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Modernismo
O modernismo é o
conteúdo de literatura
mais cobrado no Enem, e
aparece com frequência
também em grandes
vestibulares. Ele é o
movimento seguinte ao
pré-modernismo, parnasianismo e ao simbolismo que
ocorrem no fim do século XIX, e é o momento em que os
artistas brasileiros começam a desenvolver uma identidade
própria, ao invés de só seguir os acontecimentos europeus..
CONTEXTO HISTÓRICO
O modernismo acontece entre 1922 e 1980, durante o fim da
República Velha e o início da República Nova.
Com o fim do Império e a Proclamação da República em 1889,
o Brasil escapou das mãos do Imperador e caiu nas mãos das
elites. A República Velha (de 1889 até 1930) foi a época da
política do café-com-leite, em que as elites cafeeiras de São
Paulo e Minas Gerais usavam o seu poder para manipular as
votações para presidência para se revezarem nos cargos
políticos. O país começou a se industrializar, e a mão-de-obra
escrava foi trocada pela mão-de-obra barata de imigrantes. Era
um momento de quebra, de mudança, e isso se reflete
principalmente nas duas primeiras gerações do modernismo.
Em 1930, começa a Era Vargas. Foi um período de centralização
do poder, em que o mesmo homem governou o país durante
15 anos. Foi um período de vários avanços trabalhistas, quando
as mulheres ganharam o direito ao voto e o fim da política do
café-com-leite. Mas foi também uma época de repressão
política, já que Vargas foi um ditador populista, como eram as
lideranças de vários outros países na época. O modernismo
compreende a Era Vargas do início ao fim, em 1945.
ENQUANTO ISSO NA EUROPA...
Em 1922, o mundo ainda sofria os impactos da Primeira
Guerra Mundial, e até 1980, o mundo sofreria o impacto de
duas grandes guerras e da guerra fria. Toda essa levou as
populações a questionarem o otimismo de décadas
anteriores. Na arte, isso se refletia na popularização de
movimentos abstratos e inovadores como o dadaísmo, o
cubismo e o surrealismo. Vários movimentos ocorriam ao
mesmo tempo.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
O modernismo é dividido em três gerações, que são
diferenciadas pelo foco dos artistas. A primeira delas se inicia
em 1922 com a Semana de Arte Moderna, e tem como foco a
oposição ao parnasianismo. A segunda geração é mais
politizada, e foca mais no retrato da miséria do que qualquer
movimento anterior. Já a última geração é mais melancólica e
deixa um pouco de lado o caráter social.
É importante lembrar que
essas características não
anulam umas às outras, as
gerações funcionam como
blocos de construção: cada
nova fase se apoia nas que
vieram antes. Elas são
divididas assim por razões
didáticas, mas isso não
impede que Drummond,
por exemplo, tenha transitado pelas três fases.
Entenda cada uma das fases:
Primeira Geração
1922-1930
A primeira geração do modernismo
vem em oposição ao parnasianismo, o
movimento poético da “arte pela
arte” em que a forma do poema é o
principal e o conteúdo é um mero
detalhe. Isso resultou em poemas
perfeitamente rimados e ilustrados falando sobre vasos. O
modernismo vai rejeitar isso diretamente, produzindo poemas
como “Os Sapos”, do Manuel Bandeira, em que os parnasianos
são chamados de sapos por “só coaxarem”, produzirem sons
que não fazem nenhum sentido.
Segunda Geração 1930-1945
A segunda geração é a mais politizada,
onde aparece finalmente o retrato da
pobreza no Brasil. Em movimentos
anteriores, a miséria era mostrada, mas
agora ela é o foco da narrativa. Obras
como Capitães da Areia dão um enfoque político a problemas
como a criminalidade infantil. Como não poderia ser diferente
durante a Era Vargas, o nacionalismo e a consciência da pátria
também se tornam temas importantes.
Terceira Geração
1945-1980
A terceira geração é a mais
introspectiva e melancólica.
Começando em 1945, com o fim
da Era Vargas e da Segunda
Guerra Mundial, ela absorve
todas as características das fases anteriores e inaugura a prosa
urbana, intimista e regionalista. Essa é a geração mais
abrangente, manifestando e desenvolvendo as características
das gerações anteriores.
