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Texto: Luísa Ducla Soares
Ilustração: Paul Driver
Leitura: Emília Lima
Vocês conhecem
o Urso-Formigueiro,
aquele urso de focinho
comprido como uma
tromba, tão guloso de
formigas?
Mal rompia a manhã, o
Urso-Formigueiro saía da
cama, de olhitos piscos
pousados no chão,
espreita que espreita, em
busca dos negros
carreirinhos ou, ao menos,
de uma formiga
descuidada que andasse
por aí sozinha a descobrir
o mundo.
Não havia sebe, tronco de
árvore, relvado ou
rochedo que não
farejasse.
Riam-se os coelhos
anafados, satisfeitos da
vida, pois sabiam que o
urso-Formigueiro não
lhes faria mal. Sem medo,
pousavam-lhe nas costas
pombos e pardais. E as
abelhas, descansadas,
construíam as colmeias
em frente da sua toca,
pois estavam seguras de
que ele não iria
sorrateiro, como o urso-
pardo, sugar-lhes o mel.
Só as formigas andavam
num permanente
sobressalto.
Era vê-las correr,
carregadas de sementes,
tão cansadas, tão
nervosas, tão magras,
com as antenas
tremelicando no alto das
cabecitas pretas, a
cintura tão fina que
quase parecia partir-se,
as patas tão esguias
como linhas.
Dia após dia, o Urso-
Formigueiro, peludo,
trombudo e com passos
de veludo, ia procurando
alimento de nariz na
terra. Pé ante pé, não
fosse assustar as
formigas medrosas e
atentas, prontas a
escaparem por qualquer
buraco.
No formigueiro havia
contudo uma formiga
ladina, viva e esperta que
nem um rato. Era a
Formiga Rabiga.
─ Amigas formigas ─
disse ela ─, não nos
vamos deixar comer, lá
porque esse urso peludo,
trombudo e com passos
de veludo resolveu gostar
de nós… para almoçar.
Vamos dar-lhe uma lição.
─ Mas como, se somos
tão fracas?
─ Nada podemos contra
ele.
─ Se ficamos em casa
morremos de fome, se
saímos somos comidas ─
choramingavam as
companheiras.
Mas a Formiga Rabiga
traçara o seu plano.
Junto ao rio crescia uma
pimenteira-verde, muito
verde, salpicada de
bolinhas cor-de-rosa.
Estava o campo
atapetado desses
pequenos grãos
redondos, de casca tão
brilhante que parecia
envernizada.
─ Em vez de carregarmos
sementes vamos carregar
pimenta ─ propôs a
Formiga Rabiga.
Era ver agora a fileira de
formigas, que mais
parecia um colar, cada
uma com sua conta cor-
de-rosa. Não tardou que
o urso as descobrisse.
A Formiga Rabiga
avançou e pôs-se a
desafiar o urso.
─ Eu sou a Formiga Rabiga que te salto em cima e te
queimo a barriga.
─ Eu sou o Urso-Formigueiro que te como a ti mais ao
teu carreiro.
E, dito isto, propunha-se engolir a formiga.
Mal o bicho peludo,
trombudo e com passos
de veludo entreabriu a
boca, a Formiga Rabiga
atirou-lhe o grão de
pimenta.
O urso deu um uivo.
Aproximou-se da
formiga seguinte e ela
fez o mesmo.
Escusado será dizer que o
urso não chegou ao fim do
carreirinho.
Ardia-lhe a língua como um
braseiro.
Queimava-lhe a barriga
como uma fogueira.
Riam-se as formigas ao
vê-lo fugir. Só parou à
beira do rio e passou todo
o dia a beber.
─ Livra, que as formigas
estavam picantes. É prato
que não quero tornar a
provar.
Para maior desespero
do Urso-Formigueiro, a
Formiga Rabiga, ao vê-
lo naquele estado, de
língua de fora, todo a
pingar água, punha-se a
gracejar:
Sou a Formiga Rabiga,
saltei-te em cima,
queimei-te a barriga.
