O documento discute neologismos em versões em português dos livros Oryx e Crake e O Ano do Dilúvio de Margaret Atwood. Aborda os contextos de investigação e tradução, tipos de neologismos como denominativos e conotativos, e temas como ficção especulativa, utopia, distopia e corpos pós-humanos na obra de Atwood.
1. MUNDOS DISTÓPICOS E CORPOS PÓS-
HUMANOS: UMA REFLEXÃO ACERCA DOS
NEOLOGISMOS NAS VERSÕES EM LÍNGUA
PORTUGUESA DE ORYX E CRAKE E O ANO
DO DILÚVIO DE ATWOOD
Profa. Ma. Sandra Mina Takakura
2. CONTEXTO DE INVESTIGAÇÃO
• Uma língua passa por sucessivas mudanças lexicais ao longo do tempo,
tendo a incorporação de novas palavras e o não uso de outras. Tal
processo é perceptível principalmente na fala informal e menos perceptível
na escrita, pois o uso constante daquela palavra pode resultar ou não
numa inclusão no arcabouço lexical de uma determinada língua.
• Em questões de literatura, os neologismos prefiguram um universo literário
que pode estar relacionado diretamente com o contexto e o período de
criação literária, o gênero literário que a escrita se enquadra, uma visão de
mundo específica de um determinado autor ou autora, podendo ou não
contemplar as marcas de gêneros desse autor, uma vez que as marcas de
gêneros masculinas podem ser consideradas de marca zero. Sendo os
neologismos uma marca da criatividade lexical de um determinado autor
ou autora, dificilmente será incorporada a uma linguagem formal ou figurar
num dicionário.
3. TRADUÇÃO
Ainda, em obras versadas à língua portuguesa, as escolhas acerca da
criatividade lexical também passam pelas mãos do tradutor ou tradutora.
De acordo com Jakobson (1971, p.64):
[. . .] o significado de um signo lingüístico não é mais que sua
tradução por um outro signo que lhe pode ser substituído,
especialmente um signo ‘no qual ele se ache desenvolvido de
modo mais completo’, como insistentemente afirmou Peirce, o
mais profundo investigador da essência dos signos. (...) Distinguimos
três maneiras de interpretar um signo verbal: ele pode ser traduzido
em outros signos da mesma língua, em outra língua, ou em outro
sistema de símbolos não-verbais
4. Ainda segundo Jakobson, (1971, p. 64-65):
1) A tradução intralingual ou reformulação (“rewording”) consiste
na interpretação dos signos verbais por meio de outros signos da
mesma língua. 2) A tradução interlingual ou tradução
propriamente dita consiste na interpretação dos signos verbais por
meio de alguma outra língua. 3) A tradução intersemiótica ou
transmutação consiste na interpretação dos signos verbais por
meio de sistemas de signos não verbais.
5. toda experiência cognitiva pode ser traduzida e
classificada em qualquer língua existente. Onde
houver uma deficiência, a terminologia poderá ser
modificada por empréstimos, calcos, neologismos,
transferências semânticas e, finalmente, por
circunlóquios. (JAKOBSON, 1971, p. 67)
6. TRADUÇÃO DE NEOLOGISMOS
O estudo parte do campo da estilística lexical em Martins (2005), Mattoso Jr.
(1877) em que os neologismos são considerados como recurso estítico da
língua resultados de escolhas do autor.
A estilística léxica ou da palavra estuda os aspectos
expressivos das palavras ligados aos seus
componentes semânticos e morfológicos os quais,
entretanto, não podem ser completamente
separados dos aspectos sintáticos e contextuais”
(MARTINS, 2005, p.97)
7. PALAVRAS GRAMATICAIS E
PALAVRAS LEXICAIS
As palavras gramaticais se referem às “palavras-formas, palavras vazias e
instrumentos gramaticais (ou não palavras)”, sendo que ‘[s]ua significação só é
apreendida no contexto linguístico, daí dizer-se que é intralinguística ou interna”
(MARTINS, 2005, p. 99).
As palavras lexicais são conhecidas como “lexicográficas, nocionais, reais, plenas,
mesmo isoladas, fora da frase, despertam em nossa mente uma representação, seja
de seres, seja de ações, seja de qualidade de seres ou modo de ações.” (idem, p.
