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REPRESENTAÇÃO DO
CORPO HUMANO NA
ARTE
9º ANO
DESDE QUANDO O HOMEM COMEÇOU A SE MANIFESTAR
ARTISTICAMENTE, ELE REPRESENTA A SI MESMO NAS OBRAS QUE
PRODUZ, E ISSO TEM SIDO UMA PRÁTICA MILENAR E CONSTANTE.
Nas cavernas, o homem já se incluía nos primeiros desenhos. Assim, deslumbrado
pela própria imagem, o homem vem se expressando nas mais diversas formas e
nos mais diversos efeitos e técnicas.
O corpo é considerado o centro do conhecimento, das percepções, das sensações,
da estruturação, da identidade e da organização do pensamento.
A figura humana é representada na Arte em épocas, lugares e por diferentes
artistas, que
exploraram a tridimensionalidade desde a Pré-História. Uma das principais formas
de representação da figura humana pelos artistas ao longo do tempo, foi através
da produção de esculturas humanas.
As primeiras representações do corpo humano na arte que se tem conhecimento são as Vênus do período
paleolítico, entre elas, a Vênus de Willendorf, uma pequena escultura. A Vênus de Willendorf configura-se
como uma representação humana de proporções irreais da anatomia feminina. Suas formas levam a crer
que se trata de um autorretrato seguindo a maneira que as mulheres pré-históricas enxergavam seus
corpos em uma época sem espelhos. Essa escultura representava a ideia de fertilidade.
A representação da figura pré-histórica foi muito importante como registro do modo de vida do homem
dessa época.
Da mesma maneira que as vênus do paleolítico seguia certas convenções artísticas, obras posteriores
apresentaram características parecidas. Os egípcios, por exemplo, possuíam rigorosos padrões estéticos.
Suas representações eram feitas sempre
a partir do seu ângulo mais
característico de modo que o rosto era
representado de perfil com apenas um
olho, assim como visto frontalmente, na
lateral do rosto. Já a metade superior do
corpo era sempre traduzida de frente e
os pés de perfil contornados a partir do
dedão como se possuísse dois pés
esquerdos. Tais regras lhes permitiam
incluir tudo o que eles consideravam de
essencial na imagem humana. Além
disso, o tamanho das figuras era
extremamente importante pois indicava
a posição social da pessoa em questão:
um Faraó era representado maior que
sua esposa e consequentemente ainda
maior que um criado.
Já os gregos, buscavam a forma ideal
expressa na representação do corpo como
a manifestação da perfeição, da beleza e
do equilíbrio.
Na figura Medieval havia um caráter
pedagógico em função do Cristianismo, o
que fazia com que os artistas fugissem de
uma representação de realidade nas suas
obras. A figura renascentista refletia o
pensamento científico e racional do
homem desse período.
Outros períodos também possuíam peculiaridades em suas
representações. Na pintura gótica por exemplo, o corpo humano existe
apenas para contar uma narrativa bíblica, não existindo então a
preocupação com as proporções e a fidelidade com o real. Já no período
renascentista com a influência do greco-romano antigo e os estudos sobre
perspectiva, a principal característica é demarcada pela anatomia bem
representada. Parte disso advém dos padrões artísticos grego que
buscavam retratar a figura do ser humano com extrema complexidade, algo
facilmente encontrado nas esculturas dessa época. A exemplo disso cabe
ressaltar a escultura chamada de Laocoonte e seus filhos que data do
período helenístico onde se é possível encontrar um estudo extraordinário
dos músculos e do movimento do corpo humano, expressões faciais bem
representadas e carregadas de sentimentos.
Já na pintura renascentista nomeada O Nascimento de Vênus de Sandro Botticelli, o
corpo feminino da Vênus nua é o centro do quadro, nele nota-se uma preocupação
semelhante a do período helenístico com a representação humana, algo bastante
característico do renascimento e que passou a interferir no ideal de corpo feminino tanto
na arte quanto na vida em sociedade até os dias atuais influenciando principalmente os
ideais de beleza feminino que possuímos na nossa contemporaneidade: o bonito é ser
uma mulher alta, magra e de proporções quase inalcançáveis.
Felizmente rupturas são bastantes comuns.
Marie-Guillemine Benoist, uma pintora francesa
neoclassicista, quebra esse ideal ao representar
uma mulher negra apenas posando para um
retrato sem acrescentar nenhum elemento
exótico ou erótico em seu quadro Portrait d’une
négress. Talvez um homem possa não concordar
com minha afirmação e se sentir igualmente
satisfeito ao observá-lo visto que o seio da
representada está desnudo, mas, ainda assim, tal
quadro demonstra uma ruptura significativa dos
padrões artísticos de representação do corpo
dado que, acima de tudo, é uma figura negra em
questão.
Outro exemplo relevante dessa mudança se
encontra nas vanguardas. Foi a possibilidade de
simplificação das formas que possibilitou novas
configurações artísticas e deu origem a esculturas
como O homem que aponta de Alberto Giacometti
e pinturas como As Meninas de Avignon, de Picasso
que demonstram que, para figurar o ser humano,
não necessariamente é preciso o compromisso com
a realidade ou com o detalhamento da anatomia
como nas esculturas gregas.
Sendo assim, alguns ideais criados
na arte nos influenciam até os dias
atuais na medida em que, no geral,
ainda buscamos a perfeição da
representação da nossa imagem em
nossas redes sociais e ainda
tentamos alcançá-los em nossas
vidas fora das telas — uma
consequência, pode-se dizer, direta
da arte grega no seu período
helenístico pois estamos igualmente
em busca da melhor forma de expor
nossos corpos para o mundo.
