palavras chave: Rotina; Tempo e espaço; Educação; Arte

  A routine for teachers and children: some reflections on the
 contribution of historic-cultural theory for the organisation of
                 time and space on school units

Abstract:
The aim of this paper is to reflect the procedures pertaining to the teaching art are as fundamental to
the achievement of educational humanizing, through which teachers and children can have access to
human wealth produced in different contexts. We believe that the organized educational work with
poets, poets and artists from different backgrounds helps in organizing the routine of the child day
care centers and schools. We stress that the procedures in this text didactic and educational work
prioritizing the art, if supported by the Cultural-Historical Theory, can not only expand the cultural
universe of teachers and children, but ultimately motivate learning and development. Here it is
understood that the educational units may present as areas of education par excellence.

Keywords: Routine, Time and space; Education; Art
1. Introdução
       Atualmente, muito se fala em teorias de educação, no entanto poucos resultados vemos
no chão da escola. Dessa forma, apresentamos a pesquisa a fim de exemplificarmos como os
2




procedimentos didáticos refletem se nas práticas educativas. Para isso, usamos de trabalhos
afetos a arte e literatura, amparamo-nos para tal na Teoria Histórico-Cultural onde
acreditamos não apenas ampliar o universo cultural de professores e crianças, mas
fundamentalmente motivar a aprendizagem e desenvolvimento na busca de uma
aprendizagem por excelência.



2. Considerações sobre a organização da rotina
      Consideramos que os procedimentos didáticos afetos à arte constituem-se como
fundamentais para a realização de práticas educativas, por meio dos quais professores e
crianças podem ter acesso às riquezas humanas elaboradas em diferentes contextos.

       O trabalho educativo organizado com poetas, poetisas e artistas de diferentes tempos
encanta crianças e em muito favorece na organização da rotina junto às unidades escolares; de
igual modo que as intervenções didáticas por meio de telas, músicas, histórias, poesias e
tantas outras possibilidades de trabalho didático com crianças da Educação Infantil e Ensino
Fundamental. Ressaltamos que estes procedimentos, se amparados pela Teoria Histórico-
Cultural, referencial teórico que se caracteriza pela defesa de apresentação às crianças por
aquilo que há demais elaborado pela Ciência, Arte e Educação, como querem os escritos de
Vigotsky( 2007), Leontiev (1961), Bloganodezhina (1961)

       Para nós, as unidades educativas podem se apresentar como espaços de educação por
excelência, o que equivale a dizer que, nesta perspectiva, a rotina, ou seja, a organização do
tempo e do espaço só se justificam se forem plenas de práticas educativas caracterizadas pelo
colorido de plantas e flores, em todos os espaços possíveis da Escola e dos Centros de
Educação Infantil. Pensamos aqui não apenas no colorido e encanto das flores vivas que
podem ser plantadas nas entradas das unidades, mas nos registros dos painéis, atualmente tão
marcados pela presença de desenhos e ilustrações da Disney, por exemplo e particularmente,
quantos Ursinho Pooh estão sendo vistos por nossas crianças, todos dias letivos e em todas as
horas escolares.

       Consideramos que, se nas salas e espaços ocupados por crianças apresentarmos com
intencionalidade educativa as mais diversas cores, formas, letras, números, brinquedos e
brincadeiras – possíveis de serem identificados em músicas e histórias –, isto pode apresentar-
se como referência e modelo para uma infância que se mostra empobrecida neste início de
século XXI. Na atualidade, a miséria na vida de crianças e adultos não alcança apenas
aspectos objetivos, como a precariedade ou inexistência de recursos materiais, mas expressa-
3




se também nas condições efetivas de aprimoramento dos professores que atuam nas unidades
escolares brasileiras. Esta condição os impede de instrumentalizar práticas educativas mais
conseqüentes em favor de uma educação para a autonomia e a valorização das potencialidades
humanas.

       Neste sentido, a Psicologia Histórico-Cultural ou Teoria Histórico-Cultural apresenta-
se na condição de amparo numa perspectiva de humanização e emancipação. Assim, para que
os procedimentos didáticos sejam ricos de significado, a comunicação, a afetividade e a
escolha de recursos e procedimentos devem figurar como características essenciais no
processo de ensino.

       Neste propósito de educação recorremos aos ensinamentos de Bloganodezhina (1961),
quando afirma que, os sentimentos estéticos se desenvolvem mais quando se leem versos
especialmente escritos para as crianças, com desenhos de qualidade, e quando a criança escuta
boa música, com seus movimentos rítmicos. Assim, as primeiras vivências estéticas se
manifestam sem limite da idade da criança.

       A partir desta perspectiva, as práticas educativas têm como prioridade a
musicalização, procedimentos didáticos com telas, o ensinar a encantar-se por personagens de
histórias, pelo ritmo e movimento das poesias e canções. Consideramos que, com estratégias e
recursos adequados, seja possível levar as crianças a estágios cada vez mais avançados de
aprendizagem e desenvolvimento, como propõem os escritos do referencial teórico
mencionado.

       Assim, apresentar em detalhes as telas de Portinari, brincar e dançar com as letras de
Vinícius e Toquinho, configuram-se como possibilidades de apresentar às crianças e
educadores as máximas elaborações humanas. O valor estético, a beleza e rigor dos traçados e
da escrita, por sua condição de encantar, constituem, como propõe Leontiev (1961), reais
condições para que as produções humanas sejam herdadas por todos.

