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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - IGEO
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
EZEQUIAS NOGUEIRA GUIMARÃES
JULYANE DÁLET TAVARES ARRAES
RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE PROSPECÇÃO
MINERAL
Boa Vista, RR
2018
EZEQUIAS NOGUEIRA GUIMARÃES
JULYANE DÁLET TAVARES ARRAES
RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE PROSPECÇÃO
MINERAL
Relatório de Campo apresentado à
disciplina Prospecção Mineral (GEO
503) do departamento do curso de
Bacharelado em Geologia, Instituto de
Geociências da Universidade Federal
de Roraima ministrada pelo Geólogo
Pedro Doria como requisito para
obtenção de nota.
Boa Vista, RR
2018
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Mapa de Localização do município de Amajari. ........................................................9
Figura 2: Mapa Geológico da região do Tepequém. ................................................................10
Figura 3: Modelo de compartimentação litoestrutural do estado de Roraima. .........................12
Figura 4: (A) Domínios estruturais do Estado de Roraima e (B) mapa geológico simplificado
da região Norte do Estado de Roraima com destaque para a Serra do Tepequém. ..................13
Figura 5: Compartimenção do relevo na porção norte de Roraima. .........................................20
Figura 6: Metodologia utilizada em campo. (A) Peneiramento do material mais grosseiro; (B)
Bateia para concentração gravimétrica; (C) Amostras separadas e guardadas em sacos plásticos.
..................................................................................................................................................24
Figura 7: Coleta de sedimentos. (A) Coleta das amostras no ponto IG-04; (B) Coleta das
amostras no ponto IG-05; (C) Coleta das amostras no ponto IG-06. .......................................24
Figura 8: Preparação das amostras. (A) Amostras recolhidas em campo; (B) Peneiramento dos
sedimentos mais grosseiros; (C) Bateia usada para separação gravimétrica do material pesado.
..................................................................................................................................................25
Figura 9: Preparação das amostras. (A) Separação por densidade com uso de bromofórmio; (B)
Uso de lupa binocular; (C) Teste com peróxido de hidrogênio; (D) Separação magnética com
uso de ímã; (E)Teste com placa de zinco e ácido clorídrico. ...................................................26
Figura 10: Ponto IG-05. (A) Estrada que dá acesso a vila do Tepequém (RR-203); (B)
Canalização da rodovia no ponto estudado; (C) Margem esquerda do igarapé Cocal, sentido
Amajari-Tepequém; (D) Margem direita do igarapé Cocal, sentido Amajari-Tepequém........27
Figura 11: Amostra de rocha do ponto IG-05...........................................................................28
Figura 12: Grãos minerais encontrados. (A) Turmalina; (B) Quartzo rosa; (C) Zircão; (D)
Minerais magnéticos (magnetita e hematita); (E) Epidoto; (F) Sulfeto não identificado.........29
Figura 13: Grãos de quartzo indicando distância da área fonte. (A) Grãos bem arredondados;
(B) Grão milimétrico monopirâmidal; (C) Grão anguloso. ......................................................30
Figura 14: Afloramento do Igarapé Pau Bauru no ponto IG-04...............................................31
4
Figura 15: Amostra de rocha do afloramento (granito cinza-claro). ........................................32
Figura 16: Minerais encontrados no concentrado de bateia. (A) Grãos de zircão e ilmenita; (B)
Quartzo com inclusão de sulfeto não foi identificado; (C) Granada e grãos de dióxido de titânio.
..................................................................................................................................................32
Figura 17: Ponto IG-03. (A) Visão geral do igarapé com exposição de material cascalhoso; (B)
Realização da bateia no curso do igarapé. ................................................................................34
Figura 18: Minerais encontrados no concentrado de bateia. (A) Rutilo; (B) Zircão; (C) Quartzo
com provável inclusão de sulfeto não identificado; (D) Possíveis grãos de berilo; (E) Epidoto.
..................................................................................................................................................35
Figura 19: Amostra de cascalho de diversas litologias da Formação do Paiva em afloramento
no igarapé Paiva........................................................................................................................36
Figura 20: Igarapé Tucumã (ponto IG-01 e IG-02)..................................................................37
Figura 21: Minerais encontrados no concentrado bateia. (A) Visão geral da amostra; (B)
Minerais magnéticos; (C) Grãos de Quartzo; (D) Grãos de turmalina, zircão e especularita; (E)
Pintas de ouro. ..........................................................................................................................38
Figura 22: Amostra de mão do ponto IG-01e IG-02. ...............................................................39
Figura 23: Ponto IG-06. (A) Estrada de barro que dá acesso ao ponto; (B) Coleta de sedimentos
em baixo da ponte.....................................................................................................................40
Figura 24: Granitoide apresentando incipiente fissilidade (linhas em vermelho indicam
possíveis direções de fraqueza da rocha. ..................................................................................41
Figura 25: Grãos minerais encontrados no concetrado de bateia. (A) Zircão; (B) Epidoto; (C)
Provável grão de sulfeto não identificado; (D) Possíveis minerais de ilmenita magnesiana; (E)
Crisoberilo; (F) Minerais magnéticos (coloração mais escura); (G) Magnetita; (H) Granada. 43
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................7
2. OBJETIVOS .........................................................................................................................8
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................8
3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.......................................................................9
4. CONTEXTO GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO REGIONAL.........................11
4.1. GEOLOGIA REGIONAL .............................................................................................11
4.1.1. Lamprófiro Serra do Cupim ................................................................................14
4.1.2. Grupo Cauarane....................................................................................................14
4.1.3. Granito Mixiguana ................................................................................................14
4.1.4. Suíte Pedra Pintada...............................................................................................15
4.1.5. Suíte Aricamã.........................................................................................................16
4.1.6. Grupo Surumu.......................................................................................................16
4.1.7. Grupo Arai.............................................................................................................17
4.1.8. Formação Igarapé do Funil ..................................................................................17
4.1.9. Formação Cabo Sobral .........................................................................................18
4.1.10. Formação Igarapé do Paiva................................................................................18
4.1.11. Grupo Suapi.........................................................................................................18
4.2. GEOMORFOLOGIA REGIONAL ...............................................................................18
4.2.1. Planalto Sedimentar Roraima (1) ........................................................................20
4.2.2. Planalto do Interflúvio Amazonas (2) – Orenoco ...............................................21
4.2.3. Superfícies Pediplanadas Intramontanas (3) ......................................................21
4.2.4. Planalto Dissecado Norte da Amazônia (4).........................................................21
4.2.5. Pediplano Rio Branco (5) – Rio Negro ................................................................21
4.2.6. Relevos Residuais (inselbergs) (6) ........................................................................22
5. MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................23
5.1. ETAPA PRÉ-CAMPO...................................................................................................23
5.2. ETAPA DE CAMPO .....................................................................................................23
5.3. ETAPA PÓS-CAMPO...................................................................................................25
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................27
6.1. LAMPRÓFIRO SERRA DO CUPIM ...........................................................................27
6
6.2. SUÍTE ARICAMÃ ........................................................................................................31
6.3. GRUPO SURUMU........................................................................................................34
6.4. SUÍTE PEDRA PINTADA............................................................................................37
6.4.1. Corpo Trovão.........................................................................................................37
6.4.2. Corpo Flechal.........................................................................................................40
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................44
REFERÊNCIAS......................................................................................................................45
7
1. INTRODUÇÃO
Roraima é o estado mais setentrional do Brasil, possui área territorial de 225.116,10 km²
e tem Boa Vista como capital. É seccionada pela linha imaginária do Equador, sendo Boa Vista
a única capital brasileira no hemisfério norte. O estado abarca duas fronteiras internacionais:
Venezuela a norte e noroeste e Guiana ao leste. Ao sul limita-se com o Amazonas e a sudeste
com o Pará.
Do ponto de vista geológico ocupa a porção central do escudo das Guianas, inserido ao
norte do Cráton Amazonas (SANTOS, 2006) por isso apresenta as principais feições
geotectônicas evolutivas do escudo. Os primeiros levantamentos geológicos sistemáticos na
região ocorreram por volta da década de 70 com o Projeto Radar na Amazônia (RADAM) que
utilizou imagens aéreas de radares de aviões para fins de mapeamentos sistemáticos de toda
região, estendendo-se para todo Brasil através do RADAMBRASIL, os quais contêm inúmeras
descrições de material geológico.
Do convênio entre o DNPM/CPRM e projeto RADAM Brasil surge a primeira
compartimentação litoestratigráfica do estado na escala de 1:500.000, resultando na cisão de
grandes domínios geológicos: Domínio Uraricoera, composto por rochas vulcânica-plutônicas,
Domínio Guiana Central, correspondendo ao Cinturão das Guianas, Domínio Parima, com
terrenos graníticos e Domínio Uatumã-Anauá com terrenos granitos-gnaissicos (REIS, 2003).
Estes levantamentos deram um grande suporte ao avanço do conhecimento geológico,
estrutural, geofísico e geocronológico do Cráton Amazonas que hoje dão subsídio para diversos
estudos mais refinados, contribuindo para o entendimento geodinâmico de sua evolução crustal.
8
2. OBJETIVOS
Caracterização mineralógica de concentrados de bateias dos aluviões oriundos da Serra
do Tepequém, obtidos através de trabalho de campo realizado ao longo de pontos nos leitos dos
igarapés dessa região (norte do estado de Roraima) com foco em minerais de interesse
econômico e possível correlação metalogenética.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Realizar o método de concentrados de bateias ao longo dos leitos dos igarapés;
 Avaliar a potencialidade econômica dos depósitos minerais;
 Correlacionar com uma possível metalogênese.
9
3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O acesso para a Serra do Tepequém a partir de Boa Vista é feito pela rodovia federal
BR-174 e pela rodovia estadual RR-203, que interliga a BR-174 ao núcleo urbano de Amajari,
prolongando-se até a serra do Tepequém, totalizando 220 km a partir da sede do município de
Boa Vista. Está inserida na área da Reserva Ecológica da Ilha de Maracá, em uma região entre
as reservas indígenas de São Marcos, a leste, e a Ianomâmi, a oeste (figura 1).
Os pontos visitados compreenderam diversas unidades litoestratigráficas, como Suíte
Aricamã, Lamprófiro Serra do Cupim e Suíte Pedra Pintada. O mapa abaixo representa a
contextualização geológica da área de estudo (figura 2).
Figura 1: Mapa de Localização do município de Amajari.
Fonte: os autores.
10
Figura 2: Mapa Geológico da região do Tepequém.
Fonte: os autores.
11
4. CONTEXTO GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO REGIONAL
4.1. GEOLOGIA REGIONAL
Localizado no extremo norte do Brasil, o estado de Roraima limita-se com o Amazonas,
Pará, Venezuela e Guiana – onde ocupa a porção central do escudo das Guianas, inserido ao
norte do Cráton Amazonas (SANTOS, 2006). Os primeiros levantamentos geológicos
sistemáticos ocorreram por volta da década de 70 e diversos estudos atuais mais refinados têm
contribuído para o entendimento geodinâmico da de sua evolução crustal. Registra rochas que
vão desde o Paleoproterozoico até coberturas sedimentares Fanerozoicas (Mesozoico e
Cenozoico) (REIS; FRAGA, 1998).
O Cráton Amazônico é definido como uma porção continental estável da placa
Sulamericana e uma das maiores do mundo segundo Almeida (2000). Possui aproximadamente
4.400.000 km² divididos em três grandes tipos de terrenos de embasamento: greenstones belts,
cinturões metamórficos e rochas ácidas e graníticas metavulcânicas, que são limitadas por dois
cinturões orogênicos Paleoproterozoicos e Neoproterozoicos.
Em 1975 realizou-se Projeto Radar na Amazônia (RADAM) que utilizou imagens
aéreas de radares de aviões para fins de mapeamentos sistemáticos de toda região, estendendo-
se para todo Brasil através do RADAMBRASIL, os quais contêm inúmeras descrições de
material geológico. Estes levantamentos deram um grande suporte ao avanço do conhecimento
geológico, estrutural, geofísico e geocronológico do Cráton Amazonas. Em meio às discussões
que propunham modelos evolutivos para o Cráton, destacam-se duas concepções mais aceitas
no meio acadêmico, as quais foram elaboradas com base em diferentes métodos.
Por isso, por um lado Hasui et al. (1984), Hasui e Almeida (1985) e Costa e Hasui
(1997), entre outros fixistas, elaboraram modelos que foram baseados em dados estruturais,
geofísicos e geocronológicos (métodos K-Ar e Rb-Sr). Alternativamente, os mobilistas
(CORDANI et al., 1979; TASSINARI, MACAMBIRA, 1999 e 2004; SANTOS et al., 2006)
basearam-se essencialmente em dados geocronológicos com métodos mais modernos e precisos
(U-Pb e Sm-Nd), levando em consideração os conceitos atuais de tectônica de placas.
Vale ressaltar que, o modelo de Tassinari e Macambira (1999) difere do de Santos, et
al. (2006) em números de províncias geocronológicas, nas suas idades isotópicas e nos métodos
utilizados, gerando duas possíveis hipóteses para a evolução. Entretanto, estes modelos não são
satisfatórios para a caracterização geológica do estado de Roraima e, por este motivo, a divisão
12
em domínios tectonoestratigráficos é mais adequada para a região (REIS, FRAGA, 1998, 2000
e REIS et al., 2003) (figura 3).
Figura 3: Modelo de compartimentação litoestrutural do estado de Roraima.
Fonte: REIS, FRAGA (2000).
Dentro das províncias do Cráton Amazônico foram estabelecidos cerca de 20 domínios
tectonoestratigráficos, baseados no arranjo entre as unidades estratigráficas que formam as
maiores entidades tectônicas e o principal padrão estrutural que elas articulam (CPRM, 2006).
Entretanto esses modelos não são satisfatórios para a integração dos dados geológicos do estado
de Roraima, com isso, a divisão em domínios tectonoestratigráficos (REIS et al., 2003) é mais
adequada para a região. Nessa divisão, Reis et al. (2003), apresenta 4 domínios principais:
Domínio Parima; Domínio Uraricoera; Domínio Guiana Central; e Domínio Uatumã-Anauá.
A região estudada no norte do Estado de Roraima compreende rochas da base do
Supergrupo Roraima, localizada na porção centro-norte do Escudo das Guianas, no domínio
litoestrutural Uraricoera (REIS et al., 2003) caracterizado pelos depósitos do Supergrupo
Roraima. Este domínio é limitado pelos domínios Parima (oeste) e Guiana Central (sul) e possui
lineamentos estruturais importantes nas direções E-W, WNW-ESE e NW-SEconforme a figura
4.
13
Figura 4: (A) Domínios estruturais do Estado de Roraima e (B) mapa geológico simplificado da região Norte do
Estado de Roraima com destaque para a Serra do Tepequém.
Fonte: FERNANDES FILHO (2012) modificado de Fraga et al. (1999).
O domínio Uraricoera é representado principalmente por terrenos vulcânicos plutônicos
sedimentares com lineamentos estruturados na direção de E-W a WNW-ESSE. O domínio
Guiana Central, situa se na porção centro-norte do estado, com arranjos estruturais preferenciais
para NE-SW, marcado pela presença de um cinturão de alto grau, intrudido por uma associação
AMG (Anortosito/Gabro, Mangerito, Granito Rapakivi), durante o Mesozoico ocorreu uma
reativação extensional em níveis crustais rasos no domínio, resultando na instalação do
Hemigráben do Tacutu (EIRAS; KINOSHITA, 1987).
Na região oeste-noroeste de Roraima, encontra-se o domínio Parima, um terreno
granito-greenstone estruturado preferencialmente por lineamentos na direção NW-SE.
Finalmente, o domínio Anauá-Jatapú (ou Domínio Uatumã-Anauá), encontra-se na porção
sudeste do estado, marcado pela abrangência de terrenos granito-gnáissicos, estruturados
preferencialmente nas direções NW-SE, NE-SW e N-S (REIS et al., 2003). O magmatismo
14
sensu lato Uatumã corresponde ao evento vulcano-plutônico paleoproterozoico ocorrido no
Cráton Amazônico, caracterizado por manifestações vulcânicas efusivas e explosivas de
composição intermediaria a ácida (LAGLER, 2011).