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  • 2. DESDE QUANDO O HOMEM COMEÇOU A SE MANIFESTAR ARTISTICAMENTE, ELE REPRESENTA A SI MESMO NAS OBRAS QUE PRODUZ, E ISSO TEM SIDO UMA PRÁTICA MILENAR E CONSTANTE.
  • 3. Nas cavernas, o homem já se incluía nos primeiros desenhos. Assim, deslumbrado pela própria imagem, o homem vem se expressando nas mais diversas formas e nos mais diversos efeitos e técnicas. O corpo é considerado o centro do conhecimento, das percepções, das sensações, da estruturação, da identidade e da organização do pensamento. A figura humana é representada na Arte em épocas, lugares e por diferentes artistas, que exploraram a tridimensionalidade desde a Pré-História. Uma das principais formas de representação da figura humana pelos artistas ao longo do tempo, foi através da produção de esculturas humanas.
  • 4. As primeiras representações do corpo humano na arte que se tem conhecimento são as Vênus do período paleolítico, entre elas, a Vênus de Willendorf, uma pequena escultura. A Vênus de Willendorf configura-se como uma representação humana de proporções irreais da anatomia feminina. Suas formas levam a crer que se trata de um autorretrato seguindo a maneira que as mulheres pré-históricas enxergavam seus corpos em uma época sem espelhos. Essa escultura representava a ideia de fertilidade. A representação da figura pré-histórica foi muito importante como registro do modo de vida do homem dessa época. Da mesma maneira que as vênus do paleolítico seguia certas convenções artísticas, obras posteriores apresentaram características parecidas. Os egípcios, por exemplo, possuíam rigorosos padrões estéticos.
  • 5. Suas representações eram feitas sempre a partir do seu ângulo mais característico de modo que o rosto era representado de perfil com apenas um olho, assim como visto frontalmente, na lateral do rosto. Já a metade superior do corpo era sempre traduzida de frente e os pés de perfil contornados a partir do dedão como se possuísse dois pés esquerdos. Tais regras lhes permitiam incluir tudo o que eles consideravam de essencial na imagem humana. Além disso, o tamanho das figuras era extremamente importante pois indicava a posição social da pessoa em questão: um Faraó era representado maior que sua esposa e consequentemente ainda maior que um criado.
  • 6.
  • 7. Já os gregos, buscavam a forma ideal expressa na representação do corpo como a manifestação da perfeição, da beleza e do equilíbrio. Na figura Medieval havia um caráter pedagógico em função do Cristianismo, o que fazia com que os artistas fugissem de uma representação de realidade nas suas obras. A figura renascentista refletia o pensamento científico e racional do homem desse período.
  • 8. Outros períodos também possuíam peculiaridades em suas representações. Na pintura gótica por exemplo, o corpo humano existe apenas para contar uma narrativa bíblica, não existindo então a preocupação com as proporções e a fidelidade com o real. Já no período renascentista com a influência do greco-romano antigo e os estudos sobre perspectiva, a principal característica é demarcada pela anatomia bem representada. Parte disso advém dos padrões artísticos grego que buscavam retratar a figura do ser humano com extrema complexidade, algo facilmente encontrado nas esculturas dessa época. A exemplo disso cabe ressaltar a escultura chamada de Laocoonte e seus filhos que data do período helenístico onde se é possível encontrar um estudo extraordinário dos músculos e do movimento do corpo humano, expressões faciais bem representadas e carregadas de sentimentos.
  • 9.
  • 10.
  • 11. Já na pintura renascentista nomeada O Nascimento de Vênus de Sandro Botticelli, o corpo feminino da Vênus nua é o centro do quadro, nele nota-se uma preocupação semelhante a do período helenístico com a representação humana, algo bastante característico do renascimento e que passou a interferir no ideal de corpo feminino tanto na arte quanto na vida em sociedade até os dias atuais influenciando principalmente os ideais de beleza feminino que possuímos na nossa contemporaneidade: o bonito é ser uma mulher alta, magra e de proporções quase inalcançáveis.
  • 12.
  • 13. Felizmente rupturas são bastantes comuns. Marie-Guillemine Benoist, uma pintora francesa neoclassicista, quebra esse ideal ao representar uma mulher negra apenas posando para um retrato sem acrescentar nenhum elemento exótico ou erótico em seu quadro Portrait d’une négress. Talvez um homem possa não concordar com minha afirmação e se sentir igualmente satisfeito ao observá-lo visto que o seio da representada está desnudo, mas, ainda assim, tal quadro demonstra uma ruptura significativa dos padrões artísticos de representação do corpo dado que, acima de tudo, é uma figura negra em questão.
  • 14. Outro exemplo relevante dessa mudança se encontra nas vanguardas. Foi a possibilidade de simplificação das formas que possibilitou novas configurações artísticas e deu origem a esculturas como O homem que aponta de Alberto Giacometti e pinturas como As Meninas de Avignon, de Picasso que demonstram que, para figurar o ser humano, não necessariamente é preciso o compromisso com a realidade ou com o detalhamento da anatomia como nas esculturas gregas.
  • 15.
  • 16. Sendo assim, alguns ideais criados na arte nos influenciam até os dias atuais na medida em que, no geral, ainda buscamos a perfeição da representação da nossa imagem em nossas redes sociais e ainda tentamos alcançá-los em nossas vidas fora das telas — uma consequência, pode-se dizer, direta da arte grega no seu período helenístico pois estamos igualmente em busca da melhor forma de expor nossos corpos para o mundo.