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Edição
Especial
CULTURAORGANIZACIONAL
EADIVERSIDADE
Estatisticamente
Falando
A Deficiência no
Brasil e o Mercado
de Trabalho  pág.4
Gestão de
Pessoas Especiais
A Integração
nas Organizações  pág.8
Sentindo
na Pele
Qual a Sensação de
ser Especial  pág.13
2
Administração
Expediente
	 Diagramação:	 Ricardo Coelho
	 Editoração:	 Karine Rocha e Ricardo Coelho
	 Matérias:	Allan Guimarães, Ana Paula Oliveira, Robério Caval-
cante, Karine Rocha
	 Colaboração:	Lílian Antinhani, Márcia Griesang, Andréa Félix, Ma-
rines Flocks, Fabiana Catarino, Selma Pereira, Cézar
Freitas e Ramon Cavalcante.
	Participação
	 Especial:	 James da Silva Neves
3
Índice
Estatisticamente Falando.............................................................................................. 4
A Deficiência no Brasil e o Mercado de Trabalho
Financeiramente Falando.............................................................................................. 5
Há diferenciação de salários?
Tecnologias...................................................................................................................... 6
Sistemas e tecnologias que Auxiliam na Adaptação de Pessoas Especiais
Gestão de Pessoas Especiais......................................................................................... 8
A Integração nas Organizações
Comportamento nas Organizações............................................................................10
Integração Entre Colaboradores com Deficiência Física ou Não
Especial..........................................................................................................................11
Entrevista com James
Sentindo na Pele..........................................................................................................13
Qual a Sensação de ser Especial
Você Sabia?....................................................................................................................15
Curiosidades, mitos e verdades
Editorial
Nosso progresso educacional se deve sempre ao nosso esforço, sempre lúdico e
sempre responsável.
Nossa união como equipe gerou uma aproximação extrema depois dessa expe-
riência que nos fez enxergar que gerir pessoas, conhecer sistemas inteligentes nesta
era tecnológica, colher dados estatísticos e até mesmo sentir na pele o que é hoje
em dia ser um cadeirante faz aflorar um sentimento único e até mesmo exagerado
de querer defender a causa.
Tudo que colocamos aqui nesta edição da revista Potencial é para que os leitores
possam também sentir, vivenciar e ter uma nova visão de tantos colaboradores es-
peciais que temos andando em nosso dia a dia nas ruas, metrôs, trens e até mesmo
em nosso local de trabalho.
Não podemos deixar de fazer um agradecimento especial à empresa Porto Seguro
que nos ajudou imensamente e sem tanta colaboração o nosso esforço não seria tão
bem aproveitado.
4
Estatisticamente Falando
A Deficiência no Brasil e o Mercado de Trabalho
Segundo estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 45,6
milhões de brasileiros tem alguma deficiência. Isso corresponde a aproximadamente 23,9%
da população brasileira. Os dados revelam que a maioria das pessoas que têm deficiências
está concentrada em áreas urbanas e com níveis de instruções e rendimentos muito baixos.
A deficiência visual é a mais apontada, atinge 18,8% da população, em seguida os com defi-
ciências motoras 7%, auditivas 5,10% e da deficiência mental ou intelectual 1,40%.
A causas principais são as congênitas (que provêm do nascimento) e as adquiridas ao
longo da vida. Cerca de 56,6% são adquiridas principalmente pelo aumento da violência
urbana, entre as causas principais estão acidentes com arma de fogo com 46%, acidentes
de trânsito com 30%.
A região nordeste detém a menor taxa de alfabetização entre os declarantes com
alguma deficiência 69,7%. Além do maior percentual da população com alguma defi-
ciência severa investigada, depois aparecem às regiões norte, sudeste, sul e centro-oes-
te.O levantamento aponta ainda que 53,8% estão desocupados ou fora do mercado de
trabalho, a população ocupada com pelo menos uma deficiência representa 23,6% do
no país, desses, 40,2% possuem carteira de trabalho assinada. O grande aumento na
criação de oportunidades de emprego se deve a implantação de cotas. Esse sistema foi
introduzido no Brasil no ano de 1960, posteriormente, modificado pelo Artigo 93 da Lei
8.213/91 que dispõe:
Art. 93. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a
5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,
habilitadas, na seguinte proporção: A primeira vista pode parecer uma simples imposição,
mas na verdade funciona como um contraponto imediato para combater o processo his-
tórico de exclusão social, alguns empregadores ainda se mostram resistentes em contra-
5
tar portadores com deficiência, os motivos alegados pela maioria é a falta de adaptação,
qualificação ou escolaridade. Mas, de acordo com dados obtidos pela pesquisa  de autoria
do Centro de Políticas Sociais (CPS) do IBRE/FGV, em média os portadores de deficiência
possuem um ano de escolaridade a menos do que pessoas sem deficiência.Os setores da
economia que mais contratam pessoas deficientes são: Serviços e Administração Pública,
Indústria Automotiva (como principais alimentadores das linhas de produção), Indústria de
Alimentos e bebidas (como principais degustadores e controle de qualidade), Construção
Civil (serviços administrativos), Petróleo e Biocombustíveis, Educação e Atividades de aten-
ção à Saúde Humana e também em Transporte (para serviços de mecânica e engenharia).
O Estado de São Paulo registra o maior número de empregos formais de pessoas com de-
ficiências, habilitados e reabilitados, principalmente na indústria, dos mais diferentes gê-
neros. Segundo levantamentos, a falta de capacitação ainda tem sido o principal entrave
para a inclusão de pessoas com deficiências no mercado de trabalho.
Financeiramente Falando
Há diferenciação de salários?
Não encontramos
dados que mostras-
sem diferenciação
de salários entre
deficientes ou
não, isso é extre-
mamente proibi-
do segundo o guia
trabalhista:
O artigo 7º, inciso XXXI da Constituição Federal trouxe a proibição de qualquer ato dis-
criminatório no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência.
Independente disto encontramos alguns depoimentos na internet de pessoas porta-
doras de deficiência informando que apesar de proibido, algumas empresas realizam a
contratação dos colaboradores sem deficiência como “assistentes” e dos portadores de
deficiência como “auxiliares” para que então, ganhem um salário menor.
Há que se dizer que os portadores de deficiência devem se sentir valorizados e não acei-
tar este tipo de tratamento, mas infelizmente a necessidade fala mais alto, fazendo com que
trabalhem realizando o mesmo trabalho de um assistente recebendo um salário de auxiliar.
Segundo as Leis Trabalhistas, só poderão reaver este tipo de atitude após o desliga-
mento, entrando com uma ação onde possam comprovar para receber o que é de direito,
mas isso também faz com que o colaborador fique com resquícios no mercado de traba-
lho, fazendo com que não consiga um novo emprego.
