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Vol. 6 Nº 2(dezembro de 2014)
pp. 29-36. ISSN1852-4451.
Revisão da oficina
Movimento corporal e musicalidade
Aplicação de recursos tecnológicos na análise de artes temporárias
em contextos ecológicos e interativos
1º de dezembro de 2014
Alejandro César Grosso Laguna
Laboratório de Estudo da Experiência Musical (LEEM) –
Faculdade de Belas Artes – Universidade Nacional de La Plata
Traduzido do Espanhol para o Português - www.onlinedoctranslator.com
Movimento Corporal e Musicalidade
Introdução
Neste workshop, o Dr. Alejandro Grosso Laguna, abaixo assinado, apresentou o
trabalho que tem vindo a desenvolver em Portugal com a sua equipa de
investigação composta pelo Lic. Rui Pires, consultor biomecânico-esportólogo,
e pela Lic. Diana Pinto, bailarina profissional. O tema abordado corresponde ao
estudo de pós-doutoramento que está a realizar, orientado pelo Dr. Jorge
Salgado Correia (Universidade de Aveiro) e pelo Dr. da Faculdade de
Motricidade Humana da Universidade de Lisboa.
A equipa do Dr. Laguna tem desenvolvido o seu trabalho no Laboratório de
Movimento Humano da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e nas
instalações do CEDAR (Centro de Actividade Física e Recreação) da Universidade
Técnica de Lisboa.
A oficina foi realizada no dia 1º de dezembro deste ano nas instalações da
Faculdade de Belas Artes da Universidade Nacional de La Plata, teve carga horária de 4
horas e foi destinada a músicos, dançarinos e pesquisadores da corporalidade.
O tema central do workshop foi mostrar como a tecnologia pode nos ajudar
(i) observar e compreender melhor os detalhes rítmico-articulatórios das ações físicas
de músicos e bailarinos; (ii) analisar quantitativamente como estes detalhes são
acordados e unificados em performances interativas, (iii) através destas observações
(e autoconfrontação ativa), desenvolver uma metalinguagem comum que se baseia
numa teoria da experiência musical ao longo do tempo.
O maior desafio que esta apresentação teve que superar foi como apresentar
a mesma ideia para um público que possui retóricas diferentes para se referir às
experiências corporais do ritmo e da música, ou seja, como conduzir a exposição
diante dessa diferença?
A estrutura da oficina foi abordada a partir de 13 linhas temáticas, algumas
delas mais ligadas ao conhecimento e experiência dos músicos e outras mais
ligadas ao conhecimento e experiência dos bailarinos.
-
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Características gerais da percepção do bailarino e do músico.
Musicalidade comunicativa.
Gestos, psicolinguística, esportes e física. Fases de movimento.
Indicadores visuo-espaciais de velocidade zero.
Movimento do corpo.
Análise MOCAP.
Movimento e seus componentes. Movimento na
produção sonora. Fundamentação teórica da
percepção da batida.
Aspectos temporais da percepção e cognição musical. Intuição
musical.
Percepção e execução do ritmo.
Musicalidade e análise quantitativa de movimentos musicais e de
dança.
Partituras vs. desempenho. A contagem dos tempos.
-
-
-
O desenvolvimento do tema partiu de duas observações relacionadas à
percepção da estrutura temporal do movimento na atividade do bailarino e do
músico. Na música, o principal objeto de nossa atenção é a percepção da variação
estruturada do som. Nesse sentido, foi explicado que os músicos estão
acostumados a pensar e refletir principalmente sobre a organização temporal do
30 Boletim SACCoM,6 (2)
Lagoa Grossa
aspectos sonoros de suas performances e que as qualidades dos movimentos envolvidos na
própria performance são relegadas à intuição cinética.
Na dança, o principal objeto de nossa atenção é a percepção da variação
estruturada do movimento do corpo. Os bailarinos estão habituados a pensar,
refletir e trabalhar aspectos relacionados com a organização do seu corpo no
espaço. Por outro lado, a estrutura métrica e articulatória das ações físicas que
realizam foi deixada nas mãos da intuição musical.
Tema e fundamentação teórica
Dois dos aspectos mais importantes do trabalho conjunto de bailarinos e músicos,
no contexto das aulas e ensaios de dança, é coordenar e unificar os detalhes rítmico-
articulatórios dos seus encontros performativos. Trata-se de estabelecer negociações
baseado na teoria da musicalidade(Malloch e Trevarthen, 2008) que são em grande parte
realizados de forma intuitiva. Além disso, esta actividade implica que os seus agentes
tenham de gerir (i) aspectos temporais da cognição musical (impulso, pulsação, métrica,
métrica e estrutura de agrupamento) (Cooper e Meyer, 1960; Lerdhal e Jackendoff, 1983);
(ii) componentes da percepção rítmica e da performance (padrão rítmico, andamento,
tempo expressivo e andamento expressivo) (Honing, 2013); e (iii) componentes inerentes
ao movimento do corpo (peso, massa, inércia, velocidade, quantidade de movimento,
quantidade de movimento e energia) (Meinel e Schnabel, 2004).