4.1.1. Lamprófiro Serra do Cupim
Conforme CPRM (2010) a unidade A unidade reúne espessartitos e microdioritos
porfiríticos, e subordinadas rochas subvulcânicas andesíticas, pertencentes a diques, e também
andesitos e seus equivalentes lamprofíricos que ocorrem como lavas e depósitos piroclásticos.
Tanto os espessartitos e microdioritos, que constituem os diques, como as lavas e piroclásticas
andesíticas e lamprofíricas, identificadas ao longo do rio Amajari e próximo à serra Tepequém,
são rochas cinza a cinza esverdeado escuras, magnéticas e, em geral, porfiríticas, contendo
fenocristais de granulação média ou grossa imersos em matriz muito fina a afanítica.
4.1.2. Grupo Cauarane
Segundo CPRM (1999) o Grupo Cauarane distribui-se nos domínios Uraricoera e
Cinturão Guiana Central. No domínio Uraricoera, o Cauarane encontra-se representado por
paragnaisses e rochas calcissilicáticas, em contato com os ortognaisses do Complexo
Uraricoera. As litologias do grupo Cauarane apresentam contatos tectônicos com rochas
granitoides da Suíte Pedra Pintada. Nosetor meridional e oriental da região o grupo é encoberto
pela sedimentação cenozoica da Formação Boa Vista, enquanto que no quadrante sudoeste, sua
relação se faz com rochas do Complexo Uraricoera.
4.1.3. Granito Mixiguana
Segundo CPRM (2010) que definiu pela primeira vez o corpo Mixiguana, este mede
aproximadamente 2 km de largura e 10 km de comprimento, e dispõe-se em meio às rochas do
Grupo Cauarane as quais, por sua vez, ocorrem na forma de xenólitos nos granitóides. Na
unidade Granito Mixiguana ocorrem monzogranitos, com sienogranitos, granodioritos e
tonalitos subordinados. São rochas de granulação média a grossa, em geral acinzentadas,
exibindo, frequentemente, uma foliação magmática bem desenvolvida, conferida pela
orientação preferencial de cristais ripiformes de plagioclásio e de agregados de minerais
15
máficos. A foliação magmática dispõe-se paralelamente aos contatos com as supracrustais
Caurane e à sua estruturação.
4.1.4. Suíte Pedra Pintada
Seus granitoides afloram em faixa continua, aproximadamente E-W. Seus afloramentos
distribuem-se ao longo dos rios Cauaruau, Jauari, Amajari e Parimé. São granitoides
equigranulares, com subordinados tipos porfiríticos, apresentam cor cinza-claro e granulação
média a grossa. São, em geral, isótropos e levemente foliados, mostrando texturas magmáticas
bem preservadas (CPRM, 1999). Observa-se com frequência a presença de enclaves máficos
finos, com formas arredondadas e elipsoidais ou angulosas e irregulares, incluindo por vezes
cristais de plagioclásio, possivelmente “pingados” da encaixante.
Os granitoides da Suíte Pedra Pintada correspondem a associações Ca-fêmicas, cujo
caráter calcialcalino, aliado a outras características químicas, como o enriquecimento em
elementos LIL e anomalia negativa em nióbio, sugere a participação, na sua produção, de
processos de fusão parcial de um manto e/ou material crustal, com assinatura de subducção.
Seu intervalo composicional relativamente restrito contrasta com as suítes expandidas dos arcos
magmáticos tipicamente calcialcalinos, com abundância de termos dioríticos (REIS et al.,
2003).
Os corpos Trovão e Flechal mostram um zoneamento composicional assimétrico,
caracterizado pela predominância de granitoides menos evoluídos e mais ricos em minerais
máficos na porção sul dos corpos e de granitos mais evoluídos na porção norte, tendo sido
individualizadas três fácies em cada corpo (CPRM, 2010).
No corpo Trovão, quartzo--dioritos e subordinados tonalitos ocorrem na fácies sul,
enquanto granodioritos são as rochas mais frequentes na fácies central, seguidos por
monzogranitos, tonalitos e quartzo-monzonitos. Na fácies norte verifica-se um amplo domínio
de monzogranitos, sendo comuns os tipos hidrotermalizados, bem representados na região a
leste da Serra Aricamã (CPRM, 2010).
No corpo Flechal, quartzo-dioritos e quartzo–monzodioritos predominam sobre
monzogranitos, granodioritos e tonalitos na fácies sul, monzogranitos são os tipos mais
freqüentes na fácies central com granodioritos e tonalitos subordinados, e monzo a
sienogranitos, mais evoluídos e hidrotermalizados, ocorrem na fácies norte (CPRM, 2010).
16
4.1.5. Suíte Aricamã
Segundo CPRM (2010) a Suíte Aricamã compreende granitos isotrópicos, em geral
róseos a avermelhados ou, por vezes, cinza-claros, muito pobres em minerais máficos e muito
pouco magnéticos, por vezes com textura rapakivi. No corpo da serra Aricamã e no pequeno
corpo a oeste da serra, as rochas são de granulação média ou grossa, enquanto que nos corpos
situados a leste da serra dominam microgranitos.
A Suíte Aricamã compreende feldspato alcalino-granitos e sienogranitos, leucocráticos
a hololeucocráticos, nos quais os componentes máficos não ultrapassam os 7%, situando-se em
média nos 3%. Os granitos da Serra Aricamã e do pequeno corpo a oeste exibem textura
hipidiomórfica granular ou mais raramente porfirítica, sendo formados por feldspato
mesopertítico e quartzo, idio a subidiomórficos, localmente intercrescidos em arranjos gráficos.
Pequenos grãos de albita ocorrem entre cristais contíguos de mesopertita indicando processos
de alteração tardi- ou pós-magmática. O máfico presente é uma biotita marrom alaranjada ou,
mais raramente verde, em cristais xenomórficos, intersticiais, cristalizados tardiamente,
refletindo o caráter pouco hidratado destes granitoides (CPRM, 2010).
4.1.6. Grupo Surumu
As rochas dessa unidade ocupam a maior parte da área estudada e compreendem tipos
vulcânicos de composição ácida a intermediária, representados por riolitos, dacitos, andesitos
e rochas piroclásticas. As rochas piroclásticas desta unidade caracterizam o topo do Grupo
Surumu e constituem o embasamento para as rochas sedimentares do Supergrupo Roraima
(CPRM, 2010).
As rochas dessa unidade ocupam a maior parte da área estudada e compreendem tipos
vulcânicos de composição ácida a intermediária, representados por riolitos, dacitos, andesitos
e rochas piroclásticas. Macroscopicamente exibem textura porfirítica com fenocristais
milimétricos de quartzo, K-feldspato e plagioclásio envoltos em uma matriz afanítica com cores
avermelhadas a cinza esverdeada escura (TAVARES JÚNIOR, 2003).
Segundo Reis et al. (2003) as principais características químicas e petrográficas das
rochas vulcânicas Surumu, têm sido amplamente citadas por vários autores na identificação de
seus termos ácidos (riólitos, riodacitos e dacitos) e intermediários (andesitos, latitos e traquitos);
de seus componentes piroclásticos de similar composição; e da ausência de termos basálticos.
17
Nos dacitos e traquidacitos predomina a textura porfirítica, com fenocristais de
plagioclásio, e mais raramente feldspato alcalino e biotita, dispersos numa matriz
microcristalina constituída essencialmente por quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino, biotita
e hornblenda. Minerais opacos, apatita, zircão e titanita são acessórios comuns, e os minerais
secundários são representados por sericita, clorita, epidoto e carbonato. Os riólitos se
distinguem dos dacitos e traquidacitos pela textura porfirítica a glomeroporfirítica, com
fenocristais de feldspato alcalino e quartzo predominantes sobre os de plagioclásio, além da
matriz relativamente mais grossa devida à presença comum de agregados recristalizados de
quartzo. Apresentam ainda, menor conteúdo em minerais máficos, principalmente biotita e
hornblenda (REIS et al., 2003).
4.1.7. Grupo Arai
Recobre discordantemente as rochas vulcânicas do Grupo Surumu, e inclui termos
sedimentares eminentemente de natureza continental (REIS et al., 1990), registrando inter-
relacionamento das fácies de um sistema deposicional desértico e fluvial entrelaçado. As rochas
sedimentares presentes na serra Tepequém foram reunidas por Borges e D’Antona (1988) na
então formação Arai, tendo sido subdividida em três principais membros, a partir de critérios
puramente litológicos. Essa divisão da base para o topo constitui os membros Paiva, Funil e
Cabo Sobral (FERNANDES FILHO, 1990).
4.1.8. Formação Igarapé do Funil
Os principais litotipos são arenitos finos a médios em parte argilosos, ritmitos
arenito/pelito, pelitos e subordinadas brechas. Esses litotipos normalmente são friáveis com
estruturas sedimentares preservadas, como estratificação cruzada acanalada e gretas de
contração (FERNANDES FILHO, 2012). Os depósitos desta unidade afloram
preferencialmente em áreas mais arrasadas como voçorocas. As exposições são descontínuas,
porém mais extensas, geralmente apresentam-se basculadas com ângulos baixos de mergulho,
entretanto exposições com mergulho alto e horizontalizadas também são encontradas
(FERNANDES FILHO, 2010).
18
4.1.9. Formação Cabo Sobral
Compreende arenitos grossos conglomeráticos com intercalações de conglomerados
(FERNANDES FILHO, 2012).
4.1.10. Formação Igarapé do Paiva
Os principais litotipos são arenitos médios a grossos e conglomerados, com pelitos e
arenitos finos subordinados, localmente silicificados, e com estruturas sedimentares
preservadas (FERNANDES FILHO, 2010). O topo da unidade é dominado por arenitos grossos
a conglomeráticos com estratificação cruzada e estruturas de corte-e-preenchimento. As
camadas apresentam atitude entre N35-65°E e mergulhos de 5-25° para NW ou SE. Uma
discordância litológica e erosiva é sugerida para o contato entre a unidade sedimentar basal e
as rochas vulcânicas Surumu (FERNANDES FILHO, 2012). Os depósitos afloram geralmente
de maneira descontínua, geralmente basculados, alcançando espessuras de aproximadamente
100 m. e 50 m na cachoeira do funil.
4.1.11. Grupo Suapi
O Grupo Suapi recobre discordantemente a Formação Arai, encontrando-se subdividido
nas formações Uiramutã (base), Verde, Pauré, Cuquenán e Quinô (topo). Estas unidades
caracterizam os diversos processos progradacionais e retrogradacionais que assinalam a
presença e desenvolvimento de um sistema transicional (ambiente flúvio-deltaico) ou de
plataforma/litorâneo a marinho raso (FERNANDES FILHO, 2012).
4.2. GEOMORFOLOGIA REGIONAL
Desde os primeiros trabalhos sobre a compartimentação do relevo de Roraima, ainda na
década de 30, até os dias de hoje, bastantes informações foram acrescentadas na descrição
desses compartimentos, além da introdução de novos compartimentos a partir do refinamento
das informações realizados por meio de imagens de satélites e estudos de campo. No âmbito
dos diversos trabalhos sobre a geomorfologia do Estado destacam-se principalmente os
19
trabalhos de Franco et. al. (1975) e SUDAM (1975), realizados a partir dos estudos do Projeto
Radar na Amazônia (RADAM BRASIL), Costa (1999), CPRM (2003) e BRASIL (2005).
Conforme relatório da CPRM (2014) Roraima é o estado com maior variedade
geomorfológica de toda Amazônia brasileira. Seus terrenos apresentam desde superfícies muito
baixas e extremamente planas, principalmente na região sul, até os relevos mais movimentados
e mais altos, como o Monte Roraima, com seus 2875 metros de altitude na região norte.
Para a CPRM (2014), as características do relevo roraimense atual, portanto, é resultado
de inúmeros processos agindo sobre a paisagem e formando diversos tipos de modelados,
podendo ser sintetizado como as consequências do embate eterno entre forças exógenas
(processos erosivos e de deposição) e as forças endógenas (orogênese e epirogênese) que atuam
no planeta.
Para a realização desse relatório preferiu-se adotar a nomenclatura das unidades
propostas por Beserra Neta e Tavares Júnior (2004), que separam a geomorfologia do estado
em três grandes regiões geográficas com unidades de relevo distintas e limites estabelecidos de
maneira informal, utilizando a nomenclatura anteriormente já adotada por outros trabalhos.
Dessa forma destacam-se as regiões geográficas norte, central e sul do estado.
A área de estudo deste relatório está compreendida dentro dos limites norte segundo a
classificação adotada. Apresenta relevo plano por vezes interrompido por pequenas ondulações
até se tornar mais montanhoso na porção lesta. Desde a década de 30 até final dos anos 80 essa
região sofreu intensa atividade extrativista relacionada à garimpagem de ouro e diamante.
Na porção norte erguem-se abruptamente planaltos que atingem altitudes de 2.739
metros, a exemplo do Monte Roraima, nas áreas de fronteira com a Venezuela, estes são
bordejados por pediplanos intramontanos onde emergem relevos colinosos a tabular (700 a
1.100 m) gradando para a superfície de aplanaimento (altitudes de 80 a 150 m); na porção
central encontram-se planaltos residuais e dissecados com altitudes que podem atingir até
800 metros, a exemplo da Serra da Lua, destacando-se numa paisagemsuavemente plana a
colinosa (100 a 150 m) e por fim, na porção sul erguem-se planaltos residuais, a exemplo da
serra da Mocidade, bem como extensas deposições arenosas inundáveis com altitudes não
superiores a 150 metros(BESERRA NETA, TAVARES JÚNIOR, 2004).
A figura 5 apresenta a amplitude dessa área a partir de imagem de satélite com destaque
para as formas de relevo encontradas e logo abaixo são caracterizadas de acordo com a
classificação de Beserra Neta e Tavares Júnior (2004).
20
Figura 5: Compartimenção do relevo na porção norte de Roraima.
Fonte: TAVARES JÚNIOR (2003).
4.2.1. Planalto Sedimentar Roraima (1)
Caracterizam-se por formas tabulares de topos irregularmente aplainados, escarpas
abruptas representando recuo de planos de falhas normais, com vertentes de declividade muito
alta (superior a 30º). Correspondem as maiores altitudes da área, com cotas atingindo valores
entre 575 a 1100m. A Serra do Tepequém está situada dentro desse compartimento, elaborada
sobre rochas sedimentares do Paleoproterozoico relacionadas à Formação Tepequém (CPRM,
1999). Segundo Costa (2005) trata-se de um relevo francamente em processo de dissecação
tendo como principais características uma grande densidade de incisões resultantes da atuação
da erosão pluvial resultando em enxame de ravinas. O autor também classifica esse
compartimento relevo como de aplainamento. Beserra Neta et al. (2007) destacam que o topo
da serra do Tepequém apresenta desníveis de até 500 metros de altitude, tais características o
diferem de feições com superfície tabular.
21
4.2.2. Planalto do Interflúvio Amazonas (2) – Orenoco
Constitui um conjunto de serras e colinas com altitudes entre 600 a 1500 m, com topos
na forma de cristas e pontões, orientadas na direção NE-SW e elaboradas em rochas graníticas
e vulcânicas ácidas. Costa (2005) classifica este compartimento de relevo como de
aplainamento. O relevo montanhoso fronteiriço com a Venezuela é sustentado por sequências
vulcanossedimentares e granitoides recobertos por densa cobertura vegetal. Em termos
morfológicos caracteriza-se por formas dissecadas em cristas e colinas com vertentes ravinadas
de forte declive e vales encaixados, resultantes, em grande parte, do controle tectono–estrutural
de zonas de cisalhamento transcorrentes e fraturamentos.
4.2.3. Superfícies Pediplanadas Intramontanas (3)
É formada por áreas aplainadas e rebaixadas em relação aos relevos dos planaltos do
Interflúvio Amazonas – Orenoco e Dissecado Norte da Amazônia. Apresentam orientação geral
E-W, localmente mostram uma dissecação em cristas geralmente orientadas principalmente em
colinas elaboradas nas rochas do Grupo Surumu.
4.2.4. Planalto Dissecado Norte da Amazônia (4)
É representada por colinas com vales encaixados e encostas ravinadas associadas a
cristas ou pontões, alcançando altitudes de até 900 m e sustentadas por rochas de composição
granítica e vulcânicas ácidas a básicas paleoproterozoicas. Corresponde a maior parte do relevo
da região.