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A lição da Formiga Rabiga

  • 1.
  • 2. Texto: Luísa Ducla Soares Ilustração: Paul Driver Leitura: Emília Lima
  • 3. Vocês conhecem o Urso-Formigueiro, aquele urso de focinho comprido como uma tromba, tão guloso de formigas?
  • 4. Mal rompia a manhã, o Urso-Formigueiro saía da cama, de olhitos piscos pousados no chão, espreita que espreita, em busca dos negros carreirinhos ou, ao menos, de uma formiga descuidada que andasse por aí sozinha a descobrir o mundo. Não havia sebe, tronco de árvore, relvado ou rochedo que não farejasse.
  • 5. Riam-se os coelhos anafados, satisfeitos da vida, pois sabiam que o urso-Formigueiro não lhes faria mal. Sem medo, pousavam-lhe nas costas pombos e pardais. E as abelhas, descansadas, construíam as colmeias em frente da sua toca, pois estavam seguras de que ele não iria sorrateiro, como o urso- pardo, sugar-lhes o mel.
  • 6. Só as formigas andavam num permanente sobressalto. Era vê-las correr, carregadas de sementes, tão cansadas, tão nervosas, tão magras, com as antenas tremelicando no alto das cabecitas pretas, a cintura tão fina que quase parecia partir-se, as patas tão esguias como linhas.
  • 7. Dia após dia, o Urso- Formigueiro, peludo, trombudo e com passos de veludo, ia procurando alimento de nariz na terra. Pé ante pé, não fosse assustar as formigas medrosas e atentas, prontas a escaparem por qualquer buraco.
  • 8. No formigueiro havia contudo uma formiga ladina, viva e esperta que nem um rato. Era a Formiga Rabiga. ─ Amigas formigas ─ disse ela ─, não nos vamos deixar comer, lá porque esse urso peludo, trombudo e com passos de veludo resolveu gostar de nós… para almoçar.
  • 9. Vamos dar-lhe uma lição. ─ Mas como, se somos tão fracas? ─ Nada podemos contra ele. ─ Se ficamos em casa morremos de fome, se saímos somos comidas ─ choramingavam as companheiras. Mas a Formiga Rabiga traçara o seu plano.
  • 10. Junto ao rio crescia uma pimenteira-verde, muito verde, salpicada de bolinhas cor-de-rosa. Estava o campo atapetado desses pequenos grãos redondos, de casca tão brilhante que parecia envernizada. ─ Em vez de carregarmos sementes vamos carregar pimenta ─ propôs a Formiga Rabiga.
  • 11. Era ver agora a fileira de formigas, que mais parecia um colar, cada uma com sua conta cor- de-rosa. Não tardou que o urso as descobrisse. A Formiga Rabiga avançou e pôs-se a desafiar o urso.
  • 12. ─ Eu sou a Formiga Rabiga que te salto em cima e te queimo a barriga. ─ Eu sou o Urso-Formigueiro que te como a ti mais ao teu carreiro. E, dito isto, propunha-se engolir a formiga.
  • 13. Mal o bicho peludo, trombudo e com passos de veludo entreabriu a boca, a Formiga Rabiga atirou-lhe o grão de pimenta. O urso deu um uivo. Aproximou-se da formiga seguinte e ela fez o mesmo.
  • 14. Escusado será dizer que o urso não chegou ao fim do carreirinho. Ardia-lhe a língua como um braseiro. Queimava-lhe a barriga como uma fogueira.
  • 15. Riam-se as formigas ao vê-lo fugir. Só parou à beira do rio e passou todo o dia a beber. ─ Livra, que as formigas estavam picantes. É prato que não quero tornar a provar.
  • 16. Para maior desespero do Urso-Formigueiro, a Formiga Rabiga, ao vê- lo naquele estado, de língua de fora, todo a pingar água, punha-se a gracejar:
  • 17. Sou a Formiga Rabiga, saltei-te em cima, queimei-te a barriga.