PRINCIPAIS ARTISTAS
Mário de Andrade
Poeta da Primeira Geração do Modernismo
1893-1945
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA TD1: LITERATURA-MODERNISMO SEMESTRE 2
PROF. JORGE ARAGÃO CURSO PREPARATÓRIO ENEM 2023 DATA:
Mário de Andrade foi uma figura central na Semana de Arte
Moderna. O seu livro Pauliceia Desvairada é tido como a base
do modernismo brasileiro. Já no prefácio, ele demonstra o seu
ardente nacionalismo ao escolher escrever algumas palavras
como elas são ditas, rejeitando os ideais do passado, e se
opondo completamente ao orgulho parnasiano.
Veja um trecho do seu poema “Ode ao Burguês”:
Ode ao Burguês
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os “Printemps” com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!
Graciliano Ramos
Escritor da Segunda Fase do Modernismo
1892-1953
Graciliano Ramos foi o autor de Vidas Secas, que é um dos mais
ricos retratos da pobreza no Brasil. A narrativa acompanha a
história de uma família de retirantes sertanejos que luta contra
a miséria, as dificuldades comunicativas e o próprio sertão. A
linguagem do livro é seca assim como o ambiente e os
pensamentos dos personagens, mostrando a busca do
modernismo de mudar como as coisas eram feitas, e a maestria
do autor em incorporar o tema à forma.
Carlos Drummond de Andrade
Poeta Modernista
1902-1987
Considerado um dos maiores autores da língua
portuguesa, Drummond atuou nas três gerações do
modernismo.
1. (ENEM 2010) Após estudar na Europa, Anita Malfatti
retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura
nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na
Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho
no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato.
Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura
brasileira, Anita Malfatti e outros modernistas
a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas
europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas
nacionais.
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então
utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional.
c) representavam a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a
natureza, tendo como finalidade a prática educativa.
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas,
defendendo uma liberdade artística ligada à tradição acadêmica.
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras,
respeitando limites de temas abordados.
2. (ENEM 2010)
(Tarsila do Amaral. “O mamoeiro”,
1925.)
O modernismo brasileiro teve forte
influência das vanguardas europeias.
A partir da Semana de Arte
Moderna, esses conceitos passaram
a fazer parte da arte brasileira
definitivamente. Tomando como referência o quadro “O
mamoeiro”, identifica-se que, nas artes plásticas, a
a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.
b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano.
c) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
d) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.
e) forma apresenta contornos e detalhes humanos.
3. (ENEM 2012)
O trovador
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras…
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal…
Intermitentemente…
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo…
Cantabona! Cantabona!
Dlorom…
Sou um tupi tangendo um alaúde!
Mário de Andrade.
Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é
recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O
trovador, esse aspecto é
a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como
“coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à
brasilidade.
b) verificado já no título, que remete aos repentistas
nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens
e pesquisas folclóricas.
c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como
“Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6),
“alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom”
(v. 9).
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde
(civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no
Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos
homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro
por suas raízes indígenas.
4 (ENEM 2016)
Verbo ser
QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor.
Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três.
E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome,
corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É
terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão
depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que
vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não
dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer
assim mesmo. Sem ser. Esquecer.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1992.
A inquietação existencial do autor com a autoimagem
corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões
existenciais que têm origem
A) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções
de ser autêntico e singular.
B) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a
influência de outros.
C) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas
familiares.
D) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por
seus antepassados.
E) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus
pares
5(ENEM 2009)
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira,
de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança
itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa…
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
2003.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do
movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou
fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as
inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma
relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe
claramente na construção do poema Confidência do Itabirano.
Tendo em vista os procedimentos de construção do texto
literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se
que o poema acima:
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom
contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos
típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico,
que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua
comunidade, por intermédio de imagens que representam a
forma como a sociedade e o mundo colaboram para a
constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de
inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as
prendas resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da
individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra
natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
6.(ENEM 2012)
Sambinha
Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras.
Afobadas braços dados depressinha
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua.
As costureirinhas vão explorando perigos…
Vestido é de seda.
Roupa-branca é de morim.
Falando conversas fiadas
As duas costureirinhas passam por mim.
— Você vai?
— Não vou não!
Parece que a rua parou pra escutá-las.
Nem trilhos sapecas
Jogam mais bondes um pro outro.
E o Sol da tardinha de abril
Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas nuvens.
As nuvens são vermelhas.
A tardinha cor-de-rosa.
Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas…
Fizeram-me peito batendo
Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras!
Isto é…
Uma era ítalo-brasileira.
Outra era áfrico-brasileira.
Uma era branca.
Outra era preta.