6
Tecnologias
Sistemas e tecnologias que Auxiliam na Adaptação de Pessoas Especiais
As empresas vêm criando situações inovadoras e investin-
do em sistemas de tecnologia a fim de facilitar a inserção de
colaboradores com necessidades especiais no mercado de tra-
balho, preocupando-se na melhoria, desde a locomoção até a
execução das tarefas dentro das organizações. Podemos citar o
caso dos cadeirantes, condição esta, que pode ter sido congêni-
ta (de nascença), ou adquirida por vários fatores como a am-
putação, que é a perda total ou parcial de um determinado
membro, paraplegia que é a perda total das funções mo-
toras dos membros inferiores, paraparesia que é a perda
parcial das funções motoras dos membros superiores ou
monoplegia que é a perda total das funções motoras de
um só membro (inferior ou superior), monoparesia que
é a perda parcial das funções de um só membro (infe-
rior ou superior) e tetraparesia que é a perda parcial das
funções motoras dos membros inferiores e superiores.
A tecnologia está evoluindo e buscando cada vez
mais atender as necessidades de cada deficiência, para
uma melhor qualidade de vida, mobilidade e conforto para
os mesmos.
Foi desenvolvido um dispositivo de mobilidade robótica
chamado TEK, onde o cadeirante consegue também ficar em
pé com uma postura correta, alcançando objetos que antes,
na cadeira de rodas, não seria capaz. As dimensões reduzidas
do dispositivo em relação às cadeiras de rodas favorecem a
acessibilidade.
Podemos citar outro exemplo, as rampas de acesso que foram implantadas dentro das
empresas para que o colaborador possa ter melhor acessibilidade em suas locomoções,
com total independência, otimizando o tempo, resgatando sua auto-estima, e com isso
fazendo toda a diferença na vida do deficiente.
Outro exemplo que podemos citar são as criações das cadeiras movidas à bateria e com
marcha que foram desenvolvidas para dar melhor qualidade de vida, diminuir o desgaste
físico que é enorme e aumentar o conforto dos usuários. A implantação dos elevadores
especiais nos ônibus, metrôs e em muitas empresas com o espaço apropriado para esses
usuários especiais, nas agências bancárias temos caixas apropriados e também é possível
encontrar telefones públicos adaptados para que os cadeirantes possam utilizar.
As inovações não param por ai, já está em fase final de teste o exoesqueleto, que é co-
7
nhecido como “Projeto Andar de Novo”
onde um paraplégico irá utilizá-lo dando
o chute inicial na abertura Copa do Mun-
do no Brasil no dia 12 de junho de 2014,
esta será uma demonstração pública do
que o projeto realmente pretende a lon-
go prazo, reabilitar pessoas que perde-
ram a capacidade de andar.
O passo final é reunir todas as tecno-
logias usadas no projeto e com isso, real-
mente conseguir mover as pessoas por
comandos cerebrais até dar o chute.
Enfim, a tecnologia vem estudando,
inovando e criando a todo tempo com
o objetivo de inserir o “cadeirante” no
mercado de trabalho e, sobretudo, na
vida social, para que eles possam ter sua
independência, dignidade, acessibilidade e qualidade de vida como todo cidadão.
8
Gestão de Pessoas Especiais
A Integração nas Organizações
Sabemos que a Gestão de pessoas ocorre através da participação, capacitação, e desen-
volvimento de colaboradores de uma empresa. É a área que tem a função de humanizar.
Pensando nisso, a Empresa Porto Seguro implantou o programa Inclusão Eficiente, que
tem como objetivo recrutar e selecionar o candidato deficiente físico para integrá-lo junto
à organização e assim desenvolvê-lo e aprimorá-lo.
Para entender melhor como funciona este processo, entrevistamos a área de recruta-
mento e seleção da empresa:
PORTO SEGURO: - No primeiro contato com o candidato, que normalmente é feito por
telefone, esclarecemos tudo sobre o programa de Inclusão Eficiente existente na empresa
e fornecemos informações sobre a oportunidade. Posteriormente realizamos um encontro
presencial com os candidatos para o início do processo seletivo.
POTENCIAL: - Existe algum curso e/ou treinamento específico na área para lidar com este
recrutamento e seleção especial?
PORTO SEGURO: - O Programa existe desde 2006 e em todo esse período a equipe participou
de diversos cursos para recrutamento desse tipo de publico, além de eventos sobre o tema. 
POTENCIAL: - De que forma vocês definem para a vaga especial o tipo de candidato que
pode participar?  
PORTO SEGURO: - É realizado um levantamento com o Gestor para identificação do melhor
perfil e qual tipo de deficiência que melhor se adequaria para a área, considerando recur-
sos, acessibilidade, etc.
POTENCIAL: - Existe algum tipo de processo seletivo em grupo, como uma dinâmica, por
exemplo? Ou é preferível fazer individualmente? 
PORTO SEGURO: - Sim, uma triagem inicial com a realização de algumas atividades especí-
ficas e entrevista individual como sequência do processo.
POTENCIAL: - Sabemos que hoje em dia as vagas para pessoas com deficiência são obriga-
tórias nas organizações, se de alguma forma isso se tornasse não obrigatório, você acredita
que a Porto Seguro manteria os funcionários especiais? 
PORTO SEGURO: - Sim, nós temos um programa que possui objetivos que vão além do
cumprimento da cota. Hoje temos mais de 300 funcionários nesta condição que possuem
oportunidade de desenvolvimento na empresa.
POTENCIAL: - Qual tipo de cuidado deve ser tomado dentro de um Processo seletivo para
que não haja algum tipo de desconforto psicológico para o Candidato?
PORTO SEGURO: - Nós realizamos normalmente, processos específicos para este público e
existe um cuidado para que sejam tratados com respeito e dignidade, abordamos as ques-
tões de forma leve e objetiva, deixando o candidato à vontade para falar de suas experiên-
cias profissionais e relatos de vida pessoal.
9
Comportamento nas Organizações
Integração Entre Colaboradores com Deficiência Física ou Não
A Corporação Porto Seguro teve origem com a fundação da “Porto Seguro Cia. de Segu-
ros Gerais” em 1945, na época suas atividades eram realizadas através de 50 funcionários. Em
1972, Abrahão Garfinkel, ex-diretor do Grupo Boa Vista de Seguros, adquiriu o controle da em-
presa, que naquela época ocupava a 44ª posição no ranking do mercado. Ao longo de 42 anos
de administração da família Garfinkel, a Porto Seguro evoluiu muito em seu segmento.