A experiência mostra que tanto os bailarinos (intérpretes, coreógrafos, professores)
como os músicos (dança, diretores, instrumentistas) carecem de (i) uma estrutura comum para
identificar esses componentes na visuo-espacialidade e na cinesia e (ii) uma retórica comum
que lhes permita referir-se precisamente a toda esta realidade complexa, cinética e multimodal.
Nesse sentido, apontou-se que o ensino da dança e da música tem se apoiado
em teorias que descrevem externamente os elementos que os constituem sem que
estes estejam vinculados à experiência corporal de execução em tempo real. E é
justamente a execução no tempo dos movimentos do corpo que permite que a
comunicação e a experiência sentida da atividade sejam compartilhadas.
Ou seja, o sucesso ou não da comunicação entre músicos e bailarinos
dependeu em grande parte do estado musicalmente intuitivo que partilham.
Foi explicado que a teoria da música e da dança não tem conseguido
mostrar, por um lado, como podemos estudar a execução do ritmo do movimento
do corpo do bailarino e ligá-lo aos sons produzidos pelos músicos e o que tomam
como referência métrica o movimento; Por outro lado, como os músicos
relacionam e ajustam a execução rítmica da sua música com os movimentos
corporais que observam (o que observam).
O objetivo do workshop foi mostrar, em primeiro lugar, como a tecnologia e
análise de captura de movimento e o paradigma dos indicadores de velocidade zero
podem dar conta de detalhes da interação que sentimos mas que nos escapam à
análise a olho nu e, em segundo lugar, podem nos ajudar a responder como estudar a
correlação entre a execução do ritmo musical com a execução do ritmo dos
movimentos corporais executados pelo bailarino.
Em relação a estas questões de natureza comunicacional, foi apresentada a
hipótese de que o baixo nível de reflexão sobre a ligação entre a experiência corporal e a
percepção (corporificada) da performance rítmica é o principal factor que leva músicos e
bailarinos a terem dificuldade em estabelecer uma retórica comum que lhes permita
estabelecer uma comunicação mais eficaz (sobre os seus detalhes expressivos).
Boletim SACCoM,6 (2) 31
Movimento Corporal e Musicalidade
Uma das principais linhas temáticas do workshop foi a apresentação das diferentes
etapas da configuração da análise da performance interativa entre bailarinos e músicos
que realizam performances programadas de acordo com quadros musicalmente métricos.
Primeiramente foi explicado o recurso metodológico de análise do movimento
denominado Indicadores Viso-Espaciais de Velocidade Zero (IVE=0) (Laguna e Shifres, 2011;
Laguna, 2013). Este é o padrão que deve ser seguido para segmentar as trajetórias do
movimento de um corpo segundo um critério que é definido pelo instante em que a parte
do corpo que queremos estudar adquire uma velocidade de valência zero. A
fundamentação metodológica do Indicador Visual-Espacial (IVE) leva contribuições da
teoria psicolinguística (Kendon, 1980b; McNeill, 1992), da teoria do movimento (Meinel e
Schnabel, 2004) e das magnitudes vetoriais (Resnick & Krane, 2001). Considerando estes
enquadramentos Laguna (em preparação) explicou que as ações físicas podem ser
analisadas considerando duas fases (preparatória e final) que estão ligadas por um golpe
ou impacto.
Em segundo lugar, foi explicado como utilizamos a técnica de microanálise
(Valsiner, 2007) para detectar e marcar a posição temporal do IVE=0. A base
metodológica para extração da valência de velocidade zero do indicador é a
observação do movimento corporal em câmera lenta (30 quadros por segundo —
Premiere CS6 Software).
Em terceiro lugar, as diferentes etapas da análise foram explicadas através de
dois sistemas diferentes de captura de movimento que nos permitem visualizar IVE e
IVE=0 a partir de diferentes perspectivas. O primeiro é o sistema portátil Quintic que
registra imagens em 2 eixos e o segundo é o sistema fixo e plataformas de pressão
Vicon que registra imagens e forças em três eixos (ver blog do autor
http://visual-spatial-indicators.tumblr.com ).
Figura 1.Estudo em andamento que busca investigar a relação temporal entre os diferentes
fases de movimento envolvidas na produção do som através de uma baqueta e a
forma do som. O ambiente de trabalho corresponde ao programa Adobe Premiere
CS5.5. A imagem (topo) mostra a segmentação do movimento em três
fases segundo o critério dos momentos em que a trajetória assume a velocidade
de valência igual a zero. A imagem (parte inferior) mostra a relação entre o
32 Boletim SACCoM,6 (2)
Lagoa Grossa
inícios, deslocamentos, categorias rítmicas (barras verticais) e as fases de
movimento correspondentes (curva amarela). O eixo X é o tempo e o eixo Y é a
intensidade da onda sonora e a distância do movimento. Os pontos vermelhos no eixo
X são os impactos da baqueta contra uma mesa. Whiteheads instantâneos
zero que corresponde ao final da fase de retração e ao início da fase de recuperação
preparação.