       Nesta perspectiva Chaves (2009) considera que o desafio - de rever práticas educativas
com crianças pequenas - apresentado aos educadores neste momento, em que se discute a sua
formação e atuação em conformidade com as leis pertinentes e discutir as potencialidades das
crianças e a necessidade da intencionalidade educativa em favor da emancipação, em
oposição ao assistencialismo, que educa para a submissão, precisa necessariamente discutir
também a potencialidade do educador e a necessidade de que este compreenda sua prática
para que tenha objetivas condições de escolha.
4




       Assim, para esta autora escolher as músicas, poesias e histórias que devam fazer parte
da organização permanente dos trabalhos nas escolas e Centros de Educação Infantil requer,
antes da organização do fazer pedagógico propriamente dito, estudos e decisões coletivas. Isto
favorecerá a compreensão de que em todo tempo e em todos os espaços as unidades
educativas devem estar repletas de coloridos e sons, em oposição às dezenas de instituições
nas quais os brinquedos e CDs estão guardados onde as crianças têm pouco ou nenhum
acesso. Lembremos aqui que a formação frágil e os poucos recursos didáticos disponíveis nas
instituições educativas, favorece que os CDs da linha comercial –por exemplo- estejam
tomando o tempo e espaço de inúmeras crianças em diversas regiões do país.

       Destacamos, oportunamente, a importância da Formação Continuada, um tempo
fecundo para se estudar e discutir a organização da rotina nas unidades escolares. Apenas com
estes estudos se venceria a idéia de que “as crianças gostam” do Pooh, ou das chamadas
músicas pára crianças, por exemplo, e que elas podem aprender a gostar de outros desenhos.
Podem gostar de outros traçados, de outras músicas que não as que são definidas por
emissoras de televisão ou nos períodos de Carnaval, determinando de norte a sul do país o
ritmo e a dança a ser “apreciada”

       Em oposição a este ensinar sem vida e sem cores, há o procedimento no qual as
crianças participam das decisões, desde como planejar e preparar a ilustração das salas, os
armários e as caixas para guardar materiais de trabalho diário, até como organizar os espaços
internos e áreas externas (muros), escolhendo formatos, cores e temas. Esse processo de
organização e embelezamento dos espaços, no qual a criança fica por muitas horas no dia e
muitos anos de sua vida, pode ter como motivo os mencionados expoentes das artes, sua
letras, suas telas e seus personagens.

       Neste processo, as atividades tidas como rotineiras – recortar, colar, pintar desenhar,
ouvir música e dançar – que na maioria das vezes se configuram como execução de tarefas e
obediência a comandos, podem ser de fato atividades significativas e favorecer a
aprendizagem e o aprimoramento intelectual de quem aprende e de quem ensina.

       Assim, na avaliação e apresentação de uma proposta de trabalho às crianças, pode ser
decisivo conhecer e ensinar os encantos de José Paulo Paes, Mario Quintana e Pedro
Bandeira, apenas para citar alguns autores. Ensinar a beleza dos traçados de Volpi, Tomie,
Anita, Tarsila e tantos outros artistas que conhecendo sua infância, podemos ampliar nosso
universo cultural e o universo cultural das crianças. A atenção e realização de livretos e
5




painéis com estes poetas, escritores, pintores, não elimina os procedimentos convencionais de
recorte, colagem, amassados, massas de modelar e outros.

        Destacamos que a preocupação central não está no desenvolvimento e aprimoramento
da coordenação das crianças, mas fundamentalmente em sua aprendizagem, no
estabelecimento de motivos e alegrias para querer aprender, conhecer, e com isto favorecer
seu desenvolvimento e sua habilidade de coordenação, o que, a exemplo de outras
habilidades, será uma conseqüência desse trabalho.

   A defesa do brincar e brincar com as histórias, personagens, formas e cores, além da
realização de leituras carregadas de significado atende às orientações extraídas dos escritos de
Mukhina (1996). Esta autora, amparada na Teoria Histórico-Cultural, reafirma que a criança –
nas experiências com as artes – estabelece comparações, elabora impressões, interpreta
conflitos e considera diferentes hipóteses. Assim, a Literatura Infantil – que aparentemente é
valorizada, mas de fato é colocada em segundo plano na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental, assumindo a condição de atividade de “final da aula” – nesta proposta constitui
uma possibilidade de mostrar às crianças a vida e a luta do e no mundo, para além de sua
vivência imediata.

       É importante registrar que esta forma de condução do trabalho pedagógico não implica
em eliminar ou minimizar a fantasia, o mágico e o lúdico; ao contrário, estes elementos são
fundamentais para levar a criança a perceber-se como autora de suas ilustrações, seus escritos,
suas histórias, suas poesias e suas lindas telas.

       A possibilidade de apropriar-se da cultura e de realizar “novas tarefas” e “novas
atividades” (MUKHINA, 1996, p. 284-285) se traduz como a necessidade da concentração
para lembrar-se ou reproduzir algo ou mesmo proceder à elaboração de um desenho, ações
que podem ser imediatamente associadas ao desenvolvimento da atenção, da memória, da
imaginação, que ganham sentido com pintores e poetas. Sobre esta questão Mukhina (1995, p.
40) ensina que:



                         As crianças assimilam esse mundo, a cultura humana, assimilam pouco a
                         pouco as experiências sociais que essa cultura contém, os conhecimentos, as
                         aptidões e as qualidades psíquicas do homem. È essa a herança social. Sem
                         dúvida, criança não pode se integrar a cultura humana de forma espontânea.
                         Consegue-o com a ajuda contínua e a orientação do adulto – no processo de
                         educação e de ensino.
6




       Nesta citação há dois elementos que necessitam de ressalva. O primeiro é a
apropriação da cultura e das realizações humanas que a criança faz: importante lembrar que
não está em discussão qualquer apropriação, mas as máximas elaborações humanas. Sobre
esta ideia de apropriação das máximas elaborações humanas, nos é possibilitado pensar a
partir dos escritos de Leontiev (1961). Assim, o que há de mais elaborado precisa ser
apresentado às crianças, independentemente de sua idade e condição.