Hoje já são mais de 14 mil colaboradores, sem contar os prestadores de serviços e parcerias
comcorretores.PodeseafirmarqueaPortoSeguroéumadasmaioresemelhoresseguradoras
do País.
“AMissãodaPortoSeguroéassumirriscoseprestarserviços,pormeiodeumatendimen-
to familiar que supere expectativas, garantindo agilidade a custos competitivos com respon-
sabilidade social e ambiental.”
AInclusãoEficientecitadanamatériaanterioréumadasresponsabilidadessociaisadotadas
pela empresa. Após a contratação, começa todo um trabalho de adaptação e desenvolvimento
de seus colaboradores especiais, abaixo, há um questionário que desenvolvemos junto à área
de RH e Desenvolvimento da empresa para identificarmos um pouco deste trabalho e da visão
da empresa quanto a esses colaboradores.
POTENCIAL: - Como a Porto seguro enxerga o Deficiente Físico, dentre os demais funcionários
em sua corporação?
PORTOSEGURO:-APortoosenxergacomocolaboradores,assimcomoosdemaisfuncionários,
elesprecisamserdesenvolvidosdeacordocomasmetasestabelecidaspelassuasáreasdeatua-
ção,estedesenvolvimentopodeseratravésdetreinamentoseatéaavaliaçãodedesempenho.
POTENCIAL: - Existe algum tipo de serviço social na empresa para atender diretamente os por-
tadores de deficiência física? 
PORTO SEGURO: - Existe a área de serviço social que atende a todos os funcionários da empre-
sa, quando há necessidade.
POTENCIAL:-Qualotratamentocomaspessoasespeciaisquandojáestãoefetivas?Háalguma
diferenciação ou ações específicas desenvolvidas para estes casos?
PORTOSEGURO:-Todososfuncionáriossãotratadoscomigualdade.Casospontuaissãoacom-
panhados de acordo com a necessidade.
POTENCIAL: - Como a empresa desenvolve ações nas avaliações de desempenho, principal-
mente para casos de promoções, aparecem vagas específicas para a candidatura?
PORTO SEGURO: - Não, conforme mencionado na resposta acima, “Todos os funcionários são
tratados com igualdade”.
Por todas essas respostas, podemos dizer que a Porto Seguro não é apenas uma empresa
quepresaaempregabilidadedosportadoresdedeficiênciafísicanãosócomouma“obrigação”
e sim por tratá-los com igualdade, parabenizamos a empresa por este gesto extremamente
grandioso.
10
Especial
Entrevista com James
A Equipe Potencial entrevistou James Neves, 35
anos, Oficial de Hidráulica em Bombas e aluno pesqui-
sador discente da Faculdade Sumaré do 3° Semestre
de Pedagogia, cadeirante desde os 20 anos vítima de
ferimento por arma de fogo por apartar uma briga en-
tre amigos que o deixou paraplégico.
Após o incidente, James ficou afastado da vida so-
cial, recluso por aproximadamente um ano, retornan-
do então, após a ajuda de amigos e familiares para a
adaptação de sua nova realidade.
Mesmo após toda a adaptação, ainda encontra
grandes dificuldades nos meios de transportes e ruas
da cidade, São Paulo não é totalmente acessível, deixando o acesso restrito aos cadeirantes.
Com toda essa dificuldade, James terminou o ensino médio e frisa que vai até o final e
desistir jamais.
POTENCIAL: - James, e referente a trabalho, onde você trabalha? Como é o seu dia a dia
nas organizações?
JAMES: - Trabalho numa escola que não tem rampa de entrada, não tem acesso algum para
cadeirante, para que eu possa usar o banheiro tiveram que reservar uma sala, eu não tenho
acesso ao pátio, não tenho acesso aos banheiros, tenho acesso apenas a um corredor que vai
paraasalaondeficodurante4horastrabalhandocomopesquisadoresósaioparairparacasa.
POTENCIAL: - Fale-nos sobre a região que você reside e sua acessibilidade.
JAMES: - Moro na Zona Leste, no bairro de Engenheiro Goulart. A acessibilidade é
totalmente complicada, preciso atravessar uma avenida sozinho, que não tem aces-
so algum para cadeirante. Quando saio de casa eu passo por uma rua que não tem
condições de um cadeirante andar devido o asfalto não ter boas condições, para
pegar o trem não tem acesso ao cadeirante, eu
tenho que atravessar a linha do trem mesmo,
pois não tem rampa de acesso na estação, por
isso atravesso a linha para chegar no portão que
tem acesso à plataforma que também não tem
acesso para cadeirante.
POTENCIAL: - E na região do Bom Retiro, como é a
acessibilidade para chegar até a Faculdade Sumaré?
Encontra algum tipo de dificuldade? E quanto ao
metrô?
11
JAMES: - Eu não tenho o que reclamar, o acesso é muito bom, na Estação Tiradentes tem o
elevador que já nos deixa na calçada, saio do elevador, desço a Rua Três Rios que me dá o
acesso à Faculdade.
A maior dificuldade é quando saio do metrô, por que o asfalto não é liso, é de paralelepípe-
do, é muito complicado para o cadeirante andar ali, até anda, mas com muita dificuldade
e a calçada de lá para cá não tem acesso algum, tem rampa, mas a qualidade da calçada é
péssima, temos que andar pela rua.
No Brasil onde estou vivendo, falta muita coisa para poder melhorar, o acesso para a pessoa
deficiente é muito complicado, é só você andar pelas ruas de São Paulo que você percebe,
essas rampas nas calçadas são feitas em lugares muito complicados para subir, tem rampa
que é colocada em esquina que é um local que geralmente você não tem boa visão, se não
prestar atenção o carro vem e atropela e é muito mal feita.
Não tenho nenhuma dificuldade no metrô, já me adaptei a isso, quando preciso de ajuda,
no metrô tem pessoas aptas a ajudar, às vezes apenas, quando existe vão entre o trem e a
plataforma, fico com medo de empinar e cair para trás, mas peço assistência e sempre tem
alguém para ajudar.
POTENCIAL: - James, e na Faculdade Sumaré, como é o seu relacionamento no dia a dia
com os outros alunos, seus professores e os funcionários? As adaptações já existiam na
unidade quando você chegou aqui?
JAMES: - Maravilhoso! Maravilhoso! São totalmente humanistas, totalmente atenciosos,
procuram sempre ajudar, quanto aos seguranças, eu não tenho o que reclamar do tratamen-
to deles, abrem a porta do elevador quando eu chego, a hora que vou para a sala já acionam
os inspetores avisando que estou descendo. A unidade já era adaptada quando cheguei.