ANDRADE, M. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1988.
Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira fase,
procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, como
parte de seu projeto de configuração de uma identidade
linguística e nacional. No poema de Mário de Andrade esse
projeto revela-se, pois:
a) o poema capta uma cena do cotidiano — o caminhar de duas
costureirinhas pela rua das Palmeiras — mas o andamento dos
versos é truncado, o que faz com que o evento perca a
naturalidade.
b) a sensibilidade do eu poético parece captar o movimento
dançante das costureirinhas — depressinha — que, em última
instância, representam um Brasil de “todas as cores”.
c) o excesso de liberdade usado pelo poeta ao desrespeitar
regras gramaticais, como as de pontuação, prejudica a
compreensão do poema.
d) a sensibilidade do artista não escapa do viés machista que
marcava a sociedade do início do século XX, machismo expresso
em “que até dão vontade pros homens da rua”.
e) o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de ver moças
“tão modernas, tão brasileiras”, pois faz questão de afirmar as
origens africana e italiana das mesmas.
7.( ENEM 2013)
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim
a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história
havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o
sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo
jamais começou.
[…]
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei
a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem
antes de acontecer? Se antes da pré-história já havia os
monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a
existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou
eu que escrevo o que estou escrevendo. […] Felicidade? Nunca
vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam
por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma
visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos
descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê?
Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo
na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que
justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida
— porque preciso registrar os fatos antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998
(fragmento).
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a
trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A
hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse
fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante,
sendo indiferente aos fatos e às personagens.
b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os
motivos que levaram aos eventos que a compõem.
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais
e sobre a construção do discurso.
d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da
complexidade para escolher as palavras exatas.
e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e
metafísica, incomuns na narrativa de ficção.
8.INEP - 2014 - ENEM -
Cena
O canivete voou
E o negro comprado na cadeia
Estatelou de costas
E bateu coa cabeça na pedra
ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001.
O Modernismo representou uma ruptura com os padrões
formais e temáticos até então vigentes na literatura brasileira.
Seguindo esses aspectos, o que caracteriza o poema Cena como
modernista é o(a)
A construção linguística por meio de neologismo.
B estabelecimento de um campo semântico inusitado.
C configuração de um sentimentalismo conciso e irônico.
D subversão de lugares-comuns tradicionais.
E uso da técnica de montagem de imagens justapostas.
9.INEP-2015 - ENEM –
Vei, a Sol
Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói
ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o
tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou
tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a
pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com
dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha
encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de
holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas.
Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma
já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse
pro céu.
Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.
— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora.
Assim nasceu a expressão "Vá tomar banho" que os brasileiros
empregam se referindo a certos imigrantes europeus.
ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de
Janeiro: Agir, 2008.
O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado "Vei,
a Sol", do livro Macunaíma, de Mário de Andrade,
pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro.
Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é
possível identificar
A resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do
século XIX.
B ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso
comum ao texto narrativo da primeira fase modernista.
C referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e
o atraso de algumas regiões do país.
D descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros,
representados por Macunaíma e Caiuanogue.
E uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário
brasileiro como meio de valorização da cultura popular
nacional.
10.INEP - 2017 - ENEM -
Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau de arara.
Quero, por isso, falar com você
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí matando
[...]
Homem comum, igual
a você,
[...]
Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonhos e margaridas.
FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2013 (fragmento).
No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social
e o fazer poético, frequente no Modernismo. Nessa
aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de
A agregação construtiva e poder de intervenção na ordem
instituída.
B força emotiva e capacidade de preservação da memória
social.
C denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e
utopias.
D ampliação do universo cultural e intervenção nos valores
humanos.
E identificação com o discurso masculino e questionamento dos
temas líricos.
11.INEP - 2016 - ENEM -
Do amor à pátria
São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria
amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o
esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima,
pacífica e habitual — uma cuja terra se comeu em criança, uma
onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu
em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e
filhos ao sabor das estações.
MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1987.
O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura
romântica e na modernista. No trecho, a
representação da pátria ganha contornos peculiares
porque
A o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e
eloquente.
B os elementos valorizados são intimistas e de
dimensão subjetiva.
C o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela
inércia.
D o patriotismo literário tradicional é subvertido e
motivo de ironia.
E a natureza é determinante na percepção do valor da
pátria.