Figura 2.Sistema Quíntico. Na imagem superior esquerda você pode ver no corpo de
à bailarina as linhas que unem os segmentos ósseos da perna direita. As linhas lilás e azul
representam a trajetória da 3ª falange distal da mão e dos indicadores da 1ª falange.
distal do pé.
Encerramento/Conclusão
A Oficina mostrou como alguns problemas de comunicação ligados à
coordenação e unificação de detalhes articulatórios nos encontros performativos de
músicos e bailarinos podem ser estudados através de diferentes dispositivos
tecnológicos. Foi demonstrado o desenvolvimento de uma metodologia empírica que,
ao aplicar o referencial teórico do IVE=0, permitiu representar graficamente, comparar
e quantificar componentes da percepção e execução do ritmo.,dos movimentos
corporais do dançarino e do músico.
A originalidade do tema apresentado foi mostrar a origem comum da
percepção musical através do movimento. Além disso, foi expressa a
importância dos componentes físicos das ações corporais na percepção e
expressividade da performance rítmica.
Por fim, os resultados deste trabalho sugerem uma revisão da forma como os
bailarinos utilizam a contagem do tempo (é a estratégia para descrever e comunicar os
seus movimentos) uma vez que na grande maioria dos casos esta contagem filtra aspectos
importantes da execução. desta forma, não consegue refletir a complexidade que
Boletim SACCoM,6 (2) 33
Movimento Corporal e Musicalidade
apresenta a execução e a percepção incorporada do ritmo como uma parte indivisível da dança.
Figura 3.
Figura 4.
Referências
Cooper, G. e Meyer, L. (1960).A Estrutura Rítmica da Música. Chicago: Universidade de
Imprensa de Chicago.
Deutsch, D. (Ed).A psicologia da música.3ª Edição, 2013, San Diego: Elsevier
(1ª edição, 1982, Nova York: Academic Press; 2ª edição, 1999, San Diego: Academic Press)
3. 4 Boletim SACCoM,6 (2)
Lagoa Grossa
Epstein, D. (1995).Moldando o Tempo. Música, o Cérebro e a Performance.Nova York: Schirmer
Livros.
Aprimorando, H. (2013). A estrutura e interpretação do ritmo na música. Em D. Deutsch (Ed.),
Psicologia da Música, 3ª edição (pp. 369-404). Londres: Academic Press. Johnson, M. (1987).O
corpo na mente.Chicago: Universidade de Chicago Press. Labão, R. (1950).Domínio do Movimento.[
Ed, Lisa Ulmann. 1978]. São Paulo: Summus. Lagoa, A. (2008). O Acompanhamento Musical de Dança.
Como identificar o andamento subjacente
frase de movimento? Em M. de la P. Jacquier e A. Pereira Ghiena (Eds.)Objetividade -
Subjetividade e Música. Ata da VII Reunião do SACCoM,pp. 379-389. Disponível em: http://
www.saccom.org.ar/2008reunion7/actas/52.LagunaGrosso.pdf
Lagoa, A. (2009). A perspectiva tonificada da performance musical com movimento. Em S.
Dutto e P. Asis (Eds.).Experiência Artística e Cognição Musical.Villa María:
EditorialUniversitariadeVillaMaría, disponível em http://www.saccom.org.ar/
2009reunion8/actas/LagunaCesar.pdf
Lagoa, A. (2011). Divergência temporal do ensino multimodal nas aulas de técnica de dança. Em
R. Pestana, S. Carvalho e I. Foreman (Eds.)Performa '11. Resultados da pesquisa
em desempenho.Edição: Universidade de Aveiro. Disponível em:
http://performa.web.ua.pt/pdf/actas2011/AlejandroLaguna.pdf
Lagoa, A. (2012). Transmodalidade e Divergência Informacional no Ensino da Dança.
Cadernos de Música, Artes Visuais e Artes Cênicas,7(2), pp. 43-63. Disponível em: http://
revistas.javeriana.edu.co/index.php/cma/article/view/3915
Lagoa, A. (2013a). Revisão de Problemas de Comunicação na Aula de Técnica de Dança
Observado por um músico de dança.Tese de doutoramento inédita, apresentada
na Universidade de Évora.Disponível em:
http://fba.unlp.edu.ar/leem/wpcontent/uploads/2012/10/2013_laguna_tesis_revision_de_p
rocamas.pdf
Lagoa, A. (2013b). Conceitualização e incorporação da métrica musical nos exercícios
técnicos de dança. Em F. Shifres, M. de la P. Jacquier, D. Gonnet, MI Burcet e R.