POTENCIAL: - Gostaríamos que você deixasse uma mensagem final de exemplo para as
pessoas que não possuem necessidades especiais, que reclamam da vida. Fale sobre a sua
visão de vida hoje.
JAMES: - A minha visão por ser cadeirante e não uma pessoa que anda com as próprias
pernas é que as pessoas que podem andar tem que analisar que não tem como enfrentar
um obstáculo já pensando na dificuldade dele, porque não há obstáculo que não possa ser
vencido, se você só pensar pelo lado negativo, você não poderá enfrentá-lo, tem que enca-
rar realmente para saber se é um obstáculo ou não,
caso contrário você não consegue seguir em frente.
E as pessoas que andam, que vêem as pessoas na
cadeira de rodas, comecem a ver essas pessoas
como um bom exemplo de vida, porque temos for-
ça de vontade, no meu caso, estou aqui estudando,
saio da minha casa as 6 da manhã, tenho essa força
de vontade, queria que vocês que andam levassem
como exemplo a minha força de vontade e da pes-
soa especial de querer lutar por alguma coisa.
12
Sentindo na Pele
Qual a Sensação de ser Especial
Allan Guimarães viveu a experiência de andar na cadeira de rodas
por uma hora no bairro do Bom Retiro para enfrentar os obstáculos e
sentir na pele como é ser um cadeirante e aqui nos relata esta expe-
riência que experimentou com a ajuda de Ramon, Ana Paula e Robério.
Sábado, 10 de maio de 2014.
Início: 14h45hs
Sem dúvidas posso dizer que essa foi uma das experiências mais surpreendentes da
minha vida, logo no começo da atividade, enquanto me preparava para sentar na cadeira
de rodas, com o apoio de meus amigos de equipe Robério, Ramon (filho do Robério) e Ana
Paula, uma moradora de rua olhou-me estranhamente e falou “Vai sentar na cadeira de
rodas por quê? Você não é aleijado!”. O que será que se passou na cabeça dela naquele
momento? Expliquei que era um trabalho de faculdade e ela saiu reclamando meio sem
entender.
Já sentado na cadeira prosseguimos com o nosso projeto, dei uma andada com a cadei-
ra para me acostumar e logo de cara percebi que o esforço físico seria grande e que deveria
ter treinado ter uma coordenação motora melhor, não é nada fácil.
Comecei andando pela calçada a princípio sem problemas,
pois a calçada estava em ótimo estado, fica bem na porta de
uma das entradas da Porto Seguro que cuida das instalações e
da infraestrutura em volta de seus edifícios.
Eu nunca tinha me imaginado em uma situação dessas! O
interessante é que uma hora antes de começar a atividade en-
trevistamos um cadeirante da Faculdade Sumaré, o James, e
isso de certa forma, me preparou emocionalmente, a cada cen-
tímetro andando na cadeira de rodas e principalmente quando surgiam os obstáculos, me
lembrava das palavras do James e de fato começava a sentir na pele.
O esforço continuava grande pude notar que as pessoas que
passavam perto de mim desviavam o olhar ou então olhavam
com indiferença como se eu fosse pedir ajuda a alguém, sei lá, o
meu sentimento naquele momento foi esse!
No início foi um tanto difícil de conciliar sinalizações (semá-
foro) com a coordenação motora, quase cai na primeira guia que
tive que descer, essa ainda possuía rampa de acesso rebaixada,
o que facilita muito, mas em contra partida logo de cara passei
num buraco e bati o braço causando uma pequena escoriação,
13
quebrou uma das rodinhas da cadeira quando caí num bu-
raco que tinha na esquina da Alameda Cleveland com Ala-
meda Nothman, mesmo assim, resolvemos continuar com o
projeto, Robério ficou me guiando na cadeira com a parte da
frente levantada e assim continuamos o trajeto.
Uma parte engraçada da experiência foi encontrar um
garçom que trabalha no restaurante onde almoço há 06
anos, quando me viu na cadeira se assustou e quis saber o
que tinha acontecido comigo, expliquei que era um trabalho
de faculdade e ele riu!
O James havia dito na entrevista que a dificuldade de andar com a cadeira nas calçadas
são os obstáculos que podem quebrar a cadeira, dito e feito.
Continuando o trajeto planejado, tivemos que descer a rua em baixo do viaduto, a cal-
çada era alta, sem rampas, tinha uma moradora de rua sentada na calçada impedindo mi-
nha passagem.
No trajeto fico indignado, como um bairro comercial tão popular como o Bom Retiro
não possui acessibilidade adequada para os cadeirantes.
Ao chegar na esquina da Rua Aimorés com a Rua Silva Pinto, só consegui ir pela rua,
tive que dividir a rua com os carros correndo grande risco de ser atropelado. Isso porque
estávamos fora do horário comercial e era um sábado à tarde.
Cada vez que encontrávamos rampas de acesso, comemorávamos.
Encontro mais obstáculos pela frente, estou na calçada
perto de um bar e encontro uma bicicleta atravessada que
impede minha passagem, a guia é alta e tem carro estacio-
nado ao lado, o que me impede de tentar descer pela rua. O
dono da bicicleta percebe, pede desculpas e afasta a bicicleta
para minha passagem.
Na esquina da Rua da Graça com a Rua Três Rios, não tem
rampa e tenho que descer na raça, uma mulher passa e se sen-
sibiliza com minhas reações e meus
comentários.
Ao chegarmos na calçada da faculdade notamos que tem
rampa, a calçada não é a melhor dos mundos, mas dava para
andar sem problemas.
Finalizo essa experiência dizendo que o cadeirante tem que
ser guerreiro, ter muita força de vontade.
Eu dediquei apenas 1 hora do meu dia, imagina quem passa
por isso todos os dias.
14
Você Sabia?
Curiosidades, mitos e verdades
O símbolo da paraolimpiadas é diferente do Olimpico
No lugar dos anéis olímpicos, são três arcos, um verme-
lho, um verde e um azul que significam “espírito em movi-
mento”.
O melhor atleta paraolímpico é brasileiro?
O brasileiro Clodoaldo Silva, 27 anos, é o melhor atleta
paraolímpico do mundo (segundo o Comitê Paraolímpico In-
ternacional), já conquistou 167 medalhas de ouro.
“Eu tive poucas oportunida-
des na vida, mas agarrei todas
com unhas e dentes. Espero que
o meu esforço possa servir de
exemplo para as pessoas com ou
sem deficiência.”
Os cães-guias eram chama-
dos de “L’Oeil qui Voit”, ou “The
Seeing Eye”  (referente à uma
passagem do Velho Testamento
da Bíblia “O ouvido que ouve, e o
olho que vê”, Provérbios, XX, 12).