12.INEP - 2014 - ENEM -
Camelôs
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:
O que vende balõezinhos de cor
O macaquinho que trepa no coqueiro
O cachorrinho que bate com o rabo
Os homenzinhos que jogam boxe
A perereca verde que de repente dá um pulo que
engraçado
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa
alguma.
Alegria das calçadas
Uns falam pelos cotovelos:
— “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai
buscar um pedaço de banana para eu acender o charuto.
Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...”
Outros, coitados, têm a língua atada.
Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino
ingênuo de demiurgos de inutilidades.
E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da
meninice...
E dão aos homens que passam preocupados ou tristes
uma lição de infância.
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2007.
Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de
elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética.
O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e
alcança expressividade porque
A realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da
criança brasileira.
B promove uma reflexão sobre a realidade de pobreza dos
centros urbanos.
C traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de
significação corriqueira.
D introduz a interlocução como mecanismo de construção de
uma poética nova.
E constata a condição melancólica dos homens distantes da
simplicidade infantil.
13.INEP - 2013 - ENEM -
MUSEU DA LÍNGUA
PORTUGUESA Oswald de
Andrade: o culpado de
tudo. 27 set. 2011 a 29 jan
2012. São Paulo: Prol
Grãfica, 2012.
O poema de Oswaldo de
Andrade remonta à
ideia de que a
brasilidade está
relacionada ao futebol.
Quanto à questão da
identidade nacional, as
anotações em torno dos
versos constituem
A direcionamentos
possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.
B forma clássica da construção poética brasileira.
C rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.
D intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura
poética.
E lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas
das originais.
1.A
2.B
3.D
4.A
5.C
6.B
7.C
8.E
9.E
10.A
11.B
12.C
13.A

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  • 1. Modernismo O modernismo é o conteúdo de literatura mais cobrado no Enem, e aparece com frequência também em grandes vestibulares. Ele é o movimento seguinte ao pré-modernismo, parnasianismo e ao simbolismo que ocorrem no fim do século XIX, e é o momento em que os artistas brasileiros começam a desenvolver uma identidade própria, ao invés de só seguir os acontecimentos europeus.. CONTEXTO HISTÓRICO O modernismo acontece entre 1922 e 1980, durante o fim da República Velha e o início da República Nova. Com o fim do Império e a Proclamação da República em 1889, o Brasil escapou das mãos do Imperador e caiu nas mãos das elites. A República Velha (de 1889 até 1930) foi a época da política do café-com-leite, em que as elites cafeeiras de São Paulo e Minas Gerais usavam o seu poder para manipular as votações para presidência para se revezarem nos cargos políticos. O país começou a se industrializar, e a mão-de-obra escrava foi trocada pela mão-de-obra barata de imigrantes. Era um momento de quebra, de mudança, e isso se reflete principalmente nas duas primeiras gerações do modernismo. Em 1930, começa a Era Vargas. Foi um período de centralização do poder, em que o mesmo homem governou o país durante 15 anos. Foi um período de vários avanços trabalhistas, quando as mulheres ganharam o direito ao voto e o fim da política do café-com-leite. Mas foi também uma época de repressão política, já que Vargas foi um ditador populista, como eram as lideranças de vários outros países na época. O modernismo compreende a Era Vargas do início ao fim, em 1945. ENQUANTO ISSO NA EUROPA... Em 1922, o mundo ainda sofria os impactos da Primeira Guerra Mundial, e até 1980, o mundo sofreria o impacto de duas grandes guerras e da guerra fria. Toda essa levou as populações a questionarem o otimismo de décadas anteriores. Na arte, isso se refletia na popularização de movimentos abstratos e inovadores como o dadaísmo, o cubismo e o surrealismo. Vários movimentos ocorriam ao mesmo tempo. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS O modernismo é dividido em três gerações, que são diferenciadas pelo foco dos artistas. A primeira delas se inicia em 1922 com a Semana de Arte Moderna, e tem como foco a oposição ao parnasianismo. A segunda geração é mais politizada, e foca mais no retrato da miséria do que qualquer movimento anterior. Já a última geração é mais melancólica e deixa um pouco de lado o caráter social. É importante lembrar que essas características não anulam umas às outras, as gerações funcionam como blocos de construção: cada nova fase se apoia nas que vieram antes. Elas são divididas assim por razões didáticas, mas isso não impede que Drummond, por exemplo, tenha transitado pelas três fases. Entenda cada uma das fases: Primeira Geração 1922-1930 A primeira geração do modernismo vem em oposição ao parnasianismo, o movimento poético da “arte pela arte” em que a forma do poema é o principal e o conteúdo é um mero detalhe. Isso resultou em poemas perfeitamente rimados e ilustrados falando sobre vasos. O modernismo vai rejeitar isso diretamente, produzindo poemas como “Os Sapos”, do Manuel Bandeira, em que os parnasianos são chamados de sapos por “só coaxarem”, produzirem sons que não fazem nenhum sentido. Segunda Geração 1930-1945 A segunda geração é a mais politizada, onde aparece finalmente o retrato da pobreza no Brasil. Em movimentos anteriores, a miséria era mostrada, mas agora ela é o foco da narrativa. Obras como Capitães da Areia dão um enfoque político a problemas como a criminalidade infantil. Como não poderia ser diferente durante a Era Vargas, o nacionalismo e a consciência da pátria também se tornam temas importantes. Terceira Geração 1945-1980 A terceira geração é a mais introspectiva e melancólica. Começando em 1945, com o fim da Era Vargas e da Segunda Guerra Mundial, ela absorve todas as características das fases anteriores e inaugura a prosa urbana, intimista e regionalista. Essa é a geração mais abrangente, manifestando e desenvolvendo as características das gerações anteriores. PRINCIPAIS ARTISTAS Mário de Andrade Poeta da Primeira Geração do Modernismo 1893-1945 DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA TD1: LITERATURA-MODERNISMO SEMESTRE 2 PROF. JORGE ARAGÃO CURSO PREPARATÓRIO ENEM 2023 DATA:
  • 2. Mário de Andrade foi uma figura central na Semana de Arte Moderna. O seu livro Pauliceia Desvairada é tido como a base do modernismo brasileiro. Já no prefácio, ele demonstra o seu ardente nacionalismo ao escolher escrever algumas palavras como elas são ditas, rejeitando os ideais do passado, e se opondo completamente ao orgulho parnasiano. Veja um trecho do seu poema “Ode ao Burguês”: Ode ao Burguês Eu insulto o burguês! O burguês-níquel o burguês-burguês! A digestão bem-feita de São Paulo! O homem-curva! O homem-nádegas! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! Eu insulto as aristocracias cautelosas! Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros! Que vivem dentro de muros sem pulos, e gemem sangue de alguns mil-réis fracos para dizerem que as filhas da senhora falam o francês e tocam os “Printemps” com as unhas! Eu insulto o burguês-funesto! O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições! Fora os que algarismam os amanhãs! Olha a vida dos nossos setembros! Fará Sol? Choverá? Arlequinal! Mas à chuva dos rosais o êxtase fará sempre Sol! Graciliano Ramos Escritor da Segunda Fase do Modernismo 1892-1953 Graciliano Ramos foi o autor de Vidas Secas, que é um dos mais ricos retratos da pobreza no Brasil. A narrativa acompanha a história de uma família de retirantes sertanejos que luta contra a miséria, as dificuldades comunicativas e o próprio sertão. A linguagem do livro é seca assim como o ambiente e os pensamentos dos personagens, mostrando a busca do modernismo de mudar como as coisas eram feitas, e a maestria do autor em incorporar o tema à forma. Carlos Drummond de Andrade Poeta Modernista 1902-1987 Considerado um dos maiores autores da língua portuguesa, Drummond atuou nas três gerações do modernismo. 1. (ENEM 2010) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros modernistas a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais. b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional. c) representavam a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática educativa. d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à tradição acadêmica. e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados. 2. (ENEM 2010) (Tarsila do Amaral. “O mamoeiro”, 1925.) O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro “O mamoeiro”, identifica-se que, nas artes plásticas, a a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas. b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano. c) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico. d) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada. e) forma apresenta contornos e detalhes humanos. 3. (ENEM 2012) O trovador Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras… As primaveras do sarcasmo intermitentemente no meu coração arlequinal… Intermitentemente… Outras vezes é um doente, um frio na minha alma doente como um longo som redondo… Cantabona! Cantabona! Dlorom… Sou um tupi tangendo um alaúde! Mário de Andrade. Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade. b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas. c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9). d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.