104) Ainda, as palavras lexicais possuem uma “significação extralinguística ou
externa, visto que remetem a algo eu está fora da língua e que faz parte do mundo
físico, psíquico e social.” (ibidem).
Enquanto que para Lapa (1977, p. 6) as palavras reais se diferem dos instrumentos
gramaticais. As palavras reais ou semantemas são “fundamentais, que levam para si
toda a responsabilidade do sentido da frase”, enquanto que os instrumentos
gramaticais ou morfemas que são “encarregados de estabelecer a ligação entre as
ideias”.
8. • Outro aspecto a ser notado é a distinção entre significado e sentido
traçada por Tatiana Slama-Cazacu que será crucial no processo
investigativo dos léxicos e suas expressividades (1970, p, 209. In: MARTINS,
2005, p. 106):
A palavra é um signo sonoro, que contém um núcleo significativo,
que se atualiza e se completa pelo seu aparecimento em um
conjunto de linguagem concreta. As palavras exprimem a
realidade justamente porque podem moldar ou completar o
significado conforme a situação.
9. NEOLOGISMOS
Neologismo de acordo com Lapa (1977, p.
53) significa “novos meios de expressão,
inventados por quem fala e escreve um
idioma[...]”. São definidos como “a nova
palavra” resultante do “processo de criação
lexical [que] se dá o nome de neologia”
(ALVES, 2007, p. 5).
10. NEOLOGISMO DENOMINATIVO
[...] celui-ci s'impose au système linguistique comme en témoignent
les innombrables néologismes de forme ou de sens créés pour faire
face à l'évolution du monde contemporain, à la dénomination de
toutes les inventions scientifiques et techniques. C'est cette forme
de néologie que nous appelons dénominative, dont le trait
caractéris tique semble être que la forme esthétique du terme n'en
trave nullement sa diffusion puisque c'est la chose dif fusée qui
emporte avec elle son nom, même disgracieux, même étranger. La
masse parlante s'approprie le mot par différents procédés de
simplification (télé pour télévision, ciné pour cinéma, la pilule pour -
planning familial ou birth control). (GILBERT, 1973, p. 24-25)
11. NEOLOGISMO CONOTATIVO
Il existe une autre forme de néologie fondée sur la recherche de
l'expressivité pour traduire des pensers anciens d'une manière
nouvelle ou pour donner leur nom à des modes de penser ou de
sentir inédits. Cette néologie qui relève de la recherche stylistique
liée à l'originalité et à la personnalité du locuteur, pleine de
résonances affec tives, psychologiques, psychanalytiques même,
nous l'ap pellerons néologie connotative. (GILBERT, 1973, p. 25)
12. NEOLOGISMOS
Neologismos denominativos
• Situação corriqueira
• Comerciais
• Função referencial
• Objetivo de comunicar
• Possibilidade de desneologizar e ser
incorporado ao sistema linguístico
Neologismo conotativos
• Texto literário
• Poema e prosa
• Função emotiva
• Função conativa
• Dificilmente é incorporado ao
universo lexical de uma língua
13. MARGARET ATWOOD
• Margaret Atwood –
escritora canadense .
• Sua obra mais
conhecida é: The
Handmaid’s Tale (1985)
traduzido para o
português como A
história da Aia (1987) por
Márcia Serra lançada
pela editora Marco Zero.
14. CORPORA
• Oryx e Crake (2004) lançado no
Brasil e O Ano do Dilúvio (2011) pela
Editora Rocco fazem parte da
trilogia intitulada MaddAddam.
• Em língua inglesa originalmente
composta por Oryx and Crake
(2003), The Year of Flood (2009) e
MaddAddam (2013).
15. OBJETIVOS
• Estudar o gênero literário que Atwood escreve, os temas recorrentes em sua
obra acerca do corpo pós-humano, o ciborgue e do homem e da mulher
especificamente em Oryx e Crake e O Ano do Dilúvio.
• Mapear os processos de neologismos por empréstimos, neologismos
sintáticos (derivação, composição, composição sintagmática) e
semânticos (metáfora, metonímias, repetição, comparação) presentes na
obra.