No Brasil instituiu-se o
dia 21 de setembro como
o dia de luta das pessoas
deficientes. A escolha da
data foi pela proximidade
da primavera, que repre-
senta a origem de tais rei-
vindicações.
O primeiro carro feito
especialmente para defi-
cientes físicos cadeirantes
onde não é necessário sair
da cadeira de rodas foi de-
senvolvido pelo brasileiro
Marcio David em 2011, se-
gue a foto do Pratyko.
15
Acessibilidade e tecnologia: auxiliando a inclusão no mercado de trabalho

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Acessibilidade e tecnologia: auxiliando a inclusão no mercado de trabalho

  • 1. Edição Especial CULTURAORGANIZACIONAL EADIVERSIDADE Estatisticamente Falando A Deficiência no Brasil e o Mercado de Trabalho  pág.4 Gestão de Pessoas Especiais A Integração nas Organizações  pág.8 Sentindo na Pele Qual a Sensação de ser Especial  pág.13
  • 2. 2 Administração Expediente Diagramação: Ricardo Coelho Editoração: Karine Rocha e Ricardo Coelho Matérias: Allan Guimarães, Ana Paula Oliveira, Robério Caval- cante, Karine Rocha Colaboração: Lílian Antinhani, Márcia Griesang, Andréa Félix, Ma- rines Flocks, Fabiana Catarino, Selma Pereira, Cézar Freitas e Ramon Cavalcante. Participação Especial: James da Silva Neves
  • 3. 3 Índice Estatisticamente Falando.............................................................................................. 4 A Deficiência no Brasil e o Mercado de Trabalho Financeiramente Falando.............................................................................................. 5 Há diferenciação de salários? Tecnologias...................................................................................................................... 6 Sistemas e tecnologias que Auxiliam na Adaptação de Pessoas Especiais Gestão de Pessoas Especiais......................................................................................... 8 A Integração nas Organizações Comportamento nas Organizações............................................................................10 Integração Entre Colaboradores com Deficiência Física ou Não Especial..........................................................................................................................11 Entrevista com James Sentindo na Pele..........................................................................................................13 Qual a Sensação de ser Especial Você Sabia?....................................................................................................................15 Curiosidades, mitos e verdades Editorial Nosso progresso educacional se deve sempre ao nosso esforço, sempre lúdico e sempre responsável. Nossa união como equipe gerou uma aproximação extrema depois dessa expe- riência que nos fez enxergar que gerir pessoas, conhecer sistemas inteligentes nesta era tecnológica, colher dados estatísticos e até mesmo sentir na pele o que é hoje em dia ser um cadeirante faz aflorar um sentimento único e até mesmo exagerado de querer defender a causa. Tudo que colocamos aqui nesta edição da revista Potencial é para que os leitores possam também sentir, vivenciar e ter uma nova visão de tantos colaboradores es- peciais que temos andando em nosso dia a dia nas ruas, metrôs, trens e até mesmo em nosso local de trabalho. Não podemos deixar de fazer um agradecimento especial à empresa Porto Seguro que nos ajudou imensamente e sem tanta colaboração o nosso esforço não seria tão bem aproveitado.
  • 4. 4 Estatisticamente Falando A Deficiência no Brasil e o Mercado de Trabalho Segundo estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 45,6 milhões de brasileiros tem alguma deficiência. Isso corresponde a aproximadamente 23,9% da população brasileira. Os dados revelam que a maioria das pessoas que têm deficiências está concentrada em áreas urbanas e com níveis de instruções e rendimentos muito baixos. A deficiência visual é a mais apontada, atinge 18,8% da população, em seguida os com defi- ciências motoras 7%, auditivas 5,10% e da deficiência mental ou intelectual 1,40%. A causas principais são as congênitas (que provêm do nascimento) e as adquiridas ao longo da vida. Cerca de 56,6% são adquiridas principalmente pelo aumento da violência urbana, entre as causas principais estão acidentes com arma de fogo com 46%, acidentes de trânsito com 30%. A região nordeste detém a menor taxa de alfabetização entre os declarantes com alguma deficiência 69,7%. Além do maior percentual da população com alguma defi- ciência severa investigada, depois aparecem às regiões norte, sudeste, sul e centro-oes- te.O levantamento aponta ainda que 53,8% estão desocupados ou fora do mercado de trabalho, a população ocupada com pelo menos uma deficiência representa 23,6% do no país, desses, 40,2% possuem carteira de trabalho assinada. O grande aumento na criação de oportunidades de emprego se deve a implantação de cotas. Esse sistema foi introduzido no Brasil no ano de 1960, posteriormente, modificado pelo Artigo 93 da Lei 8.213/91 que dispõe: Art. 93. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: A primeira vista pode parecer uma simples imposição, mas na verdade funciona como um contraponto imediato para combater o processo his- tórico de exclusão social, alguns empregadores ainda se mostram resistentes em contra-
  • 5. 5 tar portadores com deficiência, os motivos alegados pela maioria é a falta de adaptação, qualificação ou escolaridade. Mas, de acordo com dados obtidos pela pesquisa  de autoria do Centro de Políticas Sociais (CPS) do IBRE/FGV, em média os portadores de deficiência possuem um ano de escolaridade a menos do que pessoas sem deficiência.Os setores da economia que mais contratam pessoas deficientes são: Serviços e Administração Pública, Indústria Automotiva (como principais alimentadores das linhas de produção), Indústria de Alimentos e bebidas (como principais degustadores e controle de qualidade), Construção Civil (serviços administrativos), Petróleo e Biocombustíveis, Educação e Atividades de aten- ção à Saúde Humana e também em Transporte (para serviços de mecânica e engenharia). O Estado de São Paulo registra o maior número de empregos formais de pessoas com de- ficiências, habilitados e reabilitados, principalmente na indústria, dos mais diferentes gê- neros. Segundo levantamentos, a falta de capacitação ainda tem sido o principal entrave para a inclusão de pessoas com deficiências no mercado de trabalho. Financeiramente Falando Há diferenciação de salários? Não encontramos dados que mostras- sem diferenciação de salários entre deficientes ou não, isso é extre- mamente proibi- do segundo o guia trabalhista: O artigo 7º, inciso XXXI da Constituição Federal trouxe a proibição de qualquer ato dis- criminatório no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência. Independente disto encontramos alguns depoimentos na internet de pessoas porta- doras de deficiência informando que apesar de proibido, algumas empresas realizam a contratação dos colaboradores sem deficiência como “assistentes” e dos portadores de deficiência como “auxiliares” para que então, ganhem um salário menor. Há que se dizer que os portadores de deficiência devem se sentir valorizados e não acei- tar este tipo de tratamento, mas infelizmente a necessidade fala mais alto, fazendo com que trabalhem realizando o mesmo trabalho de um assistente recebendo um salário de auxiliar. Segundo as Leis Trabalhistas, só poderão reaver este tipo de atitude após o desliga- mento, entrando com uma ação onde possam comprovar para receber o que é de direito, mas isso também faz com que o colaborador fique com resquícios no mercado de traba- lho, fazendo com que não consiga um novo emprego.