4.2.5. Pediplano Rio Branco (5) – Rio Negro
Caracteriza-se por uma superfície de aplainamento, constituída em sua grande parte por
sedimentos pouco consolidados. Corresponde ao nível altimétrico mais baixo da área, com cotas
não superiores a 160 m. Geomorfologicamente, esse compartimento inclui relevo suave,
representando cotas regionais baixas, com altitudes variando de 87 metros, nas drenagens mais
expressivas, a 140 m às proximidades das grandes elevações. Segundo Costa (2005) a mesma
22
recorta litologias pré-cambrianas e fanerozoicas, sendo interrompida principalmente pelos
Planaltos Residuais de Roraima.
4.2.6. Relevos Residuais (inselbergs) (6)
A maior parte das ocorrências constituem formas isoladas com cristas e vertentes de
forte declividade, que interrompem a monotonia do aplainamento do Pediplano Rio Branco.
Em geral, são elevações de 250 a 700 m, sustentadas por rochas vulcânicas ácidas e granitos de
tendência mais alcalina de idade pré-cambriana, com topos convexos e encostas ravinadas.
Tavares Júnior (2003) classifica a área como uma superfície recoberta por uma
vegetação de pequeno porte e esparsa, onde também predomina uma vegetação de floresta mais
densa. A vegetação de savana é constituída pelos subsistemas arbóreo denso e aberto, parque e
graminoso. O regime climático da região de savanas é caracterizado por um clima quente com
períodos de chuvas e de estiagem bem definidos. As regiões de relevo elevado apresentam um
clima subtropical de altitude, com temperaturas amenas e um período de chuvas e outro de
estiagem.
A região ao entorno é formada pelas bacias de drenagem dos rios Amajari e Trairão,
estes fluem de oeste para leste e noroeste para sudeste, sendo afluentes respectivamente da
margem esquerda do rio Urariquera e furo Santa Rosa ao norte da ilha de Maracá (BESERRA
NETA e TAVARES JÚNIOR, 2016).
23
5. MATERIAIS E MÉTODOS
A atividade realizada entre os dias 08 e 09 de junho de 2018 surge como análise prática
dos conteúdos ministrados na disciplina de Prospecção mineral sobre as etapas básicas da
pesquisa mineral. A atividade foi dividida em 3 etapas: pré-campo, campo e pós-campo.
5.1. ETAPA PRÉ-CAMPO
A etapa pré-campo consistiu basicamente na construção da base teórica para realização
da atividade de campo através do levantamento bibliográfico e cartográfico acerca da geologia
da folha NA.20-X-A-III, onde foram utilizados trabalhos científicos, dissertações e teses. A
partir da base teórica pré-existente, foram definidos os pontos alvos a serem trabalhados durante
a fase de campo, com ênfase nas possíveis ocorrências de minerais indicativos de mineração.
Nesta etapa também foram confeccionados mapas localização e geológicos, que serviram de
suporte essencial em campo, e por fim, houve apresentação oral dos pontos alvos.
5.2. ETAPA DE CAMPO
Nessa etapa em cada ponto obtiveram-se às coordenadas geográficas com o GPS
(Global Positioning System) com média de erro de 3 metros, onde foram utilizados
equipamentos comuns de campo como escalas de bolso e martelos geológicos. Junto à caderneta
de campo foram feitas anotações de informações relevantes e além do uso de celulares e
máquinas fotográficas que serviram para fotografar os pontos estudados.
A metodologia utilizada em campo consistiu em coleta de amostras de sedimentos
cascalhosos aprisionados em armadilhas naturais (tronco de arvores, curvas do canal) presentes
nos leitos de canais ativos, dando preferência aos de segunda e terceira ordem.
Uma parte dos sedimentos foi peneirada a fim de descartar o material mais grosseiro
(figura 6A), onde obteve-se o material mais fino por meio de concentração gravimétrica
utilizando uma bateia de alumínio para concentração das fases minerais pesadas e descarte do
material leve (figura 6B). O fluido separador foi à água corrente da drenagem, por fim o
concentrado foi guardado em sacos plásticos e devidamente identificado em campo (figura 6C).
24
Figura 6: Metodologia utilizada em campo. (A) Peneiramento do material mais grosseiro; (B) Bateia para
concentração gravimétrica; (C) Amostras separadas e guardadas em sacos plásticos.
Fonte: os autores.
Por motivos de logística, não foi possivel realizar o procedimento descrito nos pontos
IG-04, IG-05 e IG-06, sendo assim as amotras foram coletadas e guardadas em sacos plásticos
para a realização do procedimento no laboratório (figura 7). No ponto IG-04, as amostras foram
coletadas manualmente (figura 7A), no ponto IG-05 e IG-06 foram coletadas com auxílio de
uma boca de lobo (figura 7B e 7C, respectivamente).
Figura 7: Coleta de sedimentos. (A) Coleta das amostras no ponto IG-04; (B) Coleta das amostras no ponto IG-
05; (C) Coleta das amostras no ponto IG-06.
Fonte: os autores.
25
5.3. ETAPA PÓS-CAMPO
Após a coleta em campo os sedimentos foram levados para o laboratório Sedimentologia
da Universidade Federal de Roraima (figura 8A). No laboratório, houve a preparação das
amostras através de peneiramento (figura 8B) e concentrado de bateia (figura 8C). Em seguida,
o concentrado foi disposto em recipientes de vidro para a secagem natural.
Figura 8: Preparação das amostras. (A) Amostras recolhidas em campo; (B) Peneiramento dos sedimentos mais
grosseiros; (C) Bateia usada para separação gravimétrica do material pesado.
Fonte: os autores.
Os pontos estudados cujos sedimentos eram compostos majoritariamente de grãos de
areia após a bateia foram separados em duas porções utilizando ímã de mão (separação
magnética) (figura 9E): uma fração composta do material magnético e outra com material não
magnético.
Os sedimentos que continham alta concentração de argila e silte (lama) além de
separados pelo procedimento normal de concentrado de bateia ainda foram submetidos ao
método de separação por densidade (método do bromofórmio) (figura 9A). Após a separação
por densidade o concentrado restante foi em seguida separado novamente em duas porções
utilizando ímã de mão (separação magnética): uma fração composta do material magnético e
outra com material não magnético.
26
A análise do concentrado foi realizada através de lupa binocular (figura 9B), análise sob
luz ultravioleta a fim de verificar a presença de minerais fluorescentes (scheelita associada a
ouro), teste com placa de zinco e ácido clorídrico (figura 9D) para minerais de cassiterita, teste
com peróxido de hidrogênio (água oxigenada) (figura 9C) para minerais de manganês e teste
de passagem de corrente elétrica para possíveis minerais de diamante.
Figura 9: Preparação das amostras. (A) Separação por densidade com uso de bromofórmio; (B) Uso de lupa
binocular; (C) Teste com peróxido de hidrogênio; (D) Separação magnética com uso de ímã; (E)Teste com placa
de zinco e ácido clorídrico.
Fonte:os autores.
A última análise foi interpretativa e de pesquisa embasada na literatura disponível e se
propôs a caracterizar os pontos visitados em campo, através da descrição da metalogênia e
contextualização para o refinamento da pesquisa e elaboração de mapas e relatório final em
escala de detalhe com os dados obtidos em cada ponto.
A B C
D E
27
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1. LAMPRÓFIRO SERRA DO CUPIM
Está localizada nas coordenadas X: 641479 e Y: 414209 (ponto IG-05) na estrada que
dá acesso a Vila do Tepequém (RR-203), com cota altimétrica de 449 metros (figura 10A).
Neste ponto foram colhidos sedimentos de ambos os lados da drenagem, que se encontra
canalizada no perímetro da rodovia (figura 10B). O curso do rio do lado esquerdo da estrada
sentido Vila do Tepequém é recoberto por mata fechada (figura 10C), enquanto o lado direito
é preenchido por diversos matacões de tamanhos diversos (figura 10D). A água apresentava
uma coloração bastante alaranjada, provavelmente por conta da carga de sedimentos que estava
sendo carreados por conta da chuva, o que dificultou de certa forma a coleta de sedimentos
cascalhosos.
Figura 10: Ponto IG-05. (A) Estrada que dá acesso a vila do Tepequém(RR-203); (B) Canalização da rodovia no
ponto estudado; (C) Margem esquerda do igarapé Cocal, sentido Amajari-Tepequém; (D) Margem direita do
igarapé Cocal, sentido Amajari-Tepequém.
Fonte: os autores.
Em trabalhos mais recentes (CPRM, 2010) a localidade agora está delimitada dentro da
unidade estratigráfica Diques de Lambrófiro Serra do Cupim, composta de espessativos cálcio-
alcalinos.
28
Conforme amostra de mão analisada macroscopicamente em laboratório a rocha
apresenta coloração cinza esverdeada, textura porfirítica, matriz afanítica com prováveis
pórfiros de plágioclasio alterando para grãos diminutos de clorita ou epidoto. Composta por
aproximadamente 30% de fenocristais e cerca de 70% de matriz a rocha foi classificada como
um andesito (figura 11), portanto uma rocha vulcânica.
Figura 11: Amostra de rocha do ponto IG-05.
Fonte: Os autores.
O sedimento separado em laboratório é constuído sobretudo de minerais magnéticos,
como magnetita e hematita em menor concentração (figura 12D). Estes apresentam hábito entre
maciço paras as hematitas e em pequenas esferas/octaedros de magnetita. Ambos apresentam
brilho metálico e coloração entre castanho e preto, diferenciado-se principalmente por conta do
magnestismo, já que a magnetita é mais magnética.
Entre os minerais não metálicos destacam-se a turmalina de hábito prismático e
coloração escura (figura 12A), epidoto de hábito maçico e brilho vítreo esverdeado (figura 12E)
e pequenos zicões de coloração avermelhado e hábito ora maciço ora em pequenos prismas
(figura 12C). Mesmo após o sucessivo bateamento o concetrado ainda continuou apresentando
uma abundância de grãos de quartzo hialinos e principalmente quartzo rosa (figura 12B). Os
grãos apresentavam hábito maciço ou prismático, brilho vítreo e alguns com fratura conchoidal.
Além dos quartzo hialino e rosa, ainda foi possível observar quartzo leitoso e alguns poucos
citrino.
Minerais metálicos, porém não magnéticos foram observados (figura 12F), podendo se
tratar do indício de sulfeto de cobre disperso apresentado no relatório da CPRM de 2010 e
pertencentes aos Diques de Lamprófiro Serra do Cupim.
29
Figura 12: Grãos minerais encontrados. (A) Turmalina; (B) Quartzo rosa; (C) Zircão; (D) Minerais magnéticos
(magnetita e hematita); (E) Epidoto; (F) Sulfeto não identificado.
Fonte: os autores.
A alta concetração de minerais magnéticos é característico dos diques de espessatito,
principalmente por conta da mineralogia rica em magnetita titanífera (CPRM, 2010). Em
contrapartida, também foi encontrada uma assembleia mineralógica característica de rochas
sedimentares. Uma explicação bem convincente para a alta concentração de quartzo e minerais
associados é a proximidade com a serra do Tépequém, e mais propriamente o Grupo Arai.
O ponto de onde foram colhidos os sedimentos é um tributário do igarapé Cocal, que
por sua vez atravessa a Serra, o que pode resultar em sedimentos sendo carreado em direção a
B C
F
A
D E
30
base da Serra e dessa forma ocasinar uma grande concetração de minerias indicadores de rochas
sedimetares em uma unidade cujas rochas são ígneas intermediárias a básicas.
A distância da origem do sedimentos também é respaldada pela esfericidade e
arredondamento dos grãos (figura 13A). Entretanto foram encontradas quartzos milimétricos
bem formados (monopirâmidais) (figura 13B) e e angulares (figura 13C) além de bastante
fragmentos rochos tamanho matacão de diversas litologias.
No tangente, a conclusão que pode ser retirada desse ponto é que a sedimentação é
resultado da mistura de diversas litologias do alto da Serra do Tepequém. Um possível
aproveitamento metalogenético para área são os quartzo rosa, que caso identificado a área fonte
podem ser usados como gemas em joias e semijoias.
Figura 13: Grãos de quartzo indicando distância da área fonte. (A) Grãos bem arredondados; (B) Grão milimétrico
monopirâmidal; (C) Grão anguloso.
Fonte: Os autores.
A B C
31
6.2. SUÍTE ARICAMÃ
Está localizada nas coordenadas X: 640558 e Y: 412370 (ponto IG-04) com cota
altimétrica de 213 metros. Trata-se de um córrego do Igarapé Pau Bauru dentro da mata fechada
e com bastante blocos rolados que alcançam desde metros a decâmetros e se depositam no fundo
da drenagem (figura 14). O pH da água ficou em torno de 6,8 a 7,8 sendo, portanto, uma água
neutra.
Figura 14: Afloramento do Igarapé Pau Bauru no ponto IG-04.
Fonte: os autores.
Na análise macroscópica da amostra de mão constatou-se que a rocha é formada em
ambiente de cristalização intrusivo, sendo holocristalina. A identificação de seus cristais a olho
nu é possível devido a sua textura fanerítica com granulação apresentando grãos médios de até
10 mm e cristais são majoritariamente equigranulares. Seu índice de coloração é
hololeucocrático, onde os minerais fêmicos compõem menos de 5% da amostra. Os demais
minerais presentes na amostra são: quartzo 45%; plagioclásio 25%; álcalis 20% e máficos 15%.
Após o recalculo e plotagem no diagrama QAPF a rocha foi classificada como um
monzogranito.
Os blocos rolados do leito do rio também pertencem a Suíte Aricamã, porém não
apresentando os grandes minerais de molibdenita observados nos monzogranitos próximo a
estrada.
32
Figura 15: Amostra de rocha do afloramento (granito cinza-claro).
Fonte: os autores.
Quando analisados em laboratório o concentrado de bateia apresentou quartzo de hábito
maciço, brilho vítreo com inclusão de sulfeto (o qual não foi identificado) mas pode ser tratar
de uma possível alternativa de mineralização para a área caso seja identificado (figura 16B).
Outros minerais não magnéticos identificados foram grãos de zircão de hábito prismático,
brilho resinoso e coloração castanho, além de granada encrustada em fragmento de rocha e
coloração vermelho amarronzada e grãos de dióxido de titânio (figura 16C).
Minerais magnéticos identificados foram ilmenita e magnetita de brilho metálico e
coloração preta, sendo ambos em pequenas quantidades. Grãos aparentando se tratar de pintas
de ouro e biotita também foram observados, porém não foi possível fotografar.
Figura 16: Minerais encontrados no concentrado de bateia. (A) Grãos de zircão e ilmenita; (B) Quartzo com
inclusão de sulfeto não foi identificado; (C) Granada e grãos de dióxido de titânio.
Fonte: os autores.
A B C
Ilmenita
Zircão
33
O granito Aricamã foi descrito no relatório da CPRM de 2010 com ocorrência de rochas
ornamentais e indício de turmalina e ametista na forma de veios. Borges e D’Antona (1988),
mencionam a ocorrência de cassiterita em aluvião do Igarapé Pau Baru, que drena parte do
corpo maior do granito Aricamã. A mineralogia mais esperada para o ponto era cassiterita, que
em trabalhos anteriores já havia sido identificada na região (BORGES e D’ANTONA, 1988;
CPRM, 2010) porém não foram identificados no trabalho em questão.
Com exceção dos grãos de cassiterita que não foram identificados, a quase total
mineralogia obtida no concentrado de bateia confere com o relatório da CPRM (2010), onde os
minerais máfico presente é uma biotita marrom alaranjada ou, mais raramente verde e minerais
acessórios mais comuns são fluorita, zircão, allanita e minerais opacos. Turmalina verde e
topázio ocorrem em algumas variedades de granito cinza-claro. Apatita, titanita e granada são
componentes mais raros (CPRM, 2010).
Dessa forma, a assembleia mineral descrita neste ponto pode ser inteiramente resultado
das próprias rochas da unidade estratigráfica, ou de origem nas intrusões e zonas de
cisalhamento de direção NE-SW correspondente ao Grupo Surumu.
34
6.3. GRUPO SURUMU
Está localizada nas coordenadas X: 636467 e Y: 414815 (ponto IG-03) com altitude de
199 metros no igarapé do Paiva. Essa área é utilizada pelo próprio dono da propriedade para
retirarem de sedimento e posterior garimpagem, portanto o curso do rio nesse perímetro foi
claramente desviado, ocasionando uma grande exposição de material cascalhoso do fundo do
rio (figura 17A).