16. FICÇÃO ESPECULATIVA
• Margaret Atwood resistiu em chamar a sua obra como escritas no gênero
ficção científica e preferiu as chamar de ficção especulativa. Atwood
(2004, p. 513) justifica a adoção desse termo num artigo intitulado: ‘The
Handmaid's Tale and Oryx and Crake "In Context”’, onde explica que a
ficção científica lida com questões que “ainda não podemos realizar ou
começar a realizar” como a conquista de Vênus, enquanto que a ficção
especulativa lida com temas cujos “meios que já possuímos mais ou menos
em mãos e acontecem no planeta Terra”, como a engenharia genética e o
mapeamento do DNA.
• Atwood (2004) admite a fluidez dos termos e que a ficção especulativa é
comumente usada para falar da ficção científica de forma geral, ou ainda
é subdividida em: “ficção científica, ficção científica fantasia e fantasia”.
17. A ficção especulativa “explora as consequencias de tecnologias novas e
propostas de forma gráfica, mostrando-os totalmente operacionais”; “explora
a natureza e os limites de sua signifcação do que é ser humano de forma
gráfica, indo até os seus limites”; “explora os relacionamentos do homem no
universo, uma exploração que frequentemente nos leva a direção de uma
religião e pode facilmente se misturar com a mitologia”; “explora as
propostas de mudanças em organizações sociais de forma gráfica,
mostrando como é viver nesses sistemas” (utopia e distopias); e “explora o
universo da imaginação nos levando corporalmente onde nenhum homem
foi antes” (ATWOOD, 2004).
18. • Atwood centra a narrativa de Oryx e Crake (2004) em torno de uma
personagem masculina Jimmy, O Homem das Neves, sendo que a questão
da mulher é suprimida e a voz da personagem feminina é reprimida num
mundo pós-apocalíptico, por esse fato, a obra pode ser considerada não
só pós-feminista, mas pós-humana. No entanto, os temas referentes como a
criação de uma nova civilização onde os defeitos dos homens e das
mulheres são corrigidos geneticamente, mostram um debate entre a cultura
e a predisposição genética, o que aponta que “discurso feminista é
constitutivo na obra de Atwood” (TOLAN, 2007, p. 274-297).
19. Oryx e Crake (2004), o primeiro livro da Trilogia MaddAddam segundo
Atwood (2004) contém elementos distópicos, mas não pode ser considerada
uma distopia clássica, por não dar uma visão geral da estrutura do sistema
naquela sociedade que vive sob o julgo de um poder opressor, as
personagens vivem em cantinhos, em seus pequenos mundos, muito similares
como os indivíduos contemporâneos vivem. Além do fato de que a autora
defende que a sua escrita partiu do gênero “adventure romance” (um
romance de aventura) (ATWOOD, 2004).
20. UTOPIA E DISTOPIA
• Utopia/eutopia = não lugar/lugar perfeito
*Utopia = Thomas Morus - deslocamento geográfico (guia)
*Looking Backward (1988) de Edward Bellamy e o mais politicamente
engajado News from Nowhere (1890) de William Morris.
“A figura do guia é substituída por duas outras personagens: uma que se
desloca até a utopia; e outra, que vem da utopia para o presente.” (FUNCK,
p. 37)
• Distopia : utopia crítica, não concretização da utopia.
21. ONDAS DISTÓPICAS
1º onda Revolução francesa marca o começo da onda distópica;
Críticas contra o Iluminismo;
O socialismo e controle da população na obra de Malthus que influencia Darwin.
Termina com a obra Frankenstein de Mary Shelley. (CLAEYS, 2010)
2º onda Crítica ao socialismo
Sistema opressor e controle do Estado da informação
A narrativa foca em um personagem que desconhece que está inserido em um sistema
opressivo;
A partir do momento que o personagem percebe que está aprisionado dentro de um
sistema, ele tenta resistir.
Obras clássicas: 1984 de George Orwell, Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, Laranja
Mecânica, etc. (CLAEYS, 2010)
Critica a política/o sistema.
3º onda Obras a partir da década de 1960.
