O documento discute o conceito de genocídio e sua relação com a população negra no Brasil. Apresenta estatísticas sobre a violência policial e o assassinato de jovens negros, argumentando que esses fatos constituem formas de genocídio. Também critica a falta de memoriais e estudos sobre a escravidão comparado ao holocausto, questionando a invisibilização da história e do sofrimento da população negra.
Debate sobre genocídio e violência racial no Brasil
1.
2. DEBATE SOBRE O GENOCÍDIO
Carin Carrer @gmail.com
Graduada Geografia UNICAMP
Integrante Fórum de Hip Hop Municipal SP
Mestre Geografia USP
Doutoranda Geografia UNB
3. Claude Raffestin.
Sobre o genocídio: “Trata-se de eliminar uma etnia,
uma raça, um grupo linguístico ou uma minoria
religiosa que representa um obstáculo (ou um
negócio) a uma política de homogeneização ou de
integração. É a violência elevada à categoria de meio
político”. Livro Por uma geografia do poder. (1980)
Genocídio = Prática do Estado moderno e do seu
desenvolvimento.
4. Abdias do Nascimento.
O genocídio se manifesta pelo extermínio do corpo, mas
também por outras formas:
1. A história da escravidão tida a partir do senhor benevolente;
2. Não aceitar na história a exploração sexual da mulher
africana;
3. Seguir com o mito do “africano livre”;
4. A estratégia do embranquecimento da raça e da cultura;
5. A proibição da discussão da raça e da discriminação;
6. A difusão de uma democracia das raças brasileiras
internacionalmente;
7. O sincretismo religioso e
8. A estética da brancura nos artistas negros aculturados.
Livro O genocídio do negro brasileiro: Processo de um racismo
mascarado. (1978)
5. Fonte: ANJOS, R. S. A. Atlas Geográfico África Brasil.
2014. Brasília: Mapas Editora & Consultoria LTDA.
(Maior circulo representa cerca de 3 e 4 milhões)
Qual é a
história
dessa
demografia?
6. Qual diáspora
(processo de expulsão forçada de uma civilização)
e qual Genocídio ?
(extermínio de uma população)
Oficial + 10 milhões de africanos
escravizados...
Fonte: yadvashem.org
Africana Judia
Extermínio
(genocídio)
660 mil
durante a
travessia
+ 6 mil só no
Valongo RJ
(pretos
novos)
+
Assassinatos
e Descartes
Escravidão
E prossegue...
6 milhões
Holocausto
(Banco de
Dados Museu
do Holocausto
Israel)
População
no Brasil
(censo IBGE
2010)
Mais de 50%
da
população
brasileira
0,056% da
população
brasileira
Memória Museu da
escravidão
Brasil?
Museu
Holocausto
Curitiba
Número de Filmes? Número de Memoriais?
Número de Museus? Número de Estudos?
E, ainda, quais descendentes são donos do meio de
produção?
Quem vive em campos de concentração?
7. Fonte: ANJOS, R. S. A. Atlas Geográfico África Brasil.
2014. Brasília: Mapas Editora & Consultoria LTDA.
(Maior circulo representa cerca de 3 e 4 milhões)
Qual é o
presente
dessa
demografia?
8. Policiais Civis e militares mataram 571 pessoas entre primeiro
de janeiro e 31 de agosto de 2015. De homicídios dolosos em
serviço, fora de serviço e resistências seguidas de morte.
Fonte do trecho e do Infográfico: Jornal Folha de São Paulo. 21/09/2015.
PESSOAS MORTAS POR POLICIAIS
Dados de policiais de 1º de janeiro até 31 de agosto de cada ano
9. “O Brasil é o país onde mais se mata no mundo,
superando muitos países em situação de guerra. Em
2012, 56.000 pessoas foram assassinadas. Destas,
30.000 são jovens entre 15 a 29 anos e, desse total,
77% são negros. A maioria dos homicídios é praticado
por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam
a ser julgados.”
Fonte: Dados do site “Anistia Internacional Brasil”.
10. Para o estudo “Mapa da violência 2014”,
o homicídio de jovens no Brasil tem COR!
Entre 2002 e 2012, o número de vítimas brancas cai
32,3%. O número de vítimas jovens negras aumenta
32,4%.
Fonte: “Mapa da Violência 2014: Os jovens do Brasil”, Julio Jacobo Waiselfisz. FLACSO. Rio de Janeiro. 2014.
