O documento discute os principais conceitos da linguística:
1) A linguagem humana opera com símbolos que representam a realidade e suas unidades podem ser divididas em partes menores;
2) A linguagem humana é regular, intencional e produtiva, podendo produzir um número infinito de mensagens.
1. Marilena Chauí, Convite à Filosofia:
Platão, em seu livro Fedro se referiu à linguagem como
pharmakon: remédio, veneno e cosmético.
a) Linguagem como remédio. Fortalecimento do conhecimento.
b) Linguagem como veneno. Capacidade de sedução das
palavras que nos impede de questionar.
c) Linguagem como cosmético. Possibilidade de esconder algo
sob as palavras.
A LINGUAGEM HUMANA
Aula 1
2. a)SIMBOLIZAÇÃO. A linguagem opera com elementos que
representam a realidade (arbitrariedade do signo).
b) ARTICULAÇÃO. Quando se diz que a língua é articulada
considera-se que as unidades linguísticas podem ser divididas em
unidades menores.
Exemplo. ‘As gatas’ pode ser segmentada da seguinte forma: a- ,
artigo definido; -s desinência de plural; gat- radical que indica
tratar-se de um felino de pequeno porte, -a, desinência de
feminino e -s, desinência de plural.
Se /g/ for substituído por /p/ tem-se um outro radical que
aparece na palavra pata.
TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEM
HUMANA
Aula 1
3. c) REGULARIDADE. As unidades linguísticas têm uma
significação permanente capaz de repetir-se nas mesmas
circunstâncias. Embora essas unidades variem no tempo, no
espaço e no meio social, essa variação não ultrapassa certos
limites.
d) INTENCIONALIDADE. Os atos de comunicação humanos têm
um propósito claro e definido.
e) PRODUTIVIDADE. A linguagem humana produz um número
infinito de mensagens.
TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEM
HUMANA
Aula 1
4. AFINAL DE CONTAS, O QUE É LINGUÍSTICA?
Os estudos sobre a linguagem humana sempre
tiveram esse caráter científico? Não!
Linguística é a ciência que estuda a
linguagem humana, oral ou escrita.
5. ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS
• Platão e seu livro Crátilo (427-347 a.C., discípulo de Sócrates).
Discussões sobre questões linguísticas:
a)Naturalistas (Platão): relação entre a forma da palavra e o
referente (relação entre ‘essência’ e ‘aparência’).
Busca da etimologia das palavras para descobrir o seu
verdadeiro significado.
“Etymo” (grego) - verdadeiro; verdadeiro significado.
(A análise das partes da palavra levaria a descoberta do
verdadeiro significado; da ideia original.)
b)Convencionalistas: Aristóteles (384-322 a.C.) - a forma da
palavra é resultado da convenção social.
Aula 1
6. ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS
• Estóicos. Não se preocupavam com a língua em si mesma:
língua como expressão do pensamento e dos sentimentos.
São os primeiros a tratar as questões linguísticas de modo
mais concreto; já diferenciavam a dicotomia significante x
significado; trataram da fonética, gramática (especialmente o
desenvolvimento da teoria e terminologia) e etimologia, entre
outros temas.
• Período Alexandrino. Criação da primeira grande biblioteca na
colônia grega de Alexandria (séc. III a.C.).
(Alexandria: centro de pesquisa literária e linguística.)
Aula 1
7. ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS
• Dionísio da Trácia (segunda metade do século III a.C.): primeira
descrição da língua grega e primeira descrição gramatical publicada
no mundo ocidental.
“A gramática é o conhecimento prático do uso linguístico comum
aos poetas e aos prosadores.”
• Como ele trabalhou? Colhia material nos textos para justificar sua
descrição (atitude empírica: conhecimento prático).
Objetivo principal: apreciação adequada da literatura grega clássica
(não se preocupou com sintaxe).
Por 13 séculos, foi a base para os estudos gramaticais em várias
línguas.
Aula 1
8. ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: DIONÍSIO
Divisão estóica do
discurso:
• substantivo;
• verbo;
• conjunção;
• artigo.
Dionísio acrescentou:
• advérbio;
• particípio;
• pronome;
• preposição.
Objetivo principal: apreciação adequada da literatura grega
clássica (não se preocupou com sintaxe)
Aula 1
9. O QUE TEMOS ANTES DO SURGIMENTO DA
LINGUÍSTICA?
1. Pré-linguística. Não é considerada ciência: não há busca
por explicações.
Estudo do certo e do errado; estudo da língua estrangeira;
estudo filológico da linguagem.
2. Paralinguística. Não entra no domínio dos estudos
linguísticos.
Estudo lógico da linguagem; estudo biológico da linguagem.
Aula 1
10. • Desde a Antiguidade, os homens estudavam as línguas.
No período conhecido como PRÉ-LINGUÍSTICA,
segundo Camara Jr. (1986) houve os seguintes estudos:
1) Estudo do certo e do errado. Nesse tipo de estudo, não
há uma visão científica da linguagem, já que a
preocupação maior é estabelecer a diferença entre o que é
considerado certo e o que é considerado errado. O modo
de falar das classes superiores é considerado correto e há
preocupação em se passar esse modo de falar de uma
geração para outra.
ESTUDOS SOBRE A LINGUAGEM
11. 2) Estudo da língua estrangeira. Através do contato entre
comunidades com línguas diferentes, tem-se um estudo
com a comparação entre diferentes sistemas linguísticos.
3) Estudo filológico da linguagem. Busca compreender
textos antigos, comparando-se textos do presente com
textos do passado, através da literatura. Esse estudo ainda
não é considerado ciência, pois não há busca por
explicações.
12. Após a Pré-Linguística, temos o período conhecido como
PARALINGUÍSTICA e que é representado por estudos que
não entraram no domínio da linguagem. Nesse período,
aconteceu o:
4) Estudo lógico da linguagem. Estudo que mesclou
filosofia e Linguística e que buscou descobrir a relação
entre pensamento e linguagem.
5) Estudo biológico da linguagem. Encara-se a linguagem
como inerente ao ser humano e dependente de aspectos
biológicos do corpo humano. Estudavam-se as
características biológicas que permitem ao homem falar.
13. COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS?
(Pré-linguística)
• 1786 – Sir William Jones, da East Indian Company, na Royal
Asiatic Society de Calcutá: documento no qual ele
estabelece o parentesco entre o Sânscrito (língua clássica
da Índia) com Latim, Grego e algumas línguas germânicas.
• Século XIX. Publicação da primeira gramática de Sânscrito
em Inglês.
Aula 1
14. COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS?
A GRAMÁTICA COMPARADA
Século XIX – estudo do parentesco linguístico: método
denominado comparativo.
Daí: Gramática Comparada ou Linguística Histórica – estudo das
transformações pelas quais as línguas passavam (comparação
de sucessivos estados de língua).
Os primeiros comparativistas estavam interessados em
confrontar o Sânscrito com outras línguas Indo-europeias,
especialmente o Grego e o Latim.
Aula 1
15. COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS?
A partir da descoberta do Sânscrito:
1) interesse em identificar as famílias de línguas;
2) mostrar que a mudança linguística é um processo:
a) regular: princípio de regularidade das mudanças;
b) universal: todas as línguas evoluem;
c) constante: qualquer língua está em evolução contínua.
Aula 1
16. • A lei de Grimm. Primeiramente publicada em 1818, é um estudo
sobre as línguas germânicas antigas e modernas, com
esquematização de suas estruturas gramaticais.
• Na edição de 1822, explicou as correspondências fonéticas, por
exemplo, algumas línguas germânicas tinham f onde outras línguas
tinham p; tinham p onde outras línguas tinham b.
17. LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
Ferdinand de Saussure, Curso de Linguística Geral, 1916:
a) a Línguística ganha um objeto de estudo: a língua;
b) o estudo passa a ser sincrônico, ou seja, analisa-se um
estado de língua (não mais se comparam sucessivos
estados de língua);
• Língua e fala;
• Signo linguístico: significante e significado;
• Sincronia e diacronia;
• Sintagma e paradigma.
Aula 1
18. O QUE É LINGUÍSTICA?
A definição clássica afirma que “Linguística é a ciência que
estuda a linguagem verbal humana, oral ou escrita.”
Atualmente, já cuida também do não verbal. Por lidar com
algo referente ao homem, a Linguística envolve aspectos
tais como biologia, neurofisiologia, psicologia, sociologia
entre outros.
a) A língua é parte da fisiologia humana. Exemplos. Estudos
sobre aquisição e perda da linguagem; partes do cérebro
envolvidas na produção da linguagem.
b) Há relação entre pensamento e linguagem. Exemplo. LIBRAS
como primeira língua.
c) A língua é um fenômeno social. Exemplos. Linguagem e
poder; a relação entre língua e sociedade.
d) Entre outras aplicações.
Aula 1
19. O QUE É LINGUÍSTICA?
Como a linguística procede?
1. Investigação dos princípios;
2. Observação das características que regulam as
estruturas da língua.
Exemplo. Você conhece o João?
a) Eu o conheço desde criança.
b) Eu conheço ele desde criança.
c) Eu conheço Ø desde criança.
Aula 1
20. COMO A LINGUÍSTICA TRATA ESSAS TRÊS
FRASES?
Após coleta de dados, faz-se uma análise:
Você conhece o João?
a) Eu o conheço desde criança.
(Uso do pronome oblíquo = falante culto)
b) Eu conheço ele desde criança.
(Uso do pronome ele como acusativo = forma marcada?)
c) Eu conheço Ø desde criança.
(Uso da categoria vazia: forma não-marcada)
Aula 1
21. LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA
Vamos lembrar os gregos e de Dionísio da Trácia.
A palavra latina Grammatica origina-se no grego:
• Grammatikós - aquele que entende o uso das letras;
• Grámmata = letras;
• Téchne grammatiké = arte de ler e escrever.
Por que ‘arte’?
Aula 1
22. LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA
• Gramática Tradicional. É a teoria linguística ocidental
iniciada pelos gregos, em Alexandria, no século III a.C. com
o objetivo de preservar a pureza da língua grega (Dionísio
da Trácia).
• Gramática Normativa. É a gramática de uma língua
codificada sob a forma de um livro e que estabelece as
regras e normas do que é considerado a forma correta em
relação à escrita e à fala. A Gramática Normativa também
é chamada de Gramática Prescritiva, já que ela prescreve
esse conjunto de normas.
Aula 1
23. LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA
Gramática = doutrina.
(certo /errado)
Linguística = ciência.
(Gradiente: aceitável / não-aceitável)
Gramática = como a língua
deve ser.
Linguística = como a língua é.
Aula 1
24. POR QUE A DIFERENÇA DE TRATAMENTO A UM
MESMO FENÔMENO?
Gramática: tem caráter ideológico (Gramática Prescritiva).
• Aponta ‘como deve ser’.
• As formas apresentadas são dotadas de prestígio.
• Trabalha com noções de certo e errado.
• Segue o modelo proposto pela Gramática Tradicional.
Linguística: tem caráter científico (Gramática Descritiva).
• Aponta ‘como é’.
• Trabalha com a adequação ao ambiente.
Aula 1
25. COMO A LINGUÍSTICA ANALISA UMA LÍNGUA?
• A Linguística é empírica: análise os dados a partir de um
corpus.
• Como ciência, as análises da Linguística não se baseiam em
julgamentos de valor e sim na explicação dos fatos.
• A Linguística elabora uma gramática que descreve os fatos
da língua: não é uma questão de certo e errado e sim uma
questão de uso.
Aula 1
26. LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA
Redução do paradigma verbal no Português Brasileiro
Gramática Normativa Falante culto
Eu amo Eu amo
Tu amas Você
Ele, ela ama Ele, ela ama
A gente
Nós amamos Nós amamos
Vós amais Vocês amam
Eles, elas amam Eles, elas
Aula 1
27. LINGUÍSTICA: O ESTUDO CIENTÍFICO DA
LINGUAGEM
1º) Ferdinand de Saussure, Curso de Linguística Geral, 1916;
2º) Gerativismo, Noam Chomsky;
3º) Sociolinguística, William Labov;
4º) Funcionalismo, T. Givón.
Até a próxima aula!
Aula 1
28. 1916, Curso de Linguística Geral (CLG).
• Publicado por dois alunos, três anos após
a morte de Saussure, a partir de anotações de aula.