  • 6. 6 Tecnologias Sistemas e tecnologias que Auxiliam na Adaptação de Pessoas Especiais As empresas vêm criando situações inovadoras e investin- do em sistemas de tecnologia a fim de facilitar a inserção de colaboradores com necessidades especiais no mercado de tra- balho, preocupando-se na melhoria, desde a locomoção até a execução das tarefas dentro das organizações. Podemos citar o caso dos cadeirantes, condição esta, que pode ter sido congêni- ta (de nascença), ou adquirida por vários fatores como a am- putação, que é a perda total ou parcial de um determinado membro, paraplegia que é a perda total das funções mo- toras dos membros inferiores, paraparesia que é a perda parcial das funções motoras dos membros superiores ou monoplegia que é a perda total das funções motoras de um só membro (inferior ou superior), monoparesia que é a perda parcial das funções de um só membro (infe- rior ou superior) e tetraparesia que é a perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e superiores. A tecnologia está evoluindo e buscando cada vez mais atender as necessidades de cada deficiência, para uma melhor qualidade de vida, mobilidade e conforto para os mesmos. Foi desenvolvido um dispositivo de mobilidade robótica chamado TEK, onde o cadeirante consegue também ficar em pé com uma postura correta, alcançando objetos que antes, na cadeira de rodas, não seria capaz. As dimensões reduzidas do dispositivo em relação às cadeiras de rodas favorecem a acessibilidade. Podemos citar outro exemplo, as rampas de acesso que foram implantadas dentro das empresas para que o colaborador possa ter melhor acessibilidade em suas locomoções, com total independência, otimizando o tempo, resgatando sua auto-estima, e com isso fazendo toda a diferença na vida do deficiente. Outro exemplo que podemos citar são as criações das cadeiras movidas à bateria e com marcha que foram desenvolvidas para dar melhor qualidade de vida, diminuir o desgaste físico que é enorme e aumentar o conforto dos usuários. A implantação dos elevadores especiais nos ônibus, metrôs e em muitas empresas com o espaço apropriado para esses usuários especiais, nas agências bancárias temos caixas apropriados e também é possível encontrar telefones públicos adaptados para que os cadeirantes possam utilizar. As inovações não param por ai, já está em fase final de teste o exoesqueleto, que é co-
  • 7. 7 nhecido como “Projeto Andar de Novo” onde um paraplégico irá utilizá-lo dando o chute inicial na abertura Copa do Mun- do no Brasil no dia 12 de junho de 2014, esta será uma demonstração pública do que o projeto realmente pretende a lon- go prazo, reabilitar pessoas que perde- ram a capacidade de andar. O passo final é reunir todas as tecno- logias usadas no projeto e com isso, real- mente conseguir mover as pessoas por comandos cerebrais até dar o chute. Enfim, a tecnologia vem estudando, inovando e criando a todo tempo com o objetivo de inserir o “cadeirante” no mercado de trabalho e, sobretudo, na vida social, para que eles possam ter sua independência, dignidade, acessibilidade e qualidade de vida como todo cidadão.
  • 8. 8 Gestão de Pessoas Especiais A Integração nas Organizações Sabemos que a Gestão de pessoas ocorre através da participação, capacitação, e desen- volvimento de colaboradores de uma empresa. É a área que tem a função de humanizar. Pensando nisso, a Empresa Porto Seguro implantou o programa Inclusão Eficiente, que tem como objetivo recrutar e selecionar o candidato deficiente físico para integrá-lo junto à organização e assim desenvolvê-lo e aprimorá-lo. Para entender melhor como funciona este processo, entrevistamos a área de recruta- mento e seleção da empresa: PORTO SEGURO: - No primeiro contato com o candidato, que normalmente é feito por telefone, esclarecemos tudo sobre o programa de Inclusão Eficiente existente na empresa e fornecemos informações sobre a oportunidade. Posteriormente realizamos um encontro presencial com os candidatos para o início do processo seletivo. POTENCIAL: - Existe algum curso e/ou treinamento específico na área para lidar com este recrutamento e seleção especial? PORTO SEGURO: - O Programa existe desde 2006 e em todo esse período a equipe participou de diversos cursos para recrutamento desse tipo de publico, além de eventos sobre o tema.  POTENCIAL: - De que forma vocês definem para a vaga especial o tipo de candidato que pode participar?   PORTO SEGURO: - É realizado um levantamento com o Gestor para identificação do melhor perfil e qual tipo de deficiência que melhor se adequaria para a área, considerando recur- sos, acessibilidade, etc. POTENCIAL: - Existe algum tipo de processo seletivo em grupo, como uma dinâmica, por exemplo? Ou é preferível fazer individualmente?  PORTO SEGURO: - Sim, uma triagem inicial com a realização de algumas atividades especí- ficas e entrevista individual como sequência do processo. POTENCIAL: - Sabemos que hoje em dia as vagas para pessoas com deficiência são obriga- tórias nas organizações, se de alguma forma isso se tornasse não obrigatório, você acredita que a Porto Seguro manteria os funcionários especiais?  PORTO SEGURO: - Sim, nós temos um programa que possui objetivos que vão além do cumprimento da cota. Hoje temos mais de 300 funcionários nesta condição que possuem oportunidade de desenvolvimento na empresa. POTENCIAL: - Qual tipo de cuidado deve ser tomado dentro de um Processo seletivo para que não haja algum tipo de desconforto psicológico para o Candidato? PORTO SEGURO: - Nós realizamos normalmente, processos específicos para este público e existe um cuidado para que sejam tratados com respeito e dignidade, abordamos as ques- tões de forma leve e objetiva, deixando o candidato à vontade para falar de suas experiên- cias profissionais e relatos de vida pessoal.
