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“O QUE VOCÊ TEM A DIZER SOBRE (...)?
Expressões nominais indefinidas
no depoimento do orkut
Carla Edila Silveira
Orientadora: Profª Drª Claudia Mendes Campos
Curitiba
2011
PREÂMBULO: A ALUSÃO DO TÍTULO
O ESTUDO
Objetivo: examinar o funcionamento de
recategorizações lexicais com expressão nominal
indefinida (ENI) – cujo determinante é o artigo indefinido
um(a) – em 34 textos de depoimento publicados no site
de relacionamentos orkut. Fenômeno reconhecido
apenas por Koch (2004b), Cavalcante (2004a), Cunha
Lima (2004).
Fundamentação: pressupostos da Linguística Textual
de vertente sociocognitivista (APÓTHELOZ &
REICHLER-BÉGUELIN, 1995; KOCH & MARCUSCHI,
1998; MARCUSCHI & KOCH, 2002; MONDADA &
DUBOIS, 1995) e sociodiscursiva (BAKHTIN, 2003;
MARCUSCHI, 2003, 2005).
JUSTIFICATIVAS
Adesão à proposta de estudo de gêneros
emergentes no ambiente de interação virtual
(MARCUSCHI, 2005).
Depoimento do orkut – declaração pessoal
(COSTA, 2008) sobre indivíduo com quem se mantém
vínculo social no contexto real ou virtual.
JUSTIFICATIVAS
As redes sociais são as opções interativas que mais
atraem brasileiros (SHELP, 2009) e essa é a
nacionalidade declarada por mais da metade de
usuários do orkut.
A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL
CATEGORIZAÇÃO - seleção de item
lexical (expressão referencial) que ativa
determinada informação na memória
discursiva, é a primeira menção do objeto
de discurso no texto.(KOCH 2006a, p. 64)
RECATEGORIZAÇÃO – renomeação de objeto
de discurso com retomada de elemento
introduzido na memória discursiva por
expressão que designa outra categoria ou
classe de indivíduos/entidades. (APÓTHELOZ &
REICHLER-BÉGUELIN, 1995)
RECATEGORIZAÇÃO – remissão a item cotextual
antecedente, de natureza lexical, ideacional ou
contextual. Em geral, a remissão recategorizante
baseia-se em relação estereotípica, pode ou não
fazer retomada, não requer correferencialidade e
seu traço mais forte é a impossibilidade de
cossignificação. (MARCUSCHI & KOCH, 2002)
concepção
clássica
concepção
atual
A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL
Esse gurizinho (categorização) → Um amigão
pra todas as horas (recategorização) → uma
pessoa maravilhosa de se conviver
(recategorização)
A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL
Classificação de Apótheloz & Reichler-Béguelin (1995)
Fonte: Tavares (2003)
A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL
Classificação de funções discursivas pelo
viés da argumentação (MATOS, 2004)
1- avaliativa
2- não-avaliativa
3- glosa (definição, correção, especificação)
4- estético-conotativa
A ANÁFORA COM ENI POR SCHWARZ (2000)
Fenômeno localizado durante o estudo de
anáforas indiretas, que diz respeito a:
(i) relações parte-todo;
(ii) nomeação parcial de elemento já
introduzido para efeito de suspense;
(iii) focalização do conteúdo informacional do
anafórico sem avanço da cadeia coesiva.
A ANÁFORA COM ENI POR CUNHA LIMA (2004)
- relação meronímica;
- meu chimas (todo/conjunto) → um mate (parte);
Análise: recategorização com modificação da
extensão do objeto; de função não-avaliativa; noção
de extração de elemento de um conjunto sobrepõe-
se à cossignificação que o núcleo nominal da ENI
anafórica (o sinônimo mate) pode marcar.
A ANÁFORA COM ENI POR CUNHA LIMA (2004)
- tematização-remática em oração predicativa;
- o pâncreas → um órgão muito mais profundo (...)
Análise: recategorização com tematização-remática
marcada pela introdução de dado novo que remete
a dado conhecido no texto; função de glosa
especificadora e estético-conotativa; núcleo nominal
estabelece relação hiperonímica
(pâncreas/hipônimo – órgão/hiperônimo)
JUSTIFICATIVAS
Há poucos estudos em LT focados na questão do
uso anafórico de ENI (KOCH, 2004b [2002]).
A investigação de operação referencial relacionada
a características de um gênero da mídia eletrônica
demonstra sintonia com a agenda de estudos da LT
(KOCH, 2008b; BENTES, 2010).
BASES PARA UM ESTUDO LINGUÍSTICO-
TEXTUAL DE TRAÇADO SOCIOCOGNITIVISTA
Cognição Social – traço interacional, natureza situada
(KOCH & CUNHA LIMA, 2004)
Língua – trabalho cognitivo, atividade social, supõe
negociação. (KOCH & MARCUSCHI, 1998)
Linguagem – fundada no dialogismo constitutivo.
(BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2006)
Texto – evento comunicativo e de natureza processual
que reúne atos linguísticos, sociais e cognitivos.
(BEAUGRANDE, 1997)
Gênero discursivo – arcabouços cognitivo-discursivos
ou enquadres enunciativos, diferenciados pela
composição, tema e estilo (KOCH 2006a; BAKHTIN,
2003)
Referenciação – construção de elos referenciais nos
textos através de objetos de discurso que resultam de
designações negociadas nas interações pelos sujeitos
falantes (MONDADA & DUBOIS, 1995)
A LOCALIZAÇÃO DA RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL ENTRE