Herrera (Eds.),Anais do ECCoM, “Nosso Corpo em Nossa Música. 11º ECCoM”,
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www.saccom.org.ar/actas_eccom/vol1-1_contenido/grosso_laguna.pdf
Laguna, A. e Shifres, F. -
. EmX Encontro para o Cognitivo
Ciências da Música. Musicalidade Humana: debates atuais sobre evolução,
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Laguna, A. e Shifres, F. (2012). Dicas visuais e auditivas no ajuste de pulso síncrono
subjacente entre dançarinos e acompanhantes musicais. Em S. Moreno, P. Roxo, I.
Iglésias (Eds.),Música e Conhecimento em trânsito. XI Conferência da SIBE. Reitoria da
Universidade Nova de Lisboa(s/p). Disponível em: http://fba.unlp.edu.ar/leem/wpcontent/
uploads/2012/10/2012lagunashifresindiciosvisualesyauditivos.pdf
Lerdahl, F. e Jackendoff, R. (1983).Uma teoria generativa da música tonal[Teoria gerativa de
música tonal.(González-Castelao, trad., Madrid. Ed, Akal, SA, 2003] Cambridge, MA:
The MIT Press.
Malloch, S. e Trevarthen, C. (2008).Musicalidade Comunicativa.Imprensa da Universidade de
Oxford. Resnick, R. e Krane, K. (2001).física. Nova York: John Wiley & Sons.
Shifres, F. (2013). Introdução à Educação Auditiva. Em F. Shifres e MI Burcet (Coord.).
Ouça e pense sobre música. Bases Teóricas e Metodológicas.La Plata: EDULP. Págs. 1-66.
Disponível em: http://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/37286.
Shifres, F. e Laguna, A. (2013). Coconstrução do quadro métrico na aula de técnica
dança.Revista Europeia de Estudos Artísticos,4(1),pp. 76-94. Disponível em: http://
www.eras.utad.pt/docs/MAR%202013%20interdisciplinar.pdf
Stern, D. (2010).Formas de vitalidade. Explorando experiências dinâmicas em psicologia, artes;
Psicoterapia e Desenvolvimento.Imprensa da Universidade de Oxford.
Boletim SACCoM,6 (2) 35
Movimento Corporal e Musicalidade
Trevarthen, C. (1980). Os fundamentos da intersubjetividade: Desenvolvimento de relações interpessoais e
compreensão cooperativa em bebês. Em DR Olson (Ed.),Os fundamentos sociais da linguagem
e do pensamento, pp. 316-342. Nova York: Norton.
Valsiner, J. (2007). Epistemologia do Desenvolvimento e implicações para a metodologia. Em W.
Damon (Ed.),Manual de psicologia infantil(6ª edição),1, pp.166-209, Nova York.
Currículo abreviado do expositor
Alejandro Grosso Laguna é Doutor em Estudos Teatrais pela Universidade de Évora
(2007—2013). O tema da sua investigação está ligado ao estudo dos problemas de
comunicação de natureza musical que surgem entre bailarinos e músicos de dança
durante a aprendizagem e performances interativas. Obteve uma bolsa mista de pesquisa
de doutorado daFundação para a Ciência e Tecnologia(2008-2012). A parte estrangeira
desta bolsa foi orientada pelo Dr. Favio Shifres. Estudou música na Faculdade de Belas
Artes (UNLP) e no Conservatório Superior de Música Manuel de Falla, na Argentina.
Posteriormente, obteve a licenciatura em Educação Musical pela Universidade de Évora,
Portugal. Os interesses de pesquisa são: Musicalidade Comunicativa, Intersubjetividade,
Multimodalidade, Gestos, Cognição Musical Corporificada, Música e Dança.