  • 9. 9 Comportamento nas Organizações Integração Entre Colaboradores com Deficiência Física ou Não A Corporação Porto Seguro teve origem com a fundação da “Porto Seguro Cia. de Segu- ros Gerais” em 1945, na época suas atividades eram realizadas através de 50 funcionários. Em 1972, Abrahão Garfinkel, ex-diretor do Grupo Boa Vista de Seguros, adquiriu o controle da em- presa, que naquela época ocupava a 44ª posição no ranking do mercado. Ao longo de 42 anos de administração da família Garfinkel, a Porto Seguro evoluiu muito em seu segmento. Hoje já são mais de 14 mil colaboradores, sem contar os prestadores de serviços e parcerias comcorretores.PodeseafirmarqueaPortoSeguroéumadasmaioresemelhoresseguradoras do País. “AMissãodaPortoSeguroéassumirriscoseprestarserviços,pormeiodeumatendimen- to familiar que supere expectativas, garantindo agilidade a custos competitivos com respon- sabilidade social e ambiental.” AInclusãoEficientecitadanamatériaanterioréumadasresponsabilidadessociaisadotadas pela empresa. Após a contratação, começa todo um trabalho de adaptação e desenvolvimento de seus colaboradores especiais, abaixo, há um questionário que desenvolvemos junto à área de RH e Desenvolvimento da empresa para identificarmos um pouco deste trabalho e da visão da empresa quanto a esses colaboradores. POTENCIAL: - Como a Porto seguro enxerga o Deficiente Físico, dentre os demais funcionários em sua corporação? PORTOSEGURO:-APortoosenxergacomocolaboradores,assimcomoosdemaisfuncionários, elesprecisamserdesenvolvidosdeacordocomasmetasestabelecidaspelassuasáreasdeatua- ção,estedesenvolvimentopodeseratravésdetreinamentoseatéaavaliaçãodedesempenho. POTENCIAL: - Existe algum tipo de serviço social na empresa para atender diretamente os por- tadores de deficiência física?  PORTO SEGURO: - Existe a área de serviço social que atende a todos os funcionários da empre- sa, quando há necessidade. POTENCIAL:-Qualotratamentocomaspessoasespeciaisquandojáestãoefetivas?Háalguma diferenciação ou ações específicas desenvolvidas para estes casos? PORTOSEGURO:-Todososfuncionáriossãotratadoscomigualdade.Casospontuaissãoacom- panhados de acordo com a necessidade. POTENCIAL: - Como a empresa desenvolve ações nas avaliações de desempenho, principal- mente para casos de promoções, aparecem vagas específicas para a candidatura? PORTO SEGURO: - Não, conforme mencionado na resposta acima, “Todos os funcionários são tratados com igualdade”. Por todas essas respostas, podemos dizer que a Porto Seguro não é apenas uma empresa quepresaaempregabilidadedosportadoresdedeficiênciafísicanãosócomouma“obrigação” e sim por tratá-los com igualdade, parabenizamos a empresa por este gesto extremamente grandioso.
  • 10. 10 Especial Entrevista com James A Equipe Potencial entrevistou James Neves, 35 anos, Oficial de Hidráulica em Bombas e aluno pesqui- sador discente da Faculdade Sumaré do 3° Semestre de Pedagogia, cadeirante desde os 20 anos vítima de ferimento por arma de fogo por apartar uma briga en- tre amigos que o deixou paraplégico. Após o incidente, James ficou afastado da vida so- cial, recluso por aproximadamente um ano, retornan- do então, após a ajuda de amigos e familiares para a adaptação de sua nova realidade. Mesmo após toda a adaptação, ainda encontra grandes dificuldades nos meios de transportes e ruas da cidade, São Paulo não é totalmente acessível, deixando o acesso restrito aos cadeirantes. Com toda essa dificuldade, James terminou o ensino médio e frisa que vai até o final e desistir jamais. POTENCIAL: - James, e referente a trabalho, onde você trabalha? Como é o seu dia a dia nas organizações? JAMES: - Trabalho numa escola que não tem rampa de entrada, não tem acesso algum para cadeirante, para que eu possa usar o banheiro tiveram que reservar uma sala, eu não tenho acesso ao pátio, não tenho acesso aos banheiros, tenho acesso apenas a um corredor que vai paraasalaondeficodurante4horastrabalhandocomopesquisadoresósaioparairparacasa. POTENCIAL: - Fale-nos sobre a região que você reside e sua acessibilidade. JAMES: - Moro na Zona Leste, no bairro de Engenheiro Goulart. A acessibilidade é totalmente complicada, preciso atravessar uma avenida sozinho, que não tem aces- so algum para cadeirante. Quando saio de casa eu passo por uma rua que não tem condições de um cadeirante andar devido o asfalto não ter boas condições, para pegar o trem não tem acesso ao cadeirante, eu tenho que atravessar a linha do trem mesmo, pois não tem rampa de acesso na estação, por isso atravesso a linha para chegar no portão que tem acesso à plataforma que também não tem acesso para cadeirante. POTENCIAL: - E na região do Bom Retiro, como é a acessibilidade para chegar até a Faculdade Sumaré? Encontra algum tipo de dificuldade? E quanto ao metrô?
  • 11. 11 JAMES: - Eu não tenho o que reclamar, o acesso é muito bom, na Estação Tiradentes tem o elevador que já nos deixa na calçada, saio do elevador, desço a Rua Três Rios que me dá o acesso à Faculdade. A maior dificuldade é quando saio do metrô, por que o asfalto não é liso, é de paralelepípe- do, é muito complicado para o cadeirante andar ali, até anda, mas com muita dificuldade e a calçada de lá para cá não tem acesso algum, tem rampa, mas a qualidade da calçada é péssima, temos que andar pela rua. No Brasil onde estou vivendo, falta muita coisa para poder melhorar, o acesso para a pessoa deficiente é muito complicado, é só você andar pelas ruas de São Paulo que você percebe, essas rampas nas calçadas são feitas em lugares muito complicados para subir, tem rampa que é colocada em esquina que é um local que geralmente você não tem boa visão, se não prestar atenção o carro vem e atropela e é muito mal feita. Não tenho nenhuma dificuldade no metrô, já me adaptei a isso, quando preciso de ajuda, no metrô tem pessoas aptas a ajudar, às vezes apenas, quando existe vão entre o trem e a plataforma, fico com medo de empinar e cair para trás, mas peço assistência e sempre tem alguém para ajudar. POTENCIAL: - James, e na Faculdade Sumaré, como é o seu relacionamento no dia a dia com os outros alunos, seus professores e os funcionários? As adaptações já existiam na unidade quando você chegou aqui? JAMES: - Maravilhoso! Maravilhoso! São totalmente humanistas, totalmente atenciosos, procuram sempre ajudar, quanto aos seguranças, eu não tenho o que reclamar do tratamen- to deles, abrem a porta do elevador quando eu chego, a hora que vou para a sala já acionam os inspetores avisando que estou descendo. A unidade já era adaptada quando cheguei. POTENCIAL: - Gostaríamos que você deixasse uma mensagem final de exemplo para as pessoas que não possuem necessidades especiais, que reclamam da vida. Fale sobre a sua visão de vida hoje. JAMES: - A minha visão por ser cadeirante e não uma pessoa que anda com as próprias pernas é que as pessoas que podem andar tem que analisar que não tem como enfrentar um obstáculo já pensando na dificuldade dele, porque não há obstáculo que não possa ser vencido, se você só pensar pelo lado negativo, você não poderá enfrentá-lo, tem que enca- rar realmente para saber se é um obstáculo ou não, caso contrário você não consegue seguir em frente. E as pessoas que andam, que vêem as pessoas na cadeira de rodas, comecem a ver essas pessoas como um bom exemplo de vida, porque temos for- ça de vontade, no meu caso, estou aqui estudando, saio da minha casa as 6 da manhã, tenho essa força de vontade, queria que vocês que andam levassem como exemplo a minha força de vontade e da pes- soa especial de querer lutar por alguma coisa.