OS PROCESSOS DE REFERENCIAÇÃO (MARCUSCHI &
KOCH, 2002)
A NATUREZA DOS DADOS E O MÉTODO DE
PESQUISA
Metodologia: análise qualitativa de 34 textos de
depoimentos coletados no site orkut, retirados do perfil
de 11 usuários do software de suporte do gênero.
Seleção do corpus: determinada pela recorrência do
uso de ENI (introduzidas por artigo indefinido) nos textos
e a comparação entre amostras da pesquisa de Cunha
Lima (2004) e os dados que coletamos.
A NATUREZA DOS DADOS E O MÉTODO DE
PESQUISA
Fundada no pressuposto de
envolvimento constante de ENIs
em recategorizações lexicais
(CUNHA LIMA, 2004).
Hipótese 1: a anáfora
recategorizante com ENI
pode ter a ocorrência
favorecida nos
depoimentos devido à
recorrência da seleção
de ENIs nos dados.
A NATUREZA DOS DADOS E O MÉTODO DE
PESQUISA
Fundada na necessidade de
estudar indícios condicionantes do
funcionamento da recategorização
lexical em certos gêneros
discursivos (MATOS, 2004).
Hipótese 2: relação entre
a recategorização com
ENI e traços do
depoimento do orkut de
modo similar ao que se
observou em outros tipos
de anáforas textuais.
CRITÉRIOS DE ANÁLISE
1 – cadeias referenciais, tendo em vista as
expressões referenciais e as expressões
atributivas (RONCARATI, 2010).
2 – estratégias referenciais que ocorrem junto
com a recategorização, para refocalizar ou alterar o
objeto (MARCUSCHI & KOCH, 2002).
3 – funções discursivas concebidas pelo critério
de argumentação (MATOS, 2004).
4 – núcleo nominal, no tocante às diretivas para a
compreensão da temática e estilo do gênero
(KOCH, 2004a).
A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL COM ENI NO
DEPOIMENTO DO ORKUT
A recategorização com ENI combina-se com outras
estratégias referenciais, além da anáfora com relação
parte-todo e tematização-remática (mais recorrente
nos dados), encontramos:
- recategorização com rotulação por encapsulamento;
- recategorização metafórica;
- recategorização com rotulação metaenunciativa.
A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL COM ENI NO
DEPOIMENTO DO ORKUT
[Aquilo sim é que é mulher de verdade! (...) e dos
personagens da TV Pirata (Barboosa).] → Um poço de
sabedoria (rótulo encapsulador)
Análise: recategorização com rotulação por encapsulamento
ou síntese de porção textual e recategorização metafórica
(seleção de ENI que não remete a um sentido literal); função
avaliativa e estético-conotativa; núcleo nominal poço, de teor
metafórico, realça um atributo do objeto de discurso dentro
de uma escala de valoração positiva do perfil do usuário.
A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL COM ENI NO
DEPOIMENTO DO ORKUT
[contexto textual do site orkut] → um testemunho inédito e
humilde do senhoro paçoco para a senhora paçoca
Análise: recategorização com rotulação metaenunciativa
(rótulo um testemunho) com modificação da extensão do
objeto (inédito e humilde); função avaliativa e de glosa
definidora; núcleo nominal é um nome metalinguístico que
focaliza a percepção do enunciador quanto ao ato
enunciativo e por ser um sinônimo poderia descaracterizar a
recategorização com rotulação metaenunciativa?
A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL COM ENI NO
DEPOIMENTO DO ORKUT
- prevalece a recategorização de função avaliativa, sendo
recorrentes também as funções de glosa e estético-conotativa;
- núcleos nominais (hiperônimos, termos genéricos) ao lado dos
determinantes indefinidos reforçam a identificação da categoria ou
classe atribuída ao objeto de discurso que pode ser modificado
totalmente ou reapresentado de modo generalizante;
- as restrições do suporte para a escrita de depoimentos propiciam
as recategorizações com ENI via tematização-remática, pois
assim é possível produzir um texto de forma rápida, devido à
dinâmica das interações virtuais, e publicar conteúdos de modo
conciso em espaço limitado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, não é por acaso que o enunciador emite
declarações a respeito de sujeito pertencente ao
seu círculo de relações evitando qualquer
manifestação negativa. Talvez por estar ciente da
exposição pública no site de relacionamentos,
parece tentar preservar tanto a imagem do outro
quanto a sua. Desse modo, torna-se evidente o
caráter dialógico do enquadre enunciativo
propiciado pelo depoimento do orkut em um
espaço utilizado para a construção da alteridade,
ou melhor dizendo, da relação mútua entre as
imagens das categorias atribuídas ao eu e ao
outro que se entrecruzam nos textos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 APOTHÉLOZ, D. & REICHLER-BÉGUELIN, M. J. Construction de la référence et strategies de designation. In:
BERRENDONNER e REICHLER-BÉGUELIN, M-J. (eds.). Du sintagme nominal aux objects-de-discours: SNs
complexes, nominalisations, anaphores. Neuchâtel: Université de Neuchâtel, 1995. p. 227-271.

 BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. de P. Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 [1979].

 ______./VOLOSHINOV. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006 [1929].

 BEAUGRANDE, R. New Foundations for a Science of Text and discourse: cognition, communication, and the
freedom of access to knowledge and society. Norwood, NJ: Ablex, 1997. Disponível em:
<http://www.beaugrande.com/new_foundations_for_a_science.htm>. Acesso em: 21 jul. 2007.
 BENTES, A. C. A abordagem do texto: considerações em torno dos objetos e unidades de análise. In: LIMA-
HERNANDES, M. C. Gramaticalização em perspectiva: cognição, textualidade e ensino. São Paulo:
Paulistana, 2010. p. 139-154.

 CAVALCANTE, M. M. Entre o definido e o indefinido. In:______.; BRITO, M. A. P. (Orgs.). Gêneros textuais e
referenciação. 1. ed. Fortaleza: Protexto, v. 1, 2004a. p. 1-11. CD-ROM.

 COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

 CUNHA LIMA, M. L. Indefinido, Anáfora e Construção Textual da Referência. 231f. Tese (Doutorado em
Linguística) – Departamento de Lingüística do Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de
Campinas. Campinas, 2004.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 KOCH, I. G. V. Sobre a seleção do núcleo das formas nominais anafóricas na progressão referencial. In: NEGRI, L.;
FOLTRAN, M. J.; OLIVEIRA, R. P. (Org.) Sentido e significação: em torno da obra de Rodolfo Ilari. São Paulo:
Contexto, 2004a. p. 244-262.

 ______. Expressões nominais indefinidas e a progressão referencial. In: CAVALCANTE, M. M.; BRITO, M. A. P.
(Orgs.). Gêneros textuais e referenciação. 1. ed. Fortaleza: Protexto, v. 1, 2004b. p. 1-8. CD-ROM.