• Início da Linguística moderna.
• Não se usa a palavra dicotomia no CLG, mas é assim
que se chamam os quatro pares de conceitos, que
fazem uma síntese.
• Dichotomía (grego) = divisão em partes iguais.
Em Saussure, ‘dicotomia’ refere-se a um par de
conceitos que são definidos um em relação ao outro.
A OBRA DE SAUSSURE
Aula 2
29. Exemplo (pp. 15-16 do CLG).
Alguém pronuncia ‘nu’: quem ouve, pensa no significado.
a)Análise sob o ponto de vista histórico. A palavra ‘nu’
corresponde ao latim nudum.
b)Análise sob o ponto de vista fonético. Se analisarmos a
palavra ‘nu’ como som ou como expressão, o ponto de vista
histórico não é importante.
c)Análise do ponto de vista semântico. Como expressão de
uma ideia, como um significado.
O PONTO DE VISTA DETERMINA O OBJETO DE
ESTUDO
Aula 2
30. Ouvimos alguém falar. O que acontece?
a) Um conceito produz uma imagem acústica no cérebro:
fenômeno psíquico.
b) O cérebro transmite aos órgãos da fonação um impulso
correlativo da imagem: processo fisiológico
c) As ondas sonoras se propagam: fenômeno físico.
Linguagem humana = língua (langue)+
fala (parole)
COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
Aula 2
31. • A língua é psíquica (existe na mente dos indivíduos): é um
sistema armazenado pelos indivíduos.
• A fala é psicofísica (há na fala o componente físico quando
pensamos nas ondas sonoras e o componente psíquico
quando se pensa no processamento do que foi ouvido): esse
sistema é utilizado pelos indivíduos de formas diferentes.
COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
Aula 2
Língua: sistema
(igual em todos)
Fala: uso do sistema
(diferente em todos)
32. (CLG, p. 27) “O estudo da linguagem comporta, portanto duas
partes: uma, essencial, tem por objeto a língua, que é social
em sua essência e independente do indivíduo; esse estudo é
unicamente psíquico; outra, secundária, tem por objeto a
parte individual da linguagem, vale dizer a fala, inclusive a
fonação e é psicofísica.”
Língua = essência; independente do indivíduo.
Fala = individual.
COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
33. (CLG, p.25) “O signo escapa sempre, em certa medida, à
vontade individual [...] estando nisso o seu caráter essencial
[...]”.
A língua é composta por signos.
Por que a língua é ‘essência’? Sem ela, não há
comunicação.
Como vamos nos comunicar sem um sistema linguístico?
COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
34. A linguagem tem um lado social e um lado individual.
Língua Fala
O PONTO DE VISTA DETERMINA O OBJETO DE
ESTUDO:
Linguagem humana = língua + fala
A língua como objeto de estudo da linguística.
35. • A língua é o lado social da língua.
• A língua é a essência: sem uma língua não podemos nos
comunicar.
• A língua é o ideal: é o sistema armazenado na mente dos
indivíduos.
Esse sistema é usado da mesma forma por todos? Não.
• A fala é heterogênea. Ela apresenta o uso ‘real’ do sistema.
COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA
36. A linguística como ciência só pode estudar aquilo que é
recorrente, constante e sistemático.
O que é um sistema? É um conjunto em que um elemento
se define pelos demais.
A língua é formada por quais elementos? A língua é
formada por um conjunto de signos linguísticos em que
um se define pelos demais.
Mas, o que significa “um se define pelos demais”?
A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA
LINGUÍSTICA
37. • O que significa ‘um se define pelos demais”?
Em nosso cérebro, temos ‘signos’ armazenados.
Buscamos esses signos quando queremos nos comunicar.
Como fazemos para dizer frases simples como:
a) Esse carro é azul.
b) Aquele carro é azul
A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA
LINGUÍSTICA
38. Exemplos.
a) Esse, essa, aquele, aquela, meu, seu, a, o, as, os, um uma
etc.
b) Carro, camisa, livro, vassoura, caneta, casa etc.
c) É, foi, está, comprei, usei etc.
d) Azul, verde, novo, velho, quebrada etc.
e) etc.
Outros exemplos.
A casa é minha. Aquela casa é sua.
Entre outras possibilidades.
A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA
LINGUÍSTICA
39. Ao definir a língua como um conjunto de signos, Saussure define
o novo objeto dos estudos para a Linguística.
(CLG, p; 17) A língua é a parte essencial da linguagem. Por que
‘essencial’?
a) Um indivíduo pode ser privado da fala e conservar a língua.
Por quê? A língua é o sistema que permite que compreendamos o
que falam conosco.
A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA
LINGUÍSTICA
Aula 2
40. b) Pessoas que falam a mesma língua conseguem se comunicar
porque, apesar das diferentes falas, há o uso da mesma língua.
Exemplo. A gente vai ao cinema. / Nós vamos ao cinema.
“O sistema da língua apresenta regras (fonológicas,
morfológicas, sintáticas e semânticas) que determinam o
emprego das formas e relações sintáticas, necessárias para a
produção de significados.”
(Lopez, Edward. Fundamentos da Linguística Contemporânea. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 76-77)
A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA
LINGUÍSTICA
41. A língua é um produto social da faculdade da linguagem e só
existe na massa.
(CLG, p. 22) “Ela é a parte social da linguagem, exterior ao
indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-
la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato
estabelecido entre os membros da comunidade.”
(CLG, p. 27) “A língua existe na coletividade sob a forma duma
soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos
como dicionários cujos exemplares, todos idênticos, fossem
repartidos entre os indivíduos.”
POR QUE A LÍNGUA É SOCIAL?
42. A língua é um produto social da faculdade da linguagem e só
existe na massa.
(CLG, p. 22) “Ela é a parte social da linguagem, exterior ao
indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-
la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato
estabelecido entre os membros da comunidade.”
(CLG, p. 27) “A língua existe na coletividade sob a forma duma
soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos
como dicionários cujos exemplares, todos idênticos, fossem
repartidos entre os indivíduos.”
POR QUE A LÍNGUA É SOCIAL?
43. (CLG, p. 22) “Com o separar a língua da fala, separa-se ao
mesmo tempo: 1º, o que é social do que é individual; 2º, o que
é essencial do que é acessório.”
• Os fatos da língua dizem respeito à estrutura do sistema
linguístico.
• Os fatos da fala dizem respeito ao uso desse sistema pelos
indivíduos.
O QUE FAZEMOS QUANDO SEPARAMOS
LÍNGUA E FALA?
Aula 2
44. “A fala é, ao contrário, um ato individual de vontade e de
inteligência [...]” (CLG, 22).
Individual= heterogênea; assistemática (liberdade de
combinações).
Possui caráter privado: pertence ao indivíduo que a utiliza.
Pessoas que falam a mesma língua conseguem se comunicar
porque, apesar das diferentes falas, há o uso da mesma
língua.
COMO SAUSSURE CARACTERIZA A FALA?
45. Língua e fala são interdependentes:
• A língua é instrumento da fala (sem o sistema da língua, o
indivíduo não pode se comunicar).
• A língua é produto da fala (através das mudanças ocorridas
na fala dos indivíduos a língua se modifica, ou seja, a língua
evolui).
• A fala é necessária para que a língua se estabeleça.
QUAL A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E FALA?
Aula 2
46. “A língua é uma Forma e não uma Substância”.
(CLG, p. 141)
Por que a língua é forma? ‘Forma’ para Saussure
significa ‘essência’ (= sistema e estrutura que
organizam nossa comunicação).
Exemplo. Nós saiu cedo.
Alteração na substância (= aparência), mas não na
forma (essência)
FORMA E SUBSTÂNCIA
Aula 2
48. As variantes linguísticas fazem parte do sistema da língua e,
por isso, ele substitui ‘língua’ por ‘sistema’. Entre o sistema,
abstrato, e a fala, uso concreto, haveria a norma, um nível
intermediário, um conjunto de realizações consagradas pelo
uso.
Sistema Norma Fala
(uso)
EUGENIO COSERIU E A CRÍTICA À
DICOTOMIA LÍNGUA/FALA
50. Questão I. Leia as afirmativas a seguir e marque a resposta
correta.
I. A fala é um ato social de vontade e inteligência.
II. A língua é um sistema homogêneo.
III. Nenhum indivíduo tem a capacidade de criar a língua ou
de modificá-la conscientemente.
Qual das alternativas a seguir está correta?
• I e II. c) I e III. e) Somente III.
• II e III. d) Somente II.
VAMOS PRATICAR?
51. Complete os espaços com as palavras língua e fala.
a) A ________ é necessária para que a ______ seja inteligível.
b) A _______ é necessária para que a _______ se estabeleça.
c) A _______ é o instrumento e o produto da _______.
d) A ________ é o que faz evoluir a ____________.
VAMOS PRATICAR?
Até a próxima aula!
52. 1. A língua é um sistema.
2. Um sistema é um conjunto em que um elemento se define
pelos demais.
3. Se a língua é um sistema, quais são os elementos que
formam a língua? Os signos linguísticos.
Antes de Saussure: a língua era uma nomenclatura; uma
lista de termos.
Com Saussure e depois dele: na língua, os elementos que
compõem os signos linguísticos são psíquicos, unidos em
nosso cérebro por associação.
A LÍNGUA E OS SIGNOS LINGUÍSTICOS
Aula 3
53. “O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas
um conceito e uma imagem acústica.” (CLG, p. 80)
Não é o som: é a impressão
psíquica do som.
Quando pensamos, os signos se formam
em nosso cérebro, mas não há o som do
ponto de vista físico.
SIGNO LINGUÍSTICO: SIGNIFICANTE +
SIGNIFICADO
54. Significante e significado não podem ser separados.
SIGNO LINGUÍSTICO: SIGNIFICANTE +
SIGNIFICADO
Significado
________________
Significante
Conceito
________________
Imagem acústica
55. O significante ou imagem acústica é uma imagem sensorial: é
a parte perceptível do signo.
O significado ou conceito é a parte intelígivel.
(Carvalho, 2000:28)
O significado ou conceito “[...] é a representação mental de
um objeto ou da realidade social em que nos situamos,
representação essa condicionada, plasmada pela formação
sociocultural que nos cerca desde o berço”(Carvalho:
2000,27)
SIGNIFICANTE (IMAGEM ACÚSTICA) +
SIGNIFICADO (CONCEITO)
56. Exemplo. Vamos lá em casa?
SIGNIFICANTE (IMAGEM ACÚSTICA) +
SIGNIFICADO (CONCEITO)
57. Por que o signo linguístico é arbitrário? Porque não há relação
entre significante significado. Poderíamos chamar ‘casa’ de
‘flor’ se assim tivesse sido estabelecido.
Por que Saussure não usou a palavra ‘símbolo’? Porque o
símbolo não é arbitrário: é um objeto que representa uma ideia
abstrata. A substituição do símbolo prejudicaria o significado.
Exemplos.
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO:
ARBITRARIEDADE
58. O princípio da arbitrariedade parte da ideia de que não há
uma razão natural para se unir determinado conceito a
determinada sequência fônica, por isso, qualquer sequência
fônica poderia se associar a qualquer conceito e vice-versa,
desde que fosse consagrado pela comunidade linguística.
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO:
ARBITRARIEDADE
59. Arbitrário = imotivado
“A palavra arbitrário requer também uma observação. Não
deve dar a ideia de que o significado dependa da livre escolha
do que fala [...] queremos dizer que o significante é imotivado,
isto é, arbitrário em relação ao significado, com o qual não tem
nenhum laço natural na realidade.” (CLG, p.83)
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO:
ARBITRARIEDADE
60. Vimos na aula 2:
“O signo escapa sempre, em certa medida, à vontade
individual [...] estando nisso o seu caráter essencial [...]”.
(CLG, p.25)
O signo linguístico é uma convenção social: ainda que o
signo linguístico seja arbitrário e não haja relação entre
significante e significado, não podemos utilizá-los da forma
que desejarmos.
Vamos refletir. Marcelo, martelo, marmelo, Ruth Rocha.