Foco muda da política/sistema para o corpo pós-humano e transumano. (MARQUES, 2013)
O sistema econômico começa a penetrar no corpo, o indivíduo tem o corpo penetrado
pela tecnologia seja para melhorar a sua performance nos esportes no trabalho, seja para
desenvolver a sua capacidade intelectual ou para se alcançar um padrão de beleza
utópico. (JAMESON, 2005)
22. UTOPIA FEMINISTA
Explicitamente feministas ao atacarem não apenas o capitalismo
mas principalmente o caráter patriarcal da sociedade, tais
narrativas negam a validade dos discursos e instituições
hegemônicos ao mesmo tempo que promovem uma redistribuição
e reconceituação do poder. Conforme afirma Carol Pearson em
seu artigo "Women's Fantasies and Feminist Utopias", na sua crítica
ao patriarcado essas utopias imaginam um mundo melhor para as
mulheres ao enfatizar a divisão do poder; ultrapassando o modelo
estritamente "político", criam espaços imaginários onde o potencial
feminino pode ser atualizado. (FUNCK, 1993, p. 37)
23. DISTOPIA FEMINISTA
• Mostra a crítica a uma sociedade onde tema como a maternidade, o
corpo e a repressão são levadas em questão.
• No caso de Atwood a questão feminista vem imbricada com a questão
ecológica.
25. ORYX E CRAQUE
• Jimmy narra as estória como seu amigo Glenn se torna um cientista em um mundo
modificado pela tecnologia, onde os menos capazes frequentam escolas
profissionalizantes e os mais capazes se tornam cientistas. Glenn cria novos seres
azuis que em tese resolveriam os problemas afetivos da humanidade. Há uma
redução da capacidade cognitiva e uma animalização do corpo, uma vez que os
seres se tornam azuis no momento do cio quando todos copulam. Glenn se torna
Crake, e ao seu lado está Oryx uma menina do terceiro mundo que é vendida para
o primeiro mundo. Ela entra em conformidade com os discursos contornando a
situação para sobreviver. Ao final, Crake que havia usado Oryx para distribuir uma
droga que dizimou a população, corta o pescoço de Oryx, forçando Jimmy que
mantém um caso com Oryx a matá-lo. Jimmy se torna o Homem das Neves e
começa guiar os novos seres, os filhos de Crake fazendo com que eles adorem
Oryx como deusa e Crake como o pai morto.
26. O ANO DO DILÚVIO
• A narrativa é contada por Tobyy e por Ren, as duas alternam suas história
de abuso e de violência. Já se passou o apocalipse que se chama dilúvio
seco que dizimara a sociedade. Ren está presa em um clube adulto onde
se apresentava vestida de uma pele sintética verde, e Tobby sobrevive em
uma casa abandonada. Ren é regatada por Amanda que tivera um
relacionamento com Jimmy. Todas elas se encontrar e seguem e se
deparam com os cientistas que fugiram do grupo MadAdão de Glenn/
Crake. No começo todos são vegetarianos, e com o tempo para
sobreviverem começam a matar e a comer as guaxitacas. Por fim,
encontram-se com Jimmy, agora homem das Neves que delira com uma
mulher invisível e que escuta passos se aproximarem.
27. Inglês Oryx e craque Ano do dilúvio
Pleebland terra dos plebeus plebelândia
Wolvog (Wolf + dog) lobocães, mistos de lobos e
cães que são violentos
xxxxxxxxxxxx
Pigoons (pig+ ballon) porcões, porcos com células
humanas transplantadas
igualmente violentos.
balorco
Crakers/ children of Crake Filhos de Crake/ Crakers Filhos de Crake
Snow Man Homem das Neves Homem das Neves
rakunks = racoon+skunk
guaxitaca misto de jaritataca
e guaxinim
xxxxxxxxxxxx
AnooYoo Spa xxxxxxxxxxxx AnooYoo Spa
NooSkins
Helthwiser
NovaPeles, subsidiária da
MaiSaúde
HelthWyzer
chickieNob
chickieNobs
frango sem
cabeça/galetonob
MaddAddam DoidAdão Adão louco, MadAdão
28. Inglês Oryx e craque Ano do dilúvio
RejoovenEsense Compound
complexo REjoovenEsense xxxxxx
Rejooy Corp
xxxxxxxxxxxx Rejooy Corp
Waterless Flood xxxxxxxxxxxx Dilúvio Seco
a pet rakunk (racoon + skunk)
xxxxxxxxxxxx gambaxim, um misto de
gambá e guaxinim
Soybits and soydines xxxxxxxxxxxx produtos de soja
pleebmob business
xxxxxxxxxxxx
comerciantes da ralé
/populacho
polyberry / poliberries xxxxxxxxxxxx poliangos /frutinhas
non-dogs
xxxxxxxxxxxx arremedos de cão
29. CORPO TRANSUMANO E PÓA-
HUMANO
Arguably the best-known inheritor of the “cyborg” strand of posthumanism is
what is now being called “transhumanism”—a movement that is dedicated,
as the journalist and writer Joel Garreau puts it, to “the enhancement of
human intellectual, physical, and emotional capabilities, the elimination of
disease and unnecessary suffering, and the dramatic extension of life span.