 ______. Introdução à linguística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2006a.

 ______. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 2008a [1989].
 ______. Princípios teórico-analíticos da Linguística Textual. In: ______. As tramas do texto. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2008b. p. 11-25.

 ______. & CUNHA LIMA, M. L. Do cognitivismo ao sociocognitivismo. In: MUSSALIN, F. & BENTES, A. C. (Orgs.)
Introdução à linguística: fundamentos epistemológicos. v. 3. São Paulo: Cortez, 2004. p. 251-310.

 ______. & MARCUSCHI, L. A. Processos de referenciação na produção discursiva. In: DELTA, São Paulo, v. 14, n.
especial, 1998.

 MARCUSCHI, L. A. A questão do suporte dos gêneros textuais. DLCV: Língua, linguística e literatura, João Pessoa,
v.1, n.1, p. 9-40, 2003.
 ______. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, L. A; XAVIER, A. C.
(Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
p. 13–67.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 ______. & KOCH, I. G. V. Estratégias de referenciação e progressão referencial na língua falada. In:
ABAURRE, M. B. (Org.). Gramática do português falado. v. 8. Campinas, SP: Ed. da Unicamp/FAPESP,
2002. p. 31-56.

 MATOS, J. G. As funções discursivas das recategorizações. 146f. Dissertação (Mestrado em
Lingüística) – Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza,
2004.

 MONDADA, L. & DUBOIS, D. Construction des objets de discours et catégorisation: une approche des
processus de référenciation. In: BERRENDONNER, A. & REICHLER-BÉGUELIN, M-J. (eds.). Du
sintagme nominal aux objets-de-discours: SN complexes, nominalisations, anaphores. Neuchâtel:
Université de Neuchâtel, 1995. p. 273-302.

 SHELP, D. Nos laços (fracos) da internet. Veja, n. 2120, 08 jul. 2009. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/080709/nos-lacos-fracos-internet-p-94.shtml>. Acesso em: 18. jul. 2009.

 TAVARES, D. P. F. Processos de recategorização – uma proposta classificatória. 157p. Dissertação
(Mestrado em Lingüística) – Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Universidade Federal do
Ceará. Fortaleza, 2003.

 www.orkut.com
Muito
obrig@da!

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A recategorização lexical com ENI no depoimento do Orkut