  • 3. 4 (ENEM 2016) Verbo ser QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais que têm origem A) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular. B) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros. C) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares. D) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados. E) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares 5(ENEM 2009) Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa… Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima: a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade. b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos. c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo. d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira. e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos. 6.(ENEM 2012) Sambinha Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras. Afobadas braços dados depressinha Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua. As costureirinhas vão explorando perigos… Vestido é de seda. Roupa-branca é de morim. Falando conversas fiadas As duas costureirinhas passam por mim. — Você vai? — Não vou não! Parece que a rua parou pra escutá-las. Nem trilhos sapecas Jogam mais bondes um pro outro. E o Sol da tardinha de abril Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas nuvens. As nuvens são vermelhas. A tardinha cor-de-rosa. Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas… Fizeram-me peito batendo Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras! Isto é… Uma era ítalo-brasileira. Outra era áfrico-brasileira. Uma era branca. Outra era preta. ANDRADE, M. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1988. Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira fase, procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, como parte de seu projeto de configuração de uma identidade linguística e nacional. No poema de Mário de Andrade esse projeto revela-se, pois: a) o poema capta uma cena do cotidiano — o caminhar de duas costureirinhas pela rua das Palmeiras — mas o andamento dos versos é truncado, o que faz com que o evento perca a naturalidade. b) a sensibilidade do eu poético parece captar o movimento dançante das costureirinhas — depressinha — que, em última instância, representam um Brasil de “todas as cores”. c) o excesso de liberdade usado pelo poeta ao desrespeitar regras gramaticais, como as de pontuação, prejudica a compreensão do poema. d) a sensibilidade do artista não escapa do viés machista que marcava a sociedade do início do século XX, machismo expresso em “que até dão vontade pros homens da rua”. e) o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de ver moças “tão modernas, tão brasileiras”, pois faz questão de afirmar as origens africana e italiana das mesmas.
  • 4. 7.( ENEM 2013) Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. […] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. […] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento). A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem. c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção. 8.INEP - 2014 - ENEM - Cena O canivete voou E o negro comprado na cadeia Estatelou de costas E bateu coa cabeça na pedra ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001. O Modernismo representou uma ruptura com os padrões formais e temáticos até então vigentes na literatura brasileira. Seguindo esses aspectos, o que caracteriza o poema Cena como modernista é o(a) A construção linguística por meio de neologismo. B estabelecimento de um campo semântico inusitado. C configuração de um sentimentalismo conciso e irônico. D subversão de lugares-comuns tradicionais. E uso da técnica de montagem de imagens justapostas. 9.INEP-2015 - ENEM – Vei, a Sol Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas. Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu. Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito. — Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora. Assim nasceu a expressão "Vá tomar banho" que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus. ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008. O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado "Vei, a Sol", do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar A resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX. B ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista. C referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país. D descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue. E uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional. 10.INEP - 2017 - ENEM - Sou um homem comum brasileiro, maior, casado, reservista, e não vejo na vida, amigo nenhum sentido, senão lutarmos juntos por um mundo melhor. Poeta fui de rápido destino Mas a poesia é rara e não comove nem move o pau de arara. Quero, por isso, falar com você de homem para homem, apoiar-me em você oferecer-lhe meu braço que o tempo é pouco e o latifúndio está aí matando [...] Homem comum, igual a você,
  • 5. [...] Mas somos muitos milhões de homens comuns e podemos formar uma muralha com nossos corpos de sonhos e margaridas. FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento). No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético, frequente no Modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de A agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída. B força emotiva e capacidade de preservação da memória social. C denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias. D ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos. E identificação com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos. 11.INEP - 2016 - ENEM - Do amor à pátria São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual — uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações. MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987. O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque A o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente. B os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva. C o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia. D o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia. E a natureza é determinante na percepção do valor da pátria. 12.INEP - 2014 - ENEM - Camelôs Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão: O que vende balõezinhos de cor O macaquinho que trepa no coqueiro O cachorrinho que bate com o rabo Os homenzinhos que jogam boxe A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma. Alegria das calçadas Uns falam pelos cotovelos: — “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu acender o charuto. Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...” Outros, coitados, têm a língua atada. Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades. E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice... E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância. BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque A realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da criança brasileira. B promove uma reflexão sobre a realidade de pobreza dos centros urbanos. C traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de significação corriqueira. D introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma poética nova. E constata a condição melancólica dos homens distantes da simplicidade infantil. 13.INEP - 2013 - ENEM - MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan 2012. São Paulo: Prol Grãfica, 2012. O poema de Oswaldo de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem A direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais. B forma clássica da construção poética brasileira. C rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol. D intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética. E lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais. 1.A 2.B 3.D 4.A 5.C 6.B 7.C 8.E 9.E 10.A 11.B 12.C 13.A