Actividade profissional: músico de dança (14 anos na Escola Superior de Dança de
Lisboa) e professor de Tango. Desde 2013 realiza um pós-doutoramento na Universidade de
Aveiro cujo tema é «Indicadores Visuo-Espaciais de Velocidade Zero. Estudo da musicalidade
comunicativa em performances interativas entre Bailarinos e Músicos de Dança. O programa de
trabalho está sendo desenvolvido noInstituto de Etnomusicologia-Música e Dança,
Universidade de Aveiro, e no Laboratório de Estudo da Experiência Musical da UNLP. O
programa está integrado no âmbito do projeto competitivo e aprovado com financiamento
PICT-2013-0368“Musicalidade comunicativa nas artes temporais e
F ”
Informações detalhadas em: http://visual-spatial-indicators.tumblr.com http://
orcid.org/0000-0001-8560-4011 http://www.degois.pt/visualizador/
curriculum.jsp?key=2255596205231650 E-mail de contacto:
cultura@netcabo.pt
36 Boletim SACCoM,6 (2)

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MOVIMENTO DO CORPO E MUSICALIDADE EM ESPANHOL.es.pt.pdf

  • 1. Vol. 6 Nº 2(dezembro de 2014) pp. 29-36. ISSN1852-4451. Revisão da oficina Movimento corporal e musicalidade Aplicação de recursos tecnológicos na análise de artes temporárias em contextos ecológicos e interativos 1º de dezembro de 2014 Alejandro César Grosso Laguna Laboratório de Estudo da Experiência Musical (LEEM) – Faculdade de Belas Artes – Universidade Nacional de La Plata Traduzido do Espanhol para o Português - www.onlinedoctranslator.com
  • 2. Movimento Corporal e Musicalidade Introdução Neste workshop, o Dr. Alejandro Grosso Laguna, abaixo assinado, apresentou o trabalho que tem vindo a desenvolver em Portugal com a sua equipa de investigação composta pelo Lic. Rui Pires, consultor biomecânico-esportólogo, e pela Lic. Diana Pinto, bailarina profissional. O tema abordado corresponde ao estudo de pós-doutoramento que está a realizar, orientado pelo Dr. Jorge Salgado Correia (Universidade de Aveiro) e pelo Dr. da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa. A equipa do Dr. Laguna tem desenvolvido o seu trabalho no Laboratório de Movimento Humano da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e nas instalações do CEDAR (Centro de Actividade Física e Recreação) da Universidade Técnica de Lisboa. A oficina foi realizada no dia 1º de dezembro deste ano nas instalações da Faculdade de Belas Artes da Universidade Nacional de La Plata, teve carga horária de 4 horas e foi destinada a músicos, dançarinos e pesquisadores da corporalidade. O tema central do workshop foi mostrar como a tecnologia pode nos ajudar (i) observar e compreender melhor os detalhes rítmico-articulatórios das ações físicas de músicos e bailarinos; (ii) analisar quantitativamente como estes detalhes são acordados e unificados em performances interativas, (iii) através destas observações (e autoconfrontação ativa), desenvolver uma metalinguagem comum que se baseia numa teoria da experiência musical ao longo do tempo. O maior desafio que esta apresentação teve que superar foi como apresentar a mesma ideia para um público que possui retóricas diferentes para se referir às experiências corporais do ritmo e da música, ou seja, como conduzir a exposição diante dessa diferença? A estrutura da oficina foi abordada a partir de 13 linhas temáticas, algumas delas mais ligadas ao conhecimento e experiência dos músicos e outras mais ligadas ao conhecimento e experiência dos bailarinos. - - - - - - - - - - Características gerais da percepção do bailarino e do músico. Musicalidade comunicativa. Gestos, psicolinguística, esportes e física. Fases de movimento. Indicadores visuo-espaciais de velocidade zero. Movimento do corpo. Análise MOCAP. Movimento e seus componentes. Movimento na produção sonora. Fundamentação teórica da percepção da batida. Aspectos temporais da percepção e cognição musical. Intuição musical. Percepção e execução do ritmo. Musicalidade e análise quantitativa de movimentos musicais e de dança. Partituras vs. desempenho. A contagem dos tempos. - - - O desenvolvimento do tema partiu de duas observações relacionadas à percepção da estrutura temporal do movimento na atividade do bailarino e do músico. Na música, o principal objeto de nossa atenção é a percepção da variação estruturada do som. Nesse sentido, foi explicado que os músicos estão acostumados a pensar e refletir principalmente sobre a organização temporal do 30 Boletim SACCoM,6 (2)