  • 1. “O QUE VOCÊ TEM A DIZER SOBRE (...)? Expressões nominais indefinidas no depoimento do orkut Carla Edila Silveira Orientadora: Profª Drª Claudia Mendes Campos Curitiba 2011
  • 3. O ESTUDO Objetivo: examinar o funcionamento de recategorizações lexicais com expressão nominal indefinida (ENI) – cujo determinante é o artigo indefinido um(a) – em 34 textos de depoimento publicados no site de relacionamentos orkut. Fenômeno reconhecido apenas por Koch (2004b), Cavalcante (2004a), Cunha Lima (2004). Fundamentação: pressupostos da Linguística Textual de vertente sociocognitivista (APÓTHELOZ & REICHLER-BÉGUELIN, 1995; KOCH & MARCUSCHI, 1998; MARCUSCHI & KOCH, 2002; MONDADA & DUBOIS, 1995) e sociodiscursiva (BAKHTIN, 2003; MARCUSCHI, 2003, 2005).
  • 4. JUSTIFICATIVAS Adesão à proposta de estudo de gêneros emergentes no ambiente de interação virtual (MARCUSCHI, 2005). Depoimento do orkut – declaração pessoal (COSTA, 2008) sobre indivíduo com quem se mantém vínculo social no contexto real ou virtual.
  • 5. JUSTIFICATIVAS As redes sociais são as opções interativas que mais atraem brasileiros (SHELP, 2009) e essa é a nacionalidade declarada por mais da metade de usuários do orkut.
  • 6. A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL CATEGORIZAÇÃO - seleção de item lexical (expressão referencial) que ativa determinada informação na memória discursiva, é a primeira menção do objeto de discurso no texto.(KOCH 2006a, p. 64) RECATEGORIZAÇÃO – renomeação de objeto de discurso com retomada de elemento introduzido na memória discursiva por expressão que designa outra categoria ou classe de indivíduos/entidades. (APÓTHELOZ & REICHLER-BÉGUELIN, 1995) RECATEGORIZAÇÃO – remissão a item cotextual antecedente, de natureza lexical, ideacional ou contextual. Em geral, a remissão recategorizante baseia-se em relação estereotípica, pode ou não fazer retomada, não requer correferencialidade e seu traço mais forte é a impossibilidade de cossignificação. (MARCUSCHI & KOCH, 2002) concepção clássica concepção atual
  • 7. A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL Esse gurizinho (categorização) → Um amigão pra todas as horas (recategorização) → uma pessoa maravilhosa de se conviver (recategorização)
  • 8. A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL Classificação de Apótheloz & Reichler-Béguelin (1995) Fonte: Tavares (2003)
  • 9. A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL Classificação de funções discursivas pelo viés da argumentação (MATOS, 2004) 1- avaliativa 2- não-avaliativa 3- glosa (definição, correção, especificação) 4- estético-conotativa
  • 10. A ANÁFORA COM ENI POR SCHWARZ (2000) Fenômeno localizado durante o estudo de anáforas indiretas, que diz respeito a: (i) relações parte-todo; (ii) nomeação parcial de elemento já introduzido para efeito de suspense; (iii) focalização do conteúdo informacional do anafórico sem avanço da cadeia coesiva.
  • 11. A ANÁFORA COM ENI POR CUNHA LIMA (2004) - relação meronímica; - meu chimas (todo/conjunto) → um mate (parte); Análise: recategorização com modificação da extensão do objeto; de função não-avaliativa; noção de extração de elemento de um conjunto sobrepõe- se à cossignificação que o núcleo nominal da ENI anafórica (o sinônimo mate) pode marcar.
  • 12. A ANÁFORA COM ENI POR CUNHA LIMA (2004) - tematização-remática em oração predicativa; - o pâncreas → um órgão muito mais profundo (...) Análise: recategorização com tematização-remática marcada pela introdução de dado novo que remete a dado conhecido no texto; função de glosa especificadora e estético-conotativa; núcleo nominal estabelece relação hiperonímica (pâncreas/hipônimo – órgão/hiperônimo)
  • 13. JUSTIFICATIVAS Há poucos estudos em LT focados na questão do uso anafórico de ENI (KOCH, 2004b [2002]). A investigação de operação referencial relacionada a características de um gênero da mídia eletrônica demonstra sintonia com a agenda de estudos da LT (KOCH, 2008b; BENTES, 2010).
  • 14. BASES PARA UM ESTUDO LINGUÍSTICO- TEXTUAL DE TRAÇADO SOCIOCOGNITIVISTA Cognição Social – traço interacional, natureza situada (KOCH & CUNHA LIMA, 2004) Língua – trabalho cognitivo, atividade social, supõe negociação. (KOCH & MARCUSCHI, 1998) Linguagem – fundada no dialogismo constitutivo. (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2006) Texto – evento comunicativo e de natureza processual que reúne atos linguísticos, sociais e cognitivos. (BEAUGRANDE, 1997) Gênero discursivo – arcabouços cognitivo-discursivos ou enquadres enunciativos, diferenciados pela composição, tema e estilo (KOCH 2006a; BAKHTIN, 2003) Referenciação – construção de elos referenciais nos textos através de objetos de discurso que resultam de designações negociadas nas interações pelos sujeitos falantes (MONDADA & DUBOIS, 1995)
