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Empreendedores apostam em startups voltadas
para o jornalismo
Gabriela Ferigato | 06/05/2014 13:00
Na teoria, startup é uma empresa de base tecnológica, com um modelo de negócio escalável, que
possui elementos de inovação e trabalha em condições de extrema incerteza. Na prática, o Brasil
conta com mais de dez mil empresas desse segmento que levantaram aportes de aproximadamente
R$ 1,7 bilhão somente em 2012. Iniciativas como Peixe Urbano, Buscapé e Netshoes vão na
contramão desse cenário de insegurança.
De acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), de 2.580 projetos cadastrados na
entidade, 5% são da área de mídia e comunicação. Já bastante difundido em países como Estados
Unidos, sobretudo pela presença no Vale do Silício, esse mercado é relativamente novo por aqui,
mas já há quem acredite que seja o “futuro da mídia”, principalmente pela crise que a profissão
enfrenta e pela mudança no fazer e consumir jornalismo. A busca pelo pote de ouro, literalmente, se
dá por definir um modelo rentável de negócio.
Segundo Guilherme Junqueira, diretorexecutivo da ABStartups, o “boom” dessa atividade
aconteceu em 2012. No ano seguinte ganhou maturidade, principalmente no mercado de
investimentos, e 2014 entra como um ano chave. O Programa StartUp Brasil, criado pelo Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), deve selecionar mais 100 iniciativas este ano para
fortalecer o empreendedorismo no país.
Crédito:Ari Gomes
Diego Remus, diretor do portal Startupi
“As startups são a grande resposta para os próximos dez anos da mídia. Todos estão começando a
perceber que, para não ficar para trás, é necessário acompanhar essa movimentação. Temos
alguns exemplos de grandes companhias investindo em estrutura própria para atuar nessa área. É o
caso do Grupo RBS, maior afiliada da Rede Globo, que lançou a e.Bricks Digital, e o Grupo Abril,
que criou a aceleradora Abril Plug and Play”, afirma Junqueira.
A parceria da Abril com a Plug and Play, sediada no Vale do Silício e que já apoiou os gigantes
PayPal, Google e Dropbox, começou em fevereiro deste ano e terá como foco projetos que
apresentem soluções para problemas reais utilizando plataformas móveis. “Se temos que identificar
novas oportunidades digitais, nada mais apropriado do que beber na fonte das startups. Outra
motivação é provocar o status quo no modo de fazer negócios na Abril, introduzindo a cultura
empreendedora de assumir riscos e testar hipóteses”, explica Rogério Tamassia, responsável pela
operação.
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2. 30/01/2015 Empreendedores apostam em startups voltadas para o jornalismo Portal IMPRENSA
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Com base em São Paulo, a e.Bricks investe em empresas com faturamento acima de 30 milhões
(growth stages), nos segmentos de mídia digital e tecnologia, ecommerce e mobile, e também
lançou um fundo dedicado a operações iniciantes (early stage). HiMídia, Pontomobi, Guia da
Semana, Wine.com.br, Lets e Startupi são alguns dos nomes que já usufruíram desse apoio.
Desde 2008 no ar, a Startupi é um veículo online que discorre sobre startups, tecnologia, inovação
e negócios relacionados. Além do portal de conteúdo, desenvolveu outras frentes de atuação em
eventos, educação e inteligência de negócios. Ao todo são vinte investidores, entre eles estão:
Redpoint e.ventures, Initial Capital e Bolt Ventures. “Nascemos como uma empresa que daria
condições para o mercado de startups se conectar, pois ninguém falava disso. Nosso projeto foi
muito bem recebido. Fomos contatados por investidores estrangeiros que estavam vindo para o
Brasil e colaboramos com o desenvolvimento de alguns negócios”, conta Diego Remus, diretor da
Startupi.
A equipe hoje é composta por seis pessoas fixas e diversos colunistas, e os investidores também
fazem parte da rotina e das decisões.