A bateia foi realizada no trecho do rio anterior a uma mudança de curso de drenagem
(figura 17B). O local é um córrego ladeado por mata fechada e árvores de grande porte e possui
água com pH em torno de 5,4 sendo assim, considerada ácida.
Figura 17: Ponto IG-03. (A) Visão geral do igarapé com exposição de material cascalhoso; (B) Realização da
bateia no curso do igarapé.
Fonte: os autores.
No concentrado de bateia foram identificados grãos de epidoto de hábito maciço, opaco
e de brilho vítreo com coloração amarelada esverdeada (figura 15E). Bastante rutilo alongado
e castanho, com hábito próximo ao prismático (figura 15A), além de grãos de zircão
bipirâmidais e coloração entre castanho e rosa, sempre com brilho vítreo e translúcido (figura
15B). Foram observados muitos quartzos de hábito maciço e transparentes com inclusão de
sulfeto não identificado (figura 15C). Por último, minerais com formato prismático, de
coloração preto esverdeado e opacos muito se assemelham a berilos (figura 15D).
Entre os minerais magnéticos destacam-se a magnetita de hábito octaedral ou esférico e
a hematita de hábito maciço. Ambas apresentam coloração entre castanho e preto e brilho
metálico.
35
Figura 18: Minerais encontrados no concentrado de bateia. (A) Rutilo; (B) Zircão; (C) Quartzo com provável
inclusão de sulfeto não identificado; (D) Possíveis grãos de berilo; (E) Epidoto.
Fonte: os autores.
O curso d’água onde realizou-se a bateia, igarapé Paiva, drena a serra do Tepequém,
dessa forma o material transportado pelo rio é sobretudo oriundo da Formação Paiva que
representa a unidade basal do Grupo Arai, encontrando-se em contato discordante com o
embasamento representado pelas rochas vulcânicas ácidas do Grupo Surumu (figura 19).
O diamante e ouro aluvionares dos antigos garimpos da serra Tepequém ao longo dos
igarapés Cabo Sobral e Paiva, hoje praticamente exauridos, derivam muito provavelmente de
paleoplaceres hospedados nos conglomerados oligomíticos da Formação Tepequém
(denominada atualmente como Grupo Arai) (CPRM, 2010).
Apesar dos trabalhos de bateia ainda em campo não foram encontradas pintas de ouro
nesse ponto. Diamantes de tamanhos milimétricos foram encontrados em um concentrado
oriundo do garimpo pessoal do dono da propriedade, estes estavam misturados com grãos de
A B C
D E
36
areia, desde areia fina a areia grossa, ou seja, tamanho de grãos superior ao esperado em
concentrado de bateia.
Figura 19: Amostra de cascalho de diversas litologias da Formação do Paiva em afloramento no igarapé Paiva.
Fonte: os autores.
Litarenito conglomerático
Arenito fino
Argilito Argilito laminado
37
6.4. SUÍTE PEDRA PINTADA
6.4.1. Corpo Trovão
Localizado no Igarapé Tucumã, na margem direita da rodovia RR-203 sentido Vila do
Tepequém. A localidade é um córrego rodeado por mata ciliar, em parte lavrado e árvores de
grande porte (figura 20).
Foram coletados sedimentos em duas porções: a primeira nas coordenadas X: 653499 e
Y: 400270 (ponto IG-01) com cota altimétrica de 99 metros e segunda nas coordenadas X:
653367 e Y: 400577 (ponto IG-02) com cota altimétrica de 115 metros.
Figura 20: Igarapé Tucumã (ponto IG-01 e IG-02).
Fonte: os autores.
Foram colhidas amostras de concentrado de bateia de uma acumulação de cascalho e
outra em uma porção de areia grossa. No dia da coleta das amostras estava chovendo bastante,
então possivelmente muito material de outras regiões estava sendo carreado pelo rio.
De maneira geral, os minerais encontrados no concentrado de bateia são inúmeros grãos
de epidoto/clinozoisita, sendo estes minerais verdes de brilho vítreo e hábito prismático. Grãos
de zircão de hábito prismático e coloração entre rosa e marrom. Em menor quantidade aparecem
grãos de granada de brilho vítreo, hábito sub-prismático e coloração vermelho escuro;
38
turmalinas pretas de hábito prismático e brilho vítreo; e grãos de rutilo de coloração cinza
escuro, brilho vítreo e hábito prismático (figura 21D).
Na amostra há uma enorme variedade de quartzo, sendo estes principalmente quartzo
rosa (figura 21C) e quartzo hialino, além de quartzos leitosos e citrino. Os grãos de quartzos
são de hábito maciço, brilho vítreo e em alguns é possível observar fratura conchoidal.
Enquanto os minerais magnéticos são sobretudo magnetitas, ilmenitas e poucas
pirrotitas, além de hematita (especularita) (figura 21B). São minerais de brilho metálico, hábito
maciço (poucos apresentam hábito tabular) e coloração cinza escuro ou preto.
A mineralização encontrada neste concentrado de bateia foram pintas de ouro (figura
21E), além de ser observados prováveis grãos de topázio titanitas.
Figura 21: Minerais encontrados no concentrado bateia. (A) Visão geral da amostra; (B) Minerais magnéticos; (C)
Grãos de Quartzo; (D) Grãos de turmalina, zircão e especularita; (E) Pintas de ouro.
Fonte: os autores.
As pintas de ouro encontradas corroboram com o relatório da CPRM (2010), que aponta
para indícios de ouro na Suíte Pedra Pintada, detectados sob a forma de pintas em concentrados
A B C
D E
Grão de turmalina
Grão de zircão
Grão de especularita
39
de bateia, que aliados a aspectos geológicos, sugerem possibilidades para depósitos de ouro
primário dos tipos Au-Cu pórfiro, sendo inclusive uma possível fonte para o ouro encontrado
nos aluviões. Outra possiblidade para a ocorrência de pintas de ouro pode ser o hidrotermalismo
do Corpo Flechal, e subsequente carreamento destes grãos pelo igarapé Tucumã, que drena
ambas unidades estratigráficas.
A amostra de mão recolhida em campo (figura 22) apresenta uma coloração escura entre
cinza esverdeada tendendo ao esbranquiçado. Sua granulação varia entre fina a média (0,1mm
a 10 mm), porém, seus cristais são inequigranulares devido à presença de pórfiros de
plagioclásio e quartzo. Trata-se de uma rocha de formação intrusiva, holocristalina e com grau
de visibilidade fanerítica, com cristais variando entre média a grossa granulação, sendo de
1,00mm a 3cm. É holocristalina, porém mesocrática, onde os minerais fêmicos compõem mais
de 35% da amostra.
Figura 22: Amostra de mão do ponto IG-01e IG-02.
:
Fonte: os autores.
Sendo assim, os minerais encontrados descritos são: quartzo, plagioclásio, anfibólio e
piroxênio, feldspato potássico e biotita nas seguintes proporções: cerca de 5% quartzo,
plagioclásio 40%, álcalis 20% e os máficos representando aproximadamente 35%. Após o
recalculo e a plotagem no diagrama, a amostra foi classificada como um granodiorito.
Os minerais encontrados correspondem ao esperado para fácies central do Corpo
Trovão, assim como a rocha recolhida no afloramento que classificada em laboratório acredita-
se tratar-se de um granodiorito, a litologia mais frequência na fácies central. Nestes
granodioritos entre 10 a 30% dos componentes são máficos. Dentre os acessórios, titanita e
minerais opacos são os mais comuns, seguidos por zircão e apatita (CPRM, 2010).
40
A grande quantidade de minerais máficos nas rochas ao entorno da drenagem pode ser
a origem da concentração de minerais magnéticos como magnetitas e, além de que os minerais
acessórios mais comuns nos granodioritos são zircões.
6.4.2. Corpo Flechal
Localizado na Vicinal Bom Jesus (Amajari-249) nas coordenadas X: 640833 e Y:
404408 (ponto IG-06) com cota altimétrica de 139 metros. A localidade possui acesso bastante
dificultado por ser uma estrada de barro, sendo que, o alvo do ponto de coleta de sedimentos
era o igarapé Tomás, porém, a coleta consistiu em um braço desse igarapé (figura 23A).
Neste igarapé houve a coleta de material debaixo da ponte, onde novamente houve
dificuldade em selecionar um material cascalhoso, por conta de a drenagem ser quase que
totalmente coberta por material argiloso (figura 23B). Como o acesso para o lado esquerdo da
drenagem estava impossibilitada por conta da vegetação (uma espécie de capim) colheu-se
sedimentos apenas no lado direto da estrada sentido a sede do município de Amajari.
Figura 23: Ponto IG-06. (A) Estrada de barro que dá acesso ao ponto; (B) Coleta de sedimentos em baixo da
ponte.
Fonte: os autores.
A ideia inicial era realizar a coleta na unidade estratigráfica Gabro Igarapé Tomás,
porém não foi possível, então realizou a coleta na Suíte Pedra Pintada, Corpo Flechal. Acredita-
se tratar de rochas fácies norte, com granitos mais evoluídos, granodioritos e tonalitos
subordinados, e monzo a sienogranitos, mais evoluídos e hidrotermalizados (CPRM, 2010).
41
Uma amostra de rocha dessa localidade foi analisada macroscopicamente em
laboratório, entretanto não foi possível chegar a um consenso com relação a litologia, já que a
mesma apresenta-se bastante alterada (hidrotermalismo?). Contudo acredita-se tratar de um
granitoide, por conta da textura fanerítica e da composição mineralógica (figura 24). Este
granitoide foi possivelmente metamorfizado, e agora apresenta uma estrutura muito semelhante
a fissilidade de certas rochas metamórficas ou metamorfizadas.
Figura 24: Granitoide apresentando incipiente fissilidade (linhas em vermelho indicam possíveis direções de
fraqueza da rocha).
Fonte: os autores.
Segundo a CPRM (2010) as rochas dessa localidade são mais pobres em minerais
máficos quando comparadas com as outras fácies. Os minerais acessórios mais frequentes são
minerais opacos e titanita. Apatita, zircão, allanita e, raramente, fluorita, também estão
presentes em quantidades acessórias. Quase todas as rochas desta faixa estão hidrotermalizadas,
mostrando cristais de plagioclásio recobertos por epidoto e sericita, biotitas cloritizadas e, em
alguns casos, feldspatos hematitizados. Fraturas e vênulas de epidoto e clorita cortam as
variedades mais alteradas. Minerais opacos e apatita são os minerais acessórios mais frequentes.
Após a bateia os minerais não magnéticos identificados foram principalmente minerais
amarelo esverdeado, de brilho resinoso a vítreo foram identificados como epidoto (figura 25B).
Uma grande quantidade de zircão (figura 25A) de brilho resinoso e coloração amarelo
esverdeado, com hábito semelhante a um prima e cor castanho amarelado. Ambos minerais
podem ser produtos da provável epidotização e cloritização que afetam boa parte das rochas
imediatamente a sul da Serra Aricamã (CPRM, 2010).
42
Minerais máficos de brilho metálico, onde alguns parecem cristais achatados a tabulares
com faces estriadas são comuns e podem se tratar de sulfetos (figura 25C). Minerais opacos de
brilho metálico ou graxoso/quase vítreo também se apresentam como prismas (cristais)
achatados podem se tratar de ilmenita magnesiana (figura 25D). Cristais verde amarelado
transparentes a translúcidos provavelmente se tratam de crisoberilo (figura 25E). Além disso,
foram identificados minerais que podem ser monazita ou granada espessatita. (figura 25H)
Os minerais magnéticos (figura 25F) encontrados foram principalmente hematita,
pirrotita e em maior quantidade a magnetita (figura 25G).
No geral, os grãos minerais identificados no concentrado de bateia refletem bem a
composição dos corpos rochosos da unidade em questão.
43
Figura 25: Grãos minerais encontrados no concetrado de bateia. (A) Zircão; (B) Epidoto; (C) Provável grão de sulfeto não identificado; (D) Possíveis minerais de ilmenita magnesiana;
(E) Crisoberilo; (F) Minerais magnéticos (coloração mais escura); (G) Magnetita; (H) Granada.
Fonte: os autores.
A B C D
E F H
G
44
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da atividade de campo em conjunto com as aulas teóricas da disciplina de
Prospecção Mineral foi possível identificar diversos minerais guia na campanha de prospecção
no município do Amajari. Entre os principais minerais guia encontrados se destacam rutilo,
turmalina, zircão, presentes em quase todos os pontos, mesmo que em diferentes proporções.
Os pontos visitados apresentaram poucos indícios de mineralizações nos concentrados,
em parte por conta do modo de bateamento que ocorreu em laboratório e não diretamente no
igarapé com água corrente. Essa pode ser uma das justificativas para a não ocorrência de
indícios de ouro nos pontos IG-05 e IG-06 que são referenciados na literatura como corpos
hidrotermalizados e por isso favoráveis a formação e ouro secundário. À exceção o ponto IG-
01 e IG-02 os quais foram bateados ainda no igarapé sendo os únicos com ocorrência de pintas
de ouro.
A correlação metalogenética torna-se mais dificultosa por conta dos caminhos dos rios
que acabam drenando diferentes unidades estratigráficas e consequentemente misturando
sedimentos de diversas litologias, tido como um problema, a passagem do curso do rio por
diversas unidades estratigráficas também pode ser chave para o entendimento de como
45
REFERÊNCIAS
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Tepequém- RR. Geociências na Pan- Amazônia. 1ª ed.- Boa Vista, Roraima: Editora da
Universidade Federal de Roraima. 2016. p 65- 85.
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Estado. Boa Vista: Editora da UFRR- EdUFRR, 2008.
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impacto da atividade antrópica. Tese (Doutorado em Geoquímica e Petrologia) – Programa
de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, Instituto de Geociências Universidade Federal
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(parciais). Escala 1:500.000. Estado de Roraima. Superintendência Regional de Manaus, 166
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CPRM- PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL. Geodiversidade do Estado De Roraima /
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46
CPRM. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Roraima Central, Folhas
NA.20-X-B e NA.20-X-D (integrais), NA.20-X-A, NA.20- X-C, NA.21-V-A e NA.21-V-C
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47
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Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da obra de Fernando Flávio Marques de
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TAVARES, S.S.J; Utilização de imagens de sensoriamento remoto, dados aerogeofísicos e
de técnicas de integração digital para o estudo geológico do norte do estado de Roraima-
Brasil. Tese de Doutorado em Sensoriamento Remoto. INPE. São José dos Campos 2003.