  • 15. A LOCALIZAÇÃO DA RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL ENTRE OS PROCESSOS DE REFERENCIAÇÃO (MARCUSCHI & KOCH, 2002)
  • 16. A NATUREZA DOS DADOS E O MÉTODO DE PESQUISA Metodologia: análise qualitativa de 34 textos de depoimentos coletados no site orkut, retirados do perfil de 11 usuários do software de suporte do gênero. Seleção do corpus: determinada pela recorrência do uso de ENI (introduzidas por artigo indefinido) nos textos e a comparação entre amostras da pesquisa de Cunha Lima (2004) e os dados que coletamos.
  • 17. A NATUREZA DOS DADOS E O MÉTODO DE PESQUISA Fundada no pressuposto de envolvimento constante de ENIs em recategorizações lexicais (CUNHA LIMA, 2004). Hipótese 1: a anáfora recategorizante com ENI pode ter a ocorrência favorecida nos depoimentos devido à recorrência da seleção de ENIs nos dados.
  • 18. A NATUREZA DOS DADOS E O MÉTODO DE PESQUISA Fundada na necessidade de estudar indícios condicionantes do funcionamento da recategorização lexical em certos gêneros discursivos (MATOS, 2004). Hipótese 2: relação entre a recategorização com ENI e traços do depoimento do orkut de modo similar ao que se observou em outros tipos de anáforas textuais.
  • 19. CRITÉRIOS DE ANÁLISE 1 – cadeias referenciais, tendo em vista as expressões referenciais e as expressões atributivas (RONCARATI, 2010). 2 – estratégias referenciais que ocorrem junto com a recategorização, para refocalizar ou alterar o objeto (MARCUSCHI & KOCH, 2002). 3 – funções discursivas concebidas pelo critério de argumentação (MATOS, 2004). 4 – núcleo nominal, no tocante às diretivas para a compreensão da temática e estilo do gênero (KOCH, 2004a).
  • 20. A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL COM ENI NO DEPOIMENTO DO ORKUT A recategorização com ENI combina-se com outras estratégias referenciais, além da anáfora com relação parte-todo e tematização-remática (mais recorrente nos dados), encontramos: - recategorização com rotulação por encapsulamento; - recategorização metafórica; - recategorização com rotulação metaenunciativa.
  • 21. A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL COM ENI NO DEPOIMENTO DO ORKUT [Aquilo sim é que é mulher de verdade! (...) e dos personagens da TV Pirata (Barboosa).] → Um poço de sabedoria (rótulo encapsulador) Análise: recategorização com rotulação por encapsulamento ou síntese de porção textual e recategorização metafórica (seleção de ENI que não remete a um sentido literal); função avaliativa e estético-conotativa; núcleo nominal poço, de teor metafórico, realça um atributo do objeto de discurso dentro de uma escala de valoração positiva do perfil do usuário.
  • 22. A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL COM ENI NO DEPOIMENTO DO ORKUT [contexto textual do site orkut] → um testemunho inédito e humilde do senhoro paçoco para a senhora paçoca Análise: recategorização com rotulação metaenunciativa (rótulo um testemunho) com modificação da extensão do objeto (inédito e humilde); função avaliativa e de glosa definidora; núcleo nominal é um nome metalinguístico que focaliza a percepção do enunciador quanto ao ato enunciativo e por ser um sinônimo poderia descaracterizar a recategorização com rotulação metaenunciativa?
  • 23. A RECATEGORIZAÇÃO LEXICAL COM ENI NO DEPOIMENTO DO ORKUT - prevalece a recategorização de função avaliativa, sendo recorrentes também as funções de glosa e estético-conotativa; - núcleos nominais (hiperônimos, termos genéricos) ao lado dos determinantes indefinidos reforçam a identificação da categoria ou classe atribuída ao objeto de discurso que pode ser modificado totalmente ou reapresentado de modo generalizante; - as restrições do suporte para a escrita de depoimentos propiciam as recategorizações com ENI via tematização-remática, pois assim é possível produzir um texto de forma rápida, devido à dinâmica das interações virtuais, e publicar conteúdos de modo conciso em espaço limitado.