       Pensamos aqui em todo o rigor da escrita, toda a possibilidade de se conhecer a vida e
se encantar com ela, os animais, os brinquedos, as aventuras, pela descrição dos poetas, por
exemplo. O segundo ponto é de igual forma essencial para a Teoria Histórico-Cultural, qual
seja, a ação intencional do educador. Aqui falamos do bom ensino defendido por Vigotski no
conjunto de sua obra ou do aprendizado e “ensino especial” ou “melhor ensino”, tão
pontuados na obra de Mukhina (1996, p. 50, 236).

       Nesta lógica as escolas de Educação Infantil têm especial importância. Como a própria
autora menciona, nesse período as atividades das crianças se tornam mais complexas, o que
requer uma linguagem de melhor qualidade (MUKHINA, 1996) e reafirma a necessidade de
não se utilizar qualquer livro, música ou poesia. Cumpre observar o rigor na escrita, a
qualidade do material e a definição dos contornos nos desenhos e letras, não encontrados nas
folhas apagadas da fotocopiadora ou do mimeógrafo e em tantos outros materiais
empobrecidos.

       Assim é decisiva a atenção aos recursos, materiais e procedimentos. A escolha dos
coordenadores e educadores na rotina da instituição pode favorecer ou não a aprendizagem e
o desenvolvimento das crianças. Então, não é antecipando-se práticas e conteúdos do Ensino
Fundamental que se favorece de forma sistematizada a aproximação da criança com o
conhecimento, as informação, as artes; ao contrário, é justamente respeitando o que é próprio
da educação pré-escolar que o educador se instrumentaliza para seus procedimentos
pedagógicos.

       O enriquecimento do vocabulário e a primazia da linguagem favorecem a tentativa que
a criança faz de compreender o significado das palavras, compará-las e associá-las. Segundo a
autora, aprimorar a capacidade da criança para “construir frases de acordo com as regras
gramaticais [...] contribuirá para o domínio da leitura e escrita” (MUKHINA, 1996, p. 234-
235). Neste sentido, ainda segundo a autora, quando o ensino avança, abre-se caminho para o
desenvolvimento psíquico com vista “à formação de determinadas qualidades psíquicas e à
transformação de qualidades psíquicas adquiridas anteriormente”. (MUKHINA, 1996, p. 52).
7




       O desafio é incorporar as necessidades, interesses e potencialidades das crianças, com
respeito aos padrões e valores da cultura e da sociedade onde elas se encontram, e ao mesmo
tempo ampliar permanentemente as fronteiras do seu universo, da sua realidade imediata, em
favor de uma educação criadora e criativa para todos.

       Destacamos que experiências como estas de formação em serviço atribuem real
significado àquele conhecimento apropriado no decorrer da formação e atuação do educador.
Práticas que sem os estudos e sem a reflexão edificariam uma rotina sem encanto, sem
aprendizagem, sem som, que podem, com propostas como esta, possibilitar às crianças e aos
professores o encanto do som, das músicas, das histórias e das poesias.

       Mais do que isto, essas experiências contribuem para que o professor possa reavaliar
sua prática pedagógica com as crianças e consiga dar significado às suas ações nas unidades
escolares. Nesta perspectiva, personagens de telas, das poesias e histórias, podem
proporcionar uma aprendizagem que favorece o trabalho pedagógico de dirigir a conduta da
escola em favor da imaginação criadora, da ética, de valores comuns e em defesa do coletivo
– o que é possível com todos os educandos em todos os espaços escolares.

       Com isto defendemos que a ação intencional do professor em favor de uma prática
educativa capaz de instrumentalizar quem ensina e quem aprende para um outro devir, para
outra forma de ser da escola. De fato objetivamos uma prática educativa que os tornem
capazes de identificar e superar desafios e de projetar uma condição humana em todos sejam
qual for sua etnia, condição física ou intelectual, não sejam reprodutores da miséria, mas
constituam-se como pertencentes à humanidade, porém, com condições plenas de existência.

       Estas são questões que se apresentam para nós, numa tarefa que só tem sentido porque
se mostra como possibilidade de realizações coletivas, primeiro num esforço de estudos e
quiçá num futuro próximo com projetos para realização de fato.

       Consideramos que a ausência de um referencial teórico definido demonstra          que
embora tenhamos uma trajetória, urge que nos mobilizemos em estudos para a decisão de
efetuarmos uma conduta pedagógica que se ampara numa defesa de educação que
vislumbramos.

       Partindo da premissa de que o referencial teórico estabelece embasamento capaz de
orientar a prática educativa, pois define um posicionamento diante da educação, da sociedade,
da escola, do mundo e do homem; assumimos, neste momento, a possibilidade inicial de
estudos que indiquem um direcionamento teórico-metodológico.
8




       Compreendemos que a escola trabalha em seu quotidiano com normas, conflitos e
valores da sociedade vigente; compreensão esta que pode apresentar-se como um diferencial
na efetivação da prática educativa. No trabalho com as crianças ou com os adultos, não
precisamos necessariamente reafirmar, por exemplo, o individualismo exacerbado e tão
presente neste momento histórico. Ao contrário, o trabalho pedagógico, além dos conteúdos,
pode apresentar e ensinar a possibilidade da solidariedade, da ética, do convívio coletivo e
pautar-se no respeito pelo bem comum.