  • 3. Lagoa Grossa aspectos sonoros de suas performances e que as qualidades dos movimentos envolvidos na própria performance são relegadas à intuição cinética. Na dança, o principal objeto de nossa atenção é a percepção da variação estruturada do movimento do corpo. Os bailarinos estão habituados a pensar, refletir e trabalhar aspectos relacionados com a organização do seu corpo no espaço. Por outro lado, a estrutura métrica e articulatória das ações físicas que realizam foi deixada nas mãos da intuição musical. Tema e fundamentação teórica Dois dos aspectos mais importantes do trabalho conjunto de bailarinos e músicos, no contexto das aulas e ensaios de dança, é coordenar e unificar os detalhes rítmico- articulatórios dos seus encontros performativos. Trata-se de estabelecer negociações baseado na teoria da musicalidade(Malloch e Trevarthen, 2008) que são em grande parte realizados de forma intuitiva. Além disso, esta actividade implica que os seus agentes tenham de gerir (i) aspectos temporais da cognição musical (impulso, pulsação, métrica, métrica e estrutura de agrupamento) (Cooper e Meyer, 1960; Lerdhal e Jackendoff, 1983); (ii) componentes da percepção rítmica e da performance (padrão rítmico, andamento, tempo expressivo e andamento expressivo) (Honing, 2013); e (iii) componentes inerentes ao movimento do corpo (peso, massa, inércia, velocidade, quantidade de movimento, quantidade de movimento e energia) (Meinel e Schnabel, 2004). A experiência mostra que tanto os bailarinos (intérpretes, coreógrafos, professores) como os músicos (dança, diretores, instrumentistas) carecem de (i) uma estrutura comum para identificar esses componentes na visuo-espacialidade e na cinesia e (ii) uma retórica comum que lhes permita referir-se precisamente a toda esta realidade complexa, cinética e multimodal. Nesse sentido, apontou-se que o ensino da dança e da música tem se apoiado em teorias que descrevem externamente os elementos que os constituem sem que estes estejam vinculados à experiência corporal de execução em tempo real. E é justamente a execução no tempo dos movimentos do corpo que permite que a comunicação e a experiência sentida da atividade sejam compartilhadas. Ou seja, o sucesso ou não da comunicação entre músicos e bailarinos dependeu em grande parte do estado musicalmente intuitivo que partilham. Foi explicado que a teoria da música e da dança não tem conseguido mostrar, por um lado, como podemos estudar a execução do ritmo do movimento do corpo do bailarino e ligá-lo aos sons produzidos pelos músicos e o que tomam como referência métrica o movimento; Por outro lado, como os músicos relacionam e ajustam a execução rítmica da sua música com os movimentos corporais que observam (o que observam). O objetivo do workshop foi mostrar, em primeiro lugar, como a tecnologia e análise de captura de movimento e o paradigma dos indicadores de velocidade zero podem dar conta de detalhes da interação que sentimos mas que nos escapam à análise a olho nu e, em segundo lugar, podem nos ajudar a responder como estudar a correlação entre a execução do ritmo musical com a execução do ritmo dos movimentos corporais executados pelo bailarino. Em relação a estas questões de natureza comunicacional, foi apresentada a hipótese de que o baixo nível de reflexão sobre a ligação entre a experiência corporal e a percepção (corporificada) da performance rítmica é o principal factor que leva músicos e bailarinos a terem dificuldade em estabelecer uma retórica comum que lhes permita estabelecer uma comunicação mais eficaz (sobre os seus detalhes expressivos). Boletim SACCoM,6 (2) 31
  • 4. Movimento Corporal e Musicalidade Uma das principais linhas temáticas do workshop foi a apresentação das diferentes etapas da configuração da análise da performance interativa entre bailarinos e músicos que realizam performances programadas de acordo com quadros musicalmente métricos. Primeiramente foi explicado o recurso metodológico de análise do movimento denominado Indicadores Viso-Espaciais de Velocidade Zero (IVE=0) (Laguna e Shifres, 2011; Laguna, 2013). Este é o padrão que deve ser seguido para segmentar as trajetórias do movimento de um corpo segundo um critério que é definido pelo instante em que a parte do corpo que queremos estudar adquire uma velocidade de valência zero. A fundamentação metodológica do Indicador Visual-Espacial (IVE) leva contribuições da teoria psicolinguística (Kendon, 1980b; McNeill, 1992), da teoria do movimento (Meinel e Schnabel, 2004) e das magnitudes vetoriais (Resnick & Krane, 2001). Considerando estes enquadramentos Laguna (em preparação) explicou que as ações físicas podem ser analisadas considerando duas fases (preparatória e final) que estão ligadas por um golpe ou impacto. Em segundo lugar, foi explicado como utilizamos a técnica de microanálise (Valsiner, 2007) para detectar e marcar a posição temporal do IVE=0. A base metodológica para extração da valência de velocidade zero do indicador é a observação do movimento corporal