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RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE PROSPECÇÃO MINERAL

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - IGEO DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA EZEQUIAS NOGUEIRA GUIMARÃES JULYANE DÁLET TAVARES ARRAES RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE PROSPECÇÃO MINERAL Boa Vista, RR 2018
  • 2. EZEQUIAS NOGUEIRA GUIMARÃES JULYANE DÁLET TAVARES ARRAES RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO DA DISCIPLINA DE PROSPECÇÃO MINERAL Relatório de Campo apresentado à disciplina Prospecção Mineral (GEO 503) do departamento do curso de Bacharelado em Geologia, Instituto de Geociências da Universidade Federal de Roraima ministrada pelo Geólogo Pedro Doria como requisito para obtenção de nota. Boa Vista, RR 2018
  • 3. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Mapa de Localização do município de Amajari. ........................................................9 Figura 2: Mapa Geológico da região do Tepequém. ................................................................10 Figura 3: Modelo de compartimentação litoestrutural do estado de Roraima. .........................12 Figura 4: (A) Domínios estruturais do Estado de Roraima e (B) mapa geológico simplificado da região Norte do Estado de Roraima com destaque para a Serra do Tepequém. ..................13 Figura 5: Compartimenção do relevo na porção norte de Roraima. .........................................20 Figura 6: Metodologia utilizada em campo. (A) Peneiramento do material mais grosseiro; (B) Bateia para concentração gravimétrica; (C) Amostras separadas e guardadas em sacos plásticos. ..................................................................................................................................................24 Figura 7: Coleta de sedimentos. (A) Coleta das amostras no ponto IG-04; (B) Coleta das amostras no ponto IG-05; (C) Coleta das amostras no ponto IG-06. .......................................24 Figura 8: Preparação das amostras. (A) Amostras recolhidas em campo; (B) Peneiramento dos sedimentos mais grosseiros; (C) Bateia usada para separação gravimétrica do material pesado. ..................................................................................................................................................25 Figura 9: Preparação das amostras. (A) Separação por densidade com uso de bromofórmio; (B) Uso de lupa binocular; (C) Teste com peróxido de hidrogênio; (D) Separação magnética com uso de ímã; (E)Teste com placa de zinco e ácido clorídrico. ...................................................26 Figura 10: Ponto IG-05. (A) Estrada que dá acesso a vila do Tepequém (RR-203); (B) Canalização da rodovia no ponto estudado; (C) Margem esquerda do igarapé Cocal, sentido Amajari-Tepequém; (D) Margem direita do igarapé Cocal, sentido Amajari-Tepequém........27 Figura 11: Amostra de rocha do ponto IG-05...........................................................................28 Figura 12: Grãos minerais encontrados. (A) Turmalina; (B) Quartzo rosa; (C) Zircão; (D) Minerais magnéticos (magnetita e hematita); (E) Epidoto; (F) Sulfeto não identificado.........29 Figura 13: Grãos de quartzo indicando distância da área fonte. (A) Grãos bem arredondados; (B) Grão milimétrico monopirâmidal; (C) Grão anguloso. ......................................................30 Figura 14: Afloramento do Igarapé Pau Bauru no ponto IG-04...............................................31
  • 4. 4 Figura 15: Amostra de rocha do afloramento (granito cinza-claro). ........................................32 Figura 16: Minerais encontrados no concentrado de bateia. (A) Grãos de zircão e ilmenita; (B) Quartzo com inclusão de sulfeto não foi identificado; (C) Granada e grãos de dióxido de titânio. ..................................................................................................................................................32 Figura 17: Ponto IG-03. (A) Visão geral do igarapé com exposição de material cascalhoso; (B) Realização da bateia no curso do igarapé. ................................................................................34 Figura 18: Minerais encontrados no concentrado de bateia. (A) Rutilo; (B) Zircão; (C) Quartzo com provável inclusão de sulfeto não identificado; (D) Possíveis grãos de berilo; (E) Epidoto. ..................................................................................................................................................35 Figura 19: Amostra de cascalho de diversas litologias da Formação do Paiva em afloramento no igarapé Paiva........................................................................................................................36 Figura 20: Igarapé Tucumã (ponto IG-01 e IG-02)..................................................................37 Figura 21: Minerais encontrados no concentrado bateia. (A) Visão geral da amostra; (B) Minerais magnéticos; (C) Grãos de Quartzo; (D) Grãos de turmalina, zircão e especularita; (E) Pintas de ouro. ..........................................................................................................................38 Figura 22: Amostra de mão do ponto IG-01e IG-02. ...............................................................39 Figura 23: Ponto IG-06. (A) Estrada de barro que dá acesso ao ponto; (B) Coleta de sedimentos em baixo da ponte.....................................................................................................................40 Figura 24: Granitoide apresentando incipiente fissilidade (linhas em vermelho indicam possíveis direções de fraqueza da rocha. ..................................................................................41 Figura 25: Grãos minerais encontrados no concetrado de bateia. (A) Zircão; (B) Epidoto; (C) Provável grão de sulfeto não identificado; (D) Possíveis minerais de ilmenita magnesiana; (E) Crisoberilo; (F) Minerais magnéticos (coloração mais escura); (G) Magnetita; (H) Granada. 43
  • 5. 5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................7 2. OBJETIVOS .........................................................................................................................8 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................8 3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.......................................................................9 4. CONTEXTO GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO REGIONAL.........................11 4.1. GEOLOGIA REGIONAL .............................................................................................11 4.1.1. Lamprófiro Serra do Cupim ................................................................................14 4.1.2. Grupo Cauarane....................................................................................................14 4.1.3. Granito Mixiguana ................................................................................................14 4.1.4. Suíte Pedra Pintada...............................................................................................15 4.1.5. Suíte Aricamã.........................................................................................................16 4.1.6. Grupo Surumu.......................................................................................................16 4.1.7. Grupo Arai.............................................................................................................17 4.1.8. Formação Igarapé do Funil ..................................................................................17 4.1.9. Formação Cabo Sobral .........................................................................................18 4.1.10. Formação Igarapé do Paiva................................................................................18 4.1.11. Grupo Suapi.........................................................................................................18 4.2. GEOMORFOLOGIA REGIONAL ...............................................................................18 4.2.1. Planalto Sedimentar Roraima (1) ........................................................................20 4.2.2. Planalto do Interflúvio Amazonas (2) – Orenoco ...............................................21 4.2.3. Superfícies Pediplanadas Intramontanas (3) ......................................................21 4.2.4. Planalto Dissecado Norte da Amazônia (4).........................................................21 4.2.5. Pediplano Rio Branco (5) – Rio Negro ................................................................21 4.2.6. Relevos Residuais (inselbergs) (6) ........................................................................22 5. MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................23 5.1. ETAPA PRÉ-CAMPO...................................................................................................23 5.2. ETAPA DE CAMPO .....................................................................................................23 5.3. ETAPA PÓS-CAMPO...................................................................................................25 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................27 6.1. LAMPRÓFIRO SERRA DO CUPIM ...........................................................................27
  • 6. 6 6.2. SUÍTE ARICAMÃ ........................................................................................................31 6.3. GRUPO SURUMU........................................................................................................34 6.4. SUÍTE PEDRA PINTADA............................................................................................37 6.4.1. Corpo Trovão.........................................................................................................37 6.4.2. Corpo Flechal.........................................................................................................40 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................44 REFERÊNCIAS......................................................................................................................45
  • 7. 7 1. INTRODUÇÃO Roraima é o estado mais setentrional do Brasil, possui área territorial de 225.116,10 km² e tem Boa Vista como capital. É seccionada pela linha imaginária do Equador, sendo Boa Vista a única capital brasileira no hemisfério norte. O estado abarca duas fronteiras internacionais: Venezuela a norte e noroeste e Guiana ao leste. Ao sul limita-se com o Amazonas e a sudeste com o Pará. Do ponto de vista geológico ocupa a porção central do escudo das Guianas, inserido ao norte do Cráton Amazonas (SANTOS, 2006) por isso apresenta as principais feições geotectônicas evolutivas do escudo. Os primeiros levantamentos geológicos sistemáticos na região ocorreram por volta da década de 70 com o Projeto Radar na Amazônia (RADAM) que utilizou imagens aéreas de radares de aviões para fins de mapeamentos sistemáticos de toda região, estendendo-se para todo Brasil através do RADAMBRASIL, os quais contêm inúmeras descrições de material geológico. Do convênio entre o DNPM/CPRM e projeto RADAM Brasil surge a primeira compartimentação litoestratigráfica do estado na escala de 1:500.000, resultando na cisão de grandes domínios geológicos: Domínio Uraricoera, composto por rochas vulcânica-plutônicas, Domínio Guiana Central, correspondendo ao Cinturão das Guianas, Domínio Parima, com terrenos graníticos e Domínio Uatumã-Anauá com terrenos granitos-gnaissicos (REIS, 2003). Estes levantamentos deram um grande suporte ao avanço do conhecimento geológico, estrutural, geofísico e geocronológico do Cráton Amazonas que hoje dão subsídio para diversos estudos mais refinados, contribuindo para o entendimento geodinâmico de sua evolução crustal.
  • 8. 8 2. OBJETIVOS Caracterização mineralógica de concentrados de bateias dos aluviões oriundos da Serra do Tepequém, obtidos através de trabalho de campo realizado ao longo de pontos nos leitos dos igarapés dessa região (norte do estado de Roraima) com foco em minerais de interesse econômico e possível correlação metalogenética. 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS  Realizar o método de concentrados de bateias ao longo dos leitos dos igarapés;  Avaliar a potencialidade econômica dos depósitos minerais;  Correlacionar com uma possível metalogênese.
  • 9. 9 3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O acesso para a Serra do Tepequém a partir de Boa Vista é feito pela rodovia federal BR-174 e pela rodovia estadual RR-203, que interliga a BR-174 ao núcleo urbano de Amajari, prolongando-se até a serra do Tepequém, totalizando 220 km a partir da sede do município de Boa Vista. Está inserida na área da Reserva Ecológica da Ilha de Maracá, em uma região entre as reservas indígenas de São Marcos, a leste, e a Ianomâmi, a oeste (figura 1). Os pontos visitados compreenderam diversas unidades litoestratigráficas, como Suíte Aricamã, Lamprófiro Serra do Cupim e Suíte Pedra Pintada. O mapa abaixo representa a contextualização geológica da área de estudo (figura 2). Figura 1: Mapa de Localização do município de Amajari. Fonte: os autores.
  • 10. 10 Figura 2: Mapa Geológico da região do Tepequém. Fonte: os autores.
  • 11. 11 4. CONTEXTO GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO REGIONAL 4.1. GEOLOGIA REGIONAL Localizado no extremo norte do Brasil, o estado de Roraima limita-se com o Amazonas, Pará, Venezuela e Guiana – onde ocupa a porção central do escudo das Guianas, inserido ao norte do Cráton Amazonas (SANTOS, 2006). Os primeiros levantamentos geológicos sistemáticos ocorreram por volta da década de 70 e diversos estudos atuais mais refinados têm contribuído para o entendimento geodinâmico da de sua evolução crustal. Registra rochas que vão desde o Paleoproterozoico até coberturas sedimentares Fanerozoicas (Mesozoico e Cenozoico) (REIS; FRAGA, 1998). O Cráton Amazônico é definido como uma porção continental estável da placa Sulamericana e uma das maiores do mundo segundo Almeida (2000). Possui aproximadamente 4.400.000 km² divididos em três grandes tipos de terrenos de embasamento: greenstones belts, cinturões metamórficos e rochas ácidas e graníticas metavulcânicas, que são limitadas por dois cinturões orogênicos Paleoproterozoicos e Neoproterozoicos. Em 1975 realizou-se Projeto Radar na Amazônia (RADAM) que utilizou imagens aéreas de radares de aviões para fins de mapeamentos sistemáticos de toda região, estendendo- se para todo Brasil através do RADAMBRASIL, os quais contêm inúmeras descrições de material geológico. Estes levantamentos deram um grande suporte ao avanço do conhecimento geológico, estrutural, geofísico e geocronológico do Cráton Amazonas. Em meio às discussões que propunham modelos evolutivos para o Cráton, destacam-se duas concepções mais aceitas no meio acadêmico, as quais foram elaboradas com base em diferentes métodos. Por isso, por um lado Hasui et al. (1984), Hasui e Almeida (1985) e Costa e Hasui (1997), entre outros fixistas, elaboraram modelos que foram baseados em dados estruturais, geofísicos e geocronológicos (métodos K-Ar e Rb-Sr). Alternativamente, os mobilistas (CORDANI et al., 1979; TASSINARI, MACAMBIRA, 1999 e 2004; SANTOS et al., 2006) basearam-se essencialmente em dados geocronológicos com métodos mais modernos e precisos (U-Pb e Sm-Nd), levando em consideração os conceitos atuais de tectônica de placas. Vale ressaltar que, o modelo de Tassinari e Macambira (1999) difere do de Santos, et al. (2006) em números de províncias geocronológicas, nas suas idades isotópicas e nos métodos utilizados, gerando duas possíveis hipóteses para a evolução. Entretanto, estes modelos não são satisfatórios para a caracterização geológica do estado de Roraima e, por este motivo, a divisão
  • 12. 12 em domínios tectonoestratigráficos é mais adequada para a região (REIS, FRAGA, 1998, 2000 e REIS et al., 2003) (figura 3). Figura 3: Modelo de compartimentação litoestrutural do estado de Roraima. Fonte: REIS, FRAGA (2000). Dentro das províncias do Cráton Amazônico foram estabelecidos cerca de 20 domínios tectonoestratigráficos, baseados no arranjo entre as unidades estratigráficas que formam as maiores entidades tectônicas e o principal padrão estrutural que elas articulam (CPRM, 2006). Entretanto esses modelos não são satisfatórios para a integração dos dados geológicos do estado de Roraima, com isso, a divisão em domínios tectonoestratigráficos (REIS et al., 2003) é mais adequada para a região. Nessa divisão, Reis et al. (2003), apresenta 4 domínios principais: Domínio Parima; Domínio Uraricoera; Domínio Guiana Central; e Domínio Uatumã-Anauá. A região estudada no norte do Estado de Roraima compreende rochas da base do Supergrupo Roraima, localizada na porção centro-norte do Escudo das Guianas, no domínio litoestrutural Uraricoera (REIS et al., 2003) caracterizado pelos depósitos do Supergrupo Roraima. Este domínio é limitado pelos domínios Parima (oeste) e Guiana Central (sul) e possui lineamentos estruturais importantes nas direções E-W, WNW-ESE e NW-SEconforme a figura 4.
  • 13. 13 Figura 4: (A) Domínios estruturais do Estado de Roraima e (B) mapa geológico simplificado da região Norte do Estado de Roraima com destaque para a Serra do Tepequém. Fonte: FERNANDES FILHO (2012) modificado de Fraga et al. (1999). O domínio Uraricoera é representado principalmente por terrenos vulcânicos plutônicos sedimentares com lineamentos estruturados na direção de E-W a WNW-ESSE. O domínio Guiana Central, situa se na porção centro-norte do estado, com arranjos estruturais preferenciais para NE-SW, marcado pela presença de um cinturão de alto grau, intrudido por uma associação AMG (Anortosito/Gabro, Mangerito, Granito Rapakivi), durante o Mesozoico ocorreu uma reativação extensional em níveis crustais rasos no domínio, resultando na instalação do Hemigráben do Tacutu (EIRAS; KINOSHITA, 1987). Na região oeste-noroeste de Roraima, encontra-se o domínio Parima, um terreno granito-greenstone estruturado preferencialmente por lineamentos na direção NW-SE. Finalmente, o domínio Anauá-Jatapú (ou Domínio Uatumã-Anauá), encontra-se na porção sudeste do estado, marcado pela abrangência de terrenos granito-gnáissicos, estruturados preferencialmente nas direções NW-SE, NE-SW e N-S (REIS et al., 2003). O magmatismo
  • 14. 14 sensu lato Uatumã corresponde ao evento vulcano-plutônico paleoproterozoico ocorrido no Cráton Amazônico, caracterizado por manifestações vulcânicas efusivas e explosivas de composição intermediaria a ácida (LAGLER, 2011). 4.1.1. Lamprófiro Serra do Cupim Conforme CPRM (2010) a unidade A unidade reúne espessartitos e microdioritos porfiríticos, e subordinadas rochas subvulcânicas andesíticas, pertencentes a diques, e também andesitos e seus equivalentes lamprofíricos que ocorrem como lavas e depósitos piroclásticos. Tanto os espessartitos e microdioritos, que constituem os diques, como as lavas e piroclásticas andesíticas e lamprofíricas, identificadas ao longo do rio Amajari e próximo à serra Tepequém, são rochas cinza a cinza esverdeado escuras, magnéticas e, em geral, porfiríticas, contendo fenocristais de granulação média ou grossa imersos em matriz muito fina a afanítica. 4.1.2. Grupo Cauarane Segundo CPRM (1999) o Grupo Cauarane distribui-se nos domínios Uraricoera e Cinturão Guiana Central. No domínio Uraricoera, o Cauarane encontra-se representado por paragnaisses e rochas calcissilicáticas, em contato com os ortognaisses do Complexo Uraricoera. As litologias do grupo Cauarane apresentam contatos tectônicos com rochas granitoides da Suíte Pedra Pintada. Nosetor meridional e oriental da região o grupo é encoberto pela sedimentação cenozoica da Formação Boa Vista, enquanto que no quadrante sudoeste, sua relação se faz com rochas do Complexo Uraricoera. 4.1.3. Granito Mixiguana Segundo CPRM (2010) que definiu pela primeira vez o corpo Mixiguana, este mede aproximadamente 2 km de largura e 10 km de comprimento, e dispõe-se em meio às rochas do Grupo Cauarane as quais, por sua vez, ocorrem na forma de xenólitos nos granitóides. Na unidade Granito Mixiguana ocorrem monzogranitos, com sienogranitos, granodioritos e tonalitos subordinados. São rochas de granulação média a grossa, em geral acinzentadas, exibindo, frequentemente, uma foliação magmática bem desenvolvida, conferida pela orientação preferencial de cristais ripiformes de plagioclásio e de agregados de minerais
  • 15. 15 máficos. A foliação magmática dispõe-se paralelamente aos contatos com as supracrustais Caurane e à sua estruturação. 4.1.4. Suíte Pedra Pintada Seus granitoides afloram em faixa continua, aproximadamente E-W. Seus afloramentos distribuem-se ao longo dos rios Cauaruau, Jauari, Amajari e Parimé. São granitoides equigranulares, com subordinados tipos porfiríticos, apresentam cor cinza-claro e granulação média a grossa. São, em geral, isótropos e levemente foliados, mostrando texturas magmáticas bem preservadas (CPRM, 1999). Observa-se com frequência a presença de enclaves máficos finos, com formas arredondadas e elipsoidais ou angulosas e irregulares, incluindo por vezes cristais de plagioclásio, possivelmente “pingados” da encaixante. Os granitoides da Suíte Pedra Pintada correspondem a associações Ca-fêmicas, cujo caráter calcialcalino, aliado a outras características químicas, como o enriquecimento em elementos LIL e anomalia negativa em nióbio, sugere a participação, na sua produção, de processos de fusão parcial de um manto e/ou material crustal, com assinatura de subducção. Seu intervalo composicional relativamente restrito contrasta com as suítes expandidas dos arcos magmáticos tipicamente calcialcalinos, com abundância de termos dioríticos (REIS et al., 2003). Os corpos Trovão e Flechal mostram um zoneamento composicional assimétrico, caracterizado pela predominância de granitoides menos evoluídos e mais ricos em minerais máficos na porção sul dos corpos e de granitos mais evoluídos na porção norte, tendo sido individualizadas três fácies em cada corpo (CPRM, 2010). No corpo Trovão, quartzo--dioritos e subordinados tonalitos ocorrem na fácies sul, enquanto granodioritos são as rochas mais frequentes na fácies central, seguidos por monzogranitos, tonalitos e quartzo-monzonitos. Na fácies norte verifica-se um amplo domínio de monzogranitos, sendo comuns os tipos hidrotermalizados, bem representados na região a leste da Serra Aricamã (CPRM, 2010). No corpo Flechal, quartzo-dioritos e quartzo–monzodioritos predominam sobre monzogranitos, granodioritos e tonalitos na fácies sul, monzogranitos são os tipos mais freqüentes na fácies central com granodioritos e tonalitos subordinados, e monzo a sienogranitos, mais evoluídos e hidrotermalizados, ocorrem na fácies norte (CPRM, 2010).