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO:
ARBITRARIEDADE
61. Arbitrário = imotivado
Em nossa aula 2, vimos:
“Ela [a língua] é a parte social da linguagem, exterior ao
indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-
la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato
estabelecido entre os membros da comunidade.” (CLG, p. 22)
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO:
ARBITRARIEDADE
63. Tira do Calvin em Português Brasileiro
CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO:
ARBITRARIEDADE
64. Mesmo considerando que o signo linguístico é arbitrário,
Saussure considerou a existência do arbitrário absoluto e do
arbitrário relativo:
“Apenas uma parte dos signos é absolutamente arbitrária; em
outras, intervém um fenômeno que permite reconhecer graus
no arbitrário sem suprimi-lo: o signo pode ser relativamente
motivado [...].” (CLG, p. 152: grifo no original).
Exemplos. Livro/livraria/livreiro.
O ARBITRÁRIO ABSOLUTO E O
ARBITRÁRIO RELATIVO
65. a) Onomatopeias. As onomatopeias são elementos da
língua formados a partir de sons evocados.
Há vínculo entre significante e significado?
São exemplos de palavras motivadas?
‘Tique-taque’ é uma onomatopeia perfeita, mas esse tipo
de onomatopeia é raro.
Saussure. As onomatopeias variam de língua para língua
porque não são imitações fiéis de ruídos e sons naturais:
quando aparecem em uma língua, sofrem evolução fônica.
DISCORDÂNCIAS QUANTO À
ARBITRARIEDADE DO SIGNO LINGUÍSTICO
66. b) Exclamações. Chamadas de interjeições, também foram
rejeitadas por Saussure. Segundo ele, embora se tente
enxergar nelas expressões espontâneas, temos diferenças de
uma língua para outras.
Se as exclamações não fossem signos arbitrários, deveriam
ser iguais em todas as línguas: os sentimentos dos homens
são iguais, independentemente da língua.
Exemplos.
Ai! (Português) Ouch! (Inglês)
(Adaptamos fonética e fonologicamente para nossa língua).
DISCORDÂNCIA QUANTO À ARBITRARIEDADE
DO SIGNO LINGUÍSTICO
67. • O significante possui uma natureza auditiva e representa uma
extensão que somente pode ser medida em uma linha.
• A linearidade é dos significantes já que o significado é a
representação mental ou conceito, a parte abstrata da palavra.
OUTRA CARACTERÍSTICA DO SIGNO
LINGUÍSTICO: LINEARIDADE
68. • Não podemos emitir dois fonemas simultaneamente.
• Não podemos superpor os sons: produz-se um som após o
outro; uma palavra depois da outra; uma frase depois da
outra.
Uma curiosidade. A Baposa e o Rode (Millôr Fernandes).
Moral. Jamie confais em quá estade em dificuldém.
OUTRA CARACTERÍSTICA DO SIGNO
LINGUÍSTICO: LINEARIDADE
69. IMUTABILIDADE DO SIGNO. O indivíduo tem sua criatividade
‘freada’ pelo fato do signo linguístico ser imposto: ao usar a
língua, o indivíduo quer comunicar suas ideias e, por isso,
precisa utilizar o sistema da língua da mesma forma que os
indivíduos que o cercam.
“Se, com relação à ideia que representa, o significante aparece
como escolhido livremente, em compensação, com relação à
comunidade linguística que o emprega, não é livre: é imposto.”
(CLG, p.85)
COMO SE PROCESSA A MUDANÇA
LINGUÍSTICA?
70. • MUTABILIDADE. Saussure afirmou que o tempo tanto
assegura a continuidade da língua quanto atua na alteração
dos signos linguísticos. Por mais que isso pareça
contraditório, há uma verdade por trás dessa afirmação: “[...]
a língua se transforma sem que os indivíduos possam
transformá-la.” (p. 89)
“O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem um
outro efeito, em aparência contraditório com o primeiro: o de
alterar mais ou menos rapidamente os signos linguísticos e,
em certo sentido, pode-se falar, ao mesmo tempo de
mutabilidade e de imutabilidade do signo.” (CLG, p. 89)
COMO SE PROCESSA A MUDANÇA
LINGUÍSTICA?
71. MUTABILIDADE DO SIGNO. Para que haja mudanças no
sistema, é preciso que toda a coletividade concorde.
Tempo _ _ _ _ _ _ _ _ _
COMO SE PROCESSA A MUDANÇA
LINGUÍSTICA?
Língua
Massa
Falante
Até a próxima aula!
72. Syntagma (grego) – coisa posta em ordem.
As relações sintagmáticas referem-se às relações de
combinação entre os signos.
Paradéigma (grego) – modelo; exemplo.
As relações paradigmáticas referem-se às relações
associativas entre os signos.
COMO FUNCIONAM AS RELAÇÕES ENTRE
OS TERMOS DA LÍNGUA?
73. Como Saussure traz a linearidade para relacionar os termos
da língua?
Sintagma
“A relação sintagmática existe in praesentia; repousa em dois
ou mais termos igualmente presentes numa série efetiva. Ao
contrário, a relação associativa une termos in absentia numa
série mnemônica virtual.” (CLG, p. 143)
Paradigma
.
O EIXO SINTAGMÁTICO
74. Segundo Saussure, a língua é formada por elementos que se
sucedem um após outro linearmente, isto “na cadeia da fala”. A
relação entre esses elementos Saussure (p. 142) chama de
sintagma: O sintagma se compõe sempre de duas ou mais
unidades consecutivas
O eixo sintagmático se baseia no caráter linear do signo
linguístico, “que exclui a possibilidade de [se] pronunciar dois
elementos ao mesmo tempo” (CLG, 142).
O EIXO SINTAGMÁTICO
75. Carvalho (2000:87) afirma que um termo passa a ter
valor em virtude do contraste que estabelece com
aquele que o precede ou lhe sucede, “ou a ambos visto
que um termo não pode aparecer ao mesmo tempo
que outro, devido ao seu caráter linear.”
Só para lembrar: A Baposa e o Rode, Millôr Fernandes.
Moral. Jamie confais em quá estade em dificuldém.
O EIXO SINTAGMÁTICO
76. Refletindo sobre in praesentia
“[...] quase todas as unidades da língua dependem seja do
que as rodeia na cadeia falada, seja das partes sucessivas
de que elas próprias de compõem.” (CLG, p. 148)
Exemplos.
Desejoso = desej + oso (caloroso, duvidoso etc.)
Desfazer = des + fazer (descolar, deslocar etc.)
Ele comprou a casa azul do condomínio.
O EIXO SINTAGMÁTICO
77. 1 — Sintagma Fônico. Estabelece-se a partir da
relação entre fonemas.
a) Fonêmico. Ocorre com grupos vocálicos (ditongos,
tritongos), grupos consonantais e sílabas.
b) Prosódico. Um grupo acentual tônico ou átono, pode
diferenciar dois signos.
Exemplos.
a) Pública (adjetivo) e publica (verbo).
b) Quando falamos, diferenciamos uma exclamação,
uma afirmação ou uma interrogação pelo tom de voz ou
entonação.
TIPOS DE SINTAGMAS
78. 2 - Sintagma Mórfico. Relação entre morfemas.
a) Quando um sintagma mórfico é lexical, temos a própria
palavra, que tanto pode ser primitiva (laranja) quanto
derivada (laranjeiras).
b) Quando o sintagma mórfico é locucional está no nível
intermediário entre o sintagma lexical e o sintático,
conforme os exemplos assim que, tábua de passar, havia
dito etc.
TIPOS DE SINTAGMAS
79. 3- Sintagma sintático. Estabelecidos a partir da relação
entre sintagmas dentro da oração.
a) Suboracional. Estabelece-se a partir das relações de
subordinação entre os diferentes sintagmas dentro da
oração.
Exemplos.
Relação entre verbo e complemento.
As crianças comeram maçã.
SV SN
banana.
torta.
etc.
TIPOS DE SINTAGMAS
80. Exemplos.
Relação entre verbo e complemento.
A casa necessita de reforma.
SV SP
de espaço
etc.
Relação entre o nome e seu complemento.
Ana rasgou o vestido de noiva.
SN SP
a capa do livro
a folha do caderno
etc.
TIPOS DE SINTAGMAS
81. 3- Sintagma sintático. Estabelecidos a partir da relação
entre sintagmas dentro da oração.
b) Oracional. É o período simples, formado por SN + SV.
Exemplo. Juliana abriu a porta.
SN SV
abriu o livro.
comprou a porta.
vendeu o livro.
etc.
TIPOS DE SINTAGMAS
82. c) Supra-oracional. Estabelece-se a partir da subordinação
entre duas orações.
Exemplo. [João conseguiu o emprego] [que queria].
Oração Principal Or. Sub. Adjetiva Restritiva
[Ele necessita] [que o trabalho seja entregue.]
Oração Principal Or. Sub. Subs.Objetiva Indireta
TIPOS DE SINTAGMAS
83. A relação associativa ocorre fora do plano sintagmático, na
mente dos indivíduos onde ele ‘opõe’ os elementos:
“O paradigma não é qualquer associação de signos pelo som e
pelos sentidos, mas uma série de elementos linguísticos
suscetíveis de figurar no mesmo ponto do enunciado se o
sentido for outro.”
(PIETROFORTE, Antonio V. A íngua como objeto de estudo da Linguística, In. FIORIN, José Luiz, (org.).
Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto,2001, p.89)
RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS
84. Por que a relação paradigmática ocorre in absentia?
Quando selecionamos um elemento e o utilizamos para compor o
sintagma, os demais elementos ficam ausentes desse sintagma.
Exemplo. Ele comprou a casa azul do condomínio.
Ele x elas, ela, nós , eu, tu, você, vocês, Maria, João Paulo etc.
Comprou x comprava, compraria etc.
Comprar x vender, alugar, arrendar etc.
A x as, o, os, um , uma, minha, sua etc.
Casa x apartamento, mansão, cabana etc.
RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS
85. NÍVEL FONOLÓGICO
Sintagma
p a t a
m a t a
l a t a Paradigma
p o t e
As relações sintagmáticas e paradigmáticas
ocorrem em diversos níveis
86. Sintagma
NÍVEL MORFOLÓGICO
com e ria
com e Paradigma
detest a va m
NÍVEL ORACIONAL Sintagma
Ana comeria bolo.
Paradigma João come bala.
Elas detestavam maçã.
As relações sintagmáticas e paradigmáticas
ocorrem em diversos níveis
87. Relações sintagmáticas = operação contrastiva.
Relação paradigmática = operação distintiva.
O paradigma é uma reserva de termos virtuais que
representam as possibilidades, no nível das seleções.
Assim, o paradigma representa a potencialidade: todos os
signos que o indivíduo conhece ficam armazenados para que
ele faça a seleção e organize os sintagmas.
RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS
88. Cada elemento linguístico evoca no falante ou no ouvinte
a imagem de outros elementos: a relação dá-se in absentia, ou
seja, associam-se na memória as unidades que têm algo de
comum entre si (pelo sentido, pelo som).
Exemplos.
a) Palavras agrupadas pelo radical. Ensino, ensinar,
ensinemos há o radical como elemento comum.
b) Palavras agrupadas por sufixos. Casamento,
armamento, julgamento;
c) Palavras agrupadas por analogia de significados.
Ensino, instrução, aprendizagem, educação. (CLG, p. 145)
RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS: RELAÇÕES
ASSOCIATIVAS
89. A frase é o protótipo do sintagma (=organização), mas
apesar de a frase pertencer ao âmbito da fala, o sintagma
deve ser estudado na língua, já que a liberdade que os
sintagmas possuem é ‘aparente’.
“Poder-se-ia fazer aqui uma objeção. A frase é o tipo por
excelência de sintagma. Mas ela pertence à fala e não à
língua [...]; não se segue que o sintagma pertence à fala?
Não pensamos assim. É próprio da fala a liberdade das
combinações; cumpre, pois perguntar, se todos os
sintagmas são igualmente livres.” (CLG, p. 144)
O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA
90. Por que estudar os sintagmas na língua?
1. Existem sintagmas que “são frases feitas”, já cris-
talizadas, verdadeiros chichês, “nas quais o uso proibe
qualquer modificação” (CLG, 144). Não permitem a
liberdade combinatória da fala.
Exemplos. “ora essa!”, “ora bolas!”, “não diga!”, “pois é!”,
“veja só!”, “e agora?”, “dar com os burros n’água”, “é isso
ai” etc.
O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA
91. 2. Analogia e Neologismos. Os sintagmas na fala são
construídos a partir de formas regulares e que
pertencem. por essa razão, à língua, pois, como adverte
Saussure (p. 145), “cumpre atribuir à língua e não à fala
todos os tipos de sintagmas construídos sobre formas
regulares”.