Caminho das pedras
Diante de tantas dúvidas, há uma certeza entre os que respiram esse universo: o antigo modelo de
negócio para lucrar com mídia está cada vez mais perdendo sua força. Hoje as publicações não são
os únicos canais de informação e as redes sociais adquirem grande parte das verbas publicitárias.
“Todo mundo está tentando se reinventar, e o próprio cliente já está saturado de formatos como
banners, AdWords etc. A forma de gerar receita vai muito da criatividade dos empreendedores de
entender seu público e monetizar em cima disso”, completa Junqueira.
Para lucrar com projetos de mídia, o diretor da ABStartups aponta dois modelos rentáveis. O “Lead
Generation”, na tradução literal “geração de oportunidades”, é vender um possível cliente para um
sistema de afiliados. Por exemplo: um portal de conteúdo faz um guia de viagem com dicas de
roteiros. Quando o leitor clica no post, ele pode ser direcionado para sites de agências de viagens
etc. Caso a compra seja feita, volta para o veículo alguns centavos desse valor. Outro formato é o
“White Label”, ou seja, um produto feito por uma empresa que revende para outras e fazem parecer
como se estas o tivessem produzido.
Crédito:Ricardo Lisboa
Felipe Gazola é CEO da agência de notícias Youca.st
Para dar continuidade ao seu projeto de jornalismo colaborativo, Felipe Gazolla, CEO do Youca.st,
diversificou suas atividades. Fundada em 2011, o Youca.st é uma agência de notícias que abastece
meios de comunicação com imagens e vídeos captados por cinegrafistas amadores. Em 2012, o
projeto foi selecionado pela aceleradora Wayra, ligada ao Grupo Telefônica, e, com o aporte,
investiram na ampliação da plataforma para deixála mais robusta.
“A ideia era que os veículos de comunicação comprassem o material e, assim, remuneraríamos
esses cinegrafistas. Como, por enquanto, é algo que não se mostrou viável, buscamos outras
formas de monetização para manter a essência do colaborativo. Por isso estreamos uma assessoria
de imprensa, que gera lucro para nós”, diz.
Atualmente, a startup faz coberturas para eventos específicos e terá uma ação especial para a Copa
do Mundo. Apenas durante os protestos no Brasil de junho e julho do ano passado, a plataforma
recebeu mais de 15 mil materiais, entre vídeos e fotos.
Veia empreendedora
O estudante de jornalismo da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação (FCSAC), do
Vale do Paraíba, Georges Kirsteller Inoue, analisa o mercado desde 2010. Decidiu, em 2012,
desenvolver sua própria incubadora, a WebStartup. Para não perder dinheiro e manter as iniciativas,
aproveitou as ocorrências de resultados no Google e ofereceu serviços e publicidade. “Dessa forma,
consigo experimentar diferentes nichos. É assim com o Temporada de Inverno, uma revista digital
sobre moda, turismo e esportes radicais. Ou ainda, as publicações eletrônicas como o Vale Jornal,
Vale Shimbun e Vale Publicar que também se tornaram plataformas sustentáveis de um projeto em
early stage sobre jornalismo colaborativo”, completa.
A WebStartup já conta com mais de vinte projetos, e, no momento, Georges estuda algumas
propostas. “Apesar de contar com colaboradores especializados em diversas formações, incluindo
pesquisadores, jornalistas, historiadores, sociólogos e filósofos, o mercado regional ainda mostra
certa resistência com este modelo, já que falta mão de obra qualificada para vender publicidade e
serviços editoriais”, diz Inoue.
Cursos e cadeiras de jornalismo “empreendedor” têm se tornado cada vez mais comum nos Estados
Unidos. Entre as novas diretrizes curriculares do curso no Brasil, que devem ser implantadas até
2015, está a proposta de atividades que estimulem o “espírito empreendedor”. Para Felipe Gazzola,
da Youca.st, o jornalista é um profissional que lida com a divisão “Igreja x Estado” e entende que
buscar soluções pode quebrar a sua ética jornalística.
geolocalização para reunir apoiadores às vítimas de
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