  • 16. 16 4.1.5. Suíte Aricamã Segundo CPRM (2010) a Suíte Aricamã compreende granitos isotrópicos, em geral róseos a avermelhados ou, por vezes, cinza-claros, muito pobres em minerais máficos e muito pouco magnéticos, por vezes com textura rapakivi. No corpo da serra Aricamã e no pequeno corpo a oeste da serra, as rochas são de granulação média ou grossa, enquanto que nos corpos situados a leste da serra dominam microgranitos. A Suíte Aricamã compreende feldspato alcalino-granitos e sienogranitos, leucocráticos a hololeucocráticos, nos quais os componentes máficos não ultrapassam os 7%, situando-se em média nos 3%. Os granitos da Serra Aricamã e do pequeno corpo a oeste exibem textura hipidiomórfica granular ou mais raramente porfirítica, sendo formados por feldspato mesopertítico e quartzo, idio a subidiomórficos, localmente intercrescidos em arranjos gráficos. Pequenos grãos de albita ocorrem entre cristais contíguos de mesopertita indicando processos de alteração tardi- ou pós-magmática. O máfico presente é uma biotita marrom alaranjada ou, mais raramente verde, em cristais xenomórficos, intersticiais, cristalizados tardiamente, refletindo o caráter pouco hidratado destes granitoides (CPRM, 2010). 4.1.6. Grupo Surumu As rochas dessa unidade ocupam a maior parte da área estudada e compreendem tipos vulcânicos de composição ácida a intermediária, representados por riolitos, dacitos, andesitos e rochas piroclásticas. As rochas piroclásticas desta unidade caracterizam o topo do Grupo Surumu e constituem o embasamento para as rochas sedimentares do Supergrupo Roraima (CPRM, 2010). As rochas dessa unidade ocupam a maior parte da área estudada e compreendem tipos vulcânicos de composição ácida a intermediária, representados por riolitos, dacitos, andesitos e rochas piroclásticas. Macroscopicamente exibem textura porfirítica com fenocristais milimétricos de quartzo, K-feldspato e plagioclásio envoltos em uma matriz afanítica com cores avermelhadas a cinza esverdeada escura (TAVARES JÚNIOR, 2003). Segundo Reis et al. (2003) as principais características químicas e petrográficas das rochas vulcânicas Surumu, têm sido amplamente citadas por vários autores na identificação de seus termos ácidos (riólitos, riodacitos e dacitos) e intermediários (andesitos, latitos e traquitos); de seus componentes piroclásticos de similar composição; e da ausência de termos basálticos.
  • 17. 17 Nos dacitos e traquidacitos predomina a textura porfirítica, com fenocristais de plagioclásio, e mais raramente feldspato alcalino e biotita, dispersos numa matriz microcristalina constituída essencialmente por quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino, biotita e hornblenda. Minerais opacos, apatita, zircão e titanita são acessórios comuns, e os minerais secundários são representados por sericita, clorita, epidoto e carbonato. Os riólitos se distinguem dos dacitos e traquidacitos pela textura porfirítica a glomeroporfirítica, com fenocristais de feldspato alcalino e quartzo predominantes sobre os de plagioclásio, além da matriz relativamente mais grossa devida à presença comum de agregados recristalizados de quartzo. Apresentam ainda, menor conteúdo em minerais máficos, principalmente biotita e hornblenda (REIS et al., 2003). 4.1.7. Grupo Arai Recobre discordantemente as rochas vulcânicas do Grupo Surumu, e inclui termos sedimentares eminentemente de natureza continental (REIS et al., 1990), registrando inter- relacionamento das fácies de um sistema deposicional desértico e fluvial entrelaçado. As rochas sedimentares presentes na serra Tepequém foram reunidas por Borges e D’Antona (1988) na então formação Arai, tendo sido subdividida em três principais membros, a partir de critérios puramente litológicos. Essa divisão da base para o topo constitui os membros Paiva, Funil e Cabo Sobral (FERNANDES FILHO, 1990). 4.1.8. Formação Igarapé do Funil Os principais litotipos são arenitos finos a médios em parte argilosos, ritmitos arenito/pelito, pelitos e subordinadas brechas. Esses litotipos normalmente são friáveis com estruturas sedimentares preservadas, como estratificação cruzada acanalada e gretas de contração (FERNANDES FILHO, 2012). Os depósitos desta unidade afloram preferencialmente em áreas mais arrasadas como voçorocas. As exposições são descontínuas, porém mais extensas, geralmente apresentam-se basculadas com ângulos baixos de mergulho, entretanto exposições com mergulho alto e horizontalizadas também são encontradas (FERNANDES FILHO, 2010).
  • 18. 18 4.1.9. Formação Cabo Sobral Compreende arenitos grossos conglomeráticos com intercalações de conglomerados (FERNANDES FILHO, 2012). 4.1.10. Formação Igarapé do Paiva Os principais litotipos são arenitos médios a grossos e conglomerados, com pelitos e arenitos finos subordinados, localmente silicificados, e com estruturas sedimentares preservadas (FERNANDES FILHO, 2010). O topo da unidade é dominado por arenitos grossos a conglomeráticos com estratificação cruzada e estruturas de corte-e-preenchimento. As camadas apresentam atitude entre N35-65°E e mergulhos de 5-25° para NW ou SE. Uma discordância litológica e erosiva é sugerida para o contato entre a unidade sedimentar basal e as rochas vulcânicas Surumu (FERNANDES FILHO, 2012). Os depósitos afloram geralmente de maneira descontínua, geralmente basculados, alcançando espessuras de aproximadamente 100 m. e 50 m na cachoeira do funil. 4.1.11. Grupo Suapi O Grupo Suapi recobre discordantemente a Formação Arai, encontrando-se subdividido nas formações Uiramutã (base), Verde, Pauré, Cuquenán e Quinô (topo). Estas unidades caracterizam os diversos processos progradacionais e retrogradacionais que assinalam a presença e desenvolvimento de um sistema transicional (ambiente flúvio-deltaico) ou de plataforma/litorâneo a marinho raso (FERNANDES FILHO, 2012). 4.2. GEOMORFOLOGIA REGIONAL Desde os primeiros trabalhos sobre a compartimentação do relevo de Roraima, ainda na década de 30, até os dias de hoje, bastantes informações foram acrescentadas na descrição desses compartimentos, além da introdução de novos compartimentos a partir do refinamento das informações realizados por meio de imagens de satélites e estudos de campo. No âmbito dos diversos trabalhos sobre a geomorfologia do Estado destacam-se principalmente os
  • 19. 19 trabalhos de Franco et. al. (1975) e SUDAM (1975), realizados a partir dos estudos do Projeto Radar na Amazônia (RADAM BRASIL), Costa (1999), CPRM (2003) e BRASIL (2005). Conforme relatório da CPRM (2014) Roraima é o estado com maior variedade geomorfológica de toda Amazônia brasileira. Seus terrenos apresentam desde superfícies muito baixas e extremamente planas, principalmente na região sul, até os relevos mais movimentados e mais altos, como o Monte Roraima, com seus 2875 metros de altitude na região norte. Para a CPRM (2014), as características do relevo roraimense atual, portanto, é resultado de inúmeros processos agindo sobre a paisagem e formando diversos tipos de modelados, podendo ser sintetizado como as consequências do embate eterno entre forças exógenas (processos erosivos e de deposição) e as forças endógenas (orogênese e epirogênese) que atuam no planeta. Para a realização desse relatório preferiu-se adotar a nomenclatura das unidades propostas por Beserra Neta e Tavares Júnior (2004), que separam a geomorfologia do estado em três grandes regiões geográficas com unidades de relevo distintas e limites estabelecidos de maneira informal, utilizando a nomenclatura anteriormente já adotada por outros trabalhos. Dessa forma destacam-se as regiões geográficas norte, central e sul do estado. A área de estudo deste relatório está compreendida dentro dos limites norte segundo a classificação adotada. Apresenta relevo plano por vezes interrompido por pequenas ondulações até se tornar mais montanhoso na porção lesta. Desde a década de 30 até final dos anos 80 essa região sofreu intensa atividade extrativista relacionada à garimpagem de ouro e diamante. Na porção norte erguem-se abruptamente planaltos que atingem altitudes de 2.739 metros, a exemplo do Monte Roraima, nas áreas de fronteira com a Venezuela, estes são bordejados por pediplanos intramontanos onde emergem relevos colinosos a tabular (700 a 1.100 m) gradando para a superfície de aplanaimento (altitudes de 80 a 150 m); na porção central encontram-se planaltos residuais e dissecados com altitudes que podem atingir até 800 metros, a exemplo da Serra da Lua, destacando-se numa paisagemsuavemente plana a colinosa (100 a 150 m) e por fim, na porção sul erguem-se planaltos residuais, a exemplo da serra da Mocidade, bem como extensas deposições arenosas inundáveis com altitudes não superiores a 150 metros(BESERRA NETA, TAVARES JÚNIOR, 2004). A figura 5 apresenta a amplitude dessa área a partir de imagem de satélite com destaque para as formas de relevo encontradas e logo abaixo são caracterizadas de acordo com a classificação de Beserra Neta e Tavares Júnior (2004).
  • 20. 20 Figura 5: Compartimenção do relevo na porção norte de Roraima. Fonte: TAVARES JÚNIOR (2003). 4.2.1. Planalto Sedimentar Roraima (1) Caracterizam-se por formas tabulares de topos irregularmente aplainados, escarpas abruptas representando recuo de planos de falhas normais, com vertentes de declividade muito alta (superior a 30º). Correspondem as maiores altitudes da área, com cotas atingindo valores entre 575 a 1100m. A Serra do Tepequém está situada dentro desse compartimento, elaborada sobre rochas sedimentares do Paleoproterozoico relacionadas à Formação Tepequém (CPRM, 1999). Segundo Costa (2005) trata-se de um relevo francamente em processo de dissecação tendo como principais características uma grande densidade de incisões resultantes da atuação da erosão pluvial resultando em enxame de ravinas. O autor também classifica esse compartimento relevo como de aplainamento. Beserra Neta et al. (2007) destacam que o topo da serra do Tepequém apresenta desníveis de até 500 metros de altitude, tais características o diferem de feições com superfície tabular.
  • 21. 21 4.2.2. Planalto do Interflúvio Amazonas (2) – Orenoco Constitui um conjunto de serras e colinas com altitudes entre 600 a 1500 m, com topos na forma de cristas e pontões, orientadas na direção NE-SW e elaboradas em rochas graníticas e vulcânicas ácidas. Costa (2005) classifica este compartimento de relevo como de aplainamento. O relevo montanhoso fronteiriço com a Venezuela é sustentado por sequências vulcanossedimentares e granitoides recobertos por densa cobertura vegetal. Em termos morfológicos caracteriza-se por formas dissecadas em cristas e colinas com vertentes ravinadas de forte declive e vales encaixados, resultantes, em grande parte, do controle tectono–estrutural de zonas de cisalhamento transcorrentes e fraturamentos. 4.2.3. Superfícies Pediplanadas Intramontanas (3) É formada por áreas aplainadas e rebaixadas em relação aos relevos dos planaltos do Interflúvio Amazonas – Orenoco e Dissecado Norte da Amazônia. Apresentam orientação geral E-W, localmente mostram uma dissecação em cristas geralmente orientadas principalmente em colinas elaboradas nas rochas do Grupo Surumu. 4.2.4. Planalto Dissecado Norte da Amazônia (4) É representada por colinas com vales encaixados e encostas ravinadas associadas a cristas ou pontões, alcançando altitudes de até 900 m e sustentadas por rochas de composição granítica e vulcânicas ácidas a básicas paleoproterozoicas. Corresponde a maior parte do relevo da região. 4.2.5. Pediplano Rio Branco (5) – Rio Negro Caracteriza-se por uma superfície de aplainamento, constituída em sua grande parte por sedimentos pouco consolidados. Corresponde ao nível altimétrico mais baixo da área, com cotas não superiores a 160 m. Geomorfologicamente, esse compartimento inclui relevo suave, representando cotas regionais baixas, com altitudes variando de 87 metros, nas drenagens mais expressivas, a 140 m às proximidades das grandes elevações. Segundo Costa (2005) a mesma
  • 22. 22 recorta litologias pré-cambrianas e fanerozoicas, sendo interrompida principalmente pelos Planaltos Residuais de Roraima. 4.2.6. Relevos Residuais (inselbergs) (6) A maior parte das ocorrências constituem formas isoladas com cristas e vertentes de forte declividade, que interrompem a monotonia do aplainamento do Pediplano Rio Branco. Em geral, são elevações de 250 a 700 m, sustentadas por rochas vulcânicas ácidas e granitos de tendência mais alcalina de idade pré-cambriana, com topos convexos e encostas ravinadas. Tavares Júnior (2003) classifica a área como uma superfície recoberta por uma vegetação de pequeno porte e esparsa, onde também predomina uma vegetação de floresta mais densa. A vegetação de savana é constituída pelos subsistemas arbóreo denso e aberto, parque e graminoso. O regime climático da região de savanas é caracterizado por um clima quente com períodos de chuvas e de estiagem bem definidos. As regiões de relevo elevado apresentam um clima subtropical de altitude, com temperaturas amenas e um período de chuvas e outro de estiagem. A região ao entorno é formada pelas bacias de drenagem dos rios Amajari e Trairão, estes fluem de oeste para leste e noroeste para sudeste, sendo afluentes respectivamente da margem esquerda do rio Urariquera e furo Santa Rosa ao norte da ilha de Maracá (BESERRA NETA e TAVARES JÚNIOR, 2016).