Exemplo. Imexível aparece na fala e passa ao sistema
(= língua) porque há modelos ou paradigmas já
existentes no sistema, como ilegível imperdível,
irreversível, etc.
RESUMINDO. A potencialidade da língua, o paradigma,
possibilita sua criação através do que Saussure chama
de analogia: acionamos as palavras semelhantes que
estão armazenadas em nosso paradigma.
O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA
92. CASTELAR (2000:95)
Relações Sintagmáticas
Opera na frase
Realidade
Oposição contrastiva
In praesentia
Valor por contraste entre
termos presentes
Baseadas na linearidade do
significante
Combinação
Relações Paradigmáticas
Opera no sistema
Potencialidade
Oposição distintiva
In absentia
Valor por oposição a termos
ausentes
Situam-se na memória do
falante
Seleção
93. VAMOS PRATICAR?
Em relação ao sintagma,
podemos afirmar que ele:
a) é oposição distintiva.
b) é potencialidade.
c) diz respeito à seleção dos
elementos.
d) situa-se na memória do
falante.
e) relaciona-se à linearidade
do significante
94. VAMOS PRATICAR?
Em relação ao sintagma,
podemos afirmar que ele:
a) é oposição distintiva.
b) é potencialidade.
c) diz respeito à seleção dos
elementos.
d) situa-se na memória do
falante.
e) relaciona-se à linearidade
do significante
95. Em relação ao paradigma, podemos afirmar que ele:
a) diz respeito à combinação dos elementos.
(paradigma= seleção)
b) é oposição contrastiva. (paradigma=distinção)
c) relaciona-se à linearidade do significante.
d) situa-se na memória do falante.
e) opera 'in praesentia'. (paradigma= in absentia)
VAMOS PRATICAR?
96. VAMOS PRATICAR?
Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo sintagmático.
I. O sintagma representa as possibilidades de uso da língua.
II. Por operar com base na linearidade do signo linguístico, o sintagma
opera ‘in praesentia’.
III. A relação associativa ocorre no plano paradigmático.
a) As alternativas I e III estão corretas.
b) Somente a alternativa I está correta.
c) As alternativas II e III estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) Somente a alternativa II está correta.
97. VAMOS PRATICAR?
Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo sintagmático.
I. O sintagma representa as possibilidades de uso da língua.
II. Por operar com base na linearidade do signo linguístico, o sintagma
opera ‘in praesentia’.
III. A relação associativa ocorre no plano paradigmático.
a) As alternativas I e III estão corretas.
b) Somente a alternativa I está correta.
c) As alternativas II e III estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) Somente a alternativa II está correta.
98. VAMOS PRATICAR?
Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo associativo ou
paradigmático:
I. As relações associativas situam-se na memória do falante.
II. O paradigma opera por oposições distintivas.
III. As relações entre os elementos no paradigma operam 'in
absentia'.
a) As alternativas I e III estão corretas.
b) Somente a alternativa I está correta.
c) As alternativas I e II estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) Somente a alternativa II está correta.
99. VAMOS PRATICAR?
Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo associativo ou
paradigmático:
I. As relações associativas situam-se na memória do falante.
II. O paradigma opera por oposições distintivas.
III. As relações entre os elementos no paradigma operam 'in
absentia'.
a) As alternativas I e III estão corretas.
b) Somente a alternativa I está correta.
c) As alternativas I e II estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) Somente a alternativa II está correta.
100. VAMOS PRATICAR?
Em relação ao eixo sintagmático e ao eixo associativo é
INCORRETO afirmar:
a) As relações sintagmáticas se baseiam na linearidade do
signo linguístico.
b) As relações associativas acontecem na mente dos
indivíduos.
c) As relações paradigmáticas estabelecem-se em função da
presença dos termos no discurso.
d) As relações associativas ocorrem in absentia e
representam as possibilidades de escolha.
e) As relações sintagmáticas representam a realização
concreta e ocorrem in praesentia.
Até a próxima aula!
101. VAMOS PRATICAR?
Em relação ao eixo sintagmático e ao eixo associativo é
INCORRETO afirmar:
a) As relações sintagmáticas se baseiam na linearidade do
signo linguístico.
b) As relações associativas acontecem na mente dos
indivíduos.
c) As relações paradigmáticas estabelecem-se em função da
presença dos termos no discurso.
d) As relações associativas ocorrem in absentia e
representam as possibilidades de escolha.
e) As relações sintagmáticas representam a realização
concreta e ocorrem in praesentia.
Até a próxima aula!
102. Assim, Saussure considera que se devam distinguir os
fenômenos de duas maneiras:
• Sincronia: syn (simultaneidade) + chrónos (tempo).
Os fatos da língua são estudados nas relações que contraem,
uns em relação aos outros.
• Diacronia: dia (movimento através de) + chrónos (tempo).
Os fatos da língua são estudados considerando a
interferência do fator tempo e o estudo da mudança
linguística.
SINCRONIA E DIACRONIA
103. C
A B (Sincronia: um estado
de
língua)
D
(Diacronia: uma fase de evolução)
Por que as linhas se cruzam? Em um estado de língua, temos
formas atuais e formas que vão caindo em desuso.
SINCRONIA E DIACRONIA
104. Só para lembrar: mutabilidade e imutabilidade do signo
linguístico:
O signo linguístico é imposto e a criatividade do indivíduo é
‘freada’.
No entanto: “[...] a língua se transforma sem que os
indivíduos possam transformá-la.” (p. 89)
“O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem um
outro efeito, em aparência contraditório com o primeiro: o
de alterar mais ou menos rapidamente os signos
linguísticos e, em certo sentido, pode-se falar, ao mesmo
tempo de mutabilidade e de imutabilidade do signo.” (CLG,
p. 89)
SINCRONIA E DIACRONIA
105. MUTABILIDADE DO SIGNO. Para que haja mudanças no
sistema, é preciso que toda a coletividade concorde.
Tempo _ _ _ _ _ _ _ _ _
COMO SE PROCESSA A MUDANÇA
LINGUÍSTICA?
Língua
Massa
Falante
106. • A Linguística sincrônica se ocupará das relações lógicas e
psicológicas que unem os termos coexistentes e que formam
sistema, tais como são percebidos pela consciência coletiva.
• A Linguística diacrônica estudará, ao contrário, as relações
que unem termos sucessivos não percebidos por uma mesma
consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem
formar sistema entre si.
SINCRONIA E DIACRONIA
107. Saussure priorizou os estudos sincrônicos, diferenciando-se
dos estudos diacrônicos da Escola Comparativista –
diacrônico é, desse modo, tudo que diz respeito às
evoluções.
Para Saussure, a prioridade deve ser para a pesquisa
descritiva, ou seja, estudar a língua sincronicamente.
COMO SAUSSURE LIDOU COM O FATOR
TEMPO?
108. A sincronia opera a partir de uma única perspectiva: a dos
falantes, consistindo o seu método em “observar-lhes o
testemunho” (CLG, 106). O objeto da sincronia é observar e
descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso
de tempo suficientemente curto para, na prática, se poder
considerar um ponto no eixo do tempo”. (Martinet, apud
Carvalho: 2000, 74)
SINCRONIA
109. A sincronia opera a partir de uma única perspectiva: a dos
falantes, consistindo o seu método em “observar-lhes o
testemunho” (CLG, 106). O objeto da sincronia é observar e
descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso
de tempo suficientemente curto para, na prática, se poder
considerar um ponto no eixo do tempo”.
SINCRONIA
110. As técnicas da Linguística diacrônica distinguem duas
perspectivas, segundo o caráter dos dados com que opera
(CLG, 106):
• Método prospectivo - estuda e compara dois ou mais
estados da mesma língua, cada um antepassado ou
descendente do outro. Método usado principalmente em
linguística histórica.
• Método retrospectivo (mais conhecido como comparativo)
- estuda estados de língua que tenham parentesco entre
si tentando-se chegar (até onde seja possível) ao estado
do último antepassado comum a todos os estados
conhecidos.
DIACRONIA
111. • Apesar de haver afirmado que a diacronia leva a tudo, contanto
que se saia dela (numa critica mordaz aos neogramáticos),
Saussure (p. 106) reconhece o seu valor, mas apenas como um
meio, não um fim: ‘‘A diacronia não tem um fim em si mesma”.
E explicita o mestre (p. 115):
“Mas todas as inovações (...) coletividade as acolhe.”
DIACRONIA
112. • Apesar de haver afirmado que a diacronia leva a tudo, contanto
que se saia dela (numa critica mordaz aos neogramáticos),
Saussure (p. 106) reconhece o seu valor, mas apenas como um
meio, não um fim: ‘‘A diacronia não tem um fim em si mesma”.
E explicita o mestre (p. 115):
“Mas todas as inovações (...) coletividade as acolhe.”
• A Linguística diacrônica estudará, ao contrário, as relações que
unem termos sucessivos não percebidos por uma mesma
consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem
formar sistema entre si.
DIACRONIA
113. Como podemos caracterizar sincronia e diacronia?
SINCRONIA (1)
DIACRONIA (2)
a) ( ) Estática.
b) ( ) Leva em conta o tempo.
c) ( ) Trata de fatos simultâneos.
d) ( ) Interessa-se pelo sistema.
e) ( ) Gramática histórica/ estudo externo da língua.
f) ( ) Comeder > comeer > comer.
VAMOS PRATICAR?
114. 1. O falante nativo não tem consciência da sucessão dos
fatos da língua no tempo: ele pode utilizar a língua sem
saber nada de sua história. O indivíduo que usa a língua
como veículo de comunicação e interação social não
percebe essa sucessão de fatos.
O falante só percebe a língua que ele utiliza, ou seja, o
estado sincrônico de língua porque a língua possui uma
lógica interna.
Exemplo. A palavra ‘romaria’.
Por que optar pelo método sincrônico?
115. 2. Língua como sistema de valores: o linguista só pode realizar
a abordagem desse sistema, estudando, analisando e avaliando
suas relações internas (sintagmáticas e paradigmáticas), isto é,
estudando sua estrutura, sincronicamente.
Como a língua é um sistema de valores, seu estudo deveria
partir da estrutura como se apresenta num estado
momentâneo, a qual é a única perceptível pelos falantes, visto
que os mesmos não percebem a sucessão de fatos linguísticos
no tempo, que constituem a diacronia.
POR QUE OPTAR PELO MÉTODO SINCRÔNICO?
116. Para Saussure, a língua é uma rede de pares opositivos: “na língua
só existem diferenças”.
O valor dos elementos da língua é um valor semântico, traz
significado.
Exemplos.
Lá e lã (se é vogal oral, não é vogal nasal);
Carro x carros (se é singular, não é plural);
Cata x gata (se é o fonema surdo, não é o sonoro)
Carro x camisa (um substantivo ou outro).
FERDINAND DE SAUSSURE: A NOÇÃO DE VALOR
117. • Cada posição de jogo corresponde a um estado de língua.
• O valor de cada peça depende da posição que ela ocupa
no tabuleiro. Igualmente na língua, cada elemento tem seu
valor determinado pela oposição e pelo contraste com os
outros elementos. E esse valor é momentâneo, pois ele
pode variar de um estado ao outro da língua.
• Assim como no jogo de xadrez o deslocamento de uma
peça não ocasiona mudança geral no sistema, as
mudanças na língua aplicam-se a certos elementos,
embora não se saiba quais efeitos serão causados sobre o
restante do sistema. No entanto, o próprio Saussure
enxerga uma falha na comparação.
O JOGO DE XADREZ E A SINCRONIA
118. Falha na comparação: o jogador tem o poder de deslocar
peças conscientemente e, dessa forma, agir intencionalmente
sobre o sistema (Jogo de xadrez), o falante nada premedita,
não lhe é dado logicar, pois na língua ‘‘é espontânea e
fortuitamente que suas peças se deslocam, ou melhor, se
modificam” (CLG, 105).
O JOGO DE XADREZ E A SINCRONIA
119. Leia as afirmativas a seguir sobre sincronia:
I. Estuda a língua a partir do ponto de vista do falante.
II. Estuda um estado de língua.
III. Estuda os fatos da língua levando em conta o fator tempo.
(Isso é diacronia)
a) Somente I está correta. b) I e II estão corretas.
c) II e III estão corretas. d) I e III estão corretas.
e) Todas estão corretas.
