1. MANIFESTO DE APOIO À ASSISTENTE SOCIAL MARIA LÚCIA LOPES DA
SILVA, ELABORADO PELO COLEGIADO DO CURSO DE SERVIÇO
SOCIAL E PELO LABORATÓRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS DE
SEGURIDADE E SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO
CEARÁ - UECE
O Colegiado do Curso de Serviço Social da UECE e as professoras que
compõem o Laboratório de Estudos e Pesquisas de Seguridade e Serviço Social
(LASSOS / UECE) vem manifestar sua solidariedade a servidora pública de carreira do
INSS, Dra. Maria Lúcia Lopes da Silva que, por um equívoco de caráter político-
administrativa, foi colocada à disposição do Setor de Recursos Humanos da Direção
Nacional daquela Instituição, pelo simples fato de ter expressado de forma ética e
publicamente sua discordância em relação aos rumos que os gestores da Previdência
Social estão querendo imprimir internamente ao Serviço Social.
Atitudes institucionais como essas, deixam a impressão que estamos “de volta ao
passado”, no qual prevalecia o autoritarismo que reprimia de forma imensurável a quem
expressasse divergência de pensamento. Não podemos nutrir atitudes que nos façam
lembrar esse triste passado, ao contrário, precisamos sempre rever e flexibilizar nossas
posições inflexíveis e construirmos diálogos, cruzar olhares e posições, respeitarmos a
pluralidade de idéias; só assim podemos avançar em nossas relações e sociabilidade.
Diante desse contexto, questionamos: será que um servidor de carreira de alta
qualificação não possui o direito de se manifestar em situações que lhe são afetas? Está
o INSS preparado para absorver uma mão-de-obra qualificada em cursos de
especializações, mestrados, doutorados? Afinal, temos conhecimento que a instituição
tem incentivado esse caminho de qualificação para os seus servidores. Naturalmente,
qualificações dessa natureza pressupõem o desenvolvimento do senso crítico da
realidade, no sentido de reconstruí-la em melhores patamares. Sendo assim, é óbvio que
não seria o melhor caminho evitar que as pessoas desenvolvam seu senso crítico. O
ideal a ser perseguido é que a instituição desenvolva-se, avance e absorva saberes e
práticas incorporadas na formação dos técnicos especializados numa síntese de
interesses, que qualifique a gestão para um salto maior e, assim, possa ser reconhecida e
qualificada como uma “gestão estratégica e democrática” aberta a opiniões de seus
técnicos, profissionais com habilidades especificas, sociedade civil organizada,
2. todos(as) com disposições e conhecimentos plurais para contribuir com os avanços
necessários.
Temos conhecimento que, em anos não tão distantes, uma assistente social que
ocupava o cargo de Coordenadora Nacional dos Técnicos de Serviço Social do INSS foi
exonerada por defender o projeto profissional comprometido com a garantia dos direitos
sociais dos beneficiários da Previdência Social e, para substituí-la a instituição escolheu,
a seu gosto e perfil, a atual Coordenadora, para encaminhar as deliberações e
imposições institucionais, sem questionamentos ao poder instituído, como o fez
recentemente em relação à sua colega de trabalho, Maria Lúcia Lopes da Silva. Com
esse histórico a atual coordenadora, a nosso ver, se mostra frágil e incapaz de se
posicionar, não construindo legitimidade de fato para o encaminhamento de questões
que envolvam a condução técnica, sobretudo, em situações em que, naturalmente num
qualificado ambiente plural e democrático, haja opiniões divergentes.
Apesar de nossa visível indignação, propomos-nos a colaborar com qualquer
iniciativa para construirmos pactos consensuados diante do conflito que parece
instaurado e que está visivelmente gerando mal-estar e sofrimento aos assistentes
sociais do INSS. Essa categoria profissional, ao longo da história, tem defendido a
consolidação da seguridade social, não medindo esforços para construir, no bojo desses
embates, uma previdência social brasileira pública, democrática, solidária e consolidar
os princípios da universalidade e da participação social, estabelecidos
constitucionalmente. Tudo isso, na perspectiva de construção de uma sociedade justa,
democrática e menos desigual.
Laboratório de Seguridade Social / LASSOS
Colegiado do Curso de Serviço Social/ UECE
Fortaleza, 13 de setembro de 2011