       Um referencial teórico que apresente estas possibilidades pode favorecer, de fato, uma
proposta de educação pautada na excelência, ainda que nos limites que conhecemos,
expressos na necessidade de formação continuada coerente aos princípios norteadores do
referencial teórico. Isto significa dizer que ao assumir-se o compromisso com uma educação
promotora.

       Dessa forma, a Teoria Histórico-Cultural reafirma a autoridade do professor e a função
da educação, defendendo a utilização dos clássicos no interior da escola e, em nosso
entendimento isto vale fundamentalmente para a organização da rotina escolar. O que vale
dizer a organização do tempo e do espaço. Nesse processo, segundo Saviani (2000, p. 17) a
escola é o espaço/tempo em que isto se efetiva:


                          o trabalho educativo [...] o ato de produzir, direta e intencionalmente, em
                          cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida história e
                          coletivamente pelo conjunto de homens. Assim, o objeto da educação diz
                          respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam
                          ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se
                          tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das
                          formas mais adequadas para atingir esse objetivo.


       Sendo assim, conclui-se que se faz necessário organizar a rotina dos professores e
crianças a fim de embasar as praticas pedagógicas do professor e desenvolvera ao máximo as
capacidades humanas.



2 Metodologia da pesquisa

       A pesquisa utiliza-se de pesquisa bibliográfica principalmente no que tange ao
entendimento da teoria Histórico-Cultural. Paralelamente a estes estudos aponta reflexões
9




acerca de pesquisas de campos realizadas a fim de observar a realidade existente nas práticas
pedagógicas atual nas escolas e centros de educação infantil no Paraná.

       Para atingir tal objetivo usamos de fichamentos, anotações e fotografias dos locais
onde se realizam várias pesquisas de campo, não cabe aqui ressaltar os municípios, pois esta
pesquisa relata de forma sucinta a totalidade de outras pesquisas. Desta forma, cabem aqui
observações sucintas e claras que, aliás, podem ser observadas em outras tantas realidades.



3 Considerações finais

       Ante ao exposto, reafirmamos que a indicação do trabalho a partir da Teoria Histórico-
Cultural, objetiva uma proposta de estudos preliminares com possibilidade de embasar a ação
educativa de todas as unidades escolares.

       Considerarmos a contribuição fundamental da Psicologia Histórico-Cultural, com a
idéia de que esta atividade criadora do homem o torna capaz de projetar – como afirma
Vigostski (2000;2007) – fazer o futuro, modificar o presente; e é justamente isto que faz com
que este referencial teórico se firme como resposta aos desafios da atualidade, uma vez que
torna possível a condição de nos instrumentalizar, mesmo em situação adversa para
vislumbrar as possibilidades de êxito.

       Sabemos das dificuldades e enfrentamentos diários, destacamos aqui a formação de
professores o que de fato não é o único desafio a ser vencido, a ele se soma-se a estrutura
física de algumas unidades, a necessidade de aquisição de material e recursos didáticos de
qualidade, além de tantas outras necessidades. Entendemos que estas condições muitas vezes
interferem sobre a oferta e acesso à educação, sobre a qualidade da mesma, ainda assim não
consideramos estes elementos totalmente impeditivos para uma ação competente e
profissional dos professores e membros de Equipes Pedagógicas e Administrativas.



Referências

BARROCO, S. M. S. Psicologia educacional e arte: uma leitura histórico-cultural da figura
humana. Maringá: Eduem, 2007.
BLOGANODEZHINA, L. V. Las emociones y los sentimientos. In: SMIRNOV, LEONTIEV
e outros. Psicologia. Havana: Imprensa Nacional de Cuba, 1961, p. 375
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 9.ed. São Paulo: RT, 2004.
10




______. Lei n.9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Diário Oficial, Brasília, DF, 23 de dezembro de 1996.
CHAVES, M. et all (Org). Professores Repensando a Prática Pedagógica: propostas, objetivos
e conquistas coletivas. 21. ed. Maringá: Programa Interdisciplinar de Estudos de Populações,
Laboratório de Arqueologia, Etnologia, 2008. v. 1. 79 p.
____. Estudos e Práticas Educativas para Educação Infantil: desafios e conquistas de
professores e crianças. 1. ed. Maringá: Lab. de Arqueologia, Etnologia e Etno-História da
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____. Desafios na Prática Educativa: uma proposta de formação em serviço. 1. ed. Maringá:
Lab. de Arqueologia, Etnologia e Etno-História da UEM, 2007b. v. 1. 33 p.
DUARTE, N. Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós-
modernas da teoria vigotskiana. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2004. (Coleção
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FACCI, M. G. D. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor?: um estudo crítico-
comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana.
Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
KUENZER, A. Z. Exclusão Includente e Inclusão Excludente: a nova forma de dualidade
estrutural que objetiva as novas relações entre educação e trabalho. In: LOMBARDI, J. C.,
SAVIANI, D. e SANFELICE, J. L. (Orgs.). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas:
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LEONTIEV e outros. Psicologia. Havana: Imprensa Nacional de Cuba, 1961.
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MELLO, S.A. Algumas implicações pedagógicas da Escola de Vygotsky para a educação
infantil, Pro-posições/Faculdade de Educação-Unicamp, Campinas, v.10, n. 1 (28), mar. 1999.
MUKHINA,V. Psicologia da Idade Pré-escolar. Trad. Claudia Berliner. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
VIGOTSKY, L. S. La imaginación y el arte en la infancia: ensayo psicológico. 8. ed. Madrid:
Akal, 2007. (Akal básica de bolsillo, 87)

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A rotina escolar por meio da arte e cultura