11. Dos estupros e projetos de embranquecimento
(Adias)
Genocídio: Classificação Pardo
Pardo faz parte da Nação Diaspórica?
Há reconhecimento da condição diaspórica e
há o fio-condutor da sua história com o seu presente?
O que é Pardo? Anônimo? Meliante? Aviãozinho que
tem que morrer?
12. Em operação de combate ao tráfico, a
Polícia Civil de Ubá (MG) prendeu um
jovem de 22 anos e apreendeu dois
adolescentes de 15 anos. Foram
apreendidos cerca de 53 pedras de
crack, 18 papelotes de cocaína,
materiais para embalar e uma
motocicleta. (Imagem e trecho extraídos do site
“G1”.19/03/2014).
Helicóptero, com quase meia tonelada de
pasta de cocaína, apreendido por meio de
operação conjunta da Polícia Militar (PM)
do Espírito Santo e da Polícia Federal, está
aeronave é a única registrada em nome da
Limeira Agropecuária e Participações Ltda,
fundada por Zezé Perrella e posteriormente
transferida para seus filhos, inclusive para
o deputado estadual Gustavo Perrella
(SDD), de Minas Gerais. (Imagem Site “Minas
247”: 1/07/2014 e trecho extraído do site “Viomundo”.:
28/11/2013).
13. MORTEIROS EM ENTERRO DE MENINO MORTO NO CAJU
TINHAM INSCRIÇÕES DO TRÁFICO
“O DIA” – RIO DE JANEIRO“. 25/09/2015
Durante o sepultamento de Herinaldo, amigos se despediram
com fogos de artifício. “Até quando eles vão matar as
crianças da nossa comunidade”, dizia num cartaz. Outros
vestiam camisas coma inscrição: ‘Bagdá em Luto’. (...) Alguns
morterios apreendidos tinham inscrições como ‘Bonde do
Playboy’ e ‘ADA do Caju’, uma referência ao tráfico local.
Vítima de uma pedrada de raspão na testa, o sargento André
Fernandes, 4º BPM (São Cristóvão), se indignou e criticou a
ação do grupo. “Teve de tudo aqui. Jogaram pedras e bolas
de gude nos policiais. Felizmente o ferimento foi leve. É
assim que eles protestam?”, reclamou o PM, que não
precisou de atendimento e passa bem. Dentro do cemitério,
pessoas que participavam de outros velórios se assustaram e
se esconderam atrás de túmulos. Um segurança do cemitério
impediu que um adolescente usasse um pedaço de pau para
atingir um policial.
14. “ESTAVA INDO COMPRAR BOLINHA DE PINGUE-
PONGUE”, DIZ AMIGA DE MENINO ASSASSINADO
EM FAVELA NO RJ
“Revista Fórum” 24/07/ 2015
Herinaldo Vinicius de Santana, de 11 anos, morto
após ser baleado no tórax na última quarta-feira (23)
no Complexo do Caju (RJ), “estava indo comprar uma
bolinha de pingue-pongue” quando foi
atingido, segundo uma amiga relatou ao
portal Extra. “Tinha 80 centavos no bolso. Os
policiais [da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do
Caju] levaram um susto e atiraram contra ele. Não
tinha bandido nenhum. Nessa hora, todos em volta
se desesperaram. Quando viram que estava morto,
as pessoas começaram a gritar. A última frase dele
foi ‘Quero a minha mãe’. Mas, quando ela chegou, já
estava morto”, afirmou a jovem.
15. Nilo Batista, Raul Zaffaroni, Vera
Malaguti “Estado de Polícia”. 2015.
Para europeus genocídio é só de branco
. Práticas do Estado policial
. Confusão de operação militares e massacre da
população.
. Globalização: da segurança nacional (época da
ditadura militar) para a segurança urbana.
. Massacre “a conta-gotas”.
16. Qual a importância deste debate para a
compreensão da diáspora africana na
globalização?
Aprofundamento do Genocídio: extermínio e anonimato
Encarceramento em massa
Diminuição da maioridade penal
Operação/guerra contra o tráfico de drogas
Depois de 100 anos de “abolição”: ainda timidas políticas
compensatórias
Cordialidade da elite branca: apartheid à brasileira
(processo de periferização racial – diáspora amplia-se)