VAMOS PRATICAR?
120. Porque a relação entre o significante e o significado é arbitrária
pode ser afetada pelo tempo. Se essa relação fosse natural e
lógica, o signo linguístico teria condições de resistir à ação
transformadora do tempo, mantendo-se imutáveis os seus dois
constituintes.
• “Uma língua é radicalmente incapaz de se defender dos fatores
que se deslocam, de minuto a minuto, a relação entre o
significante e o significado. (CLG, p.90)
• Portanto, é exatamente por ser uma entidade eminentemente
histórica que a língua exige, prioritariamente, uma análise a-
histórica, isto é, sincrônica.
SINCRONIA E ARBITRARIEDADE DO SIGNO
121. • Ainda que Saussure não tenha usado a palavra
‘estruturalismo’, deixou um importante estudo sobre o
sistema da língua e sobre sua estrutura. A partir do
conceito de sistema, Saussure propõe o estudo da língua
em suas relações internas, observando-se a organização
das unidades que compõem esse sistema e dos princípios
e regulamentos que o regem.
• A obra de Saussure influenciou linguistas como Leonard
Bloomfield, nos Estados Unidos, Louis Hjelmslev, na
Escandinávia, e Antoine Meillet e Émile Benveniste que, na
França, continuaram o trabalho de Saussure.
O ESTRUTURALISMO LINGUÍSTICO
122. • Cada língua possui uma estrutura específica.
• A estrutura da língua pode ser observada em três níveis:
fonológico, morfológico, sintático.
• Cada nível é constituído por unidades do nível imediatamente
inferior.
• A descrição da língua deve partir das unidades mais simples
para as mais complexas.
• Cada unidade é definida de acordo com sua posição
estrutural.
(COSTA, Marcos A.Estruturalismo. In. MARTELOTTA, Mario E. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2010)
O QUE É UMA ANÁLISE ESTRUTURALISTA
123. Exemplo.
(A descrição da língua deve partir das unidades mais simples
para as mais complexas.
Cada unidade é definida de acordo com sua posição
estrutural.)
Fonema – O/ a/l/u/n/o c/õ/p/r/o/u /o/s l/i/v/r/o/s
Morfemas – O / alun/o compr/ou o/s livro/s
Palavras – O / aluno / comprou / os/ livros/
Sintagmas – O aluno/ comprou os livros
Frase – O aluno comprou os livros
O QUE É UMA ANÁLISE ESTRUTURALISTA
124. Diacronia
Evolutiva
Prospectiva e retrospectiva
Interesse pela evolução
Leva em conta o tempo
Trata de fatos sucessivos
Estuda o processo de
evolução da língua
Confronta estados diferentes
de uma mesma língua
CASTELAR (2000:77)
Sincronia
Estática
Descritiva
Interesse pelo sistema
Abstrai o tempo
Trata de fatos simultâneos
Estuda o modo como a língua
funciona
Descreve um determinado
estado de uma mesma
língua
125. A linguística é o estudo da linguagem verbal humana.
Linguagem humana = língua + fala
A língua é formada por signos linguísticos.
(significante + significado)
Eixo sintagmático e eixo paradigmático
Sincronia
FERDINAND DE SAUSSURE
126. Questão 1. A diacronia:
a) é estática.
b) interessa-se pelo sistema.
c) trata de fatos sucessivos.
d) descreve um determinado estado de uma língua.
e) estuda o modo como a língua funciona.
VAMOS PRATICAR?
127. Questão 2. A sincronia:
a) pode ser prospectiva e retrospectiva.
b) descreve um determinado estado de uma mesma língua.
c) leva em conta o tempo.
d) preocupa-se com a evolução.
e) trata de fatos sucessivos.
128. Questão 3. Em relação à sincronia é INCORRETO afirmar que
ela estuda:
a) os fatos que atuam na língua de maneira sistemática e
geral.
b) a língua sob a perspectiva daqueles que só conhecem essa
última como uma realidade sistemática e funcional.
c) o modo como a língua funciona.
d) o processo de evolução da língua.
e) um determinado estado de uma mesma língua.
129. Questão 4. Leia as afirmativas a seguir.
I. A diacronia estuda os fatos linguísticos em suas
transformações através dos tempos.
II. A sincronia descreve estados de língua e suas relações
internas.
III. A sincronia estuda as relações entre fenômenos existentes
ao mesmo tempo.
a) As alternativas I e II estão corretas.
b) Todas as alternativas estão corretas.
c) As alternativas I e III estão corretas.
d) Somente I está correta.
e) Somente III está correta.
130. Questão 5. Leia as afirmativas a seguir:
I - A sincronia trabalha sob a perspectiva das pessoas que falam a
língua em determinado momento.
II - No método retrospectivo, tem-se o estudo e a comparação de
dois ou mais estados da mesma língua, cada um antepassado
ou descendente do outro.
III - No método prospectivo, tem-se o estudo de estados de língua
que tenham parentesco entre si tentando-se chegarão
estado do último antepassado comum a todos os estados
conhecidos.
a) I e II estão corretas. b) Todas estão corretas.
c) I e III estão corretas. d) Somente I está correta.
e) Somente III está correta
Até a próxima aula!
131. • Noam Avram Chomsky, professor do MIT: 1957, Syntatic Structures -
Esse livro surge como uma resposta ao behaviorismo que era o
modelo dominante na época.
Como Chomsky vê a linguagem?
“A linguagem é um conjunto de sentenças, cada uma finita em
comprimento e construída a partir de um conjunto finito de
elementos” (1957:13; apud Lyons: 1987).
Chomsky não menciona a função comunicativa das línguas, naturais
ou não.
Lembrando Saussure: ‘A língua é o produto social da faculdade da
linguagem.’
A TEORIA GERATIVISTA
132. • A teoria gerativista é formulada como uma resposta ao
modelo behaviorista que era dominante na primeira metade
do século XX.
• Behaviorista. A linguagem humana é um condicionamento
social, uma resposta aos estímulos produzidos pela
interação social.
A resposta viria da repetição e seria convertida em
hábitos: a criança ouve uma palavra e a repete por
imitação, no mesmo contexto.
A linguagem humana seria um fenômeno externo ao ser
humano, fixado pela repetição.
A TEORIA GERATIVISTA
133. • SKINNER. A criança é uma lousa em branco: o sistema
linguístico é constituído do nada, é determinado quase que
inteiramente pela experiência, e não geneticamente transmitida.
Empiristas – a linguagem adquirida pela criança deve-se ao
treinamento que recebe dos pais: observação, imitação de
adultos, das outras crianças.
Como justificar a criatividade? Exs. ‘Fazi’, ‘sabo’ (a criança
nunca ouviu), ‘sirires’ (plural de siri), ‘morridinha (analogia à
subidinha).
• CHOMSKY. As pessoas nascem com ideias inatas e grande parte
da organização psicológica é transmitida geneticamente.
A LINGUAGEM É ADQUIRIDA OU INATA:
BEHAVIORISMO X GERATIVISMO
134. • Chomsky publica uma resenha, em 1958, criticando o livro
Comportamento verbal, de Skinner: como acreditar na
visão comportamentalista, se o falante é criativo?
a) A criança cria palavras nunca ouvidas.
b) Todos os indivíduos criam frases inéditas na língua, seja ele
analfabeto ou autor de renome.
A criatividade é a principal característica da linguagem
humana: isso reforça a visão racionalista de Chomsky.
Conclusão. A visão racionalista da linguagem é a correta.
CHOMSKY E SUA CRÍTICA AO BEHAVIORISMO
135. Os behavioristas eram empiristas.
• Empirismo – (empeiria = experiência) a experiência é o ponto de
partida do conhecimento: O conhecimento e o comportamento
humano seriam determinados pelo ambiente .
Tudo o que está em nossa razão, entrou nela por meio dos
sentidos, ou seja, das percepções dos nossos cinco sentidos.
(Empirismo de caráter individualista)
As formas complexas da atividade da criança são uma
combinação de hábitos.
OS BEHAVIORISTAS E O PENSAMENTO EMPIRISTA
136. Para Chomsky: a mente é a fonte do conhecimento humano.
Noam Chomsky: racionalista (ratio = razão)
• Racionalistas - fonte principal do conhecimento humano é a
mente.
Pensamento, na razão - fonte principal do conhecimento
humano
Conhecimento - universalmente válido (matemática).
Com o gerativismo, a língua deixa de ser analisada como um
comportamento socialmente condicionado e passa a ser
analisada como uma faculdade mental.
O GERATIVISMO E O PENSAMENTO
RACIONALISTA
137. Com o gerativismo, a língua deixa de ser analisada como um
comportamento socialmente condicionado e passa a ser
analisada como uma faculdade mental.
Como o gerativista estuda a língua?
a) O que há de comum entre as línguas do mundo?
b) O que o indivíduo sabe quando diz que ‘sabe uma língua?’
c) Como o indivíduo adquire esse conhecimento?
d) De que maneira esse conhecimento é posto em prática?
e) Como o cérebro recebe esse conhecimento?
(Kenedy,2010. In. Martelotta, 2010)
A VISÃO GERATIVISTA DAS LÍNGUAS
138. • Chomsky considera que a mente humana é composta por
sistemas cognitivos como a faculdade da linguagem, a
faculdade de desenvolver formas de compreensão
matemática etc.
• Essa faculdade da linguagem está presente em todos os
seres humanos como uma herança biológica
• A faculdade da linguagem seria uma estrutura cognitiva,
localizada do lado esquerdo do cérebro, que faz parte da
mente humana e estaria em interação com os outros órgãos
mentais.
• A faculdade da linguagem seria dividida em módulos.
MODULARIDADE DA MENTE
139. Há provas de que o cérebro é modular?
Chomsky considera a afasia uma possibilidade de
explicação para que o módulo da linguagem também seja
subdividido.
• Afasias de Broca: Quebras de produção de fala e
deficiências fonológicas.
• Afasia de Wernicke. Problemas de compreensão e revelam
uma separação entre sintaxe e semântica, ou seja, suas
frases são sintaticamente bem elaboradas mas sem
significado.
MODULARIDADE DA MENTE
140. • O conhecimento sobre as línguas como um conjunto de regras
sobre como formar frases (regras = competência dos falantes)
Por que ‘gerativa’? Apresenta o conjunto de regras que
representam a gramática da língua e permitem que o falante crie
novas sentenças a partir das regras que ele formula para a sua
língua natural.
• GERATIVIDADE - possibilidade de fazer uso infinito de meios
finitos.
• Os gerativistas defendiam que com um número finito de regras
gramaticais podemos formular infinitas sentenças de uma língua.
POR QUE ‘GERATIVISMO’?
141. As regras internalizadas geram frases: “gerar” no sentido
matemático de explicitar, listar ou enumerar todas as
possibilidades deriváveis de uma fórmula (regra). Tais
possibilidades — as frases geráveis — é que são infinitas, ou
seja, ilimitadas. Impossível dar a lista completa das frases
previstas pelas regras da língua. Vejam as três regras
seguintes:
1. 0 SN SV
2. SV V SN
3. SN Art N
(Leia-se: Oração reescrita como Sintagma Nominal +
Sintagma Verbal. Sintagma Verbal reescrito como Verbo +
Sintagma Nominal. E Sintagma Nominal reescrito como Artigo
+ Nome.)
QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E
LINGUÍSTICA?
142. A menina comprou a blusa.
1. SN SV
A menina
SN Art N
SV comprou a blusa
2. V SN
Somente essas três regras ‘geram’ um número infinito de
sentenças.
QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E
LINGUÍSTICA?
143. 1. SN: art + substantivo
a boneca, o livro, os livros, o biscoito, a água.
2. SV: verbo + sintagma nominal
comprou a blusa
bebo a água
leio o livro
uso a blusa
QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E
LINGUÍSTICA?
144. Gramática universal, dispositivo de aquisição da língua (DAL)
– “language acquisition device” e estado inicial .
Nomes dados a essa estrutura mental inata.
Essa prédisposição biológica permite à criança formular as
regras da gramática da sua língua a partir dos dados
linguísticos do ambiente que a cerca.
O Input desses dados funciona como gatilho (tradução do
inglês trigger) que aciona certo valor de parâmetro para que
a criança componha a gramática de sua língua particular.