  • 1. 1 A rotina de professores e crianças: algumas reflexões sobre a contribuição da teoria histórico-cultural para a organização do tempo e do espaço nas unidades escolares Resumo: O objetivo deste texto é refletir como os procedimentos didáticos afetos à arte constituem-se como fundamentais para a realização de práticas educativas humanizadoras, por meio dos quais professores e crianças podem ter acesso às riquezas humanas elaboradas em diferentes contextos. Consideramos que o trabalho educativo organizado com poetas, poetisas e artistas de diferentes contextos favorece na organização da rotina dos Centros de Educação Infantil e escolas. Ressaltamos neste texto que os procedimentos didáticos e o trabalho educativo priorizando a arte, se amparados pela Teoria Histórico-Cultural, pode não apenas ampliar o universo cultural de professores e crianças, mas fundamentalmente motivar a aprendizagem e desenvolvimento. Aqui se compreende que as unidades educativas podem se apresentar como espaços de educação por excelência. Palavras chave: Rotina; Tempo e espaço; Educação; Arte A routine for teachers and children: some reflections on the contribution of historic-cultural theory for the organisation of time and space on school units Abstract: The aim of this paper is to reflect the procedures pertaining to the teaching art are as fundamental to the achievement of educational humanizing, through which teachers and children can have access to human wealth produced in different contexts. We believe that the organized educational work with poets, poets and artists from different backgrounds helps in organizing the routine of the child day care centers and schools. We stress that the procedures in this text didactic and educational work prioritizing the art, if supported by the Cultural-Historical Theory, can not only expand the cultural universe of teachers and children, but ultimately motivate learning and development. Here it is understood that the educational units may present as areas of education par excellence. Keywords: Routine, Time and space; Education; Art 1. Introdução Atualmente, muito se fala em teorias de educação, no entanto poucos resultados vemos no chão da escola. Dessa forma, apresentamos a pesquisa a fim de exemplificarmos como os
  • 2. 2 procedimentos didáticos refletem se nas práticas educativas. Para isso, usamos de trabalhos afetos a arte e literatura, amparamo-nos para tal na Teoria Histórico-Cultural onde acreditamos não apenas ampliar o universo cultural de professores e crianças, mas fundamentalmente motivar a aprendizagem e desenvolvimento na busca de uma aprendizagem por excelência. 2. Considerações sobre a organização da rotina Consideramos que os procedimentos didáticos afetos à arte constituem-se como fundamentais para a realização de práticas educativas, por meio dos quais professores e crianças podem ter acesso às riquezas humanas elaboradas em diferentes contextos. O trabalho educativo organizado com poetas, poetisas e artistas de diferentes tempos encanta crianças e em muito favorece na organização da rotina junto às unidades escolares; de igual modo que as intervenções didáticas por meio de telas, músicas, histórias, poesias e tantas outras possibilidades de trabalho didático com crianças da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Ressaltamos que estes procedimentos, se amparados pela Teoria Histórico- Cultural, referencial teórico que se caracteriza pela defesa de apresentação às crianças por aquilo que há demais elaborado pela Ciência, Arte e Educação, como querem os escritos de Vigotsky( 2007), Leontiev (1961), Bloganodezhina (1961) Para nós, as unidades educativas podem se apresentar como espaços de educação por excelência, o que equivale a dizer que, nesta perspectiva, a rotina, ou seja, a organização do tempo e do espaço só se justificam se forem plenas de práticas educativas caracterizadas pelo colorido de plantas e flores, em todos os espaços possíveis da Escola e dos Centros de Educação Infantil. Pensamos aqui não apenas no colorido e encanto das flores vivas que podem ser plantadas nas entradas das unidades, mas nos registros dos painéis, atualmente tão marcados pela presença de desenhos e ilustrações da Disney, por exemplo e particularmente, quantos Ursinho Pooh estão sendo vistos por nossas crianças, todos dias letivos e em todas as horas escolares. Consideramos que, se nas salas e espaços ocupados por crianças apresentarmos com intencionalidade educativa as mais diversas cores, formas, letras, números, brinquedos e brincadeiras – possíveis de serem identificados em músicas e histórias –, isto pode apresentar- se como referência e modelo para uma infância que se mostra empobrecida neste início de século XXI. Na atualidade, a miséria na vida de crianças e adultos não alcança apenas aspectos objetivos, como a precariedade ou inexistência de recursos materiais, mas expressa-
  • 3. 3 se também nas condições efetivas de aprimoramento dos professores que atuam nas unidades escolares brasileiras. Esta condição os impede de instrumentalizar práticas educativas mais conseqüentes em favor de uma educação para a autonomia e a valorização das potencialidades humanas. Neste sentido, a Psicologia Histórico-Cultural ou Teoria Histórico-Cultural apresenta- se na condição de amparo numa perspectiva de humanização e emancipação. Assim, para que os procedimentos didáticos sejam ricos de significado, a comunicação, a afetividade e a escolha de recursos e procedimentos devem figurar como características essenciais no processo de ensino. Neste propósito de educação recorremos aos ensinamentos de Bloganodezhina (1961), quando afirma que, os sentimentos estéticos se desenvolvem mais quando se leem versos especialmente escritos para as crianças, com desenhos de qualidade, e quando a criança escuta boa música, com seus movimentos rítmicos. Assim, as primeiras vivências estéticas se manifestam sem limite da idade da criança. A partir desta perspectiva, as práticas educativas têm como prioridade