  • 23. 23 5. MATERIAIS E MÉTODOS A atividade realizada entre os dias 08 e 09 de junho de 2018 surge como análise prática dos conteúdos ministrados na disciplina de Prospecção mineral sobre as etapas básicas da pesquisa mineral. A atividade foi dividida em 3 etapas: pré-campo, campo e pós-campo. 5.1. ETAPA PRÉ-CAMPO A etapa pré-campo consistiu basicamente na construção da base teórica para realização da atividade de campo através do levantamento bibliográfico e cartográfico acerca da geologia da folha NA.20-X-A-III, onde foram utilizados trabalhos científicos, dissertações e teses. A partir da base teórica pré-existente, foram definidos os pontos alvos a serem trabalhados durante a fase de campo, com ênfase nas possíveis ocorrências de minerais indicativos de mineração. Nesta etapa também foram confeccionados mapas localização e geológicos, que serviram de suporte essencial em campo, e por fim, houve apresentação oral dos pontos alvos. 5.2. ETAPA DE CAMPO Nessa etapa em cada ponto obtiveram-se às coordenadas geográficas com o GPS (Global Positioning System) com média de erro de 3 metros, onde foram utilizados equipamentos comuns de campo como escalas de bolso e martelos geológicos. Junto à caderneta de campo foram feitas anotações de informações relevantes e além do uso de celulares e máquinas fotográficas que serviram para fotografar os pontos estudados. A metodologia utilizada em campo consistiu em coleta de amostras de sedimentos cascalhosos aprisionados em armadilhas naturais (tronco de arvores, curvas do canal) presentes nos leitos de canais ativos, dando preferência aos de segunda e terceira ordem. Uma parte dos sedimentos foi peneirada a fim de descartar o material mais grosseiro (figura 6A), onde obteve-se o material mais fino por meio de concentração gravimétrica utilizando uma bateia de alumínio para concentração das fases minerais pesadas e descarte do material leve (figura 6B). O fluido separador foi à água corrente da drenagem, por fim o concentrado foi guardado em sacos plásticos e devidamente identificado em campo (figura 6C).
  • 24. 24 Figura 6: Metodologia utilizada em campo. (A) Peneiramento do material mais grosseiro; (B) Bateia para concentração gravimétrica; (C) Amostras separadas e guardadas em sacos plásticos. Fonte: os autores. Por motivos de logística, não foi possivel realizar o procedimento descrito nos pontos IG-04, IG-05 e IG-06, sendo assim as amotras foram coletadas e guardadas em sacos plásticos para a realização do procedimento no laboratório (figura 7). No ponto IG-04, as amostras foram coletadas manualmente (figura 7A), no ponto IG-05 e IG-06 foram coletadas com auxílio de uma boca de lobo (figura 7B e 7C, respectivamente). Figura 7: Coleta de sedimentos. (A) Coleta das amostras no ponto IG-04; (B) Coleta das amostras no ponto IG- 05; (C) Coleta das amostras no ponto IG-06. Fonte: os autores.
  • 25. 25 5.3. ETAPA PÓS-CAMPO Após a coleta em campo os sedimentos foram levados para o laboratório Sedimentologia da Universidade Federal de Roraima (figura 8A). No laboratório, houve a preparação das amostras através de peneiramento (figura 8B) e concentrado de bateia (figura 8C). Em seguida, o concentrado foi disposto em recipientes de vidro para a secagem natural. Figura 8: Preparação das amostras. (A) Amostras recolhidas em campo; (B) Peneiramento dos sedimentos mais grosseiros; (C) Bateia usada para separação gravimétrica do material pesado. Fonte: os autores. Os pontos estudados cujos sedimentos eram compostos majoritariamente de grãos de areia após a bateia foram separados em duas porções utilizando ímã de mão (separação magnética) (figura 9E): uma fração composta do material magnético e outra com material não magnético. Os sedimentos que continham alta concentração de argila e silte (lama) além de separados pelo procedimento normal de concentrado de bateia ainda foram submetidos ao método de separação por densidade (método do bromofórmio) (figura 9A). Após a separação por densidade o concentrado restante foi em seguida separado novamente em duas porções utilizando ímã de mão (separação magnética): uma fração composta do material magnético e outra com material não magnético.
  • 26. 26 A análise do concentrado foi realizada através de lupa binocular (figura 9B), análise sob luz ultravioleta a fim de verificar a presença de minerais fluorescentes (scheelita associada a ouro), teste com placa de zinco e ácido clorídrico (figura 9D) para minerais de cassiterita, teste com peróxido de hidrogênio (água oxigenada) (figura 9C) para minerais de manganês e teste de passagem de corrente elétrica para possíveis minerais de diamante. Figura 9: Preparação das amostras. (A) Separação por densidade com uso de bromofórmio; (B) Uso de lupa binocular; (C) Teste com peróxido de hidrogênio; (D) Separação magnética com uso de ímã; (E)Teste com placa de zinco e ácido clorídrico. Fonte:os autores. A última análise foi interpretativa e de pesquisa embasada na literatura disponível e se propôs a caracterizar os pontos visitados em campo, através da descrição da metalogênia e contextualização para o refinamento da pesquisa e elaboração de mapas e relatório final em escala de detalhe com os dados obtidos em cada ponto. A B C D E
  • 27. 27 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1. LAMPRÓFIRO SERRA DO CUPIM Está localizada nas coordenadas X: 641479 e Y: 414209 (ponto IG-05) na estrada que dá acesso a Vila do Tepequém (RR-203), com cota altimétrica de 449 metros (figura 10A). Neste ponto foram colhidos sedimentos de ambos os lados da drenagem, que se encontra canalizada no perímetro da rodovia (figura 10B). O curso do rio do lado esquerdo da estrada sentido Vila do Tepequém é recoberto por mata fechada (figura 10C), enquanto o lado direito é preenchido por diversos matacões de tamanhos diversos (figura 10D). A água apresentava uma coloração bastante alaranjada, provavelmente por conta da carga de sedimentos que estava sendo carreados por conta da chuva, o que dificultou de certa forma a coleta de sedimentos cascalhosos. Figura 10: Ponto IG-05. (A) Estrada que dá acesso a vila do Tepequém(RR-203); (B) Canalização da rodovia no ponto estudado; (C) Margem esquerda do igarapé Cocal, sentido Amajari-Tepequém; (D) Margem direita do igarapé Cocal, sentido Amajari-Tepequém. Fonte: os autores. Em trabalhos mais recentes (CPRM, 2010) a localidade agora está delimitada dentro da unidade estratigráfica Diques de Lambrófiro Serra do Cupim, composta de espessativos cálcio- alcalinos.
  • 28. 28 Conforme amostra de mão analisada macroscopicamente em laboratório a rocha apresenta coloração cinza esverdeada, textura porfirítica, matriz afanítica com prováveis pórfiros de plágioclasio alterando para grãos diminutos de clorita ou epidoto. Composta por aproximadamente 30% de fenocristais e cerca de 70% de matriz a rocha foi classificada como um andesito (figura 11), portanto uma rocha vulcânica. Figura 11: Amostra de rocha do ponto IG-05. Fonte: Os autores. O sedimento separado em laboratório é constuído sobretudo de minerais magnéticos, como magnetita e hematita em menor concentração (figura 12D). Estes apresentam hábito entre maciço paras as hematitas e em pequenas esferas/octaedros de magnetita. Ambos apresentam brilho metálico e coloração entre castanho e preto, diferenciado-se principalmente por conta do magnestismo, já que a magnetita é mais magnética. Entre os minerais não metálicos destacam-se a turmalina de hábito prismático e coloração escura (figura 12A), epidoto de hábito maçico e brilho vítreo esverdeado (figura 12E) e pequenos zicões de coloração avermelhado e hábito ora maciço ora em pequenos prismas (figura 12C). Mesmo após o sucessivo bateamento o concetrado ainda continuou apresentando uma abundância de grãos de quartzo hialinos e principalmente quartzo rosa (figura 12B). Os grãos apresentavam hábito maciço ou prismático, brilho vítreo e alguns com fratura conchoidal. Além dos quartzo hialino e rosa, ainda foi possível observar quartzo leitoso e alguns poucos citrino. Minerais metálicos, porém não magnéticos foram observados (figura 12F), podendo se tratar do indício de sulfeto de cobre disperso apresentado no relatório da CPRM de 2010 e pertencentes aos Diques de Lamprófiro Serra do Cupim.
  • 29. 29 Figura 12: Grãos minerais encontrados. (A) Turmalina; (B) Quartzo rosa; (C) Zircão; (D) Minerais magnéticos (magnetita e hematita); (E) Epidoto; (F) Sulfeto não identificado. Fonte: os autores. A alta concetração de minerais magnéticos é característico dos diques de espessatito, principalmente por conta da mineralogia rica em magnetita titanífera (CPRM, 2010). Em contrapartida, também foi encontrada uma assembleia mineralógica característica de rochas sedimentares. Uma explicação bem convincente para a alta concentração de quartzo e minerais associados é a proximidade com a serra do Tépequém, e mais propriamente o Grupo Arai. O ponto de onde foram colhidos os sedimentos é um tributário do igarapé Cocal, que por sua vez atravessa a Serra, o que pode resultar em sedimentos sendo carreado em direção a B C F A D E
  • 30. 30 base da Serra e dessa forma ocasinar uma grande concetração de minerias indicadores de rochas sedimetares em uma unidade cujas rochas são ígneas intermediárias a básicas. A distância da origem do sedimentos também é respaldada pela esfericidade e arredondamento dos grãos (figura 13A). Entretanto foram encontradas quartzos milimétricos bem formados (monopirâmidais) (figura 13B) e e angulares (figura 13C) além de bastante fragmentos rochos tamanho matacão de diversas litologias. No tangente, a conclusão que pode ser retirada desse ponto é que a sedimentação é resultado da mistura de diversas litologias do alto da Serra do Tepequém. Um possível aproveitamento metalogenético para área são os quartzo rosa, que caso identificado a área fonte podem ser usados como gemas em joias e semijoias. Figura 13: Grãos de quartzo indicando distância da área fonte. (A) Grãos bem arredondados; (B) Grão milimétrico monopirâmidal; (C) Grão anguloso. Fonte: Os autores. A B C
  • 31. 31 6.2. SUÍTE ARICAMÃ Está localizada nas coordenadas X: 640558 e Y: 412370 (ponto IG-04) com cota altimétrica de 213 metros. Trata-se de um córrego do Igarapé Pau Bauru dentro da mata fechada e com bastante blocos rolados que alcançam desde metros a decâmetros e se depositam no fundo da drenagem (figura 14). O pH da água ficou em torno de 6,8 a 7,8 sendo, portanto, uma água neutra. Figura 14: Afloramento do Igarapé Pau Bauru no ponto IG-04. Fonte: os autores. Na análise macroscópica da amostra de mão constatou-se que a rocha é formada em ambiente de cristalização intrusivo, sendo holocristalina. A identificação de seus cristais a olho nu é possível devido a sua textura fanerítica com granulação apresentando grãos médios de até 10 mm e cristais são majoritariamente equigranulares. Seu índice de coloração é hololeucocrático, onde os minerais fêmicos compõem menos de 5% da amostra. Os demais minerais presentes na amostra são: quartzo 45%; plagioclásio 25%; álcalis 20% e máficos 15%. Após o recalculo e plotagem no diagrama QAPF a rocha foi classificada como um monzogranito. Os blocos rolados do leito do rio também pertencem a Suíte Aricamã, porém não apresentando os grandes minerais de molibdenita observados nos monzogranitos próximo a estrada.
  • 32. 32 Figura 15: Amostra de rocha do afloramento (granito cinza-claro). Fonte: os autores. Quando analisados em laboratório o concentrado de bateia apresentou quartzo de hábito maciço, brilho vítreo com inclusão de sulfeto (o qual não foi identificado) mas pode ser tratar de uma possível alternativa de mineralização para a área caso seja identificado (figura 16B). Outros minerais não magnéticos identificados foram grãos de zircão de hábito prismático, brilho resinoso e coloração castanho, além de granada encrustada em fragmento de rocha e coloração vermelho amarronzada e grãos de dióxido de titânio (figura 16C). Minerais magnéticos identificados foram ilmenita e magnetita de brilho metálico e coloração preta, sendo ambos em pequenas quantidades. Grãos aparentando se tratar de pintas de ouro e biotita também foram observados, porém não foi possível fotografar. Figura 16: Minerais encontrados no concentrado de bateia. (A) Grãos de zircão e ilmenita; (B) Quartzo com inclusão de sulfeto não foi identificado; (C) Granada e grãos de dióxido de titânio. Fonte: os autores. A B C Ilmenita Zircão
  • 33. 33 O granito Aricamã foi descrito no relatório da CPRM de 2010 com ocorrência de rochas ornamentais e indício de turmalina e ametista na forma de veios. Borges e D’Antona (1988), mencionam a ocorrência de cassiterita em aluvião do Igarapé Pau Baru, que drena parte do corpo maior do granito Aricamã. A mineralogia mais esperada para o ponto era cassiterita, que em trabalhos anteriores já havia sido identificada na região (BORGES e D’ANTONA, 1988; CPRM, 2010) porém não foram identificados no trabalho em questão. Com exceção dos grãos de cassiterita que não foram identificados, a quase total mineralogia obtida no concentrado de bateia confere com o relatório da CPRM (2010), onde os minerais máfico presente é uma biotita marrom alaranjada ou, mais raramente verde e minerais acessórios mais comuns são fluorita, zircão, allanita e minerais opacos. Turmalina verde e topázio ocorrem em algumas variedades de granito cinza-claro. Apatita, titanita e granada são componentes mais raros (CPRM, 2010). Dessa forma, a assembleia mineral descrita neste ponto pode ser inteiramente resultado das próprias rochas da unidade estratigráfica, ou de origem nas intrusões e zonas de cisalhamento de direção NE-SW correspondente ao Grupo Surumu.
  • 34. 34 6.3. GRUPO SURUMU Está localizada nas coordenadas X: 636467 e Y: 414815 (ponto IG-03) com altitude de 199 metros no igarapé do Paiva. Essa área é utilizada pelo próprio dono da propriedade para retirarem de sedimento e posterior garimpagem, portanto o curso do rio nesse perímetro foi claramente desviado, ocasionando uma grande exposição de material cascalhoso do fundo do rio (figura 17A). A bateia foi realizada no trecho do rio anterior a uma mudança de curso de drenagem (figura 17B). O local é um córrego ladeado por mata fechada e árvores de grande porte e possui água com pH em torno de 5,4 sendo assim, considerada ácida. Figura 17: Ponto IG-03. (A) Visão geral do igarapé com exposição de material cascalhoso; (B) Realização da bateia no curso do igarapé. Fonte: os autores. No concentrado de bateia foram identificados grãos de epidoto de hábito maciço, opaco e de brilho vítreo com coloração amarelada esverdeada (figura 15E). Bastante rutilo alongado e castanho, com hábito próximo ao prismático (figura 15A), além de grãos de zircão bipirâmidais e coloração entre castanho e rosa, sempre com brilho vítreo e translúcido (figura 15B). Foram observados muitos quartzos de hábito maciço e transparentes com inclusão de sulfeto não identificado (figura 15C). Por último, minerais com formato prismático, de coloração preto esverdeado e opacos muito se assemelham a berilos (figura 15D). Entre os minerais magnéticos destacam-se a magnetita de hábito octaedral ou esférico e a hematita de hábito maciço. Ambas apresentam coloração entre castanho e preto e brilho metálico.