GRAMÁTICA UNIVERSAL
145. O que são esses valores que a criança aciona?
São os parâmetros: [+] ou [-].
A língua apresenta o A língua não apresenta
parâmetro o parâmetro
Ordem: substantivo adjetivo [+] português;
[-] inglês
(a ordem em inglês é adjetivo substantivo)
GRAMÁTICA UNIVERSAL
146. Só para lembrar:
Gramática normativa (= gramática prescritiva)
Gramática Tradicional
Para o gerativismo, ‘gramática’ corresponde à gramática
internalizada pelo falante durante o processo de aquisição da
linguagem.
A gramática para Chomsky será definida como o conjunto finito
de regras que permitem produzir a totalidade dos enunciados
gramaticais possíveis de uma dada língua.
O QUE É GRAMÁTICA PARA O GERATIVISMO?
147. • Gramática universal. Conjunto das propriedades gramaticais
comuns a todas as línguas do mundo.
• Gramática particular. É a gramática de uma língua em
particular.
A partir dos princípios que temos em nossa Gramática
Universal, criamos a gramática de nossa língua.
GRAMÁTICA UNIVERSAL
E GRAMÁTICA PARTICULAR
148. A GU é composta por princípios e de parâmetros:
Princípios - leis gerais comuns a todas as línguas do mundo
e são geneticamente determinados.
Parâmetros - aplicação desses princípios a uma língua
particular originando a gramática particular de uma língua
(GP).
GRAMÁTICA UNIVERSAL
149. Exemplo.
Princípio - todas as sentenças têm sujeito.
Parâmetro do sujeito nulo. Uma língua pode não ter sujeito
expresso.
Os parâmetros são binários (valor positivo ou negativo).
Inglês (sujeito tem que ser pronunciado)- Caso esteja
exposta ao inglês, vai estar exposta a estruturas com
elementos expletivos e traçará o valor negativo. It rains.
O inglês apresenta o valor negativo do parâmetro (não
apresenta sujeito nulo).
Português - (apresenta sujeito nulo) - exposta ao
português a criança terá no input as evidências para
marcar um valor positivo para esse parâmetro. Chove.
PRINCÍPIOS E PARÂMETROS
150. It rains. – inglês [ - ] Não apresenta sujeito nulo
Chove. – português [ + ] Apresenta sujeito nulo
Em português, o parâmetro do sujeito nulo é positivo, ou seja,
o falante pode produzir sentenças com o sujeito
realizado ou não.
Um falante do inglês saberá que, em sua língua, é preciso
produzir sentenças com o sujeito realizado.
PRINCÍPIOS E PARÂMETROS
151. 1. Assinale a letra cujo enunciado NÃO se refere ao conceito
de Gramática Universal:
a) É composta de princípios e de parâmetros.
b) É a estrutura linguística herdada geneticamente por cada
membro da espécie humana.
c) Trabalha com um padrão de correção linguística, que deve
ser seguido por todos.
d) É um sistema de todas as regras necessárias para se
poder falar.
e) É o estágio inicial de um falante que está adquirindo uma
língua.
VAMOS PRATICAR?
152. 2. A citação abaixo refere-se a um aspecto da Teoria Gerativa.
Assinale-o.
“Sabemos que o corpo humano é composto por órgãos
diferentes que desempenham funções diferentes, cada um
deles com funcionamento específico – ou seja, o coração bate
para fazer circular o sangue, mas os rins não batem para
filtrar a água do corpo; adicionalmente o tipo de tecido que
compõe o fígado é muito diferente do tipo de tecido que
compõe o estômago, por exemplo.” (Mioto, Silva & Lopes,
1999, p.25)
a) Modularidade da mente.
b) Gramática Universal.
c) Gramática Particular.
d) Parâmetros.
e) Princípios.
153. 3. Tendo como base a Teoria de Princípios e Parâmetros, analise os exemplos
abaixo e, em seguida, assinale a alternativa INCORRETA:
It rains. – inglês [ - ]
Chove. – português [ + ]
Moro no Rio. – português [ + ]
I live in Rio – inglês [ - ]
Eu moro no Rio – português [ + ]
a) Em português, o parâmetro do sujeito nulo é negativo, ou seja, o
falante pode produzir sentenças com o sujeito realizado ou não.
b) Um falante do inglês saberá que, em sua língua, é preciso produzir
sentenças com o sujeito realizado.
c) O falante do português pode escolher enunciados como os
apresentados em (II), (III) e (V), pois todos fazem parte da língua.
d) Em inglês, produzir apenas “Live in Rio” em lugar de “I live in Rio”
não faria sentido, pois é preciso preencher a posição do sujeito.
e) O falante do inglês, assim como o falante do português, pode
escolher: preencher ou não a posição do sujeito.
154. 4. Segundo o Gerativismo, o ser humano já nasce com um
dispositivo para a aquisição de uma língua. Isso significa dizer
que
a) todos os indivíduos nascem com uma disposição para
desenvolver uma língua.
b) o aparato genético varia de cultura para cultura; por isso, as
línguas são diferentes.
c) os animais também apresentam o mesmo aparato genético,
pois também desenvolvem linguagem.
d) a análise do dispositivo genético já nos permite saber a
língua a ser desenvolvida pelo indivíduo.
e) o dispositivo varia de pessoa para pessoa, pois somos todos
diferentes.
155. 5. Sobre o conceito de Princípios e Parâmetros, assinale
a alternativa INCORRETA:
a) São os componentes da Gramática Universal.
b) “Todas as línguas do mundo possuem funções
sintáticas como sujeito e predicado”. Isso é um
princípio.
c) Os princípios são comuns a todas as línguas,
apresentam caráter universal.
d) Os parâmetros são responsáveis em explicar a
organização das línguas naturais por serem gerais.
e) Os parâmetros são reconhecidos a partir dos dados
linguísticos do ambiente do indivíduo em fase de
aquisição de linguagem.
Até a próxima aula!
156. • As crianças captam o que é regular no sistema e criam uma
regra.
Exemplo. Pincel/pincelar; vassoura/vassourar?
As crianças adquirem primeiro palavras de conteúdo
(substantivos, adjetivos, verbos) e depois palavras estruturais
(pronomes, preposições).
Nomear = substantivos (concreto)
Verbos e adjetivos = mais abstrato
No início: uso de estruturas simples; depois: estruturas
coordenadas e subordinadas.
O QUE É COMUM NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO?
157. • Nascemos com uma capacidade inata para desenvolver a
linguagem (nascemos com a GU e seus princípios).
• A exposição à língua aciona o gatilho e permite que a
Gramática Universal libere informações. Assim, a partir da
GU, criamos a GP de nossa língua natural.
• Desenvolvemos nossa língua natural ou nossas línguas
naturais a partir da exposição aos dados linguísticos do
ambiente.
O QUE POSSIBILITA A AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM?
158. GENIE
Inserida no convívio social com 13 anos e 7 meses: adquiriu
vocabulário, mas apresentou problemas na sintaxe e na morfologia.
• Apresentou rápida aquisição do vocabulário, mostrando uma
habilidade semântica superior àquela alcançada por crianças normais
em igual período de tempo.
• Apresentou pobre elaboração morfológica e um reduzido emprego de
estruturas sintáticas complexas em sua fala, mostrando uma
habilidade sintática bastante defasada em relação às crianças
normais.
Conclusão:
Aprender uma língua natural é um processo e a experiência
desempenha importante papel na aquisição da linguagem.
Chomsky: experiência = gatilhos (trigger).
159. O caso de Genie corrobora a ideia de que a mente é modular
e a linguagem, por constituir um módulo independente dos
demais, tem seus princípios próprios.
Por quê? Ela desenvolveu alguns aspectos da linguagem e
não outros.
Conclusão. Mesmo a faculdade da linguagem é modular, ou
seja, teríamos módulos para fonologia, morfologia, semântica
e sintaxe.
A MENTE É MODULAR
160. Lateralização. O processo através do qual um dos
hemisférios do cérebro é especializado para o desempenho
de certas funções.
• A lateralização é comumente considerada como uma pré-
condição evolutiva do desenvolvimento de inteligência
superior no homem.
• Lateralização é sujeita à maturação, no sentido de que é
geneticamente pré-programada e é específica aos seres
humanos. Esse processo relaciona-se à capacidade das
crianças para aprenderem uma língua natural.
A LATERALIZAÇÃO DO CÉREBRO
161. • A lateralização começa quando a criança tem mais ou
menos dois anos e completa-se em algum ponto da faixa
entre os cinco anos e o início da puberdade.
Idade crítica para a aquisição da linguagem:
• Lenneberg que considera que a lateralização só termina na
puberdade parecendo ser esse o limite máximo para a
aquisição da linguagem.
• Krashen, considera que a lateralização pode estar
concluída entre os 5 e 6 anos de idade. Talvez seja por
isso que nessa idade uma criança já adquiriu a maior parte
da gramática.
A LATERALIZAÇÃO DO CÉREBRO
162. A função da experiência é ativar a competência linguística, ou
seja, temos o gatilho e a GU passa a liberar informações para
que construamos nossa GP. Desse modo, temos:
• Produtividade - fato de a criança produzir, quando ainda jovem,
construções gramaticais que jamais ocorreram antes em sua
experiência.
• Criatividade - fato de a linguagem humana ser independente de
estímulo, na medida em que “o enunciado que alguém profere em
dada ocasião é, em princípio, não predizível, e não pode ser
descrito apropriadamente, no sentido técnico desses termos,
como uma resposta a algum estímulo identificável, linguístico ou
não linguístico” (Lyons, 1987:212-213).
QUAL É A FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA?
163. A chamada regularização, por exemplo, mostra a criança
aplicando rigorosamente, também a formas sujeitas a casos
especiais, as regras gerais que já internalizou.
• *fazi ou *trazi - regra que gera as formas regulares como bati,
comi etc.;
• abrido, *cobridO *fazido, *escrevidO pelos modelos regulares
dormido, comido, batido etc.;
• *eu pego tu; *não empurra eu; * mais grande, * mais bom,
como mais alto, mais fraco etc..
QUAL É A FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA?
164. 1. Saber a língua é saber a gramática respectiva
Dominar as regras que governam (ou “geram”) a construção
e enunciação das frases; emprego das palavras, sua
colocação, o acordo entre elas (concordância), pronúncia,
acentos e tons, etc.
Exemplo.
Fonologia - quando precisamos nomear algo novo: Corsa
mas não Rcaso (pelas leis fonológicas do português não
existe a seqüência inicial rc.)
Sintaxe- A casa x casa a
O QUE É SABER UMA LÍNGUA PARA
CHOMSKY?
165. 2. Saber a língua não se confunde com saber se comunicar.
Diferença entre competência e desempenho.
3. Saber a língua é saber o sistema oral
“Pela idade de quatro a seis anos, a criança normal é um
adulto linguístico.”
O QUE É SABER UMA LÍNGUA PARA
CHOMSKY?
166. Para Chomsky, a Linguística deve estudar a competência; ela é
puramente linguística.
A competência é o conhecimento do indivíduo sobre sua língua
natural.
Competência relaciona-se à cognição; a principal função da
língua é expressar o pensamento.
• Competência - conjunto de normas que o falante internaliza e
que lhe permite emitir, receber e julgar os enunciados em sua
língua.
A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
167. Saussure: langue x parole
Chomsky: competência x desempenho.
• Desempenho - O uso que o falante faz do conhecimento que
tem sobre a língua; comportamento do indivíduo.
O desempenho por estar sujeito a fatores extralinguísticos não
seria analisado pela linguística e sim pela psicologia.
Desempenho (Chomsky) = Fala (Saussure)
O desempenho é variável: se falamos em público, se estamos
aborrecidos etc.
COMPETÊNCIA x DESEMPENHO
168. A competência (Chomsky) NÃO corresponde à língua de
Saussure.
• Saussure: língua é fato social, uma instituição humana, cujo
objetivo é a interação social, estando a língua incluída nas
ciências sociais.
• Competência (processo mental) - conjunto de normas que o
falante internaliza e que lhe permite emitir, receber e julgar os
enunciados em sua língua.
A principal função da língua é cognitiva, ou seja, expressar o
pensamento. Sob essa perspectiva, a função comunicativa está
em segundo plano.
A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
169. A análise linguística deve descrever as regras que governam a
estrutura da competência fornecendo subsídios para a
compreensão da organização da mente humana.