em câmera lenta (30 quadros por segundo — Premiere CS6 Software). Em terceiro lugar, as diferentes etapas da análise foram explicadas através de dois sistemas diferentes de captura de movimento que nos permitem visualizar IVE e IVE=0 a partir de diferentes perspectivas. O primeiro é o sistema portátil Quintic que registra imagens em 2 eixos e o segundo é o sistema fixo e plataformas de pressão Vicon que registra imagens e forças em três eixos (ver blog do autor http://visual-spatial-indicators.tumblr.com ). Figura 1.Estudo em andamento que busca investigar a relação temporal entre os diferentes fases de movimento envolvidas na produção do som através de uma baqueta e a forma do som. O ambiente de trabalho corresponde ao programa Adobe Premiere CS5.5. A imagem (topo) mostra a segmentação do movimento em três fases segundo o critério dos momentos em que a trajetória assume a velocidade de valência igual a zero. A imagem (parte inferior) mostra a relação entre o 32 Boletim SACCoM,6 (2)
  • 5. Lagoa Grossa inícios, deslocamentos, categorias rítmicas (barras verticais) e as fases de movimento correspondentes (curva amarela). O eixo X é o tempo e o eixo Y é a intensidade da onda sonora e a distância do movimento. Os pontos vermelhos no eixo X são os impactos da baqueta contra uma mesa. Whiteheads instantâneos zero que corresponde ao final da fase de retração e ao início da fase de recuperação preparação. Figura 2.Sistema Quíntico. Na imagem superior esquerda você pode ver no corpo de à bailarina as linhas que unem os segmentos ósseos da perna direita. As linhas lilás e azul representam a trajetória da 3ª falange distal da mão e dos indicadores da 1ª falange. distal do pé. Encerramento/Conclusão A Oficina mostrou como alguns problemas de comunicação ligados à coordenação e unificação de detalhes articulatórios nos encontros performativos de músicos e bailarinos podem ser estudados através de diferentes dispositivos tecnológicos. Foi demonstrado o desenvolvimento de uma metodologia empírica que, ao aplicar o referencial teórico do IVE=0, permitiu representar graficamente, comparar e quantificar componentes da percepção e execução do ritmo.,dos movimentos corporais do dançarino e do músico. A originalidade do tema apresentado foi mostrar a origem comum da percepção musical através do movimento. Além disso, foi expressa a importância dos componentes físicos das ações corporais na percepção e expressividade da performance rítmica. Por fim, os resultados deste trabalho sugerem uma revisão da forma como os bailarinos utilizam a contagem do tempo (é a estratégia para descrever e comunicar os seus movimentos) uma vez que na grande maioria dos casos esta contagem filtra aspectos importantes da execução. desta forma, não consegue refletir a complexidade que Boletim SACCoM,6 (2) 33
  • 6. Movimento Corporal e Musicalidade apresenta a execução e a percepção incorporada do ritmo como uma parte indivisível da dança. Figura 3. Figura 4. Referências Cooper, G. e Meyer, L. (1960).A Estrutura Rítmica da Música. Chicago: Universidade de Imprensa de Chicago. Deutsch, D. (Ed).A psicologia da música.3ª Edição, 2013, San Diego: Elsevier (1ª edição, 1982, Nova York: Academic Press; 2ª edição, 1999, San Diego: Academic Press) 3. 4 Boletim SACCoM,6 (2)
  • 7. Lagoa Grossa Epstein, D. (1995).Moldando o Tempo. Música, o Cérebro e a Performance.Nova York: Schirmer Livros. Aprimorando, H. (2013). A estrutura e interpretação do ritmo na música. Em D. Deutsch (Ed.), Psicologia da Música, 3ª edição (pp. 369-404). Londres: Academic Press. Johnson, M. (1987).O corpo na mente.Chicago: Universidade de Chicago Press. Labão, R. (1950).Domínio do Movimento.[ Ed, Lisa Ulmann. 1978]. São Paulo: Summus. Lagoa, A. (2008). O Acompanhamento Musical de Dança. Como identificar o andamento subjacente frase de movimento? Em M. de la P. Jacquier e A. Pereira Ghiena (Eds.)Objetividade - Subjetividade e Música. Ata da VII Reunião do SACCoM,pp. 379-389. Disponível em: http:// www.saccom.org.ar/2008reunion7/actas/52.LagunaGrosso.pdf Lagoa, A. (2009). A perspectiva tonificada da performance musical com movimento. Em S. Dutto e P. Asis (Eds.).Experiência Artística e Cognição Musical.Villa María: EditorialUniversitariadeVillaMaría, disponível em http://www.saccom.org.ar/ 2009reunion8/actas/LagunaCesar.pdf Lagoa, A. (2011). Divergência temporal do ensino multimodal nas aulas de técnica de dança. Em R. Pestana, S. Carvalho e I. Foreman (Eds.)Performa '11. Resultados da pesquisa em desempenho.Edição: Universidade de Aveiro. Disponível em: http://performa.web.ua.pt/pdf/actas2011/AlejandroLaguna.pdf Lagoa, A. (2012). Transmodalidade e Divergência Informacional no Ensino da Dança. Cadernos de Música, Artes Visuais e Artes Cênicas,7(2), pp. 43-63. Disponível em: http:// revistas.javeriana.edu.co/index.php/cma/article/view/3915 Lagoa, A. (2013a). Revisão de Problemas de Comunicação na Aula de Técnica de Dança Observado por um músico de dança.Tese de doutoramento inédita, apresentada na Universidade de Évora.Disponível em: http://fba.unlp.edu.ar/leem/wpcontent/uploads/2012/10/2013_laguna_tesis_revision_de_p rocamas.pdf Lagoa, A. (2013b). Conceitualização e incorporação da métrica musical nos exercícios técnicos de dança. Em F. Shifres, M. de la P. Jacquier, D. Gonnet, MI Burcet e R. Herrera (Eds.),Anais do ECCoM, “Nosso Corpo em Nossa Música. 