  • 24. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, não é por acaso que o enunciador emite declarações a respeito de sujeito pertencente ao seu círculo de relações evitando qualquer manifestação negativa. Talvez por estar ciente da exposição pública no site de relacionamentos, parece tentar preservar tanto a imagem do outro quanto a sua. Desse modo, torna-se evidente o caráter dialógico do enquadre enunciativo propiciado pelo depoimento do orkut em um espaço utilizado para a construção da alteridade, ou melhor dizendo, da relação mútua entre as imagens das categorias atribuídas ao eu e ao outro que se entrecruzam nos textos.
  • 25. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  APOTHÉLOZ, D. & REICHLER-BÉGUELIN, M. J. Construction de la référence et strategies de designation. In: BERRENDONNER e REICHLER-BÉGUELIN, M-J. (eds.). Du sintagme nominal aux objects-de-discours: SNs complexes, nominalisations, anaphores. Neuchâtel: Université de Neuchâtel, 1995. p. 227-271.   BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. de P. Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 [1979].   ______./VOLOSHINOV. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006 [1929].   BEAUGRANDE, R. New Foundations for a Science of Text and discourse: cognition, communication, and the freedom of access to knowledge and society. Norwood, NJ: Ablex, 1997. Disponível em: <http://www.beaugrande.com/new_foundations_for_a_science.htm>. Acesso em: 21 jul. 2007.  BENTES, A. C. A abordagem do texto: considerações em torno dos objetos e unidades de análise. In: LIMA- HERNANDES, M. C. Gramaticalização em perspectiva: cognição, textualidade e ensino. São Paulo: Paulistana, 2010. p. 139-154.   CAVALCANTE, M. M. Entre o definido e o indefinido. In:______.; BRITO, M. A. P. (Orgs.). Gêneros textuais e referenciação. 1. ed. Fortaleza: Protexto, v. 1, 2004a. p. 1-11. CD-ROM.   COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.   CUNHA LIMA, M. L. Indefinido, Anáfora e Construção Textual da Referência. 231f. Tese (Doutorado em Linguística) – Departamento de Lingüística do Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2004. 
  • 26. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  KOCH, I. G. V. Sobre a seleção do núcleo das formas nominais anafóricas na progressão referencial. In: NEGRI, L.; FOLTRAN, M. J.; OLIVEIRA, R. P. (Org.) Sentido e significação: em torno da obra de Rodolfo Ilari. São Paulo: Contexto, 2004a. p. 244-262.   ______. Expressões nominais indefinidas e a progressão referencial. In: CAVALCANTE, M. M.; BRITO, M. A. P. (Orgs.). Gêneros textuais e referenciação. 1. ed. Fortaleza: Protexto, v. 1, 2004b. p. 1-8. CD-ROM.   ______. Introdução à linguística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2006a.   ______. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 2008a [1989].  ______. Princípios teórico-analíticos da Linguística Textual. In: ______. As tramas do texto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008b. p. 11-25.   ______. & CUNHA LIMA, M. L. Do cognitivismo ao sociocognitivismo. In: MUSSALIN, F. & BENTES, A. C. (Orgs.) Introdução à linguística: fundamentos epistemológicos. v. 3. São Paulo: Cortez, 2004. p. 251-310.   ______. & MARCUSCHI, L. A. Processos de referenciação na produção discursiva. In: DELTA, São Paulo, v. 14, n. especial, 1998.   MARCUSCHI, L. A. A questão do suporte dos gêneros textuais. DLCV: Língua, linguística e literatura, João Pessoa, v.1, n.1, p. 9-40, 2003.  ______. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, L. A; XAVIER, A. C. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 13–67.
  • 27. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  ______. & KOCH, I. G. V. Estratégias de referenciação e progressão referencial na língua falada. In: ABAURRE, M. B. (Org.). Gramática do português falado. v. 8. Campinas, SP: Ed. da Unicamp/FAPESP, 2002. p. 31-56.   MATOS, J. G. As funções discursivas das recategorizações. 146f. Dissertação (Mestrado em Lingüística) – Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2004.   MONDADA, L. & DUBOIS, D. Construction des objets de discours et catégorisation: une approche des processus de référenciation. In: BERRENDONNER, A. & REICHLER-BÉGUELIN, M-J. (eds.). Du sintagme nominal aux objets-de-discours: SN complexes, nominalisations, anaphores. Neuchâtel: Université de Neuchâtel, 1995. p. 273-302.   SHELP, D. Nos laços (fracos) da internet. Veja, n. 2120, 08 jul. 2009. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/080709/nos-lacos-fracos-internet-p-94.shtml>. Acesso em: 18. jul. 2009.   TAVARES, D. P. F. Processos de recategorização – uma proposta classificatória. 157p. Dissertação (Mestrado em Lingüística) – Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2003.   www.orkut.com