a musicalização, procedimentos didáticos com telas, o ensinar a encantar-se por personagens de histórias, pelo ritmo e movimento das poesias e canções. Consideramos que, com estratégias e recursos adequados, seja possível levar as crianças a estágios cada vez mais avançados de aprendizagem e desenvolvimento, como propõem os escritos do referencial teórico mencionado. Assim, apresentar em detalhes as telas de Portinari, brincar e dançar com as letras de Vinícius e Toquinho, configuram-se como possibilidades de apresentar às crianças e educadores as máximas elaborações humanas. O valor estético, a beleza e rigor dos traçados e da escrita, por sua condição de encantar, constituem, como propõe Leontiev (1961), reais condições para que as produções humanas sejam herdadas por todos. Nesta perspectiva Chaves (2009) considera que o desafio - de rever práticas educativas com crianças pequenas - apresentado aos educadores neste momento, em que se discute a sua formação e atuação em conformidade com as leis pertinentes e discutir as potencialidades das crianças e a necessidade da intencionalidade educativa em favor da emancipação, em oposição ao assistencialismo, que educa para a submissão, precisa necessariamente discutir também a potencialidade do educador e a necessidade de que este compreenda sua prática para que tenha objetivas condições de escolha.
  • 4. 4 Assim, para esta autora escolher as músicas, poesias e histórias que devam fazer parte da organização permanente dos trabalhos nas escolas e Centros de Educação Infantil requer, antes da organização do fazer pedagógico propriamente dito, estudos e decisões coletivas. Isto favorecerá a compreensão de que em todo tempo e em todos os espaços as unidades educativas devem estar repletas de coloridos e sons, em oposição às dezenas de instituições nas quais os brinquedos e CDs estão guardados onde as crianças têm pouco ou nenhum acesso. Lembremos aqui que a formação frágil e os poucos recursos didáticos disponíveis nas instituições educativas, favorece que os CDs da linha comercial –por exemplo- estejam tomando o tempo e espaço de inúmeras crianças em diversas regiões do país. Destacamos, oportunamente, a importância da Formação Continuada, um tempo fecundo para se estudar e discutir a organização da rotina nas unidades escolares. Apenas com estes estudos se venceria a idéia de que “as crianças gostam” do Pooh, ou das chamadas músicas pára crianças, por exemplo, e que elas podem aprender a gostar de outros desenhos. Podem gostar de outros traçados, de outras músicas que não as que são definidas por emissoras de televisão ou nos períodos de Carnaval, determinando de norte a sul do país o ritmo e a dança a ser “apreciada” Em oposição a este ensinar sem vida e sem cores, há o procedimento no qual as crianças participam das decisões, desde como planejar e preparar a ilustração das salas, os armários e as caixas para guardar materiais de trabalho diário, até como organizar os espaços internos e áreas externas (muros), escolhendo formatos, cores e temas. Esse processo de organização e embelezamento dos espaços, no qual a criança fica por muitas horas no dia e muitos anos de sua vida, pode ter como motivo os mencionados expoentes das artes, sua letras, suas telas e seus personagens. Neste processo, as atividades tidas como rotineiras – recortar, colar, pintar desenhar, ouvir música e dançar – que na maioria das vezes se configuram como execução de tarefas e obediência a comandos, podem ser de fato atividades significativas e favorecer a aprendizagem e o aprimoramento intelectual de quem aprende e de quem ensina. Assim, na avaliação e apresentação de uma proposta de trabalho às crianças, pode ser decisivo conhecer e ensinar os encantos de José Paulo Paes, Mario Quintana e Pedro Bandeira, apenas para citar alguns autores. Ensinar a beleza dos traçados de Volpi, Tomie, Anita, Tarsila e tantos outros artistas que conhecendo sua infância, podemos ampliar nosso universo cultural e o universo cultural das crianças. A atenção e realização de livretos e
  • 5. 5 painéis com estes poetas, escritores, pintores, não elimina os procedimentos convencionais de recorte, colagem, amassados, massas de modelar e outros. Destacamos que a preocupação central não está no desenvolvimento e aprimoramento da coordenação das crianças, mas fundamentalmente em sua aprendizagem, no estabelecimento de motivos e alegrias para querer aprender, conhecer, e com isto favorecer seu desenvolvimento e sua habilidade de coordenação, o que, a exemplo de outras habilidades, será uma conseqüência desse trabalho. A defesa do brincar e brincar com as histórias, personagens, formas e cores, além da realização de leituras carregadas de significado atende às orientações extraídas dos escritos de Mukhina (1996). Esta autora, amparada na Teoria Histórico-Cultural, reafirma que a criança – nas experiências com as artes – estabelece comparações, elabora impressões, interpreta conflitos e considera diferentes hipóteses. Assim, a Literatura Infantil – que aparentemente é valorizada, mas de fato é colocada em segundo plano na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, assumindo a condição de atividade de “final da aula” – nesta proposta constitui uma possibilidade de mostrar às crianças a vida e a luta do e no mundo, para além de sua vivência imediata. É importante registrar que esta forma de condução do trabalho pedagógico não implica em eliminar ou minimizar a fantasia, o mágico e o lúdico; ao contrário, estes elementos são fundamentais para levar a criança a perceber-se como autora de suas ilustrações, seus escritos, suas histórias, suas poesias e suas lindas telas. A possibilidade de apropriar-se da cultura e de realizar “novas tarefas” e “novas atividades” (MUKHINA, 1996, p. 284-285) se traduz como a necessidade da concentração para lembrar-se ou reproduzir algo ou mesmo proceder à elaboração de um desenho, ações que podem ser imediatamente associadas ao desenvolvimento da atenção, da memória, da imaginação, que ganham sentido com pintores e poetas. Sobre esta questão Mukhina (1995, p. 40) ensina que: As crianças assimilam esse mundo, a cultura humana, assimilam pouco a pouco as experiências sociais que essa cultura contém, os conhecimentos, as aptidões e as qualidades psíquicas do homem. È essa a herança social. Sem dúvida, criança não pode se integrar a cultura humana de forma espontânea. Consegue-o com a ajuda contínua e a orientação do adulto – no processo de educação e de ensino.