11º ECCoM”, 1(1), pp. 101-108. Buenos Aires: SACCoM. Disponível em: http:// www.saccom.org.ar/actas_eccom/vol1-1_contenido/grosso_laguna.pdf Laguna, A. e Shifres, F. - . EmX Encontro para o Cognitivo Ciências da Música. Musicalidade Humana: debates atuais sobre evolução, desenvolvimento e cognição; e sua implicação sociocultural.Págs. 451-458. Disponível em: http://www.saccom.org.ar/2011xencuentro/actas/CD.html Laguna, A. e Shifres, F. (2012). Dicas visuais e auditivas no ajuste de pulso síncrono subjacente entre dançarinos e acompanhantes musicais. Em S. Moreno, P. Roxo, I. Iglésias (Eds.),Música e Conhecimento em trânsito. XI Conferência da SIBE. Reitoria da Universidade Nova de Lisboa(s/p). Disponível em: http://fba.unlp.edu.ar/leem/wpcontent/ uploads/2012/10/2012lagunashifresindiciosvisualesyauditivos.pdf Lerdahl, F. e Jackendoff, R. (1983).Uma teoria generativa da música tonal[Teoria gerativa de música tonal.(González-Castelao, trad., Madrid. Ed, Akal, SA, 2003] Cambridge, MA: The MIT Press. Malloch, S. e Trevarthen, C. (2008).Musicalidade Comunicativa.Imprensa da Universidade de Oxford. Resnick, R. e Krane, K. (2001).física. Nova York: John Wiley & Sons. Shifres, F. (2013). Introdução à Educação Auditiva. Em F. Shifres e MI Burcet (Coord.). Ouça e pense sobre música. Bases Teóricas e Metodológicas.La Plata: EDULP. Págs. 1-66. Disponível em: http://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/37286. Shifres, F. e Laguna, A. (2013). Coconstrução do quadro métrico na aula de técnica dança.Revista Europeia de Estudos Artísticos,4(1),pp. 76-94. Disponível em: http:// www.eras.utad.pt/docs/MAR%202013%20interdisciplinar.pdf Stern, D. (2010).Formas de vitalidade. Explorando experiências dinâmicas em psicologia, artes; Psicoterapia e Desenvolvimento.Imprensa da Universidade de Oxford. Boletim SACCoM,6 (2) 35
  • 8. Movimento Corporal e Musicalidade Trevarthen, C. (1980). Os fundamentos da intersubjetividade: Desenvolvimento de relações interpessoais e compreensão cooperativa em bebês. Em DR Olson (Ed.),Os fundamentos sociais da linguagem e do pensamento, pp. 316-342. Nova York: Norton. Valsiner, J. (2007). Epistemologia do Desenvolvimento e implicações para a metodologia. Em W. Damon (Ed.),Manual de psicologia infantil(6ª edição),1, pp.166-209, Nova York. Currículo abreviado do expositor Alejandro Grosso Laguna é Doutor em Estudos Teatrais pela Universidade de Évora (2007—2013). O tema da sua investigação está ligado ao estudo dos problemas de comunicação de natureza musical que surgem entre bailarinos e músicos de dança durante a aprendizagem e performances interativas. Obteve uma bolsa mista de pesquisa de doutorado daFundação para a Ciência e Tecnologia(2008-2012). A parte estrangeira desta bolsa foi orientada pelo Dr. Favio Shifres. Estudou música na Faculdade de Belas Artes (UNLP) e no Conservatório Superior de Música Manuel de Falla, na Argentina. Posteriormente, obteve a licenciatura em Educação Musical pela Universidade de Évora, Portugal. Os interesses de pesquisa são: Musicalidade Comunicativa, Intersubjetividade, Multimodalidade, Gestos, Cognição Musical Corporificada, Música e Dança. Actividade profissional: músico de dança (14 anos na Escola Superior de Dança de Lisboa) e professor de Tango. Desde 2013 realiza um pós-doutoramento na Universidade de Aveiro cujo tema é «Indicadores Visuo-Espaciais de Velocidade Zero. Estudo da musicalidade comunicativa em performances interativas entre Bailarinos e Músicos de Dança. O programa de trabalho está sendo desenvolvido noInstituto de Etnomusicologia-Música e Dança, Universidade de Aveiro, e no Laboratório de Estudo da Experiência Musical da UNLP. O programa está integrado no âmbito do projeto competitivo e aprovado com financiamento PICT-2013-0368“Musicalidade comunicativa nas artes temporais e F ” Informações detalhadas em: http://visual-spatial-indicators.tumblr.com http:// orcid.org/0000-0001-8560-4011 http://www.degois.pt/visualizador/ curriculum.jsp?key=2255596205231650 E-mail de contacto: cultura@netcabo.pt 36 Boletim SACCoM,6 (2)