  • 12. 12 Sentindo na Pele Qual a Sensação de ser Especial Allan Guimarães viveu a experiência de andar na cadeira de rodas por uma hora no bairro do Bom Retiro para enfrentar os obstáculos e sentir na pele como é ser um cadeirante e aqui nos relata esta expe- riência que experimentou com a ajuda de Ramon, Ana Paula e Robério. Sábado, 10 de maio de 2014. Início: 14h45hs Sem dúvidas posso dizer que essa foi uma das experiências mais surpreendentes da minha vida, logo no começo da atividade, enquanto me preparava para sentar na cadeira de rodas, com o apoio de meus amigos de equipe Robério, Ramon (filho do Robério) e Ana Paula, uma moradora de rua olhou-me estranhamente e falou “Vai sentar na cadeira de rodas por quê? Você não é aleijado!”. O que será que se passou na cabeça dela naquele momento? Expliquei que era um trabalho de faculdade e ela saiu reclamando meio sem entender. Já sentado na cadeira prosseguimos com o nosso projeto, dei uma andada com a cadei- ra para me acostumar e logo de cara percebi que o esforço físico seria grande e que deveria ter treinado ter uma coordenação motora melhor, não é nada fácil. Comecei andando pela calçada a princípio sem problemas, pois a calçada estava em ótimo estado, fica bem na porta de uma das entradas da Porto Seguro que cuida das instalações e da infraestrutura em volta de seus edifícios. Eu nunca tinha me imaginado em uma situação dessas! O interessante é que uma hora antes de começar a atividade en- trevistamos um cadeirante da Faculdade Sumaré, o James, e isso de certa forma, me preparou emocionalmente, a cada cen- tímetro andando na cadeira de rodas e principalmente quando surgiam os obstáculos, me lembrava das palavras do James e de fato começava a sentir na pele. O esforço continuava grande pude notar que as pessoas que passavam perto de mim desviavam o olhar ou então olhavam com indiferença como se eu fosse pedir ajuda a alguém, sei lá, o meu sentimento naquele momento foi esse! No início foi um tanto difícil de conciliar sinalizações (semá- foro) com a coordenação motora, quase cai na primeira guia que tive que descer, essa ainda possuía rampa de acesso rebaixada, o que facilita muito, mas em contra partida logo de cara passei num buraco e bati o braço causando uma pequena escoriação,
  • 13. 13 quebrou uma das rodinhas da cadeira quando caí num bu- raco que tinha na esquina da Alameda Cleveland com Ala- meda Nothman, mesmo assim, resolvemos continuar com o projeto, Robério ficou me guiando na cadeira com a parte da frente levantada e assim continuamos o trajeto. Uma parte engraçada da experiência foi encontrar um garçom que trabalha no restaurante onde almoço há 06 anos, quando me viu na cadeira se assustou e quis saber o que tinha acontecido comigo, expliquei que era um trabalho de faculdade e ele riu! O James havia dito na entrevista que a dificuldade de andar com a cadeira nas calçadas são os obstáculos que podem quebrar a cadeira, dito e feito. Continuando o trajeto planejado, tivemos que descer a rua em baixo do viaduto, a cal- çada era alta, sem rampas, tinha uma moradora de rua sentada na calçada impedindo mi- nha passagem. No trajeto fico indignado, como um bairro comercial tão popular como o Bom Retiro não possui acessibilidade adequada para os cadeirantes. Ao chegar na esquina da Rua Aimorés com a Rua Silva Pinto, só consegui ir pela rua, tive que dividir a rua com os carros correndo grande risco de ser atropelado. Isso porque estávamos fora do horário comercial e era um sábado à tarde. Cada vez que encontrávamos rampas de acesso, comemorávamos. Encontro mais obstáculos pela frente, estou na calçada perto de um bar e encontro uma bicicleta atravessada que impede minha passagem, a guia é alta e tem carro estacio- nado ao lado, o que me impede de tentar descer pela rua. O dono da bicicleta percebe, pede desculpas e afasta a bicicleta para minha passagem. Na esquina da Rua da Graça com a Rua Três Rios, não tem rampa e tenho que descer na raça, uma mulher passa e se sen- sibiliza com minhas reações e meus comentários. Ao chegarmos na calçada da faculdade notamos que tem rampa, a calçada não é a melhor dos mundos, mas dava para andar sem problemas. Finalizo essa experiência dizendo que o cadeirante tem que ser guerreiro, ter muita força de vontade. Eu dediquei apenas 1 hora do meu dia, imagina quem passa por isso todos os dias.
  • 14. 14 Você Sabia? Curiosidades, mitos e verdades O símbolo da paraolimpiadas é diferente do Olimpico No lugar dos anéis olímpicos, são três arcos, um verme- lho, um verde e um azul que significam “espírito em movi- mento”. O melhor atleta paraolímpico é brasileiro? O brasileiro Clodoaldo Silva, 27 anos, é o melhor atleta paraolímpico do mundo (segundo o Comitê Paraolímpico In- ternacional), já conquistou 167 medalhas de ouro. “Eu tive poucas oportunida- des na vida, mas agarrei todas com unhas e dentes. Espero que o meu esforço possa servir de exemplo para as pessoas com ou sem deficiência.” Os cães-guias eram chama- dos de “L’Oeil qui Voit”, ou “The Seeing Eye”  (referente à uma passagem do Velho Testamento da Bíblia “O ouvido que ouve, e o olho que vê”, Provérbios, XX, 12). No Brasil instituiu-se o dia 21 de setembro como o dia de luta das pessoas deficientes. A escolha da data foi pela proximidade da primavera, que repre- senta a origem de tais rei- vindicações. O primeiro carro feito especialmente para defi- cientes físicos cadeirantes onde não é necessário sair da cadeira de rodas foi de- senvolvido pelo brasileiro Marcio David em 2011, se- gue a foto do Pratyko.
  • 15. 15