A menina comprou a blusa.
SN SV
A menina
SN Art N
comprou a blusa
SV V SN
A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
170. Competência gramatical - conhecimento que têm os
falantes/ouvintes da língua e da linguagem,
independentemente de qualquer informação extralinguística.
• Formação das frases - gramaticais (bem formadas
sintaticamente) e agramaticais (com problemas sintáticos).
• Gramaticalidade é um conceito que define as sequencias que
pertencem ou não à língua.
COMPETÊNCIA GRAMATICAL
171. • As sequencias geradas pela gramática da língua, em
acordo com essas regras internalizadas, são gramaticais e
as que não pertencem à gramática da língua,
desobedecendo, portanto, tais regras, são agramaticais.
Chomsky considera que frases agramaticais não ocorrem
já que o falante não as ouve e, portanto, não as
internaliza.
• O falante nativo decide se uma sentença é gramatical ou
não baseado no seu conhecimento da língua, ou seja, na
sua competência.
COMPETÊNCIA GRAMATICAL
172. • Atenção: frases agramaticais não estão formadas seguindo as
regras da língua, não sendo compreendidas pelos falantes.
Chomsky afirma que não se produzem frases agramaticais:
se não internalizamos a regra, não produzimos a sentença.
• Gramaticalidade estabelece quais sentenças pertencem ou
não a uma língua e quem decide isso é o falante nativo,
escolarizado ou não.
Exemplos.
Viu ele x viu-o ; tu vais x você vai; fui à praia x fui na praia.
COMPETÊNCIA GRAMATICAL
173. Competência pragmática ultrapassa o nível da informação
sobre a forma e o significado das sentenças. (aceitável /
inaceitável)
Aceitabilidade - julgamentos dos falantes; fenômeno intuitivo;
baseia-se no fato de a sentença ser ou não gramatical mas
considera também fatores relacionados ao desempenho como
limitação de memória, fatores semânticos etc.
Toda frase agramatical é inaceitável (cf. “o viu cinema Beto
no”), mas uma frase pode ser gramatical e ser inaceitável
devido outros fatores.
COMPETÊNCIA PRAGMÁTICA
174. • Toda frase agramatical é inaceitável: Na vai praia nós.
• Uma frase gramatical do ponto de vista gerativo, nada tem a
ver com correção do ponto de vista normativo.
Exemplo.
Nós vai na praia.
Gramatical e aceitável do ponto de vista gerativo.
“ Ele é viúvo, mas a mulher dele ainda não morreu.” (Lobato: 1986:
51)
Gramatical mas inaceitável (problemas em termos de julgamento).
GRAMATICALIDADE X ACEITABILIDADE
175. 1. O rapaz saiu.
2. O rapaz que o homem viu saiu.
3. O rapaz que o homem que a moça convidou viu saiu.
4.O rapaz que o homem que a moça que João beijou convidou viu
saiu.
GRAMATICALIDADE X ACEITABILIDADE
176. 1. Leia a afirmativa a seguir:
“O que permite ao falante decidir, então, se uma sentença é
gramatical ou não, é o conhecimento que ele tem.”
(MIOTO, Carlos, SILVA, Maria Cristina F. e LOPES, Ruth E. V.
Novo Manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 2005.)
A definição apresentada refere-se:
a) ao desempenho linguístico.
b) à competência linguística.
c) ao inatismo.
d) à faculdade da linguagem.
e) ao behaviorismo.
VAMOS PRATICAR?
177. 2- Segundo Chomsky, uma criança de aproximadamente 5 anos já é
considerada um “adulto linguístico”. Sobre a aquisição da
linguagem, segundo o Gerativismo, é correto afirmar que
• ter contato com um sistema linguístico é irrelevante, pois os
mecanismos são inatos.
• os adultos precisam falar pausadamente para que a criança
desenvolva uma língua.
• a correção da fala da criança pelo adulto é importante para que
ela fale corretamente e não sofra preconceitos.
• uma criança sem patologia irá desenvolver uma língua
normalmente, desde que seja exposta a dados linguísticos.
• as crianças já nascem predispostas a desenvolver uma língua
específica, independentemente do meio.
178. 3. Para Chomsky, o objeto de estudo da Linguística deve ser:
a) a competência, pois é o conhecimento linguístico
internalizado do falante.
b) o desempenho, pois é o conhecimento linguístico posto
em uso.
c) a fala, pois é o uso individual do sistema linguístico.
d) a gramática, pois é o conjunto de regras para o bom uso
da língua.
e) o inatismo, pois é o aparato genético para desenvolver
uma língua.
179. 4. Tendo como base os pressupostos teóricos gerativistas, assinale o melhor
comentário para a citação abaixo:
“Como o físico deve observar os raios e trovões, o linguista tem que observar
as sentenças produzidas. Mas, sem dúvida, não pode ater a elas.”
(MIOTO, Carlos, SILVA, Maria Cristina F. e LOPES, Ruth E. V. Novo Manual
de sintaxe. Florianópolis: Insular, 2005.)
a) O linguista deve analisar os enunciados produzidos pelos indivíduos para
entender melhor sobre a competência linguística.
b) O desempenho linguístico deve ser ignorado, uma vez que o que
interessa é a competência.
c) Deve-se estudar apenas o desempenho e, por isso, a teoria linguística
de base gerativa é eficiente.
d) O papel do Gerativismo é descrever e explicar o desempenho linguístico
dos falantes, pois ele é um ato individual.
e) O Gerativismo considera somente o que, de fato, foi produzido pelos
falantes em uma determinada situação comunicativa.
180. 5. Assinale a letra cujo enunciado NÃO se refere às ideias behavioristas:
a) Espera-se que a criança adquira um comportamento verbal por meio da
observação, da imitação de adultos, das outras crianças e por meio da
manipulação dos dados externos.
b) A língua é vista como uma coleção de palavras, locuções e sentenças;
um sistema cujos hábitos são adquiridos e explicados pelo meio
externo.
c) A aquisição da linguagem, neste enfoque, seria o resultado de uma
construção gradativa operada pela criança e que ocorre
primordialmente pela experiência.
d) As pessoas nascem com ideias inatas e grande parte da organização
psicológica é "instalada" no organismo e transmitida geneticamente.
e) A criança adquire a língua somente por meio da imitação de outros
usuários ou por meio de uma sequência de respostas sob o controle de
estímulos externos e associações intraverbais.
Até a próxima aula!
181. Saussure – língua é social: unifica a comunidade já que
compartilhamos o mesmo sistema linguístico.
Ênfase ao caráter social ou institucional dos sistemas
linguísticos.
Insere a linguística no contexto mais amplo das ciências
sociais: linguística como sendo mais próxima da sociologia ou
da psicologia social.
• Língua é homogênea e a fala é heterogênea.
• A heterogeneidade da fala não pode ser explicada pela
Linguística.
BREVE RESUMO: SAUSSURE
182. A língua é um processo cognitivo.
O primeiro objetivo da língua é expressar o pensamento; 2ª
função é a social. Assim, a linguística está mais perto da
psicologia cognitiva.
• A competência linguística não é o sistema linguístico, mas o
conhecimento que os indivíduos têm desse sistema. Esse
conhecimento é o mesmo para todos os indivíduos e é
puramente lingüístico.
• O desempenho é variável e não pode ser estudado pela
Linguística: a Psicolinguística deve estudá-lo, já que é
variável.
BREVE RESUMO: CHOMSKY
183. William Labov (1972). Ocorrência do r- final.
• Antes da 2ª guerra a norma era não realizar o r –final ( a
norma prestigiava r ~ Ø.)
• Só falantes com menos de 40 anos realizavam o r – final: os
mais jovens adotaram uma nova norma.
• Isso se torna a norma de prestígio e os falantes caminham
nessa direção.
CONCLUSÃO. Toda variação é motivada: a variação é
sistemática e previsível.
INÍCIO DOS ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS
184. 1. O discurso científico, embasado nas teorias da Linguística
moderna: noções de variação e mudança.
2. O discurso do senso comum, baseado na visão normativa
sobre a linguagem e que opera com a noção de erro.
A noção de erro nasce com a Gramática Tradicional de
base grega.
A Gramática Tradicional é um importante patrimônio
cultural do Ocidente, mas não pode ser aplicada como uma
teoria linguística: a GT estuda a frase!
A LÍNGUA VISTA SOB DOIS PONTOS DE
VISTA
185. A variação não existe somente na fala dos indivíduos não-
escolarizados.
O falante culto varia em termos de fala e escrita; de
formalidade do ambiente etc. Quem é o falante culto:
a) Indivíduo com Terceiro Grau Completo;
b) Indivíduo com alta carga de leitura de textos escritos na
variedade padrão.
Problema: Onde tem variação linguística, tem avaliação social.
IMPORTANTE. Considerar que há variação, não significa que
devamos deixar de ensinar o padrão.
O papel da escola é ensinar a língua padrão.
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
186. “As pessoas tratam a língua como algo pronto. Mesmo
aqueles que defendem a pureza do idioma sabem que a língua
é um ser movimento, é moldada pelos falantes. Ela está em
constante movimento, mas, ainda assim, seu sistema
continua organizado, o que permite que consigamos nos
comunicar. A língua é, na verdade, mais guiada pelos seus
usuários do que guia.”
(Adaptado de As palavras inventadas, Luiz Costa Pereira Júnior, p.18-22, Revista Língua Portuguesa, Ano III, no 29, 2008).
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O PAPEL DO
USUÁRIO
187. Para a linguística: as aulas de Língua Portuguesa devem ir
além da gramática.
O ensino da norma culta é necessário, mas o aluno deve
dominar diversas situações comunicativas.
Devemos reconhecer que ‘Nós pega o peixe’ comunica a
ideia, mas pertence à variedade não-padrão e é
estigmatizado.
A escolarização é imprescindível para a apropriação da norma
de prestígio.
A POLÊMICA ‘NÓS PEGA O PEIXE’
188. Qual é a questão em ‘Nós pega o peixe’? Reconhecer que
essa é uma variedade válida e que a pessoa que a utiliza é
falante DE LÍNGUA PORTUGUESA, mas de uma variedade
divergente da variedade padrão.
Devemos considerar que temos ‘atitudes linguísticas’
diferentes de acordo com nosso conhecimento acerca da
língua como sistema, acerca de suas variedades.
Essa atitude pode ou não gerar estigmatização, gerar
preconceito.
A POLÊMICA ‘NÓS PEGA O PEIXE’
189. Heterogeneidade como foco: formas de igual valor
de verdade.
O que significa “igual valor de verdade?
a) A gente x nós;
b) As casas azuis x as casaØ azul Ø.
A heterogeneidade linguística pode e deve ser
explicada.
A SOCIOLINGUÍSTICA
190. A sociolinguística correlaciona aspectos linguísticos
e sociais: o que influencia a variação? Variáveis
linguísticas e extralinguísticas.
As distinções não são tão rígidas: deve-se falar em
tendências a empregos de certas formas; não há
como delimitar rigidamente.
Há sempre 2 forças: variedade e unidade – as
línguas exibem variações, mas mantêm-se coesas.
A SOCIOLINGUÍSTICA
191. “Muitos podem pensar que o fenômeno da variação ocorre no
Brasil porque os brasileiros são desleixados. No entanto, isso
não passa de preconceito, pois uma característica de todas as
línguas do mundo é que elas não são uniformes. Todas elas
apresentam variantes, isto é, não são faladas da mesma
maneira nos diversos lugares, nos distintos grupos sociais, nas
diferentes épocas, nas diferentes situações. A língua é o meio
utilizado pelo homem para expressar suas ideias, as da sua
geração, da sua comunidade. A variação ocorre porque a
sociedade é composta por pessoas de diferentes idades,
profissões, escolaridades etc. Cada falante é um agente
modificador do seu idioma: a língua é um instrumento
privilegiado da cultura de um povo.”
(Adaptado de FIORIN, Jose Luiz. Painéis da variedade. Revista Língua Portuguesa, ano II, numero 23, 2007.)
192. • Banco de dados do Corpus Censo do PEUL - grupo de
pesquisa sediado no Departamento de Linguística e Filologia
da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
• 64 gravações de 60 minutos cada com 64 falantes – 48
falantes adultos (15-71 anos) e 16 crianças (7-14 anos),
estratificados em função do sexo, anos de escolarização (1 a
4, 5 a 8 e 9 a 11) e faixa etária (7-14, 15-25, 26-49 e 50-71)..