  • 6. 6 Nesta citação há dois elementos que necessitam de ressalva. O primeiro é a apropriação da cultura e das realizações humanas que a criança faz: importante lembrar que não está em discussão qualquer apropriação, mas as máximas elaborações humanas. Sobre esta ideia de apropriação das máximas elaborações humanas, nos é possibilitado pensar a partir dos escritos de Leontiev (1961). Assim, o que há de mais elaborado precisa ser apresentado às crianças, independentemente de sua idade e condição. Pensamos aqui em todo o rigor da escrita, toda a possibilidade de se conhecer a vida e se encantar com ela, os animais, os brinquedos, as aventuras, pela descrição dos poetas, por exemplo. O segundo ponto é de igual forma essencial para a Teoria Histórico-Cultural, qual seja, a ação intencional do educador. Aqui falamos do bom ensino defendido por Vigotski no conjunto de sua obra ou do aprendizado e “ensino especial” ou “melhor ensino”, tão pontuados na obra de Mukhina (1996, p. 50, 236). Nesta lógica as escolas de Educação Infantil têm especial importância. Como a própria autora menciona, nesse período as atividades das crianças se tornam mais complexas, o que requer uma linguagem de melhor qualidade (MUKHINA, 1996) e reafirma a necessidade de não se utilizar qualquer livro, música ou poesia. Cumpre observar o rigor na escrita, a qualidade do material e a definição dos contornos nos desenhos e letras, não encontrados nas folhas apagadas da fotocopiadora ou do mimeógrafo e em tantos outros materiais empobrecidos. Assim é decisiva a atenção aos recursos, materiais e procedimentos. A escolha dos coordenadores e educadores na rotina da instituição pode favorecer ou não a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Então, não é antecipando-se práticas e conteúdos do Ensino Fundamental que se favorece de forma sistematizada a aproximação da criança com o conhecimento, as informação, as artes; ao contrário, é justamente respeitando o que é próprio da educação pré-escolar que o educador se instrumentaliza para seus procedimentos pedagógicos. O enriquecimento do vocabulário e a primazia da linguagem favorecem a tentativa que a criança faz de compreender o significado das palavras, compará-las e associá-las. Segundo a autora, aprimorar a capacidade da criança para “construir frases de acordo com as regras gramaticais [...] contribuirá para o domínio da leitura e escrita” (MUKHINA, 1996, p. 234- 235). Neste sentido, ainda segundo a autora, quando o ensino avança, abre-se caminho para o desenvolvimento psíquico com vista “à formação de determinadas qualidades psíquicas e à transformação de qualidades psíquicas adquiridas anteriormente”. (MUKHINA, 1996, p. 52).
  • 7. 7 O desafio é incorporar as necessidades, interesses e potencialidades das crianças, com respeito aos padrões e valores da cultura e da sociedade onde elas se encontram, e ao mesmo tempo ampliar permanentemente as fronteiras do seu universo, da sua realidade imediata, em favor de uma educação criadora e criativa para todos. Destacamos que experiências como estas de formação em serviço atribuem real significado àquele conhecimento apropriado no decorrer da formação e atuação do educador. Práticas que sem os estudos e sem a reflexão edificariam uma rotina sem encanto, sem aprendizagem, sem som, que podem, com propostas como esta, possibilitar às crianças e aos professores o encanto do som, das músicas, das histórias e das poesias. Mais do que isto, essas experiências contribuem para que o professor possa reavaliar sua prática pedagógica com as crianças e consiga dar significado às suas ações nas unidades escolares. Nesta perspectiva, personagens de telas, das poesias e histórias, podem proporcionar uma aprendizagem que favorece o trabalho pedagógico de dirigir a conduta da escola em favor da imaginação criadora, da ética, de valores comuns e em defesa do coletivo – o que é possível com todos os educandos em todos os espaços escolares. Com isto defendemos que a ação intencional do professor em favor de uma prática educativa capaz de instrumentalizar quem ensina e quem aprende para um outro devir, para outra forma de ser da escola. De fato objetivamos uma prática educativa que os tornem capazes de identificar e superar desafios e de projetar uma condição humana em todos sejam qual for sua etnia, condição física ou intelectual, não sejam reprodutores da miséria, mas constituam-se como pertencentes à humanidade, porém, com condições plenas de existência. Estas são questões que se apresentam para nós, numa tarefa que só tem sentido porque se mostra como possibilidade de realizações coletivas, primeiro num esforço de estudos e quiçá num futuro próximo com projetos para realização de fato. Consideramos que a ausência de um referencial teórico definido demonstra que embora tenhamos uma trajetória, urge que nos mobilizemos em estudos para a decisão de efetuarmos uma conduta pedagógica que se ampara numa defesa de educação que vislumbramos. Partindo da premissa de que o referencial teórico estabelece embasamento capaz de orientar a prática educativa, pois define um posicionamento diante da educação, da sociedade, da escola, do mundo e do homem; assumimos, neste momento, a possibilidade inicial de estudos que indiquem um direcionamento teórico-metodológico.