What this network has in common,” Garreau continues, “is a belief in the
engineered evolution of ‘post-humans,’ defined as beings ‘whose basic
capacities so radically exceed those of present humans as to no longer be
unambiguously human by our current standards.’ “‘Transhuman,’” he
concludes, “is their description of those who are in the process of becoming
posthuman.” As one of the central figures associated with transhumanism, the
Oxford philosopher Nick Bostrom, makes clear, this sense of posthumanism
derives directly from ideals of human perfectibility, rationality, and agency
inherited from Renaissance humanism and the Enlightenment. (And in this, it
has little in common with Haraway’s playful, ironic, and ambivalent sensibility
in “A Cyborg Manifesto,” which is suspicious—to put it mildly—of the capacity
of reason to steer, much less optimize, what it hath wrought.) “(WOLFE, 2010, p.
xiii)
30. CORPO TRANSUMANO E PÓA-
HUMANO
[m]aterialism is already omnipresent in an attention to the body
which seeks to correct any idealism or spiritualism lingering in this
system. Utopian corporeality is however also a haunting, which
invests even the most subordinate and shamefaced products of
everyday life, such as aspirins, laxatives and deodorants, organ
transplants and plastic surgery, all harbouring muted promises of a
transfigured body. (JAMESON, 2005, p. 6)
31. BLENDS X JUSTAPOSIÇÃO
Blends: mais do que aglutinação, pode ocorrer perda da integridade morfonológica
do primeiro vocábulo.
• Cruzamentos lexicais/ Amálagamas (PRUVOST; SABAYROLLES, 2003)/ mesclagens
lexicais (GONÇALVES, 2006)/ Fusão ou intersecção lexical.
Ex.:
Varuçoba => vatapá + caruru + maniçoba
Em alguns casos necessita-se de um som semelhante para que o processo ocorra.
* Justaposição mantém intacta os vocábulos que formaram o neologismo: girassol,
guarda-chuva
• * Agluticação: Aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto)
• Pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre
32. RESULTADOS
• Processos morphofonológico:
• Blend = formação de vocábulos sem conservar as raízes dos vocábulos que deram
origem ao neologismo, cuja formação depende de sons semelhantes. O processo
neológico em inglês pode diferir na versão do português e até mesmo
desaparecer.
Soydine = soy + sardine => produtos de soja
rakunks = racoon + skunk => Guaxitaca = guaxinim + jaritataca
(guaxinim + gambá)
Tradução criativa, aproximada respeitando as peculiaridades da língua portuguesa.
Processo morfológico:
* Composição por justaposição.
NooSkins = new + skins => NovaPeles
tradução de sentidos
33. RESULTADOS
• Processo Semântico- sintático:
• Snow Man => Homem das Neves
• Children of Crake => Filhos de Crake
Processos que formam sintagmas na tradução.
Processo peculiar da língua inglesa que se perdeu na tradução:
Non-dogs => arremedos de cão
Prefixo “non” de negação
34. CONCLUSÃO
O processo de tradução das duas obras de Atwood mostraram a dificuldade
de se transporem os neologismos para a língua portuguesa. A língua
portuguesa que apresenta uma infinidade de possibilidades de formação
neológica morfológica derivacional ficou inexplorada até mesmo pela
diferença linguística na passagem do inglês , uma língua modal para a língua
portuguesa, uma língua flexional que privilegia a criação por meio da
derivação e por uma ampla possibilidade lexical. O trabalho do tradutor é
árduo, mas vale a pena se questionar acerca do impacto de se
desneologizar um termo no processo da tradução. Um dos temas mais
polêmicos na atualidade é a tradução do terceiro volume da trilogia Jogos
Vorazes, “Mocking Jay” que foi desneologizada no processo da tradução
para “Esperança”.
35. REFERÊNCIAS
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