  • 35. 35 Figura 18: Minerais encontrados no concentrado de bateia. (A) Rutilo; (B) Zircão; (C) Quartzo com provável inclusão de sulfeto não identificado; (D) Possíveis grãos de berilo; (E) Epidoto. Fonte: os autores. O curso d’água onde realizou-se a bateia, igarapé Paiva, drena a serra do Tepequém, dessa forma o material transportado pelo rio é sobretudo oriundo da Formação Paiva que representa a unidade basal do Grupo Arai, encontrando-se em contato discordante com o embasamento representado pelas rochas vulcânicas ácidas do Grupo Surumu (figura 19). O diamante e ouro aluvionares dos antigos garimpos da serra Tepequém ao longo dos igarapés Cabo Sobral e Paiva, hoje praticamente exauridos, derivam muito provavelmente de paleoplaceres hospedados nos conglomerados oligomíticos da Formação Tepequém (denominada atualmente como Grupo Arai) (CPRM, 2010). Apesar dos trabalhos de bateia ainda em campo não foram encontradas pintas de ouro nesse ponto. Diamantes de tamanhos milimétricos foram encontrados em um concentrado oriundo do garimpo pessoal do dono da propriedade, estes estavam misturados com grãos de A B C D E
  • 36. 36 areia, desde areia fina a areia grossa, ou seja, tamanho de grãos superior ao esperado em concentrado de bateia. Figura 19: Amostra de cascalho de diversas litologias da Formação do Paiva em afloramento no igarapé Paiva. Fonte: os autores. Litarenito conglomerático Arenito fino Argilito Argilito laminado
  • 37. 37 6.4. SUÍTE PEDRA PINTADA 6.4.1. Corpo Trovão Localizado no Igarapé Tucumã, na margem direita da rodovia RR-203 sentido Vila do Tepequém. A localidade é um córrego rodeado por mata ciliar, em parte lavrado e árvores de grande porte (figura 20). Foram coletados sedimentos em duas porções: a primeira nas coordenadas X: 653499 e Y: 400270 (ponto IG-01) com cota altimétrica de 99 metros e segunda nas coordenadas X: 653367 e Y: 400577 (ponto IG-02) com cota altimétrica de 115 metros. Figura 20: Igarapé Tucumã (ponto IG-01 e IG-02). Fonte: os autores. Foram colhidas amostras de concentrado de bateia de uma acumulação de cascalho e outra em uma porção de areia grossa. No dia da coleta das amostras estava chovendo bastante, então possivelmente muito material de outras regiões estava sendo carreado pelo rio. De maneira geral, os minerais encontrados no concentrado de bateia são inúmeros grãos de epidoto/clinozoisita, sendo estes minerais verdes de brilho vítreo e hábito prismático. Grãos de zircão de hábito prismático e coloração entre rosa e marrom. Em menor quantidade aparecem grãos de granada de brilho vítreo, hábito sub-prismático e coloração vermelho escuro;
  • 38. 38 turmalinas pretas de hábito prismático e brilho vítreo; e grãos de rutilo de coloração cinza escuro, brilho vítreo e hábito prismático (figura 21D). Na amostra há uma enorme variedade de quartzo, sendo estes principalmente quartzo rosa (figura 21C) e quartzo hialino, além de quartzos leitosos e citrino. Os grãos de quartzos são de hábito maciço, brilho vítreo e em alguns é possível observar fratura conchoidal. Enquanto os minerais magnéticos são sobretudo magnetitas, ilmenitas e poucas pirrotitas, além de hematita (especularita) (figura 21B). São minerais de brilho metálico, hábito maciço (poucos apresentam hábito tabular) e coloração cinza escuro ou preto. A mineralização encontrada neste concentrado de bateia foram pintas de ouro (figura 21E), além de ser observados prováveis grãos de topázio titanitas. Figura 21: Minerais encontrados no concentrado bateia. (A) Visão geral da amostra; (B) Minerais magnéticos; (C) Grãos de Quartzo; (D) Grãos de turmalina, zircão e especularita; (E) Pintas de ouro. Fonte: os autores. As pintas de ouro encontradas corroboram com o relatório da CPRM (2010), que aponta para indícios de ouro na Suíte Pedra Pintada, detectados sob a forma de pintas em concentrados A B C D E Grão de turmalina Grão de zircão Grão de especularita
  • 39. 39 de bateia, que aliados a aspectos geológicos, sugerem possibilidades para depósitos de ouro primário dos tipos Au-Cu pórfiro, sendo inclusive uma possível fonte para o ouro encontrado nos aluviões. Outra possiblidade para a ocorrência de pintas de ouro pode ser o hidrotermalismo do Corpo Flechal, e subsequente carreamento destes grãos pelo igarapé Tucumã, que drena ambas unidades estratigráficas. A amostra de mão recolhida em campo (figura 22) apresenta uma coloração escura entre cinza esverdeada tendendo ao esbranquiçado. Sua granulação varia entre fina a média (0,1mm a 10 mm), porém, seus cristais são inequigranulares devido à presença de pórfiros de plagioclásio e quartzo. Trata-se de uma rocha de formação intrusiva, holocristalina e com grau de visibilidade fanerítica, com cristais variando entre média a grossa granulação, sendo de 1,00mm a 3cm. É holocristalina, porém mesocrática, onde os minerais fêmicos compõem mais de 35% da amostra. Figura 22: Amostra de mão do ponto IG-01e IG-02. : Fonte: os autores. Sendo assim, os minerais encontrados descritos são: quartzo, plagioclásio, anfibólio e piroxênio, feldspato potássico e biotita nas seguintes proporções: cerca de 5% quartzo, plagioclásio 40%, álcalis 20% e os máficos representando aproximadamente 35%. Após o recalculo e a plotagem no diagrama, a amostra foi classificada como um granodiorito. Os minerais encontrados correspondem ao esperado para fácies central do Corpo Trovão, assim como a rocha recolhida no afloramento que classificada em laboratório acredita- se tratar-se de um granodiorito, a litologia mais frequência na fácies central. Nestes granodioritos entre 10 a 30% dos componentes são máficos. Dentre os acessórios, titanita e minerais opacos são os mais comuns, seguidos por zircão e apatita (CPRM, 2010).
  • 40. 40 A grande quantidade de minerais máficos nas rochas ao entorno da drenagem pode ser a origem da concentração de minerais magnéticos como magnetitas e, além de que os minerais acessórios mais comuns nos granodioritos são zircões. 6.4.2. Corpo Flechal Localizado na Vicinal Bom Jesus (Amajari-249) nas coordenadas X: 640833 e Y: 404408 (ponto IG-06) com cota altimétrica de 139 metros. A localidade possui acesso bastante dificultado por ser uma estrada de barro, sendo que, o alvo do ponto de coleta de sedimentos era o igarapé Tomás, porém, a coleta consistiu em um braço desse igarapé (figura 23A). Neste igarapé houve a coleta de material debaixo da ponte, onde novamente houve dificuldade em selecionar um material cascalhoso, por conta de a drenagem ser quase que totalmente coberta por material argiloso (figura 23B). Como o acesso para o lado esquerdo da drenagem estava impossibilitada por conta da vegetação (uma espécie de capim) colheu-se sedimentos apenas no lado direto da estrada sentido a sede do município de Amajari. Figura 23: Ponto IG-06. (A) Estrada de barro que dá acesso ao ponto; (B) Coleta de sedimentos em baixo da ponte. Fonte: os autores. A ideia inicial era realizar a coleta na unidade estratigráfica Gabro Igarapé Tomás, porém não foi possível, então realizou a coleta na Suíte Pedra Pintada, Corpo Flechal. Acredita- se tratar de rochas fácies norte, com granitos mais evoluídos, granodioritos e tonalitos subordinados, e monzo a sienogranitos, mais evoluídos e hidrotermalizados (CPRM, 2010).
  • 41. 41 Uma amostra de rocha dessa localidade foi analisada macroscopicamente em laboratório, entretanto não foi possível chegar a um consenso com relação a litologia, já que a mesma apresenta-se bastante alterada (hidrotermalismo?). Contudo acredita-se tratar de um granitoide, por conta da textura fanerítica e da composição mineralógica (figura 24). Este granitoide foi possivelmente metamorfizado, e agora apresenta uma estrutura muito semelhante a fissilidade de certas rochas metamórficas ou metamorfizadas. Figura 24: Granitoide apresentando incipiente fissilidade (linhas em vermelho indicam possíveis direções de fraqueza da rocha). Fonte: os autores. Segundo a CPRM (2010) as rochas dessa localidade são mais pobres em minerais máficos quando comparadas com as outras fácies. Os minerais acessórios mais frequentes são minerais opacos e titanita. Apatita, zircão, allanita e, raramente, fluorita, também estão presentes em quantidades acessórias. Quase todas as rochas desta faixa estão hidrotermalizadas, mostrando cristais de plagioclásio recobertos por epidoto e sericita, biotitas cloritizadas e, em alguns casos, feldspatos hematitizados. Fraturas e vênulas de epidoto e clorita cortam as variedades mais alteradas. Minerais opacos e apatita são os minerais acessórios mais frequentes. Após a bateia os minerais não magnéticos identificados foram principalmente minerais amarelo esverdeado, de brilho resinoso a vítreo foram identificados como epidoto (figura 25B). Uma grande quantidade de zircão (figura 25A) de brilho resinoso e coloração amarelo esverdeado, com hábito semelhante a um prima e cor castanho amarelado. Ambos minerais podem ser produtos da provável epidotização e cloritização que afetam boa parte das rochas imediatamente a sul da Serra Aricamã (CPRM, 2010).
  • 42. 42 Minerais máficos de brilho metálico, onde alguns parecem cristais achatados a tabulares com faces estriadas são comuns e podem se tratar de sulfetos (figura 25C). Minerais opacos de brilho metálico ou graxoso/quase vítreo também se apresentam como prismas (cristais) achatados podem se tratar de ilmenita magnesiana (figura 25D). Cristais verde amarelado transparentes a translúcidos provavelmente se tratam de crisoberilo (figura 25E). Além disso, foram identificados minerais que podem ser monazita ou granada espessatita. (figura 25H) Os minerais magnéticos (figura 25F) encontrados foram principalmente hematita, pirrotita e em maior quantidade a magnetita (figura 25G). No geral, os grãos minerais identificados no concentrado de bateia refletem bem a composição dos corpos rochosos da unidade em questão.
  • 43. 43 Figura 25: Grãos minerais encontrados no concetrado de bateia. (A) Zircão; (B) Epidoto; (C) Provável grão de sulfeto não identificado; (D) Possíveis minerais de ilmenita magnesiana; (E) Crisoberilo; (F) Minerais magnéticos (coloração mais escura); (G) Magnetita; (H) Granada. Fonte: os autores. A B C D E F H G
  • 44. 44 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da atividade de campo em conjunto com as aulas teóricas da disciplina de Prospecção Mineral foi possível identificar diversos minerais guia na campanha de prospecção no município do Amajari. Entre os principais minerais guia encontrados se destacam rutilo, turmalina, zircão, presentes em quase todos os pontos, mesmo que em diferentes proporções. Os pontos visitados apresentaram poucos indícios de mineralizações nos concentrados, em parte por conta do modo de bateamento que ocorreu em laboratório e não diretamente no igarapé com água corrente. Essa pode ser uma das justificativas para a não ocorrência de indícios de ouro nos pontos IG-05 e IG-06 que são referenciados na literatura como corpos hidrotermalizados e por isso favoráveis a formação e ouro secundário. À exceção o ponto IG- 01 e IG-02 os quais foram bateados ainda no igarapé sendo os únicos com ocorrência de pintas de ouro. A correlação metalogenética torna-se mais dificultosa por conta dos caminhos dos rios que acabam drenando diferentes unidades estratigráficas e consequentemente misturando sedimentos de diversas litologias, tido como um problema, a passagem do curso do rio por diversas unidades estratigráficas também pode ser chave para o entendimento de como
  • 45. 45 REFERÊNCIAS BESERRA N. L. C.; TAVARES J. S. S. Contextualização Morfológica Regional da Serra do Tepequém- RR. Geociências na Pan- Amazônia. 1ª ed.- Boa Vista, Roraima: Editora da Universidade Federal de Roraima. 2016. p 65- 85. BESERRA N. L. C.; TAVARES J. S. S.Roraima 20 anos: as geografias de um novo Estado. Boa Vista: Editora da UFRR- EdUFRR, 2008. BESERRA NETA, L. C. Análise evolutiva da paisagem da serra Tepequém - Roraima e o impacto da atividade antrópica. Tese (Doutorado em Geoquímica e Petrologia) – Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica, Instituto de Geociências Universidade Federal do Pará, Belém, 2007. BORGES, F. R; D’ANTONA, R. J. G. Geologia e Mineralizações da Serra Tepequém ‐ (RR).Anais do XXXV Congresso Brasileiro de Geologia, Belém, Pará, 1988, V.1. CORDANI, U.G et al. Evolução tectônica da Amazônia com base nos dados geocronológicos. In: CONGRESO GEOLÓGICO CHILENO, 2., 1979, Arica. Anais... [s .n.], 1979. p.137- 138. COSTA, J.A.V. Tectônica da Região Nordeste do Estado de Roraima. 1999. 315 p. Tese de Doutorado (Doutorado em Geologia) - Inst. Geociências, Universidade Federal do Pará. Belém, 1999. CPRM - Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Roraima Central, Folhas NA.20-X-B e NA.20-X-D (integrais), NA.20-X-A, NA.20- X-C, NA.21-V-A e NA.21-V-C (parciais). Escala 1:500.000. Estado de Roraima. Superintendência Regional de Manaus, 166 p, 1999. CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL.Geologia e Recursos Minerais do Estado do Amazonas / Nelson Joaquim Reis. [et al.]. – Manaus: CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2006. 7-16p. CPRM- PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL. Geodiversidade do Estado De Roraima / Janólfta, Lêda Rocha Holanda, José Luiz Marmose, Maria Adelaide Mansini Maia. Manaus: CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2014. 31-47p.
  • 46. 46 CPRM. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Roraima Central, Folhas NA.20-X-B e NA.20-X-D (integrais), NA.20-X-A, NA.20- X-C, NA.21-V-A e NA.21-V-C (parciais). Escala 1:500.000. Estado de Roraima. Superintendência Regional de Manaus, 1999, 166 p. FERNANDES, A.L.F et. al. Deformação das rochas siliciclásticaspaleoproterozoicas do Grupo Araí como exemplo das reativações de falhas do embasamento, Serra do Tepequém, Roraima, norte do Brasil. Revista Brasileira de Geociências, volume 42(4), 2012. FERNANDES, L.A.F; Fácies deposicionais, estratigráficas e aspectos estruturais da cobertura sedimentar paleoproterozoica na serra do Tepequém, escudo das guianas, estado de Roraima. Tese de doutorado Universidade do Pará, Instituto de Geociências. 1990. HASUI, Y. e ALMEIDA, F.F.M. The Brazil Central Shieldreviewed. Episodes, 8(1): 29-37. 1985. HASUI, Y.; HARALY, N.L.E.; SCHOBBENHAUS, C. 1984. Elementos geofísicos e geológicos da região amazônica: subsídios para o modelo geotectônico. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DA AMAZÔNIA, 2, Manaus. Anais, SBG-NO, p.129-148. LAGLER, B. Dissertação de mestrado: programa de pós-graduação em geoquímica e geotectônica. São Paulo, 2011. REIS N.J, FRAGA L.M.B. GeologicalandTectonic Framework ofthe Roraima State, Guiana Shield – AnOverview.InternationalGeologicalCongress, Rio de Janeiro. 2000. REIS, J. N. et al. Geologia do Estado de Roraima. Folhas nº 2-3-4. Rio de Janeiro, 2003. p.121-134. REIS, N. J.; FRAGA, L. M.; FARIA, M. S. G.; ALMEIDA, M. E. Geologia do Estado de Roraima. Géologie de la France, v. 2, n. 3. p. 71-84, 2003. REIS, N.J. e FRAGA, L.M.B. Geologia do Estado de Roraima. Relatório Inédito. Manaus. CPRM. 1998 26p. SANTOS J.O.S., HARTMANN L.A., FARIA M.S.G., RIKER S.R.L., SOUZA M.M., ALMEIDA M.E., MCNAUGHTON N.J. A Compartimentação do Cráton Amazonas em Províncias: Avanços ocorridos no período 2000-2006. In: SBG, 9º Simpósio de Geologia da Amazônia. Belém, Anais, CD-ROM. 2006a.
  • 47. 47 TASSINARI C.C.G., MACAMBIRA M.J.B. 1999. Geochronological provinces of the Amazonian Craton. Episodes, 22(3):174-182. TASSINARI C.C.G., MACAMBIRA M.J.B. A evolução tectônica do Cráton Amazônico. In: Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. Beca, São Paulo, 2004. p.471-485. TASSINARI C.C.G., MACAMBIRA M.J.B. Geochronological provinces of the Amazonian Craton. Episodes, 22(3): 1999. 174-182. TAVARES, S.S.J; Utilização de imagens de sensoriamento remoto, dados aerogeofísicos e de técnicas de integração digital para o estudo geológico do norte do estado de Roraima- Brasil. Tese de Doutorado em Sensoriamento Remoto. INPE. São José dos Campos 2003.