  • 8. 8 Compreendemos que a escola trabalha em seu quotidiano com normas, conflitos e valores da sociedade vigente; compreensão esta que pode apresentar-se como um diferencial na efetivação da prática educativa. No trabalho com as crianças ou com os adultos, não precisamos necessariamente reafirmar, por exemplo, o individualismo exacerbado e tão presente neste momento histórico. Ao contrário, o trabalho pedagógico, além dos conteúdos, pode apresentar e ensinar a possibilidade da solidariedade, da ética, do convívio coletivo e pautar-se no respeito pelo bem comum. Um referencial teórico que apresente estas possibilidades pode favorecer, de fato, uma proposta de educação pautada na excelência, ainda que nos limites que conhecemos, expressos na necessidade de formação continuada coerente aos princípios norteadores do referencial teórico. Isto significa dizer que ao assumir-se o compromisso com uma educação promotora. Dessa forma, a Teoria Histórico-Cultural reafirma a autoridade do professor e a função da educação, defendendo a utilização dos clássicos no interior da escola e, em nosso entendimento isto vale fundamentalmente para a organização da rotina escolar. O que vale dizer a organização do tempo e do espaço. Nesse processo, segundo Saviani (2000, p. 17) a escola é o espaço/tempo em que isto se efetiva: o trabalho educativo [...] o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida história e coletivamente pelo conjunto de homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo. Sendo assim, conclui-se que se faz necessário organizar a rotina dos professores e crianças a fim de embasar as praticas pedagógicas do professor e desenvolvera ao máximo as capacidades humanas. 2 Metodologia da pesquisa A pesquisa utiliza-se de pesquisa bibliográfica principalmente no que tange ao entendimento da teoria Histórico-Cultural. Paralelamente a estes estudos aponta reflexões
  • 9. 9 acerca de pesquisas de campos realizadas a fim de observar a realidade existente nas práticas pedagógicas atual nas escolas e centros de educação infantil no Paraná. Para atingir tal objetivo usamos de fichamentos, anotações e fotografias dos locais onde se realizam várias pesquisas de campo, não cabe aqui ressaltar os municípios, pois esta pesquisa relata de forma sucinta a totalidade de outras pesquisas. Desta forma, cabem aqui observações sucintas e claras que, aliás, podem ser observadas em outras tantas realidades. 3 Considerações finais Ante ao exposto, reafirmamos que a indicação do trabalho a partir da Teoria Histórico- Cultural, objetiva uma proposta de estudos preliminares com possibilidade de embasar a ação educativa de todas as unidades escolares. Considerarmos a contribuição fundamental da Psicologia Histórico-Cultural, com a idéia de que esta atividade criadora do homem o torna capaz de projetar – como afirma Vigostski (2000;2007) – fazer o futuro, modificar o presente; e é justamente isto que faz com que este referencial teórico se firme como resposta aos desafios da atualidade, uma vez que torna possível a condição de nos instrumentalizar, mesmo em situação adversa para vislumbrar as possibilidades de êxito. Sabemos das dificuldades e enfrentamentos diários, destacamos aqui a formação de professores o que de fato não é o único desafio a ser vencido, a ele se soma-se a estrutura física de algumas unidades, a necessidade de aquisição de material e recursos didáticos de qualidade, além de tantas outras necessidades. Entendemos que estas condições muitas vezes interferem sobre a oferta e acesso à educação, sobre a qualidade da mesma, ainda assim não consideramos estes elementos totalmente impeditivos para uma ação competente e profissional dos professores e membros de Equipes Pedagógicas e Administrativas. Referências BARROCO, S. M. S. Psicologia educacional e arte: uma leitura histórico-cultural da figura humana. Maringá: Eduem, 2007. BLOGANODEZHINA, L. V. Las emociones y los sentimientos. In: SMIRNOV, LEONTIEV e outros. Psicologia. Havana: Imprensa Nacional de Cuba, 1961, p. 375 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 9.ed. São Paulo: RT, 2004.
  • 10. 10 ______. Lei n.9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial, Brasília, DF, 23 de dezembro de 1996. CHAVES, M. et all (Org). Professores Repensando a Prática Pedagógica: propostas, objetivos e conquistas coletivas. 21. ed. Maringá: Programa Interdisciplinar de Estudos de Populações, Laboratório de Arqueologia, Etnologia, 2008. v. 1. 79 p. ____. Estudos e Práticas Educativas para Educação Infantil: desafios e conquistas de professores e crianças. 1. ed. Maringá: Lab. de Arqueologia, Etnologia e Etno-História da UEM, 2007a. v. 1. 40 p. ____. Desafios na Prática Educativa: uma proposta de formação em serviço. 1. ed. Maringá: Lab. de Arqueologia, Etnologia e Etno-História da UEM, 2007b. v. 1. 33 p. DUARTE, N. Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós- modernas da teoria vigotskiana. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2004. (Coleção educação contemporânea) FACCI, M. G. D. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor?: um estudo crítico- comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. Campinas, SP: Autores Associados, 2004. KUENZER, A. Z. Exclusão Includente e Inclusão Excludente: a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas relações entre educação e trabalho. In: LOMBARDI, J. C., SAVIANI, D. e SANFELICE, J. L. (Orgs.). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas: Autores Associados, HISTEDBR, 2002, p. 77-95. (Col. Educação Contemporânea). LEONTIEV e outros. Psicologia. Havana: Imprensa Nacional de Cuba, 1961. LIMA, E. A. Infância e Teoria Histórico-Cultural: (Des) Encontros da Teoria e da Prática. 2005, Tese (Doutorado em Ensino na Educação Brasileira). Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP, Marília, 2005. MELLO, S.A. Algumas implicações pedagógicas da Escola de Vygotsky para a educação infantil, Pro-posições/Faculdade de Educação-Unicamp, Campinas, v.10, n. 1 (28), mar. 1999. MUKHINA,V. Psicologia da Idade Pré-escolar. Trad. Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 1996. VIGOTSKY, L. S. La imaginación y el arte en la infancia: ensayo psicológico. 8. ed. Madrid: Akal, 2007. (Akal básica de bolsillo, 87)