ANALISANDO UMA PESQUISA:
SCHERRE (1988)
193. Sintagmas nominais plurais passíveis de variação não prevista pela
tradição gramatical brasileira, constatando que, na amostra de fala
analisada, a marca explícita de plural pode ser encontrada:
(1) em todos os elementos flexionáveis do SN: os fregueses/novas
escolas/as boas ações/essas coisas todas /os meus ainda mais
velho s amigos);
(2) em alguns elementos flexionáveis do SN: essas estradas
nova0/as mulheres ainda muito mais antiga0;
(3) em apenas um dos elementos flexionáveis do sintagma nominal:
as codorna0;
(4) em nenhum dos elementos flexionáveis do SN (dois risco
verde/uma porção de coisa interessante).
SCHERRE (1988): TIPOS DE SINTAGMAS
194. Em síntese, os resultados refletem o fato de que todos os
elementos determinantes à esquerda do núcleo tendem a
receber mais marcas explícitas de plural enquanto aqueles à
direita do núcleo tendem a receber menos marcas explícitas
de plural.
Exemplos.
essas estradas nova0/as
as codorna0
SCHERRE (1988): CONCLUSÃO
195. Toda mudança pressupõe variação, mas a existência de formas em
variação não implica a ocorrência de mudança: a língua só muda se
os falantes absorvem a mudança.
O item em variação não pode ser estigmatizado:
• TU no sul do país x VOCÊ;
• 0tá x está;
• Nós fomos NO Maracanã x nós fomos AO Maracanã;
• FRamengo x Flamengo;
• Eu vi ELE x Eu O vi;
• Peixe x pexe; homem x home;
• Alguém lavou os pratos x os pratos foram lavados; apareceram três
homens x três homens apareceram.
VARIAÇÃO E MUDANÇA
196. a) Uso do clítico acusativo
Ele veio do Rio só pra me ver. Então eu fui ao aeroporto
buscá-lo.
b) Uso do pronome lexical
Eu amo o seu pai e vou fazer ele feliz.
c) Uso de SNs anafóricos
Ele vai ver a Dondinha e o pai da Dondinha manda a
Dondinha entrar, ele pega um facão...
d) Uso da categoria vazia
O Sinhozinho Malta está tentando convencer o Zé das
Medalhas a matar o Roque... Mas ele é muito medroso. Quem
já tentou matar Ø foi o empregado da Porcina. Ontem ele
quis matar Ø, s empregada é que salvou Ø.
MAIS UMA PESQUISA: O USO DO CLÍTICO
ACUSATIVO (DUARTE, 1989)
197. Distribuição segundo a variante usada
5%
15%
63%
17%
0%
20%
40%
60%
80%
Clítico
Pronome
Lexical
SN
nulo
Sn
anafórico
Clítico
Pronome
Lexical
SN nulo
Sn anafórico
EXEMPLO DE UMA PESQUISA: O USO DO
CLÍTICO ACUSATIVO (Duarte, 1989)
198. 1. Variedades linguísticas. Diferentes modos de falar.
Não é variável, por exemplo, a ordem: Casa a bonita é.
2. Variantes. Cada uma das formas diferentes de se dizer alguma
coisa: < a gente> < nós>; <S> e <Ø>.
Exemplos. A gente fala, nós falamos, a gente falamos, nós fala;
as casas azuis, as casas azul; as casa azul.
Atenção. ‘A gente falamos’ e ‘Nós fala’ são formas
estigmatizadas, assim como a não-marcação de plural.
3. Variável. Pode significar fenômeno em variação ou conjunto de
fatores (sexo, idade, escolaridade, tipo de texto, formalidade do
ambiente etc.).
[nós]
VARIEDADES, VARIANTE E VARIÁVEIS
199. Relacionada a diferenças linguísticas que ocorrem em função do
espaço físico.
Exemplos.
a) Brasileiros e portugueses.
Trem x combóio; prêmio x prémio; Lá não vou x Não vou lá.
b) Brasil: nordeste e sudeste.
Vogais médias pré-tônicas abertas x fechadas;
Posposição verbal da negação (“sei não” (nordeste) x “não sei;
não sei não” (sudeste).
VARIAÇÃO GEOGRÁFICA (DIATÓPICA)
200. Variação social. Variações percebidas entre grupos
socioeconômicos. Compreende os seguintes fatores: idade,
sexo, profissão, nível de escolarização, classe social.
Forte estigma= marca socialmente.
Exemplos.
Uso de dupla negação: “ninguém não viu”; “eu nem num
gosto”.
“Brusa”; “grobo”; “estrupo”; “probrema”.
VARIAÇÃO SOCIAL (DIASTRÁTICA)
201. Variação de registro. Observa-se, neste tipo de variação, o
grau de formalidade do contexto comunicativo ou do canal
utilizado para a comunicação (a fala, o e-mail, o jornal etc.)
Exemplos.
a) Ele se ferrou porque não pensa!
a1) Ele teve problemas por não ter considerado os fatos!
b) Fala meu irmão!
b1)O que o senhor deseja?
VARIAÇÃO DE REGISTRO (DIAFÁSICA)
202. 1. Para a Sociolinguística, língua é:
a) uma capacidade inata.
b) uma instituição social.
c) uma estrutura mental.
d) um fato individual.
e) um fenômeno intuitivo.
VAMOS PRATICAR?
203. 2- Leia o parágrafo a seguir.
“Ela [a língua] varia no espaço, criando no seu território o conceito
dos dialetos regionais. Também varia na hierarquia social,
estabelecendo o que se chama os dialetos sociais. Varia, ainda,
para um mesmo indivíduo, conforme a situação em que se acha (...),
estabelecendo o que um grupo moderno de linguistas ingleses
denominava os <<registros>>. Finalmente, uma exploração estética
da linguagem, para o objetivo de maior expressividade, faz surgir o
que se classifica como o <<estilo>>, desde a Antiguidade Clássica.”
(CAMARA Jr., J. M. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis, Vozes, 1988. p.17)
O trecho de Mattoso Camara Jr. refere-se:
a) ao modo como os indivíduos equivocadamente se expressam.
b) ao fato de todas as línguas naturais apresentarem uma variação.
c) ao processo de mudança na língua ao longo do tempo.
d) às diferenças linguísticas produzidas pelas crianças.
e) às características etimológicas de uma língua
204. 3- Leia o texto a seguir.
“Em Portugal, o tira-cápsulas substitui o saca-rolhas. Água
sem gás é água lisa. Impressão digital é dedada. Celular
é telemóvel. Os jogadores entram em campo vestindo
camisolas. As aeromoças são hospedeiras ou comissárias.
Nas praias, nada do neologismo topless, mas sim, maminhas
ao léu.” (p. 280)
(Trecho extraído de Portugal e Brasil: viva a diferença. In Silva, Deonísio da. A língua nossa de cada dia. São Paulo: Novo
Século Editora, 2007)
No trecho acima, as diferenças entre o Português Brasileiro
e o Português Europeu, apresentadas pelo Professor
Deonísio da Silva, exploram as diferenças:
205. a) no vocabulário.
b) na ortografia.
c) na ordem dos elementos.
d) na formação das palavras.
e) na marcação da sílaba tônica
Até a próxima aula!
206. O sociolinguista busca demonstrar que a variação é sistemática e
previsível.
Temos dois discursos:
1. O discurso científico, embasado nas teorias da Linguística
moderna: noções de variação e mudança.
2. O discurso do senso comum, baseado na visão normativa sobre a
linguagem e que opera com a noção de erro.
Se a língua é entendida como um sistema de sons e significados
que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana,
toda e qualquer manifestação linguística cumpre essa função
plenamente.
SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA
VARIAÇÃO
207. “A camada mais jovem da população usa um dialeto que se
contrasta muito com o usado pelas pessoas mais idosas. Os jovens
absorvem novidades e adotam a linguagem informal, enquanto os
idosos tendem a ser mais “conservadores”. Essa falta de
conservadorismo característica no dialeto dos jovens costuma trazer
mudanças na língua. Algumas gírias usadas por jovens da década de
setenta, no entanto, não entraram na língua e são hoje em dia
raramente usadas como “pisante” para sapato ou “cremilda” para
dentadura. A palavra “legal”, entretanto, foi aceita e hoje e usada
amplamente na linguagem informal, abrangendo todas as faixas
etárias. Esses exemplos comprovam o fato de que nem tudo que é
novo e diferente irá se efetivar numa língua, podendo alguns
vocábulos simplesmente ir desaparecendo e outros continuarem
existindo dentro de um determinado dialeto, ou até abranger seu uso
por outros, sem necessariamente cobrir todos os dialetos existentes
nessa língua”.
(Extraído de FERREIRA, Ana Claudia F. AS VARIACOES DA LINGUA. Disponível em http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/v00003.htm)
208. “O indivíduo, inserido numa comunidade de fala, partilha com
os membros dessa comunidade uma série de experiências e
atividades. Daí resultam várias semelhanças entre o modo
como ele fala a língua e o modo dos outros indivíduos. Nas
comunidades organizam-se grupamentos de indivíduos
constituídos por traços comuns, a exemplo de religião,
lazeres, trabalho, faixa etária, escolaridade, profissão e sexo.
Dependendo do número de traços que as pessoas
compartilham, e da intensidade da convivência, podem
constituir-se subcomunidades linguísticas, a exemplo dos
jornalistas, professores, profissionais da informática,
pregadores e estudantes.”
(VOTRE, S. & CEZARIO, M. Sociolinguística. In: MARTELOTTA, E. (org.) Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2009)
A NOÇÃO DE COMUNIDADE DE FALA
209. O sociolinguista busca demonstrar que a variação é
sistemática e previsível.
A pesquisa sociolinguística tem como objeto de estudo o
uso da língua falada em situações naturais de comunicação.
Faz-se uma pesquisa que busca observar o uso.
Assim: uso ǂ prescrição (Gramática Normativa)
• Se temos ‘comunidades de fala’ temos variação dentro de
uma língua.
SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA
VARIAÇÃO
210. “Existem dialetos que evidenciam o nível social ao qual
pertence um indivíduo. Os dialetos mais prestigiados são das
classes mais elevadas e o da elite é tomado não mais como
dialeto e sim como a própria ‘língua’. A discriminação do
dialeto das classes populares e geralmente baseada no
conceito de que essa classe por não dominar a norma padrão
de prestígio e usar seus próprios métodos para a realização da
linguagem, “corrompem” a língua com esses ‘erros’. No
entanto, as transformações que vão acontecendo na língua se
devem também a elite que absorve alguns termos de dialetos
de classes mais baixas, provocando uma mudança linguística, e
aí o ‘erro’ já não é mais erro... e nesse caso não se diz que a
elite ‘corrompe’ a língua.”
(Extraído de FERREIRA, Ana Claudia F. AS VARIACOES DA LINGUA. Disponível em http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/v00003.htm
211. O que faz com que uma variedade seja considerada ‘melhor’
que outra? Qual é a noção de valor que entra para que
avaliemos os exemplos a seguir:
• Pessoa 1: gravar alguém produzindo “Os m/ê/ninUs foram
buscá a r/ô/pa correndo.”
• Pessoa 2: gravar alguém produzindo “Os m/i/ninU foi buscá
a r/ô/pa correNO.”
• Pessoa 3: gravar alguém produzindo “Os m/é/ninUs foram
buscá a r/ô/pa correndo.”
SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA
VARIAÇÃO
212. • Norma – do latim norma (esquadro)
• Regra - do latim regula (régua)
Regra para a linguística = regularidade.
• As pessoas utilizam com muito mais frequência que se pensa
as formas ditas ‘erradas’.
• A mudança linguística: as formas ‘erradas’ que os falantes
cultos começam a usar acabam por tornar-se ‘certas’.
SOCIOLINGUÍSTICA: O ESTUDO DA
VARIAÇÃO
213. • Língua não é representação gráfica da escrita: escrever não
é “imitar a fala” e sim reformular a fala em outra gramática.
• Fala não é subproduto da escrita.
• Escrita possui maior prestígio social na nossa cultura: escrita
não serve como fator de identidade grupal. Nossa cultura é
grafocêntrica.
• Reflexão: o homem é um ser que fala ou ser que escreve?
ESCRITA: MODELO PARA A GRAMÁTICA
NORMATIVA